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Ao longo dos anos, mais precisamente nas últimas décadas, muitos estudos têm sido
realizados e descoberto uma interrelação saudável entre religiosidade e saúde mental.
A tentativa nesse breve artigo é a de mostrar alguns sinais dessa relação.
Espiritualidade sempre foi uma dimensão importante do indivíduo na grande maioria das
culturas ao longo da história da civilização, a relação entre saúde e o místico esteve presente
desde a antiguidade. Religiosos se ocupavam dos problemas de saúde dos cidadãos da
‘polis’, no ocidente, até recentemente (se levarmos em consideração a relação da linha do
tempo/história).
Nos últimos séculos a ciência foi se descolando da religião a fim de se tornar uma área mais
autônoma do saber.
Ultimamente estudos sugerem que a espiritualidade pode ter efeito protetor sobre a saúde e
parecer influenciar a saúde física e mental de várias maneiras:
a) por meio de regras de convivência e do desestímulo a comportamentos prejudiciais à
saúde, como abuso de álcool e drogas, comportamento violento ou sexual de risco;
b) por meio do uso de crenças religiosas como forma de lidar com situações adversas, como
uma doença;
c) por meio da criação de uma rede de suporte social.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima para a próxima década um aumento considerável da
participação dos transtornos mentais entre as principais causas de anos de vida perdidos por
morte ou incapacidade. O transtorno bipolar do humor (TBH) estará entre as dez principais
causas.
Comunidades Místicas
Igrejas de viés mais místico, com frequência, relacionam transtornos mentais a causas espirituais.
Suas crenças acerca de saúde e doença não são substituídas por conceitos médicos.
Registro dos estudiosos, Raguram R, Venkateswaran A, Ramakrishna J, Weiss MG, em 2002 na Índia,
descreve-se o tratamento de 31 pessoas com transtornos psicóticos graves, dentre os quais três
pacientes bipolares. Os pacientes foram tratados em um templo hindu durante seis semanas, sem
o uso de terapêuticas biológicas. Os autores observaram redução de 20% nos escores de sintomas
psiquiátricos.
Outros pesquisadores, Egeland JA, Hostetter AM, Eshleman SK, registraram em estudo realizado
em 1983 nos Estados Unidos, revisaram alguns dos fatores culturais mais comuns e relevantes
para o diagnóstico do TBH entre os Amish.
Os amish formam uma comunidade religiosa cristã bastante tradicional em seus usos e
costumes.
Um médico não familiarizado com a cultura pode ter dificuldade para identificar uma fase de
mania. Também a temática religiosa de uma pessoa de outra cultura pode ser facilmente
tomada por vivência psicótica. O diagnóstico de esquizofrenia em pacientes bipolares amish
foi recorrente por longo tempo, em razão de desconhecimento ou desvalorização das
diferenças culturais.
Conclusão
REFERÊNCIAS:
DANTAS, Clarissa de Rosalmeida; PAVARIN, Lilian Bianchi and DALGALARRONDO, Paulo. Sintomas
de conteúdo religioso em pacientes psiquiátricos. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 1999, vol.21, n.3,
pp.158-164. ISSN 1516-4446. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-44461999000300007.
Egeland JA, Hostetter AM, Eshleman SK 3rd. Amish study III: the impact of cultural factors on
diagnosis of bipolar illness. Am J Psychiatry. 1983;140(1):67-71.
Soeiro RE, Colombo ES, Ferreira MH, Guimarães PS, Botega NJ, Dalgalarrondo P. Religião e transtornos
mentais em pacientes internados em um hospital geral universitário. Cad Saude Publica. 2008.
Koenig HG. Religião, espiritualidade e transtornos psicóticos. Rev. Psiq. Clín. 2007.