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(1) Peirópolls - Na "Vila Cantinho Espírita". como hóspedes do bom amigo Langerton
Neves da Cunha.
(2) Refere-se à proteção espiritual que cerca a Vila Espírita de Peirópolis.
As coisas começaram a mudar para nós. Estávamos
desanimados e não víamos mais finalidade alguma no nosso
trabalho. Forças estranhas nos imantavam às preces que faziam
e a eles próprios. No dia marcado, eles foram à cidade e nós os
acompanhamos, ansiosos por saber, afinal de contas, o que é
que eles tanto esperavam.
- Para eles o trânsito por lá estava livre. Para nós houve sérias
dificuldades. Ao chegarmos ao local havia grande multidão de
«vivos», mas uma outra bem maior de «mortos».
No nosso plano, muitos guardas cercavam a casa que irradiava
uma luz muito forte. Tudo era profusamente iluminado.
A claridade era tanta que o alarido entre os nossos cessou por
completo. O ambiente dava-nos uma sensação de grandiosidade
que não sei explicar, embora o local humilde e simples na esfera
física, o que nos tornou respeitosos.
Em meio à multidão espiritual que se acotovelava, em largo
trecho nas cercanias da casa, numa distância equivalente à da
claridade projetada, aos poucos sentimos que havia um lugar
para nós, para onde fomos conduzidos.
Eu me esquecera de tudo: dos chefes e dos objetivos. Outras
preocupações me dominavam.
Nos últimos dias, inexplicavelmente, passei a me lembrar de
casa, principalmente do meu filho, que havia morrido há quase
40 anos, quando contava apenas 9 anos de idade. Foi um
desastre de caminhão. Eu dirigia, e meu filho quis ir comigo.
Fiz-lhe a vontade, sem saber que seria a última. Em certo trecho
da estrada o caminhão desgovernado caiu numa ribanceira. Eu
me salvei, mas meu menino morreu na hora. O desespero tomou
conta de mim. Julgava-me culpado. Revoltado, passei a odiar o
mundo, no qual me perdi. Nunca soube dele do lado de cá.
Tornei-me descrente de Deus e da vida.
O movimento no plano físico cresceu - prosseguiu ele - e me
interessei em acompanhar os fatos. Coisas estranhas estavam
acontecendo. Vi um homem sentado, escrevendo . Escrevia,
escrevia muito. Reparei que em torno dele as luzes eram bem
mais fortes e que atrás de sua cadeira havia uma espécie de fila,
formada em sua maioria por jovens. Fui compreendendo que
eles escreviam cartas para os parentes da Terra, pelas mãos
daquele homem que vocês chamam de médium, que eram
recebidas pelos parentes emocionados.
- Meu Deus, pensei, o que é isto! E o nome de Deus surgiu em
meus lábios como um grito brotado do coração. Eu também
perdi meu filho e não sei onde ele está, embora esteja no mesmo
plano que ele. Por quê! Por que ele morreu assim!
Olhei meus companheiros. Como eu, observavam emocionados
as cenas. Cada um de nós havia perdido alguém muito amado.
Um deles me falara da filha, doente desde pequena e que
morrera na primeira infância. O tempo passava. Sei que
amanheceu e anoiteceu de novo (3). Já era outro dia e aquele
homem escrevia ainda. Eu também queria uma carta. Uma
notícia...
(3) ReferêncIa aos dois dias de reuniões públicas no Grupo Espírita da Prece, sexta-
feira e sábado.
Sem saber como me vi igualmente numa fila, formada ao lado.
Fui atendido por um dos que protegem aquele homem. Contei a
minha história. Pedi notícias do filho querido. Para minha
surpresa recebi uma folha de papel. Era uma carta dele!
Indescritível foi a minha emoção.
Falava de nós, de nossa casa e da nossa vida. E me disse em
certo trecho:
«Papai, eu estou ao seu lado. O senhor não me vê porque
escolheu o lado errado. Mude de vida, papai, e o senhor me
encontrará!»
E havia tal ternura em suas palavras que ao lê-las tive a impressão
de ouvir a sua voz e de que ele estava próximo a mim. Não pensei
em mais nada. Segurei a folha junto ao coração e ela era como um
pedaço de luz em minhas mãos.
Juntei-me aos companheiros que, como eu, foram contemplados
com notícias e orientações sobre como proceder dali em
diante.
Compreendemos então a imperiosa necessidade de vir até aqui
narrar-lhes essas ocorrências. E dizer-lhes que estamos
enfraquecidos agora, mas felizes, e desejosos de encontrar esse
novo caminho que nos leve mais depressa para junto dos entes
queridos.
Calou-se a entidade. Sua emoção contagiara a todos. O
doutrinador, comovido, dirigiu-lhe palavras de estímulo e
conforto. Antes de se retirar o Espírito ainda disse:
- Hoje eu agradeço a vocês por nos terem levado até aquele homem
- aquele homem-luz que todos chamam por Chico. Era este o nome
repetido por quantos estavam ali, num plano e no outro, e lhe
pediam vez para escrever. Graças a ele, ao trabalho dele, nós cinco
recebemos essas notícias e compreendemos o erro em que
vivemos até agora. Ainda não sei da minha vida daqui para frente,
mas meu filho disse que rogasse a Jesus para recebermos ajuda.
Peço-lhes que façam isso por nós, que nos ensinem a orar.
O doutrinador fez sentida prece e a entidade retirou-se.
do Livro “Dimensões Espirituais do Centro Espírita”
Publicado no Reformador de novembro de 1984.
Autora: Suely Caldas Schubert.
Rio de Janeiro,
Julho de 2010
Desejo-lhes paz!
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