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grave ameaça foi exercida com arma de fantasia, entende-se que não
houve emprego de arma, e pois não tem lugar o aumento de pena a ela
devido.
O tema, assim na Doutrina como na Jurisprudência, é ainda
hoje ponto de incidência de renhidas controvérsias. Damásio E. de
Jesus, penalista exímio, discorre, ao propósito, deste feitio:
“Cremos que o emprego de arma de brinquedo não agrava a pena do crime
de roubo, respondendo o sujeito pelo tipo simples. Isso decorre do sistema
da tipicidade. O Código Penal somente agrava a pena do delito quando o
sujeito emprega arma. Revólver de brinquedo não é arma. Logo, o fato é
atípico, diante da circunstância. Caso contrário, por coerência lógica, o
porte de revólver de brinquedo constituiria a contravenção do art. 19 da
LCP (porte ilegal de arma)” (Código Penal Anotado, 5a. ed., p. 503).
E ninguém dirá não tenha ele voz no capítulo!
O Colendo Superior Tribunal de Justiça, no entanto, professava
orientação diversa, consubstanciada na Súmula nº 174 de sua
jurisprudência: “No crime de roubo, a intimidação feita com arma de
brinquedo autoriza o aumento da pena”(4).
Esta, igualmente, era a jurisprudência predominante no Egrégio
Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo:
“Configura a qualificadora do art. 157, § 2º, nº I, do CP o uso de arma
que, apesar de brinquedo, é apta a incutir na vítima intimidação e
desestímulo a qualquer reação defensiva” (Revista de Julgados e Doutrina
do Tribunal de Alçada Criminal do Estado de São Paulo, vol. VII,
p. 154; rel. Mafra Carbonieri).
Tal entendimento, que se vai cristalizando, tem-se interpretado
como resposta eficaz e extrema da Justiça Criminal aos autores de
crimes violentos. Para grandes males grandes remédios!
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Notas
Carlos Biasotti
Desembargador aposentado do TJSP e ex-presidente da Acrimesp