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3. Como o etanol pode ser produzido? Por que a via fermentativa é mais vantajosa?
O etanol pode ser produzido pela via sintética ou pela via fermentativa (mas a via sintética não
é expressiva). Basicamente todo etanol que é produzido no Brasil é derivado a partir da via
fermentativa que é extremamente eficiente, muito bem estabelecida e de baixo custo. Os
equipamentos, da via fermentativa, não exigem muito controle e é um processo muito bem
estabelecido. Por outro lado, a via sintética se baseia em problemáticas onde se utiliza como
matéria-prima hidrocarbonetos não saturados, como o eteno, que no final irá gerar um
combustível de origem petroquímica. Com isso, a via fermentativa é mais vantajosa!
**A mesma coisa ocorre para o biodiesel -> ele não é utilizado na forma pura, mas se tem uma
porcentagem de biodiesel que é obrigatória.
**No Brasil, se opta pelo caldo de cana e o melaço que vem da produção de açúcar de cana de
açúcar. E nesse caso, os tratamentos são mais simples. No caso do melaço o tratamento vem
baseado em diluição; no caso do caldo de cana têm alguns processos de filtração para tirar as
partículas sólidas no momento da moagem e um processo também de decantação para tirar
algumas bombas, algumas substâncias que vão aumentar a viscosidade. Entretanto, todos são
tratamentos geralmente físicos ou físico-químicos simples e de baixo custo.
Matérias-primas amiláceas:
Exemplos: trigo, milho, cevada, centeio, batata e mandioca.
**O milho é utilizado nos EUA para produção de etanol. Dessa forma, os USA usam matéria
prima amilácea e não sacarina para produzir o seu etanol.
**Qualquer um desses materiais para utilizar a levedura que é utilizada hoje (Saccharomyces
cerevisiae) é necessário que ocorra antes a hidrólise do amido (sacarificação).
Matérias-primas celulósicas:
Há vários exemplos de resíduos, inclusive o bagaço de cana, que hoje em dia é usado para
queima. Esses resíduos vão precisar de um conjunto de métodos para conseguir fazer a
hidrólise gerando glicose. Então, métodos físicos, métodos químicos e enzimáticos vão ser
necessários e, na maioria das vezes, pelo menos 2 métodos vão precisar ser utilizados: um
deles é a hidrólise que geralmente é enzimática e um processo químico, físico ou físico-
químico para desestruturar essa biomassa ou separar alguns compostos dessa biomassa para
conseguir promover a hidrólise.
A matéria-prima sacarínea vai exigir um processo de extração e um processo que venha junto
com essa extração (de filtração e decantação para retirar os sólidos suspensos); a matéria-
prima amilácea irá necessitar de uma moagem, uma sacarificação (que geralmente é
enzimática) para depois seguir na fermentação e destilação; e a matéria-prima lignocelulósica,
irá necessitar da moagem, um pré-tratamento químico ou físico e depois a hidrólise
enzimática.
**A composição geral do caldo de cana consiste na presença de água, sacarose, açúcares
redutores, cinzas e compostos nitrogenados.
**A concentração dos açúcares redutores vai depender do grau de maturação (quanto mais
maturada estiver a cana, mais açúcar redutor vai ter porque começa a ocorrer a hidrólise da
sacarose).
**Quando uma célula for exposta a uma temperatura mais alta, provavelmente ela vai
aumentar a sua sensibilidade ao etanol. Então é importante que tenha células que são mais
resistentes a temperaturas porque elas necessariamente vão sofrer menos quando a
temperatura estiver mais alta junto à alta concentração de etanol.
**A tolerância ao pH mais ácido se deve ao fato de que é realizado um tratamento ácido
(geralmente ácido sulfúrico) que é usado para lavar essas leveduras e remover bactérias que
possam ter contaminado essa massa de levedura.
**Na aula prática, o meio de cultura utilizado foi basicamente caldo de cana. Não foi colocado
o nitrogênio amoniacal e os outros sais, mas foram colocados os extratos de leveduras que
possuem o mesmo efeito.
10. Por que a Saccharomyces cerevisiae foi o micro-organismo que se estabeleceu para a
produção de etanol?
**A invertase vai participar do transporte só no sentido de quebrar, mas não vai ser ela que
vai transportar.
Em um mundo ideal, a Saccharomyces só faria a rota metabolismo fermentativo -> mas isso
não funciona desse jeito. Tem-se uma série de outros metabolitos (denominados de produtos
secundários) que são produzidos em quantidade bem menor, mas que vão interferir na hora
da destilação, por exemplo. Esses produtos secundários podem ser o glicerol, ácidos orgânicos
(Ác. Pirúvico - que faz parte da via metabólica de degradação fermentativa-, Ác. Succinico, Ác.
Acético), os alcoóis superiores acetaldeído, acetoína. Com isso, se tem outros produtos que
vão fazer parte do mosto fermentado.
** Estima-se que de 5-10% da glicose consumida vai ser desviada para produtos secundários.
**O cálculo baseado no CO2 para calcular o quanto tem de etanol é um cálculo teórico porque
pode-se ter gerado ácidos, alcoóis, etc.
-O pH deve estar em torno de 4 e 5. Isso dificulta o crescimento de boa parte das bactérias que
normalmente preferem pH mais neutro. Essas leveduras possuem alta tolerância a acidez e é
sabido que a fermentação em pHs mais ácidos vão acontecer quando o inóculo for lavado com
acido sulfúrico; então pode levar essa fermentação a um pH mais próximo de 4.
-Os inibidores da fermentação também são fatores que afetam -> o próprio etanol e minerais
presentes no meio (isso pode acontecer devido à corrosão dos próprios equipamentos).
Fase lag ou fase preliminar: A velocidade de consumo de substrato é muito baixa, tem pouco
crescimento e pouca produção de CO2. A célula, nesse momento, ainda se adaptando a aquele
meio.
Fase exponencial ou tumultuosa: Ocorre o crescimento celular exponencial nessa fase -> essa
fase irá depender da quantidade de nutrientes, da quantidade de células etc. O consumo de
substrato é muito alto e pode ocorrer a elevação da temperatura. Nesse momento se não tiver
um sistema de controle de temperatura (remoção de calor) pode ocorrer uma redução do pH,
muito desprendimento do CO2 e é claro, a produção de etanol e formação de espuma.
1) Batelada:
-Sistemas de cortes:
1ª fermentação – faz-se a fermentação e, posteriormente, divide-se em 2 dornas e completa-
se com mosto novo para conseguir gerar mais produto. A primeira dorna é usada para
recuperação do produto e a outra dorna é usada como inóculo para novas duas fermentações.
-Reaproveitamento do inóculo: O reaproveitamente possui um limite -> Quando as células
começam a perder a viabilidade,ocorre o momento de preparar um novo inóculo.
-Uma outra possibilidade é a empresa utilizar sempre a cultura pura (100% propagada à cada
batelada) -> é pouco comum e se diminuiu o custo e o resíduo. Evita a contaminação e perdas
de produtividade.
2) Fermentação contínua:
Também é utilizado para a produção de etanol. Esse processo funciona da seguinte forma: se
retira uma quantidade de mosto fermentado equivalente à quantidade de caldo de cana.
Desse meio fermentado, as células irão ser separadas (e não serão reutilizadas) e é levado, no
caso do etanol, para a destilação.
**A empresa que realiza esse tipo de operação possui uma produtividade maior.
Caldo de cana fermentado livre de células (já ocorreu a decantação ou centrifugação) -> o
mosto fermentado vai para os destiladores -> ocorre a destilação, gerando um etanol 85% (ou
seja, ainda há a existência de água e produtos secundários) -> Para se tornar um produto
comercialmente aplicável, ocorre a retificação (que remove mais um pouco da água e as
impurezas voláteis), gerando um etanol 97,2% -> posteriormente utiliza-se uma coluna de
desidratação, caso se precise do álcool anidro (etanol absoluto – 99%).
É um processo que ainda está em consolidação, ou seja, está começando a entrar em fase
piloto (fase teste) para saber se o processo é, realmente, tecnicamente e economicamente
viável.
**A C5 (xilose) também pode virar etanol se houver a existência de uma Saccharomyces
cerevisiae modificada, por exemplo, ou outro tipo de micro-organismo capaz de consumir a
xilose. Com isso, no final, teria tanto a hemicelulose como a celulose usada para a produção de
etanol e a lignina utilizada para a queima.
Existe um tipo de produção que junta a produção com a etapa de hidrólise (que é a
fermentação e sacarificação simultânea) -> para amido, isso é bem comum. Adicionam-se as
enzimas e as leveduras ao mesmo tempo; as enzimas vão despolimerizar o amido e liberar a
maltose e glicose e a célula irá começar a utilizar aquele açúcar que está sendo hidrolisado.
As vantagens se baseiam na ideia de que se consegue fazer um sistema integrado onde se tem
um único tanque funcionando (não há duas etapas separadas) e as desvantagens podem se
basear no acerto de uma boa condição de produção (pois se deve trabalhar na temperatura
máxima que a levedura puder trabalhar e essa temperatura vai ser inferior a temperatura
ótima da enzima). Há, também, outras possibilidades de integrar o sistema:
Nessa ilustração, depois do pré-tratamento, temos na direta o hidrolisado hemicelulósico que
vai fermentar a fração de pentoses (C5), gerando etanol (esse processo independe de todo o
resto). Além disso, os sólidos que saíram do pré-tratamento vão para a hidrólise da celulose,
gerando uma fração líquida (contendo glicose) que vai ser fermentada separadamente pela
Saccharomyces cerevisiae, gerando etanol. Essas duas correntes de fermentação podem ir
juntas para o destilador (isso seria ideal em um processo convencional -> onde se faz todas as
etapas separadas -> Entretanto, esse processo é muito trabalhoso). Com isso, a ideia é
consolidar as coisas: a primeira possibilidade de consolidação (que é uma cópia do que é feito
pra o amido) é a fermentação e sacarificação simultânea -> que acontece apenas em um
tanque. Nesse tanque adiciona-se as enzimas, a levedura e o bagaço. A hidrólise ocorre e a
levedura vai adquirindo a glicose gerada.
**Na sacarificação e fermentação simultânea ocorre uma integração entre hidrólise com a
fermentação. Nesse sistema, há em um único tanque as celulases que vão ser adicionadas
junto com a Saccharomyces cerevisiae para consumir a glicose e gerar o etanol. Além da
sacarificação e fermentação simultânea, há um processo que integra as duas frações
(fermentando as duas juntas). Ou seja, quando se faz o pré-tratamento, sai uma fração líquida
(C5) que é jogada em um tanque. A celulose é hidrolisada em outro tanque e a parte líquida é
separada (hidrolisado de glicose). Esse hidrolisado de glicose é jogado no mesmo tanque que
tem a C5. Então, junta-se xilose (que é uma pentose) e glicose no mesmo tanque.
Posteriormente, pode-se fazer uma co-cultura ( utilizando dois micro-organismos: um que vai
consumir a glicose e outro que vai consumir a xilose).