Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
CONCEITUAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO
Luane Cristina Tractz Machado1 – Faculdade Guairacá
Resumo
O presente estudo tem por objetivo conceituar educação rural e educação do campo, a fim de
subsidiar com esclarecimentos a trajetória da educação rural para a concepção social e
politicamente da educação do campo, problematizando-a. Nesse percurso, ao discorrermos
sobre o assunto, entendemos que por um longo tempo a educação rural se encarregou de
escassez de políticas específicas ao contexto dos povos que vivem no campo, ao mesmo
tempo, os currículos e as práticas foram submetidos ao modelo urbanístico de escola. Dessa
forma, tratar das questões que levaram a mudança de conceito e currículo de educação rural
para a educação do/no campo, considera-se um avanço, pois ocorreu por meio de diversos
acontecimentos e transformações políticas e sociais pelas quais o Brasil passou a partir dos
anos de 1980 e da organização dos movimentos sociais. Sendo assim, evidenciar a
importância da escola e dos educadores, significa dizer que segundo os pressupostos da
educação do campo à primeira cabe uma nova dimensão e um novo sentido, o de atender os
sujeitos do e no campo a partir de um novo debate sobre seu caráter formativo, sobre a
formação dos professores, sobre o tipo de processo ensino aprendizagem a ser realizado.
Quanto aos educadores, a esses é resguardado o papel de sujeito histórico, produto e produtor
de história, por isso, precisa ser um ir além da reprodução de técnicas e receitas prontas nas
suas salas de aula, àquelas que levam somente ao conformismo do ser humano por ele
formado ou que atendam somente ao mercado de trabalho. Desse modo, este estudo é parte de
um Trabalho de Conclusão de Curso em andamento, por isso será uma abordagem de cunho
bibliográfico.
Introdução
1
Graduanda do curso de Pedagogia na Faculdade Guairacá. E-mail: luane.machado@yahoo.com.br .
ISSN 2176-1396
18323
Busca-se uma educação do campo que leve em consideração a identidade cultural dos
sujeitos que ali vivem. Por isso, os professores na dinâmica da educação do campo são
considerados sujeitos em construção, assim como os alunos. No entanto, aos educadores é
cabível a tarefa de perguntar-se quem são os sujeitos com os quais compartilham experiências
de vida durante o ano letivo, haja vista que cada aluno tem sua identidade, sua história e o
professor também. Por isso os professores devem perceber o quanto é importante assumir sua
história para que então, possam descobrir a pessoa que está por trás do rosto de cada criança,
jovem ou adulto, e então, conheçam sua história, respeitem suas diversidades e seus direitos
(ARROYO; CALDART; MOLINA, 2011).
Diante disso, quando abordado a questão dos eventos históricos da educação rural a
educação do/no campo, as concepções de escola e de educadores são fundamentais para a
compreensão do tipo de educação que foi ofertada aos povos moradores em locais distante do
quadro urbano. Por conta disso, ao entendermos a escola como um espaço dinâmico, segundo
os pressupostos da educação do campo, os educadores são sujeitos importantes na construção
de uma sociedade solidária e justa.
Portanto, o presente trabalho é divido em três partes: a primeira delas aborda a
conceituação de educação rural e educação do campo, como pontos fundamentais para a
compreensão do que se entende atualmente por uma educação do campo. A segunda parte
procura definir a questão da escola e dos educadores na educação do campo, como forma de
mostrar a função social da instituição na formação social e política dos sujeitos que vivem no
campo, e, ao mesmo tempo, o papel que os educadores necessitam desenvolver na articulação
dos saberes acadêmicos aos das vivências dos alunos.
18324
Quanto ao conceito de educação do campo, ainda não se encontra definido por estar
estreitamente ligada a democracia e por essa estar em fase inicial, portanto, a educação do
campo não é fruto de políticas educacionais oriundas de cima para baixo, construídas somente
a partir de livros e aprovações em gabinetes, o que não significa dizer que ela não tenha
fundamentação teórica. Dela deve ser eliminada a ideia do abstrato, pois está parte do
concreto, das práticas.
Uma escola do campo não é, afinal, um tipo diferente de escola, mas sim é a escola
reconhecendo e ajudando a fortalecer os povos do campo como sujeitos sociais, que
também podem ajudar no processo de humanização do conjunto da sociedade, com
lutas, sua história, seu trabalho, seus saberes, sua cultura, seu jeito (CALDART,
2011, p.110).
A educação do campo tem materialidade, surge por meio das lutas dos movimentos
sociais que se organizam contra o descaso com que as elites brasileiras tratam das questões
18327
Também surge como crítica a uma forma de ensino dos saberes que não leva em
consideração as especificidades desses sujeitos, a sua historicidade. Portanto, os sujeitos do
campo participam de lutas sociais, sonham, têm nomes e rostos, lembranças, gêneros, etnias.
Cada sujeito individual e coletivamente se forma na relação de pertença a terra e nas formas
de organização solidária.
Diante disso, entendemos que “[...] uma escola do campo é a que defende os interesses
da agricultura camponesa, que construa conhecimentos, tecnologias na direção do
desenvolvimento social e econômico dessa população” (ARROYO; FERNANDES, 1999, p.
47). Ou seja, uma escola ligada ao mundo do trabalho, da cultura, da produção, também
associada à luta pela terra, ao projeto popular de desenvolvimento para o campo.
Considerações finais
Diante disso, reivindicar talvez seja a palavra de ordem, que sejam asseguradas
condições de qualidade social, política e pedagógica da educação e da escola do/no campo,
com a finalidade de resgatar os valores e direitos dos sujeitos do campo, reconstruindo e
superando uma história marcada por descasos e desconsiderações em políticas educacionais e
em práticas pedagógicas.
REFERÊNCIAS
_____. Constituição (1988). Constituição [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado Federal. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao88.htm>. Acesso em 28 de
ago. de 2016.
CALDART, Roseli Salete. A escola do campo em movimento. In: Por uma educação do
campo. Rio de Janeiro: Vozes, 2011.
18331
CALDART, Roseli Salete. Sobre educação do campo. III Seminário do Programa Nacional
de Educação na Reforma Agrária (PRONERA). Luziânia, Goiás, 2012. Disponível
em<http://web2.ufes.br/educacaodocampo/down/cdrom1/ii_03.html> Acesso em 19 de mar.
de 2017.
LEITE, Sérgio Celani. Escola rural: urbanização e políticas educacionais. São Paulo:
Cortez, 1999.
MOLINA, Mônica Castagma; SÁ, Laís Mourão. Educação do campo. In: ALENTEJANO,
Paulo; CALDART, Roseli Salete; FRIGOTTO, Gaudêncio; PEREIRA, Isabel Brasil.
Dicionário da educação do campo. Rio de Janeiro: Escola Politécnica de Saúde Joaquim
Venâncio, Expressão Popular, 2012.
SIMÕES, Willian; TORRES, Miriam Rosa. Educação do campo: por uma superação da
educação rural no Brasil. Curitiba, 2011. Disponível em:
http://acervodigital.ufpr.br/bitstream/handle/1884/38662/R%20-%20E%20-
%20MIRIAM%20ROSA%20TORRES.pdf?sequence=1. Acesso em 12 de abr. de 2017.
PIRES, Angela Monteiro. Educação do campo como direito humano. São Paulo: Cortez,
2012.
TEIXEIRA, Michelle Freitas. A luta dos movimentos sociais camponeses pela educação e sua
concepção de formação de educadores do campo. In: CAVALCANTI, Cacilda Rodrigues;
COUTINHO, Adelaide Ferreira (Orgs.). Questão agrária, movimentos sociais e educação
do campo. Curitiba, Paraná: CRV, 2012.