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CAPÍTULO 1

ASPECTOS GERAIS SOBRE O BULLYING

1.1 Do conceito de bullying

O termo bullying, ou expressão de origem inglesa, resulta na significação


de certas ações de um determinado conjunto de indivíduos, para com outros. Em
resumo, a noção do termo e suas derivações, advém da palavra ‘bull’ (touro em
inglês) acentuou-se para bully, para fazer referência aos indivíduos agressivos ou
valentões.

Para alguns autores brasileiros, a exemplo de Cleo Fante, escritora e


pedagoga brasileira, o termo bullying, é composto de conjuntos variados de
representação, que por via, são caracterizados por comportamentos hostis e
intimidantes.

Em termos gerais, o debate acerca da origem do termo bullying, está


caracterizado na dificuldade de traduzir ou diferenciar o que é bullying, ou violência
propriamente dita. Em países da Ásia, no Japão, por exemplo, o termo bullying é
caracterizado pela palavra “Ijime”. O termo é equivalente aos atos de agressão,
violência e constrangimento.

Em território brasileiro, pelo fato das discussões sobre o conceito, terem


surgido apenas em meados da década de 90, os pesquisadores das mais variadas
áreas das ciências, em especial da pedagogia e psicologia, tiveram o consenso de
utilizar o termo americano, que é universalmente utilizado e resume bem uma
junção de características atribuídas a este fenômeno.

Algumas definições do termo, são amplamente discutidas, a exemplo da


conceituação dada por Fante (2005, p.13) que define o bullying como ato e desejo
proposital de ferir, oprimir, amedrontar e humilhar o semelhante e gerar estresse
sobre a pessoa ou determinado grupo.

Autores como Fante (2005), Rolim (2010) e Coloroso (2004) descrevem


o bullying como uma ação “repetitiva” perante os indivíduos vulneráveis, seja de
forma premeditada ou até mesmo aleatória, ressaltam:

É uma atividade consciente, desejada e deliberadamente hostil, orientada


pelo objetivo de ferir, induzir o medo pela ameaça de futuras agressões e
criar terror. Seja premeditada ou aleatória, óbvia ou sutil, praticada de
forma evidente ou às escondidas, identificada facilmente ou mascarada
em uma relação de aparente amizade, o “bullying” incluirá sempre três
elementos: desequilíbrio de poder, intenção de ferir e ameaça de futura
agressão. Quando o “bullying” se desenvolve e se torna ainda mais sério,
um quarto elemento é adicionado; o terror (COLOROSO, 2004, p. 13-14).

Além dessa definição exposta acima, há também o entendimento sobre


o bullying, visto como fato meramente social, que contém agressores, vítimas e
testemunhas. Mas isso será objeto de debate no próximo capítulo.

Perante várias abordagens sobre o tema e o conceito do termo, uma


delas possui grande destaque no meio social e científico, que é atribuir o bullying a
determinada espécie de violência simbólica. Para Rolim (2010) o tema em especial
é caracterizado universalmente como uma violência, mesmo havendo
questionamentos acerca do uso de força ou não:

Possivelmente as visões mais tradicionais na sociologia sobre “violência”


sejam tributárias das contribuições de Marx e de Weber. Na visão
marxiana, a violência aparece como um instrumento, mais ou menos
natural, historicamente a serviço da dominação de classe. Não há em
Marx e em seus seguidores, como se sabe, uma reflexão detida sobre o
tema. Seja como for, a ideia de que a violência é a “parteira da história”, o
pressuposto de que a revolução social é um ato violento e de que a
“ditadura do proletariado” deve exercer a violência em nome dos
interesses da maioria terminaram impedindo que, na tradição marxista, o
tema da violência fosse contrastado por uma posição ética. Em Weber,
temos a ideia central de que a violência é um meio através do qual o
Estado exerce seu poder legítimo, ou supostamente legítimo. (ROLIM,
2010, p. 66)

Em suma, é importante destacar, que o fenômeno do bullying, escolar


não se configura como algo recente. É fato que antes mesmo da concepção do
termo utilizado mundialmente a ação originária destas transgressões (a violência)
sempre existiu, sejam elas de formas psicológicas ou físicas.

1.2 A incidência de bullying e violência escolar no Brasil


A noção do termo bullying no Brasil é um tanto quanto impreciso, há
autores e livros importantes que trazem referências de publicações do termo nos
final dos anos 80, mesmo que fazendo referência aos autores estrangeiros. Tendo
em vista, que somente a partir dos anos 2000, que o conceito de bullying foi de fato
consolidado nos mais variados meios de publicação de artigos, e pelos
pesquisadores. Num levantamento feito pela revista eletrônica Scientific Electronic
Library Online (SciELO), os principais autores brasileiros que são referência no
assunto, observa-se o quadro a seguir:

Quadro 1: Principais livros publicados sobre o bullying entre 2000 a 2010

CHALITA, Gabriel. Pedagogia da amizade bullying: o sofrimento das vítimas e dos agressores.
São Paulo: Gente, 2008.

FANTE, Cleo. Fenômeno bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2.
ed. Ver. e ampl. Campinas, SP: Verus, 2005.

PEREIRA, Sônia Maria de Souza. Bullying e suas implicações no ambiente escolar. São Paulo:
Paulos, 2009

ROLIM, Marcos. Bullying: o pesadelo da escola. Porto Alegre : Ed. Dom Quixote, 2010.

Fonte: Autoria própria (2019).

Estudos mais recentes vêm sempre abordando programas contra a


violência em meio escolar e indicam uma redução de 50% ou mais dos
comportamentos abusivos entre pares e também outras formas de comportamento
antissocial, como agressões verbais e vandalismo.

Entretanto, o envolvimento global da comunidade educativa é essencial


para a busca de soluções para os problemas identificados, tais como fazer com
que os alunos compreendam e não estimulem o “ódio” aos demais ou que, quando
presenciarem algum destes atos, repudiem, contem a seus professores e que
incentivem bons comportamentos e interações sociais saudáveis.
Diferentes programas podem ter bons resultados e programas
semelhantes podem ter resultados muito diferentes entre os países, e o mesmo
entre escolas do mesmo país. Por isso, antes de intervir, é necessário um
diagnóstico que retrate o contexto local.

No campo prático da sociologia, autores a exemplo de Anthony


Giddens, entende que a violência seria certo “tumor maligno” que afeta todos os
campos da sociedade, inclusive na educação. Educação esta que seria o pilar de
uma sociedade justa e igualitária, destaca o sociólogo:

"Acredito que se possa assumir que todas as formas de violência devem


ser minimizadas tanto quanto possível, sejam elas legítimas ou ilegítimas.
Em outras palavras, a tendência das autoridades governantes no sentido
de assegurar um monopólio dos meios de violência não deveria ser
equacionada como um recurso cada vez maior à violência" (GIDDENS,
1966, p.260).

Ao entendermos que a questão da violência escolar tenha sido


desvalorizada por várias gerações, e atualmente considerada um problema de
saúde pública, tornando-se um fenômeno das relações sociais preocupante. A
violência escolar é uma das principais preocupações das autoridades responsáveis
pelo ensino; dos pais; estudantes, educadores e profissionais de saúde mental.

O tema comum da violência escolar, agrega diversas facetas e


peculiaridades, uma delas, é exatamente definir o que é agressão e vitimização ou
assédio (intimidação). A literatura nos permite analisar as diferentes abordagens
sobre os tipos de agressão, na perspectiva do comportamento físico (socos,
empurrões, chutes, etc).

Com base em Weber & Cunha (2010, p.67-68) os alunos que sofrem de
vitimização têm uma tendência muito grande de utilizar armas e levá-las à escola e
se envolverem em brigas:

“(1) a direta, que ocorre, em geral, na forma de comportamentos físicos


(empurrar, chutar, bater), dos quais a vítima e o alvo; e (2) a indireta ou
relacional, na qual predomina o uso da agressão verbal (xingar, apelidar,
ameaçar), exclusão social e difamação. Essas duas formas de bullying
quer ocorram separadamente ou simultaneamente, estão associadas a
prejuízos para o bem-estar e o desenvolvimento dos estudantes. Ha ainda
outras possibilidades de abordagem para tal classificação. Por exemplo, a
vitimização que ocorre no espaço virtual e denominada de cyber bullying
Considerando as diferentes estratégias usadas pelos estudantes para
perpetrar o bullying, Gutierrez, Barrios, Monteiro e Del Barrio (2008)
realizaram uma pesquisa e descreveram as seguintes categorias de
comportamentos agressivos: excluir socialmente (ex.:ignorar), agressão
verbal (ex.: insultar, espalhar rumores), agressão física indireta (ex.:
esconder objetos,roubar coisas), ameaçar, agressão física direta e assedio
sexual”1.

Entretanto, algumas medidas são pertinentes, a exemplo de identificar a


prevalência de comportamento violento e da necessidade de criar uma intervenção
baseada, não só no envolvimento total da comunidade escolar, mas também uma
intervenção dirigida à classe e intervenções individuais focadas nas vítimas e
agressores, com base na formação de suas competências sociais.

Há evidências atuais de que o bullying pode ser reduzido por meio das
políticas da escola, envolvendo toda a comunidade educativa na resolução do
problema e a criação de medidas não- tolerância em relação à violência. Portanto,
após a diretoria da escola e o conselho pedagógico aprovarem o projeto, o
programa pode ser incluído como parte do projeto geral de ensino da escola.

1.3 Dos principais tipos de bullying

As crianças e jovens que sofrem com essa tortura podem apresentar


sintomas como medo excessivo, ansiedade, problemas com emoções, verbalizar,
comportamento agressivo, a possessividade, dores de estômago, insônia,
pesadelos e enurese (emissão involuntária de urina).
À medida que crescem, eles tendem a buscar explicações para o
comportamento violento de seus pais, podem se culpar por esta violência e até
mesmo sentir a responsabilidade de proteger as vítimas. Os problemas na escola,
nas relações com os pares e em relacionamentos amorosos, estabelecidos durante
a vida, também podem estar relacionados a essas experiências.
Com base na leitura dos livros de Sônia Maria Pereira 2 e Cleo Fante3,
onde ambas destacam o fenômeno do bullying em ambiente escolar, pode-se
1 CUNHA, Josafá; WEBER,Lidia: O Bullying como desafio contemporâneo. pp 67-68, 2010.
2PEREIRA, Sônia Maria de Souza. Bullying e suas implicações no ambiente escolar. São Paulo:
Paulos, 2009

3 FANTE, C. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. 2.
ed.rev. Campinas, SP: Verus editora, 2005.
entender quais os principais tipos ou caracterizações desta prática. A primeira
forma compreende as "agressões" verbais, que são os insultos; xingamentos;
apelidos, comumente chamado por "zoação".
O segundo tipo de bullying mais comum, se refere a prática física, no
sentido literal do termo, são as brigas; chutes; roubar materiais; quebrar algo da
vítima, etc. O terceiro tipo específico, que também abrange os demais citados é o
bullying praticado com vistas a afetar o psicológico e a moral da vítima. Esse sem
dúvida é a prática mais corrosiva de violência escolar, tendo em vista, que boa
parte destes casos acaba por gerar quadros de depressão e isolamento social da
vítima.
Em outra categoria, temos o bullying sexual, que os autores classificam
como piadinhas machistas; assédios; insinuações etc. Por último, temos o bullying
virtual ou Cyberbullying, que é uma característica peculiar do bullying propriamente
dito. Essa versão institui-se da prática de determinados agressores se utilizarem
das mídias sociais para fazerem insultos ou expor vídeos e imagens, que
constrangem a vítima, em âmbito psicológico e moral.
Nas perspectivas dos autores, não há um critério que defina qual tipo de
bullying seria o mais maléfico. Observando-se que atualmente o cyberlullying com
a chegada da internet e das grandes mídias sociais, esta prática tem sido um dos
ataques mais rotineiros, tendo um efeito multiplicador de vítimas, gerando traumas
e consequências graves.
Com base no estudo do livro de Maria Teresa Maldonado (Os
Construtores da paz) a autora esboça uma perspectiva humanista e
conscientizadora por parte dos alunos. A principal tese, é fundamentada na visão
holística, de que os próprios alunos devem possuir a capacidade efetiva promover
o bem comum; fortalecer laços entre os colegas; incentivar; etc.

[...] A questão, portanto, não é eliminar a violência, porém encontrar


caminhos para ampliar a paz e desenvolver habilidades de transformar
conflitos potencialmente destrutivos em terra fértil para gerar soluções
razoáveis para todos os envolvidos (MALDONADO, p.45, 2004).

Nesse contexto tratado pela pesquisadora, a noção de violência no


cenário escolar, é visto de três formas elementares: estrutura; sistêmica e
doméstica. A estrutural partilha mais do entendimento social, das condições não
igualitárias, dos desafios diários, das crianças que moram em comunidades ou
bairros carentes e com alto índice de criminalidade.
Além do mais, podemos contextualizar com a perspectiva de certas
comunidades do Rio de Janeiro, que recentemente uma criança perdeu a vida a
caminho da escola, fruto do descaso do Estado em não prover segurança
adequada, e do despreparo de indivíduos responsáveis por pacificarem o local.
A segunda visão apontada por Maldonado, é a violência sistêmica, que
pressupõe um pouco a noção estrutural da sociedade e de suas mazelas
institucionais, ao passo que a violência doméstica, consiste na "repressão" e maus
tratos dos pais e responsáveis pela criança.
Ainda neste cenário da violência escolar, Abramovay & Rua (2002)
ressalta que a escola é um ambiente institucional privilegiado, que pressupõe a
formação de cidadãos que irão se tornar agentes de nossa sociedade. E por se
tratar de um ambiente dotado de pluralidade ou diversidade identitária, o fenômeno
da violência em suas mais variadas formas é presente nesse meio, destaca:

A externalização das causas da violência nas escolas é muito conveniente


do ponto de vista político e institucional. Essa lógica permite retirar a
responsabilidade de um sistema, ocultar sua função na produção da
violência. Ora, dois fenômenos estão em crescimento constante e
desempenham um papel fundamental: a segregação escolar entre o no
seio dos estabelecimentos e a distância social e cultural entre os
professores e os alunos de meios populares (ABRAMOVAY & RUA, 2002,
p.78).

Toda essa noção e problemática da violência e discriminação escolar é


tema de análise de autores a exemplo de Marie Beaudoin e Maureen Taylor, que
constituíram o livro intitulado de "Bullying e desrespeito" 4 composto de
fundamentos teóricos e modelos eficientes no combate destas práticas.

REFERÊNCIAS (CAP. 1)

4 Bullying e Desrespeito - Como Acabar com Essa Cultura na Escola (2006). O livro traz uma
roupagem diferente dos livros teóricos que tratam do tema bullying e violência escolar. Lançado em
2006 em Porto Alegre, as autores propuseram um novo mode de pensar e agir sobre estes fenômenos.
ABRAMOVAY, Míriam. RUA, Maria das Graças. Volências nas escolas: versão
resumida. Brasília: Pitágoras, 2002.

BEAUDOIN, Marie-Nathalie. TAYLOR, Maureen. Bullying e Desrespeito: como


acabar com essa cultura na escola. Porto Alegre: Artmed, 2006.

COLOROSO, Barbara. The bully, the bullied and the bystander: from preschool
to high school – how parents and teachers can help break the cycle of violence.
New York: HarperCollinsPublishers, 2004.

CUNHA, Josafá;WEBER,Lidia: O Bullying como desafio contemporâneo. São


Paulo: 2010.

FANTE, Cleo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e


educar para a paz. 2. ed.rev. Campinas, SP: Verus editora, 2005.

GIDDENS, A.Para além da esquerda e da direita. São Paulo, Editora da Unesp,


1966.

MALDONADO, Maria Teresa. Os construtores da paz. 2 ed. São Paulo: Moderna,


2004.

PEREIRA, Sônia Maria de Souza. Bullying e suas implicações no ambiente


escolar. São Paulo: Paulos, 2009

ROLIM, Marcos. Bullying: o pesadelo da escola. Porto Alegre: Dom Quixote, 2010.

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