Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
1163
Atividades fundamentais dentro de um sistema de garantia da qualidade metrológica
tais como: seleção adequada de instrumentos de medição, avaliação de incertezas de
medição, avaliação de conformidade com especificações, dentre outras, não estão sendo,
para a maioria das empresas pesquisadas, adequadamente tratadas. Aliado a esse fato,
verifica-se a falta de recursos humanos com formação básica em metrologia nas indústrias
e uma abordagem lacônica dos requisitos metrológicos nas normas da série ISO 9000.
Esses fatos têm contribuindo sobremaneira para a interpretação equivocada dos
requisitos metrológicos tanto por parte das indústrias quanto dos auditores de entidades
certificadoras.
O estudo aprofundado das questões levantadas na pesquisa [2] resultou na proposta de
uma metodologia para auxiliar empresas na etapa de implementação de Sistemas de
Garantia da Qualidade Metrológica, satisfazendo, consistentemente, os requisitos
metrológicos exigidos nas normas de garantia da qualidade ISO 9000.
O termo Sistema de Garantia da Qualidade Metrológica, empregado neste trabalho,
refere-se ao um conjunto de atividades planejadas e sistematicamente implementadas no
Sistema de Garantia da Qualidade, demonstradas como necessárias para garantir e
comprovar a confiabilidade dos resultados de medições [3].
Esse termo, ao contrário do termo “Sistema de comprovação metrológica para
equipamento de medição”, definido na ISO/ABNT NBR 10012-1, enfatiza que a garantia
da qualidade dos instrumentos de medição é uma atividade mais abrangente, e que vai
além do controle sobre o instrumento de medição [3].
Neste artigo emprega-se a terminologia metrológica oficial brasileira definida no
VIM/95 [4].
1164
§ todas as quinze empresas pesquisadas não avaliam incertezas de medição nas medições
críticas em chão de fábrica;
§ todas as quinze empresas pesquisadas desconheciam o Vocabulário Internacional de
Metrologia – VIM/95;
§ cerca de 67% (10/15) das empresas pesquisadas utilizam a experiência própria para
estabelecer os intervalos de calibração dos instrumentos de medição da empresa.
Para os procedimentos de seleção de instrumentos de medição, avaliação de incertezas
e avaliação de conformidade com especificações, que se destacam dentre as principais
atividades dentro do sistema metrológico implementado, verificou-se que:
0,8
empresas pesquisadas
0,60 (9/15)
0,6
0,40 (6/15)
0,4
0,2
0
GERAL (15 EMPRESAS)
Critérios baseados nessas relações são comuns no meio industrial e se destacam pela
sua "praticidade" na obtenção dos parâmetros envolvidos: a tolerância, normalmente
definida nas especificações de projetos, e o erro máximo admissível ou o valor de uma
divisão, usualmente determinados nas especificações técnicas de fabricantes [2,9].
Entretanto, essa "praticidade" pode ser conflitante com a confiabilidade metrológica
do instrumento de medição quando usado nas condições reais de utilização. As relações
1165
acima até podem ser aplicadas desde que se conheça profundamente o comportamento
metrológico e operacional do instrumento de medição na sua condição real de uso, o que
na prática é muito raro [10].
Segundo a ISO/ABNT NBR 9001/94, o fornecedor deve assegurar que a incerteza das
medições seja conhecida e consistente com a capacidade de medição requerida. A pesquisa
indicou, para todas as empresas pesquisadas, que a avaliação de incerteza de resultados de
medições é entendida como obrigatória apenas nas tarefas de calibração. Nenhuma das
empresas pesquisadas realiza avaliação de incertezas para resultados de medições críticas
em chão de fábrica.
Para a incerteza de medição nas calibrações internas, sete das nove (7/9) empresas
pesquisadas afirmaram que possuem metodologia própria para o cálculo. Apenas uma
empresa (1/9) citou em seus procedimentos o Guia para expressão da incerteza de medição
[11]. Verificou-se, no entanto, que diversos erros conceituais foram cometidos na aplicação
desse Guia.
Número de ocorrências de respostas /
Número de empresas pesquisadas
1
0,77 (7/9)
0,8
0,6
0,4
0,11 (1/9) 0,11 (1/9)
0,2
0
09 EMPRESAS REALIZAM CALIBRAÇÃO INTERNA
ISO-GUM
Não é feito cálculo da incerteza de medição
Metodologia própria
U95% = ± 2 . ( s
2
x + Ihp 2
) (1)
t.s
U95% = ± ( x
) 2 + Ihp 2
(2)
n
§ sx é o desvio padrão experimental das indicações;
1166
§ Ihp é a incerteza herdada do padrão de medição usado;
§ fator multiplicativo 2 para se relatar a incerteza em um nível da confiança de 95%;
§ t é o fator t student para um nível da confiança de 95%;
n é o número de medições realizada.
1,00
respostas/número de empresas
0,87 (13/15)
Número de ocorrências de
0,80
pesquisadas
0,60
0,40
0,00
GERAL (15 EMPRESAS)
1167
A comparação das informações oriundas do processo de calibração com a tolerância
do mensurando é inadequada. Na avaliação de conformidade de instrumento de medição,
usualmente deseja-se saber se suas características metrológicas concordam com suas
especificações. Desse modo o Erro máximo admissível, parâmetro inerente ao instrumento
e que pode caracterizar seu comportamento metrológico, é que deve ser comparado com as
informações obtidas da calibração [3].
3. METODOLOGIA PROPOSTA
Formação de equipe de
implementação do sistema metrológico
Formação da documentação
para consulta e referência
1168
Figura 4 – Tópicos gerais do Guia para Confiabilidade Metrológica – GCM
Exemplos práticos
§ Modelos de certificados, procedimentos e formulários.
§ Preenchimento da tabela resumo
§ Aplicação de ferramentas de auxílio à garantia da
confiabilidade metrológica
Bibliografia
1169
Figura 5 – Módulos do Guia para Confiabilidade Metrológica – GCM em hipertexto
4. CONCLUSÕES
O estudo aprofundado das informações coletadas na pesquisa junto a 15 (quinze)
empresas certificadas segundo as normas ISO 9000 e das normas que correlacionam
metrologia e qualidade, indicam uma significativa diferença entre as ações exigidas nas
normas de garantia da qualidade e as práticas metrológicas no meio industrial. Constatou-
se uma fundamentação metrológica deficiente nos procedimentos formais. A certificação
ISO 9000 não implica, necessariamente, em procedimentos metrológicos consistentes.
A aplicação, em casos reais, da metodologia proposta neste trabalho, indicou que
grande parte da desejável fundamentação metrológica pode ser conseguida com aplicação
de normas e procedimentos oriundos de reconhecidas organizações internacionais.
O objetivo da metodologia proposta é auxiliar empresas na etapa de implementação de
Sistemas de Garantia da Qualidade Metrológica e sua apresentação na forma de hipertexto
tem o propósito de facilitar seu uso e entendimento nas empresas de qualquer porte e ramo
de atividade.
5. BIBLIOGRAFIA
1170
[11] BIPM; et alii. - Guia para Expressão da Incerteza de Medição – 2a edição
Brasileira do "Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement", Programa
RH-Metrologia, 1998, Rio de Janeiro, RJ.
[12] ISO/FDIS 14253-1 - Geometrical Product Specifications (GPS) - Inspection by
measurement of workpieces and measuring equipament Part 1: Decison rules for
proving conformance or non-conformance with specification - 1997, Genève,
Swittzerland.
1171