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Por outro lado, "Doença" pode ser definida como "Um afastamento ou desvio entre
a realidade constatada e a expectativa de vida esperada durante o ciclo de vida de um ser
humano". Em outras palavras, "queda na sua expectativa de vida".
É importante lembrar que a doença não ocorre por acaso ou por uma fatalidade,
portanto normalmente haverá sempre um fator predisponente.
O adoecimento precoce pode ocorrer por algumas razões: de ordem biológica, por
agressão de alguma bactéria ou de vírus, por alguma agressão do ambiente e também por
doenças resultantes do estilo de vida, o qual construímos por opção ou indução durante
todo o nosso ciclo de vida.
São doenças que se originam do exercício de determinadas profissões por uma ação
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lenta e continuada, podendo ser comprovadas pela relação "causa-efeito". Quando nos
referimos às doenças/danos à saúde, encontramos por meio dos incisos do Regulamento
da Lei de Benefícios da Previdência Social, aprovada pelo Decreto n°2.172, de 5 de março
de 1997, em seu art. 132, uma abordagem mais explicativa, na qual considera:
1- doença degenerativa
4- doença endêmica adquirida por segurados habitantes de região que ela se desenvolva,
salvo a comprovação de que resultou de exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.
A relação entre o trabalho e as doenças decorrentes dele tem sido compreendida pelo
homem há bem pouco tempo. Dentre alguns estudos podemos citar o livro De Re Metallica,
o qual aborda o estudo da asma dos mineiros. Séculos depois, em 1700, Bernardino
Ramazzini (médico italiano) descreveu em seu livro doenças que tinham relação com 50
ocupações daquela época, publicando este estudo com o título De Morbis Artificum
Diatriba. Com ele Ramazzini tornou-se conhecido como "o Pai da Medicina do Trabalho",
devido a grande contribuição deixada por seus estudos.
No Brasil, com a publicação da Portaria 3237, de julho/72, foi que deu-se início à
regulamentação dos serviços de medicina, higiene e segurança no trabalho.
As medidas preventivas têm como base o estudo natural das doenças, que é a
descrição da cadeia epidemiológica de modo que se possa compreender a inter-relação
existente entre agente, hospedeiro (como em casos de patologias virais ou similiares) e o
meio ambiente, e assim poder intervir nesta estrutura de modo a interromper os possíveis
agravos.
Fases da Prevenção
Primária - Visa a manutenção da saúde. Podemos citar, por exemplo, a vacinação,
a educação em saúde e o saneamento básico.
Secundária - Nesta fase em que a doença já se instalou, visa-se o cuidado para que
a patologia na evolua. Como exemplo, um tratamento medicamentoso para uma doença que
responde positivamente a este tratamento.
após uma patologia que cause limitações físicas, é um exemplo que representa essa fase.
Dentro das fases acima encontram-se os cinco Níveis de Prevenção. São eles:
1- Promoção à saúde
2- Proteção específica
3- Diagnóstico e Tratamento
4- Limitação do dano
5- Reabilitação
- sinalização
RISCOS FÍSICOS
TEMPERATURAS EXTREMAS
1. CALOR
Efeitos do calor
- Insolação
- Queimaduras: nas extremidades e rosto
-Hipertermia ou Intermação: ambiente quente e úmido e com pouca ventilação, e roupas
que impedem a evaporação do suor levam ao aumento exagerado da temperatura interna.
Sinais e sintomas: Pele quente, seca e vermelha, tontura e tremores, convulsões e delírios
(temp. corporal acima de 42°C = risco gravíssimo de morte)
- Desidratação: ocorre pela depleção de eletrólitos ou do volume circulante reduzido.
Indica-se repôr água e sais com frequência, por meio de uso de solução isotônica para
reidratar o organismo.
- Prostração pelo calor: apresenta pele úmida e pálida, tonturas e cãibras/cãimbras, cefaléias
(dores de cabeça) e prostração
- Psíquica: alteração de comportamento, crises psicóticas;
- Inconsciência (pode ocorrer)
- Intelectuais: queda do rendimento intelectual
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- Acidentes pelo suor: mãos escorregadias e perda de controle com ferramentas, irritação
ocular, queda por chão escorregadio (sudorese)
2. FRIO
Efeitos do Frio
- Feridas
- Rachaduras
- Necrose de pele
- Agravamento de doenças reumáticas
- Úlceras de frio com lesão tecidual
- Enregelamento (congelamento), levando à gangrena e perda/amputação de membros
- Dermatites (comum nas mãos)
- Geladuras (acidente por contato) de parte do corpo com objeto (metálico ou não) gelado
- Pé de Imersão: anóxia tecidual e paralisia de membros, somada a fortes dores por
exposição prolongada
- Pré-disposição para acidentes e para doenças das vias respiratórias
PRESSÕES ANORMAIS
manutenção da vida. É composto, em sua grande parte, por nitrogênio (78%) e oxigênio
(21%). Locais com pressões de valor maior que o valor da pressão atmosférica normal são
classificadas como locais de alta pressão, ou seja, locais Hiperbáricos. Locais com pressões
de valor menor que o valor da pressão atmosférica normal são classificados como locais de
baixa pressão, ou seja, locais Hipobáricos.
1- Ambientes Hipobáricos
2- Ambientes Hiperbáricos
e a descompressão, devendo portanto ser acompanhado por outros membros da equipe que
estarão responsáveis pelo acompanhamento de descida e de subida deste profissional,
visando garantir o cumprimento das etapas de modo seguro, e detectar possíveis
ocorrências durante o procedimento prestando o atendimento/socorro adequado em casos
de acidentes.
Conforme citado, alguns gases como oxigênio e nitrogênio, sofrem mudanças
físicas quando expostos à pressão. Considerando que estes gases estão dispersos no ar que
respiramos, durante a realização de trabalho em local hiperbárico é de se esperar que tais
mudanças ocorram dentro do organismo levando então às alterações. O oxigênio, à
determinada pressão atmosférica, pode causar irritação pulmonar, enquanto que o
nitrogênio pode causar narcose e perda de consciência. Embora alguns mergulhadores
consigam chegar a dezenas de metros de profundidade sem ainda apresentar sintomas,
sabe-se que a partir dos 30m o gás nitrogênio age como narcótico e anestésico, levando à
euforia, incoordenação motora e confusão a tal ponto de o mergulhador retirar a máscara
julgando poder respirar na água.
Compressão
Período que compreende a passagem do meio com pressão normal para o meio
hiperbárico. Podem ocorrer irritação pulmonar, narcose (a 4 atm), perda de consciência (a
10 atm), barotraumas (traumas de ouvidos, seios paranasais e dentes).
Descompressão
Período que compreende a passagem do meio hiperbárico para o local com pressão
normal. Podem ocorrer: ruptura dos tímpanos e alvéolos, distensão abdominal e até ruptura
intestinal. Nos casos mais graves pode ocorrer a embolia gasosa que é resultante da
descompressão feita de modo muito rápido, e que pode causar a morte do mergulhador.
Dentre os agravos que podem ocorrer durante a descompressão estão:
Prevenção:
Seguir rigorosamente as orientações conforme a NR para Atividades e Operações
insalubres.
RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS
As radiações são uma forma de energia que se transmite pelo espaço em forma de
ondas eletromagnéticas podendo, ou não, apresentar comportamento corpuscular. Tem
como principal característica a frequência e o comprimento de onda, que lhe conferem as
propriedades típicas dos corpos, em especial nos seres vivos. A diferença entre elas está em
suas origens e quantidades de energia, além de suas capacidades de penetrar na matéria e
arrancar ou não os átomos que a constitui. A radiação está presente no nosso cotidiano, por
meio das microondas, pela TV, telefone móvel, radar, rádio e fibras ópticas. Quando
absorvidas pelo organismo podem causar diversos tipos de lesões, que podem surgir
imediatamente ou com o passar dos anos, bem como o comprometimento à capacidade
laboral do indivíduo. Após a absorção, as radiações podem produzir dois efeitos: Ionização
ou Excitação.
Chamamos de Ionização a capacidade que a radiação tem de alterar a estrutura de
um átomo, criando partes eletricamente carregadas.
Chamamos de Excitação o processo em que ocorre apenas o aumento da energia
interna (sem formação de íons) já que neste caso a radiação não possui a energia suficiente
para alterar a estrutura do átomo a ponto de ionizá-lo.
Com base nisso, temos que as Radiações se classificam em dois grupos: radiações
ionizantes e radiações não-ionizantes, sendo que as ionizantes são aquelas cujo efeito
principal sobre o organismo é a ionização, enquanto que as radiações não-ionizantes são
aquelas cujo efeito predominante no organismo é a excitação.
1. RADIAÇÕES IONIZANTES
São radiações de alta frequência, com alto poder energético e com potencial para
ionizar átomos da matéria com a qual interagem. É essencial na medicina e está presente na
indústria bélica. Compreendem o alfa, beta, gama, neutron e raio-X. As radiações beta,
gama e raio X são as mais comumente encontradas. Podem ser encontradas de forma
natural ou produzidas artificialmente:
A exposição a essas radiações causa doenças graves, que podem acometer somente
o indivíduo (efeitos somáticos) ou seus descendentes (efeitos genéticos).
- Efeitos somáticos: Após longo período de exposição - leucemia, catarata, anemia, câncer
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de pele e de tireóide. Após curto período de exposição - Quando ocorre um contato com
quantidade maciça da radiação, esta ocasiona uma síndrome, com anemia, perda de apetite,
cefaléia, náusea e vômitos, apatia, queda de cabelo, inflamação de boca e garganta,
fraqueza intensa, febre, diarréia e sangramentos, podendo resultar em morte poucos dias
após a exposição ao material.
Fonte Interna: (absorvida, inalada ou ingerida): danos próprios da radiação, no baço, nos
rins e nos ossos.
Prevenção:
2. RADIAÇÕES NÃO-IONIZANTES
A maior fonte de raios UV é o Sol e sua radiação pode ser dividida em escalas,
conforme o comprimento de onda (neste caso, em nanômetros, nm):
Embora a radiação de classificação "C" seja a menos nociva por ser quase toda
absorvida pela camada de ozônio, ela ainda exerce efeitos sobre a saúde da população que
vive nos locais em que a camada de ozônio encontra-se destruída. A radiação UV é
comumente utilizada em esterilizações, processos de secagem/cura de resinas e também é
resultante de processos de soldagem.
Considerando os tópicos sobre átomos e ionização dos mesmos, o ideal na natureza
é que o átomo permaneça sempre em forma de molécula estável, ou seja, com sua
configuração completa. Quando, por algum motivo, ocorre um desequilíbrio de cargas
(positivo ou negativo) este tende a se unir a outro átomo para se estabilizar, formando então
um novo composto. Logo:
Radical livre - é uma molécula instável, que tenta "roubar" elétrons de outras
moléculas, e acaba lesando estruturas dentro das células, como o DNA, proteínas e as
membranas celulares. Na derme, os radicais livres vão provocar a inibição da produção do
colágeno, o aumento da degradação do colágeno, levando ao envelhecimento da pele. O
estresse oxidativo ocorre quando a quantidade de radicais livres é maior que a quantidade
de antioxidantes. Dentre os radicais livres estão o peróxido, superóxido e hidroxila.
Antioxidante- é um agente que doa elétron para que o radical livre se estabilize,
reduzindo assim seu efeito de dano à celula. Vitaminas C e E são alguns exemplos de
antioxidantes naturais.
Agravos:
A radiação UVA pode causar o fotoenvelhecimento, além de danos à estrutura da
pele, enquanto que a UVB (mais intensa entre 10hs e 15hs) causa eritemas, ou queimaduras
solares. Combinadas, UVA e UVB, em excesso, provocam cânceres de diversos tipos, além
de afetar o sistema imunológico também.
- Diante da exposição do trabalhador à radiação solar, o quadro mais grave que pode
ocorrer é o melanoma, que pode levar a óbito num período próximo de cinco anos após ter
se instalado
- Formação de cataratas- opacidade do cristalino. Resulta do efeito térmico causado pela
radiação solar nos olhos. Esse efeito térmico pode levar também ao desenvolvimento de
ceratites ou conjuntivites alérgicas e térmicas (com lacrimejamento, irritação, fotofobia,
dor), e o terçol. Comumente conhecida entre os soldadores como "Reflexo da solda"
- Fotoenvelhecimento- resultante do efeito cumulativo da radiação na pele, é caracterizado
pela coloração amarelada da pele, formação de ceratoses actínicas (lesões pré-cancerosas),
atrofia da pele e formação de sulcos profundos (rugas), dando aspecto envelhecido à pele, e
o câncer cutâneo
- Reações alérgicas- causadas pela exposição ao sol, após um prévio contato com alguma
substância química
- Eritemas- queimaduras, com pele vermelha e ressecamento
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Trabalhar sob o sol é uma condição comum à qual estão expostas várias categorias
de trabalhadores, especialmente os que trabalham na agricultura, na construção civil,
carteiros, motociclistas, motoristas, guardas de trânsito, vendedores ambulantes,
pescadores, e salineiros, trabalhadores dos portos, entre outros. Eles compõem o crescente
número de indivíduos com alta probabilidade de desenvolver CA de pele que é, sem
dúvida, o mais grave problema, também de origem ocupacional, ao qual está sujeito quem
recebe doses intensas e contínuas de radiação ultravioleta (UV).
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É a radiação emitida por corpos cuja superfície encontra-se à temperatura maior que
a do ambiente ao redor deles. Essa radiação é também chamada de "calor radiante",
portanto encontra-se frequentemente aliada a outras formas de transmissão de calor.
Emitida por solda elétrica e oxiacetilênica, e fornos, por exemplo. Outras formas em que é
utilizada são: no aquecimento de ambientes, cozimento de alimentos, secagem de tintas e
vernizes, detecção de objetos e pessoas (câmeras e elevadores), e na saúde é utilizado no
tratamento de dores (reumáticas/traumáticas e sinusites).
Agravos:
Dos agravos causados pela radiação IV estão as queimaduras, eritemas e lesões na
pele, causados pelo calor, e as perturbações visuais como conjuntivite, lesões na córnea,
inflamações das pálpebras e cataratas, e em casos mais graves, lesões na retina. Portanto
devem ser usados EPIs como óculos especiais (que também protege dos efeitos de fontes
próximas, manuseadas por outros trabalhadores no mesmo ambiente), protetores faciais e
vestimentas adequadas.
2.3 Microondas
usam esse tipo de radiação temos os radares de aeronaves, antenas de transmissão de sinais
de tv e celular. O efeito térmico sobre o organismo é, ainda, o mais estudado com relação às
microondas, porém existem indicações de que pessoas expostas a campos elétricos e
magnéticos também têm apresentados queixas como irritabilidade, cefaléias e insônia.
Dos agravos:
-Em relação ao efeitos térmicos, quanto menor a frequência maior será o risco para os
órgãos internos, pela facilidade com que as ondas penetram no organismo. Por outro lado,
quanto maior a potência e o tempo de exposição, maiores são os riscos de o trabalhador
adoecer e, em casos extremos, morrer. Daí o risco de lesões a tecidos superficiais ou
profundos. Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), embriões e fetos
podem ser particularmente sensíveis ao calor induzido pelas radiofrequências, podendo
causar abortos e má formação do sistema nervoso central de bebês com mães que
desenvolveram hipertermia entre moderada e severa, em especial durante o 1° trimestre de
gravidez.
-Em relação ao campo elétrico e magnético, pesquisas mostram que, a longo prazo, os
expostos podem sofrer de pressão arterial alta, seguida de hipotensão, alterações dos
sistemas nervoso central, cardiovascular e endócrino, distúrbios menstruais, dentre outros,
sintomas estes que devem ser pesquisados durante os exames admissionais e periódicos
com os que já trabalham ou estão em busca de trabalhar em ambientes com esse tipo de
radiação.
OBS: Portadores de marcapassos ou com implantes metálicos jamais devem ser expostos às
microondas, nem por curtos períodos nem a níveis aparentemente baixos da mesma.
Prevenção:
-Sinalização
-Enclausuramento da fonte
-Uso de barreiras
-Evitar proximidade, por longo período, com a fonte geradora
-Exames médicos
*Quando necessária a permanência do trabalhador junto à fonte geradora - é obrigatório o
uso de roupas que protejam completamente o corpo, óculos de proteção, luvas e protetores
faciais e de cabeça, com telas metálicas que bloqueie as microondas.
2.4 Laser
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Agravos:
A radiação laser (direta ou refletida) produz efeitos térmicos e fotoquímicos
podendo causar queimaduras principalmente na pele e nos olhos, ainda que a potência seja
baixa.
Prevenção:
- Treinamento
- Sinalização
- Blindagem (uso de barreiras para evitar dispersão)
- Evitar olhar o feixe principal
- Realizar o trabalho em ambientes bem iluminados, promovendo a contração pupilar,
limitando assim a energia que poderia, inadequadamente, penetrar nos olhos.
- EPIs - protetores para os olhos (usar e manter extremo cuidado na orientação do feixe de
raios), luvas protetoras, roupas e escudo (máscara de auto-escurecimento p soldas a laser).
Conhecer a forma como ocorre a absorção das radiações ou seus efeitos, pode
auxiliar na elaboração de métodos de detecção, critérios de avaliação quantitativa das
mesmas, bem como estabelecer os meios de controlá-las.
Descoberta no séc. XIX, a energia elétrica é por alguns ainda considerada a "8ª
maravilha do mundo", ou seja, um dos maiores e mais úteis achados do homem e que
trouxeram grande contribuição e desenvolvimento para a história, sociedade e também para
o contexto da produção industrial. Pode ser gerada por várias fontes tais como:
- hidráulica (mais comum no BR)
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- Geração
- Transmissão
- Distribuição
- Consumo
imperícia, a negligência e a falta de segurança nas instalações, seja no trabalho com energia
elétrica ou seja no seu consumo apenas. A consciência de equipe, e de zelo pela própria
vida e pela vida do outro é um fator que, unido ao treinamento de qualidade, pode salvar
vidas. E se considerarmos que essa consciência, trabalhada no ambiente ocupacional, com o
tempo passa a fazer parte do indivíduo, temos aí um conhecimento e responsabilidade que
se estende de forma benéfica também para a sociedade, no ambiente que este trabalhador
convive, podendo ele ser um multiplicador dos meios de prevenção destes tipos de
acidentes.
Assim como outros agentes de risco, a energia elétrica tem sua periculosidade
aumentada em virtude de que nossos sentidos não conseguem percebê-la à distância.
Acidentes com energia elétrica podem ocorrer por energia produzida pelo homem,
ou pela natureza e, embora os acidentes com energia elétrica não sejam os de maior
incidência vale lembrar que, quando ocorrem, apresentam grande potencial para
fatalidades. Tais acidentes podem ocorrer, também, em locais com instalação elétrica
imprópria, com defeitos ou exposta, fios desencapados, falta de aterramento elétrico, falta
de sinalização elétrica, falta de manutenção, etc. Porém, quando se estuda as causas de
incêndio, no Brasil, as causas elétricas são as grandes responsáveis, ocupando lugar de
destaque. Dentre algumas catástrofes ocorridas temos a ocorrência do incêndio no Edifício
Joelma, no qual 13 andares foram atingidos, deixando um saldo de 180 mortes, enquanto
329 feridos, 16 mortos e 29 andares atingidos marcaram o incêndio no Edifício Andraus,
ambos em São Paulo.
Agravos:
Resultam, direta ou indiretamente, destes fatores:
1- Resistência
Ossos e pele são mais resistentes à passagem da corrente elétrica.
Músculos, nervos e vasos sanguíneos oferecem menor resistência.
A pele é um importante fator de resistência à passagem da eletricidade, mas
quando úmida pode aumentar a gravidade do choque, pois a umidade reduz
muito a sua resistência.
2- Duração do contato
Quanto mais tempo em contato com a corrente, maior será a gravidade.
3- Tipo de corrente
Alternada --> Fibrilação ventricular
Contínua --> Assistolia
Obs.: A corrente alternada é a que apresenta maior gravidade, pois resulta em
contrações tetânicas de grande intensidade, agravando ainda mais o trauma.
5- Fluxo da corrente
Mão - para - pé
Pé-a-pé
Transtorácica/ Mão-a-mão
Obs- A transtorácica/ mão-a-mão é a que apresenta maior risco de fatalidade.
Prevenção:
- Uso de EPIs
- Seguir medidas conforme orientadas pela NR-10
- Preparo e treinamento da equipe (Rapidez/Conhecimento técnico)
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LER ou DORT não é uma doença, mas um nome para identificar um grupo de doenças
osteomusculares e repercussões sócio-psicológicas que têm em comum o fato de serem provocadas
por condições inadequadas no trabalho- trabalho este que leva o indivíduo a submeter-se às mesmas
posições, parado, e repetindo um mesmo padrão de movimentos num curto espaço de tempo e sem
intervalos para recuperação de partes do corpo que estão sendo muito utilizadas. Além disso, tem o
uso da força, que nem sempre é utilizada para realizar a tarefa mas sim para segurar o peso do braço
(às vezes sem apoio e levantado acima da altura da cabeça), da cabeça inclinada ou do ombro que
está tenso devido a outros fatores como condições psicológicas e ambientais, como pressão por
resultados, entre outros.
LER/DORT é o nome dado para quadros clínicos que podem surgir isolados ou associados
um ao outro, tais como: cervicobraquialgia, mialgia, tenossinovite, tendinite, epicondilite,
peritendinite, bursite, sinovite, síndrome da tensão do pescoço, síndrome do desfiladeiro torácico,
síndrome do túnel do carpo, cisto sinovial, entre outros. São consideradas LER/DORT as lesões
causadas pelas condições nas quais o trabalho é realizado, ou seja, como nexo causal.
Diagnóstico:
surgimento da doença.
Sintomas:
Formigamento, dormência, peso e cansaço nos braços, dor que varia de intensidade e
característica de acordo com o comprometimento, rigidez matinal, fisgadas, sensação de choques,
inchaço nas mãos e braços, pele avermelhada com sensação de calor local e perda de força
muscular, todos em maior ou menor grau podem ser sintomas de LER/DORT.
Algumas LER/DORT:
Artrose- Osteoartrite- desgasta que o ocorre ao longo da vida, que pode gerar dores devido a
instabilidade - movimento anormal da articulação e a inflamação gerada pelo próprio desgaste. O
controle é feito dependendo do grau de desgaste, podendo ser por medicamentos ou tratamento
cirúrgico.
Síndrome de Quevain é resultando da constricção dolorosa, pelo ato de fazer força, da bainha
(comum dos tendões do polegar). Quando friccionados, inflamam. Manifesta-se clinicamente por
dor intensa no dorso do polegar.
Síndrome do túnel do carpo (STC) é a compressão do nervo mediano no túnel do carpo. Causado
pela flexão e extensão do punho, e a tenossinovite. Assim, os tendões inflamados levam à
compressão crônica e intermitente da estrutura mais sensível do conjunto: o nervo mediano.
O nervo mediano controla os movimentos dos polegares, indicadores, dedo médio e parte superior
do dedo anelar. Portanto, quando as queixas de dor for nessas regiões da mão ou próximas, deve-se
investigar a possibilidade de um quadro de STC se desenvolvendo. Dados ambientais do trabalho
como: função exercida, equipamentos utilizados para realizar a tarefa, excesso de pressão por
resultado em curto espaço de tempo, poucas pausas para descanso e mobiliários pouco
ergonômicos, auxiliam na detecção do risco da patologia.
Síndrome do canal de Guyon é a compressão do nervo ulnar. Este nervo, diferentemente do nervo
mediano, passa por fora do túnel do carpo, e controla os movimentos e sensibilidade da parte
inferior do dedo anelar e de todo o dedo mínimo. Exatamente por isso, quando as queixas de dor ou
formigamento, são referidas nestes locais, deve-se suspeitar de um possível quadro diagnóstico
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desta síndrome.
OBS- Pessoas com fibromialgia, possuem uma pré-disposição a desenvolver LER/DORT se exposta
aos fatores de risco. Doenças como o diabetes também aumentam a possibilidade de
desenvolvimento de neuropatias periféricas (doenças dos nervos periféricos) como a síndrome do
túnel do carpo.
Retorno ao trabalho
O retorno à atividade deve ser feito de forma gradual. Nesse período as condições
inadequadas de trabalho que expõem o trabalhador ao risco de LER/DORT devem,
necessariamente, ser corrigidas. O retorno às mesmas atividades nas mesmas condições de trabalho
que provocaram a doença podem levar ao seu agravamento e consequentemente à invalidez para o
trabalho e para a vida pessoal.
Recomendações
evitar atividades que exijam movimentos de extensão e flexão do punho
cuidar com alterações hormonais
buscar atendimento qdo quadros de formigamento nas mãos
manter postura correta e usar móveis adequados e sempre que possível usar apoio para
teclado e apoio p/ mouse, em gel por exemplo . (Descumprir essas orientações pode agravar
o risco de adquirir LER e STC)