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Pe.

Gregório Teodoro
Igreja Ortodoxa Antioquina

Por que a Igreja Ortodoxa é contrária à cremação?

Muito já se disse e tem dito sobre as benesses da cremação dos corpos dos falecidos:
menor custo, uso de menor espaço, benefícios ecológicos, praticidade, etc.
Sendo assim, por que a oposição da Igreja Ortodoxa? O que a cremação teria de
contrária à fé cristã?
Primeiramente, deve-se dizer que, para a fé cristã ortodoxa, o corpo tem caráter
sagrado. É o que aprendemos com o apóstolo Paulo: “Vocês não sabem que os seus corpos
são membros de Cristo? Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo
que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês
foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o corpo de vocês (I
Coríntios 6,15.19-20).
Aprendemos que somos, corpo, mente e espírito, de Deus, e mesmo com nossos corpos
devemos glorificá-lo. Sendo assim, o destino que se dá ao corpo de um fiel que adormeceu em
Cristo se reveste de grande importância, como faziam os primeiros cristãos, que tinham
especial cuidado com os corpos dos mártires, sepultando-os dignamente e jamais imitando
outros povos e religiões que praticavam a cremação. Ao contrário dos hereges gnósticos, a
religião cristã não crê que a carne, a matéria, sejam más, mas antes criadas por Deus e
capazes de serem portadoras da graça divina, como acontece com os santos ícones e com
as relíquias dos santos (partes de seus corpos, vestes, objetos de seu uso), uma vez que o
próprio Verbo de Deus se fez carne - Jesus Cristo se fez homem: ”E o Verbo se fez carne, e
habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de
verdade” (João 1,14). O corpo do cristão é o vaso da alma imortal e receptáculo, pelo
Batismo, do Espírito Santo.
Ainda mais, a fé cristã está centrada na ressurreição de Cristo, que foi, como sabemos,
ressurreição corporal, e se assim não tivesse sido o Senhor não teria mostrado ao incrédulo
Tomé, para que tocasse, as marcas dos cravos que perfuraram suas mãos e da lança que
traspassou seu lado: “Disse a Tomé: ‘Põe aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; e chega a tua
mão, e põe-na no meu lado’...” (João 20,27). Jesus, após a ressurreição, também comeu com

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os apóstolos: “Depois do seu sofrimento, Jesus apresentou-se a eles e deu-lhes muitas provas
indiscutíveis de que estava vivo. Apareceu-lhes por um período de quarenta dias falando-lhes
acerca do Reino de Deus. Certa ocasião, enquanto comia com eles, deu-lhes esta ordem: "Não
saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa de meu Pai, da qual lhes falei” (Atos 1,3,4).
Certamente tratava-se de um corpo glorificado, já não mais sujeito às limitações dos
corpos mortais, a ponto de sua aparência causar dúvidas a alguns, como aconteceu com Maria
Madalena que, ao ver Jesus, pensou tratar-se do jardineiro, reconhecendo Jesus em seguida:
“Então reparou que alguém estava atrás de si. Era Jesus, mas não o reconheceu. ‘Porque
choras?’, perguntou ele. ‘Quem procuras?’ Ela pensava que fosse o jardineiro: ‘Se foste tu que
o levaste, mostra-me onde o puseste que eu vou buscá-lo.’ ‘Maria!’, disse Jesus. Ela voltou-se
para ele: ‘Raboni!’, que quer dizer: Meu Mestre” (João 20,14-16).
Isso foi esclarecido pelo apóstolo São Paulo, ao falar da ressurreição de Cristo e da
ressurreição dos cristãos: “Assim também a ressurreição dentre os mortos. Semeia-se o corpo
em corrupção; ressuscitará em incorrupção. Semeia-se em ignomínia, ressuscitará em glória.
Semeia-se em fraqueza, ressuscitará com vigor. Semeia-se corpo natural, ressuscitará corpo
espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual (I Coríntios 15,42-44).
Essa imagem de semeadura e ressurreição (colheita) está exatamente de acordo com o
ensino de Cristo: “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra,
não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto (João 12,24), e tal simbologia só é
possível com o sepultamento, nunca com a cremação.
Há ainda quem diga que a cremação seria uma forma de apressar o processo que
levaria o corpo sem vida a voltar a ser pó, segundo a sentença bíblica: “Tu és pó e ao pó
tornarás” (Gênesis 3,19), o que, contudo, não tem qualquer base lógica ou científica para se
sustentar. A natureza, como criada por Deus, tem suas leis e sua forma de agir, e deve assim
ser respeitada.
Há também quem pergunte por que isso teria importância, pois como a ressurreição
física se aplicaria aos mortos há séculos, dos quais nada mais resta? Deixamos isso à
onipotência divina, da qual nunca duvidamos, crendo em sua Palavra. A eles responde o
mesmo apóstolo Paulo: “Mas alguém pode perguntar: ‘Como ressuscitam os mortos? Com que

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espécie de corpo virão?’ Insensato! O que você semeia não nasce a não ser que morra.
Quando você semeia, não semeia o corpo que virá a ser, mas apenas uma simples semente,
como de trigo ou de alguma outra coisa. Mas Deus lhe dá um corpo, como determinou, e a
cada espécie de semente dá seu corpo apropriado” (I Coríntios 15,35-38).
Naturalmente, por razões as mais diversas, podem surgir necessidades que possam
requerer uma exceção (epidemias, etc.), que poderão ser admitidas pela Igreja, razão de as
autoridades eclesiásticas deverem ser consultadas para tanto. No entanto, isto não pode ser
regra, somente exceção.
Submetendo-nos à vontade de Deus, aguardamos a realização das palavras inspiradas:
“Pois é necessário que ele (Jesus) reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo
de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte (I Coríntios 15,25-26). E repetimos:
“Espero a ressurreição dos mortos, e a vida do século futuro” (Credo Niceno).

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