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Carlos Nobuyoshi Ide, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS; Av.:
Costa e Silva, s/n - Cidade Universitária, 79070-900, Campo Grande – MS.
Maria Lucia Ribeiro, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS; Av.: Costa e
Silva, s/n - Cidade Universitária, 79070-900, Campo Grande – MS.
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Monitoramento Da Qualidade Da Água Em Córregos Urbanos
Marcelo Campos
Gestor Ambiental pela UFMS. Mestrando em Tecnologias Ambientais pela Faculdade de
Engenharia, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da UFMS - área de concentração:
Saneamento e Recursos Hídricos. Técnico Laboratorial do Laboratório de Qualidade
Ambiental da UFMS.
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Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Ambientais – PGTA
Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia - Av. Costa e Silva, s/n -
Cidade Universitária - Caixa Postal 549, CEP 79070-900. Campo Grande – MS.
Telefone: (67) 98125-4333/ (67)3345-7392.
E-mail: isabelalampaf@gmail.com
Resumo
Visto a importância da água nos seus múltiplos usos e a constante contaminação em que os
corpos d’água em estão sujeitos, principalmente os localizados em áreas urbanas, devido a
despejo de efluentes, domésticos e industriais, resíduos sólidos e escoamento pluvial, e a
relação de água contaminada associada a problemas de saúde publica, é de essencial
importância à adoção de redes coletoras, assim como de estações de tratamento de esgoto nos
municípios. Este trabalho visa classificar córregos urbanos, por meio do enquadramento no
Índice de qualidade da água (IQA-cetesb), de acordo com classificação de corpos d’água
estabelecidas na resolução 357 de 2005 do CONAMA, e avaliar se a implantação de redes
coletoras e estações de tratamento de esgoto, influenciaram na qualidade da água de córregos
urbanos, que anteriormente recebiam carga de efluentes domésticos.
Palavras-chave: Lançamento de Efluentes; Índice de Qualidade da Água; Redes Coletoras de
Esgoto.
Abstract
Seeing the importance of water in their multiple uses and the contamination constant
what of the water bodies are subject, mainly the localized in urban areas, due to discharge of
effluents domestic and industrial, solid waste and storm water runoff, and the relationship
contaminated water associated to health problems public, is of importance key the adoption of
sewage systems collection networks, as well as sewage treatment plants in the municipalities.
This work aims to classify urban streams through the standardization imposed by the water
quality index (AQI-CETESB), according to classification of water bodies established in
Resolution 357 of 2005 of CONAMA, and evaluate if the implantation of collection networks
and sewage treatment plants, influenced in the water quality of urban streams, which
previously received charge of domestic sewage.
Introdução
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usos da água, por meio de uma gestão integrada, o que têm pressionando tomadas de decisões
sanitárias e governamentais, devido ao fato de afetarem a qualidade de vida e o
desenvolvimento econômico (MENDES et al., 2015)
Lançamentos de efluentes industriais e domésticos, atividades agrícolas e resíduos
sólidos são os principais causadores da poluição de águas superficiais e subterrâneas, devido à
complexa mistura de compostos orgânicos e inorgânicos. Estes despejos também podem ser
considerados como uma fonte de poluição crônica, dadas à constância dos lançamentos de
efluentes in natura e as limitações dos sistemas de tratamento de esgoto em diversas regiões
brasileiras. (MARTINS et. al., 2014).
O lançamento de efluentes, em corpos receptores pode causar sérios prejuízos à
qualidade da água, não apenas no aspecto visual desagradável, mas principalmente no
declínio dos níveis de oxigênio dissolvido o que acarreta eventuais condições anaeróbias no
corpo d’água, mortandade de peixes e liberação de gases mal cheirosos afetando a
sobrevivência dos seres aquáticos e possibilitando a contaminação de animais e seres
humanos pelo consumo ou contato com está água (NUVOLARI, 2011). Outros dois
problemas relacionados ao despejo de efluentes é o processo de eutrofização e o
assoreamento, que acarretam efeitos negativos, tanto para a saúde quanto para a economia,
como maior dificuldade e elevação nos custos de tratamento da água; problemas com o
abastecimento de água industrial; toxicidade das algas; problemas estéticos, recreacionais e
diminuição gradual do volume do corpo d’água, exigindo maior complexidade no tratamento
da água e da degradação dos recursos hídricos (PIVELI & KATO, 2006).
Cerca de 6% das doenças no mundo, são causadas por consumo de água não tratada e
pela falta de tratamento de esgoto, influindo em aumento de gastos públicos no setor da saúde.
De acordo com a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico a proporção de domicílios
com acesso à rede coletora de esgoto é de 55,2%. Ou seja, aproximadamente metade do
esgoto doméstico gerado no Brasil, não tem ligação a redes coletoras de esgoto e são
despejados diretamente corpos d’água. Apenas na região sudeste mais da metade dos
domicílios (69,8%) tem acesso à rede de esgoto. A segunda região em cobertura do serviço é
o centro-oeste, com aproximadamente 33,7%, resultado próximo ao da região sul de 30,2%. A
região nordeste apresenta 22,4% e a norte apenas 3,8% (IBGE, 2008).
O desenvolvimento da industrial e o crescimento da população urbana tendem a
agravar à deterioração da qualidade da água, devido ao aumento da demanda por água e
consequente aumento no volume de esgoto gerado. Quando em ocupação urbana, o corpo
d’água está sujeito a receber um grande aporte de nutrientes, oriundos da drenagem pluvial
urbana e lançamentos de esgoto, além de ser submetido ao processo de assoreamento, devido
à movimentação de terras para construções de obras (VON SPERLING, 2014; PIVELI &
KATO, 2006).
Visto às inúmeras fontes de contaminação e múltiplos usos da água de reservatórios e
águas superficiais, é evidenciada a necessidade da adoção de redes coletoras, assim como
estações de tratamento de esgoto, para diminuição do aporte de nutrientes em que os mesmos
são submetidos. Desta forma, o monitoramento se tornou fundamental para o
acompanhamento da qualidade da água destes sistemas (TUNDISI & MATSUMURA-
TUNDISI, 2008).
Para simplificar a avaliação de um corpo hídrico por meios de variáveis físicas,
químicas e biológicas foi criado o Índice de Qualidade da Água (IQA - CETESB) no qual é
possível verificar se o corpo d’água está sujeito à contaminação.
O Índice de Qualidade de Água (IQA - CETESB) utiliza nove variáveis para indicar o
grau de contaminação em que se encontra o corpo hídrico. Através dos parâmetros analisados
pode-se estabelecer padrões que possibilitam o enquadramento dos rios em classes, de acordo
com o estabelecido com a Resolução CONAMA 357/2005.
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Objetivos
O trabalho visa classificar, de acordo com a Resolução 357/2005 do CONAMA, dois
corpos d’água, localizados em área urbana, da cidade de Campo Grande, por meio da
aplicação de Índices de Qualidade de Água (IQA - CETESB), e verificar a variação temporal
da qualidade da água dos mesmos, entre os anos de 2009 a 2014, período compreendido antes
e depois da implantação da rede coletora de esgoto. Junto a isto, pretende-se verificar se a
instalação das redes coletoras e a implantação de estações de tratamento de esgoto alteraram a
qualidade da água de um reservatório, assim como de seus afluentes.
Metodologia
Nesse estudo, o IQA – CETESB foi aplicado na saída do reservatório Lago do Amor e
em dois córregos, Cabaça e Bandeira, que abastecem o Lago, de forma a verificar as variações
físicas, químicas e biológicas atuais, em que os mesmos estão submetidos. Para a avaliação
temporal da qualidade da água, foram utilizados dados do Projeto Córrego Limpo, que realiza
o monitoramento dos córregos urbanos do Município de Campo Grande, para tanto, foram
realizadas análises estatísticas, com dois grupos de dados, de 2009 a 2011 e 2012 a 2014,
aplicando testes de hipóteses para verificar a melhora, piora ou igualdade em cada parâmetro
analisado nos dois períodos.
Área de Estudo
A bacia do Bandeira, que faz parte da bacia do rio Paraná, está inserida na zona urbana
da cidade de Campo Grande, no Estado de Mato Grosso do Sul. Esta microbacia, com uma
área aproximada de 19,5 km2 (PLANURB, 2014), integra os córregos Bandeira e Cabaça, os
quais abastecem o “Lago do Amor” (20º30’12.07’’S, 54º37’0.15’’W), situado dentro da
reserva ambiental da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. O lago foi criado em
1968, numa parceria entre a prefeitura e Universidade a fim de promover a recreação da
população.
O “Lago do Amor” pode ser classificado como um lago tropical, de pequeno gradiente
térmico e de terceira ordem, por não ser estratificado e apresentar pequena profundidade. O
reservatório tem forma trapezoidal, com área de aproximadamente 11 hectares, profundidade
média de 2 metros, volume de cerca de 240.000 m3 e tempo de residência hidráulica em torno
de 2 meses. Devido ao elevado tempo de detenção hidráulica do Lago do Amor, pode ser
considerado que o mesmo, funciona como uma lagoa de estabilização (CREA- RJ e CREA-
MS, 2002).
O processo de urbanização desenfreada e mal planejada fez que seus afluentes
recebessem esgoto, tornando a balneabilidade do reservatório imprópria. O Lago do Amor
tem causado grande repercussão nos últimos anos, estudos de batimetria realizados por Souza,
(2013), mostram que o uso e a ocupação da bacia têm causado sérias consequências quanto ao
assoreamento do lago. Outros autores já mostraram que o reservatório recebe diferentes tipos
de efluentes, tanto de fontes pontuais como difusas, incluindo esgoto doméstico, apresentando
com altos graus de contaminação fecal (TOLEDO, 2002; RIGHI, 2003; PITALUGA, 2003;
OLIVEIRA, 2006).
A rede de coleta de esgoto que atende a região foi incorporada no ano de 2008, e a
partir deste período iniciou-se o monitoramento da qualidade da água dos córregos urbanos
em Campo Grande, pelo Projeto Córrego Limpo.
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Os dados do período de 2009 a 2014 foram obtidos do Projeto Córrego Limpo, uma
parceria entre a companhia de saneamento Águas Guariroba e SEMADUR – Secretaria
Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano de Campo Grande, entre os anos
2009 e 2014. Para efeitos comparativos atuais, foram realizadas mais três coletas de águas
superficiais, nos Córrego Bandeira e Cabaça e na saída do Lago do Amor.
A Figura 1 mostra os pontos de coleta, sendo dois a jusante do lago e um a montante.
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Figura 2. Ponto AM01 - Córrego Bandeira a Montante do Lago Do Amor.
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preconizadas no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA et
al., 2012).
W
i 1
i 1
Em que:
n: número de parâmetros que entram no cálculo do IQA
A partir do cálculo efetuado, a qualidade da agua é enquadrada, por uma escala de 0 a
100, nas categorias de qualidade ótima, boa, regular, ruim e péssima, indicadas pelo IQA,
como mostrado na Tabela 1.
Análise Estatística
Para tratamento estatístico dos dados obtidos pelo Projeto Córrego Limpo, foram
realizados teste de hipótese, comparando os dois grupos de dados (2009-2011 e 2012-2014)
para os seguintes parâmetros: E. coli, DBO5,20, Fosforo Total, Nitrogênio Total, Turbidez, e
Oxigênio Dissolvido. Na aplicação dos testes estatísticos, foi realizado o teste de normalidade
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de Kolmogorov-Smirnov, e para os testes de hipóteses, os testes “t” e de Mann-Whitney para
os dados normais e não normais, respectivamente.
Resultados
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q1 (% Saturação de OD) 0,17 93,1 80,2 87
q2 (Coliformes Fecais) 0,15 4,7 4,2 6,4
q3 (pH) 0,12 73,3 92,5 88,1
q4 (DBO5) 0,1 70,8 59,6 65,7
q5 (Nitrogênio total) 0,1 89 75,8 90,6
q6 (PT) 0,1 45,18 38,9 58,1
q7 (Turb) 0,08 78 91,2 52,7
q8 (ST) 0,08 83,6 68,8 80,3
q9 (T) 0,1 94 94 94
IQA (CETESB) Total 51 48 53
Regular Regular BOA
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A Tabela 5. Apresenta os resultados do Córrego Bandeira na Jusante do Lago do
Amor ponto esse que completa a mistura dos dois córregos Cabaça e Bandeira.
Discussões
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desse parâmetro. Não houve diferença significativa com 95% de confiança para os parâmetros
nitrogênio Total e Oxigênio Dissolvido.
No Ponto do Córrego Cabaça, à montante do lago (Tabela 4), no primeiro período, de
2009 a 2011, todas as distribuições dos dados foram normais, entretanto no segundo período,
2012 a 2014, apenas os parâmetros Fosforo Total e Nitrogênio Total seguiram o mesmo
comportamento, havendo assim a necessidade de se aplicar o teste de Teste de Mann-
Whitney, não paramétrico, para os demais parâmetros no segundo período. Após a
normalização dos dados verificamos que para este córrego, houve uma melhora significativa
dos parâmetros Escherichia coli, DBO, Fosforo Total, Turbidez, mostrando que nessa bacia a
implantação da rede coletora de esgoto foi eficiente na diminuição de carga de poluentes no
corpo d’água. Outro fator que influenciou nesta melhora é o fato de se tratar de uma bacia
menor, consequentemente, mais fácil de controlar as atividades existentes em seu entorno.
Analisando a tabela 5, que expõe os dados dos parâmetros analisados após analise
estatística, do ponto à jusante do Lago do Amor, pode-se ressaltar uma melhora do parâmetro
Escherichia coli, no qual, os dados não seguiram distribuições normais nos dois períodos de
análise, o mesmo ocorrido com a turbidez no primeiro período, necessitando assim a
aplicação do teste não paramétrico de Mann- Whitney. Para os parâmetros E. coli e turbidez
foram observadas melhora significativa no segundo período, após a implantação da rede
coletora de esgotos. Os outros parâmetros não apresentaram alterações significativas entre os
períodos, mostrando certa estabilidade das variáveis analisadas, após a passagem da massa
d’água pelo Lago do Amor, o que pode ser explicado devido ao considerável tempo de
detenção do lago.
Conclusões
Referências
APHA; AWWA; WPCF. Standard methods for the examination of water and wastewater. 22
th ed. Washington D.C.: American Public Health Association, 2012.
CREA- RJ & CREA-MS. Carta Náutica do Lago do Amor. Campo Grande, MS. 2002.
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diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões
de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Publicação no DOU: 18 mar. 2005.
PIVELI, R. P.; KATO, M. T. Qualidade das Águas e Poluição: Aspectos Físico-químicos. São
Paulo: ABES, 2006.
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VON SPERLING, M. Introdução à qualidade da água e ao tratamento de esgotos. Belo
Horizonte: DESA, UFMG, v.1, 4ª ed., 2014.
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