Ao iniciar o processo de implantação de uma indústria, um dos problemas fundamentais a
ser resolvido é a definição do local onde se instalará a indústria. A localização da indústria pode ser analisada em duas etapas: a macrolocalização e a microlocalização. A macrolocalização é a etapa mais ampla, pois, visa definir a região onde deverá ser implantada a indústria, levando em consideração fatores de ordem econômica e fatores de ordem técnica. Uma vez escolhida a região, parte-se para a escolha do local efetivo de implantação da indústria, definindo-se assim sua microlocalização. Tendo especificado o local, entra-se assim, na fase de elaboração do layout ou arranjo físico das instalações da empresa. Define-se então o arranjo mais adequado dos postos de trabalho sobre essa determinada área física, dispondo esses postos de forma a minimizar os transportes, eliminar os pontos críticos de produção e suprimir as demoras desnecessárias entre as várias atividades. O posto de trabalho nada mais é que a configuração física do sistema homem-máquina- ambiente. É uma unidade produtiva envolvendo um homem e o equipamento que ele utiliza para realizar o trabalho, bem como o ambiente que o circunda. Finalmente após o arranjo mais adequado dos postos de trabalho define-se claramente a localização de cada máquina, equipamentos e materiais.
Enfoques do posto de trabalho
Há, basicamente, dois tipos de enfoques para analisar o posto de trabalho: o taylorista e o ergonômico. O enfoque taylorista do posto de trabalho baseia-se no estudo dos movimentos corporais necessários para executar um trabalho e na medida do tempo gasto em cada um desses movimentos. A seqüência de movimentos necessários para executar uma tarefa é baseada em uma série de princípios de economia de movimentos e o melhor método é escolhido pelo critério do menor tempo gasto. Taylor estava convicto, devido à sua obstinação que a produção industrial poderia ser substancialmente aumentada através de medidas de racionalização do processo produtivo, isto é, através da implantação de um “método científico” de administração e direção das indústrias. Afirmava que com uma grande fragmentação das tarefas, as mesmas se tornariam mais simples de serem executadas, exigiriam menor capacidade intelectual dos operários e também seriam mais fáceis de serem padronizadas. Convém citar que o objetivo de Taylor não é muito diferente de um dos objetivos buscados pelos ergonomistas de hoje, que é o aumento de produtividade no trabalho, porém os métodos de obtenção são extremamente distintos, pois enquanto Taylor pregava a adaptação do homem ao trabalho, a ergonomia prega a adaptação do trabalho ao homem. Já, o enfoque ergonômico é baseado principalmente na análise biomecânica da postura e nas interações entre o homem, sistema e ambiente. Tende a desenvolver postos de trabalho que reduzam as exigências biomecânicas e cognitivas, procurando colocar o operador em uma boa postura de trabalho. As máquinas, equipamentos, ferramentas e materiais são adaptados às características do trabalho e capacidades do trabalhador, visando promover o equilíbrio biomecânico, reduzir as contrações estáticas da musculatura e o estresse geral. Os objetos a serem manipulados ficam dentro da área de alcance dos movimentos corporais. Diferenças entre o Taylorismo e a ergonomia TAYLORISMO ERGONOMIA Divisão do trabalho Trabalho participativo Adaptação do homem ao trabalho Adaptação do trabalho ao homem Teoria do homem-máquina Preocupação com a saúde física e mental do trabalhador Isolamento do homem no trabalho Trabalho em grupo, cooperativo e crítico Aumento das exigências biomecânicas Reduzam as exigências biomecânicas Má postura de trabalho Boa postura de trabalho Objetos fora dos alcances dos movimentos Objetos dentro dos alcances dos movimentos corporais corporais Resultado imediatista Resultado duradouro Imbecilização do trabalho Trabalho com conteúdo
Projeto do posto de trabalho
O planejamento das instalações/layout pode ser feito em dois níveis:
Nível 1. Projeto do macro-espaço - Nesse nível é feito um estudo do espaço global da
empresa. São definidas as dimensões de cada departamento e também das áreas auxiliares, como estoques e manutenção. Aqui fica definido o fluxo geral de materiais, desde a entrada da matéria-prima até a saída dos produtos acabados, passando por todas as etapas intermediárias de transformação dessa matéria-prima em produto.
Nível 2. Projeto do micro-espaço - No nível micro, a atenção é focalizada em cada unidade
produtiva, ou seja, no posto de trabalho. Isso geralmente inclui um trabalhador e o seu ambiente imediato, abrangendo a máquina e equipamento que ele utiliza, bem como as condições locais de temperatura e ruídos.
Layout ou Arranjo Físico do posto de trabalho
O layout ou arranjo físico é o estudo da distribuição espacial ou do posicionamento relativo dos postos de trabalho e dos diversos elementos que o compõe. É a disposição física do equipamento, incluindo o espaço necessário para movimentação de material, armazenamento, mão-de-obra indireta e todas as outras atividades e serviços dependentes, além do equipamento de operação e o pessoal que o opera. É a maneira como os homens, máquinas e equipamentos estão dispostos em uma fábrica, ou seja, é a melhor utilização do espaço disponível que resulte em um processamento mais efetivo. Entre os acontecimentos normais dentro de uma empresa que podem provocar a necessidade de um reestudo do arranjo físico existente, destacam-se: - Aquisição de máquinas e equipamentos novos; - Avanço da tecnologia; - Necessidade de novas seções, melhoria dos métodos de trabalho; - Mudança no projeto do produto; - Redução dos custos de produção, corte de pessoal e/ou paradas de equipamentos; - Melhoria das condições de trabalho e redução de acidentes em um ambiente de trabalho; - Mudança do mercado de consumo; - Instalação de uma nova empresa.
Regras Básicas de Ergonomia na Organização do Arranjo Físico/Layout
- A área de trabalho deve ser organizada de tal forma que o produto tenha um fluxo crescente ao longo da mesma, em uma direção. - Deve-se reduzir ao mínimo a movimentação das pessoas. - Deve-se evitar grandes distâncias entre as pessoas, mesmo que exista espaço sobrando. - Deve-se prever espaços mínimos compatíveis com as necessidades das pessoas, segundo o tipo de serviço. - Deve-se tomar todos os cuidados para evitar que o corpo humano atinja partes de máquinas ao se movimentar, ou que partes móveis de máquinas atinjam o ser humano ao se movimentarem. - Deve-se posicionar os postos de trabalho com alto empenho visual mais próximos da luz natural, verificando sua posição e variação ao longo do dia, de tal forma que a luz direta não atinja nenhum posto de trabalho.
Tipos básicos de layout.
Layout Posicional por posição fixa.
O material permanece parado enquanto que o homem e o equipamento se movimentam ao redor.
Layout Linear O material é que se move, sendo uma operação imediatamente adjacente à anterior. Os equipamentos são dispostos de acordo com a seqüência de operações.
Layout Funcional por processo.
Agrupam-se todas as operações de um mesmo “tipo” de processo. O material se movimenta através das áreas ou departamentos.
Critérios para o arranjo físico de equipamentos e ferramentas
Existem diversos critérios, nos quais se baseiam os arranjos físicos de equipamentos e ferramentas dos postos de trabalho. Importância - Colocar o componente mais importante em posição de destaque no posto de trabalho, de modo que ele possa ser continuamente observado ou facilmente manipulado. Freqüência de uso - Os componentes usados com maior freqüência devem ser colocados em posição de destaque ou de mais fácil alcance e manipulação. Seqüência de uso - Quando houver um ordenamento operacional entre os elementos, as posições relativas dos mesmos no espaço devem seguir a mesma seqüência. Intensidade de fluxo - Os elementos, entre os quais ocorrem maior intensidade de fluxo são colocados próximos entre si. Ligações preferenciais - Os elementos entre os quais ocorrem determinados tipos de ligações são colocados próximos entre si. Agrupamento funcional - Os elementos de funções semelhantes entre si formam subgrupos, que são mantidos em blocos.
A AVALIAÇÃO DO RISCO ERGONÔMICO EM OPERAÇÕES
MANUAIS DE MONTAGEM – UMA ANÁLISE COMPARATIVA
ENTRE O MOORE-GARG STRAIN INDEX E O ÍNDICE TOR-TOM
NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS - Wallace Roberto Melo Nogueira