Vous êtes sur la page 1sur 94

A CIVILIZAÇÃO DO

PECADO, DA GUERRA
E DOS HORRORES

(Análise da situação do
mundo moderno)

1
1. O Terrorismo Internacional,
ápice de uma crise mundial

A imagem do World Trade Center sendo destruído de


cima para baixo dá bem uma ideia da atual civilização,
que começa a ruir a partir de sua cúpula.

Vejamos, de início, a que ponto chegou o terrorismo internacional.


O arranha-céu surgiu como símbolo pontudo do progresso moderno e
desde o início do século XX sempre foi motivo de orgulho para seus
proprietários, construtores e as cidades que os contêm. Principalmente nas
Américas, estes desafiadores monumentos rivalizavam-se em atingir sempre
patamares mais altos em busca do céu infinito, daí seu nome: “arranha-céu”.
Os europeus, mais comedidos ou temerosos por causa das guerras de
que foram palco, procuraram sempre evitar estas torres em suas grandes
cidades, alvos fáceis de serem atingidas pelo inimigo. A irracionalidade
dessas construções sempre foi uma coisa patente para alguns espíritos
lúcidos, pois a cidade vertical causa sérios problemas ao homem, como o
congestionamento de veículos, de gente e do próprio lixo que se acumulam
ao seu redor em virtude do exíguo espaço que ocupa no solo.
Até 1931, o edifício que reinava como símbolo máximo das alturas era
o da Chrysler, construído ainda no final do século XIX. Os americanos
resolveram erigir então o Empire State Building, que passaram a chamar a
oitava maravilha do mundo. Fizeram-no em cima de um mangue encharcado
pelas águas do pequeno rio Sunfish Creek. A área foi adquirida de Francisco
Sebastian, um negro que acredita-se tenha chegado até a ilha de Manhattan
em 1638 fugindo do Brasil. Talvez por isso o prédio é iluminado de verde e
2
amarelo entre os dias 7 e 9 de setembro, numa homenagem ao Brasil na sua
data de independência. Com 443 metros de altura e 102 andares, tornou-se
desde então o edifício mais alto do mundo, pelo menos até serem construídas
as torres gêmeas do World Trade Center em 1968, com um metro apenas a
mais do que o prédio Sears Tower, construído em 1974, e, anos depois,
alguns outros prédios símbolos desta megalomania, superando-se uns aos
outros.
Na Ásia, tentando imitar e até superar os americanos, construiu-se o
Shun Hing Square , o Citic Plaza, e o Jin Mao Building, na China, com 384,
391 e 421 metros respectivamente, e o Petronas Towers, na Malásia, com
452 metros, que em 1998 tornou-se o mais alto do mundo. Nos anos de 2007
e 2008, foram inaugurados dois prédios que ultrapassaram todos os outros,
também na Ásia: o Union Square, em Hong Kong, com 480 metros, e o
World Financial Center, em Xangai, com 460. Hoje, não se sabe mais a que
alturas os homens já conseguiram construir seus arranha-céus, pois o que se
diz hoje sobre eles já será superado amanhã.
O primeiro aviso da insegurança e perigo de tais construções se deu
em 1945. O tenente-coronel William Smith pilotava um B-25, de Boston a
Newark, Nova Jersey, quando acaba se perdendo de sua rota por causa de
uma densa neblina e se choca violentamente contra a torre do Empire State.
O avião entra pela janela de um escritório do 79 o. andar, um dos motores
atravessa o prédio e cai pelo lado oposto enquanto o outro despenca pelo
fosso de um dos elevadores. Gasolina em chamas derramou-se e o fogo
atingiu mais 4 andares abaixo. Felizmente, nem os três tripulantes do avião
nem os ocupantes do andar atingido morreram, restando apenas algumas
pessoas feridas e queimadas e um grande susto. Susto este que não serviu
de aviso pois este tipo de construção logo se proliferou pelo mundo.
Deu no que tudo sabe: no dia 11 de setembro de 2001, 4 aviões foram
projetados pelos terroristas em diversos alvos - dois foram de encontro ao
Word Trade Center, em Nova York, um contra o Pentágono, e um quarto foi
derrubado antes de atingir a Casa Branca. Milhares de pessoas, quase todos
civis, morreram, chocando o mundo com um drama dos mais terríveis e visto
pelas TVs, “ao vivo”, como se diz..
Bastaria este fato para afirmarmos que o mundo de hoje não vai bem.
Ao mesmo tempo que os edifícios acima eram implodidos por aviões, muitos
outros atentados terroristas se espalhavam pelo mundo a fora, tornando-se
hoje uma notícia comum. De tal sorte esta modalidade de ação foi
disseminada pelo mundo, em especial entre os muçulmanos, a ponto de
chegarem a formar várias comunidades terroristas, culminando pela fundação
de um “estado terrorista” que é o denominado “Estado Islâmico”, uma
tentativa de criar um califado nos moldes antigos entre aqueles povos.
Vejamos outros aspectos da decadência moderna.

Situação moral do mundo moderno


Conforme explicitado na obra “Revolução e Contra-Revolução”, do
Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, o passo seguinte da Revolução, chamada 4ª.
Revolução (as três anteriores foram a Protestante, a Francesa e a Comunista)
se daria pelo processo do socialismo autogestionário rumo ao tribalismo.
Neste caso, a autogestão seria uma transição para um regime ulterior, uma
forma de sociedade inteiramente tribal, onde as pessoas levassem vida

3
comum e promíscua, sem classes, sem ordem, sem hierarquia, toda
igualitária.
Para se atingir tal objetivo, a sociedade se vê hoje infestada de vícios
morais, como os abaixo:
1º. – A inveja – Estimulando a cobiça pelo bem do próximo, seja pela
invasão de propriedades, desapropriação dos ricos ou pelo simples anseio de
lutar para superar o outro em riqueza e poder; o grande desfrute dos prazeres
modernos, através da tecnologia avançada, das viagens turísticas
paradisíacas, cujo acesso é restrito a uma elite, desperta no geral da
população inveja e cobiça, além, é claro, das riquezas ostentosas; este anseio
provoca nas populações um desrespeito pelos bens e propriedades alheias:
os saques efetuados a cargas de caminhões acidentados, ou a simples
veículos de pequeno porte, não são feitos por bandidos mas pela população
que se diz “ordeira, honesta e pacífica”;
2º. – A preguiça – Fazendo com que o Governo tome conta de todas
as atividades produtivas se consegue inibir o espírito de iniciativa da
população: todos dependendo do Estado ninguém terá incentivo em se
esforçar para produzir e crescer; o maior anseio moderno é gozar de
aposentadoria; Um paradigma disso, tanto no Brasil quanto em vários outros
países, até mesmo europeus, são as chamadas “ações sociais” do Estado,
distribuindo às populações mais carentes diversos auxílios financeiros e com
isso desestimulando o esforço para trabalhar e produzir.
3º. – A Ira, ou então o desejo desordenado de vingança. Esta fase
vem sempre depois, principalmente em alguns países ocidentais, mas tudo
começou com a ênfase dada aos chamados “direitos humanos”, chegando-se
hoje a se incentivar as guerrilhas e revoluções sangrentas ou atentados
terroristas, com visível intuito de se eliminar as classes superiores ou causar
desespero nas multidões; na população ordeira se incutiu de tal forma um
desejo de se cumprir “justiça” que, em muitos casos, revela simplesmente o
desejo de vingança por algum mal sofrido por outrem: não se fala em perdão,
o que se fala é em “justiça”, essa justiça humana tão ruim e injusta;
4º. – Outras paixões desordenadas do homem são estimuladas, como
por exemplo o orgulho e o apetite desordenado pelo próprio louvor; a gula ou
o apetite desordenado pelo comer e pelo beber, através de folias, bacanais,
farras, orgias,. etc. A luxúria, ou o apetite desordenado pelo prazer sexual é
excitado através do cinema e da TV, assim como das revistas e das modas
sensuais; a avareza ou o apetite desordenado pelo dinheiro é estimulado
através de regras econômicas e financeiras impostas a todos, conseguindo-se
também inveja pelo progresso do próximo, estímulo à cobiça pelo lucro fácil,
enfim, a mera luta pelo dinheiro que se tornou uma espécie de deus. Tudo
isso estimulado, é claro, sob o disfarce da procura da felicidade na terra.
Como resultado, predomina o orgulho pelos vícios correlatos da
jactância, do afã pelas novidades, da hipocrisia, da pertinácia, das discórdias,
e das disputas e desobediências às leis. Imperando a gula vemos o seu
corolário, que é a torpeza ou estupidez do entendimento, a alegria
desordenada tendendo para o êxtase da droga, a loquacidade excessiva, a
baixeza nas palavras com uso de palavrões, gestos indecentes, luxúria e
imundície. Pela luxúria o homem moderno adquiriu a predominância da
cegueira de espírito, precipitação, inconsideração, inconstância na prática do
bem, amor desordenado a si mesmo, ódio a Deus, principalmente através da

4
indiferença para com as coisas da Religião, apego a esta vida e horror pela
vida futura.
Dentre os avarentos (quantos são eles hoje!), predomina uma completa
dureza de coração para com os pobres e necessitados, a solicitude
desordenada pelos bens terrenos, a violência, o engodo, a fraude, o perjúrio e
a traição. Dentre os preguiçosos impera a malícia, o rancor, a pusilanimidade,
a desesperação, a torpeza, a indolência na guarda da Lei e divagação da
mente para coisas ilícitas. Dentre os invejosos predomina o ódio, a
murmuração, a difamação, o prazer pela adversidade do próximo. Um meio
de estimular isso tudo é promover a tomada dos bens dos que os possuem,
isto através das chamadas reformas agrária e urbana.
Finalmente, uma nota comum: em todos predomina a ira, a indignação
por qualquer mal que sofra, o rancor, a blasfêmia, o insulto, a rixa e a sede
constante de vingança a qualquer custo. Tudo isso pode gerar, ao final, o
canibalismo, como já se observa em casos esporádicos.
Quatro vícios e crimes predominam hoje em toda a sociedade
humana, em todo o orbe terrestre: o homicídio, a sodomia, a opressão
dos pobres e viúvas e a defraudação do salário do trabalhador. Com
estas quatro espécie de vícios e torpes crimes todos os outros advirão
na sociedade.

5
2. O mundo vai bem?
Os ideólogos que nos antecederam conseguiram colocar na cabeça de
muitas pessoas de hoje um clichê mental muito vivo: o mundo moderno vai
bem, e vai bem porque a ciência está conseguindo extinguir as doenças, a
tecnologia e o progresso estão trazendo felicidade aos homens, tudo
concorrendo para extinção completa das guerras, da fome e das pestes. Diz-
se amiúde que o homem de nosso tempo atingiu alto grau de perfeição, pois
descobriu a democracia para resolver seus problemas sociais, a medicina
para acabar com as doenças e prolongar a vida, a tecnologia mecânica e
eletrônica para facilitar o dia a dia, produzir mais riquezas, alimentos e
felicidade para todos. Esta panacéia existe para causar fascínio total nas
pessoas do mundo atual. Os homens de outras eras, como os da medieval,
são vistos como bárbaros e ignorantes perante o sábio e sociabilizado homem
moderno.
Veremos o que há de falso nesta mentalidade. Analisaremos, um a
um, os aspectos que este clichê mental falsamente colocou nas cabeças das
pessoas. Trata-se de desfazer tais mitos em nossas mentes.

Profecias

“Faze a conclusão (desta dura profecia), porque a terra


está cheia de delitos sanguinários e a cidade está cheia
de iniqüidade. Eu farei vir os mais perversos dentre as
gentes, os quais se apoderarão das suas casas; farei
cessar a soberba dos poderosos, e outros possuirão os
seus santuários. Ao sobrevir-lhes de repente a angústia,
eles buscarão a paz e não haverá paz. A um susto
sucederá outro susto, a um estrondo outro estrondo;
buscarão visões junto dos profetas, a lei não existirá na
boca do sacerdote e o conselho na boca dos anciãos. O
rei chorará, o príncipe cobrir-se-á de tristeza e as mãos
do povo da terra tremerão de medo. Tratá-los-ei

6
segundo as suas obras e os julgarei conforme eles
julgaram os outros; e saberão que eu sou o Senhor” (Ez
7, 23-27).

Segundo a própria Escritura Sagrada, toda civilização baseada no


culto do dinheiro, do comércio, do luxo, do gozo, será destruída,
especialmente através da “bancarrota financeira”:

“Chorá-la-ão os reis da terra, que pecaram com ela e


viveram em delícias, quando virem a fumaça do seu
incêndio. Estando de longe, com medo dos tormentos
dela, dirão: Ai, ai daquela grande cidade de Babilônia,
daquela cidade forte! Num momento veio o seu juízo! Os
negociantes da terra a chorarão e a lamentarão, porque
ninguém comprará mais as suas mercadorias:
mercadores de ouro, de prata, de pedras preciosas, de
pérolas, de linho fino, de púrpura, de seda, de escarlate,
toda a madeira odorífera, todos os vasos de marfim,
todos os vasos de pedras preciosas, de bronze, de ferro,
de mármore, o cinamomo, as essências, os bálsamos, o
incenso, o vinho, o azeite, a flor da farinha, o trigo, os
animais de carga, as ovelhas, os cavalos, as carroças,
os escravos e até almas humanas. Os frutos desejados
pela tua alma se retiraram de ti e todas as coisas
pingues e magníficas se perderam para ti, e não mais se
encontrarão. Os mercadores destas coisas, que se
enriqueceram, estarão longe dela com medo dos seus
tormentos, chorando, lamentando-se e dirão: Ai, ai
daquela grande cidade, que estava vestida de linho fino,
de púrpura e de escarlate, e que se adornava de ouro,
pedras preciosas e de pérolas! Como num momento
foram reduzidas a nada tantas riquezas! Todos os
pilotos e todos os que navegam no mar, os marinheiros
e quantos negociam sobre o mar, ficaram ao longe, e,
vendo o lugar do seu incêndio, clamaram, dizendo: Que
cidade houve semelhante a esta grande cidade?
Lançaram pó sobre as suas cabeças e fizeram alaridos,
chorando e lamentando-se assim: Ai, ai daquela grande
cidade, de cujas riquezas se enriqueceram todos os que
tinham navios no mar! Num momento foi arruinada!
Exulta sobre ela, ó céu, e vós, santos apóstolos e
profetas, porque Deus, julgando-a, fez-vos justiça.
Então um anjo forte levantou uma pedra como uma
grande mó de moinho e lançou-a no mar, dizendo: Com
este ímpeto será precipitada aquela grande cidade de
Babilônia e não será jamais encontrada. Não se ouvirá
mais em ti a voz dos tocadores de cítara, dos músicos,
dos tocadores de flauta e de trombeta; não se
encontrará mais em ti artista algum de qualquer arte,
nem se tornará mais a ouvir o ruído da mó. Nem luzirá

7
mais a luz da lâmpada, não se ouvirá mais em ti a voz
do esposo e a da esposa, porque os teus mercadores
eram uns príncipes da terra, porque por causa dos teus
encantamentos erraram todas as nações. Nesta cidade
foi encontrado o sangue dos profetas e dos santos e de
todos os que foram mortos sobre a terra. (Apoc. 18, 9-
24).

Profecia do padre Gobbi1:

“O demônio da luxúria há contaminado tudo. Pobres


filhos meus!... Quão enfermos e chagados estão. O
espírito de rebeldia contra Deus seduziu a humanidade;
o ateísmo entrou em muitas almas apagando a luz da fé
e do amor. Este é o “dragão vermelho” do qual se tem
falado na Bíblia...
“O cálice da justiça divina está cheio, muito cheio e
transbordante. Vede como se propaga o ódio e o
pecado. Hoje, a maioria dos homens não observam já os
dez Mandamentos do Senhor... Cada ano no mundo,
mata-se a meninos inocentes, por dezenas de milhões
no seio da mãe, e cresce o número dos homicídios,
violências, rapinas e seqüestros. A imoralidade se
propaga como um dilúvio de lama. ...Somente uma
potente força de oração e de penitência reparadora pode
salvar o mundo...”

1
Stéfano Gobbi, fundador do Movimento Sacerdotal Mariano, teve várias revelações através
de “locuções interiores”.

8
3. As guerras :

É verdade que sempre houve guerras, talvez nunca tenha havido um


período histórico em que elas tenham deixado completamente de existir. Mas
nunca houve uma época em que as guerras tenham acontecido em tal
quantidade, em tal volume e tão catastróficas como as que ocorreram durante
o século XX e estão dando continuidade neste século XXI. Calcula-se que
tenham morrido mais de 150 milhões de pessoas nas principais guerras
ocorridas no século passado. O insuspeito historiador de esquerda, famoso
nos Estados Unidos, Eric Hobsbawm, calcula que tenham morrido mais de
187 milhões de pessoas durante as guerras ocorridas no século XX, mais de
10% da população mundial existente em 1913.
Nunca houve antes uma guerra mundial. Na primeira Grande Guerra,
muitas nações não se envolveram nos conflitos, porém na Segunda apenas
12 das cerca de 160 nações do mundo deixaram de dela participar. Nas
guerras movidas pelo Comunismo, tal foi a mortandade, que foi a partir daí
que surgiu o termo “genocídio” para indicar o extermínio de um povo ou
nação. Segundo os cálculos mais otimistas, o Comunismo Internacional
assassinou impunemente durante o século XX mais de cem milhões de
pessoas. E tais cálculos não foram feitos de forma aleatória, nem se originam
de fontes parciais: foram extraídos do livro “Livro Negro do Comunismo:
crimes, terror e repressão” (Editora Robert Laffont, 850 páginas), publicado
por um insuspeito grupo de historiadores franceses, ex-comunistas, ex-
maoístas ou ex-trotkistas. Nicolas Weth pesquisou sobre os massacres no
bloco soviético (mais de 20 milhões de vítimas), Jean Louis Margolin na
China, Vietnã e Camboja (mais de 69 milhões), Karel Bartosek no Leste
europeu (mais de um milhão), Pierre Rigoulot na Coréia do Norte (mais de 2
milhões), Yves Santamaria na África (mais de 1,7 milhão), Pascal Fontaine na
América Latina e Jean Louis Panné e Stéphane Courtois os massacres
realizados pelo “Komintern” no âmbito internacional.
Da mesma forma, as perseguições religiosas nos países dominados
pelo Comunismo foram as mais bárbaras, mais insanas, mais desumanas já
9
havidas em toda a História. Nem sequer as atrocidades patrocinadas pelos
imperadores romanos contra os primeiros cristãos foram piores que as dos
comunistas. E o que se vê hoje nos países dominados pelo islamismo radical
é uma das perseguições mais desumanas contra os cristãos, os quais estão
praticamente sendo dizimados sem que haja nenhuma reação de ajuda dos
países ricos do Ocidente. E a doutrina das “repúblicas islâmicas” têm
semelhança com a do marxismo por prever um Estado provedor e dirigente
de toda a sociedade.
As guerras que predominaram no século XX foram também as mais
bárbaras já havidas em toda a história da humanidade. Nos períodos
históricos anteriores os homens se defrontavam nos combates frente a frente,
pessoa a pessoa, espada contra espada, onde se sobressaía sempre o valor
humano, a bravura, a destreza e o bom treino dado aos exércitos. As guerras
modernas caracterizam-se por serem desumanas, cruéis, com armas
mortíferas dirigidas contra centenas, milhares e até milhões de pessoas,
sejam civis ou militares. Quando os Estados Unidos da América revidaram o
ataque do Iraque contra o Kuwait, na famosa Guerra do Golfo em 1991,
apesar de agirem justamente, se utilizaram de tais recursos tecnológicos
altamente destrutivos e desumanos que os comentaristas diziam que a partir
daquela guerra não haveria mais lugar para lances heróicos onde se
destacasse o valor humano. Num confronto em que cada lado utilizou em
torno de 600 ou 700 mil homens, num período curto de 43 dias, foram
contabilizadas baixas de apenas 126 soldados entre americanos e seus
aliados, conforme avaliação feita por Jean-Louis Dufour, especialista no
estudo de conflitos contemporâneos.2
No entanto, por ocasião da invasão do Iraque feita pelas forças anglo-
americanas em março de 2003, o total de baixas foi considerado elevado para
os padrões das guerras modernas e tecnológicas, talvez porque se optou por
uma guerra convencional de invasão, talvez porque os cálculos sejam
pessimistas. Uma surpresa geral foi constatada nesta segunda guerra do
Golfo. O pacifismo, tido como um movimento popular, ficou fragorosamente
derrotado: apesar de desfiles artificiais contra a guerra feitos em várias partes
do mundo, alguns de número e alcance exagerados pelos jornais, na
realidade o que se constatou é que o grosso da população apoiou a ação
americana. Dentro dos EUA a opinião pública ficou maciçamente favorável a
Bush, cujo índice de aprovação chegou a mais de 70% nas pesquisas.
A respeito das guerras, o jornal Washington Post escreveu num
editorial de 22.04.96: “As guerras do nosso século XX têm sido ‘guerras totais’
contra combatentes e civis... As bárbaras guerras de séculos passados foram
briguinhas de rua em comparação com estas”. Um dos fatores mais
dramáticos destas guerras é que elas afetam muito mais a população civil.
Segundo o historiador grego Éric Hobsbawm é crescente o número de civis
que são vítimas das guerras: "O contraste entre a Primeira Guerra Mundial e
a Segunda é dramático: apenas 5% dos que morreram na Primeira Guerra
eram civis; na Segunda Guerra esse número aumentou para 66%. É
geralmente suposto que de 80% a 90% daqueles afetados por guerras hoje
sejam civis".3
2
"Irak - Le dessous des cartes" - Editions Complexe-Politique Internationale - in "Folha de
São Paulo" de 7.2.2003
3
v. “Folha de São Paulo”, caderno "Mais", 14.04.2002

10
O “leit-motiv” das guerras tinha sido até o século passado a religião, a
ideologia, as questões de fronteiras, o ódio racial, etc. Porém prevê-se que a
partir do século XXI as guerras sejam motivadas mais por causa de etnias,
rivalidades entre raças ou culturas. No século XX já houve um início de tais
guerras, quando verificamos expurgos étnicos e genocídios em várias partes
do mundo: a terrível mortandade perpetrada pelo “kmer vermelho” no
Camboja em nome da igualdade (frio assassinato de mais de 3 milhões de
pessoas), a “faxina étnica” na Bósnia, as guerras tribais de Ruanda com
quase um milhão de mortos, etc. Estima-se que o assassinato indiscriminado
por motivos étnicos tenha matado mais gente do que nas guerras
convencionais.
No Oriente Médio foram feitas dezenas de tentativas para pacificar
palestinos e israelenses. Tudo em vão. O ódio cresce mais ainda e as
escaramuças guerreiras banham a área com mais sangue, sejam através de
atentados terroristas, sejam por investidas bélicas. Enfim, nosso civilizado
século XX foi o século do ódio, da guerra, do morticínio, do genocídio, onde a
injustiça campeou impunemente. Foi também o século do gozo dos prazeres
materiais. E estamos verificando nesta segunda década do século XXI um
recrudescimento cruel de novas guerras, como as que estão ocorrendo nos
países árabes, em especial no Egito e na Siria, e o terrorista “estado islâmico”
com milhares de mortes de uma forma bárbara e insana.
Quando houve a tão falada queda do muro de Berlim em 1989, a mídia
anunciou para o mundo o fim da “guerra fria” entre a URSS e os Estados
Unidos. Pareceu a muitos que o mundo ia mergulhar numa nova era, de paz e
de harmonia. Ledo engano. Um relatório da ONU sobre refugiados concluía
melancolicamente, em 1995, que após o fim da rivalidade entre as
superpotências muitos pensaram que os conflitos se extinguiriam, mas
aconteceu o contrário: neste mesmo ano ocorreram 71 guerras no mundo, o
dobro do ano anterior. Andrew Messing, diretor da Alta Comissão da ONU
para refugiados, declarou que os maiores perigos deixados pelo fim da guerra
fria foram a proliferação de armas nucleares e biológicas. Quer dizer, o perigo
de guerras cada vez mais destruidoras, cruéis e desumanas. E o perigo da
guerra atômica aumenta nesses últimos dias com a possibilidade do Irã
fabricar a sua bomba, já que Índia, Paquistão e Israel possuem cada um a
sua.
O terrorismo (que nasceu na Revolução Francesa em 1792), ressurgiu
no século XX como uma nova tática de guerra. E durante anos seguidos as
organizações terroristas foram se requintando em perversidade, para serem
mais eficazes em suas ações. As ações isoladas de lançadores de bombas
foram sendo substituídas por atos mais especializados, mais tecnicamente
bem elaborados. Na Palestina, um chefe muçulmano vai atender um telefone
celular, que era uma bomba e o mata instantaneamente; no Afeganistão um
líder guerreiro que lutava contra o Talibã vai dar uma entrevista supostamente
a um repórter de TV e morre pela explosão da câmara transformada numa
bomba, indo junto com ele o “repórter” suicida; tanto nos países ocidentais,
como na Espanha do ETA ou na Irlanda do IRE, as técnicas de assassinato
terrorista se requintam e adquirem mais crueldade. Até crianças são utilizadas
hoje como terroristas suicidas.
Neste requintamento de maldade, chegaram a formar verdadeiros
batalhões de homens suicidas, preparados para encher-se de bombas da

11
cabeça aos pés com o fim único de matar, causar terror. Foi assim que
chegaram a elaborar o seqüestro dos aviões nos Estados Unidos e os lançar
contra objetivos maiores, matando mais gente, causando mais terror. Na
mídia, logo surgiram várias vozes para inocentar a religião islâmica por tais
atos tresloucados, mas nenhum outro grupo terrorista age desta forma a não
ser os muçulmanos. É verdade que existiram os kamikazes no Japão (cuja
religião é parecida com a islâmica no que diz respeito à vida futura), mas
estes só atuaram durante a guerra e hoje não se fala mais deles. Além do
mais, os kamikazes sempre se lançavam contra objetivos militares, nunca
contra civis como os muçulmanos. E seus atos visavam objetivos de guerra e
não causar terror.
Superando todos os requintes de maldade surgiu, por último, o tão
propalado “estado islâmico”, famoso por atos de terror desumanos e com
coberturas midiáticas, como a degola de opositores mediante as câmaras de
filmagens e o afogamento em jaulas de ferro mergulhadas em água.

Genocídios, um deles estimulado pela mídia

Ruanda tinha em 1993 uma população de 8,1 milhões de habitantes.


Feito o censo de 2003, 9 anos após o bárbaro assassinato em massa feito em
1994, o país conta com apenas 7,8 milhões de habitantes. A nação sempre foi
dividida entre duas etnias rivais, os hutus e os tutsis. Os hutus tinham um
percentual em torno de 85% da população, e os tutsis 15%. Em abril de
1994, um avião que levava o presidente de Ruanda, que era um hutu, foi
derrubado. Os tutsis logo foram acusados do atentado e se organizaram
milhares de milícias hutus, cujo objetivo era simplesmente caçar e matar os
tutsis. Em apenas 100 dias, calcula-se que morreram quase um milhão de
ruandeses.
Mas as coisas não aconteceram por acaso. A Rádio e Televisão Livre
de Mil Colinas (RTLM), através de seu proprietário, Ferdinand Nahimana, e o
jornal “Kangura”, por intermédio também de seu dono, Hassan Ngeze,
extremista hutu, fizeram diversas reportagens conclamando os hutus à
vingança. Um outro que foi responsabilizado diretamente pelo genocídio,
conforme julgamento feito na própria ONU, foi o jornalista Jean-Bosco
Barayagwiza, co-proprietário da RTLM. As transmissões da TV eram feitas
sob toques marciais de tambores para incitar o ódio dos hutus contra os

12
tutsis. Os jornalistas, em suas reportagens, exortavam abertamente a
população ao massacre.
Um ex-repórter da RTLM, Georges Ruggin, declarou que a emissora
recebia informações de milicianos hutus sobre operações que pretendiam
desencadear e emitia boletins radiofônicos que ajudavam a localizar e
capturar as vítimas, a grande maioria civis, e até mesmo padres e freiras. 4
Um outro genocídio de que se tem notícia vem ocorrendo no Sudão,
país muçulmano de conteúdo radicalmente ortodoxo e revolucionário. A partir
de 1983, rebeldes da região sul do país se insurgiram contra o governo. Esta
região é formada por população majoritariamente cristã e de animistas
negros. A repressão ao conflito e a fome mataram mais de 2 milhões de
pessoas. A partir de 2003 as lutas se intensificaram, e o governo para não ser
acusado de genocídio armou uma milícia muçulmana, os “Janjaweed”, que
vem cometendo assassinatos, saques e estupros contra as populações
rebeldes. Calculas-se que mais de 2 milhões de pessoas fugiram da região,
com medo do conflito, e que mais de 70 mil foram barbaramente trucidadas
pelos agentes muçulmanos.
O mesmo pode-se dizer em países muçulmanos, como a Síria e o
Iraque, onde o terror islâmico tenta eliminar cristãos e opositores de outras
religiões.

4
“Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-13

13
4 . A fo m e

Nunca se produziu tantos alimentos como nos dias atuais. A produção


de alimentos chegou a um tal magnitude que os dirigentes da FAO
declararam no final da década de 60: “Não haverá fome em nosso planeta a
partir da década de 1980: é para a abastança, e não para a miséria, que o
mundo caminha. (Addeke H. Boerma, da FAO, em 1968). “Teremos, antes
do fim do século, atendido o aumento da demanda de proteína comestível de
alto valor biológico, equivalente ao dobro, talvez até mesmo ao triplo das 20
milhões de toneladas de proteína animal que constituem a produção mundial
de hoje”. (E. J. Bigwood, da FAO, em 1969).
Estas previsões tão otimistas parecem não corresponder à realidade. O
mundo vive contradições difíceis de entender a respeito do assunto. Enquanto
os supermercados estão abarrotados em países que produzem excesso de
alimentos, em outros a escassez é tremenda. Durante o século passado
vários países pobres sofreram a tragédia da fome, alguns com mais de um
milhão de mortos, como a China, a Coréia do Norte e a Biafra.
Geralmente, estes períodos de grande fome são conseqüências de
secas havidas nestes países, mas as constantes guerras tribais, ideológicas
ou de fronteiras, impedem que as populações sejam assistidas pelas mais
ricas. Além do mais, a desastrosa política de reforma agrária dos regimes
comunistas arrasou a produção rural e provocou uma tal desestruturação na
produção de alimentos, aliada ao caráter persecutório do regime ditatorial dos
soviéticos, que as populações se viram impotentes para superar os períodos
de escassez de alimentos e secas. O espectro da fome sempre perseguiu a
humanidade, mas em nossos tempos ele tem sido mais cruel e avassalador.

14
Contam-se pelo menos cinco grandes tragédias causadas pela fome,
quatro das quais decorrentes do avanço do comunismo no mundo. No século
XIX, morre de fome ou por causa dela cerca de um milhão de irlandeses e
milhares de franceses e ingleses, em decorrência da perca das lavouras de
batata e de trigo; na Ucrânia, no período de 1932 a 1933, a política de
reforma agrária forçada pelo poder soviético resulta na morte, por
subnutrição, de 6 a 7 milhões de pessoas; a mesma reforma agrária
confiscatória na China, a partir do ano de 1959 teria causado a morte de mais
de 30 milhões, a maior catástrofe mundial provocada pela fome; nos anos de
1967 a 1979, a guerrilha comunista que procurava a “independência” da
Biafra provoca a reação do governo federal e causa a morte por subnutrição e
fome de mais de um milhão de pessoa; finalmente, a desastrosa estrutura
agrária comunista, aliada a dois anos de inundações e um ano de seca,
provocam a morte de mais de 3 milhões de pessoas na Coréia do Norte ao
final da década de 90. O mais terrível é que as nações do Ocidente não têm
coragem de libertar o povo norte-coreano de tão cruel tirania. No final do ano
2002, o governo comunista daquele país expulsou os inspetores da ONU que
lá fiscalizavam as instalações nucleares. Ficou claro para o mundo todo as
intenções da Coréia do Norte de produzir a bomba atômica, apesar de
grassar tamanha fome entre seus habitantes. Outras tragédias menores
ocorreram no mundo, mas estas cinco acima por si falam da impotência que o
homem moderno está tendo para resolver tão grave problema.
A agência de alimentos da ONU mantém um programa denominado
"Programa Mundial da Fome" (sigla WFP em inglês), cuja porta-voz,
Christiane Berthiaume, afirmou à imprensa que o órgão não dispõe de
recursos suficientes para enfrentar o problema da fome no mundo. A porta-
voz da WFP disse que a falta de recursos ocasionou a suspensão temporária
de remessa de alimentos para os 3 milhões de famintos da Coréia do Norte,
enquanto que em Angola (com o cessar-fogo da guerra) conseguiu ter acesso
a 500 mil pessoas famintas, mas só possuindo recursos para atender a um
quarto delas.5
Em outras partes do Planeta, como a Eritréia, devastada pela seca, os
recursos também não são suficientes para atender aos famintos. Anuncia-se,
já de antemão, que se espera para breve mais uma catástrofe sobre a África,
principalmente em Uganda, com a morte, pela fome, de milhares ou talvez
mais de um milhão de pessoas. Mais alarmante é a notícia de que a fome
ameaça 15 milhões (sim, 15 milhões!) de pessoas na Etiópia e na citada
Eritréia. O chefe da Comissão de Mobilização e Prevenção de Desastres,
Simon Mechale, disse que 4,3 milhões de pessoas poderiam precisar de 2,12
toneladas métricas de ajuda alimentar na Etiópia, em caráter emergencial. A
Comissão Nacional de Socorro e Refugiados da Eritréia, por sua vez, disse
que um terço da população do país (cerca de 3,5 milhões) corre o risco de
passar fome.

5
v. jornal "A Tarde", de 13.10.2002, pág. 17

15
Profecias sobre guerras e fome

Mensagem de La Salette

"Se meu povo não quiser submeter-se, serei forçada a


deixar cair o braço de Meu Filho; é tão forte e pesado,
que não o posso mais suster. Ah! Quanto sofro por vós!
E para que Meu Filho não vos abandone, sou obrigada a
Lhe rogar sem cessar: e vós, disso, não fazeis caso.
Por mais que rezeis, por mais que façais, nunca
podereis retribuir minha solicitude por vós.
Dei-vos seis dias para trabalhardes e me reservei o
sétimo, e nem este quereis conceder-me.
Os que conduzem carroças não são capazes de
praguejar sem interpor o nome de Meu Filho. São as
duas coisas que tornam pesado o braço de Meu Filho.
Se a colheita se estraga é por vossa culpa; bem vo-lo
mostrei no ano passado, com as batatas, mas não
fizestes caso; pelo contrário, encontrando-as
estragadas, praguejáveis, interpondo o nome de Meu
Filho. Elas continuarão a se estragar, e pelo Natal, já
não haverá mais"

16
Como as crianças videntes Maximino e Melânia,
pareciam não entender o que dizia, Nossa Senhora lhes
falou em seu dialeto, sendo interrompida por Maximino:
"Tanto assim, não, Senhora. As batatas não
desaparecerão todas. Sempre se hão de encontrar
algumas". Após dizer "vê-lo-ás, meu filho", prosseguiu a
Virgem:
"Se tendes trigo, não o deveis semear, pois tudo o que
semeardes, os animais comerão; e o que vingar, tornar-
se-á poeira quando for malhado. Sobrevirá uma grande
fome. Antes, porém, as crianças de menos de sete anos
serão acometidas de tremores e morrerão nos braços
das pessoas que as sustiverem. Os outros farão
penitência pela fome.
As nozes tornar-se-ão ruins e apodrecerão"

As aparições de La Salette se deram em setembro de 1846 e já em


dezembro do mesmo ano começaram a se cumprir suas previsões: já não se
encontrava neste mês mais nenhuma batata em toda a Europa. O governo
francês, por decreto, proibiu a exportação do produto e facilitava sua
importação. Em janeiro de 1847, a rainha Victória, da Inglaterra, declarou: "Na
Irlanda particularmente, a falta do alimento comum, a batata, ocasionou cruéis
sofrimentos, epidemias e aumento da mortalidade". Naquele país, pertencente
à "Comunidade Britânica", morriam aos milhares por falta de alimentos, mas
em outros lugares também se sofria da fome.
Depois da falta de batatas veio a segunda catástrofe, ocorrida com o
trigo já no ano seguinte, destruído por pequenos vermes. Falava-se em
milhares de mortos pela fome e, já no ano de 1855, as notícias diziam que
haviam morrido mais de um milhão de pessoas na Europa, 250 mil só na
França. No ano de 1857 o vírus do cólera morbus já havia vitimado mais de
150 mil crianças, cumprindo-se assim o restante das profecias. 6

Mensagem à Soror Consolata

“Sim. Salvarei o mundo com o Amor misericordioso;


escreve isto....
... Olha: estes rapazes (os soldados), a maior parte, nas
suas casas apodreciam em meio dos vícios. Ao passo
que na guerra, longe das ocasiões, com a assistência do
Capelão, morrerão e serão salvos eternamente...
“A própria miséria atual que reina no mundo não é obra
de minha justiça, mas da minha misericórdia.
“Quantas culpas a menos, por falta de dinheiro! Quantas
orações a mais não sobem ao céu nos apertos
financeiros!
“Oh! Ninguém creia que as dores da terra Me não
comovem; mas Eu amo as almas, quero salvá-las, e,

6
"Celle qui Pleure" - Leon Bloy - Ed. Mercure de France - pp.200/213.

17
para atingir o meu fim, sou constrangido a usar de rigor.
Mas, acredite, é para fazer misericórdia.
“Na abundância, as almas esquecem-Me e perdem-se;
na miséria, voltam a Mim e salvam-se. É assim, sabes!”
E então, durante e tremenda conflagração mundial, e
precisamente a 8 de setembro de 1940, entre Jesus e
Soror Consolata, que chorava e suplicava pela paz,
desenrolava-se o seguinte diálogo:
"-Olha, Consolata, se Eu concedo hoje a paz, o mundo
volta à lama... a prova não seria suficiente.
"- Mas, ó Jesus, nem todos são maus!
"- Pois bem, os bons aumentarão os seus méritos. Não,
não deites a culpa aos Chefes das nações, eles são
simples instrumentos nas minhas mãos. Para poder
salvar o mundo, hoje é preciso assim. Oh! Que multidão
de jovens não agradecerão na eternidade a Deus por
terem morrido nesta guerra, que os salvou eternamente!
Entendeste?
"Eu salvo os soldados na guerra e o mundo com a
miséria e com a fome. Mas tantos corações
desesperam... Reza tu, agora, não só pelos corações
que sofrem no mundo, mas também pelos que
desesperam, para que Eu seja para eles conforto e
esperança.
"Eu quero salvar a pobre humanidade que corre para a
lama, como o sedento para a água fresca; e para salvá-
la não há outro caminho senão a miséria e a fome. Mas
ela desespera..." 7

7
"O Coração de Jesus ao Mundo", Pe. Lourenço Sales, Ed. Loyola, 1983, pp. 29/31

18
19
5. Doenças

Costumeiramente são divulgadas pelo mundo notícias sobre o sucesso


alcançado pela ciência médica no combate às doenças. Em 1979, o Diretor
Nacional de Saúde nos Estados Unidos, William Stewart, declarou com
otimismo que havia chegada a hora de dar por encerradas as doenças
infecciosas. Enfim, todas aquelas doenças que haviam causado tantas
mortes, como as pestes negra e bubônica, a malária, o sarampo, a gripe
espanhola, a tuberculose, haviam sido definitivamente banidas da terra, delas
não se tinha mais notícias a não ser esporadicamente.
Logo a ilusão do Dr. Stewart se patenteou, pois as doenças infecciosas
reapareciam, ou com outra roupagem, ou sob a mesma forma de outrora. A
AIDS tornou-se a pior delas, onde o seu crescimento constante demonstra a
impotência do homem perante o mal. Médicos advertem até que o
ressurgimento de variadas bactérias resistentes às drogas modernas poderá
ser mais mortal do que a própria AIDS. Doenças tidas como debeladas, como
a tuberculose, a pneumonia, a meningite, ressurgem mais fortes e resistentes
aos medicamentos modernos. Destas doenças, o câncer, apesar de não ser
infecciosa, se destaca por seu caráter mortal e diverso, pois existem mais de
mil tipos deles, a maioria letal.
E surgem novos vírus e novas bactérias como o Ébola e o antrax, e a
gripe H1N1, talvez proliferados de forma artificial e criminosa pelos terroristas
chamados “biológicos”. A UNAIDS, o Programa Conjunto das Nações Unidas
sobre HIV/AIDS, informou que no ano de 1996 foram infectadas mais de 3
milhões de pessoas com o HIV. Deste total mais de um milhão morreram da
doença naquele ano. Até aquela data já haviam morrido mais de 6 milhões
de aidéticos no mundo, de um total de mais de 30 milhões de infectados

20
desde o surgimento da doença no início da década de 80. Os dados são
alarmantes pois prognosticam um crescimento vertiginoso da doença para os
anos seguintes. Estimava-se que após o ano 2000 seriam mais de 40 milhões
o total de pessoas infectadas pelo vírus HIV. A doença já havia matado, até
2001, mais de 25 milhões de pessoas.
A partir da descoberta de um medicamento, o chamado “coquetel”, a
doença teve um certo recuo. Segundo dados da UNAIDS, até o ano 2010
cerca de 38 milhões de pessoas viviam com o vírus. Só em 2005 haviam
morrido 2,5 milhões de infectados com a doença. O pior é que a única
solução plausível apresentada pela mídia é o uso de preservativo, quando, na
realidade, é um recurso inexpressivo que nunca conseguirá debelar o mal.
Seria necessário se conscientizar a sociedade de que a única solução é a
continência sexual, coisa que as autoridades se recusam obstinadamente de
fazê-lo.
Peter Lamptey, presidente da Family Health International Aids Institute,
uma ONG americana, havia afirmado que a AIDS mataria mais de 65 milhões
de pessoas até o final da década passada, e não andou longe de acertar o
seu prognóstico. Seria uma matança muito superior à “peste negra”, doença
que grassou na Europa e na Ásia no século XIV e que fez 40 milhões de
vítimas fatais.Não há registro de epidemia mais avassaladora do que a AIDS.
A peste bubônica, oriunda da bactéria "pasteurella pesti", matou mais de 25
milhões de pessoas no século XIV, época em que os recursos médicos eram
escassos. A varíola também matou muita gente no século XIX, não se
sabendo a quantidade exata de vítimas. A cólera, oriunda da bactéria "vibrio
cholerae" ou "cholera morbus", também causou milhares de mortes no século
XIX . Mas foi no século XX que houve uma epidemia mais terrível, antes da
AIDS, que foi a tristemente famosa "Gripe espanhola", que causou a morte de
mais de 40 milhões de pessoas num período de dois anos. Todas estas
pragas foram debeladas e controladas pela medicina e hoje não se fala mais
nelas.
Já a AIDS, não. Continua progredindo, continua matando, e continua
sem cura. Desde que ela foi detectada, na década de 80, os governos mais
ricos do mundo, a ONU e as instituições científicas mais credenciadas,
gastaram fortunas na tentativa de achar uma cura para tão pernicioso mal,
mas nada mais conseguiram do que um medicamento, chamado AZT, que
prolonga um pouco mais a vida do paciente, e em alguns casos consegue
amenizar os males da doença.
No final do ano 2002 surgiu uma nova epidemia. Trata-se da
"pneumonia asiática", ou a Síndrome Respiratória Aguda (SARS em inglês).
Supõe-se que tenha surgido na província de Guangdong, na China, onde
foram registrados os primeiros casos. Depois a doença teria se espalhado
para Hong Kong e outras cidades da Ásia, cuja população é muito intensa, e
para diversos países do mundo.
Talvez esta epidemia seja a primeira que tenha sua origem
perfeitamente conhecida e historiada. A jornalista Elisabeth Rosenthal, do
New York Times, narra com pormenores: "Estudos preliminares revelam que
um percentual inusualmente alto entre as primeiras vítimas de SARS em
Guangdong era de trabalhadores do setor de alimentação, indício de como o
vírus, que normalmente atacava aves ou roedores, passou a infectar
humanos.

21
"Um dos primeiros casos, em dezembro último, foi o de um vendedor
de cobras e pássaros, que morreu no hospital de Shunde (sul da China). Sua
mulher e funcionários do hospital também contraíram o vírus.
"... No início de fevereiro, pacientes assustados de pequenas cidades
do sul da China foram transferidos para hospitais em Cantão - foi quando a
explosão de casos realmente aconteceu".8. A jornalista segue historiando
vários casos até a propagação da doença em outros países e o alerta mundial
dado pela OMS em 14 de março de 2003. Há muita riqueza de detalhes,
exatamente num país dominado por um regime ditatorial comunista que prima
em esconder este tipo de coisas para o resto do mundo. Pelo relato fica
entendido que o vírus , que antes só atacava os animais, passou a atacar
seres humanos de uma forma natural sem que houvesse qualquer
interferência artificial para sua mutação.
Como se trata um vírus, o "coronavirus", esta pneumonia se propaga
pela simples respiração dos doentes. A pneumonia asiática ataca de forma
diferente da pneumonia típica, pois esta é oriunda de uma bactéria, que ataca
as vias respiratórias mas não é contagiosa, enquanto que a outra é virótica e
se propaga espalhando os vírus pelas vias respiratórias como as gripes e
resfriados. Há cientistas que afirmam a possibilidade de contágio pelo simples
contato pessoal. No caso da SARS a pessoa infectada fica com inflamação
nos espaços existentes entre os alvéolos no sistema respiratório. O vírus fica
incubado de dois a dez dias no organismo humano. Depois que ele se
manifesta infecta todas as pessoas que têm contato com o doente.
Outras doenças atacam a humanidade como conseqüência da vida
moderna. O estresse é o resultado da vida agitada do mundo atual, e causa
sérias lesões no sistema nervoso. Talvez por causa disso surgiu uma doença
que no Brasil se denominou de LER (lesão por esforços repetidos) decorrente
do uso constante do leve teclado do computador ou de outros esforços
modernos, tidos como leves. O mal de “Alzheimer”, uma doença pré-senil que
ataca o sistema nervoso central de pessoas idosas, ainda é objeto de estudos
para se saber sua origem, mas alguns cientistas já admitem que pessoas que
ficam muitas horas sob efeitos ionizantes dos monitores de computador ou da
TV podem ser vítimas fáceis desta doença. Há também a suspeita de que a
carne bovina poderia ser uma das causadoras, a semelhança do chamado
“mal da vaca louca”, surto epidêmico que surgiu na Europa como
conseqüência do consumo de certas carnes contaminadas pelo agente
infeccioso. No entanto, até o momento não se sabe a causa real deste mal. O
Presidente da APAZ - Associação de Parentes e Amigos das Pessoas com
Alzheimer, o gerontólogo Dr Jacob Guterman, disse em São Paulo que "aos
95 anos, uma em cada duas pessoas tem Alzheimer. Aos 85 anos, 25%, ou
seja, uma em cada quatro pessoas sofre da doença".
Atualmente, a doença atinge quase um milhão de brasileiros, dentre os
quase 15 milhões de idosos. O professor de neurologia da Unicamp Jayme
Antunes Maciel Jr. declara: "O Alzheimer é a doença do século 21, o grande
desafio da medicina. Passamos a vida fazendo com que o homem viva mais e
com qualidade. Superamos a mortalidade rápida de doenças como
tuberculose; em 90% dos casos, câncer diagnosticado precocemente tem
tratamento, sem falar da AIDS. Mas e o cérebro? Continua uma incógnita".

8
“Folha de São Paulo”, 04.05.2003

22
Sem cura e diagnóstico específico, a doença progride lentamente até levar o
paciente à morte.
Outra doença que cresce muito, talvez como decorrência da vida
moderna, é o diabetes. O presidente da Federação Internacional do Diabetes
(sigla IDF em inglês), George Alberti, declarou que está para ocorrer uma
tragédia mundial, pois mais de 300 milhões de pessoas no mundo têm
tolerância à glicose diminuída, condição que pressupõe as pessoas para a
aquisição da doença. O diabetes tipo 2, que antigamente atingia mais as
pessoas idosas, vem atingindo a saúde de uma grande quantidade de
jovens, haja vista o alto consumo de alimentos sem valor nutritivo e também a
vida sedentária que eles estão levando.
Médicos americanos advertiram para o surgimento de uma nova
doença: a “psicose do emagrecimento”. Trata-se de pessoas que adquirem
uma neurose por causa da mania moderna de buscar emagrecer a qualquer
custo, e de tal maneira ficam temerosas de não o conseguir, ou de o
conseguirem com muito sofrimento, que assim adquirem uma lesão
neurológica.
A Organização Mundial de Saúde e o UNICEF (Fundo das Nações
Unidas para a Infância), divulgaram que morrem 11 milhões de crianças, a
maioria bebês, anualmente em todo o mundo, por motivo de doenças em
geral curáveis. As doenças que mais matam são: diarréia, malária, sarampo,
pneumonia, AIDS e subnutrição. A vida paradisíaca, prometida pelo avanço
da medicina e da tecnologia, não consegue evitar esta catástrofe, pior do que
uma guerra mundial.
No Brasil, apesar dos esforços governamentais, as epidemias são
freqüentes, tornando os meios para combatê-las quase infrutíferos. Basta
citarmos como exemplo os casos de dengue, ocorridos em 1991 e 2001/2002
e 2015, sendo que esta última superior o número de vítimas fatais da anterior.
A doença voltou com toda força em 2014, dando origem, inclusive, a outras
variedades como o “Zica” e a Chikungunya. Temos ainda o registro de 222
mil casos de AIDS até o final de 2001, com 105 mil mortos desde que
começou a doença. Existiam até meados do ano 2002 mais de 115 mil
pacientes em tratamento intensivo da doença. Isto somente no Brasil...
Seria alongar demais o presente trabalho falar sobre as novas doenças
que surgem a cada momento no mundo, como a H1N1 e tantas outras,
artificiais ou não. No entanto, não se pode negar que o homem é impotente,
com sua ciência médica tão evoluída, de conter o avanço de pragas e
doenças.

23
6. Violência urbana

No início da década de 60 o jornal “O Globo” do Rio de Janeiro


estampa uma notícia que causa sensação. Um ladrão assalta uma pessoa no
centro da cidade, em plena luz do dia e de arma na mão. Até aí a notícia não
parece causar qualquer estremecimento nas pessoas, mas logo em seguida o
jornal chama a atenção para um detalhe: o bandido estava sem máscara e
fizera o assalto em plena luz do dia. Em todo o Brasil os comentários eram os
mesmos: “mas que ousadia, assaltar em plena luz do dia, no centro da
cidade, e ainda por cima de tudo sem qualquer máscara, mostrando a cara?”.
Ao longo dos anos foi este o ponto comum entre os bandidos: a ousadia, o
inesperado, que choca e amedronta as pessoas. No início, a ousadia
consistia em assaltar sem máscara e em plena luz do dia. Depois, passou a
ser o seqüestro de pessoas, a exigência de resgates, etc. Cada lance ousado
que ocorria causava certo clamor na opinião pública, porém quando passaram
a ocorrer outros semelhantes todos se acostumavam paulatinamente. E tendo
a TV como veículo para banalizar a violência em seus filmes e noticiários, o
público ficou mais indiferente ainda e se acostumando com crimes, tiros,
seqüestros, mortes, etc. De tal forma que, hoje, os saques são muitas vezes
efetuados pela população que se diz honesta e pacífica.
Na América do Norte, onde há estatísticas para tudo, os crimes
violentos ocorridos têm dados estarrecedores: em média, uma pessoa é
assassinada a cada 22 minutos e ocorre um estupro a cada 4 minutos,
enquanto é cometido um assalto a cada 26 segundos. Mas os índices mais
altos de violência urbana estão nas cidades de Medelin, na Colômbia, e Rio
de Janeiro e São Paulo, no Brasil. O jornal “Folha de São Paulo” de

24
11.11.2001 estampa algumas manchetes que dá um bem um exemplo de
como anda a violência urbana:
“A cada 35 horas, um paulista é seqüestrado” – Foram registrados pela
polícia 209 seqüestros no decorrer do ano 2001 em São Paulo;
“Violência contra vítimas inclui tortura e mutilação” – A partir de 1999,
quando um cantor foi seqüestrado e teve parte da orelha cortada, ocorreram
oito casos em que os seqüestrados foram vítimas de mutilações, por faca,
tesoura e até dentadas. O caso mais grave foi o de uma advogada que teve
os dois lóbulos cortados com faca. Os seqüestradores enviaram o primeiro
lóbulo à família, e como os familiares se recusaram a pagar o resgate,
mandaram o segundo...
“Empresário mata e escapa de cativeiro” – Refém de bandidos, um
empresário resolve agir: luta com um dos seus vigias no cativeiro, toma-lhe a
arma, atira nele e foge.
Outras manchetes do Gênero enchem um caderno do jornal com oito
páginas. Até mesmo um garoto de apenas 13 anos é seqüestrado, dentro de
um ônibus, tendo os bandidos exigido um resgate de 5 mil reais à família.
No dia seguinte, edição de 12.11.2001, a “Folha de São Paulo” volta ao
tema, mostrando desta vez os números relativos a todo o país. O Ministério
da Justiça divulgou um relatório em que consta os dados sobre a violência
urbana no Brasil no período 1999 a 2000. A modalidade de crimes que mais
cresceu, 75%, foi a de seqüestros, seguida da de roubos de veículos. E não é
só os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro os campeões da violência, pois
levando-se em consideração o índice por 100 mil habitantes os campeões são
os estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul, com taxas de 0,62 e 0,36,
respectivamente, por cada 100 mil habitantes somente em seqüestros
seguidos de extorsão. Dados recentes indicam que é no estado de Alagoas
onde se pratica as piores violências no Brasil.
Uma modalidade nova de ataques dos bandidos foi a explosão de
caixas eletrônicos de Bancos, feito com recursos parecidos com dos terrristas.

Surge o quinto poder?


Estes informes e dados sobre o Brasil podem ser aplicados a qualquer
país moderno, seja europeu, americano, africano ou asiático, pois tudo isso é
decorrente da vida moderna. Dir-se-ia que a violência também foi
"globalizada". No Brasil, porém, os bandidos chegaram a se organizar de tal
forma que podem se considerar como um poder que rivaliza com o Estado.
Teríamos já instaurado no Brasil o "quinto poder", pois o Estado possui os três
convencionais (Executivo, Legislativo e Judiciário), a mídia é considerada o
quarto poder, e agora o banditismo tornou-se o quinto.
De tal forma este "quinto poder" tem crescido que já desafia os outros
quatro. Foi o que ocorreu com a morte do jornalista Tim Lopes, da TV Globo,
ocorrida no dia 2 de maio de 2002, quando os bandidos o julgaram e o
assassinaram como se fossem juizes de um processo qualquer. Depois do
desafio da mídia, resolveram os bandidos desafiar o próprio Governo, ora
enfrentando a polícia, ora atacando prédios públicos (como o metralhamento
da Prefeitura do Rio) ou mesmo fóruns e delegacias, com o objetivo explícito
de intimidar. A partir de março de 2003 o denominado "crime organizado"
começou a mandar matar juízes, numa acintosa afronta ao estado de direito
do País. Em abril de 2003 dão ordens para que todo o comércio de um bairro

25
do Rio feche as portas, e como a Universidade Estácio de Sá permaneceu
funcionando, um bandido supostamente entra em choque com um policial
dentro da Escola e termina atingindo uma estudante que estava no pátio,
quase a matando. O secretário de polícia, o ex-governador Anthony
Garotinho, declarou dois dias depois que os bandidos estavam agora
praticando atentados terroristas. É o quinto poder...
Em depoimento prestado à Justiça um dos chefes do crime organizado,
José Márcio Felício, "O Geleião", afirma que o PCC (Primeiro Comando da
Capital, facção criminosa similar ao "Comando Vermelho") possui grande
estrutura organizacional. Segundo delação feita pelo bandido, seus ex-
comparsas possuem cerca de 2.000 funcionários, verdadeiro exército em
ação. A maioria destas pessoas trabalha para a organização fornecendo
importantes informações. Desse grupo, cerca de 100 pessoas fazem
operações e formam o braço armado do bando. (FSP, 23.05.2003, pág. C-1).
Desta forma eles se arrogam o poder de mandar que o comércio de
determinados bairros do Rio e de São Paulo fechem as portas quando assim
o desejarem.

Violência urbana no Brasil, uma herança das esquerdas


Fala-se muito no Brasil sobre o legado que a revolução militar de 1964
nos deixou. E a mídia só ressalta o lado negativo das prisões ilegais, torturas
e mortes ocorridas com os elementos da esquerda. Não se fala do bom
legado, qual seja, os enormes benefícios trazidos pela moralização da
chamada “coisa pública” e um grande desenvolvimento econômico que
marcou época. De outro lado, não falam do legado negativo deixado pelas
esquerdas. Um deles foi o incremento da violência urbana no Brasil. É a partir
do final da década de 60 que começam a surgir os assaltos a banco através
do famoso “Comando Vermelho”, uma facção criminosa criada pelas
esquerdas que lutava contra os militares na década de 60. Fundada e
alimentada pela esquerda, é hoje o modelo de inúmeras outras facções como
o PCC em São Paulo. Atualmente, dizem que o “Comando Vermelho” não faz
mais um trabalho característico das esquerdas, sendo apenas mais uma
falange de bandidos que assaltam e se organizam para incrementar o tráfico
de drogas. É fato notório que há elementos estrangeiros ligados ao socialismo
internacional que despejam rios de dinheiro nas facções criminosas
brasileiras, ou com fins de alimentar o tráfico de drogas ou então
simplesmente para angariar recursos. Líderes políticos comunistas mantêm
ligações com todas estas organizações criminosas, e os elementos da
esquerda dita moderada não desconhecem esta realidade.
Apesar das esquerdas alimentarem as quadrilhas de traficantes e de
guerrilheiros na Colômbia, tanto com recursos financeiros quanto com apoio
moral, até hoje o governo brasileiro nunca fez uma condenação oficial
daquela guerrilha, dizendo descaradamente que não se trata de terroristas
mas de opositores ao governo em luta armada. E por que não agiria também
a esquerda para acobertar e promover o banditismo do “Comando Vermelho”
e congêneres do Rio? Mas, afinal, que queriam (ou querem) as esquerdas
para o Brasil? Queriam paz? Queriam um país próspero e progressista, livre
da miséria e da pobreza? Ora, continua nos programas dos partidos de
esquerda (sem nenhuma exceção) a busca pelo que eles chamam de
“socialismo”. Mesmo depois da falência da URSS, quando se revelou para o

26
mundo as falácias e mentiras sobre o socialismo, na verdade uma fonte de
miséria e de pobreza, os elementos das esquerdas brasileiras (e com eles
alguns outros da América Latina) continuam a apregoar este utópico
socialismo. Todos vêem claramente que o “socialismo bolivariano” de Hugo
Chávez está levando a Venezuela cada vez mais para a miséria e a desgraça.
Mesmo assim, o programa deles continua o mesmo: socialismo, “socialismo
ou morte”. Se a morte não vier por alguma bala, virá por inanição, tal a
miséria em que o mesmo deixará aquele povo...
Há uma outra coisa: foram as esquerdas que inauguraram no Brasil a
esperteza política, o chamado popularismo oportunista em busca de votos, a
demagogia para se promover aos cargos públicos. A esquerda, hoje, não visa
mais as guerrilhas urbanas porque já detêm o poder através de seu principal
partido. Não seria esta sua tática se estivessem na oposição a um regime
declaradamente anti-esquerdista (ou anti-socialista, dá no mesmo). Mas seus
filhos não abortados continuam vivos: os traficantes e as quadrilhas de
assaltos a mão armada que se espalharam pelo Brasil.
De outro lado, os principais dirigentes esquerdistas são péssimos
exemplos para nossa população. Os governantes de um povo influenciam
toda a sua população pela vida que levam. Se forem honestos, vão ser
exemplos de honestidade. Se tiverem boa moral, serão exemplos de
moralidade e de respeito. No nosso caso, o ex-presidente Lula está sendo
apontado como um exemplo de operário que progrediu e chegou ao poder
máximo, mas na realidade não é assim que o povo o vê. Vêem-no como um
homem que soube usar da esperteza para galgar seus postos, como um
sujeito labioso que engana facilmente seus ouvintes com palavras falaciosas
e, sobretudo, como um homem que não quis estudar, não se esforçou para
angariar maior desenvolvimento cultural e, mesmo assim, “passa a perna” em
todo mundo.Ele não seria o modelo da revolta máxima, que seria a reação
armada. Este papel caberia a outro, como a sua sucessora, um péssimo mau
exemplo de quem pegou em armas contra as autoridades a fim de querer
fazer prevalecer suas idéias mirabolantes do socialismo utópico. E mau
exemplo também por defender o aborto e apoiar o seu partido que quer
descriminalizá-lo entre nós.
Este modelo talvez seja o que vai vigorar no Brasil a partir da segunda
década do milênio, já inaugurado com os ataques dos bandidos no Rio no
final do ano 2010. Ora, não somente estes bandidos sabem que a autoridade
principal de nosso país já executou ação armada, mas toda a população que
poderá ver a luta armada como uma coisa natural e conseqüência pura e
simples da busca de seus ideais. A população não somente sabe que a
presidente já pegou em armas, mas também que todos os seus
correligionários que o fizeram não só foram perdoados mas até indenizados
com gordas verbas do atual governo. E podem muito bem pensar: “se a gente
aderir aos bandidos, quem sabe amanhã alguma ONG de direitos humanos
vai conseguir que a gente receba indenizações com a morte ocorrida nas
mãos dos policiais que nos combatem”. Enfim, o crime foi banalizado também
pela esquerda, e a bandidagem do Rio pode-se dizer que é um dos filhos não
abortados desta montanha vermelha, que apesar de quase morta ainda
fumega.
Há um outro fato não comentado, mas clamoroso. Sempre que um
governante de esquerda assume um governo a violência aumenta. Foi assim

27
com Brizola no Rio, ocasião em que os bicheiros e os traficantes mais
aumentaram de poder. Foi assim com o último governo da Bahia (PT), que
teve a criminalidade aumentada consideravelmente. Foi assim também em
Pernambuco, um dos estados mais violento do Brasil exatamente porque lá
sempre mandou o PT. Quais as razões disso? Primeira razão: os bandidos
sentem que a autoridade não tem pulso para combater a marginalidade
quando a repressão é feita com “excessos de cuidados” aos direitos
humanos. E aí eles se aproveitam para aumentar sua ação, que muitas vezes
ficam impunes por causa desta política acentuadamente humanitária para
com bandidos de alta periculosidade. Segunda razão: a corrupção política
domina a administração pública e vai servir de mau exemplo até mesmo para
os cidadãos de bem. Talvez os escândalos impunes ocorridos no governo
Lula tenham influenciado mais a marginalidade do que as gordas verbas
mandadas pelas diversas máfias que alimentam as quadrilhas do Rio.
Existiria uma terceira razão, esta localizada em algumas cidades em que a
autoridade local fez alianças com bandidos. Mas aí não entra em destaque
apenas a ação da esquerda mas um conjunto de problemas morais da
sociedade moderna. Se alguém pensa que Dilma Rousseff não serviu de mau
exemplo quando declarou francamente a sua participação na luta armada, e
sem demonstrar nenhum arrependimento, até pelo contrário contando
vantagens, olhe para o Rio de Janeiro de hoje, parecendo que os bandidos
estão sempre saudando-a com suas ações assemelhadas ao que ela já
praticou. Esperemos para ver se a presidente vai querer tratar os bandidos do
Rio da mesma forma que ela gostaria que fosse tratada pelos militares
quando foi presa a quarenta anos atrás.

“Serial Killer” faz escola


O termo “serial killer”, quer dizer, matança em série, surgiu em meados
do século passado, tendo sido mais difuso pela divulgação do filme “Jack o
Estripador” (que já circulava em forma de quadrinhos) em que narra a história
de um assassino maníaco agindo na Londres do final do século XIX. Feito o
lançamento do termo pelo cinema e pela mídia, logo apareceram “atores”
vivos para agir segundo a fórmula criada. E até hoje se contariam talvez às
centenas os casos de criminosos em série, indivíduos maníacos que saem
matando a esmo, e depois de tudo, geralmente se suicidam.
Em geral, tais crimes ficaram mais comuns a partir da década de 70.
Um dos primeiros assassinos da série foi Theodore Robert Bundy, que
cometeu entre 20 a 30 assassinatos e foi executado na cadeira elétrica. No
mesmo período, tivemos o russo Andrei Aomanovich Chikatilo, cognominado
o “Estripador de Rostov”, que chegou a matar cerca de 55 pessoas! Um dos
mais sádicos “serial killer” foi Jeffrey Lionel Dahmer, o qual criou em sua
mente a idéia de criar zumbis que seriam seus brinquedos sexuais vivos, fazia
buracos nas cabeças das vítimas e pingava soda cáustica nas feridas,
chegando até a praticar canibalismo. Em geral este tipo de maníaco é mais
comum nos Estados Unidos da América, como John Wayne Gacy Júnior que
chegou a matar 33 pessoas e Edward Theodore Gein, que matou 54. Mas,
até a década de 80 ainda não era comum que tais indivíduos se suicidassem
após os crimes, o que só veio a ocorrer alguns anos depois.
No Brasil, surgiu também uma série de assassinos desta natureza,
como o “Bandido da Luz Vermelha”, cruel e frio; Pedro Rodrigues Filho,

28
cognominado de “Pedrinho Matador” por ter executado mais de 100 vítimas;
Francisco Costa Rocha, “Chico Picadinho”, assim chamado por esquartejar as
vítimas; Francisco Assis Pereira, “O Maníaco do Parque” por agir mais no
Parque do Ibirapuera, em São Paulo matando mulheres asfixiadas; Marcelo
Costa de Andrade, estuprou e matou onze meninos no Rio e depois bebeu o
sangue e chegou a praticar também canibalismo com os corpos das vítimas;
muitos outros podem ser citados, mas em geral nesta série também ainda não
era comum o suicídio do criminoso após os crimes.
Mais recentemente, no Brasil, tivemos o caso de Wellington Menezes
de Oliveira, que matou cerca de 12 estudantes numa escola do Rio e depois
se suicidou. Em outros países tivemos vários casos e já vai se tornando rotina
em escolas, faculdades, praças públicas, shoppings ou em qualquer outro
ajuntamento humano de repente surgir um atirador matando as pessoas
aleatoriamente e, depois, se suicidando... Talvez os únicos que não se
suicidaram após os ataques foram os casos recentemente ocorridos, como na
Noruega, Anders Behrin Breivik, responsável pela morte de 77 pessoas, que
se entregou à policia e fez divulgar uma declaração pela TV, e o do rapaz
americano que entrou num templo protestante atirando e matando, mas
também entregou-se vivo à polícia..
Note-se que a cada modalidade nova de crime ou violência, logo ela
vai se espalhando e sendo imitada. No início era tido como um caso terrível o
assassinato seguido de suicídio, assim como a matança tresloucada e
indiscriminada de várias pessoas por um atirador louco. Hoje tornou-se
comum não só nas grandes cidades mas até mesmo na região rural, onde
estes crimes também ocorrem. O que vem causando mais estupor na opinião
pública ultimamente é o aumento de homicídios e de suicídio entre os jovens
na faixa até 15 anos. No Japão, a idade média de jovens que pratica o
suicídio é uma das menores do mundo, ocorrendo até entre crianças. No
Brasil, a revista "Super Interessante" (edição de fevereiro de 2003) divulgou
uma "enquete" feita através da internet, fazendo a seguinte pergunta: você já
pensou em se matar? 2.133 internautas responderam, sendo que deste total
61,4% disseram "sim", portanto expressiva maioria dos aficcionados por
internet já pensaram em suicídio.
Psicólogos apontam como um dos principais fatores que têm
fomentado a violência entre os jovens o uso indiscriminado da TV. Outrora as
pessoas tinham que estar no local para presenciar certos crimes ou atos de
violência. Com o advento da TV impune e sem controle os jovens e crianças
assistem diariamente várias cenas de violência, tornando-os insensíveis a tais
atos e achando-os a coisa mais natural do mundo. Já houve casos de
crianças assistirem a certas cenas e depois a praticarem na vida real,
inclusive matando uma outra. Na Bahia, um canal de TV veiculou um vídeo
em que um detento assassina outro dentro da cadeia: a filmagem foi feita no
celular de outro preso, mas a divulgação teve a complacência tanto das
autoridades policiais quanto da própria TV. O psicólogo americano Leonard D.
Efron estudou os hábitos de mais de 400 telespectadores por 22 anos e
chegou à conclusão de que a exposição à violência através da televisão é
uma das causas do comportamento agressivo, do crime e da violência na
sociedade moderna.

Marchamos para a barbárie do canibalismo?

29
Uma notícia vinda da Alemanha causa pasmo e estupor. Ela foi
redigida nos seguintes termos:
“A fantasia do técnico de computadores alemão Armin Meiwes, 42, era
devorar alguém. Ele a realizou em março de 2001, ao matar e comer um
homem que atendera a seu anúncio na internet pedindo vítimas. Ontem,
Meiwes começou a ser julgado por assassinato.
No primeiro dia de depoimento, em Kassel (região central da
Alemanha) o réu admitiu ter matado Bernd-Jurgen Brandes, 43, e deu
detalhes mórbidos do ritual que comparou a “receber a comunhão”.
A defesa, que diz ter o episódio gravado em vídeo, alega que a vítima
quis ser morta e concordou em ter o corpo devorado - tendo chegado a dividir
parte da própria genitália flambada com o acusado.
Meiwes teria convidado Brandes, um especialista em computadores de
Berlim, para visitá-lo em sua casa, em Rotenburg, após conhecê-lo pela
internet. O assassinato ocorreu numa sala apelidada de “matadouro”,
decorada com utensílios de açougue e uma jaula.
Após devorar a genitália, Brandes teria perdido a consciência, e
Meiwes então o matou a facadas. Ele pendurou o corpo num gancho de
açougue e o fatiou, guardando as porções em seu freezer. Até ser preso, em
dezembro de 2002, o réu comeu 20 quilos de carne da vítima.
A promotoria, que pede prisão perpétua, admite que Brandes quisesse
ser morto, mas alega que ele não tinha discernimento. Já Meiwes, examinado
por um psiquiatra, foi considerado apto para o julgamento”.
Mas tudo indica que Meiwes não estava só, pois assim conclui a
notícia:
“O réu disse que sites com nomes como “Cannibal Cafe” reuniriam
“centenas” de pessoas dispostas a devorar alguém ou a serem devoradas.
Nos 12 meses em que os anúncios de Meiwes estiveram na rede, 430
pessoas responderam.” (“Folha de São Paulo”, 04.12.2003, A-17)

30
7. Entretenimento e
felicidade
O supra-sumo da vida feliz hoje em dia é a posse de bens como de um
carro de luxo, de um iate, de uma mansão onde se goze todos os prazeres da
vida. Ledo engano. Onde se vêem pessoas mais nervosas, mais ansiosas,
com angústia e destemperadas é exatamente entre aqueles que desfrutam de
tais prazeres. É comum vê-se nas grandes cidades a falta de educação e
irritação constante dos motoristas montados nos carros mais luxuosos e com
ar condicionado. Se o conforto e o luxo lhes fizesse tanto bem deveriam se
comportar de forma mais educada e compreensiva. É comum também ver
como são facilmente irritáveis os passageiros dos aviões de luxo quando
deixam de ser atendidos em suas exigências, quando o avião atrasa alguns
minutos, quando faltou o cafezinho que não lhe trouxeram ou quando ocorreu
qualquer bobagem que lhe causou certo desgosto passageiro.
O apanágio das multidões que desfrutam dos passeios de
entretenimento, ou dos banhos nas praias, é uma tremenda frustração e
angústia. Algo falta a essas pessoas que os entretenimentos modernos não
preenchem e por isso se sentem vazias e angustiadas. A sociedade moderna
lhes oferece uma infinidade de diversões, como o cinema, a TV, viagens
confortáveis em aviões e ônibus de luxo, com o melhor conforto que possa
haver, banhos de mar onde as pessoas podem estar quase despidas sem
qualquer censura, festas em “nigth clubes” ou boates, enfim, tudo o que a
mente humana concebeu em matéria de gozo da vida hoje se desfruta com
facilidade. Chegou-se até ao ponto de permitir o homossexualismo livremente
a fim de satisfazer a esta ânsia de busca do prazer quando a prática sexual
heterodoxa for julgada cansativa, enjoada ou incapaz.
E as viagens hoje são freqüentes. Nunca se viajou tanto. Em 1995 o
Diretor da IATA, uma empresa americana, declarou que somente sua
companhia havia transportado naquele ano um bilhão e 200 milhões de
passageiros. Se forem divulgados dados mais recentes vai revelar um número
assustador, de alguns bilhões de passageiros somente nos aviões. As
viagens são feitas por motivos comerciais ou a passeio, mas grande parte
delas é feita por pessoas que procuram outro país para viver. Muitas saem de
seu país de origem porque estão insatisfeitas, embora às vezes tenham
direito e desfrutem de todos os gozos que se lhes oferecem.
Alguns querem mais, não somente fazer viagens e desfrutar dos
passeios paradisíacos, mas querem experimentar algo diferente. Foi o que
ocorreu com a bilionária Cristina Onassis. Filha única do armador grego
Aristóteles Onassis e de Jaqueline (viúva de Kennedy), foi uma pessoa que
desfrutou de tudo o que se pode imaginar em termos de gozo da vida, de luxo
e riqueza. Seu pai sempre a tratou com exagerado mimo, a ponto de mandar
fazer os vestidos de suas bonecas nos melhores costureiros de Paris. Morre
sua mãe, depois morre seu pai. Cristina fica órfã e herda uma das maiores
fortunas do mundo. Mas não era feliz... Havia dito várias vezes que se sentia
solitária e infeliz, apesar de muito rica. No final da década de 80 encontram-

31
na morta, vítima de uma overdose de drogas ou de doses excessivas de
medicamentos, não se sabe. Por causa de sua riqueza e importância, sua
morte revestiu-se de certo mistério: estava passeando com seu luxuoso iate
por Buenos Aires e foi ao encontro de alguns amigos, onde terminou por
perder a vida.
Outra personagem marcante a este respeito é a filha única do bilionário
americano Jean Paul Getty, um homem excêntrico que construiu uma mansão
com mais de 100 quartos para oferecer festas aos seus amigos, mas também
morreu sozinho e frustrado. Sua filha foi seqüestrada por guerrilheiros, aderiu
à causa deles e tornou-se uma assaltante de bancos a serviço dos mesmos.
Foi presa e condenada. Sua riqueza e ostentação nunca foi suficiente para
lhe oferecer paz de espírito ou a tão decantada felicidade...
A tal respeito é muito interessante o artigo publicado pelo jornalista
Gilberto Dimestein na “Folha de São Paulo”, de 11.11.2001. A propósito do
seqüestro da filha do empresário Sílvio Santos, seguido da invasão de sua
casa pelo próprio seqüestrador, o jornalista passa a tecer comentários sobre o
comportamento dos grandes empresários nacionais e o que pensam eles da
utilidade de sua riqueza.
Com relação a Sílvio Santos, “materialmente não lhe falta nada. Ele
retira de suas empresas anualmente o valor líquido (descontados os
impostos) de R$ 40 milhões. Não é fácil gastar R$ 3,3 milhões mensais”...
Tanto Sílvio Santos como outros ricaços levam vida inquieta porque
dizem ter dúvidas sobre seu papel na sociedade. Principalmente agora,
depois do seqüestro de sua filha e invasão de sua casa, sentia como nunca a
fragilidade humana. “Percebeu que toda a sua fortuna não consegue comprar
o simples direito de estar em casa ou de andar na rua sem medo”.
Depois, o articulista passa a comentar uma pesquisa feita entre
executivos de São Paulo, Rio de Janeiro, Campinas e Belo Horizonte. A
grande maioria deles se queixa de não ter tempo para cuidar de sua saúde
física e psicológica, vivendo alarmados com medo de sofrer infarto ou
derrame. O jornalista não comenta, mas faltou citar um outro medo que tanto
inquieta os ricaços: seqüestros e extorsões. Da mesma forma eles acham que
estar com a família nos momentos de lazer é o melhor sinônimo de qualidade
de vida.
“Para estudar esse tipo de comportamento, a Unicamp criou na
Faculdade de Educação Física o Departamento de Estudos de Lazer. Ali os
pesquisadores estão convencidos de que existe uma “síndrome do lazer”,
associada a dores musculares, gripes, enxaquecas e mal-estar físico.
Tais sintomas, entre outros, manifestam-se quando o indivíduo está
perto do final da semana e, em especial, das férias. É gente que se sente sem
ar quando está fora do trabalho. “Feriado para essas pessoas é pânico. São
pessoas que não conseguem relaxar sem culpa...” (in “Quanto vale a fortuna
de Sílvio Santos?” – “Folha de São Paulo”, 11.11.2001).
Em outra reportagem do mesmo jornal, o empresário enfocado é
Ermírio de Morais, um dos homens mais ricos do mundo. Após 35 anos de
casado, conseguiu finalmente tirar férias com a esposa e resolveu viajar com
ela para a Suíça. Não conseguiu desfrutar de suas férias, pois não sabia o
que fazer para passar o tempo, reclamava da paisagem, do hotel, da comida,
ligava para o Brasil para saber como iam os negócios, e assim não conseguia

32
se concentrar em seu lazer. A única solução foi interromper as férias e voltar
ao Brasil.
“O empresário está com 73 anos, mas não mudou de atitude. Acorda
ainda de madrugada, por volta das 4h30, sem despertador, acompanha as
notícias no rádio, na TV, lê os jornais. É, na maioria das vezes, o primeiro a
chegar no escritório, no centro de São Paulo.
“Como se não fosse suficiente administrar um dos mais importantes
conglomerados privados do Brasil, dá 20 horas por semana para administrar o
Hospital Beneficência Portuguesa.
“Nos sábados e domingos, divide-se entre o escritório e o hospital. Nas
horas vagas do final de semana, lê relatórios e livros sobre economia. “Sinto
um aperto só em pensar em ficar sem fazer nada. Dá uma sensação de
inutilidade”, afirma. Conta literalmente nos dedos às vezes em que se jogou
na piscina da sua casa: foram quatro os mergulhos históricos”. (“Folha de São
Paulo”, 18.11.2001).
Ocorre que o empresário, como tantos outros, está sofrendo da
“síndrome do lazer”, um distúrbio comum em grandes empresários ou
executivos que se caracteriza pela incapacidade de relaxar nas horas vagas.
De nada lhes serve a riqueza e o luxo, pois suas comodidades não lhes dão o
que chamamos de “paz de espírito”.
E o espírito das festas do fim de ano pode causar problemas
neurológicos? Segundo reportagem do jornal "Folha de São Paulo", de
15.12.2002, as festas de fim de ano podem causar o "estresse da felicidade".
O que vem a ser isso? "Tudo conspira para que seja assim: deve-se ficar feliz
no Natal, o Réveillon tem de ser inesquecível, todas as festinhas precisam ser
alegres, e a pressão da mídia, da família, dos colegas e dos amigos acaba
acarretando, no fim de mais um ano, um desgaste paradoxal: pessoas ficam
infelizes porque se sentem na obrigação de estarem "bem", "pra cima" (FSP,
15.12.2002).
O médico Artur Zular, que é especialista em medicina psicossomática e
dirige o Instituto Qualidade de Vida, diz: "... Os profissionais de saúde sabem
disso: cresce a procura por tratamentos porque aumenta esse estresse. E por
que ocorre? Porque, ao longo desse mês, as pessoas estão buscando
desesperadamente uma felicidade que deverá ocorrer em determinada noite,
no Natal ou no Ano Novo". Segundo Zular existe, sim, uma ansiedade no ar,
já que "hoje em dia há famílias desintegradas, casais separados, há conflitos
pessoais e profissionais de diversas ordens, e você vai ter de encarar tudo
isso dentro de uma perspectiva de que deve ser bom, ser feliz. Acaba
sofrendo por antecipação".
Outros profissionais prestam depoimento sobre o mesmo tema acima
e confirmam o mesmo pensamento exposto pelo Dr. Zular e pela reportagem.

33
8. O excesso de informações,
ansiedades, suicídios
Um dos fatores que mais mostra o prejuízo da TV e da mídia eletrônica
na mente das pessoas é o excesso, uma verdadeira sobrecarga de
informações. Como a mente humana, principalmente a infanto-juvenil, não é
capaz de absorver tudo o que vem pelo vídeo, aquilo se torna ineficaz e sem
proveito, provocando em muitos casos até uma certa atrofia mental.
A propósito, surgiu o termo "ansiedade de informação", criado pelo
americano Richard Saul Wurman, autor do livro "Information Anxiety".
Segundo o Autor, 50 mil novos títulos de livros são publicados anualmente,
somente nos EUA, e mais de 56 milhões de exemplares de jornais circulam
por lá no mesmo período. Mas a memória humana é incapaz de reter a
maioria das informações lidas, pois normalmente o homem retém 90% do que
ele faz, 75% do que diz, mas em torno de 10% apenas do que ouve ou lê.
Em decorrência desse excesso de informações, surgem algumas
formas de ansiedade nas pessoas. As principais são: frustração devido ao
volume de informações que recebeu sem poder assimilá-las; decepção com a
qualidade - será que tudo aquilo merece credibilidade?; sensação de saber
pouco e sensação de saber das coisas com atraso. E, às vezes, pode chegar
ao estresse.
As conclusões são catastróficas para a humanidade:
"O cérebro humano possui mais de 100 bilhões de neurônios. Cada um
deles envia sinais para outros 20 mil e recebe sinais de outros 20 mil
neurônios. Essa intrincada rede, que capacita o cérebro a receber, assimilar
e registrar informações, tem sofrido abalos. O motivo: o homem moderno está
cada vez mais exposto a um volume imensurável de informações, que chega
a todo instante, de forma veloz e pelos mais diversos meios, o que costuma
provocar muita ansiedade. As pessoas tentam buscar e absorver o máximo
de informação no menor tempo possível, mas, em geral, não conseguem
organizar de forma adequada a aquisição desse excesso de informação. O
resultado é sentimento de frustração, desgaste mental, fadiga dos neurônios
e, em casos mais sérios, um quadro de estresse com conseqüências para o
organismo" (FSP, "Folha Equilíbrio", 03.07.2003).
Chegamos também a uma era em que se dá muito valor ao
“cientificismo”. Se contarmos todos os cientistas que existiram e existem
desde o começo do mundo, temos 80% deles ainda vivos e trabalhando.
Produzem estes homens, em trabalhos mais voltados para tecnologia
pragmática, a cada minuto 2 mil páginas, as quais levariam cerca de cinco
anos para uma pessoa ler. Todos os dias se produzem o equivalente a 300
milhões de páginas de textos pela Internet. O ex-presidente da Associação
Americana de Medicina, Malcolm Todd, declarou que 50% do conhecimento
médico hoje fica ultrapassado a cada dez anos. Existem mais de 15 mil
jornais de caráter científico espalhados pelo mundo. As principais revistas e
periódicos do mundo, assim como as redes de TV, dedicam uma seção ou
página inteira para as informações científicas.
Tudo isso de nada adianta, pois estes cientistas só trabalham para
aumentar seus ganhos ou de suas empresas. Enquanto o conhecimento

34
dobra a cada ano, diminui a capacidade humana de assimilar tais
conhecimentos e o homem se frustra mais ainda. A revista “Time”, ao fazer
um retrospecto do ano de 1995, sob o título “The Evolution of Despair” (A
evolução do desespero), assim comentou: “Máquinas de vídeo e fornos de
microondas têm suas virtudes, mas no decorrer da nossa vida altamente
eficiente, existem ocasiões quando parece imensamente que falta algo (...).
Qualquer que seja a razão do estresse, ficamos às vezes com a sensação de
que não fomos criados para a vida moderna.
“Casos de depressão dobram em alguns países industrializados a cada
10 anos aproximadamente. O suicídio é a terceira causa mais comum de
morte entre jovens e adultos na América do Norte, depois de desastres de
automóvel e homicídio. 15% dos americanos já teve um distúrbio emocional
patológico”.
No Japão se chegou até a publicar um “Manual completo do suicídio”,
“best-seller” com mais de 800 mil exemplares vendidos. Os capítulos do
“manual” são divididos entre os vários tipos de morte que o leitor queira
escolher: enforcamento, overdose, corte dos pulsos ou saltar debaixo de um
trem em movimento. Um outro livro bem vendido é o “Manual do
envenenamento”, onde se encontram orientações sobre os efeitos que os
venenos podem causar e os mais letais para quem deseje suicidar-se. A BBC
de Londres divulgou a notícia abaixo:
“Dados oficiais indicam que o total de suicídios cometidos no Japão é o
maior já registrado no país. Mais de 35 mil pessoas se suicidaram no Japão
no ano passado - um aumento de mais de 7% em relação ao ano anterior.
Cerca de 75% dos suicídios foram praticados por homens, e 33% dos
suicidas tinham 60 anos de idade ou mais. Especialistas acreditam que as
principais razões para dar fim à própria vida no Japão são problemas de
saúde e, em menor escala, financeiros. Os novos dados elevam a incidência
de suicídios no Japão para 27 pessoas a cada 100 mil, uma das mais altas do
mundo. Quase 45% dos suicídios em 2003 no país foram motivados por
questões de saúde, e mais de 25%, por dificuldades econômicas, segundo a
agência de notícias Reuters. O primeiro-ministro do Japão, Junichiro Koizumi,
disse que não há solução rápida para lidar com a questão dos suicídios, mas
que seu governo vai prosseguir com esforços para melhorar a situação
econômica. Há expectativa, contudo, de que a tendência possa mudar num
momento em que as perspectivas da economia japonesa parecem mais
favoráveis. "Agora provavelmente (a incidência de suicídios) atingiu o pico",
disse à Reuters Yukio Saito, chefe da "Inochi no Denwa" ("Telefone para a
Vida"), uma linha que faz aconselhamento a potenciais suicidas”. (Número de
suicídios no Japão atinge nível recorde - Notícia da BBC, 23/7/2004 )

35
9. Holística, bruxaria e os vícios
(imagem, drogas e outros)
Neste frenesi onde se dá guarida à ansiedade e insegurança, as
pessoas procuram qualquer amparo, qualquer “tábua de salvação” que se
lhes apareça na frente. Mas como não buscam o verdadeiro Deus e a
verdadeira Religião, só adquirem com isso mais frustração, revolta,
desespero...
Nunca se procurou tanto consultar os astros, os números, os magos e
os bruxos. Para se fugir ao aspecto tenebroso da bruxaria, ou ao que
consideram crendices tolas da astrologia, procuram a holística, considerando-
a mais condizente com a ciência. Outros procuram abertamente a bruxaria.
Sim, aquela mesma bruxaria que alguns historiadores dizem ter sido tão
comum na Idade Média, hoje predomina nos países mais ricos e evoluídos do
mundo, como a Inglaterra, a França e os EUA.
E quando se fala em bruxaria fala-se também em satanismo, que tem
aumentado assustadoramente. Tem se tornado freqüente o caso em que
pessoas praticam rituais satânicos, nos quais são imoladas vítimas ao diabo.
O caso mais rumoroso foi o que ocorreu com o satanista Charles Manson,
autor de uma chacina nos Estados Unidos em que morreu a atriz Sharon
Tate, em estado de gravidez, e outras pessoas, todas oferecidas em rituais ao
diabo. O sujeito foi condenado à prisão perpétua e de dentro da cadeia está
incrementando uma onda de simpatizantes na América: de lá recebe cartas
de fãs, compõe poesias e músicas e faz crescer o número de adeptos do
satanismo.
Vejam como o caso se deu:
“1) Charles Manson, de 34 anos, filho de uma prostituta presidiária –
ex-sentenciado ele próprio, por vários delitos de regular gravidade – dotado,
aliás, de certa simpatia pessoal e de algumas qualidades musicais, entrou em
relação com vários jovens “prá frente”, com os quais formou um grupo.
Outrora, as normas em vigor levavam todo jovem, e especialmente toda
jovem, a manter à distância um elemento deste. Um colega só lhe daria sua
amizade em circunstâncias muito especiais, e depois das mais severas
provas de emenda. Mas “idéias generosas” eliminaram, em muitos ambientes,
esta precaução por demais “estreita”. Não espanta, pois, que Manson tenha
podido, assim, aproximar-se de quem entendeu.
2) Hipnotizador possante, semeando meio magicamente o bem-estar
em torno de si, “cantando como um anjo”, dizem os telegramas, é claro que
Manson divertia os companheiros. E um dos condimentos desse poder de
diversão era, sem dúvida, a extravagância. Seu grupo de hippies, vivendo
alegremente à margem de todos os princípios de bom senso, de higiene, de
correção, adotou o nomadismo, e passou a perambular de um lugar para
outro. Tudo isto chocaria os princípios “de outrora”. Dar a liderança de um
grupo a um ex-sentenciado era uma vergonha. Aceitar o poder hipnótico dele,
uma loucura. Expatriar-se das rodas de gente limpa, correta e decente, um
sinal de demência. Adotar o nomadismo, um desatino, um pacto ignóbil com a
vagabundagem. Mas, entre os espectadores do fenômeno, muita gente
“generosa” por certo sorriu: Porque coarctar a mocidade nos caprichos que

36
lhe são tão próprios? Aos velhos tabus de outrora faltava generosidade. Eles
proibiam, vetavam, comprimiam. Portanto encomplexavam. A bondade
consiste em tolerar, em permitir, em concordar. Viva, pois, o bando alegre de
Manson. Com o tempo, voltarão seus membros, espontaneamente, ao bom
senso... É o que dizia, sobre Manson e sua clique, muita gente, que criava
um ambiente cômodo e “generoso” para a expansão dessas loucuras.
3) Mas, objetaria alguém “fora do vento”, que poderia sair dessa
promiscuidade sexual entre os neonômades? A imensa família mental dos
generosos tem uma resposta, à flor dos lábios, para esta pergunta: - Ora esta,
por que olhar as coisas tão de perto? O que vai sair da promiscuidade? O
amor, o prazer. Deixem os jovens que se divirtam. É da idade. Filhos, não há
que temê-los, pois aí está a pílula... O mais, que importa? Estamos na
aurora da sociedade permissiva, em que por largueza de idéias tudo se
aceita. E dá certo. Em Londres realizou-se um ato sexual em pleno palco,
num teatro cheio: e a casa não caiu. Na Suécia abriu-se a porta para as
ligações homossexuais. E a Suécia aí está, firme, organizada e próspera.
Então, que utilidade têm os tabus da velha civilização, se tudo se passa bem
sem eles? Assim argumentam os “generosos”.
4) Vistos com “compreensão” por todo um setor de gente “decente-
permissiva”, Manson e seu bando foram valentemente “prá frente”,
permitindo-se mais e mais desatinos. Vontade de sensações fortes? Aí está o
haxixe e o LSD. Vontade de violentas orgias? É só atirar-se nelas. Vontade de
experiências mentais aventurosas? Manson está à mão para abrir as portas
das sombrias regiões do hipnotismo. O gosto da extravagância é insaciável.
Da originalidade estúpida e chocante ele convida a passar para a sujeira
desgrenhada. Desta, impele a rolar para a corrupção. A corrupção, por seu
próprio dinamismo, estoura em orgia. Posto assim tudo de pernas para o ar
na existência terrena, a ofensiva da extravagância parte rumo ao extraterreno.
Sempre “prá frente”, o passo seguinte é a blasfêmia. Entra-se pelo misticismo
satânico, ultraja-se Deus, adora-se o demônio, etc.
5) Um belo dia, nasce a vontade de fazer mais uma coisa proibida.
Uma coisa bem nova e bem proibida. Um crime, por exemplo. E, na lógica
“permissiva”, não há motivo sério para recuar diante de mais este “tabu”:
comete-se pois o crime. Para que o crime seja bem “prá frente” em seu
Gênero é preciso que seja bem sádico, bem cruel, bem horripilante. Quanto
mais melhor. Mata-se então Sharon Tate e sua “entourage”. Mata-se o velho
casal Labianca. Tudo por razões fúteis, com agravantes de punhaladas,
chicotadas, tatuagens... ritos cruentos feitos para adorar o demônio!
Não é tudo claro, concatenado, lógico?
Pobres canalhas de Manson e congêneres. Merecem a cadeira
elétrica, segundo a lei norte-americana. São culpados, é certo.
Serão eles os mais culpados?
Não, mil vezes não.
Tivessem eles encontrado em torno de si, na gente decente, uma
opinião pública firme e unânime, que lhes incutisse o respeito religioso à lei
moral, às conveniências, às boas maneiras, ao asseio, e provavelmente logo
nos primeiros passos teriam parado ou até recuado”9.
9
Artigo de Plínio Corrêa de Oliveira Prá frente , ao sopro da generosidade – FSP, 14.12.69.

37
Muitos casos semelhantes ao de Manson se sucederam, a maioria
deles oriundos exatamente da mesma região dos Estados Unidos da América,
a Califórnia, o Estado-modelo da riqueza, do bem-estar e da alegria de vida
americana moderna. Foi de lá que partiu para a Guiana o “reverendo” Jim
Jones, onde comandou o suicídio coletivo de mais de 900 pessoas em 1978.
Na década de 80 ocorreram várias chacinas, como a que ocorreu numa
lanchonete da cadeia McDonald’s, em julho de 1985, quando 22 pessoas
foram fuziladas por um ex-soldado da guerra do Vietnã. Supõe-se que o
recorde do que eles chamam “serial killer” pertence ao desocupado Henry Lee
Lucas, que confessou haver assassinado friamente mais de 360 (sim, 360!)
pessoas ao longo de sete anos.
A polícia da Califórnia julga, entretanto, que o caso mais terrível, que
alguns julgam ser mais macabro e diabólico do que o de Manson, foi
descoberto em junho de 1985, quando dois maníacos haviam assassinado 19
pessoas numa cabana isolada na mata, num período de 2 anos, onde havia
satanismo, drogas, estupros e orgias sexuais, torturas incríveis, e para piorar,
quase tudo filmado pelos assassinos para sua própria diversão. O caso
ocorreu em Wilseyville, protagonizado pelo mexicano Leonard Lake e o
chinês Charles Ng e foi amplamente noticiado pela mídia mundial. (cf. Veja,
de 19.06.85).
Rituais de oferendas ao demônio ocorreram em diversas partes do
mundo. Alguns dos quais, aqui no Brasil. Em São João do Meriti-RJ, uma
criança de 5 anos, por nome de Adriana Anacleto Ferreira, foi oferecida a
Ogum (um dos demônios do culto do candomblé) e queimada viva. Salva das
chamas por um vizinho, a menina veio falecer logo depois no hospital. (“Jornal
do Brasil”, de 29.09.86). Outro caso ocorreu em 1992, quando um bando
satanista matou e ofereceu algumas crianças nestes tipos de oferendas. No
balneário de Guaratuba, no Paraná, o grupo assassinou os garotos Evandro
Ramos Caetano e Leandro Boss, havendo suspeitas sobre mais outras cinco
crianças desaparecidas terem sofrido o mesmo destino. O garoto Evandro foi
estrangulado e teve o corpo aberto por uma serra e os órgãos retirados para
uma oferenda a Exu, o nome do demônio no culto do candomblé. (v. “O
Estado de São Paulo”, 10.07.92).
No México, foi preso o ator de TV Salvador Antônio Gutierez, acusado
de tomar parte em assassinatos envolvendo rituais satânicos promovidos por
uma quadrilha de narcotraficantes que agia no norte do país. O grupo,
descoberto pela polícia, foi responsável pela morte de mais de 20 pessoas.
(“Folha de São Paulo”, 11.05.89)
Esta onda de simpatias pelo diabo chegou a tal ponto que o presidente
da Assembléia Geral da ONU, Paul-Henri Spaak, que foi também um dos
planejadores do Mercado Comum Europeu, declarou: “Nós não queremos
mais um comitê; já temos comitês demais. O que queremos é um homem de
influência suficiente para conseguir que todos os povos se aliem e nos tire do
atoleiro econômico em que estamos nos afundando. Mandem-nos esse
homem, e seja ele Deus ou o diabo, nós o receberemos”. Este tipo de
manifestação é comum no homem moderno, o qual, desiludido pela vida que
leva, deseja a qualquer custo sair da crise e, no desespero, pede até mesmo
a ajuda do diabo.
E a mídia, principalmente, trata o satanismo com a maior naturalidade.
É o caso de uma novela que a TV Globo levou ao ar no final do ano 2002 que

38
trata de tema correlato com o satanismo: o vampirismo. Ao divulgar
manifestações claramente diabólicas na novela "O Beijo do Vampiro", a TV
faz com que as pessoas se acostumem com este tipo de coisas e,
brevemente, aceitem o satanismo como a coisa mais natural, sem qualquer
espanto. É sempre assim que a TV tem feito com todos os temas maléficos e
que infernizam o homem moderno.

O "paraíso na fumaça" e o vício da TV


Outro fator de desagregação moral e decadência do mundo moderno é
o vertiginoso crescimento do uso de drogas alucinógenas. A tal ponto que na
Holanda o Governo, muito liberal e permissivo, criou uma praça destinada
unicamente ao uso dos drogados, onde se mantém vários serviços de ajuda e
orientação aos viciados, inclusive com o fornecimento de seringas injetáveis.
Notícias recentes dão conta de um recuo do governo holandês, reconhecendo
explicitamente que tal permissividade não favoreceu um maior controle das
drogas e dos drogados, mas, pelo contrário, permitiu maior divulgação e
descontrole. Resolveram, então, impor certas restrições.
O governo uruguaio, de tendência esquerdista e amoral, resolveu
também aderir a esta “moda” e aprovou uma lei descriminalizando o uso e o
tráfico da maconha. Como houvera aprovado outra medida, esta imoral, de
sancionar o casamento entre homossexuais, recebeu uma homenagem da
revista “The Ecomonist”, considerando o Uruguai o “País do Ano” por causa
de haver tomado tais medidas. Quer dizer, é a mídia internacional
patrocinando cada vez mais a decadência moral dos povos.
Recentemente, Chris Simunek, editor de uma revista destinada aos
drogados, “High Times”, publicou um livro intitulado “Paraíso na Fumaça” em
que descreve todas as suas experiências com os viciados. Perguntado pelo
repórter o que ele faz na revista, respondeu: “Sou o editor de cultivo da
revista. Temos uma sessão grande que ensina as pessoas a plantar
maconha. Mas não escrevo os artigos, apenas contato os produtores e
edito”.(“Folha”, 12.4.2002). Quer dizer, por esta reportagem, fica-se sabendo
que não só existe uma revista especialmente destinada aos viciados em
drogas, mas até mesmo se ensina como se planta maconha...
Há também um tipo de "vício" que hoje toma conta da sociedade, este
quase sem cura. Trata-se da mania por TV. Se consultado algum "expert" da
área de Comunicação, como o jornalista baiano Muniz Sodré de Araújo
Cabral, este negará rotundamente que a TV constitua um vício. Para ele,
como todos os outros seus colegas de profissão, trata-se apenas de "mais
uma forma de sensibilização", embora "a mídia, incluindo a televisão, possa
ter algo que ver com a droga porque trabalha com mecanismos de
onipotência e entorpecimento pela proposta permanente de um consumo que
nunca é satisfeito' (cf. "A Tarde", de 10.11.2002, pág. 22).
Não é o que dizem os psicólogos e especialistas do comportamento
humano. Segundo reportagem do jornal "A Tarde", "Os especialistas estão
constatando que um percentual razoável de telespectadores preenchem a
maioria dos critérios de dependência química presentes no manual DSM IV
(Código Internacional de Doenças Mentais) que é usado pelos médicos para
categorizar diversos transtornos mentais e a própria dependência química"
('A Tarde", de 10.11.2002).

39
"Pelos critérios do DSM IV, podem ser considerados viciados em tevê
os telespectadores que gastam uma boa parte do tempo livre com o hábito; se
sente culpado por usar com mais freqüência do que deseja; pensa em largar
o hábito ou faz repetidas tentativas, geralmente infrutíferas, para reduzir o seu
uso: deixa de lado importantes atividades familiares ou ocupacionais para se
dedicar a ver tevê; sente muita falta ou ansiedade (síndrome de abstinência)
quando se afasta da tevê por algum tempo. De todos, este último item dos
critérios de DSM IV que permite a comparação entre o vício de ver tevê e a
dependência química. As pesquisas de opinião pública feitas nos EUA
mostraram que quatro entre dez adultos, bem como sete entre dez
adolescentes, gostariam de ver menos tevê. Desses, um percentual de 10%
se auto-intitulou "viciado em tevê".
Um desses pesquisadores é o norte-americano Robert Kubey, diretor
do Centro para Estudos da Mídia da Universidade Rutgers, que pesquisa
sistematicamente o hábito de ver tevê. Revelou tal pesquisador que, através
de uma série de estudos, se constatou que além do sentimento de culpa,
"telespectadores pesados" sentem-se mais ansiosos do que os
"telespectadores leves". Têm mais tendência a ficarem aborrecidos com os
fatos do dia-a-dia, menos pacientes com atrasos e menor controle sobre a
atenção. Participam menos de atividades sociais, fazem menos esportes e
são, em geral, mais obesos do que os telespectadores moderados.

Amor bandido
Um dos sintomas mais reveladores da grande decadência moral de
nossa época é o fenômeno que a mídia chama de "amor bandido". Quando
um marginal se destaca na mídia, seja ou não pelos seus requintes de
maldade e crimes, imediatamente surge uma grande quantidade de mulheres
que lhe procura para um romance amoroso. Charles Manson, conforme
citamos acima, teve tantas admiradoras que criaram um "fã clube" de
fanáticas amantes. Até mesmo criminosos que se encontram no famoso
"corredor da morte", nos Estados Unidos, a espera de serem executados,
despertam a paixão destas infelizes mulheres
No Brasil, tivemos o caso de uma conhecida jornalista e apresentadora
de TV, Marisa Raja Gabaglia, que teve um rumoroso caso amoroso com um
famoso criminoso, o médico Hosmany Ramos, mesmo estando ele na cadeia.
Um outro criminoso que despertou o interesse de muitas moças foi o que se
denominou de "Maníaco do Parque", um assassino frio que estuprava as
mulheres antes de as matar, crimes cometidos no Parque do Estado em São
Paulo. Uma de suas admiradoras chegou a declarar: "Ele me faz sonhar". O
enterro do bandido Leonardo Pareja, em 1996, teve lances dramáticos e
tristes: uma de suas namoradas agrediu uma rival, demonstrando a
insanidade de tal romance. O mesmo bandido havia provocado anteriormente
um clima de paixão coletiva no interior baiano entre jovens e adolescentes.
Na Bahia, houve um caso recente: revelou-se que a namorada de um
bandido era nada menos que uma universitária de classe média, Flávia
Passos Sampaio, que foi inclusive acusada de ajudar o marginal a cometer
um de seus crimes. Psicólogos e especialistas estudam a razão deste fascínio
que homens maus exercem sobre certas mulheres, a ponto de lhes despertar
o desejo amoroso. Segundo o antropólogo Roberto Albergaria, "fugir do
previsível - que também é representado pelo homem "certinho", "bonzinho",

40
"babaca",diante desta ótica - é a meta, geralmente inconsciente, de muitas
delas".
O caso mais rumoroso e absurdo ocorrido no Brasil, foi o da jovem
Suzane Louise Richthofen, com 19 anos, que arquitetou com o namorado
Daniel Cravinhos, 21 anos, a morte de seus próprios pais. (v. "A Tarde", de
18.07.2003).

Internet, um meio de formar autômatos


Em um estudo a ser publicado no periódico “Cyberpsychology”,
Behavior and Social Networkimg, pesquisadores da Universidade de
Melbourne (Austrália) conduziram testes com 173 estudantes universitários a
fim de avaliar o risco de comportamento problemático na internet e em jogos
de aposta. Cerca de 5% dos estudantes mostraram sinais de problemas com
jogos, e 10% tiveram pontuações suficientemente altas para os colocarem
dentro da categoria de risco de “vício” em internet.
O imediatismo da internet, a eficiência do iPhone e o anonimato das
salas de bate-papo talvez possam mudar a essência de quem nós somos.
São questões como essas que Aboujaoude explora em “Virtually You: the
Internet and the Fracturing of the Self” (Virtualmente você: a internet e a
fragmentação do indivíduo, em tradução livre), livro lançado recentemente nos
EUA. Aboujaoude, o autor, questiona se o imenso espaço para
armazenamento disponível em e-mail e na internet não impede que muitos
usuários não consigam esquecer o passado, guardando muitas memórias
antigas e desnecessárias que prejudicam a formação de novas experiências.
Atualmente, tudo pode ser salvo, desde e-mails sem importância, enviados
após um almoço de negócios, até discussões furiosas on-line entre marido e
mulher, salientou ele. No final, tudo vai realmente se transformar em lixo,
mesmo que seja um “lixo eletrônico”...
Não há tampouco uma forma fácil de controlar uma dependência em
tecnologia. Nichpças Carr, autor de outro livro com o título de “The
Shallouws: What the Internet Is Doing to Our Brains” (O superficial: o que a
internet está fazendo com os nossos cérebros, em tradução livre), disse que
as responsabilidades sociais e familiares, o trabalho e outras pressões
influenciam o nosso uso da tecnologia. “Quanto mais profunda a inserção de
uma tecnologia em nossa rotina diária, menores as escolhas de quando e
como usá-la”, escreveu Carr em uma postagem recente em um blog”. (“Folha
de São Paulo”, 16.06.2010, Caderno F, pág.5). Quer dizer, quanto mais o
sujeito se submete aos influxos da internet mais ele se torna um autômato.
Quando se é criança, aquele mundo de imaginação infantil, chamado
hoje de virtual, facilmente pode se transformar num mundo real, pois o
inocente ainda não sabe avaliar a diferença entre uma coisa e outra. No
entanto, não se pode dizer o mesmo de uma pessoa adulta, a qual facilmente
saberia distinguir entre o real e o imaginário, entre o virtual e o verdadeiro. Ou
pelo menos deveria saber distingui-lo, se não fosse o problema da internet e
das manias dos jogos virtuais modernos. Está se tornando comum ocorrer
fatos em que as pessoas confundem o virtual com o real ao emergir de seu
mundo interior criado pelas imagens da TV, do cinema, da internet, etc.
Vejam um fato ocorrido na Coréia. Um casal sul-coreano "viciado em
internet" deixou um bebê de três meses morrer de inanição enquanto criava
uma filha virtual na web, disse a polícia local. Segundo a agência de notícias

41
oficial Yonhap, o casal alimentava sua filha prematura apenas uma vez por
dia, entre períodos de 12 horas passados entre internet e um café. O oficial
da polícia Chung Jin-won disse à Yonhap que o casal "perdeu a vontade de
viver uma vida normal" depois que os dois perderam seus empregos. O pai,
de 41 anos de idade, e sua mulher, 25 anos, foram presos na cidade de
Suweon, ao sul de Seul, no início da semana, cinco meses depois de terem
reportado a morte da bebê. Eles estavam foragidos desde a morte da criança.
A autópsia mostrou que sua morte foi provocada por um longo período de
desnutrição. O casal teria ficado obcecado em criar uma menina virtual
chamada Anima, no popular jogo Prius Online, disse a polícia nesta sexta-
feira. O jogo permite aos jogadores interagir com Amina e enquanto fazem
isso, a ajudam a recuperar sua memória perdida e desenvolver emoções. Já
houve outros casos de morte ligados ao vício em jogos de computadores na
Coreia do Sul, onde um jovem morreu supostamente depois de passar cinco
dias jogando com apenas pequenos intervalos. Não só na Coréia do Sul, mas
em vários países vêm ocorrendo fatos semelhantes. O homem moderno,
fanatizado pela internet, perdeu a noção da diferença que há entre o virtual e
o mundo real?

“Freak”, a geração do futuro?


Originalmente, a palavra inglesa "freaks" era usada para referir-se às
pessoas que se distinguiam por ter alguma malformação ou anomalia física e
que eram exibidas em circos. Em 1932 foi rodado um filme com o nome,
"Freaks", dirigido por Tod Browning. Ao longo dos anos o termo passou a ser
usado para se referir a pessoas extravagantes e que tenham obsessão por
algo em que se julgam especialistas. Com a era da cibernética, os "freaks"
passaram a se organizar em grupos e formam agora uma mentalidade, um
modo de ser, um modelo de vida. Chegou-se até a criar o "dia do orgulho
friki", (termo adaptado para o espanhol) data comemorada em 25 de março
de 2005 por causa da estréia do filme "Guerra nas galáxias".
Julgamos oportuno a análise feita sobre essa mentalidade e modo de
ser, pois ela é apenas o sucedâneo de vários exemplos ou modelos de vida
que o antecederam ao longo dos anos. As gerações foram se sucedendo em
contínuas decadências morais e intelectuais, até chegar aos extremos dos
"frikis" ou “freks”. Trata-se da mentalidade de quem vive seu dia-a-dia num
mundo completamente virtual, mas o torna real na hora em que seus instintos
pedem uma tomada de posição na vida.

42
Na Espanha são conhecidos como “frikis”, em inglês como “geeks”, em
japonês como “otakus”. Talvez tenhamos ante nossos olhos o protótipo do
homem do futuro. São os filhos integrais da pós-modernidade, as primeiras
gerações inteiramente formadas nos valores do consumo e do mercado. É o
produto humano de uma cultura do simulacro e da falta de transcendência.
Mas além da curiosidade anedótica e do menosprezo, formam já uma espécie
cujos significados convém indagar.
O termo “friki” (do inglês “freak”, estranho) refere-se normalmente a
pessoas de aparências e comportamentos extravagantes, obcecadas com um
tema ou “hobby” do qual derivam toda uma forma ou estilo de vida. Trata-se
de sujeitos introspectivos, com interesses infantis ou imaturos, mentalmente
instalados em mundos imaginários e realidades virtuais, e com dificuldades
para uma socialização normal fora dos círculos que comportem sua
obsessão.
O fenômeno começou como uma espécie de subcultura adolescente de
consumidores de “comics manga”, películas e séries de “science-ficcion”,
vídeo-jogos, desenhos animados, jogos de lista, fanzines, livros, manequins,
produtos derivados e todo gênero de pacotinhos de universos de ficção. Um
fenômeno que deu sua arrancada nos anos oitenta e que hoje constitui um
mercado colossal estendido em forma “viral” ou de rede a todo o mundo. À
primeira vista pode parecer um fenômeno tão grotesco como inócuo, uma
moda ou opção a mais dentro da vasta proliferação de produtos lúdicos
através dos quais o mercado vai integrando os mais jovens na religião do
consumo.
O problema começa ao se constatar que muitos dos adeptos do culto “friki”
não só não são tão jovens, mas que já mostram cabelos brancos. E ao
comprovar que o adolescente que se submerge nesse universo autista tem
amplas possibilidades de não terminar nunca de sair dele, ou então não
deixar nunca de ser um adolescente. De qualquer forma, nos casos mais
extremos o resultado final é uma pessoa “diferente”, uma pessoa cujas
faculdades de percepção da realidade estarão distorcidas. É no Japão - esse
“laboratório da pós-modernidade”, segundo o sociólogo Michel Maffesoli –
onde o fenômeno se manifesta em sua forma mais sinistra: esses
adolescentes que fecham o ferrolho de sua habitação, e que se refugiam por
toda a vida em seu mundo virtual de vídeo-games e de internet. E é no Japão
onde se tem proposto uma definição que recolhe todos os aspectos
patológicos do “otaku”: “pessoas cuja percepção visual tem mudado”, ou
“nova categoria de indivíduos que se adaptaram à sociedade de alto
consumo”.
A “cultura friki” é a cultura da imanência absoluta. Toda idéia de
transcendência foi eliminada. Mais ainda, é a própria distinção entre
imanência e transcendência que desaparece. E em paralelo, o “friki/otaku”
experimenta uma especial atração por todo oculto, o misterioso e bizarro: uma
pseudo-religião de “bricolage” composta de materiais culturais diversos. Um
culto sem fé, ao qual o único que se pede é que proporcione ao adepto
satisfações emocionais suficientes como para fazer-lhe sentir que segue vivo.
Deus morreu, porém temos Star Trek e tantos outros ídolos da mídia
eletrônica. Porém, tal como predizia Baudrillard, este eclipse da
transcendência não se refere unicamente a Deus ou à metafísica: é a própria
realidade que desapareceu ao diluir-se em simulacros, sinais e códigos que

43
perderam todo vínculo com a realidade significada. É um universo auto-
referencial que não faz senão clonar-se a si mesmo, auto-engendrar-se e
reproduzir-se por metástases. E os frikis ou otakus são os títeres atrelados em
todo este processo. O universo “friki” é tribal. Suas tribos se definem de
acordo com as pautas do consumo. A mercancia cumpre a função de
proporcionar ao consumidor os elementos que expressam sua personalidade
e sua identificação tribal. Na terminologia de Baudrillard, as mercancias
produzem “sinais” flutuantes, artificiais e desencarnados. E estes sinais são
os que conferem sentido e identidade: a ideologia ou a religião desaparecem,
e não fica nada mais que o simulacro. É um universo “pseudo”, no qual só se
vive através das vivências imaginárias de seres imaginários.
Pode parecer um fenômeno a primeira vista inofensivo, mas naqueles
países onde se encontra em seu estado mais avançado – particularmente no
Japão – apresenta seu lado mais obscuro em forma de patologias
(desequilíbrios emocionais, autismo, dificuldades para distinguir
realidade/ficção, depressões) ou síndromes similares à drogodependência,
que afetam a um número crescente de pessoas. Talvez falte falar de uma
nova “espécie mutante”, uma espécie perdida numa hiper-realidade virtual,
alheia aos compromissos e às emoções da vida real. Mas, na realidade, trata-
se de “cidadãos modelos” do novo mundo do capitalismo global. São as
primeiras gerações de filhos da era do hiper-consumo. Não há perigo de que
este cidadão se faça demasiadas perguntas. Bastante terá com consumir e
trabalhar, trabalhar e consumir para satisfazer sua obsessão. Animações,
tiras, vídeo-jogos, aventuras galácticas, blocos de “lego” ou maquetes de
“madelmanes”, qualquer estupidez é reciclável e para o caso é o mesmo. A
acumulação de “gadgets” e mesmices constitui a carapaça protetora sob a
qual o “friki” constrói sua identidade. Não há consumidores tão compulsivos
como os meninos, e a essa lógica respondem as estratégias infantilizadoras
do capitalismo, com a conseqüente transformação de nossas sociedades em
imensas “ludotecas”.
Esta mentalidade é a que predomina entre os que vivem um mundo
completamente virtual diante de um computador, e que de repente se sentem
incapacitados de entender o mundo real que o cerca, pois este fere
completamente seus padrões de comportamento. Foi este mundo virtual,
assemelhado aos “freaks” ou “frikis” que foi sensibilizado para “agir” formando
o bloco chamado de “indignados”, fazendo-os sair ás ruas para promover
movimentos políticos e arruaças. Este movimento, “os indignados!”, causou
espécie pela forma singular com que foi arregimentado, Isto é, pelas redes
sociais da internet, mas não deixou de refletir que a mentalidade é a mesma
dos “freaks”.

O cinema, um dos maiores formadores de opinião pública


Hollywood é uma indústria que forja tipos humanos e matrizes de
opiniões que dissemina na sociedade.
Foi através dos filmes de “cowboy” das décadas de 30 em diante que
se disseminou pelo mundo o vício de fumar: em geral os galãs apareciam na
tela “pitando” orgulhosamente um cigarro, e isso despertava um certo
“machismo” entre os adolescentes.

44
Depois dos filmes de “cowboys” vieram os românticos mostrando as
mulheres fumando através de piteiras, pois para que as mulheres aderissem o
vício não parecia ser necessário certo feminismo, mas esnobismo social...
Os “escândalos” propositais, com atrizes encenando cenas sensuais,
de nu explícito ou de paixões desenfreadas, disseminam pelo mundo o
relativismo moral e propagam o “amor livre”: isso se iniciou na década de 60 e
se tornou comum nos anos seguintes. Nunca houve uma grande produção
cinematográfica sem uma cena amorosa e de beijo escandaloso, isso era
proposital para relativizar a moral do casamento e pregar o amor livre;
A partir da década de 70 mais um elemento se juntou na
cinematografia para corromper a sociedade: os filmes de guerra e de violência
policial se tornaram protuberantes. Com isso a violência ficou ainda mais
banalizada ... Vieram depois os filmes de “ficção”, criando na mente do
público simpatias por monstros, como o famoso ET; hoje, quase não há um
filmeco de desenho animado na TV em que não apareçam várias figuras
monstruosas mostradas sob aspectos de simpatia. Usam de uma técnica:
enquanto os desenhos infantis destinados a meninos sempre mostram
monstros e violências, os destinados a meninas mostram, pelo contrário,
princesas muito bonitas e bem arrumadas, com figuras bem atraentes e
simpáticas, mas com conteúdo inteiramente sensual. Isto é: para os meninos,
o feio e a violência: para as meninas, o belo e o sensual.
Por que o cinema tem tanta influência na formação das mentalidades?
É que, dentro dos enredos simpáticos, fica muito fácil a divulgação de
costumes, e é através dos costumes que se aprende e se mudam as idéias. É
comum se dizer: tal filme foi baseado em “fatos reais”. Essa expressão,
embora às vezes dita com exagero e até de forma mentirosa, tem grande
simpatia por revelar supostamente um costume social vivido pelo próprio
expectador. Ninguém atina para o fato de que o importante não é que a
história retrate um “fato real”, mas que sirva de bom ou mau exemplo. Uma
cena de um suicídio, embora possa retratar a realidade dos suicídios
cometidos na sociedade, simplesmente pode servir de incentivo a essa
horrível prática entre pessoas desesperadas. Da mesma forma, as cenas de
adultério, de amor livre e de violência podem representar certa realidade
social (sempre exagerada no cinema), mas nunca podem ser aceitas como
bons exemplos.
Antigamente, as peças teatrais serviam para disseminar certos maus
costumes na sociedade: hoje é o cinema, o qual supera os jornais, o rádio e a
TV na formação da opinião pública, sob alguns aspectos: o jornal apenas
informa e deturpa os fatos, a TV e o rádio têm uma miscelânea de programas,
mas um tanto difusos, enquanto que o cinema, por especializar-se
unicamente em costumes e modo de viver, o que mais forma as idéias e
comportamentos, deixa na opinião uma marca muito mais profunda do que os
outros meios de mídia.
O cinema e a internet: a última palavra em evolução tecnológica é a
divulgação de cinemas pela internet. Já que a TV é muito mista, tem de tudo,
a internet (que também tem de tudo, mas é elitizada) poderia ser uma opção
privilegiada, pois deixa os cinéfilos à vontade para assistir seus filmes
preferidos em casa sem se submeter à escolha direcionada dos canais de TV.
E, hoje como ontem, o cinema continua sendo o veículo que mais tem
formado a opinião pública em nosso mundo moderno.

45
10. Falsos profetas
Assim como antigamente, o mundo atual está repleto de falsos
profetas, alguns dos quais analisamos abaixo.

Sobre o poder que o demônio teria de profetizar assim falou Santo


Antão:
“Igualmente, a respeito das águas do rio, falam a torto e
a direito. Tendo constatado chuvas abundantes nas
regiões da Etiópia, e vendo que essa é a causa da cheia
do rio, antes que a água chegue ao Egito, correm na
frente e o dizem. Os homens também o diriam, se
pudessem correr como eles. Do mesmo modo como o
vigia de Davi, postado em lugar elevado, via mais
facilmente que um homem vinha do que quem estava
embaixo, e como o corredor anuncia a outros não o que
não existe, mas as coisas que estão em via de se
realizar e já realizando-se, assim vão anunciar e indicar
aos outros coisas futuras, mas é com a única finalidade
de enganá-los. Nesse meio tempo, se a providência
dispuser outra coisa a respeito das águas e dos
viajantes, o que ela pode fazer, os demônios mentiram,
e aqueles que neles creram foram enganados.
“Foi assim que se deram as adivinhações dos helenos e
que foram enganados outrora pelos demônios, depois a
ilusão se acabou. Porque o Senhor veio e reduziu à
impotência os demônios com seus artifícios. Por si
mesmos nada sabem, mas, semelhante a ladrões,
exibem o que vêem nos outros. Deve-se dizer que mais
conjeturam que prevêem. Aliás, quando dizem a
verdade, que ninguém os admira muito. Também os
médicos, da experiência que têm com os doentes, e
tendo em vista a mesma doença em vários, muitas

46
vezes predizem mediante conjetura, em virtude do
hábito. Ninguém dirá por isso que predizem mediante
inspiração divina, mas mediante a experiência e o
hábito. Portanto, quando os demônios falam por
conjetura, que ninguém os admire, nem dê atenção ao
que dizem. Qual é a utilidade em ficar sabendo por eles
as coisas futuras alguns dias antes que se realizem?
Qual a necessidade de sabê-las, ainda que possam
verdadeiramente conhecê-las? Esse conhecimento não
é nenhum instrumento de virtude nem de bons
costumes. Ninguém de nós será julgado por não saber
essas coisas, e nenhum se torna feliz por tê-las
conhecido e por sabê-las. Cada um será julgado a
respeito destes pontos: conservou a fé, guardou
fielmente os mandamentos? 10

Tornou-se comum no decorrer do século passado e no início deste se


ouvir o pronunciamento de algum "especialista" sobre temas da atualidade.
Em geral a mídia não dá a tais elementos o título de "profeta", talvez por
achá-lo anacrônico. O termo mais comum é o de "guru", filósofo, pensador,
analista, cientista, ou, simplesmente, “especialista”.
Um exemplo moderno temos no italiano "Toni" (ou Antonio) Negri, tido
como filósofo e "o mais debatido pensador da esquerda européia". Trata-se
de um criminoso, preso desde 1997, acusado de ter sido o mentor do grupo
terrorista "Brigadas Vermelhas" que assassinou o primeiro-ministro Aldo Moro
em 1978. Pois bem, tal "pensador" publicou um livro em 2000, com o título de
"Império", no qual o autor diz estabelecer nova terminologia para aquela
palavra, pela qual não mais são denominadas as nações que estabelecem o
império, mas uma "nova ordem" (diríamos um caos) em que são eliminados
os conceitos de nação, fronteira, raça, etnia, povo, etc.
Tal livro foi descrito pelo jornal "New York Times" como a "primeira
grande síntese teórica do novo milênio", pois trata da estrutura política que
sustenta o chamado mundo globalizado numa organização inteiramente
indiferente a nações, fronteiras, povos, raças, etc. Nesta perspectiva, os
Estados-nações não têm mais controle sobre movimentos de capital ou lutas
sociais. Nesta nova configuração o "império" não tem mais limites e nem se
circunscreve a um povo ou país.
No texto o autor insinua que o mundo capitalista ruiria após o
comunista, os EUA atacariam os países árabes, que lhe suscitaria maior ódio
em todo o mundo e terminaria por causar-lhe uma bancarrota financeira e
política. Segundo o autor, os americanos não têm recursos suficientes para
manter a guerra contra o Iraque, e isto está sendo feito pelas organizações
deste imaginado "império" extra-nacionalista e globalizado... (v. "Folha de
São Paulo", 30.3.2003 - fl. A 26)
Como se sabe, a URSS sucumbiu e caiu o muro de Berlim, símbolo da
divisão dos dois mundos, capitalista e comunista. Faltou cair o mundo
capitalista, representado pelos EUA, e para tanto teria de haver uma
catastrófica recessão.
10
Vida e Conduta de Santo Antão” – de Santo Atanásio – Ed. Paulinas, 1991 – págs. 44/46

47
Vários “profetas” passaram então a prever o que viria depois, que tipos
de sociedades os homens construiriam após o fim da "guerra fria” e do
suposto fim do comunismo. O americano James Dale Davidson e o inglês
William Reesmogg, ambos financistas, publicam o livro “The great reckoning”
(O grande ajuste de contas), onde afirmam que o mundo estaria a caminho de
uma grande recessão, uma catástrofe social como poucas já registradas na
história. Grandes companhias, bancos e instituições poderosas, vão falir uma
após outra. O desemprego será maior do que em qualquer outra época, e os
mais privilegiados terão de abandonar as grandes metrópoles em busca de
segurança. O uso de certas drogas será legalizado para conter a explosão
social, e o islamismo substituirá o marxismo como desafio ideológico. “O
Grande ajuste de contas” prevê, ao final de tudo, um mundo melhor do que o
atual para os sobreviventes da catástrofe.
Outro “profeta” é o francês Pierre Lellouche, conselheiro do ex-prefeito
de Paris, Jacques Chirac, especialista em questões estratégicas. Segundo
ele, com o fim da “guerra fria”, não prevalecerá uma nova ordem Norte-Sul,
mas uma desordem mundial que poderá durar até três décadas. Revoluções
nas antigas repúblicas soviéticas, ameaça nuclear de países islâmicos contra
a Europa, etc. Enquanto isso, prolifera nos Estados Unidos a construção de
residências subterrâneas, dando a impressão a muitos de que o futuro será a
volta para as cavernas e ao nomadismo. Tudo isto indica que estaríamos
caminhando para o caos.
O jornal “L’Express”, de 13.11.91, publica entrevista de Jacques
Séguela, presidente de instituto de pesquisa dos costumes, no qual o mesmo
prevê brevemente o fim da chamada “sociedade de consumo”, fruto da
ecologia e da preocupação de preservação do meio ambiente.
O grego Cornelius Castoriadis, filósofo radicado na França desde 1945,
também faz suas previsões. Seu pensamento está contido nos livros
“Socialismo ou Barbárie”, “Os Destinos do Totalitarismo”, “A Instituição
Imaginária da Sociedade” e “As Encruzilhadas do Labirinto”, mas pode-se
resumir no seguinte: com o agravamento do caos na URSS e no Ocidente,
surgirá então um mundo autogovernado de coletividades autônomas. O
filósofo disse que há uma minoria que já trabalha neste sentido, e que a
palavra-chave é despertar o público da apatia e esperar que cresça a
saturação pela sociedade de consumo. Está proclamado que o futuro da
humanidade é a autogestão, e isto caminha para as conclusões filosóficas do
indigenismo, do autoctonismo, conforme apregoam os estruturalistas.
Depois da segunda guerra contra o Iraque, a mídia deu ênfase ao
escritor francês Emmanuel Todd. Ocorre que referido historiador e demógrafo
havia publicado um livro na década de 70, "La Chute Finale" (A Queda Final),
onde o mesmo previra a previsível ruína do império soviético. Decorridos mais
de 30 anos, o autor publica agora outra obra: "Após o Império: Ensaio sobre a
Decomposição do Sistema Americano", que vem conquistando a lista dos
mais vendidos em vários países europeus, editado em 2002, mas já traduzido
para mais de 11 idiomas. Seguindo a corrente de "profetas" modernos, ele
também prevê a ruína do império econômico dos Estados Unidos.
Emmanuel Todd especializou-se em previsões. Nos anos 90 havia
publicado outro livro profético, intitulado "A Ilusão Econômica", onde critica a
globalização da economia e a União Européia, prevendo o fracasso desta

48
última. Isto vem lhe aumentando o prestígio como analista seguro de eventos
futuros no mundo. (v. "Folha de São Paulo", 13.07.2003).
Assim como existem os que preveem o futuro da sociedade humana
em sua forma política e social, há também aqueles que falam sobre
mudanças na própria estrutura genética, como o cientista britânico Martin
Rees. Dedicado à astronomia, pertencente à Royal Society e do King's
College da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, publicou um livro
com o título "Our Final Hour" (Nossa Hora Final). O autor critica no livro os
perigos que a alta tecnologia pode causar ao mundo contemporâneo. Se
sobrevivermos a nós mesmos e às nossas máquinas cada vez menores e
mais perigosas, temos um encontro marcado com um sombrio futuro "pós-
humano". No subtítulo de capa o autor deixa entrever qual o objetivo de seu
livro: "Alerta de um cientista: como terror, erro e desastre ambiental ameaçam
o futuro da humanidade neste século - na Terra e além".
O maior perigo que o autor chama a atenção é para a guerra
biotecnológica e o que ele chama de "nanotecnologia" (o que seria o mesmo
que pequenas tecnologias ou microtecnologias). Desta forma seria possível
se construir armas de pequeno porte tão letais quanto às nucleares instaladas
nas ogivas de foguetes. As novas tecnologias poderão concentrar poderes
excepcionais não somente em pequenas nações mas até mesmo em um só
indivíduo, conduzindo à derrocada da civilização.
Caso o homem consiga suplantar todas estas ameaças e sobreviva,
estarão abertas as portas para a transmutação da espécie. A seleção natural
daria lugar à manipulação genética artificial. Implantes biônicos conectados
ao cérebro humano poderiam, em tese, ampliar as habilidades existentes e
até mesmo favorecer novas faculdades. Seriam novas características
genéticas que o homem adquiria na era "pós-humanidade", talvez adquiridas
até mesmo em colônias espalhadas pelo espaço cósmico, caso a terra fique
inabitável.
O autor resume o início deste processo com a possibilidade de 50%,
admitida por ele, de haver ainda neste século uma hecatombe de destruição
em massa. ("Folha de São Paulo", 25.05.2003, caderno "Mais!").

49
11. Direitos humanos ou
divinos?
O homem deve em princípio procurar primeiramente respeitar os
direitos divinos. Cumprir os dez mandamentos seria o início, pois é a lei
básica de Deus. Mas, o próprio Direito Natural deve reconhecer outras
obrigações dos homens para com Deus. Não de uma forma individual, mas
coletiva.
Assim, todos os povos devem estabelecer em suas leis básicas que
Deus é o nosso Criador e a Ele devemos obediência e servidão. O
reconhecimento é pouco: as leis deveriam colocar todos os povos a serviço
de Deus. Reconhecê-Lo como Rei Universal de todos os povos, entronizar o
Sagrado Coração de Jesus em todas as nações, seria, por exemplo, o ponto
de partida. Mas, em seguida, todas as nações em uníssono devem
reconhecer como direito de Deus que todos sigam à Sua Religião, que Ele
mesmo veio á terra e fundou. Se todos reconhecessem antes de tudo os
direitos divinos, é evidente que como conseqüência seriam respeitados os
direitos humanos. E é o que não ocorre atualmente...
Dir-se-ia, pela propaganda que se faz, que o século XX foi apanágio da
defesa dos direitos humanos. Nota-se, no entanto, que nunca se violou tanto
os direitos da pessoa humana, nunca houve período histórico em que tais
direitos fossem tão ultrajados e desrespeitados. Para começar, o Comunismo
simplesmente baniu, de uma vez, com os sagrados direitos mais elementares,
como o direito à vida (seja através das execuções sumárias ou mesmo dos
abortos em massa), o direito de propriedade (expropriação de todos os bens
dos cidadãos para o Estado) e o direito à liberdade, (ir e vir para onde se
quiser sem permissão do Governo). Com o regime comunista nada disto
existe, conforme podemos constatar nas observações feitas pelo Prof. Plínio
Corrêa de Oliveira, em obra publicada em novembro de 1987:

“Tanto esta quanto aquela constituem condições


indispensáveis da sanidade de qualquer sistema social
ou econômico. E, a quem contestasse a presente
afirmação, bastaria lembrar, simplesmente, a trágica
experiência comunista das nações detrás da cortina
de ferro.
“Ora, diversificam-se estas, como que ao infinito, na
imensa área de 22.400.00 km2 da chamada “União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas” (URSS), a qual
abrange condições geográficas e climatéricas que vão
de um frio implacável até um calor difícil de suportar.
Ademais, nessas vastidões se radicam povos com raças,
religiões, hábitos e idiomas dos mais diversos. E, como
se sabe, tal diversidade de circunstâncias é fator
propício a todas as experiências. Pois o que não der
resultado favorável aqui ou lá, bem pode dá-lo acolá.

50
“Acresce que a autoridades comunistas dispuseram
constantemente, para a execução dessa experiência
ideal, de todos os meios de mando... excetuada a força
moral. Tiveram eles ao seu alcance todos os recursos de
uma burocracia onipotente, da força persuasiva da
totalidade dos estabelecimentos de ensino primários,
secundários e universitários, de todas as formas de
propaganda escrita e falada, e, “horresco referens”, de
todos os meios de intimidação policialesca. Nesta
matéria, nada lhes faltou. As câmaras de tortura das
repartições policiais, a residência com trabalhos
forçados nas geleiras infindas da Sibéria, a detenção em
prisões com sevícias, maus tratos, subnutrição e tudo
mais que possa danificar física e mentalmente o homem,
tudo tem sido utilizado pela tirania soviética contra um
número incontável de desgraçados. Ao que cumpre
acrescentar, como ápice da crueldade, o internamento
compulsório em “hospitais psiquiátricos”, nos quais se
leva a crueldade a ponto de destroçar a saúde mental
dos seus “enfermos”, sem lhes danificar diretamente a
saúde física: modo atroz de prolongar pobres existências
humanas, em circunstâncias nas quais a vida não é
senão um intérmino sofrer.
“Reunidas durante sete décadas, isto é, quase um
século, todas essas condições de mando, de persuasão,
de compressão e de terror, tudo puderam os autocratas
vermelhos. Tudo, sim, exceto obter a adesão da maioria
da população, bem como produzir prosperidade em
qualquer região ou grupo étnico postos sob sua férula.
“Implantado na Rússia o regime comunista, a desolação,
o desestímulo, a miséria se estenderam como um manto
sobre essa nação-cárcere – a maior de toda a História –
cujos habitantes são condenados a uma reclusão
inflexível por detrás da cortina de ferro, tornada
peculiarmente efetiva pelas rajadas de metralhadora
contra os que tentassem fugir. E pela aplicação de
penalidades sinistras aos familiares dos trânsfugas, que
estes tivessem sido forçados a deixar atrás de si,
quando da despedida pungente e apressada, rumo à
aventura e à liberdade.
“E, por isto, em documento da Congregação para a
Doutrina da Fé, assinado pelo Cardeal Ratzinger,
Prefeito daquele Dicastério romano, e aprovado
explicitamente por João Paulo II, lê-se: “Milhões de
nossos contemporâneos aspiram legitimamente a
reencontrar as liberdades fundamentais de que estão
privados por regimes totalitários e ateus, que tomaram o
poder por caminhos revolucionários e violentos,
exatamente em nome da libertação do povo. Não se
pode desconhecer esta vergonha de nosso tempo:

51
pretendendo proporcionar-lhes liberdade, mantêm-se
nações inteiras em condições de escravidão indignas do
homem. Aqueles que, talvez por inconsciência, se
tornam cúmplices de semelhantes escravidões, traem os
pobres que eles quereriam servir” (Instrução sobre
alguns aspectos da “Teologia da Libertação”, 6-8-84, XI,
10 – Coleção Documentos Pontifícios, Vozes, Petrópolis,
1984, 2ª ed., vol. 203, p. 39)11

Estas mesmas expressões aquele purpurado usou em sua obra


"Rapporto sulla Fede", publicada algum tempo depois. (Edizioni Paoline,
1985, p. 201).
Em geral, antes do Comunismo se instalar num país, protegia-se o
trabalhador com a jornada máxima de horas de trabalho no dia, salário
mínimo, assistência à maternidade, seguro contra acidentes, descanso
remunerado, licença por enfermidade, férias anuais, abono de Natal,
irremovibilidade, aposentadoria, etc. Havia até participação nos lucros em
algumas empresas.
O Comunismo ao aboletar-se do poder, suprime todas as regalias
operárias, como a jornada máxima de trabalho, reduz os salários, institui o
"trabalho voluntário", sem remuneração, que é uma forma mal disfarçada de
trabalho escravo. Isto existe e existiu em todos os países dominados pelo
credo marxista, numa afronta clamorosa aos chamados direitos humanos, de
que tanto se jactam os ideólogos das benesses do século XX.. E o direito
individual mais violado nestes países é o direito à vida, quando milhares ou
milhões de pessoas são sumariamente executados, em processos
sumaríssimos de tribunais revolucionários.

“A Rússia espalhará seus erros pelo mundo...”


Não é só no regime comunista que os direitos mais elementares do
homem são violados. Tem crescido no mundo todo uma corrente que defende
a eutanásia como um “direito” do doente em acabar com sua vida. Nos
Estados Unidos, um médico resolveu até criar uma máquina de suicídio,
chamada Kekorkian, que era seu próprio nome. Kekorkian ficou famoso com o
título de "Doutor Morte". Com esta máquina diabólica, o referido médico tirou
a vida de inúmeras pessoas, até que um dia a justiça o proibiu e o incriminou.
Debate-se hoje sobre a liceidade da ação daquele médico.
Vários casos de eutanásia compulsória, isto é, sem o consentimento da
vítima, registraram-se no mundo. O pior de todos foi o do médico inglês, Dr.
Harold Shipman, também chamado "Doutor Morte". Aquele médico
assassinou friamente, de forma sistemática, 215 pessoas num período de 23
anos. Os crimes de Shipman normalmente ocorriam quando ele ia examinar
um paciente idoso na residência deste. "Durante a consulta, ele matava o
paciente. Após a morte, ele agia de maneiras diferentes e oferecia diversas
explicações distintas para o ocorrido", declarou a juíza que o condenou á
prisão perpétua. (FSP, 20.07.2002).
Outro caso que assombra e desnorteia as pessoas de bem ocorreu
com um médico norte-americano Michael Swango, cognominado o "Dr. Mal".
11
“Projeto de Constituição Angustia o País” – Plínio Corrêa de Oliveira - Ed. Vera Cruz Ltda –
p. 9

52
Referido médico foi acusado formalmente de executar friamente várias
pessoas, a maioria envenenadas. Declarou mesmo que "era fascinado por
ferimentos e mortes, por traumas múltiplos". Solto pela justiça americana por
não ter provas suficientes para uma condenação, procurou o referido médico
exercer sua profissão na África. Lá, continuou a praticar uma série de
assassinatos. Descoberta sua ação criminosa no Zimbábue, transferiu-se
para Zâmbia. Como necessitava de atualizar seu passaporte, voltou aos EUA
onde foi novamente preso. Foi encontrado um caderno do assassino, onde
constavam as seguintes frases: "Quando mato alguém é porque quero. É a
única maneira que tenho de me lembrar que ainda estou vivo", e outra dizia
"Adoro o cheiro forte, doce e sufocante de um homicídio entre quatro
paredes". Foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato de dezenas de
pessoas, tanto nos EUA quanto na África.
Hoje em dia, não parece ser muito diferente o comportamento de
muitos outros médicos que trabalham em hospitais: simplesmente eliminam
as vidas humanas que causam estorvos, em geral velhos e doentes que lhe
dão trabalho. Não há estatísticas nem registros de tais casos porque a
maioria dos hospitais ou clínicas acobertam os crimes sob o pretexto de uma
repugnante "ética profissional". É comum os médicos fazerem esta afirmação
para os familiares de doentes idosos: "ele (ou ela) já está na idade de
morrer"...
Outras questões relativas aos direitos humanos assombram o mundo
moderno. Em junho de 2002 a imprensa divulgou relatório do Governo
americano sobre tráfico humano, onde se constata que anualmente mais de 4
milhões de seres humanos são vítimas do referido tráfico em todo o mundo.
Até mesmo nos Estados Unidos o fato ocorre, onde se supõe que mais de 50
mil pessoas foram vítimas de tal tráfico. Estão incluídos aí a prostituição de
moças e a exploração de pessoas em trabalhos forçados. Embora de
natureza diferente, referido tráfico é comparável ao da antiga escravidão.
O secretário de Estado americano, Colin Powel, declarou: "Nessa
forma moderna de escravidão, conhecida como tráfico de pessoas, os
traficantes usam ameaças, intimidações e violência para forçar suas vítimas a
manter atos sexuais ou a trabalhar sob condições comparáveis à escravidão
para a obtenção de ganhos financeiros" (FSP, 06.05.2002).
Um dos países onde referida escravidão é mais escandalosa e
ostensiva é na China continental: as pessoas são castigadas com a obrigação
de trabalho gratuito por vários anos, caso não concordem com o comunismo
instalado lá. Empresas capitalistas de grande peso instalam-se na China,
fazem consórcio com o governo comunista (as chamadas "Joint-ventures"),
onde o mesmo fornece para elas referida mão-de-obra, ou gratuita ou muito
barata. São milhões de seres humanos que vivem numa condição indigna,
como verdadeiros escravos do Estado comunista. Apesar disto, o Governo
americano continua mantendo relações normais com o governo chinês, e o
relatório acima referido nem sequer menciona a China como o país onde o
tráfico humano é mais intenso e oficial.

53
12. Natalidade, controle que
envelhece as nações

A partir da década de 60, mais ou menos, se começou a propagar no


mundo os métodos artificiais anti-natalistas. O pensamento se resume mais
ou menos no seguinte: existe muita pobreza e miséria no mundo, e isto é
decorrente das famílias numerosas. Assim, se cada casal tiver apenas um ou
dois filhos, nada mais, teria então melhores condições de criá-los e haveria
menos pobreza e miséria. Baseado neste sofisma, os governos passaram a
estimular tal controle, a começar pelos povos ricos da Europa.
Os processos de contracepção variam de um país para outro, ou de
uma cultura para outra. Nos países ocidentais prefere-se os processos mais
científicos ou mais racionais, como preservativos ou pílulas. Outros, porém,
simplesmente legalizam o aborto e permitem que milhares ou milhões de
bebês sejam assassinados ainda nos ventres das mães. Alguns usam
também o método de esterilização, seja do homem, seja da mulher Na
década de 70, a Índia foi acusada de mandar fazer esterilização em massa da
população, oportunidade em que aplicou uma droga nas mulheres dizendo
que era uma vacina.
Nos países muçulmanos, a esterilização de mulheres é feita de uma
forma ainda bárbara e desumana. Trata-se da simples mutilação do órgão
genital, o que eles chamam de "circundação" feminina. A cada dia, cerca de 6
mil mulheres são assim mutiladas em pelo menos 28 países, num total de
mais de 2 milhões anuais. Os circundadores usam, sem anestesia, tesouras,
cacos de vidro, lâminas e facas. Cerca de 15% das mulheres morrem em
decorrência de hemorragias ou infecções ocorridas durante o ato. Em
algumas regiões são colocadas na ferida cinzas ou fezes de animais para
estancar o sangramento. (FSP, 18.11.2001).
No Brasil, as esterilizações são feitas também em massa. Geralmente,
quando uma mãe tem o segundo o filho o médico lhe pergunta: "vai ligar?".

54
Não só pergunta, mas instrui e orienta a jovem mãe sobre as vantagens da
ligação de trompas, uma esterilização que pode ser permanente ou
temporária. Alguns políticos promovem tais ligações em hospitais públicos
para aquelas pobres que não podem pagar. Outros já vão mais além:
promovem a simples extirpação do útero, mutilando a mulher pelo resto da
vida. Tais esterilizações chegaram a tão grande número que motivou a
inclusão de dois artigos no Código de Ética Médica, o 43 e o 46, disciplinando
os casos previstos em lei, e o CREMEB da Bahia teve que publicar a portaria
258/03, de 11.03.2003, expondo à classe médica quais os procedimentos
exigidos por Lei para que se procedam a chamada esterilização cirúrgica.
Este alerta à classe médica parece mais um lance hipócrita, objetivando fazer
com que os executores de tais crimes possam se defender mais eficazmente
caso sejam acionados pela Justiça...
Pois, embora nunca se consiga comprovar, de uma forma documental
e completa, esta prática, sabe-se que médicos ou hospitais famosos praticam-
na sem qualquer escrúpulo. As pessoas envolvidas nunca se prestam a
testemunhar que foram vítimas de um embuste ou de uma orientação
maldosa do médico. Assim, os extirpadores de úteros ou esterilizadores de
mulheres e homens ficam numa cômoda posição, nada sofrem pela sua
prática criminosa... Dizem apenas que fizeram tal operação porque o casal,
ou apenas a mulher, "optou pelo controle da natalidade ou planejamento
familiar", declaração obrigatória e fácil do médico colher junto a pessoas
incautas e às vezes ignorantes. Enquanto isso, o tal "planejamento familiar"
cada vez mais cresce, e o Brasil cada vez mais diminui...
Em 1950 o Brasil tinha uma média de 6,2 filhos por família, caindo para
4,4 em 1980 e para 2,3 no ano 2000. Nesta progressão inversamente
proporcional, não demora que cheguemos a zero e passemos a nos constituir
de uma população de velhos, como já ocorre na Europa.
O que se vê lá hoje é uma catástrofe mundial. Em quase todos os
países europeus não se vê mais crianças nativas pelas ruas, e quando as há
geralmente são oriundas de estrangeiros. A taxa de natalidade diminui
assustadoramente. Em alguns países, é um pouco acima de 1 filho por casal.
Na Itália, por exemplo, o índice de nascimento é de 1,2 filho por casal, o que
vem causando situações constrangedoras. Alguns prefeitos de pequenas
cidades italianas, como o de Laviano, estão concedendo prêmio aos pais por
cada filho que nasça na cidade. É que a população está diminuindo e
somente com um prêmio (10 mil euros, cerca de 36 mil reais!) os casais
poderão ser estimulados a ter filhos. Laviano em 1970 tinha 3 mil habitantes,
e no ano 2003 contava apenas com 1.600 pessoas, quase a metade. (v.
“Folha de São Paulo”, 2.12.2003, A-10)
Resultado: referidos países se vêem de repente cheios de velhos e
sem a força dinamizadora da infância e da juventude. O exército alemão já
recruta jovens entre os estrangeiros que residem no país, pois os nascidos na
Alemanha, filhos de alemães, cada vez ficam mais raros. A tal ponto chegou a
falta de jovens que algumas seleções de futebol europeias buscaram no
exterior os atletas que não encontram entre os filhos naturais. Na China, onde
há uma lei que pune os pais que têm o segundo filho, houve um recuo recente
liberando os casais para terem pelo menos até dois filhos e nada mais: o
motivo alegado é o envelhecimento da população que causa prejuízos ao
progresso do país.

55
O problema da queda da natalidade afeta até mesmo a nação judaica,
que necessita de braços jovens para se manter em meio a um mundo árabe
superpovoado e prolífero em filhos. Segundo estudo da Agência Judaica, de
Israel, a população árabe na Palestina vai suplantar a judaica no ano 2020.
De outro lado, diminui também a população de judeus em todo o mundo.
Enquanto em Israel a população aumentou por causa da chegada de
imigrantes, no mundo todo houve um decréscimo de cerca de 2,2 milhões de
judeus. Um dos exemplos é a população judaica nos Estados Unidos, a
maior do mundo, que tinha 5,5 milhões em 1990 e em 2002 conta apenas
com 5,2 milhões de habitantes. (FSP 4.12.2002).
O Brasil, tido como país em desenvolvimento, também caminha a
passos largos para este despenhadeiro social. Em pouco mais de dez anos, a
população de velhos aumentou quase o dobro em proporção com a dos
jovens. Nossa taxa de natalidade vai caindo, as pessoas vão ficando velhas,
vão nascendo poucas crianças e o resultado é que, dentro de alguns anos,
faltarão braços fortes para o trabalho, o serviço militar e até para a prática do
esporte. Como o governo conseguirá manter a Previdência oficial, com muita
gente para receber aposentadoria e pouca para trabalhar e produzir a receita
necessária?

As declarações acima mostram bem que tipo de mentalidade predomina hoje

Avanço do aborto e do infanticídio


E hoje as práticas abortivas tornaram-se um crime de alarmante e
trágica catástrofe que toma conta do mundo. Em diversos países, como China
e Índia, são eliminadas milhões de inocentes ainda no ventre de suas mães.
Até já se deixou de divulgar estatísticas sobre o assunto, pois o clamor que
havia antigamente contra o aborto aos poucos vai se arrefecendo, e as
pessoas vão se acostumando com isso como a coisa mais natural do mundo.
Que destino aguarda, porém, as crianças que nascem? Aos poucos foi
se disseminando a cruel prática das mães abandonarem seus bebês recém-
nascidos: algumas na porta de alguma casa, outras no meio da rua, mas
também existem vários casos das que os abandonam num leito de um rio ou
até mesmo no lixo!
56
De tal forma este crime tornou-se freqüente nos Estados Unidos da
América que foi criada em 1999 a “Lei de Entrega Segura de Bebês” no
Estado da Califórnia, pela qual é permitido aos pais evitar um processo
judicial por abandono dos filhos se deixarem os recém-nascidos com
funcionários de pronto-socorros ou em outros locais predeterminados, como o
Corpo de Bombeiros. Depois da Califórnia, outros 47 estados americanos
editaram leis semelhantes.
No entanto, alguns opositores da lei alegam que ela está incentivando
algumas mães a abandonar seus bebês, o que não fariam se não houvesse
esta garantia de impunidade legal (v. “Isto é”, de 27.9.2006, pág. 119).

57
13. Crimes genéticos, também
é apanágio de nossa época
A ciência criou na mentalidade do homem moderno a concepção de
que tudo pode fazer, tudo pode resolver com suas experiências mirabolantes.
E a ciência genética entrou por caminhos cada vez mais obscuros e
maléficos. Começaram a fazer tais experiências com animais, como sempre,
para depois passar para as pessoas humanas. De simples cruzamentos de
espécies se passou para a geração espontânea de novos seres, de novas
"espécies", tudo feito em laboratórios com a manipulação de células e
fórmulas científicas.
A técnica chamada de "clonagem" de animais progrediu tanto que já se
fala em fazer o mesmo com seres humanos. Muitas experiências genéticas
foram condenadas, mas porque inicialmente eram feitas pelos nazistas (como
ocorreu com o médico Mengele). Hoje, com a assombrosa liberdade que os
governos dão a tais cientistas, referidas experiências tornaram-se rotineiras.
Muitos deles recebem subvenção de governos e da própria ONU para realizar
seu trabalho. Assim, criam medicamentos abortivos ou contraceptivos;
fertilizam mulheres por processos artificiais (chamado "in vitro"); realizam
experiências com fetos humanos, de onde extraem substâncias que
comercializam, etc. No final de 2002 uma seita que se diz "vinda de outro
planeta" anunciou haver clonado um ser humano. Os cientistas afirmam que
trata-se de um falso anúncio. Ora, se é falso porque teve tanta publicidade na
mídia? Então uma notícia de tal gravidade e importância é divulgada aos
quatro ventos do mundo sem que se saiba se é verdadeira? Será que ela não
foi propagada exatamente para se testar a opinião pública, para ver que tipo
de reação os homens ainda têm perante tais notícias?

58
Pode-se conjecturar, a estas alturas, se não estamos prestes a ver
surgir entre nós a entidade imaginada e celebrizada no famoso romance
“Fausto”, de Goethe, o “Homúnculo”. Trata-se de um “ser” humano que os
antigos feiticeiros pretendiam fazer criar, ou gerar, sem corpo, sem peso e
sem sexo, mas dotado de um cérebro superdotado. Goethe imaginou a
criação do “homúnculo” a ser produzido artificialmente em laboratório pelos
personagens Fausto e Wagner. O tal “homúnculo” teria a capacidade de tudo
ver, inclusive os sonhos e pensamentos mais recônditos dos homens, mas
seria incompleto, porque não teria o poder de amar e nem teria consistência e
plenitude física. Tratar-se-ia de um homem de proveta, feito em laboratório,
exclusivamente constituído por cérebro e espírito e dotado de grande poder
psíquico. Tal seria a capacidade criadora do homem moderno para conseguir
tal feito se não tivesse também a participação do demônio e a permissão de
Deus... os cientistas de hoje seriam os feiticeiros de Goethe usando técnica
atualizada.

59
14. Prostituição e
pornografia em escala
mundial

Nunca a prostituição e a pornografia, com seu séquito de misérias


afins, como a droga e o crime, estiveram num estágio tão avançado no
mundo. Em nenhuma época histórica anterior se chegou ao ponto de hoje.
Nem nos tempos antigos, nos povos decadentes pagãos da era antes de
Cristo, nem tampouco entre os romanos ou gregos, onde se vendiam
mulheres em lugares públicos, se chegou a uma prática tão generalizada da
prostituição, acrescentando-se a pornografia que antigamente praticamente
inexistia. Um exemplo histórico mais característico da prostituição nos tempos
antigos é a que ocorria na cidade de Pompeia, destruída pelo vulcão Vesúvio:
aquela cidade vivia unicamente em função da prostituição praticada pela elite
romana. Hoje, o que ocorria apenas numa cidade do império romano,
prolifera-se em toda a face da terra.
De toda parte se ouve falar em notícias alarmantes a tal respeito. Não
só dos países tidos como subdesenvolvidos ou em crescimento, mas também
dos evoluídos países da Europa e dos Estados Unidos da América e do
Canadá. Aliás, a contravenção praticada nesta área parte sempre de
europeus e americanos, os quais visitando turisticamente outros países
menos desenvolvidos, se verem livres para a prática desta corrupção moral. É
lá também que mais circulam livremente as revistas especializadas em
nudismo e sexo explícito, despertando em seus leitores as mais ignominiosas

60
fantasias de orgias sexuais... que serão praticadas em países pobres porque,
hoje em dia, o dinheiro pode tudo... ou quase tudo.
A tal respeito é ilustrativa a notícia estampada pelo jornal “Folha de
São Paulo”, de 19.02.2004. Uma missão especial da ONU encarregada de
estudar a exploração sexual de crianças e adolescentes, diz que
“testemunhou horrores ao visitar o Brasil em novembro do ano passado...
Segundo o relatório, de 100 mil a 500 mil crianças são exploradas no Brasil...”
Mas, tais explorações são feitas por estrangeiros em visita ao país.
Continua a notícia: “Um dos problemas que também contribuem para o alto
grau de exploração no país, é o turismo sexual, com a imagem do Brasil
“sempre associada a estereótipos de jovens mulheres, a maioria afro-
brasileiras, retratadas seminuas em catálogos para passar a mensagem de
que aventuras sexuais exóticas podem ser realizadas” durante a viagem.
“Nesse ponto, o relatório das Nações Unidas cita o Carnaval, que
começa no final de semana, como um “estimulante do turismo sexual”... As
rotas nacionais e internacionais de tráfico de mulheres, crianças e
adolescentes são outro ponto levantado pela missão especial. O estudo fala
em 241 rotas no total, com rumo a dez países, e aponta a Espanha como o
principal desse “comércio”.
Chegamos ao ponto de surgir uma nova modalidade de corrupção
moral, chamada de “pedofilia”, que é a prática de prostituição sexual com
crianças. Causando revolta nas populações ainda praticantes da boa moral, é
mal combatida por autoridades, as quais usam apenas o recurso de punir e
expor à execração pública os culpados de tais crimes. No entanto, descuram
de combater as verdadeiras causas de tais abominações, que é a
assombrosa liberdade sexual concedida aos órgãos de imprensa, como as
revistas especializadas, ao cinema e à TV imorais, e, principalmente, à
internet promíscua e pornográfica. É claro que se não houvesse estímulos
para excitar as taras ou manias sexuais, estas seriam em bem menor
intensidade, menos freqüentes.
E esta prática criminosa é livre entre muçulmanos, onde é comum
realizar-se casamentos entre adultos e crianças. E muitas desgraças têm
ocorrido. Uma delas foi com uma menina de 8 anos, no Yemen, chamada
Rawan, que faleceu ao ser praticamente estuprada na noite de núpcias com
seu “esposo” de 40 anos de idade, conforme noticia o diário el diario kuwaití
Al Watan. Algumas destas miseráveis fogem para não ser violentadas tão
inocentes ainda, como ocorreu com uma outra de 11 anos, também no
Yemen, que afirmou preferir a morte a se casar tão jovem. Uma organização
dedicada a combater tais abusos, chamada “Seyaj”, denunciou que, no
mesmo país, uma pequena de 12 anos faleceu no parto, por ser tão
prematuro e de alto risco em tal idade.

61
15. Abominações do século
XXI
Passado apenas pouco mais de uma década de novo século, e novo
milênio, já avulta demasiadamente no mundo as abominações. E são tantas
que ninguém consegue reuni-las facilmente num livro, num documentário, ou
o que seja. Da mesma forma que a prostituição e a pornografia, nunca houve
época história anterior em que houvesse mais abominações do que em nosso
tempo. Reproduzimos abaixo algumas delas, que causaram pasmo e arrepio
nas populações onde ocorreram.

C a so 1
Estupro como “presente de aniversário”

Notícia veiculada pelos jornais e TVs e reproduzida em sites:


Estupro de mulheres no município de Queimadas/PB era ‘presente’ de
aniversário
O chocante crime, com seqüestro e estupro, que resultou na morte de
duas mulheres na madrugada deste domingo (12), no município de
Queimadas, região do Agreste paraibano, foi um “presente” de aniversário.
Luciano Pereira dos Santos estava comemorando aniversário e seu
irmão, dono da casa onde aconteceu a festa, escolheu o seguinte presente
para o irmão: seis mulheres. Eduardo Pereira dos Santos, irmão de Luciano,
convidou as meninas para a festa e alguns amigos.
Num determinado momento, a casa é invadida por um grupo de
bandidos encapuzados e armados, eles separam os homens e as mulheres.
Nesse momento, Eduardo e Luciano se vestem como os bandidos e vão até o
quarto onde estavam as moças, eles estupram seis das oito mulheres
presentes na festa. No momento em que Michele Domingos da Silva, de 29
anos, e a professora Isabela Jussara Frazão Monteiro, de 27 anos, eram
violadas, uma delas reagiu e conseguiu tirar a máscara do agressor,
revelando ser o próprio amigo dela.
Por reconhecer o estuprador, Michele e Isabela foram levadas em um
carro junto com a quadrilha, uma delas pulou do carro em movimento, mas a
quadrilha voltou e assassinou a jovem, em frente a uma Igreja. A outra foi
encontrada num sítio, nua e morta.
Eduardo e Luciano foram ao velório das moças e choraram ao lado das
famílias, mas foram desmascarados e a polícia os prendeu, ali, na frente de
todos. Outros oito rapazes também foram presos, incluindo menores de idade.
Respondendo ao interrogatório policial, Eduardo disse que o plano foi
de um colega dele, Jardel. “Ele disse que queria pegar as meninas, mas não
ia matar elas. Quando eles invadiram a casa me agrediram, bateram em
mim”, Eduardo admitiu que as agressões eram um disfarce para não levantar
suspeitas de que ele estava envolvido.

62
A polícia ainda questiona o fato da namorada e da cunhada de
Eduardo não terem sido violentadas. “Isso fazia parte do acordo?”. “Não, não
sei porque”. Segundo Eduardo, Jardel é um rapaz que cuidava do seu cavalo.
A polícia questiona porque ele não chamou logo a polícia. “Com medo”.
Todos os presos serão enquadrados, no mínimo, por formação de
quadrilha, três vão responder pelo estupro e um pelos assassinatos. Além de
todos serem cúmplices do crime.
Fonte: http://lvemfoco.blogspot.com/2012/02/estupro-de-mulheres-no-
municipio-de.html

C a so 2
Mulher morre “cozinhada” em seminário “new age” no Canadá

TORONTO, (ACI/EWTN Noticias).- Uma mulher canadense morreu


vítima de hipotermia (aumento patológico da temperatura do corpo) durante a
prática de uma “terapia” de auto-ajuda de uma seita “New Age”.
O suposto exercício, denominado “morrer em consciência”, obrigou a
Chantal Lavigne, de 35 anos, a passar nove hora suando copiosamente,
coberta de lodo e envolta em plástico e mantas.
Segundo explicaram os órgãos de imprensa americanos, Lavigne foi
eventualmente transportada em estado de inconsciência a um hospital, com
uma temperatura corporal de 40,5 graus centígrados, 3 além do normal. E
faleceu no centro médico algumas horas depois.
Apesar da morte, a organizadora do evento, Gabrielle Fréchette,
continua oferecendo cursos de auto-ajuda, e afirma que tem clientes
reservados até o fim daquele mês (fevereiro). Declarou que há vinte anos vem
oferecendo este tipo de curso, assegurando que entra em contato com
Melquidesec, o sumo sacerdote mencionado no Antigo Testamento.
Chantal Lavigne já havia realizado 85 sessões, ao custo de 19 mil
dólares. Gilles Sainton, o médico que atendeu Lavigne, manifestou que dadas
as condições, mais pessoas poderiam haver sido mortas “cozinhadas dessa
maneira...”
Dianne Casoni, criminalista da Universidade de Montreal e
investigadora de grupos de auto-ajuda afirmou que as práticas desta seita
apresentam questões que preocupam: “Como é possível que grupos que têm
tanta influência sobre as pessoas, pondo até suas vidas em perigo, não sejam
vigiadas mais intensamente? – questionou. Disse que o problema com estes
grupos como a “New Age” é que não são fiscalizadas por nenhuma instituição
ou departamento do governo”.

63
C a so 3
Os suecos têm cada vez mais relações bestiais (Bestialidade é o ato de
se envolver em relações sexuais com um animal).

A Suécia é o país mais ateu do mundo e os relatórios do


“adherents.com” mostram que 46 - 85% dos suecos são agnósticos / ateus /
não-crentes em Deus. A Suécia também tem a 3a. maior taxa de crença na
evolução, na medida das nações ocidentais.
Em 2005, o LifeSiteNews relatou em um artigo intitulado A bestialidade
em ascensão na sexualmente libertina Suécia:
A Suécia, conhecida no mundo inteiro por seus costumes
vanguardistas sexuais ultrapassou mais um obstáculo na sua descida moral
com a notícia de que o abuso sexual de animais está a aumentar. Um estudo
encomendado pelo governo concluiu que mais de 300 animais,
principalmente cavalos, foram abusados sexualmente na Suécia desde 1970.
A Agência do Bem-Estar Animal sueca coletou suas informações com
base nas respostas recebidas a partir de 1.600 questionários enviados para
os veterinários, inspetores de bem-estar animal e as agências policiais em
todo o país. No período de 2000 a 2004, 119 casos de bestialidade foram
documentados, em comparação com apenas três casos conhecidos na
década de 1970, 17 em 1980 e 70 em 1990.
O autor do relatório indicou que os números podem não refletir
corretamente o problema real. Katarina Andersson, disse que o aumento dos
casos documentados não significa necessariamente que houve um aumento
de fato.
"Nós sabemos que deve haver casos que não foram documentados",
disse ela, acrescentando que as pessoas também se tornaram mais
conscientes do problema nos últimos anos e são, portanto, mais propensas a
relatar casos suspeitos às autoridades.
Fonte: (http://www.lifesitenews.com/news/archive/ldn/1950/50/5050406).

Em 26 de abril de 2001, em um artigo intitulado Os suecos têm cada


vez mais relações sexuais com animais o site sueco de notícias Nettavision
declarou:
O sexo animal não é ilegal na Suécia, e todos os anos entre 200 e 300
animais de estimação são feridos por causa de agressões sexuais.
A estimativa foi apresentada por Svenska Veterinärforbundet, a
organização sueca veterinária, e agora está tentando fazer com que as
autoridades e o público se tornem mais conscientes do “sofrimento” dos
animais. A organização afirmou que o problema aumentou durante o último
par de anos, mesmo que a maioria das pessoas não tenha consciência disso.
"Temos visto um aumento desde 1999, quando a pornografia infantil se
tornou ilegal", disse Johan Beck-Friis. "Parece que, em outras palavras,
existem algumas pessoas que substituíram o sexo de crianças com os
animais. Em ambas as circunstâncias, é o sexo com pessoas indefesas".
Fonte: (http://pub.nettavisen.no/nettavisen/english/article177749.ece)

64
http://blogscatolicos.blogspot.com.br/2012/03/bestialidade-na-suecia-os-
suecos-tem.html

C a so 4
Enfermeiros faziam eutanásia no Uruguai
Ter, 20 de Março de 2012 10:21
Dupla confessou 16 mortes, mas vítimas podem chegar a centenas

A confissão de dois enfermeiros uruguaios, que aplicavam morfina e ar


em pacientes não terminais - os quais acabaram morrendo em dois hospitais
de Montevidéu - está comovendo o país. Os dois confessaram os crimes à
Justiça e estão sendo processados por 16 mortes, mas o número pode ser
bem maior e ter incluído outros métodos.
A notícia sobre os enfermeiros de 40 e 46 anos, além de uma terceira
enfermeira, processada por "encobrir" o caso, é a mais lida nesta segunda-
feira (19) no site da rádio Espectador, nos sites dos jornais El País e El
Observador, de Montevidéu, e tema também em emissoras de televisão de
outros países da região, como a Argentina.
Os enfermeiros disseram não saber em quantos pacientes teriam
aplicado as doses mortais. "Acho que pode ter passado de 50", disse um
deles à Justiça, segundo a imprensa local. "Perdi a conta", teria afirmado o
outro.
A imprensa uruguaia especula que o número de vítimas poderia chegar
a cerca de 200 ao longo dos últimos sete anos.
O juiz do caso, Rolando Vomero, disse que os suspeitos confessaram
as mortes motivados pelo desejo de "não ver o sofrimento humano", embora
tenham admitido que os pacientes não eram terminais.
"No Uruguai a eutanásia não é aceita, mas dá-se, sim, uma ajuda (a
pacientes terminais), através de medicamentos que reduzem a dor, para que
o paciente tenha uma morte digna. Mas não foi o que ocorreu", afirmou o
presidente do Sindicato Médico do Uruguai, Martín Rebella.
Ele disse à rádio Espectador, de Montevidéu, que a equipe da área de
saúde do país está "consternada" com os "casos criminosos" na rede
hospitalar do país.
O ministro da Saúde, Jorge Venegas, afirmou que "existe uma grande
diferença entre erro médico e criminalidade" e indicou que as investigações
vão continuar. "É um caso inédito e um fato muito doloroso", disse o ministro
do Interior, Eduardo Bonomi.
A filha de uma das vítimas disse nesta segunda-feira, ao site Observa,
do jornal El Observador, que a mãe morreu quando já se preparava para
deixar o hospital. "A minha mãe foi internada com convulsões e, depois de
alguns dias no hospital, melhorou. No domingo nos disseram que ela teria alta
e sairia no dia seguinte. Mas na segunda-feira ela começou a passar mal e
morreu. Nos disseram que tinha sido infarto. Mas agora descobrimos que não
foi nada disso", afirmou Miriam, filha de Santa Gladys Lemos, de 74 anos,
internada no Hospital Maciel.

65
"A minha mãe estava feliz e lúcida no domingo, porque ia voltar pra
casa no dia seguinte. Mas morreu", disse. Lemos foi internada em 1 de março
e morreu no último dia 12.
O ministro do Interior informou que as investigações começaram em
janeiro, mas foram mantidas em sigilo para não atrapalhar o trabalho policial.
A Justiça deverá apurar ainda se os dois enfermeiros indiciados contavam
com apoio de outros setores para obter seringas e morfina.
De acordo com os investigadores, foi decisiva uma mensagem de texto
de uma enfermeira que dizia que já tinha-se feito "viajar a paciente da cama
cinco".
A afirmação "viajar foi interpretada como mais uma morte e foi
registrada após uma denúncia anônima sobre as ocorrências nos dois
hospitais.
Cinco dos assassinatos pelos quais os enfermeiros estão sendo
processados foram registrados na área de cardiologia do hospital público
Maciel; os outros onze, na unidade de neurocirugia da Associação Espanhola,
da rede privada. Os dois hospitais estão entre os principais e mais renomados
do país.
"Nenhuma destas unidades é de tratamento intensivo, e sim de
observação, apesar de na área de neurocirurgia surgirem casos mais
complexos", disse o ministro da Saúde.
"A investigação ainda não está concluída, e os dois enfermeiros sabiam
da ação um do outro, apesar de cada um agir por sua conta", disse Eduardo
Bonomi. Segundo o ministro do Interior, é possível que tenha havido "anos de
irregularidades com um número de mortes que não podemos precisar".

C a so 5
Holanda terá unidade móvel para eutanásia em domicílio

CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO

A Holanda lançou a primeira unidade móvel do mundo que fará


eutanásia em domicílio.
A equipe vai atuar quando a família ou os médicos se recusarem, por
motivos éticos, a dar drogas letais a pacientes incuráveis que desejam morrer.
A eutanásia é legalizada na Holanda desde 2002. A pessoa tem permissão
para fazê-la se o sofrimento for "duradouro e insuportável".
Por ano, o país realiza 2.700 eutanásias, segundo a Associação Direito
de Morrer. A estimativa é que, com a unidade móvel, ao menos mais mil
sejam feitas anualmente.
A ideia é que as unidades (serão seis) também atendam pessoas com
demências.

66
A Federação dos Médicos Holandeses é contrária à iniciativa porque
acredita que alguns pacientes poderiam ser tratados. "Sempre há
possibilidade de um outro tipo de ajuda", afirmou um porta-voz da entidade.
Cada unidade móvel de eutanásia terá um médico e uma enfermeira. O
doente é sedado e entra em coma. Depois, é aplicada outra droga que
provoca a parada cardiorrespiratória e morte.
A iniciativa, apoiada pelo governo holandês, já provoca polêmica em
outros países. Na Grã-Bretanha, Phyllis Bowman, do grupo Direito à Vida,
disse estar "absolutamente chocado".
"É uma verdadeira tragédia quando você considera que na Segunda
Guerra Mundial o holandês se recusou a implementar o programa de
eutanásia nazista."
No ano passado, a ministra da Saúde da Holanda, Edith Schippers,
disse ao parlamento holandês que as unidades são "para pacientes que
sofrem insuportavelmente sem nenhuma perspectiva de melhora", mas cujos
médicos não estão dispostos a fazer eutanásia.

Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia

Notícia da Deutsche Welle


Idosos fogem da Holanda com medo da eutanásia
Asilo na Alemanha converte-se em abrigo para idosos que fogem da Holanda
com medo de serem vítimas de eutanásia a pedido da família. São quatro mil
casos de eutanásia por ano, sendo um quarto sem aprovação do paciente.(...)
Estudo justifica temores – Uma análise feita pela Universidade de Göttingen
de sete mil casos de eutanásia praticados na Holanda justifica o medo de
idosos de terem a sua vida abreviada a pedido de familiares. Em 41% destes
casos, o desejo de antecipar a morte do paciente foi da sua família. 14% das
vítimas eram totalmente conscientes e capacitados até para responder por
eventuais crimes na Justiça. (...)
Não, não é na China nem na Coreia do Norte. É numa daquelas
sociedades perfeitas do Norte da Europa.
Fonte: http://o-povo.blogspot.com.br/2012/04/idosos-fogem-da-
holanda-com-medo-da.html

C a so 6
A incrível história da sopa de feto

Eu já havia recebido uma ou outra imagem dessas há tipo uns dois


anos, num desses emails do conhecido do conhecido que chegam na nossa
caixa de entrada e que a gente nem dá atenção de tanto receber spam. Achei
de mau gosto. Falava de uma certa sopa de feto, que moradores do Sul da
China, provavelmente Guangdong e Taiwan (os caras por lá comem de tudo,

67
eu sei, mas por favor...), tomavam para aumentar a potência sexual. Não dei
a mínima e achei que era totalmente lenda urbana e que as fotos eram
armação. É aquela coisa de comunista comendo criancinha, pensei.
E qual não foi a minha surpresa quando, há coisa de uns meses, me
deparei com o blog do estudante Yu Miao, amigo de um jornalista chinês
(aqui, mas tem que se registrar), que decidiu ir até a cidade de Foshan, em
Guangdong, verificar até que ponto essa história era verdade. Pois o cara
viajou até a cidade e conversou com moradores locais, que disseram que não
apenas a história é verdade, como muita gente (na região e em Taiwan) toma
a sopa de feto numa espécie de ritual macabro, escondidos da polícia.
O jornalista conversou com um sujeito de 62 anos (ao lado de uma
garota de 19), me parece que um pequeno empresário taiwanês, que afirma
tomar regularmente a sopa, fácil de fazer, segundo ele, porque o aborto é um
procedimento usual na China. Algumas mulheres chegam a vender o feto,
que deve ter até seis meses. A sopa é feita com ervas da medicina tradicional
chinesa que, acredita-se, aumentam a potência sexual, tipo bajitian,
dangshen, o conhecido chinese wolfberry, entre outras mais populares, como
gengibre. E leva outras carnes também, como galinha e porco.
Em Foshan, ele foi até o restaurante (de fachada tipo cozinha regional),
cujo dono, o senhor Li, disse que não tinha costela (a senha para quem quer
a tal da sopa) naquele momento. Depois, aos sussurros, avisou que conhecia
uma casal de migrantes cuja mulher estava no oitavo mês de gravidez. Como
o casal já tinha duas filhas, eles planejavam vender o feto para um laboratório
ou para o restaurante, de modo que pudessem pagar pelo aborto e evitar a
multa imposta pelo governo chinês para quem burla a política do filho único. A
sopa, disse o tal senhor Li, custa 3.500 yuans (US$ 515).
O jornalista passou a semana entrevistando moradores do local e,
ainda que poucos tivessem sequer visto a tal da sopa, praticamente todos
sabiam que ela existia e algumas pessoas a tomavam. Quando o jornalista
estava para deixar a cidade, o tal microempresário falou com ele que uma
"mercadoria nova" havia chegado e vários conhecidos estavam prontos para
experimentá-la. Na mesa, ele descobriu estarrecido que os fetos custam entre
300 yuans e 500 yuans.
No post, o jornalista disse que visitou a cozinha e, com base no que
viu, pode atestar que as imagens divulgadas na internet (de outro momento
de preparo da sopa) são verdadeiras. O post provocou uma enxurrada de
comentários indignados de chineses horrorizados com a tal sopa de feto
macabra. Os que acrditam na história culpam a política do filho único e a forte
superstição do povo chinês pela lamentável prática.
Nunca li nada sobre isso na imprensa estatal chinesa e quem me
avisou do post e me mandou as imagens foi meu tradutor, dizendo que a
história estava repercutindo horrores entre os estudantes da sua universidade

68
C a so 7
Tailândia: britânico é preso com bebês mortos para magia negra

http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5781389-EI8143,00-
Tailandia+britanico+e+preso+com+bebes+mortos+para+magia+negra.ht
ml

A polícia tailandesa prendeu um cidadão britânico nesta sexta-feira


depois que os corpos de seis bebês, que teriam sido usados em um ritual de

69
magia negra, foram encontrados dentro de malas de viagem em um quarto de
hotel em Bangcoc. Chow Hok Kuen, 28 anos, um cidadão britânico nascido
em Hong Kong e de pais taiuaneses, foi preso na Chinatown de Bangcoc e
detido por posse de restos humanos, afirmou a polícia.
Autoridades acreditam que ele tentava contrabandear os cadáveres
para Taiwan. "Os corpos são de crianças com idades entre dois e sete meses.
Alguns foram encontrados cobertos com folhas de ouro", afirmou à Reuters o
chefe da subdivisão da unidade para Proteção das Mulheres e Crianças da
polícia, Wiwat Kumchumnan. Não ficou claro de onde vieram os corpos.
Kuen estava hospedado em um hotel em Khao San Road, a área de
viajantes de Bangcoc, mas os corpos foram encontrados em outro hotel. A
polícia havia recebido um aviso de que os corpos das crianças estavam
sendo oferecidos a clientes ricos por meio de um anúncio publicitário de
serviços de magia negra.
Os cadáveres foram comprados de um taiuanes por 200.000 baht (US$
6.400) e poderiam ser vendidos por até seis vezes esta quantia em Taiwan,
informou a polícia. Rituais de magia negra ainda são praticados na Tailândia,
onde videntes oferecem cerimônias para reverter a má sorte. Kuen pode ser
condenado a um ano de prisão e a multa de 2.000 baht se for considerado
culpado.

C a so 8
Polícia descobre casa onde suposto canibalismo teria acontecido, em
GO
http://www.expressomt.com.br/nacional-internacional/policia-descobre-
casa-onde-suposto-can-14312.html

Magia negra teria ocorrido em janeiro, após crime na cidade de


Pires do Rio.
Ritual aconteceu na casa de uma mulher chamada 'Negona', diz
delegado
A polícia já sabe o local onde foi realizado o suposto ritual de magia
negra, quando coração e fígado de um homem morto teriam sido comidos, na
cidade de Pires do Rio, a 142 km de Goiânia. Segundo o delegado
responsável pelo caso, Eduardo Eustáquio Rezende Miranda, o ritual teria
acontecido logo após o crime na casa de uma mulher conhecida como
“Negona”.
Segundo a polícia, cinco usuários de droga estavam em um casebre
abandonado consumindo crack e, após uma discussão, um deles acabou
morto. De acordo com o delegado, três pessoas confirmaram que houve um
ritual na casa desta mulher para comer os órgãos. O ato de canibalismo
aconteceu entre os dias 11 e 12 de janeiro.
“Depois de matar a vítima introduzindo um saco plástico na cabeça, os
suspeitos colocaram os órgãos em um saquinho e foram até a casa desta

70
negona, que fica na cidade mesmo. Nós não sabemos o nome dela ainda,
mas temos o local onde ela mora e iremos até lá. Todos assistiram à morte e
rodavam uma latinha de cerveja, utilizada como cachimbo, com o crack”,
explica o delegado.
De acordo com o delegado, a mulher participa de rituais em um centro
de magia negra na cidade. Ele conta que a polícia já esteve na casa dela,
mas não a encontrou: “Nós estivemos lá no sábado, mas ela está fugindo.
Agora, nós vamos voltar ainda nesta segunda-feira”.
O corpo da vítima de 32 anos só foi encontrado 15 dias depois, às
margens de um córrego, já em estado de decomposição. Na última semana,
quatro meses após o crime, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) ficou
pronto. O documento confirmou que após ser morto, o homem teve o fígado e
o coração retirados. “O que causou espanto foi justamente o fato de algumas
vísceras estarem preservadas, mas a ausência quase total do coração, de
cerca de 50% do fígado e boa parte dos pulmões”, afirma o médico legista
Marcellus Arantes.
O principal suspeito, um homem de 35 anos, foi preso na quarta-feira
(16) em Lago Grande, no interior de Minas Gerais. Três pessoas que também
teriam participação no assassinato estão na cadeia da cidade desde abril.
Todos, segundo o delegado, participavam de rituais na cidade. Os quatro
negam o crime.

C a so 9
Ato de canibalismo na Síria

Notícia divulgada pela revista “Veja”, edição de 22.05.2013, pág. 48:

“O teatro de horrores que se torna a cada dia mais hediondo na Síria é


produto da mentalidade de guerra tribal de extermínio mútuo e do uso dos
meios eletrônicos contemporâneos como instrumento de propaganda. Nessa
guerra do YouTube, contingentes do regime e combatentes sublevados não
apenas filmam as próprias atrocidades como esperam que sua divulgação
inspire terror ao inimigo. Até por esses padrões, o vídeo em que Abu Sakkar,
nome de guerra de um ex-camelô transformado em monstro, arranca o
coração e o fígado de um soldado morto e tira um naco com a boca,
prometendo que vai aplicar o mesmo princípio a outros seguidores do tirano
Bashar Assad, provoca engulhos. Falando à revista Time, o Hannibal Lecter
de barba confirmou que é ele mesmo o protagonista. Aliás, tem até mais um
vídeo em que usa uma motosserra para “picar em pedaços grandes e
pequenos” outro shabiha, designação dada aos integrantes das milícias
governistas formadas por alauitas, a minoria religiosa à qual pertence Assad.
A “assinatura” dos shabihas apareceu em outro vídeo de horror, mais
tristemente convencional no sentido de que mostra civis massacrados,

71
incluindo uma bebezinha com as pernas e os pequenos pés incinerados. Mas,
num nível mais simbólico, o mais espantoso vídeo da semana talvez tenha
sido o que mostra Assad, todo bonitão de camiseta preta justinha, entrando
num Porsche com a igualmente sorridente Asma, sua mulher. As forças
Assadistas parecem estar tomando a dianteira, deixando a Síria com duas
opções horríveis: ou continua, na maior parte, sob domínio do tirano ou cai
nas mãos dos fundamentalistas muçulmanos que hoje controlam
praticamente todas as forças da rebelião. O tipo de gente para a qual comer o
fígado do inimigo não é absolutamente uma força de expressão. Seriam os
canibais no poder.”

C a so 10
Mãe aborta e joga feto para os cães

Seria uma estória bizarra de cinema não fosse verídica; uma mulher
abortando uma criança num matagal e em seguida o bebê sendo devorado
por cães. (Entenderam? Ela deu a luz a criança e jogou o bebé vivo para os
cães comerem) Essa tragédia aconteceu na Serrinha de Santa Maria, uma
localidade situada há cerca de 30 Km do Centro de Quixeramobim, na região
Centro do Ceará. O feto foi encontrado pelo marido da agricultora grávida. Foi
ele quem procurou a Polícia e relatou o ato grotesco praticado pela
companheira de 20 anos. Não havia motivo para o infanticídio. Ele era o pai,
assegurou à Polícia. Ela já é mãe de uma menina de três anos.
Segundo o diretor do Núcleo de Perícia Forense (Pefoce) de
Quixeramobim, Marcos Ferreira, a mãe estava escondendo a gravidez. Ao
receber a visita do médico da Saúde da Família ela disse apenas ser um
inchaço na barriga, mas estava bem. Na madrugada desta sexta para o
sábado o marido deu pela falta dela, não estava dormindo. Ao procura-la a
encontrou retornando para casa, toda ensanguentada. Ela já tinha feito o
mesmo com outro filho, mas a família chegou a tempo de socorrer a criança.
Dessa vez os cachorros chegaram primeiro.
Ainda de acordo com o diretor da Pefoce de Quixeramobim, apesar de
terem sido encontrados apenas os membros inferiores do feto, a necropsia
poderá efetuar os levantamentos necessários para definir o estado de
gestação, provavelmente já no nono mês, bem próximo do parto. O restante
do corpo continua sendo procurado na localidade, situada próximo de onde foi
instalado o radar meteorológico da Fundação Cearense de Meteorologia e
Recursos Hídricos (Funceme). O delegado Leonardo Ferreira, titular da
Delegacia Municipal, é quem vai apurar o caso.
Fonte:
http://abortoemportugal.blogspot.com.br/2013/05/mulher-aborta-e-
cachorros-devoram.html

72
C a so 11

Mulher armênia, grávida, tem seu ventre aberto pelos turcos islâmicos para
verificar se seu bebê era varão ou mulher, fato que ocorreu com freqüência no
genocídio turco islâmico contra os armênios (1915-1923), o primeiro e um dos
mais cruéis ocorridos na era moderna.

C a so 12
Híbridos de pessoas e de animais: a catástrofe dos nossos dias

Foto: urbanlegends.about.com

Cientistas em vários países criam híbridos fantásticos de pessoas e


de animais que podem lançar o pânico na sociedade.

73
Apenas nos últimos 10 anos, o progresso no campo da engenharia
genética espantou os cientistas e simples observadores.
Hoje, a criação de novas formas de vida tornou-se acessível mesmo a
estudantes em condições caseiras. Infelizmente, as leis não conseguem
acompanhar os jogos dos cientistas.

Foto: skarabokki.deviantart.com

Por sua vez, estas novas formas de vida não são ilegais, mas podem
representar perigo para a sociedade. É impossível prever o que acontecerá se
elas começarem a multiplicar-se, mas os cientistas de todo o mundo querem
apenas descobrir a sua nova criação para o mundo: descobrir aquilo que
ainda recentemente parecia ser fantasia absoluta.
Podemos apresentar o seguinte exemplo: os cientistas criaram um rato
com um cromossoma humano artificial. Isto é considerado um avanço que
pode levar a novas formas de tratamento de toda uma série de doenças.
Segundo a página do Lifenews.com, cientistas da Universidade de Wisconsin
conseguiram grandes êxitos na transplantação de células do embrião humano
no cérebro de ratos. As células começaram a crescer e, com o tempo, os
ratos tornaram-se mais inteligentes. Esses ratos podem encontrar saída de
um labirinto e aprender sinais convencionais mais rapidamente do que antes
dos transplantes.

74
Foto: skarabokki.deviantart.com

Coloca-se uma questão: a prática de transplantação de tecidos


humanos para animais trará mais vantagens do que riscos? Hoje, já é
evidente que a criação de órgãos humanos no interior de animais não é ficção
científica, mas realidade pura. Os cientistas japoneses começaram a utilizar
leitões para criar órgãos humanos, o que demora até um ano a realizar.
Segundo o Infowars.com, o principal objetivo neste caso é aumentar a
quantidade de órgãos para as necessidades da medicina. Mas o governo
japonês coloca outras tarefas: neste momento, prepara leis que permitem
começar investigações ligadas a embriões.
A página Thetruthwins.com assinala que, se um órgão humano começa
a crescer dentro de um leitão, este já não é 100% um leitão, e um órgão
humano que cresce dentro de um leitão não pode ser considerado um órgão
humano a 100%. Os receptores desses órgãos devem concordar com a
transplantação de órgãos híbridos do homem e do animal no seu organismo.
As consequências da criação de híbridos poderão ameaçar a
sociedade tanto hoje, como no futuro, mas o principal perigo consiste na
impossibilidade de prognosticar as consequências da perda de controle de
semelhantes híbridos.

75
Foto: skarabokki.deviantart.com

Mais preocupante ainda é o fato de a maioria dos países não ter leis
que limitam a criação de semelhantes seres, o que permite produzi-los sem
controle. Mais, não se prevê penas se esse ser animal provocar prejuízo às
pessoas que vivem em redor.
Existe a opinião de que os animais utilizados para a criação de órgãos
humanos neles são mais uma via para a destruição da natureza. Em 2011, o
jornal DailyMail informou que cientistas britânicos tinham criado mais de 150
embriões do homem e de animais, mas os leitores não se preocuparam com
isso.
Outros exemplos foram citados na revista Slate: cabras que produzem
leite humano, uma estrutura anatômica anal transplantada num rato e
doutores que criam um sistema imunitário humano para animais. Mas isto são
apenas os projetos que conhecemos. É possível que existam outros por
enquanto desconhecidos. Um híbrido do homem e de um animal é possível,
mas continua a discussão de se são mais as vantagens do que os riscos
potenciais.

Fonte: http://portuguese.ruvr.ru/2014_02_09/H-bridos-de-pessoas-e-de-animais-a-cat-
strofe-dos-nossos-dias-8558/

76
C a so 13
Suicídios pela internet

O site abaixo relata vários casos de suicídios pela internet, um dos


quais chamou mais atenção por ter sido cometido por um jovem rico,
conforme relatado abaixo:
“Eu acredito que a cadência e a harmonia certas no momento certo
podem despertar qualquer sentimento, inclusive o da felicidade nos
momentos mais sombrios’’
Essa frase é de um adolescente de 16 anos. Um garoto que amava
Radiohead, Mutantes e Vitor Ramil. Foi escrita no dia de seu suicídio. Era
parte de sua carta de despedida. Ele dizia aos pais que a música era a melhor
maneira de enfrentar o desespero que viria. Antes de começar a morrer, colou
a carta no lado externo da porta do banheiro. Acima dela, um cartaz: “Não
entre. Concentrações letais de monóxido de carbono”. Vinícius ligou o
aparelho de som – “porque é bom morrer com música alegre” – e entrou.
Essa frase escrita na morte se transformou num legado de vida ao ser
impressa no encarte do CD que será lançado ainda em fevereiro pela Allegro
Discos, com 23 músicas de sua autoria. Parte delas foi entregue aos pais na
forma de uma herança às avessas: “Deixei na mesa do computador um
envelope vermelho da Faber-Castell que contém um CD com algumas de
minhas músicas”. Yoñlu, o título do CD, é o nome com o qual batizou a si
mesmo no mundo em que circulava com mais desenvoltura: a internet.

Ambos, Vinícius e Yoñlu, morreram por asfixia por volta das 15h30 de
uma quarta-feira de inverno, 26 de julho de 2006. Vinícius foi estimulado ao
suicídio e auxiliado por pessoas anônimas na internet. Ele é a primeira vítima
conhecida no Brasil de um crime que tem arrancado a vida de jovens de
diferentes cantos do mundo – uma atrocidade que poderia ser chamada de
Suicídio.com.
Encobertos pelo anonimato da rede, internautas de diferentes
nacionalidades têm dito em várias línguas a pessoas muito frágeis, a maioria
delas adolescentes: “Mate-se”. O suicídio de Simon Kelly, de 18 anos, em

77
Cornwall, na Inglaterra, foi um dos primeiros sinais de que algo de macabro
estava acontecendo no reino da internet. No verão de 2001, o garoto
aproveitou uma viagem dos pais para acessar sites sobre suicídio com
detalhes técnicos de como poderia se matar. Morreu de overdose enquanto
conversava com “amigos” virtuais em uma sala de bate-papo. A banalidade
dos diálogos travados enquanto o adolescente tirava a vida é chocante.
Ninguém tentou dissuadi-lo ou buscou ajuda. Um internauta procurou apenas
convencê-lo a dar uma última olhada no mar antes do fim. Simon respondeu:
“Fiz isso no domingo. Vejo vocês do outro lado”. A morte foi transmitida pela
câmera do computador.
Somente em 2005, 91 pessoas, a maioria entre 20 e 30 anos,
suicidaram-se no Japão, estimuladas por sites na internet. Apenas em um
mês, março de 2006, houve três casos de suicídios coletivos combinados em
fóruns virtuais no país: 13 internautas morreram. Desde o ano passado, 14
jovens da região de Bridgend, no sul do País de Gales, se mataram. Alguns
deles estavam ligados por um site de relacionamento que difundia uma idéia
“romântica” do suicídio. O mais velho tinha 26 anos. Nos últimos seis anos, a
Papyrus, entidade dedicada à prevenção do suicídio, registrou 27 mortes
incentivadas pela internet apenas na Grã-Bretanha. A vítima mais jovem tinha
13 anos.
No mundo virtual não há nenhuma perversão nova, apenas as velhas
modalidades que já assombravam as ruas da realidade. A diferença é que, na
internet, qualquer um pode exercer seu sadismo protegido pelo anonimato, na
certeza da impunidade. Basicamente, a idéia é: “Se ninguém sabe quem eu
sou, não só posso ser qualquer um, como posso fazer qualquer coisa”. Megan
Meier, uma adolescente americana de 13 anos, foi uma vítima da mais banal
das maldades, cuja potência de destruição foi multiplicada na internet. Depois
de receber mensagens hostis de um “amigo” virtual no site de relacionamento
MySpace, Megan subiu ao 2o andar da casa e se enforcou com um cinto no
closet. Josh Evans, um garoto musculoso de 16 anos, louco por pizza, tinha
dito a ela: “Você é uma pessoinha de m…. O mundo seria bem melhor sem
você nele”. O detalhe: Josh nunca existiu. Era uma criação coletiva de suas
vizinhas para se divertir com a menina gordinha”

Fonte:
http://brasilcontraapedofilia.0freehosting.com/index.php/2008/02/15/denuncia-
sites-na-internet-incen…

78
16. A verdadeira
Esperança de um futuro
melhor

O mundo moderno é um oceano de ansiedades que leva os homens ao


desespero e a uma espécie de danação
O elenco de horrores retratado acima presume sinais precursores de
uma grande catástrofe que está por vir, pois mediante tal quadro desalentador
só restaria ao homem moderno o desespero, a completa falta de Esperança
em seu porvir. Tal desespero levaria alguns até mesmo a ter ódio à
misericórdia divina. Este estado de espírito, assim desesperador, pressupõe a
proximidade de graves e terríveis castigos divinos.
A Revolução, este caos moderno, criou obstáculos à ação da Santa
Igreja nas almas de tal forma que, se possível, se diria que já não consegue
Ela aplicar os frutos da Redenção nos homens de hoje. Isso porque, da forma
como se encontram as almas hoje em dia, de tão revolucionárias, torna-se
como que impossível (naturalmente falando) uma conversão verdadeira ao
retorno da Fé. É como se estivessem todos irremissivelmente perdidos neste
maremagno revolucionário, onde os Sacramentos da Santa Igreja não
produzem mais os frutos de conversão que em outras eras costumavam
operar. Hoje, se determinada alma quiser converter-se, fazer penitência e
mudar de vida, no momento seguinte a seus propósitos encontrará toda uma
estrutura preparada para trazê-la de volta ao mundo de pecados e da
impenitência.
Um dos frutos desta suposta irreversibilidade revolucionária nas almas
é uma profunda ansiedade que domina a todos, a qual, por sua vez, procede
da imensa crise que toma conta de sua alma, crise esta decorrente da falta de
fé e do afastamento da Igreja. Quando se diz “afastamento da Igreja”, não se
quer dizer apenas a falta de freqüência à Santa Missa e aos Sacramentos, ou
mesmo a apostasia pura e simples para qualquer heresia. Este afastamento é
toda a vida que se leva hoje, totalmente cética, laicizante, liberal e até
anticlerical. É a prática, pura e simples, do materialismo prático, do ateísmo
vivencial, da descrença em tudo.
Assim, predomina um verdadeiro oceano de ansiedades no mundo
moderno. Esta ansiedade coletiva existe porque o homem atual só tem
desejos imoderados, às vezes até legítimos mas cheios de ânsias por não
serem desejos adequados ao momento ou sem moderação. Na maioria das
vezes são até desejos ilícitos e imorais. É bem verdade que o comum das
pessoas deseja apenas ter bom emprego, casa e conforto: uma vida digna,
dizem muitos. No entanto, tais desejos sempre escondem a vontade do gozo
imoderado dos prazeres terrenos. E tais desejos existem, se alimentam e são
79
multiplicados pela vida moderna. E há verdadeiros propagandistas deste
estilo de vida: criou-se a idéia de um verdadeiro paraíso de gozos terrenos,
alimentando nas pessoas os sonhos utópicos de vida prazenteira e sem
sofrimentos. Propaga-se até a idéia do ganhador de loteria que, de pobre,
passa a subir na escala social pelo uso da simples sorte no sorteio. Estes são
mostrados como o exemplo, o modelo, do enriquecimento fácil, desfrutador de
todos os prazeres da vida, causando verdadeira inveja a todo o corpo social.
Sem falar, é claro, dos jogadores de futebol e dos artistas que se enriquecem
facilmente com seus talentos.
Coletivamente, tais desejos vão materializar-se em ideais políticos e
em fórmulas cabalísticas de economia. Como tais ideais e tais fórmulas não
produzem efeitos demorados, são efêmeros e sutis, logo vêm causando
tremenda frustração nas multidões. Esta frustração coletiva causa ansiedade
coletiva, pois todos os desejos não podem ser satisfeitos, haja vista que
imoderados e até impossíveis em alguns casos.
É como se um rei franqueasse a sua despensa a todos os seus
súditos. Num instante eles ficariam satisfeitos e fartos, mas no momento
seguinte a comida se acabaria e o rei teria que expulsá-los de sua despensa.
Aqueles que momentos antes viam no rei seu benfeitor, logo o veriam como
inimigo, isto por causa da frustração causada pelo logro de uma falsa
expectativa. Como o desejo de comer a comida real voltaria no dia seguinte,
quando ela já se acabou, todos ficariam sem entender a razão de não lhes ser
mais permitido penetrar naquela despensa. Como se vê, houve uma
frustração coletiva por causa de uma ansiedade causada por uma falsa
expectativa.
Pior do que isso, a ansiedade do homem moderno o está levando ao
desespero. O paroxismo do gozo dos prazeres, que a vida moderna favorece
a quem tem dinheiro e posição social, está alimentando esta melancólica
ansiedade e uma frustração desesperadora. Ansiedade porque não são
atendidos seus desejos imoderados, ou então não são atendidos da forma
que imaginam. Frustração quando não atendidos, ou então, depois de
atendidos, ao se verificar que não era bem aquilo que imaginavam estar
necessitando, a constatação miserável do engodo e da perversidade que
constituíam tais desejos.
Sim, estamos presenciando a um descomunal desespero coletivo.
Falta Fé, falta confiança. O resultado não pode ser outro: desespero.
Desespera-se porque não se consegue atingir o tão esperado sonho utópico
do gozo de todos os bens, de todas as alegrias, de todas as satisfações e
benesses. Desespera-se porque tudo na vida é visto como uma situação sem
saída, de dificuldades tremendas, de sacrifícios ingentes. E ninguém aponta
para uma solução certa para os problemas que se avolumam dia-a-dia.
E esta desesperação está levando muitos à danação. Tem-se como
danado aquele que foi condenado ao inferno, ao fogo eterno, após a morte.
Não se cogita, de modo geral, de um danado ainda vivo. Enquanto que o
desesperado pode ser aquele que vive ainda, mas que por um miserável
mistério iníquo se desengana a si da salvação eterna. Não quer ter esperança
de ganhar o céu porque já se acostumou a não ver nenhuma saída para os
seus problemas; para ele tudo está perdido, sem solução, sem salvação. Tais
desesperados já somam milhões, ou bilhões, no mundo atual. Alguns como

80
que já se danaram em vida e outros caminham para uma danação eterna. É
a triste situação do mundo moderno! Não só triste, mas terrível!
Se tantos homens hoje encontram-se em tal estado, como não estará
toda a terra daqui a algum tempo ao se cumprir o que está escrito no
Evangelho de São Mateus (XII, 43 a 45):

“E quando o espírito imundo tem saído de um homem,


anda por lugares secos, buscando repouso, e não o
acha. E então diz: voltarei para minha casa, de onde saí.
E quando volta, a acha desocupada, varrida e ornada.
Então vai e ajunta a si outros sete espíritos piores do
que ele, e entrando habitam ali. E o último estado
daquele pobre homem fica sendo pior do que o primeiro.
Assim também acontecerá a esta geração péssima”.

Nosso Senhor diz que o espírito imundo resolve sair de um homem,


indicando com isso que ele não foi expulso ou exorcizado, mas resolveu sair a
procura de um outro. Certamente, quando o demônio está ausente era a hora
daquele homem ter preenchido aquele vazio com Deus, mas o espírito
imundo ao voltar encontra a “casa”, isto é, a alma daquele homem, varrida e
ornada, quer dizer, vazia e preparada para recebê-lo de volta. Mas aí então
ele não volta sozinho, mas chama mais outro sete piores do que ele e vai
habitar naquela alma. E o último estado daquele homem fica sendo sete
vezes pior do que antes.
E isto está ocorrendo constantemente no mundo moderno. Pois em
decorrência da falta de fé, desta ansiedade universal e de uma desesperação
dominante, a tendência é cada vez piorar mais a situação das almas, pois
estará sempre havendo uma introdução de sete vezes mais demônios nestas
pessoas. A continuar a coisa como está, prevê-se, assim, uma verdadeira
invasão de demônios na terra. Alguns sairão do inferno para se juntar aos que
já dominam certos homens, outros sairão de umas pessoas e entrarão em
outras. E ficará assim saindo e entrando nas pessoas até que haja uma
intervenção divina.

A ansiedade – um estado de desejo


A ânsia pode ser, como estado de alma, uma aflição e pode chegar ao
estertor, isto é, à agonia. É um desejo ardente, uma perturbação causada
pela incerteza. É uma aflição, é, portanto, uma dor, uma atribulação. Mas não
é uma aflição qualquer, e sim uma aflição sem esperança de amparo, sem
certeza de socorro. O contrário da Confiança, que provém da Fé, e gera uma
certeza, certeza de ser amparado e de uma solução boa para seus
problemas.
A ansiedade, que é uma ânsia profunda, provém de um desejo
desenfreado, causando perturbação na alma devido à incerteza que gera em
ser atendido ou uma completa descrença em tudo. A virtude da Confiança,
pelo contrário, provindo da Fé, faz com que a pessoa modere e controle seus
desejos, nunca deixa suas inclinações penderem para desejos
descontrolados e além do lícito e do normal. Podemos caracterizar dois
estados de alma geradores de ansiedade: a ânsia dos desejos, e a ânsia
da incerteza ou falta de confiança.

81
A ânsia dos desejos
Um desejo nasce numa pessoa, como, por exemplo, numa criança que
quer ter uma bola. Â ânsia começa a surgir no momento em que a criança
não domina seu desejo: quer a bola já, naquele momento, ou somente quer
determinada bola, custe o que custar. O desejo desenfreado poderá lhe
causar ansiedade se ela não conseguir seu objetivo. Afirmamos que poderá
porque se, em dado momento, aquele desejo for dominado, refreado, a
ansiedade morrerá. Outro exemplo é o de uma pessoa doente que deseja,
muito justamente, ficar curada, mas diante da impossibilidade de se curar ou
de se curar rapidamente, é acometida de ansiedade. Mesmo neste último
caso, após curada a pessoa, poderá restar alguma ansiedade se não ficar
satisfeita exatamente como desejada se curar.
E quantos e quantos desejos desenfreados não se passam nas
multidões modernas? A maioria deseja ganhar muito dinheiro, amealhar
fortuna, ter vida farta e rica, passar em concursos, divertir-se largamente, etc.
De tal forma que foi caracterizada um novo tipo de neurose: o “estresse da
felicidade”, conforme já falamos.

A ânsia da incerteza
Outro tipo de ansiedade muito comum hoje em dia. A pessoa pensa
que tem Fé. Ou então não tem Fé e o sabe, pensa realmente que é um
descrente. Ao sofrer algum contrariedade, algum contratempo que lhe cause
transtorno e que a leve ao sofrimento, tal pessoa não confia, e, portanto, não
espera qualquer auxílio, nem das pessoas nem de Deus. Como não confia
nem espera não tem certeza de ser socorrida, fica então ansiosa, às vezes
esperando ser socorrida mas sem ter como certo o auxílio. E se neste
momento o desejo é desenfreado, a ansiedade da incerteza é acrescida de
outra (a dos desejos) e a pessoa está a um passo do desespero completo,
que é a total falta de esperança em decorrência da total falta de confiança.
Tais tipos de ansiedades, a dos desejos e a da incerteza, transformam-
se no mundo moderno no maior tormento para o homem, pois sem Fé, sem
Confiança, sem Esperança, a humanidade vai caminhando cada vez mais
para o abismo da danação.
A torcida, um afeto desordenado
Neste sentido, a torcida é um fator que só tende a piorar a situação.
Não estamos falando aqui da torcida esportiva, mas de um estando de
espírito que podemos denominar de “torcida”. No sentido que estamos
analisando, a torcida nasce no coração humano quando se deseja ou ama-se
um bem apetecível e este demora ou não vem para a nossa posse. Este bem
pode ser pedido a Deus ou então buscado por nossos esforços, geralmente
com sofreguidão. Antes que este bem chegue e seja desfrutado, começamos
a imaginá-lo em nossa memória e desta forma nos apegamos a ele. De sorte
que a nossa vontade sofre porque não conseguimos de imediato desfrutar
daquele bem que imaginamos ou sonhamos em nossa memória. Quando
referido bem demora, nos impacientamos com isto e passamos a torcer por
sua chegada, isto é, esperar com ansiedade.
Desta forma, torcer é esperar com ansiedade a posse de um bem que
a memória goza por antecipação. Esta torcida, este querer ansioso é um

82
afeto, um afeto meramente mental, na memória, mas trata-se de um afeto,
desordenado mas afeto. E este afeto desordenado pode levar a alma a cair
no que se denomina de “falsos temores” e até no desânimo.
Como? Os falsos temores são as más previsões mentais de coisas
futuras, valendo-se de um pressuposto verdadeiro (por exemplo, nossa
miséria) mas sem a prática da Confiança na ação da graça divina. Isto leva
fatalmente ao desânimo, o resultado de quem não confia. Trata-se de um
processo que se opera apenas na memória da pessoa, onde se sofre na
imaginação uma dificuldade futura, na maioria das vezes infundadas.

A torcida pode levar à falta de fé


Sim, porque a torcida pode levar à desconfiança na Providência, a um
estado de ansiedade e expectativa que leve ao desânimo. Daí, então, resta só
um passo para descrer.
É desta forma que se compreende a falta de fé das “massas”
populacionais modernas, cheias de expectativas febricitantes, que vivem
sempre torcendo para gozar de bens apetecíveis, dentre os quais,
principalmente, a chamada felicidade terrena. Como ela geralmente não vem,
ou quando vem só causa frustrações, as massas caem no desânimo e no
desespero. Sem confiar na Providência perdem a fé. Além do mais, a torcida
tira a virtude da caridade e alimenta o ódio ao próximo: se alguém (que torce
para desfrutar de um bem, de um gozo qualquer – pode ser até um gol de
futebol) deseja possuir um bem e vê que outro o ganhou, toda a carga furiosa
será desferida contra aquele que lhe roubou o seu gozo.

A oração e a Confiança, condição para se sair deste caos

Para se adquirir a Confiança é preciso sair do caos, e para isto só


existe um meio: a oração. A virtude da Confiança será possuída por aqueles
que tiverem rezado, especialmente quando virem os castigos previstos em
Fátima, pois será o momento em que devemos crer na ação da misericórdia
divina. Esta não será a hora dos pessimistas e desesperados, mas dos
confiantes e esperançosos.
Um grande filósofo medieval, Hugo de São Vítor, assim fala sobre a
oração:
“Corramos, portanto, não pelos passos do corpo, mas
pelos afetos e desejos da mente, já que não são apenas
os anjos, mas também o Criador dos anjos quem nos
espera. Portanto, já que toda a corte celeste nos espera
e nos deseja, desejemo-la o quanto possamos. Com
grande efusão e vergonha chegará a ela quem com
grande veemência não a desejar contemplar. Quem,
entretanto, pela oração ininterrupta e pelo pensamento
constante tiver nela a sua conversação, nela entrará
com segurança e nela será recebido com grande alegria.
“Onde quer que, por conseguinte, estiveres, ora dentro
de ti mesmo. Se tiveres longe do oratório, não queiras
buscar um lugar, porque tu mesmo serás o lugar. Se
estiveres no leito ou em qualquer outro lugar, ora, e ali

83
será o templo. Que a oração seja freqüente e, inclinando
o corpo, que a mente se eleve até Deus. Assim como
não existe nenhum momento em que o homem não use
ou frua da bondade e da misericórdia de Deus, assim
também não deve haver nenhum momento em que não
o tenha presente na memória”. 12

São Pedro Julião Eymard descreve o que é a oração:

“Orar é glorificar a infinita bondade de Deus, é pôr em


exercício a Misericórdia Divina, é rejubilar, dilatar o amor
de Deus para com a sua criatura, pelo cumprimento da
lei da graça que é a oração. A oração, portanto, é a
maior glorificação de Deus promovida pelo homem, é a
maior virtude do homem; mais que isto, a oração
abrange todas as virtudes, porque todas as virtudes a
preparam e compõem. A oração é a fé que acredita, a
esperança que suplica, a caridade que pede para dar; é
a humildade do coração que formula a prece, a
confiança que balbucia, a perseverança que triunfa do
próprio Deus...”.

Como o Santo está falando da adoração eucarística, vai mais além e


fala sobre o ponto máximo da oração:

“...A oração eucarística tem mais uma excelência: atinge


diretamente o Coração de Deus como um dardo
inflamado, faz com que Jesus, em seu Sacramento,
trabalhe, opere, reviva, ponha em ação o seu poder” 13

São Cura D’ars fala sobre a Esperança


São João Batista Vianey não se consagrou como teólogo, doutor ou
orador sacro. No entanto, disse coisas maravilhosas que podem ser tidas
como elevadas cogitações das coisas divinas. Um exemplo é o que ele falou
sobre a Esperança:

“Meus filhos, vamos agora falar sobre a esperança; é ela


que faz toda a felicidade do homem na terra. Há uns
neste mundo que esperam demais, e outros que não
esperam bastante. Há uns que dizem: “Vou ainda
cometer este pecado. Não me custará mais confessar
quatro do que confessar três”. É como se um menino
dissesse ao pai: “Vou dar no senhor quatro bofetadas;
não me custará mais do que dar uma; ficarei quite com o
senhor pedindo-lhe perdão”.
“Aí está como se age para com Deus. Diz-se: “Vou ainda
me divertir este ano, ir à dança, ao cabaré, e no ano
próximo me converterei. Quando eu quiser voltar a ele, o
12
Sobre a Alma – liv. 1, c. 6.
13
“Flores Eucarísticas” – São Pedro Julião Eymard – Palavra & Prece Editora Ltda – pág. 320

84
bom Deus por certo me receberá. Ele não é tão mau
quanto os padres dizem”. Não, o bom Deus não é mau,
porém é justo. Julgais que ele se acomodará a todas as
vossas vontades? Acreditais que, depois de o
desprezardes toda a vossa vida, ele se vos vá lançar ao
pescoço? Oh, não!... Há uma medida de graça e de
pecado no fim da qual Deus se retira. Que diríeis de um
pai que tratasse do mesmo modo um filho bem
procedido e outro que o não fosse tanto? Haveríeis de
dizer: “Esse pai não é justo”. Pois bem! Deus não seria
justo se não fizesse diferença entre os que o servem e
os que o ofendem.
“Meus filhos, presentemente há tão pouca fé no mundo,
que ou se espera ou se desespera. Há uns que dizem:
“Tenho feito demasiado mal; Deus não me pode
perdoar”. Meus filhos, é uma grande blasfêmia; é pôr
limite à misericórdia de Deus, e ela não tem limites; é
infinita. Ainda quando tivéssemos feito tanto mal quanto
preciso para perder uma paróquia, se vos confessardes,
se estiveres pesarosos de haver feito esse mal e não
quiserdes tornar a fazer, o bom Deus vo-lo perdoará.
“Havia uma vez um padre que pregava sobre a
esperança e sobre a misericórdia de Deus. Tranqüilizava
os outros, mas ele próprio se desesperava. Depois do
sermão apresentou-se um moço que lhe disse: “Meu
padre, venho confessar-me”. O padre lhe disse: “Estou
pronto para confessá-lo”. O outro fez-lhe a confissão das
suas culpas, depois do que acrescentou: “Meu padre, eu
cometi muito mal, estou perdido!...” - “Que está dizendo,
meu amigo? Nunca se deve desesperar...” O jovem
levanta-se: “Meu padre, o senhor não quer que eu
desespere; e o senhor?...” Foi um raio de luz; o padre,
todo admirado, enxotou aquele pensamento de
desespero, fez-se religioso e foi um grande santo... O
bom Deus lhe enviara um anjo sob a forma de um
jovem, para lhe fazer ver que não se deve desesperar.
“O bom Deus é tão pronto em conceder-nos o perdão,
quando nós lho pedimos, como uma mãe é pronta em
retirar o filho do fogo.
“Reparai, meus filhos, Nosso Senhor é na terra como
uma mãe que carrega o filho nos braços. Esse filho é
mau, dá pontapés na mãe, morde-a, arranha-a; porém, a
mãe nem sequer presta atenção; sabe que, se o largar,
ele cairá, não poderá andar só... Aí tendes como é
Nosso Senhor... Atura todos os nossos maus tratos;
suporta todas as nossas arrogâncias; perdoa-nos todas
as tolices; tem pena de nós contra a nossa vontade’. 14

14
“Espírito do Cura D’Ars” - de Abbé A. Monnin – Editora Vozes, 1949.

85
Estimulando a virtude da Esperança
É claro que toda a ação que abre nossa alma para o acolhimento de
princípios sobrenaturais, o que se chama a “porta do entendimento”, se faz
por intermédio dos anjos. Eles não iluminam diretamente nossa alma, é Deus
quem o faz, mas são eles que abrem as janelas por onde entram os raios
solares das inspirações, revelações e graças divinas. E toda a ação angélica
é coadjuvada fortemente por aqueles que Deus deixou na terra para nos
instruir, nos orientar, isto é, os profetas e a Igreja docente. E uma porta de
grande importância em tudo, essencialmente nos dias calamitosos de hoje, é
a da virtude da Esperança.
Desde os remotos tempos da humanidade que a Providência sempre
estimulou a Esperança entre os homens: já se inicia com as promessas do
Redentor no mesmo momento em que Adão e Eva pecaram no Paraíso.
Depois, esta Esperança foi renovada com as Alianças feitas com Noé, com
Abraão e com o próprio Moisés, ele mesmo um arauto da Esperança
conduzindo o povo pelos desertos em busca da Terra Prometida. Dentre os
Patriarcas do Antigo Testamento foi Jó quem mais praticou esta virtude, pois
embora estivesse com tudo adverso e sem o menor sinal do auxílio divino
confiava sempre, confiança esta baseada na Esperança das promessas
divinas.
Vemos então que as promessas divinas foram ao longo dos tempos se
transformando, embora mantendo as mesmas iniciais: primeiramente as
promessas do Messias, e dentro desta perspectiva a do Reino de Deus; com
a vinda de Cristo, revela-se a chegada do Reino de Deus, mas com a
promessa de sua implantação em toda a terra. O apostolado de Nosso
Senhor entre os Apóstolos e discípulos foi sempre amparado no cumprimento
das promessas divinas e estimulando com isto a Esperança entre eles. Por
exemplo quando dizia:

a. a perspectiva da Esperança

- “Por isso eu preparo o reino (celestial) para vós, como


meu Pai o preparou para mim, para que comais e bebais
à minha mesa, no meu reino, e vos senteis sobre tronos
a julgar as doze tribos de Israel”. (Lc 22, 29-30).
- “Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede
também em mim. Na casa de meu Pai há muitas
moradas.” (Jo 14, 1).

b. animando para uma grandiosa vitória

”Gravai, pois, nos vossos corações o não premeditar


como vos haveis de defender, porque eu vos darei uma
linguagem e uma sabedoria à qual não poderão resistir,
nem contradizer todos os vossos inimigos” *(Lc 21, 14-
15”.
“Quando começarem, pois, a suceder estas coisas,
erguei-vos e levantai as vossas cabeças, porque está
próxima a vossa libertação” (Lc 21, 28).

86
“Assim, também, quando virdes que acontecem estas
coisas, sabei que está próximo o reino de Deus” (Lc 21,
31).
“Em verdade, em verdade, vos digo, que aquele que crê
em mim fará as obras que eu faço e fará outras ainda
maiores...” (Jo 14, 12)

c. . calando sobre os percalços

Quando falava sobre a Cruz e a Paixão só falava o suficiente para não


desanimar. Se Nosso Senhor permanecesse o tempo todo acabrunhado e
triste por causa dos acontecimentos previstos em sua Paixão e Morte, seus
seguidores O teriam abandonado na primeira oportunidade. Realmente, eles
O abandonaram, mas somente nos últimos momentos, pois até àqueles
últimos instantes eles ainda mantinham uma expectativa de vitória e de glória,
tudo isto baseado na confiança no cumprimento das palavras de Nosso
Senhor, a garantia única que tinham daquela Esperança que os fazia manter
fiéis.
Este modo de proceder da Divina Providência e do próprio Nosso
Senhor é confirmado pelas palavras de São Paulo: “Determinei, pois, comigo
mesmo não ir novamente ter convosco na tristeza. Porque, se eu vos
contristo, quem é que me alegrará senão o que por mim é contristado?” (II
Cor 2, 1).

d. . exortando

“Quando eu vos mandei sem bolsa, sem alforje e sem


sandálias, faltou-vos porventura alguma coisa?” (Lc 22,
35)
“Orai para não cairdes em tentação...” (Lc 22,40).
“Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós. Resta ainda um
pouco, e depois já o mundo me não verá. Mas ver-me-
eis vós, porque eu vivo e vós vivereis” (Jo 14, 18-19).
“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz; não vo-la dou
como dá o mundo. Não se turbe o vosso coração e nem
se assuste”. (Jo 14, 27).

A virtude da Esperança

Deus deu a Moisés o poder de manifestar a Majestade e a Glória


divinas, a fim de que o povo hebreu conhecesse o Temor de Deus. Mas a
multidão estava sempre a se queixar, reclamando e se deixando levar por
desânimos, falta de fé em Deus e revoltas. É que a Esperança, a promessa
de chegar à Terra prometida exigia sacrifício, renúncia, muitas dificuldades a
enfrentar. E o espírito pagão, adquirido no Egito, lhes açulava constantemente
a perca desta Esperança e o conseqüente desânimo. Apesar de tantos
milagres!
Ao longo dos séculos, a virtude da Esperança sempre foi algo de
grande importância histórica dentro da Igreja. A Santa Igreja fala dela quando
enaltece a bondade do Messias, na pessoa do Verbo Encarnado, Nosso

87
Senhor Jesus Cristo: “Jesu, spes poenitentibus, quam pius petentibus! Quam
bonus te quaerentibus! Sed quid invenientibus!” – Jesus, esperança dos
penitentes, quão bom sois para os que se acercam de Vós. Quão bom para
os que Vos procuram. Que sois, então, para os que Vos encontram! (Cântico
“Iesu Dulcis Memoria”)
São Bernardino de Sena diz que somente o nome de Jesus é suficiente
para nos dar esperança:
“Oh nome de Jesus exaltado acima de todo o nome, oh gozo dos Anjos,
oh alegria dos justos, oh pavor dos condenados: em Vós está a esperança de
qualquer perdão, em Vós toda a esperança da indulgência, em Vós toda a
expectativa de glória. Oh nome dulcíssimo, Vós dais perdão aos pecadores,
renovais os costumes, encheis os corações de doçura divina. Oh nome
desejável, nome admirável, nome venerável, Vós, nome do Rei Jesus, assim
levantais ao mais alto dos céus os espíritos, que todos os que principiam a ter
devoção a este nome, graças a Ele encontram a glória e a salvação, por
Jesus Cristo Nosso Senhor”. 15

Nossa Senhora, nossa doce Esperança


Na Salve Rainha, Nossa Senhora é invocada como Esperança Nossa:
“Salve, Rainha, Mãe de Misericórdia, vida, doçura e esperança nossa!”. Isto
porque nEla foram depositadas todas as esperanças de cumprimento das
promessas divinas, é por Ela que as mesmas promessas serão cumpridas, e
é Ela a detentora de todas as graças para alcançá-las.
Na obra “Pequeno Ofício da Imaculada Conceição Comentado” (págs.
287/288), João S. Clá Dias comenta:
“Maria Santíssima não é uma esperança nossa: Ela é a esperança
nossa. E esperança tal que, só por causa d’Ela, nossa existência se torna
doce e suportável. Mãe de misericórdia, Ela é a vida, a doçura e a grande
esperança dos degredados filhos de Eva: “vita, dulcedo, spes nostra, salve!”
16

15
Homilia de São Bernardino de Sena sobre o santíssimo nome de Jesus
16
op. cit, apud Plínio Correa de Oliveira, conferência em 21.5.1965

88
Nossa Senhora da Esperança

Por sua onipotente intercessão, é Maria nossa esperança


“É o que procura fazer compreender o grande e douto cantor das
glórias de Maria, quando escreve:
“De dois modos, diz o angélico São Tomás, podemos pôr nossa esperança
numa pessoa: como causa principal ou como causa mediante. Quem deseja
obter do rei uma graça, espera alcançar dele como soberano senhor, e
espera obtê-la do ministro ou valido, como intercessor. No último caso, a
graça concedida veio do rei, mas por intermédio do seu valido. Portanto,
quem pretende a graça, com razão chama àquele seu intercessor a sua
esperança.
“Por ser de infinita bondade, sumamente deseja o Rei do Céu nos
enriquecer com as sua graças. Mas porque para tanto é necessária da nossa
parte a confiança, deu-nos o Senhor, para aumentá-la, sua própria Mãe por
advogada e intercessora, e concedeu-Lhe plenos poderes a fim de nos valer.
Por esta razão quer também que nEla coloquemos a esperança de nossa
salvação e de todo nosso bem. Sem dúvida são amaldiçoados pelo Senhor,
como diz Jeremias, aqueles que põem sua confiança na criatura unicamente.
Tal é o procedimento dos pecadores que, em troca da amizade e dos
préstimos de um homem, não se incomodam de ofender a Deus. São
abençoados pelo Senhor, e Lhe são agradáveis, porém, os que esperam em
Maria, tão poderosa como Mãe de Deus, para Lhe impetrar as graças e a vida
eterna. Pois assim quer Deus ver honrada aquela excelsa criatura, que neste
mundo O amou e honrou mais do que todos os Anjos e homens juntos.
“É, portanto, com muita razão que chamamos à Virgem esperança
nossa, porque, como diz São Roberto Belarmino, Cardeal, esperamos pela
sua intercessão obter o que não alcançaríamos só com nossas orações.
Invocamo-La, observa Suárez, para que a dignidade de intercessora supra a

89
nossa falta de méritos. De modo que, continua ele, invocar a Virgem com tal
esperança não é desconfiar da misericórdia de Deus, mas temer pela própria
indignidade.

Mãe da santa esperança


“Motivo tem, pois, a Igreja em aplicar a Maria as palavras do
Eclesiástico (XXIV, 24), com as quais Lhe chama a Mãe da santa esperança,
Mãe que faz nascer em nós, não a esperança vã dos bens transitórios desta
vida, mas a santa esperança dos bens imensos e eternos da vida bem-
aventurada. Salve, esperança de minha alma, saudava-A Santo Efrém, salve,
ó segura salvação dos cristãos, auxílio dos pecadores, defesa dos fiéis,
salvação do mundo. (...)
“O piedoso Landspérgio imagina o Senhor falando assim ao mundo:
“Homens, pobres filhos de Adão que viveis no meio de tantos inimigos e de
tantas misérias, procurai honrar com especial afeto a minha e vossa Mãe;
pois eu dei Maria ao mundo para vosso exemplo, para que dEla aprendais a
viver como é devido. Dei-A como vosso refúgio para que a Ela recorrais em
vossas aflições. Esta minha Filha eu A fiz tal, que ninguém A pudesse temer,
nem ter repugnância de recorrer a Ela. Exatamente por isso A formei tão
benigna e compassiva, que nem sabe desprezar os que A invocam, nem
sonegar seus favores a quem A suplica. A todos abre o manto de sua
misericórdia e não despede alma nenhuma desconsolada” (...)
“Olhai, pois, para nós, concluamos com Eutímio, olhai para nós
finalmente com os vossos olhos piedosos, ó Mãe nossa misericordiosíssima”
Pois somos servos vossos e em Vós temos colocado toda a nossa
esperança”.17

Aquela que esperou contra toda esperança


“E outro piedoso autor comenta:
“A esperança nasce da fé”, nos diz Santo Agostinho. E como Maria
possuía todas as qualidades da fé, teve Ela também o dom de uma perfeita
esperança. As provas pelas quais aprouve à Divina Providência fazê-La
passar, foram grandes e terríveis. Sua vida inteira não foi senão um longo e
doloroso martírio. Entretanto, em meio das maiores torturas, sua confiança
em Deus permaneceu sempre inabalável. Mais ainda do que Abraão,
“esperou ela contra toda esperança”. Apoiada na bondade divina, Maria
nunca consentiu no menor pensamento de desânimo, nem na gruta de Belém,
nem na fuga para o Egito, nem entre as angústias do Calvário. Ela foi
resignada no seio dos perigos; calma, na fadigas; forte, nas dores; porque
tinha uma firme esperança em que Deus era seu amparo e seu consolador.
(...)
“Após a Ascensão, Maria, pela força de sua esperança nas promessas
de Jesus Cristo, confirmava a fé dos discípulos, robustecia a coragem dos
mártires e sustentava a Igreja nascente nas suas lutas e seus combates. E eis
porquê, depois de A ter chamado nossa Vida, nossa Doçura, nós A
chamamos também nossa esperança: “Spes nostra”. Eis por que a Igreja Lhe
dá o título de Mãe da santa esperança: “Mater sancta spei”.18

17
op. cit. apud Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria, pp. 74-75, 77-78.
18
Op. cit., apud Pe. Berlioux, “Mois de Marie”, Brunet, Arras, 114ª. Edição, pp. 82-84.

90
Esperança dos justos e dos pecadores
“Daí podermos encerrar com este significativo resumo, traçado pelo Pe.
Manuel Rodríguez:
“Recordemos que a Santíssima Virgem é também nossa Mãe,
recordemos que seu coração é um tesouro inesgotável de compaixão e de
bondade, e que longe de estar sujeita às tristes limitações de nossas mães,
goza de um poder de intercessão em certo modo onipotente, junto a seu
Divino Filho; que tem toda virtude e domínio no Céu e na Terra, e em cujas
mãos estão a vida e a morte.
“Recordemos tudo isto, e compreenderemos porque a Santíssima
Virgem é esperança nossa. Esperança dos justos, que têm por suprema
ventura da vida, a santa perseverança. Esperança dos pecadores que
carregam o duro jugo de suas paixões insanas, arrastam as vergonhosas
correntes da servidão de suas misérias morais, e sentem o implacável
torniquete dos remorsos. (...)
“Esperança dos moribundos que vão comparecer ante o soberano Juiz,
para quem não há acepção de classes nem pessoas, e cujas sentenças são
justíssimas e inapeláveis.
“Esperança de todo peito que exale um gemido, de toda alma devorada
por inquietudes ou amarguras, de todo coração atormentado por uma dor”. 19
Diferença entre Esperança e Confiança
A definição está no “Livro da Confiança”, citando São Tomás de Aquino
: a Confiança é uma Esperança fortalecida por sólida convicção. Lá também
se diz que a esperança comum perde-se pelo desespero, tolerando apenas
certa inquietação.
Segundo a Escolástica, “a Esperança é como uma fagulha dos bens
futuros na mente”... trata-se de “uma certa memória das alegrias invisíveis,
que no coração do homem aquece interiormente seus lugares mais
escondidos e não permite que se seque pelo frio da infidelidade no inverno do
mundo presente. E enquanto a esperança viver em nossa mente, nunca se
secará a árvore da sabedoria”.
Temos aí, então, a memória como parte importante na prática das
virtudes, pois é nela que se alimenta a Esperança. Só se espera por aquilo
que imaginamos para o futuro, e em geral só se espera em paz pelo gozo de
bens celestes. Ora, estes bens celestes, a Salvação eterna, não estariam
presentes na memória humana se Deus não houvesse de antemão falado
deles, seja através das Escrituras ou da Doutrina Cristã. Mas de nada
adiantaria Deus haver falado à alma humana de tais bens celestes se o
homem não os houvesse acolhido em seu coração, amado-os e guardado-os
na memória.
Na ordem prática, a Confiança é uma virtude que fortalece a alma nos
fatos imediatos, enquanto a Esperança nos futuros. Quando São Pedro
afundava no lago, Nosso Senhor disse: “confiança, por que duvidais?” Mas
quando era necessário manter os Apóstolos mais firmes na Fé, de forma mais
duradoura, Ele lhes anunciava o Reino de Deus como algo para o futuro, e

19
Op. cit., apud Pe. Manuel Vidal Rodríguez, “La Salve explicada”, El Eco Franciscano,
Santiago, Espanha, 1923, 2ª. Edição, pp. 178-180.

91
falando das promessas de vida eterna (também futura), alimentando-lhes a
virtude da Esperança; “o meu Reino não é deste mundo”, etc.
E assim sempre foi: a Divina Providência conforta e fortalece as almas
com a Confiança no o dia-a-dia de cada uma: “vejam os pássaros que não
guardam no celeiro; vejam os lírios do campo”, etc., foi uma lição para que se
tivesse Confiança na Providência Divina, que nunca falta em nossas
necessidades mais urgentes. No entanto, quando se tratava de preparar as
almas para a paciente ascese das virtudes ao longo de toda a vida, Ela
lembrava o Reino de Deus, a Ressurreição, o Juízo Final, a vida eterna, a
glória futura, e com isto fomentava a virtude da Esperança.
Os milagres, de forma geral, são feitos para animar os cristãos na
Confiança, pois eles ocorrem sempre para suprir uma necessidade de
momento, corrigir um defeito ou um aleijo, com vistas ao fortalecimento da Fé.
Já o apostolado com a pregação da Doutrina, a formação espiritual e a
ascese, prepara a alma para a Esperança nos bens futuros (mesmo que não
estejam visíveis e palpáveis no presente) e assim alimenta uma Fé mais
robusta. Talvez esta seja uma das razões pelas quais são poucos os milagres
em nossos dias, quer dizer, aqueles mais palpáveis e vistos de forma mais
retumbantes sobre a natureza, enquanto que são mais comuns os milagres
ocultos da Graça que nos preparam para os dias futuros, alimentando-nos na
Esperança.
De outro lado, a Esperança nos anima aos bens espirituais superiores
àqueles aspirados pela Confiança, pois enquanto esta confia na obtenção de
favores e graças em geral caducos e momentâneos (embora nos fortaleça a
Fé), a Esperança nos faz aguardar pacientemente os bens da eternidade: a
vida futura, uma boa morte, a Ressurreição, a implantação do Reino de Maria
aqui na terra, etc. Embora quem espera também confia, pois estas virtudes se
interpenetram, agem conjuntamente em nossa alma: não nos esqueçamos
que a Confiança é um tipo de Esperança.
É desta forma que se compreende que a Providência tenha nos
preparado cruzes tão profundas, as quais, no dizer de São Luís Grignion de
Montfort, são mais pesadas e mais profundas que o mar. Como é que
criaturas tão fracas podem suportar cruzes tão pesadas e permanecer fiéis?
É que, ao mesmo tempo em que nos dias que correm a Providência parece
nos abandonar e nos entregar à solidão, ao desamparo, nos inspira no interior
da alma a virtude da Esperança, pela qual a alma espera, aguarda, com
paciência e resignação, a transformação de tudo, da Igreja e da sociedade,
com a vinda dos castigos divinos e o conseqüente Reino de Maria sempre
presentes em nossos horizontes como algo prestes a acontecer, como os
acontecimentos do futuro. Enquanto a Esperança nos anima para as coisas
futuras, aparentemente sufocando no presente os anseios da Confiança,
nossa alma se fortalece com o exercício de uma Fé mais pura, livre de
consolações e entregue nas mãos da Providência Divina.

Para animar à Esperança aquele que caiu em pecado contra a Fé


Após dirigir palavras duras para aqueles que apostataram de sua
vocação, São Paulo (Epístola aos Hebreus 6, 4-8) usa de consolos ou
amenidades para que não caiam em desespero e assim possam interromper
sua queda rumo à perdição eterna. De quem está falando São Paulo?
Daqueles que: a) foram uma vez iluminados e tomaram o gosto ao dom

92
celestial; b) feitos participantes do Espírito Santo; c) degustaram a boa
palavra de Deus e as virtudes celestes; d) apesar de tudo, caíram... e) e na
queda crucificaram de novo o Filho de Deus. Parece estar falando aos
cristãos de hoje. Quanto aos judeus, permaneceria o juízo de Deus e aquela
“impossibilidade” de se renovarem pela penitência, dado que foram feridos
nos seus dons naturais por causa do pecado e só parariam o processo de
decadência e perdição se houvesse um milagre da graça divina (antes de
tudo sua dificílima conversão ao Cristianismo para ter acesso aos
Sacramentos e às graças santificantes). Esta impossibilidade, portanto, só
existe se considerarmos os recursos naturais sem o auxílio da graça divina,
pois “para Deus nada é impossível” (Mt 19, 26). Para os Cristãos que caíram,
porém, existe a promessa de um milagre que só será possível com os dons
prometidos por Nosso Senhor por intermédio dos Sacramentos e da Igreja.
Portanto, não é a mesma a situação dos cristãos. “Confidimus autem
de vobis, dilectissimi, meliora et viciniora saluti, tametsi ita loquimur; - Porém
de vós, ó caríssimos, esperamos melhores coisas e mais vizinhas da
salvação, embora assim falemos (vers. 9). A palavra “esperamos” reflete uma
situação: é que de agora em diante tudo depende da Esperança e o esperar
diz respeito também àqueles que dirigem. Por isso São Paulo diz
“esperamos melhores coisas”, isto é, aguardamos que vós, cristãos, sejam
diferente dos judeus.
Para que os cristãos possam confiar e esperar de Deus um poderoso
auxílio em sua vocação e possa se reerguer sempre após as quedas, São
Paulo diz no versículo seguinte: “non enim iniustus Deus, ut obliviscatur operis
vestri et dilectionis, quam ostendistis nomini ipsius, qui ministrastis sanctis et
ministratis” -
Deus não é injusto, para que se esqueça da vossa obra e da caridade que
mostrastes em seu nome, vós que servistes aos santos e ainda os servis.
Aqui estão enquadrados também aqueles que exerceram apostolado
“servindo aos santos” Quando São Paulo diz “servistes aos santos” quer
dizer que alguns, de momento, não estão servindo mais, portanto
“ensabugaram”, enquanto que de alguma forma “ainda os servis”, talvez não
da forma devida. Mas nem por isto foram esquecidos de Deus.
Esta Esperança, porém, requer que o cristão haja com zelo pela Causa
de Deus: “Cupimus autem unumquemque vestrum eandem ostentare
sollicitudinem ad expletionem spei usque in finem” - Desejamos, porém, que
cada um de vós mostre o mesmo zelo até o fim, para tornar completa a vossa
esperança. Quer dizer, a Esperança perfeita, completa é quando o zelo da
alma vai até o fim e não seja apenas uma coisa passageira.
Portanto, nada de tibieza: “ut non segnes efficiamini, verum imitatores
eorum, qui fide et patientia hereditant promissiones” - De modo que não vos
torneis tíbios, mas imiteis aqueles que, mediante a fé e a paciência, são
herdeiros das promessas. Que promessas? “Abrahae namque promittens
Deus, quoniam neminem habuit, per quem iuraret maiorem, iuravit per
semetipsum” - Quando Deus fez a promessa a Abraão não tendo ninguém
maior por quem jurar, jurou por si mesmo. Disse Deus a Abraão: “dicens:
Utique benedicens benedicam te et multiplicans multiplicabo te ” - dizendo,
fica certo que eu te abençoarei abundantemente e te multiplicarei
abundantemente. E Deus cumpre suas promessas: “et sic longanimiter ferens

93
adeptus est repromissionem.” - E assim (Abraão), esperando pacientemente,
obteve o cumprimento da promessa.
Confiemos, portanto, naquilo que Deus prometeu com juramento:
“Homines enim per maiorem sui iurant, et omnis controversiae eorum finis ad
confirmationem est iuramentum” - Com efeito, os homens juram pelo que há
de maior do que eles, e o juramento servindo de garantia, termina todas as
contendas. E o juramento divino foi feito para evidenciar nossa filiação a
Deus e que Ele é imutável em tudo o que faz ou promete: “in quo
abundantius volens Deus ostendere pollicitationis heredibus immobilitatem
consilii sui, se interposuit iure iurando” - Pelo que, querendo Deus mostrar
com mais evidência aos herdeiros da promessa a imutabilidade de seu
conselho, interpôs o juramento. Portanto, promessa e juramento, são coisas
inabaláveis: “ut per duas res immobiles, in quibus impossibile est mentiri
Deum, fortissimum solacium habeamus, qui confugimus ad tenendam
propositam spem” - Para que, por estas coisas inabaláveis (promessa e
juramento), nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos uma
poderosíssima consolação, nós, que pusemos o nosso refúgio em alcançar a
esperança proposta.
A Esperança no cumprimento das promessas divinas torna-se uma
âncora segura e firme para nossas almas; “quam sicut ancoram habemus
animae, tutam ac firmam et incedentem usque in interiora velaminis” - A qual
temos como uma âncora segura e firme da alma, e que penetra até além do
véu. O exemplo disto, vemos em Jesus Cristo: “ubi praecursor pro nobis
introivit Iesus, secundum ordinem Melchisedech pontifex factus in aeternum” -
Em que Jesus, nosso precursor, entrou por nós, na qualidade de pontífice,
eterno segundo a ordem de Melquisedec.
Assim, um texto que começa falando duramente da impossibilidade de
se reerguer e fazer penitência de seus pecados aquele que antes havia
provado do dom celestial do Espírito Santo, termina concluindo belamente
com a virtude da Esperança com que, em qualquer circunstância, a alma deve
aguardar, até o fim, as promessas e juramento divinos.
E para que possamos obter de Deus virtude tão importante para nossa
perseverança, precisamos penetrar no sacrário da nossa própria alma, no
recinto onde só Deus penetra, o local onde as revelações divinas são íntimas
e pessoais, embora não sentidas pelos órgãos sensitivos e materiais mas
apenas pelos “olhos” da alma, pelos dons e carismas espirituais com que
Deus a contemplou. Trata-se do verdadeiro Templo de Deus, para o qual
existem muitas definições, inclusive para os “progressistas” modernos, que
consideram como templo de Deus “a comunidade”. Baseiam-se eles na frase
de Nosso Senhor Jesus Cristo: “quando dois ou mais de vós estiveres
reunidos em meu nome, eu estarei no meio de vós”. Novamente, a expressão
“no meio de vós”, que é usada Antigo Testamento, pode significar mais
propriamente o íntimo de cada pessoa, o claustro sacral da alma, ou, como
apropriadamente o próprio Cristo denominou de “coração”. A comunidade
seria a extensão daquele templo interior, uma espécie de templo coletivo, ou
mais adequadamente, o Corpo Místico de Cristo.

94

Vous aimerez peut-être aussi