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Disciplina Doenças Ocupacionais

Profª Espª Denise N. Silva 1


Turma 2STA

Disciplina Doenças Ocupacionais


O que é Saúde?
Para que possamos falar de Doenças Ocupacionais vamos primeiro à definição do que
vem a ser Saúde, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde):

"Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a


ausência de doenças, levando-se em conta que o homem é um ser que se distingue
não somente por suas atividades físicas, mas também por seus atributos mentais,
espirituais e morais e por sua adaptação ao meio em que vive."

Por outro lado, "Doença" pode ser definida como "Um afastamento ou desvio entre
a realidade constatada e a expectativa de vida esperada durante o ciclo de vida de um ser
humano". Em outras palavras, "queda na sua expectativa de vida".

É importante lembrar que a doença não ocorre por acaso ou por uma fatalidade,
portanto normalmente haverá sempre um fator predisponente.

O adoecimento precoce pode ocorrer por algumas razões: de ordem biológica, por
agressão de alguma bactéria ou de vírus, por alguma agressão do ambiente e também por
doenças resultantes do estilo de vida, o qual construímos por opção ou indução durante
todo o nosso ciclo de vida.

Saúde do Trabalhador e o Processo Saúde-Doença

O termo Saúde do Trabalhador refere-se a um campo do saber que visa


compreender as relações entre o trabalho e o processo saúde/doença. Partindo do princípio
de que a forma de inserção dos homens, mulheres e crianças (em alguns casos) nos espaços
de trabalho contribui decisivamente para as formas de adoecer e morrer, em Saúde do
Trabalhador considera-se a saúde e a doença como processos dinâmicos, estreitamente
articulados com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado
momento histórico.

Doenças Ocupacionais (ou Profissionais) e Doenças do Trabalho

São doenças que se originam do exercício de determinadas profissões por uma ação
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lenta e continuada, podendo ser comprovadas pela relação "causa-efeito". Quando nos
referimos às doenças/danos à saúde, encontramos por meio dos incisos do Regulamento
da Lei de Benefícios da Previdência Social, aprovada pelo Decreto n°2.172, de 5 de março
de 1997, em seu art. 132, uma abordagem mais explicativa, na qual considera:

I- Doença Profissional- a doença produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho


peculiar (específico) a determinada atividade, e que conste da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

II- Doença do Trabalho- a doença adquirida ou desencadeada em função de condições


especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relaciona diretamente, constante da
relação mencionada acima.

Não serão consideradas doenças do trabalho:

1- doença degenerativa

2- doenças inerentes ao grupo etário

3- doenças que não produzem incapacidade laborativa

4- doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região que ela se desenvolva,
salvo a comprovação de que resultou de exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.

Relação Entre Trabalho e Doença

A relação entre o trabalho e as doenças decorrentes dele tem sido compreendida pelo
homem há bem pouco tempo. Dentre alguns estudos podemos citar o livro De Re Metallica,
o qual aborda o estudo da asma dos mineiros. Séculos depois, em 1700, Bernardino
Ramazzini (médico italiano) descreveu em seu livro doenças que tinham relação com 50
ocupações daquela época, publicando este estudo com o título De Morbis Artificum
Diatriba. Com ele Ramazzini tornou-se conhecido como "o Pai da Medicina do Trabalho",
devido a grande contribuição deixada por seus estudos.

Com a Revolução Industrial, na Inglaterra, iniciou-se um período de grande expansão


de indústrias, mas que ainda não contavam com uma organização adequada dos ambientes
de trabalho e que incluíam adultos e crianças em suas extensas jornadas diárias de trabalho.
Como consequência, inúmeros acidentes ocorriam nesse período e inúmeras doenças foram
se originando nestes ambientes de trabalho.
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Em 1842, um empresário industrial, James Smith, fez a primeira contratação de


médico para realização de exames ocupacionais e prevenção de doenças. Tempos depois,
em 1946, a França regulamentou a existência destes serviços em estabelecimentos
industriais e comerciais.

Em 1958, durante a 42° Conferência Internacional do Trabalho ficou definida a


necessidade de se organizar o Serviço Médico nas empresas, e na conferência do ano
seguinte estabeleceu a Recomendação 112 para os Serviços de Saúde Ocupacional,
instalados na empresa ou nas proximidades dela, objetivando assim proteger os
trabalhadores dos riscos relacionados ao trabalho, ajustar o trabalhador nas atividades para
as quais estivesse apto física e mentalmente e tentar estabelecer e manter o bem-estar físico
e mental dos trabalhadores.

No Brasil, com a publicação da Portaria 3237, de julho/72, foi que deu-se início à
regulamentação dos serviços de medicina, higiene e segurança no trabalho.

Considerando os vários fatores envolvidos no processo de adoecimento: todos os


custos envolvidos para a cura e tratamento, o absenteísmo, a queda na produtividade, outras
doenças em decorrência do afastamento do trabalho, perda de pessoas em idade
economicamente ativa do mercado de trabalho e processos indenizatórios, faz-se necessário
uma atuação diretamente voltada para a prevenção das doenças profissionais e dos
acidentes de trabalho.

As medidas preventivas têm como base o estudo natural das doenças, que é a
descrição da cadeia epidemiológica de modo que se possa compreender a inter-relação
existente entre agente, hospedeiro (como em casos de patologias virais ou similiares) e o
meio ambiente, e assim poder intervir nesta estrutura de modo a interromper os possíveis
agravos.

Fases da Prevenção
Primária - Visa a manutenção da saúde. Podemos citar, por exemplo, a vacinação,
a educação em saúde e o saneamento básico.

Secundária - Nesta fase em que a doença já se instalou, visa-se o cuidado para que
a patologia na evolua. Como exemplo, um tratamento medicamentoso para uma doença que
responde positivamente a este tratamento.

Terciária - Nesta fase a doença já causou perda de potencial funcional do


indivíduo, portanto visa-se manter e desenvolver a capacidade residual do indivíduo. A
doença permanecerá existindo mas podendo ter seus agravos amenizados por meio de
tratamentos e terapias, permitindo ao indivíduo ainda conseguir exercer outras atividades,
recrutando outras capacidades. A reabilitação do indivíduo após um acidente de trabalho ou
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após uma patologia que cause limitações físicas, é um exemplo que representa essa fase.

Dentro das fases acima encontram-se os cinco Níveis de Prevenção. São eles:

1- Promoção à saúde

2- Proteção específica

3- Diagnóstico e Tratamento

4- Limitação do dano

5- Reabilitação

Sendo que, 1 e 2 formam a Prevenção Primária, 3 e 4 a Prevenção Secundária,


enquanto o Nível 5 compõe a Prevenção Terciária.

A OIT (Organização Internacional do Trabalho) define serviço de saúde


ocupacional como sendo um serviço médico instalado em um estabelecimento de trabalho,
ou em suas proximidades com os seguintes objetivos:

1- proteger a saúde do trabalhador contra qualquer risco à saúde que possa


decorrer do seu trabalho ou das condições em que este é realizado;

2- contribuir com o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido


especialmente pela adaptação do trabalho aos trabalhadores, e pela colocação
destes em atividade profissional para as quais tenham aptidões;

3- contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível


de bem-estar físico e mental dos trabalhadores.

As doenças profissionais/ocupacionais são provocadas por alguns tipos de agentes.


Estes agentes estão classificados em cinco grandes grupos:

Físicos: ruído, vibrações, temperaturas extremas, pressão atmosférica anormal


(hiperbárica/hipobárica), radiação ionizante e não-ionizante, umidade do ar,
entre outros;

Químicos: gases e vapores, poeiras, fumos, fumaças, neblinas e névoa. Agentes e


substâncias químicas, sob a forma líquida, gasosa ou de partículas e poeiras minerais
e vegetais, comuns nos processos de trabalho.

Biológicos: vírus, fungos, bactérias e parasitas associados ao trabalho em ambiente


hospitalar, laboratorial, agrícola e pecuário.

Ergonômicos: decorrem da organização e gestão do trabalho. Exemplos:


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- uso de máquinas, equipamentos e mobiliários inadequados, que levam a


posturas e posições incorretas durante o período de trabalho

- locais adaptados com más condições de iluminação, ventilação e de conforto

- exigências de produtividade (metas)

- trabalhos em ritmo monotóno ou em ritmo excessivo

- relações de trabalho autoritárias

- falhas no treinamento e na supervisão dos trabalhadores

Acidentes (Mecânicos e de Acidentes): estão relacionados à:

- proteção dos equipamentos (máquinas)

- lay-out (arranjo físico)

- ordem e limpeza do ambiente de trabalho

- sinalização

- rotulagem de produtos e outros que podem levar a acidentes de trabalho

CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS SEGUNDO A RELAÇÃO COM O TRABALHO

As doenças segundo sua relação com o trabalho, podem ser classificadas em 3


categorias:

I- Trabalho como causa necessária

Ex.: Intoxicação por chumbo, Silicose e Doenças profissionais legalmente


reconhecidas.

II- Trabalho como fator contributivo, mas não necessário

Ex.: Doença coronariana, Doenças do aparelho locomotor, Câncer, Varizes dos


membros inferiores

III- Trabalho como provocador de um distúrbio latente, ou provocador de


doença já estabelecida

Ex.: Bronquite crônica, Dermatite de contato alérgica, Asma e Doenças Mentais.


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AGRAVOS À SAÚDE CAUSADOS PELOS RISCOS AMBIENTAIS

Deste tópico em diante, para facilitar a compreensão da relação pessoa x trabalho,


usaremos o termo "trabalhador" para expressar tanto o trabalhador quanto o indivíduo
social, e vice-versa.

Quando o trabalhador permanece exposto a ambientes com diversos fatores de risco,


o seu organismo tende a responder ao ambiente provocando reações no organismo visando
sempre a busca do equilíbrio natural, de modo que possa manter seu funcionamento
biológico dentro das condições normais e adequadas de sobrevivência. Mais adiante, no
nosso conteúdo, trabalharemos as patologias relacionadas aos ambientes e seus fatores de
risco. Segue abaixo os fatores de risco e os agravos que podem causar:

RISCOS FÍSICOS
TEMPERATURAS EXTREMAS

1. CALOR

Efeitos do calor
- Insolação
- Queimaduras: nas extremidades e rosto
-Hipertermia ou Intermação: ambiente quente e úmido e com pouca ventilação, e roupas
que impedem a evaporação do suor levam ao aumento exagerado da temperatura interna.
Sinais e sintomas: Pele quente, seca e vermelha, tontura e tremores, convulsões e delírios
(temp. corporal acima de 42°C = risco gravíssimo de morte)
- Desidratação: ocorre pela depleção de eletrólitos ou do volume circulante reduzido.
Indica-se repôr água e sais com frequência, por meio de uso de solução isotônica para
reidratar o organismo.

Outras alterações que o ambiente com alta temperatura pode causar:

- Prostração pelo calor: apresenta pele úmida e pálida, tonturas e cãibras/cãimbras, cefaléias
(dores de cabeça) e prostração
- Psíquica: alteração de comportamento, crises psicóticas;
- Inconsciência (pode ocorrer)
- Intelectuais: queda do rendimento intelectual
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- Acidentes pelo suor: mãos escorregadias e perda de controle com ferramentas, irritação
ocular, queda por chão escorregadio (sudorese)

Em situações de exposição ao calor, indica-se:

-Aclimatação- iniciando com 2 hs/dia, e aumentando gradualmente até completar as 8 hs


diárias (Seguir orientações da NR)
-Boa ventilação- com ar até 25°C e refrigeração (para cabines de controle e escritórios)
-Diminuir a umidade do ar
-Diminuir o tempo de exposição
-Inserir pausas durante a jornada
-Reposição hídrica e eletrolítica
-Anteparos de face refletiva
-EPIs específicos (óculos com filtro para infravermelho, roupas com material de alumínio
refletivo, jaquetas com gel congelado)

2. FRIO

Quando a temperatura do ambiente é mais baixa que a temperatura do corpo do


trabalhador, este perde calor para o ambiente. Temperaturas muito baixas provocam grande
perda de calor e levam a alterações fisiológicas que podem causar doenças.
Quando, em baixas temperaturas, o corpo humano perde temperatura chegando ao
29°C inicia-se um processo de resposta do organismo apresentando sonolência, passando
pelo coma e podendo chegar a ser fatal se o indivíduo não for socorrido a tempo, antes que
deteriorações internas ocorram. Atenção especial deve ser dada aos profissionais que
trabalham diariamente em câmaras frias/frigoríficas, por ser este um ambiente que pode
alcançar até -30°C.
Com o tempo o organismo se adapta (após período de aclimatação ao frio), e
estando mais adaptado conseguirá suportar melhor a variação de temperatura, não sendo
necessários agasalhos extras além do indicado como EPI e da própria vestimenta do
trabalhador. Como resposta ao ambiente de baixa temperatura o organismo desencadea
mecanismos de produção de calor por meio de:
- Aumento do metabolismo
- Aumento da atividade muscular
- Diminuição da circulação periférica
Se permanecer muito tempo exposto ao frio surgem:
- Tremores
- Palidez
- Queda na temperatura de núcleo (hipotermia= abaixo de 35°C)
Se não for prestado o atendimento adequado, esse quadro se agrava, levando a
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episódios de confusão mental, alucinações, arritmias, fibrilação e morte.

Efeitos do Frio

- Feridas
- Rachaduras
- Necrose de pele
- Agravamento de doenças reumáticas
- Úlceras de frio com lesão tecidual
- Enregelamento (congelamento), levando à gangrena e perda/amputação de membros
- Dermatites (comum nas mãos)
- Geladuras (acidente por contato) de parte do corpo com objeto (metálico ou não) gelado
- Pé de Imersão: anóxia tecidual e paralisia de membros, somada a fortes dores por
exposição prolongada
- Pré-disposição para acidentes e para doenças das vias respiratórias

Em situações de exposição ao frio indica-se:


- Aclimatação
- Roupas especiais isolantes
- Luvas, capuz, meias e botas
- Uso de bebidas aquecidas (EXCETO bebidas alcoólicas)

Tratamento ao desequilíbrio causado pelo frio no organismo:


- Retirar o colaborador do ambiente frio
- Aquecer com cobertor térmico ou banho quente
- Hidratar
- Medidas gerais de suporte

PRESSÕES ANORMAIS

Existe, no ambiente ocupacional, várias atividades as quais para serem realizadas


exigem do trabalhador que este se sujeite a pressões atmosféricas anormais, ou seja,
pressões ambientes acima ou abaixo da pressão normal. A pressão normal é aquela à qual
estamos constantemente expostos, ou seja:

76 cmHg = 1 atm = 760 mmHg

O ar é matéria, resultante de uma composição de vários gases, e tem por


característica a capacidade de sofrer dois processos: o de compressão e o de expansão. O ar
exerce papel extremamente importante no meio ambiente, sendo essencial para a
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manutenção da vida. É composto, em sua grande parte, por nitrogênio (78%) e oxigênio
(21%). Locais com pressões de valor maior que o valor da pressão atmosférica normal são
classificadas como locais de alta pressão, ou seja, locais Hiperbáricos. Locais com pressões
de valor menor que o valor da pressão atmosférica normal são classificados como locais de
baixa pressão, ou seja, locais Hipobáricos.

Quanto maior a altitude = menor é a Pressão atmosférica

Quanto menor a Pressão atmosférica = menor quantidade de oxigênio respirável

Conforme já abordado anteriormente, em nosso material, o nosso organismo


trabalha de modo a manter o máximo de equilíbrio para propiciar o ambiente adequado para
o bom funcionamento às enzimas, às células, aos órgãos, enfim, para manutenção da vida.
Quando esse trabalho entra em desequilíbrio, como por exemplo na falta ou excesso do
oxigênio, então o corpo começa a responder com alterações que surgem da tentativa dele
em recuperar o estado de equilíbrio em que estava antes. Em:

1- Ambientes Hipobáricos

Os efeitos variam confome a altitude e as condições físicas do indivíduo.


Em casos leves: apresenta tontura, dor de cabeça, dores musculares, insônias,
irritabilidade, perda de apetite, náuseas e vômitos, inchaço nas mãos, pés e face, batimentos
cardíacos rápidos e falta de ar.
Em casos mais graves: apresenta sintomas mais intensos, podendo afetar o coração,
pulmões, músculos e o sistema nervoso. Os sintomas são- falta de ar, tosse, pele pálida,
falta de equilíbrio ao andar, confusão mental e isolamento.
Estão sujeitos à baixa pressão aqueles profissionais que trabalham em grandes
altitudes. Ex.: alpinistas profissionais, montanhista, profissionais que fazem manutenção
em arranha-céus, pilotos de aviões não pressurizados, dentre outros. Porém, até mesmo
pelas condições que dificultam a sobrevivência em grandes altitudes, poucas são as funções
abordadas na literatura quando se trata de ambientes ocupacionais em locais hipobáricos.

2- Ambientes Hiperbáricos

Os efeitos surgem como consequência das alterações fisiológicas devido à difusão


dos gases no sangue, gases estes que podem tornar-se líquidos sob alta pressão mas que
voltam ao seu estado normal (gasoso) quando do retorno à superfície necessitando,
portanto, do processo de descompressão bárica sendo seguida de forma correta (conforme a
NR), na qual os tempos de pausa e subida estão descritos.
O ambiente hiperbárico é necessário nos trabalhos em tubulões, túneis escavados e
trabalhos submarinos/submersos. O trabalhador pode sofrer acidentes durante a compressão
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e a descompressão, devendo portanto ser acompanhado por outros membros da equipe que
estarão responsáveis pelo acompanhamento de descida e de subida deste profissional,
visando garantir o cumprimento das etapas de modo seguro, e detectar possíveis
ocorrências durante o procedimento prestando o atendimento/socorro adequado em casos
de acidentes.
Conforme citado, alguns gases como oxigênio e nitrogênio, sofrem mudanças
físicas quando expostos à pressão. Considerando que estes gases estão dispersos no ar que
respiramos, durante a realização de trabalho em local hiperbárico é de se esperar que tais
mudanças ocorram dentro do organismo levando então às alterações. O oxigênio, à
determinada pressão atmosférica, pode causar irritação pulmonar, enquanto que o
nitrogênio pode causar narcose e perda de consciência. Embora alguns mergulhadores
consigam chegar a dezenas de metros de profundidade sem ainda apresentar sintomas,
sabe-se que a partir dos 30m o gás nitrogênio age como narcótico e anestésico, levando à
euforia, incoordenação motora e confusão a tal ponto de o mergulhador retirar a máscara
julgando poder respirar na água.

Compressão
Período que compreende a passagem do meio com pressão normal para o meio
hiperbárico. Podem ocorrer irritação pulmonar, narcose (a 4 atm), perda de consciência (a
10 atm), barotraumas (traumas de ouvidos, seios paranasais e dentes).

Descompressão
Período que compreende a passagem do meio hiperbárico para o local com pressão
normal. Podem ocorrer: ruptura dos tímpanos e alvéolos, distensão abdominal e até ruptura
intestinal. Nos casos mais graves pode ocorrer a embolia gasosa que é resultante da
descompressão feita de modo muito rápido, e que pode causar a morte do mergulhador.
Dentre os agravos que podem ocorrer durante a descompressão estão:

-Doença descompressiva- dores intensas nas grandes articulações (joelho,


ombro e quadril)
-Necrose Asséptica- destruição de segmentos ósseos de grandes articulações,
levando a deformidades e incapacidade para o trabalho. Possui efeito tardio,
podendo surgir meses ou anos, após a ocorrência do acidente.

Prevenção:
Seguir rigorosamente as orientações conforme a NR para Atividades e Operações
insalubres.
RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS

"Radiação é a transmissão de energia através do espaço."


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As radiações são uma forma de energia que se transmite pelo espaço em forma de
ondas eletromagnéticas podendo, ou não, apresentar comportamento corpuscular. Tem
como principal característica a frequência e o comprimento de onda, que lhe conferem as
propriedades típicas dos corpos, em especial nos seres vivos. A diferença entre elas está em
suas origens e quantidades de energia, além de suas capacidades de penetrar na matéria e
arrancar ou não os átomos que a constitui. A radiação está presente no nosso cotidiano, por
meio das microondas, pela TV, telefone móvel, radar, rádio e fibras ópticas. Quando
absorvidas pelo organismo podem causar diversos tipos de lesões, que podem surgir
imediatamente ou com o passar dos anos, bem como o comprometimento à capacidade
laboral do indivíduo. Após a absorção, as radiações podem produzir dois efeitos: Ionização
ou Excitação.
Chamamos de Ionização a capacidade que a radiação tem de alterar a estrutura de
um átomo, criando partes eletricamente carregadas.
Chamamos de Excitação o processo em que ocorre apenas o aumento da energia
interna (sem formação de íons) já que neste caso a radiação não possui a energia suficiente
para alterar a estrutura do átomo a ponto de ionizá-lo.
Com base nisso, temos que as Radiações se classificam em dois grupos: radiações
ionizantes e radiações não-ionizantes, sendo que as ionizantes são aquelas cujo efeito
principal sobre o organismo é a ionização, enquanto que as radiações não-ionizantes são
aquelas cujo efeito predominante no organismo é a excitação.

1. RADIAÇÕES IONIZANTES

São radiações de alta frequência, com alto poder energético e com potencial para
ionizar átomos da matéria com a qual interagem. É essencial na medicina e está presente na
indústria bélica. Compreendem o alfa, beta, gama, neutron e raio-X. As radiações beta,
gama e raio X são as mais comumente encontradas. Podem ser encontradas de forma
natural ou produzidas artificialmente:

-Natural: alguns componentes da crosta terrestre, que são normalmente radioativos,


como o Carbono-14, o Urânio-238, Potássio-40, etc.

-Artificial: são as radiações provenientes de fontes artificiais, produzidas pela


tecnologia humana. Ex.: os raios X, na medicina; os raios X Industrial, também usado na
verificação de falhas em estruturas metálicas e identificação de soldas defeituosas.

A exposição a essas radiações causa doenças graves, que podem acometer somente
o indivíduo (efeitos somáticos) ou seus descendentes (efeitos genéticos).

- Efeitos somáticos: Após longo período de exposição - leucemia, catarata, anemia, câncer
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de pele e de tireóide. Após curto período de exposição - Quando ocorre um contato com
quantidade maciça da radiação, esta ocasiona uma síndrome, com anemia, perda de apetite,
cefaléia, náusea e vômitos, apatia, queda de cabelo, inflamação de boca e garganta,
fraqueza intensa, febre, diarréia e sangramentos, podendo resultar em morte poucos dias
após a exposição ao material.

- Efeitos genéticos: Teratogênese, aniridia (ausência de íris), surdo-mudez e alguns tipos de


cataratas, que podem aparecer não somente na primeira geração de descendentes dos
indivíduos expostos a tais radiações, mas também nas gerações subsequentes.

Os efeitos podem variar, também, dependendo se a fonte de contaminação for


externa ou interna. Vejamos:

Fonte Externa: Queimaduras dolorosas e de cura lenta. Algumas dessas queimaduras


limitam-se à superfície da pele.

Fonte Interna: (absorvida, inalada ou ingerida): danos próprios da radiação, no baço, nos
rins e nos ossos.

Prevenção:

A prevenção deve ser feita, essencialmente, através do uso de barreiras, (Ex.:


biombos de chumbo e aventais específicos) e o controle entre o trabalhador e a fonte
geradora da radiação. Deve-se:
- impedir que fontes radioativas atinjam as vias de absorção do organismo
- sinalizar o local, indicando a presença da radiação
- executar rigorosamente, e de modo permanente, os procedimentos de controle médico
- executar rigorosamente os cuidados quanto ao lixo radioativo
- proceder à limpeza adequada do ambiente, evitando dispersão do material no ambiente,
inspecionando com frequência e por meios de aparelhos adequados, a possível presença de
focos de material acumulado e imperceptíveis a olho nu
- verificar a eficiência dos equipamentos de proteção e de outras medidas de controle
adotadas
- com relação aos EPIs, além dos citados acima, considerar também o uso de máscaras
respiratórias (quando aplicável), sempre usar luvas ao manuseio e utilizá-los somente no
setor do procedimento
- treinamento adequado e continuado, e conscientização da equipe.

As radiações ionizantes têm sido muito úteis na esterilização de materiais, sendo


que as radiações mais usadas para este fim são a beta e gama. São utilizadas para esterilizar
materiais termossensíveis (nos métodos que utilizam menor temperatura), luvas, água
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destilada e fios de sutura.

2. RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES

Na sua forma mais simples, a radiação eletromagnética é um campo elétrico


vibratório que se movimenta através do espaço associado a um campo magnético vibratório
que possui as características do movimento ondulatório. As radiações não-ionizantes
apresentam interesse do ponto de vista ambiental porque seus efeitos sobre a saúde humana
são potencialmente importantes, e exposições feitas sem controle podem levar à ocorrência
de sérias doenças e lesões. São radiações de frequência menor, com a capacidade de
provocar calor sem causar a ionização, conforme abordado anteriormente. Os ultra-sons
estão inclusos nesta classificação, pois os efeitos produzidos por eles são similares aos da
radiação não-ionizante, devido sua natureza ondulatória e frequência. Neste grupo estão:
- Radiação Ultravioleta (UV)
- Radiação visível e Infra-vermelha
- Microondas
- Radiofrequências
- Laser
As radiações não-ionizantes mais comuns em indústrias são a infra-vermelha e a
ultravioleta. A ultravioleta provém principalmente da operação de solda elétrica e causa
queimaduras na pele e irritação nos olhos, mas também está presente em outros locais por
outros meios como, por exemplo, nos hospitais, no qual apresenta uso restrito somente para
destruição de microorganismos do ar ou inativação deles em superfícies (lâmpadas
germicidas). Já a radiação infravermelha é proveniente do aquecimento interno de metais
ou vidros fumegantes ou semifumegantes. A exposição contínua a este agente nocivo pode
provocar doenças da pele e nos olhos, como a catarata e, em casos mais graves, a cegueira.

2.1 Radiação Ultravioleta

A maior fonte de raios UV é o Sol e sua radiação pode ser dividida em escalas,
conforme o comprimento de onda (neste caso, em nanômetros, nm):

- UV A (de 320 a 400 nm) - UV ou Luz negra. Representa a maior parte da


radiação emitida pelo sol. Apresenta possíveis efeitos de interferência com a
acuidade visual e produção de fadiga ocular. Utilizada em controles de qualidade
industrial, gravação fotográfica e discotecas.
- UV B (de 290 a 320 nm) - UVmédio ou da "queimadura solar". Pertencente à
faixa denominada "eritemática". É emitida em operações com solda elétrica,
maçaricos operando em altas temperaturas e metais em fusão.
- UV C (de 200 a 290 nm) - UVcurto ou "afastado", produz efeitos germicidas.
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Embora a radiação de classificação "C" seja a menos nociva por ser quase toda
absorvida pela camada de ozônio, ela ainda exerce efeitos sobre a saúde da população que
vive nos locais em que a camada de ozônio encontra-se destruída. A radiação UV é
comumente utilizada em esterilizações, processos de secagem/cura de resinas e também é
resultante de processos de soldagem.
Considerando os tópicos sobre átomos e ionização dos mesmos, o ideal na natureza
é que o átomo permaneça sempre em forma de molécula estável, ou seja, com sua
configuração completa. Quando, por algum motivo, ocorre um desequilíbrio de cargas
(positivo ou negativo) este tende a se unir a outro átomo para se estabilizar, formando então
um novo composto. Logo:
Radical livre - é uma molécula instável, que tenta "roubar" elétrons de outras
moléculas, e acaba lesando estruturas dentro das células, como o DNA, proteínas e as
membranas celulares. Na derme, os radicais livres vão provocar a inibição da produção do
colágeno, o aumento da degradação do colágeno, levando ao envelhecimento da pele. O
estresse oxidativo ocorre quando a quantidade de radicais livres é maior que a quantidade
de antioxidantes. Dentre os radicais livres estão o peróxido, superóxido e hidroxila.
Antioxidante- é um agente que doa elétron para que o radical livre se estabilize,
reduzindo assim seu efeito de dano à celula. Vitaminas C e E são alguns exemplos de
antioxidantes naturais.

Agravos:
A radiação UVA pode causar o fotoenvelhecimento, além de danos à estrutura da
pele, enquanto que a UVB (mais intensa entre 10hs e 15hs) causa eritemas, ou queimaduras
solares. Combinadas, UVA e UVB, em excesso, provocam cânceres de diversos tipos, além
de afetar o sistema imunológico também.

- Diante da exposição do trabalhador à radiação solar, o quadro mais grave que pode
ocorrer é o melanoma, que pode levar a óbito num período próximo de cinco anos após ter
se instalado
- Formação de cataratas- opacidade do cristalino. Resulta do efeito térmico causado pela
radiação solar nos olhos. Esse efeito térmico pode levar também ao desenvolvimento de
ceratites ou conjuntivites alérgicas e térmicas (com lacrimejamento, irritação, fotofobia,
dor), e o terçol. Comumente conhecida entre os soldadores como "Reflexo da solda"
- Fotoenvelhecimento- resultante do efeito cumulativo da radiação na pele, é caracterizado
pela coloração amarelada da pele, formação de ceratoses actínicas (lesões pré-cancerosas),
atrofia da pele e formação de sulcos profundos (rugas), dando aspecto envelhecido à pele, e
o câncer cutâneo
- Reações alérgicas- causadas pela exposição ao sol, após um prévio contato com alguma
substância química
- Eritemas- queimaduras, com pele vermelha e ressecamento
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- Redução de defesas do sistema imunológico


- Efeito carcinogênico com o desenvolvimento de lesões pré-malignas (ceratoses solares
ou actínicas) e malignas (carcinoma basocelular, carcinoma espinocelular e melanomas)
sendo eles:

- Carcinoma basocelular (CBC) - Tumor epitelial maligno que se origina nas


células basais da epiderme. É o tumor mais comum que afeta pessoas de pele
mais clara. Raramente produz metástase (ou seja, não é do tipo que se espalha
facilmente pelo organismo).
-Carcinoma espinocelular (CEC) - É uma proliferação maligna do
queratinócito da epiderme, que é a célula epitelial mais comum. Normalmente
se origina de um precursor de modificações parciais ou in situ, denominado
ceratose actínica. Sua incidência é menos comum que o CBC, mas a relação
entre a exposição solar e o surgimento da neoplasia é mais direta no CEC do que
no CBC. É mais invasivo que o CBC e pode ser um tumor de crescimento lento,
com grande risco de metástase.
- Melanoma - É a principal doença fatal originada na pele. Resulta da
transformação maligna dos melanócitos que dão pigmentação à pele e estão
normalmente localizados na epiderme ou no epitélio mucoso. Para facilitar
sua identificação é usado o ABCD para avaliar quatro pontos característicos:
Assimetria- formato irregular. Metade da lesão é diferente do resto da
mesma lesão
Bordas irregulares- limites externos irregulares, com saliências e
reentrâncias
Coloração variada- diferentes tonalidades de cor na mesma lesão
Diâmetro- em geral é maior que 6mm, podendo ser menor.
-Ceratoses actínicas/solares- são lesões que se manifestam principalmente na
face, couro cabeludo, dorso das mãos e braços. Possuem aspecto avermelhado e
descamativo, ou com manchas de cor escura discretamente elevadas e rugosas, ou ainda,
como lesões ásperas, bastante elevadas e endurecidas. As escamas endurecidas podem se
soltar com simples atritos, mas voltam a se formar rapidamente. Por ser considerada
pré-cancerígena, o tratamento deve ser feito, e é feito por meio da destruição das lesões por
meios como cauterização química, por exemplo.

Trabalhar sob o sol é uma condição comum à qual estão expostas várias categorias
de trabalhadores, especialmente os que trabalham na agricultura, na construção civil,
carteiros, motociclistas, motoristas, guardas de trânsito, vendedores ambulantes,
pescadores, e salineiros, trabalhadores dos portos, entre outros. Eles compõem o crescente
número de indivíduos com alta probabilidade de desenvolver CA de pele que é, sem
dúvida, o mais grave problema, também de origem ocupacional, ao qual está sujeito quem
recebe doses intensas e contínuas de radiação ultravioleta (UV).
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Assim, verifica-se a importância de se trabalhar a informação junto aos


trabalhadores, esclarecendo quanto aos cuidados durante as atividades e o uso responsável e
adequado dos EPIs disponibilizados, bem como a orientação quanto à identificação inicial
de alterações na pele, que possam ter relações com tipos de cânceres em decorrência da
exposição à radiações.

Prevenção contra raios ultravioleta


- Enclausuramento- em situações de fonte acessível
- Anteparos
- EPIs (Ex.: protetores faciais e óculos com lentes filtrantes UV, roupas apropriadas com
material que reflete ou absorve o UV para proteger mãos, braços, tórax, protetor solar)
- Ventilação adequada do ambiente, nos casos em que o processo de trabalho resulte na
emissão de gases tóxicos pela radiação UV
- Nutrição e Hidratação adequada aos trabalhadores que executam a atividade expostos ao
sol, ou às fontes que emitem o calor
- Exames médicos

2.2 Radiação Infravermelha

É a radiação emitida por corpos cuja superfície encontra-se à temperatura maior que
a do ambiente ao redor deles. Essa radiação é também chamada de "calor radiante",
portanto encontra-se frequentemente aliada a outras formas de transmissão de calor.
Emitida por solda elétrica e oxiacetilênica, e fornos, por exemplo. Outras formas em que é
utilizada são: no aquecimento de ambientes, cozimento de alimentos, secagem de tintas e
vernizes, detecção de objetos e pessoas (câmeras e elevadores), e na saúde é utilizado no
tratamento de dores (reumáticas/traumáticas e sinusites).

Agravos:
Dos agravos causados pela radiação IV estão as queimaduras, eritemas e lesões na
pele, causados pelo calor, e as perturbações visuais como conjuntivite, lesões na córnea,
inflamações das pálpebras e cataratas, e em casos mais graves, lesões na retina. Portanto
devem ser usados EPIs como óculos especiais (que também protege dos efeitos de fontes
próximas, manuseadas por outros trabalhadores no mesmo ambiente), protetores faciais e
vestimentas adequadas.

2.3 Microondas

É um tipo de radiação eletromagnética, não-ionizante, e de média frequência,


podendo existir a VHF (Very High Frequency)- Frequência muito alta e a UHF (Ultra High
Frequency)- Frequência ultra alta. Seus efeitos dependem da frequência (ou comprimento
de onda da radiação) e da potência dos geradores. Como exemplos de equipamentos que
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usam esse tipo de radiação temos os radares de aeronaves, antenas de transmissão de sinais
de tv e celular. O efeito térmico sobre o organismo é, ainda, o mais estudado com relação às
microondas, porém existem indicações de que pessoas expostas a campos elétricos e
magnéticos também têm apresentados queixas como irritabilidade, cefaléias e insônia.

Dos agravos:

-Em relação ao efeitos térmicos, quanto menor a frequência maior será o risco para os
órgãos internos, pela facilidade com que as ondas penetram no organismo. Por outro lado,
quanto maior a potência e o tempo de exposição, maiores são os riscos de o trabalhador
adoecer e, em casos extremos, morrer. Daí o risco de lesões a tecidos superficiais ou
profundos. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), embriões e fetos
podem ser particularmente sensíveis ao calor induzido pelas radiofrequências, podendo
causar abortos e má formação do sistema nervoso central de bebês com mães que
desenvolveram hipertermia entre moderada e severa, em especial durante o 1° trimestre de
gravidez.

-Em relação ao campo elétrico e magnético, pesquisas mostram que, a longo prazo, os
expostos podem sofrer de pressão arterial alta, seguida de hipotensão, alterações dos
sistemas nervoso central, cardiovascular e endócrino, distúrbios menstruais, dentre outros,
sintomas estes que devem ser pesquisados durante os exames admissionais e periódicos
com os que já trabalham ou estão em busca de trabalhar em ambientes com esse tipo de
radiação.

-Risco de morte em instalações/estações geradoras, e risco de queda.

OBS: Portadores de marcapassos ou com implantes metálicos jamais devem ser expostos às
microondas, nem por curtos períodos nem a níveis aparentemente baixos da mesma.

Prevenção:
-Sinalização
-Enclausuramento da fonte
-Uso de barreiras
-Evitar proximidade, por longo período, com a fonte geradora
-Exames médicos
*Quando necessária a permanência do trabalhador junto à fonte geradora - é obrigatório o
uso de roupas que protejam completamente o corpo, óculos de proteção, luvas e protetores
faciais e de cabeça, com telas metálicas que bloqueie as microondas.

2.4 Laser
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"Luz Amplificada mediante Emissão Estimulada por Radiação"

É uma radiação não-ionizante com a característica de emitir apenas um


comprimento de onda, e não uma faixa de comprimentos ou frequências como ocorre com
as outras radiações citadas anteriormente. Essa característica é o que lhe confere também
outro nome, o de "radiação coerente". Devido à essa característica a radiação laser forma
um feixe altamente concentrado e com dispersão insignificante, o que o torna excelente no
uso industrial para efeitos de corte e precisão.
Além de ser utilizado em ambientes não industriais, como em construções de
pontes, topografia, entre outros, o laser é vastamente utilizado na medicina e saúde, sendo
utilizado em microcirurgias, queimadura de verrugas e destruição de tumores. No ambiente
industrial está presente em micro-usinagem, solda de micropeças, alinhamento ótico e
fotocoagulação.

Agravos:
A radiação laser (direta ou refletida) produz efeitos térmicos e fotoquímicos
podendo causar queimaduras principalmente na pele e nos olhos, ainda que a potência seja
baixa.

Prevenção:
- Treinamento
- Sinalização
- Blindagem (uso de barreiras para evitar dispersão)
- Evitar olhar o feixe principal
- Realizar o trabalho em ambientes bem iluminados, promovendo a contração pupilar,
limitando assim a energia que poderia, inadequadamente, penetrar nos olhos.
- EPIs - protetores para os olhos (usar e manter extremo cuidado na orientação do feixe de
raios), luvas protetoras, roupas e escudo (máscara de auto-escurecimento p soldas a laser).
Conhecer a forma como ocorre a absorção das radiações ou seus efeitos, pode
auxiliar na elaboração de métodos de detecção, critérios de avaliação quantitativa das
mesmas, bem como estabelecer os meios de controlá-las.

TRABALHOS EM AMBIENTES COM ELETRICIDADE

Descoberta no séc. XIX, a energia elétrica é por alguns ainda considerada a "8ª
maravilha do mundo", ou seja, um dos maiores e mais úteis achados do homem e que
trouxeram grande contribuição e desenvolvimento para a história, sociedade e também para
o contexto da produção industrial. Pode ser gerada por várias fontes tais como:
- hidráulica (mais comum no BR)
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- eólica (já existente no BR)


- térmica
- química
- nuclear
Tem como vantagem ser uma energia que não polui o ambiente, pois sua produção é
isenta de subprodutos de combustão tais como gases, fumaça e cinzas. Além disso é,
também, vantajosa economicamente por poder ser transportada a grandes distâncias por
meio de fios, desde seu local de produção até seus consumidores finais, nos grandes centros
urbanos. Um outro fator a considerar é que, para que não ocorram perdas de energia nesse
trajeto, das fontes geradoras até seu consumo, a corrente transita não de forma contínua mas
sim de forma alternada.
Vastamente utilizada nos ambientes públicos, industriais e residenciais, possui a
característica de ser facilmente concentrável, o que permite gerar altas temperaturas, sendo
portanto útil em acionamento de velas de ignição, arcos voltaicos, fornos elétricos e
processos de soldagem. Para conhecimento, o estudo do sistema de energia elétrica pode
ser dividido em quatro fases:

- Geração
- Transmissão
- Distribuição
- Consumo

Geração- é o processo pelo qual a energia é transformada de energia hidráulica em


energia elétrica, por meio de processos que envolvem turbinas hidráulicas e geradores
elétricos.
Transmissão- é o processo pelo qual ocorre a condução da eletricidade da fonte geradora
até os locais onde será consumida, condução esta feita por meio de fios de "alta tensão".
Estes fios são interligados, das usinas geradoras às estações, sub-estações ou estações
rebaixadoras de tensão.
Distribuição- é o processo que compreende os trechos entre as estações rebaixadoras e os
consumidores. É onde ocorre o rebaixamento da tensão para modos:
- Monofásico - 110-127 V (Volts)
- Bifásico - 220 V
- Trifásico - 380-440V
Consumo- Especificamente, os locais onde se dará o consumo da energia produzida. Esse
energia produzida é entregue e medida pelo concessionário/companhia de energia que
atende a região.
Ao coordenar equipes cujo trabalho envolva eletricidade, é de suma importância
trabalhar valores quanto à responsabilidade para consigo mesmo e para com os outros
membros da equipe, já que muitos estudos mostram que nos acidentes que podem ocorrer
nas quatro fases do sistema estão envolvidos, como possíveis causas: a imprudência, a
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imperícia, a negligência e a falta de segurança nas instalações, seja no trabalho com energia
elétrica ou seja no seu consumo apenas. A consciência de equipe, e de zelo pela própria
vida e pela vida do outro é um fator que, unido ao treinamento de qualidade, pode salvar
vidas. E se considerarmos que essa consciência, trabalhada no ambiente ocupacional, com o
tempo passa a fazer parte do indivíduo, temos aí um conhecimento e responsabilidade que
se estende de forma benéfica também para a sociedade, no ambiente que este trabalhador
convive, podendo ele ser um multiplicador dos meios de prevenção destes tipos de
acidentes.
Assim como outros agentes de risco, a energia elétrica tem sua periculosidade
aumentada em virtude de que nossos sentidos não conseguem percebê-la à distância.
Acidentes com energia elétrica podem ocorrer por energia produzida pelo homem,
ou pela natureza e, embora os acidentes com energia elétrica não sejam os de maior
incidência vale lembrar que, quando ocorrem, apresentam grande potencial para
fatalidades. Tais acidentes podem ocorrer, também, em locais com instalação elétrica
imprópria, com defeitos ou exposta, fios desencapados, falta de aterramento elétrico, falta
de sinalização elétrica, falta de manutenção, etc. Porém, quando se estuda as causas de
incêndio, no Brasil, as causas elétricas são as grandes responsáveis, ocupando lugar de
destaque. Dentre algumas catástrofes ocorridas temos a ocorrência do incêndio no Edifício
Joelma, no qual 13 andares foram atingidos, deixando um saldo de 180 mortes, enquanto
329 feridos, 16 mortos e 29 andares atingidos marcaram o incêndio no Edifício Andraus,
ambos em São Paulo.

Agravos:
Resultam, direta ou indiretamente, destes fatores:

- Efeitos indiretos - quedas e queimaduras, que também podem levar a óbito.


-Condição física vulnerável - pessoas idosas ou doentes, apresentam maior
fragilidade, sendo portanto vítimas até fatais mesmo em casos de choques fracos.
- Choque- que pode ser fatal.

"Choque elétrico - É a perturbação, de natureza e efeitos diversos, que se manifesta no


corpo humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica."

Os danos em decorrência do choque são resultantes da passagem da corrente pelo


corpo e da conversão dessa mesma corrente, em calor, durante seu trajeto. Ele é um dos
fatores aos quais os danos estão diretamente ligados:
- Choque
- PCR- Parada Cardio/Respiratória por assistolia ou fibrilação ventricular - Principal causa
de óbitos pós-eletrocussão
- Parada Respiratória - inibição do CR --> contrações tetânicas --> bloqueio da
musculatura --> óbito
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- Queimaduras elétricas- causadas pela passagem da eletricidade pelos tecidos se


convertendo em calor. As extremidades são as partes mais afetadas.
- Queimaduras da pele - nos locais de entrada e saída da corrente, gerados pelo arco
elétrico. Quadro agravado pelas roupas incendiadas com o choque.
- Lesões neuro-musculares- violenta contração muscular causando luxações e fraturas.

A severidade dos traumas, em decorrência do contato com energia elétrica, pode


variar dependendo da intensidade da corrente e das condições orgânicas do indivíduo, bem
como destes fatores:

1- Resistência
Ossos e pele são mais resistentes à passagem da corrente elétrica.
Músculos, nervos e vasos sanguíneos oferecem menor resistência.
A pele é um importante fator de resistência à passagem da eletricidade, mas
quando úmida pode aumentar a gravidade do choque, pois a umidade reduz
muito a sua resistência.

2- Duração do contato
Quanto mais tempo em contato com a corrente, maior será a gravidade.

3- Tipo de corrente
Alternada --> Fibrilação ventricular
Contínua --> Assistolia
Obs.: A corrente alternada é a que apresenta maior gravidade, pois resulta em
contrações tetânicas de grande intensidade, agravando ainda mais o trauma.

4- Magnitude da Energia envolvida


Voltagem- Alta ou Baixa tensão

5- Fluxo da corrente
Mão - para - pé
Pé-a-pé
Transtorácica/ Mão-a-mão
Obs- A transtorácica/ mão-a-mão é a que apresenta maior risco de fatalidade.

Prevenção:

- Uso de EPIs
- Seguir medidas conforme orientadas pela NR-10
- Preparo e treinamento da equipe (Rapidez/Conhecimento técnico)
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- Evitar o uso de equipamentos elétricos em ambientes úmidos


- Contratar somente profissionais capacitados para revisões elétricas/reparos
- Cabos de Alta tensão também estão presentes nas vias públicas, próximos dos
consumidores. Se ocorrer acidentes, comunique a Central elétrica responsável/ Corpo de
Bombeiros ou a polícia - informando o local exato do acidente e demais informações,
conforme orientação, de Primeiros Socorros.

Lesões por Esforços Repetitivos (LER) ou Doenças


Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT)

LER ou DORT não é uma doença, mas um nome para identificar um grupo de doenças
osteomusculares e repercussões sócio-psicológicas que têm em comum o fato de serem provocadas
por condições inadequadas no trabalho- trabalho este que leva o indivíduo a submeter-se às mesmas
posições, parado, e repetindo um mesmo padrão de movimentos num curto espaço de tempo e sem
intervalos para recuperação de partes do corpo que estão sendo muito utilizadas. Além disso, tem o
uso da força, que nem sempre é utilizada para realizar a tarefa mas sim para segurar o peso do braço
(às vezes sem apoio e levantado acima da altura da cabeça), da cabeça inclinada ou do ombro que
está tenso devido a outros fatores como condições psicológicas e ambientais, como pressão por
resultados, entre outros.

LER/DORT é o nome dado para quadros clínicos que podem surgir isolados ou associados
um ao outro, tais como: cervicobraquialgia, mialgia, tenossinovite, tendinite, epicondilite,
peritendinite, bursite, sinovite, síndrome da tensão do pescoço, síndrome do desfiladeiro torácico,
síndrome do túnel do carpo, cisto sinovial, entre outros. São consideradas LER/DORT as lesões
causadas pelas condições nas quais o trabalho é realizado, ou seja, como nexo causal.

Diagnóstico:

O diagnóstico de LER/DORT envolve aspectos complicadores porque se direciona às


condutas que devem ser tomadas, não só na área clínica, mas também nas áreas previdenciária,
trabalhista, de responsabilidade civil e, às vezes, até criminal.

O primeiro aspecto complicador é devido às várias características do quadro clínico e dos


múltiplos fatores que o desencadeiam. Por exemplo, ao vermos um trabalhador com uma perna
quebrada em acidente de trabalho, temos uma situação com lesão bem definida e relação
causa-efeito facilmente estabelecida (causa-queda, lesão-fratura na perna). Em ocorrências de
doenças profissionais, quando o agente causal no trabalho é bem identificado, também a relação
causa-efeito se estabelece facilmente, embora haja outros fatores que contribuem. Ex.: exposição à
sílica que causa a silicose (causa- exposição à sílica, doença- silicose. Porém, no caso de
LER/DORT, o quadro clínico é heterogêneo, com múltiplas faces, por isso a relação causa-efeito
não é direta, nem sempre é clara. Vários fatores de dentro e de fora do trabalho colaboram para o
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surgimento da doença.

Sintomas:

Formigamento, dormência, peso e cansaço nos braços, dor que varia de intensidade e
característica de acordo com o comprometimento, rigidez matinal, fisgadas, sensação de choques,
inchaço nas mãos e braços, pele avermelhada com sensação de calor local e perda de força
muscular, todos em maior ou menor grau podem ser sintomas de LER/DORT.

Algumas LER/DORT:

Artrose- Osteoartrite- desgasta que o ocorre ao longo da vida, que pode gerar dores devido a
instabilidade - movimento anormal da articulação e a inflamação gerada pelo próprio desgaste. O
controle é feito dependendo do grau de desgaste, podendo ser por medicamentos ou tratamento
cirúrgico.

Tendinite é a inflamação aguda ou crônica dos tendões


- comum nos músculos flexores dos dedos
- causado por movimentação frequente e período de repouso insuficiente
Manifesta-se com dor local, agravada por movimentos voluntários, edema e crepitação local.

Tenossinovite é a inflamação aguda ou crônica das bainhas dos tendões


- causada por movimentos repetitivos e tempo de repouso insuficiente
Manifesta-se clinicamente por dor local, agravada por movimentos voluntários, edema e crepitação
no local.

Síndrome de Quevain é resultando da constricção dolorosa, pelo ato de fazer força, da bainha
(comum dos tendões do polegar). Quando friccionados, inflamam. Manifesta-se clinicamente por
dor intensa no dorso do polegar.

Síndrome do túnel do carpo (STC) é a compressão do nervo mediano no túnel do carpo. Causado
pela flexão e extensão do punho, e a tenossinovite. Assim, os tendões inflamados levam à
compressão crônica e intermitente da estrutura mais sensível do conjunto: o nervo mediano.
O nervo mediano controla os movimentos dos polegares, indicadores, dedo médio e parte superior
do dedo anelar. Portanto, quando as queixas de dor for nessas regiões da mão ou próximas, deve-se
investigar a possibilidade de um quadro de STC se desenvolvendo. Dados ambientais do trabalho
como: função exercida, equipamentos utilizados para realizar a tarefa, excesso de pressão por
resultado em curto espaço de tempo, poucas pausas para descanso e mobiliários pouco
ergonômicos, auxiliam na detecção do risco da patologia.

Síndrome do canal de Guyon é a compressão do nervo ulnar. Este nervo, diferentemente do nervo
mediano, passa por fora do túnel do carpo, e controla os movimentos e sensibilidade da parte
inferior do dedo anelar e de todo o dedo mínimo. Exatamente por isso, quando as queixas de dor ou
formigamento, são referidas nestes locais, deve-se suspeitar de um possível quadro diagnóstico
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desta síndrome.

OBS- Pessoas com fibromialgia, possuem uma pré-disposição a desenvolver LER/DORT se exposta
aos fatores de risco. Doenças como o diabetes também aumentam a possibilidade de
desenvolvimento de neuropatias periféricas (doenças dos nervos periféricos) como a síndrome do
túnel do carpo.

Retorno ao trabalho
O retorno à atividade deve ser feito de forma gradual. Nesse período as condições
inadequadas de trabalho que expõem o trabalhador ao risco de LER/DORT devem,
necessariamente, ser corrigidas. O retorno às mesmas atividades nas mesmas condições de trabalho
que provocaram a doença podem levar ao seu agravamento e consequentemente à invalidez para o
trabalho e para a vida pessoal.

Recomendações
 evitar atividades que exijam movimentos de extensão e flexão do punho
 cuidar com alterações hormonais
 buscar atendimento qdo quadros de formigamento nas mãos
 manter postura correta e usar móveis adequados e sempre que possível usar apoio para
teclado e apoio p/ mouse, em gel por exemplo . (Descumprir essas orientações pode agravar
o risco de adquirir LER e STC)

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