Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
Agente
Aula 06 - Prof. Ricardo Torques
Aula 06
Direitos Humanos
Sumário
Direitos Humanos para Agente da Polícia Civil de São Paulo.................................................. 2
1 - Considerações Iniciais................................................................................................. 2
2 - Teoria Geral dos Direitos Humanos ............................................................................... 3
2.1 - Conceito e terminologia ........................................................................................ 3
2.2 - Estrutura Normativa ............................................................................................. 5
2.3 - Classificação dos Direitos Humanos ........................................................................ 9
2.4 - Fundamentos dos Direitos Humanos ..................................................................... 12
3 - Afirmação histórica dos Direitos Humanos ................................................................... 16
3.1 - Afirmação do conceito de pessoa na história .......................................................... 17
3.2 - Grandes etapas históricas na afirmação dos Direitos Humanos................................. 18
4 - Proteção Internacional dos Direitos Humanos .............................................................. 26
4.1 - Precedentes Históricos ........................................................................................ 26
4.2 - Internacionalização dos Direitos Humanos............................................................. 28
4.3 - Sistemas de Proteção Internacional dos Direitos Humanos ...................................... 31
4.4 - As Três Vertentes de Proteção Internacional .......................................................... 34
5 – Direitos Humanos e Cidadania ................................................................................... 41
6 – Questões ................................................................................................................ 42
6.1 - Questões sem Comentários ................................................................................. 43
6.2 – Gabarito ........................................................................................................... 53
6.3 - Questões com Comentários ................................................................................. 54
7 - Resumo .................................................................................................................. 81
8 - Considerações Finais ................................................................................................ 89
Comentários
A assertiva está incorreta. Primeiramente, é importante esclarecer que a
primeira parte da assertiva é confusa, não há verdadeiramente um consenso em
relação ao fundamento dos Direitos Humanos.
A dignidade da pessoa constitui o objeto central ou, ao menos, o principal direito
humano que temos. Porém, não é tecnicamente correto afirmar que o
fundamento da disciplina está na dignidade.
Fora esse aspecto, encontra-se incorreta a assertiva na segunda parte. Existem
outros direitos para além daqueles explícitos no texto constitucional. Como bem
sabemos existem princípios implícitos que revelam normas de direitos humanos.
Ademais, não há consenso acerca do conteúdo da dignidade. Pelo contrário, há
muita dificuldade em se fixar o conceito de dignidade.
Razoabilidade-proporcionalidade
A inclusão da razoabilidade e da proporcionalidade como critério interpretativo
proporciona uma abertura de valores na aplicação do Direito. O operador do
Direito não deve se limitar à subsunção (aplicação do fato à norma). Há,
evidentemente, uma série de princípios e valores a serem aplicados ao caso
concreto que irão reclamar um juízo de ponderação. Esse juízo tão melhor será
quanto mais razoável e proporcional for a interpretação. Não é uma tarefa fácil,
mas que releva a pretensão de se conferir real importância aqueles direitos que
possuem fundamental relevância, ante o emaranhado de normas jurídicas do
ordenamento.
Além de conduzirem a melhor opção do intérprete, a razoabilidade e
proporcionalidade evitam interpretações esdrúxulas, contrária aos
fundamentos do ordenamento jurídico.
7
BULOS, Uadi Lammêgo; Constituição Anotada, 5º edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2003,
p. 480.
Comentários
O direito à saúde constitui um direito prestacional, por meio do qual a pessoa
poderá exigir do Estado os meios e instrumentos necessários a fim de lhe garantir
uma vida saudável. Portanto, trata-se de direito positivo, de modo que a
alternativa D é a correta e gabarito da questão.
Fundamentos
Paralelamente à corrente que nega a possibilidade de delimitação dos Direitos
Humanos, foi construída pela doutrina uma série de fundamentos que somados
constituem os fundamentos dos Direitos Humanos.
Estudaremos fundamentos principais:
• o jusnaturalista;
• o positivista; e
• o moral.
Fundamento Jusnaturalista
Para a corrente jusnaturalista, o fundamento dos Direitos Humanos está em
normas anteriores e superiores ao direito estatal posto, decorrente de
um conjunto de ideias, de origem divina ou fruto da razão humana.
Assim, para essa corrente de pensamento, os Direitos Humanos seriam
equivalentes aos direitos naturais, consequência da afirmação dos ideais
jusnaturalistas.
Uma característica importante da corrente jusnaturalista é o cunho metafísico,
uma vez que os Direitos Humanos encontram fundamento na existência de um
direito pré-existente ao direito produzido pelo homem, oriundo de:
• Deus escola de direito natural de razão divina; ou
• da natureza inerente do ser humano escola de direito natural
moderna.
Em crítica a esse fundamento, argui-se que os direitos humanos são históricos,
ou seja, conquistados pela sociedade em razão das confluências sociais e
culturais, de forma que os Direitos Humanos não são pré-existentes a tudo que
existe de normativo.
De todo modo, essa corrente é importante, uma vez que
influenciou e ainda influencia o desenvolvimento dos
Direitos Humanos, tal como se extrai da jurisprudência do
STF, de acordo com os ensinamentos de André de Carvalho Ramos 8. Vejamos
alguns exemplos:
Ao se pronunciar sobre o tema bloco de constitucionalidade, o Min. Celso
de Mello9 discorreu que os direitos naturais integram o referido bloco.
8
RAMOS, André de Carvalho. Curso de Direitos Humanos, São Paulo: Editora Saraiva, 2014
(versão digital).
9
ADI 595/ES, Rel. Celso de Mello, 2002, DJU de 26-2-2002.
Os julgados acima bem exemplificam que embora não seja a tese prevalente para
a defesa de direitos humanos, por vezes, é reportado como um dos fundamentos
da nossa disciplina.
Fundamento positivista
Segundo o fundamento positivista, a formação dos Estados Constitucionais
de Direito, como é o caso do Brasil, levou à inserção de Direitos Humanos nas
constituições.
Desse modo, se os Direitos Humanos estiverem escritos em textos legais são
considerados Direitos Humanos. Antes de serem positivados, são
considerados apenas valores e juízos morais.
Acerca dessa corrente leciona André de Carvalho Ramos11:
O fundamento dos direitos humanos consiste na existência da lei positiva, cujo pressuposto
de validade está em sua edição conforme as regras estabelecidas na Constituição. Assim,
os direitos humanos justificam-se graças a sua validade formal.
10
SS 2.061 AgR/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, Presidente, DJU 30-10-2001.
11
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica).
Período Axial
Primeiramente vamos compreender o termo “axial”. Axial refere-se a eixo. Vale
dizer que o período axial dos direitos humanos é o eixo sobre o qual se
desenvolve a disciplina Direitos Humanos.
Compreendido entre VIII a.C e II a.C., esse período levou à formação
daquilo que conhecemos por humanidade.
O século VIII a.C. marca o INÍCIO do período axial, quando os estudiosos
estabeleceram princípios e diretrizes fundamentais da vida.
Em seguida, no século V a.C. nasce a filosofia, que marca uma evolução: a
passagem do saber mitológico para o saber da razão. Antes, as coisas eram
fantásticas, tudo o que existia era fruto da criação dos deuses. Com a filosofia, o
homem passou a exercer um papel crítico e racional na realidade, não mais
apegado à mitologia.
Em razão dessa mudança de postura, o homem passou a ser o centro das
discussões. Dito de outra forma: as pessoas passaram a ser objeto de análise
e de reflexão.
Isso não quer dizer que deixou de existir a mitologia ou religião, mas com o
tempo ela foi adaptada, de modo que passou a se cultuar, por exemplo,
antepassados, pessoas com modelos éticos para orientar o comportamento das
novas gerações.
Nesse período houve a aproximação e a compreensão mútua entre os
diversos povos que compunham as comunidades da época.
Assim leciona Fábio Konder Comparato13 sobre esse período:
É a partir do período axial que, pela primeira vez na História, o ser humano passa a ser
considerado, em sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não
obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais.
13
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 19.
Século XVII
Esse período é caracterizado pelo que a doutrina denomina de “crise de
consciência”, no qual os estudiosos e pensadores da época passaram a
questionar o poder político.
Ao lado das revoluções científicas da época, houve o renascimento dos ideais
republicanos e democráticos, intensificando-se o sentimento de
liberdade e de resistência ao poder absolutista.
Por conta disso, esse período é marcado pelo estatuto das liberdades pessoais,
com destaque para:
1. criação do habeas corpus; e
2. Bill of Rights.
Em suma: nesse período despontou o ESTATUTO DAS LIBERDADES
PESSOAIS, guardando íntima relação com a temática dos Direitos Humanos.
Comentários
Essa questão é extremamente maldosa!
Sabemos que o Bill Of Rights constitui uma declaração de direitos de liberdade
(de expressão, política e de tolerância religiosa). Trata-se de um documento que
surgiu no Reino Unido em 1689 e possui grande relevância para a afirmação
histórica dos Direitos Humanos.
Contudo, não é desse documento que trata a questão. Ela refere-se ao Bill of
Rights DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, que é o nome dado às primeiras
10 emendas à Constituição dos EUA de 1787. Esse documento caracteriza-se por
conter direitos básicos do cidadão em face do Estado, porém não se confunde
com Bill os Rigths que estudamos acima.
Portanto, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.
14
COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos Humanos, p. 62.
Comentários
Temos aqui uma questão dificílima, mas que ilustra bem o nosso estudo. Em face
disso, vamos comentá-la no material. A Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão marca a Revolução Francesa e é fundamental na afirmação histórica dos
Direitos Humanos.
Embora seja reconhecido como documento fundamental de Direitos Humanos, há
autores que criticam o documento. Na questão, a FCC explorou justamente isso.
Ela quer saber, em cada um dos itens, quais são os críticos referidos.
Acreditamos que uma questão tal como essa é difícil de aparecer em provas. As
provas de Defensor Público do Estado de São Paulo caracterizam-se por serem
as mais difíceis do Brasil na matéria. Assim, se nós soubermos até o que eles
estão cobrando lá, não teremos dificuldade nenhuma em nossa prova.
No primeiro item temos um excerto de Karl Marx crítico ferrenho da burguesia e
do sistema capitalista desenvolvido após a Revolução Francesa. Notem que o
excerto deixa claro que a Declaração de Direitos do Homem é feita para “uma
espécie de homem”, o burguês.
Em relação ao segundo item, temos uma citação de Gouges. Sem necessidade
de nos aprofundarmos muito a respeito do tema, Marie Gouze (conhecida como
Gouges) foi uma feminista revolucionária. Defendia os direitos das mulheres e
criou uma obra denominada “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”, em
crítica à autoridade masculina e à relação desigual travada na Declaração.
Desse modo, a alternativa C é a correta e gabarito da questão.
15
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Direito Constitucional Internacional. 13ª edição,
rev., atual., São Paulo: Editora Saraiva, 2012, p. 175/185.
17
RAMOS, André de Carvalho. Teoria Geral dos Direitos Humanos na Ordem Internacional.
2ª edição, São Paulo: Editora Saraiva, 2012 (versão eletrônica).
22
GARCIA, Bruna Pinotti e LAZARI, Rafael de. Manual de Direitos Humanos, 2º edição, Bahia:
Editora JusPodvim, 2015, p. 43.
Comentários
A evolução e afirmação histórica dos Direitos Humanos é recente, tendo como
marco fulcral a 2ª Guerra Mundial, que despertou a comunidade internacional
para a importância de se proteger os direitos humanos, em razão das atrocidades
ocorridas durante o conflito armado com inúmeras violações à dignidade das
pessoas.
Logo, é possível afirmar que o Direito Internacional dos Direitos Humanos surgiu
após o referido conflito bélico e, portanto, está correta a assertiva.
Comentários
A questão maliciosamente tenta nos induzir a erro. Vimos na parte da afirmação
histórica que a fase que compreende a dignidade como valor supremo, marcando
a concepção contemporânea dos Direitos Humanos ocorre após a 2ª Guerra
Mundial, e não com o término da 1ª Grande Guerra.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
A primeira vez em que houve declaração de direitos em documento escritos
remonta da baixa idade média, com a elaboração da Magna Carta, de 1215,
Comentários
Como vimos a consolidação dos Direitos Humanos é algo que ocorreu
paulatinamente, expandindo-se a cada confluência social. De todo modo, o
registro marcante a despertar a preocupação da comunidade internacional
quanto a temática protetiva dos direitos humanos, foi a 2ª Guerra Mundial.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
Comentários
A questão acima é comum em provas de concurso público, tendo em vista que
em Direitos Humanos algumas datas e eventos históricos são cruciais. Entre eles
o ano de 1948, que marca a edição pela ONU da Declaração Universal dos Direitos
do Homem, também conhecida como Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Vejamos, rapidamente, as alternativas.
A alternativa A está incorreta, posto que não existe tecnicamente uma “Corte
Internacional de Direitos Humanos”. Existe, por outro lado, conforme veremos ao
longo do Curso, a Corte Internacional de Justiça – que integra a ONU – e que foi
criada em 1945. Existe, também, a Corte Interamericana de Direitos humanos,
que integra a Organização dos Estados Americanos, cuja criação remonta 1969.
A alternativa B está incorreta, pois a independência dos EUA – marco histórico
dos Direitos Humanos – data de 1776.
A alternativa C está incorreta, posto que a Revolução Francesa data de 1789.
A alternativa D está incorreta, pois a assinatura da Carta Magna ocorreu no
Século XVII, especificamente, em 1215.
Finalmente, a alternativa E é a alternativa correta e gabarito da questão
conforme comentários acima.
Comentários
O documento a que se refere a questão é a Magna Carta!
O referido documento foi assinado em 1215 e constituiu um acordo entre o rei e
barões a época. A Magna Carta se destinou à proteção dos direitos dos ingleses,
originários da law of the land (lei da terra). Devido à importância do documento
e disseminação ao longo da Europa, pode ser considerada como nascedouro de
direitos, influenciado inúmeros outros documentos posteriores. A principal
finalidade da Carta Magna foi a limitação do poder do rei, que assim como
qualquer cidadão, encontrava-se vinculado às leis. Ademais, nestes documentos
foram assegurados direitos civis, como a propriedade privada e o direito de ir e
vir.
Logo a alternativa D é a correta a gabarito da questão.
A Lei do Habeas Corpus (Habeas Corpus Act) é um documento legislado de
1969, que foi editado para dar efetividade ao direito de ir e vir previsto na Magna
Comentários
Para resolver a presente questão devemos ter em mente a evolução história das
três clássicas dimensões de direitos.
Após a Revolução Francesa foi editada a Constituição de 1791 que firmou direitos
civis e políticos, mais especificamente, garantiu os direitos de liberdade,
impondo limites ao Estado Absolutista anteriormente imperante.
Entretanto, a tão só garantia de direitos negativos não foi suficiente para
suplantar as mazelas sociais presentes na sociedade à época. Em razão disso,
novo momento inicia-se para agregar, para além da proteção dos direitos civis e
políticos, outra dimensão de direitos. Passa-se a defender direitos que propiciem
Comentários
A Declaração Universal dos Direitos Humanos será estudada integralmente em
aula futura, pois constitui o documento mais importante dos Direitos Humanos.
Aprovada em 1948 por intermédio da Resolução 217A (III) da Assembleia Geral
da ONU estabeleceu, pela primeira vez, a proteção internacional dos Direitos
Humanos.
Logo, a alternativa B é a correta e gabarito da questão.
Comentários
Conforme vimos em questão anterior, a Magna Carta foi assinada em 1215 e
constituiu um acordo rei e barões da Inglaterra, que se destinou à proteção dos
direitos individuais, originários da law of the land (lei da terra). A finalidade
principal do documento foi a submissão do rei às suas regras a sim de evitar
arbitrariedades e excessiva cobrança de impostos, além de reconhecer direitos
civis como a propriedade privada e o direito de ir e vir.
Assim, a alternativa B é a correta e gabarito da questão.
Apenas por curiosidade:
O Talmude é uma compilação, que data de 499 d.C., de leis
e tradições judaicas, consistindo-se em 63 (sessenta e três) tratados de assuntos
legais, éticos e históricos23.
O Alcorão, também conhecido por Corão, é o livro sagrado do Islã. Os
muçulmanos acreditam que o Corão é a palavra literal de Deus (Alá) revelada ao
Profeta Maomé ao longo de um período de 22 anos. O seu título significa
"Recitação" ou "Leitura"24.
Comentários
Correto. Tal afirmação consta da doutrina de Fábio Konder Comparato. Isso fica
evidente, especialmente no que tange à criação da ONU, que é decorrência direta
a mobilização internacional contra as barbáries da 2ª Guerra Mundial.
Logo, a assertiva está correta.
23
Extraído de http://pt.wikiquote.org/wiki/Alcor%C3%A3o, acesso em 09.10.2014.
24
Extraído de http://pt.wikiquote.org/wiki/Talmude, acesso em 09.10.2014.
Comentários
A questão está incorreta, uma vez que a internacionalização dos direitos
humanos é uma construção pós Segunda Guerra Mundial. Após a Primeira Guerra
Mundial falava-se apenas em Direito Humanitário e não de forma
internacionalizada.
Comentários
Está perfeita a questão, exceto pelo fato de que é necessário o consentimento do
Tribunal Penal Permanente Conforme estudamos na aula de hoje, a soberania
estatal manifesta-se justamente na celebração dos tratados internacionais de
direitos humanos.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
Fácil, não? Existe, para além dos sistemas citados, o Sistema Africano de Direitos
Humanos, conforme vimos em questões anteriores.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
Vimos que a estrutura do Direito Internacional de direitos humanos engloba
sistemas globais e sistemas regionais. O sistema global atualmente compreende
a ONU, ao passo que o sistema regional compreende sistema europeu, africano
e americano.
Logo, a assertiva está incorreta, pois a ONU concentra apenas o sistema global.
Comentários
Ao lado do Sistema Global dos direitos humanos, capitaneado pela ONU, estão
presentes os sistemas regionais. No âmbito do Estado brasileiro é aplicável o
Sistema Americano, que é coordenado pela Organização dos Estados Americanos
(OEA).
Logo, a assertiva está correta.
Comentários
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Déclaration des Droits de
l'Homme et du Citoyen, ao lado), que data de 1789, é documento culminante da
Revolução Francesa, que definiu diversos direitos fundamentais de caráter
universal.
Como se vê a questão tentou confundir o documento acima com a Declaração
Universal dos Direitos Humanos (DUDH), que data de 1948, a marca a
internacionalização dos Direitos Humanos.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DE
DIREITOS HUMANOS
1948
Resolução editada no pós-2ª
Guerra Mundial voltada para a
proteção dos direitos humanos.
Foram expressados e discriminados
direitos de primeira e de segunda
dimensão. Além disso, há
referência aos direitos de terceira
dimensão.
Comentários
Estudaremos adiante cada um desses tratados internacionais de forma detalhada.
Por ora devemos lembrar que ao lado da DUDH, o Pacto Internacional de Direitos
Comentários
A assertiva parece estar correta, contudo, como vimos na parte de limitação dos
direitos humanos, a proteção dos direitos humanos não está limitada à soberania.
Comentários
Muito são os documentos que regem a proteção internacional global dos direitos
humanos. Assim, integram o sistema global de proteção, além da Declaração
Universal dos direitos Humanos, os seguintes documentos internacionais: Carta
das Nações Unidas; Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; Pacto
Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais; Convenção contra a
Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes;
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra a
Mulher; Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial; e Convenção sobre os Direitos da Criança.
Logo está incorreta a assertiva.
Comentários
De fato, quando adotada e promulgada pela ONU, em 1948, a Declaração
Universal de Direitos Humanos não foi aceita por todos os países. Não obstante
isso, sua importância histórica é incontestável, uma vez que serviu de base para
a expansão dos direitos humanos como um todo e para a criação de vários outros
tratados internacionais sobre o tema, como o Pacto Internacional dos Direitos
Civis e Políticos, e o Pacto Internacional sobre os Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, que serão estudados nas próximas aulas.
Assim, correta a assertiva.
Comentários
A ONU foi criada após a 2ª Grande Guerra, em 1945, justamente pela
necessidade articulação de um órgão internacional que coordenasse a proteção
dos direitos humanos, tendo em vista as barbaridades perpetradas contra a
humanidade durante os combates armados. A expansão dos Direitos Humanos
ocorre justamente após a 2ª Guerra e a criação da ONU.
Portanto, a assertiva está totalmente correta.
Comentários
Desde a 1ª Guerra Mundial discutia-se a
criação de tribunais penais internacionais
para julgamento de crimes de guerra.
Contudo, apenas com a mobilização em
razão das atrocidades da 2ª Guerra
Mundial é que finalmente há, em 1945, a
criação de tal tribunal.
Assim, em 08.07.1945, em Londres, foi
instituído um tribunal internacional
militar, denominado posteriormente de
Tribunal de Nuremberg. Entre as partes
que participaram da constituição do referido órgão julgadores estão o Reino
Unido, Estados Unidos, União Soviética e França.
Tratou-se de um tribunal de exceção que julgou 24 nazistas integrantes da SS,
Gestapo, Partido Nazista, entre outros. Embora criticado por se constituir em um
tribunal formado após a prática dos crimes, é fundado no direito internacional
consuetudinário de punição daqueles que cometeram crimes contra os valores
essenciais da comunidade internacional.
O referido tribunal adotou os seguintes princípios:
Comentários
A questão é doutrinária e segue, em grande medida, o entendimento de Augusto
Cançado Trindade, a respeito das vertentes dos Direitos Humanos. Contudo, para
resolver à questão não seria necessário conhecer o pensamento do autor. Após
o estudo da aula de hoje, com bom senso e razoabilidade era possível se chegar
à resposta correta.
Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está errada. Em regra, questões que afirmam ou excluem
peremptoriamente determinadas regras, noções e conceitos tendem a serem a
erradas. É o que ocorre nesta alternativa.
Afirma-se que a visão compartimentalizada das três vertentes encontra-se
“definitivamente implantada na realidade”. Embora sem conhecer o
pensamento do autor acima citado não pudéssemos concluir com certeza a
respeito da alternativa pela forma como foi redigida poderíamos, ao menos,
acreditar que o examinador tentou nos induzir a erro.
De fato, a alternativa está incorreta. Assim leciona o autor 26:
A visão compartimentalizada das três grandes vertentes da proteção internacional da
pessoa humana encontra-se hoje definitivamente superada. A doutrina e a prática
contemporâneas admitem, por exemplo, a aplicação simultânea ou concomitante de normas
de proteção, seja do direito internacional dos direitos humanos, seja do direito internacional
dos refugiados, seja do direito internacional humanitário. Passamos da
compartimentalização à convergência.
26
TRINDADE, Augusto Cançado. Direito Internacional dos Direitos Humanos, Direito
Internacional Humanitário e Direito Internacional dos Refugiados: Aproximações ou
Convergências. Disponível em:
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/cancadotrindade/cancado ver.htm, acesso em
19.10.2014, (versão eletrônica).
anteriormente defendida, crê numa aplicação convergente das três vertentes dos
Direitos Humanos, com vistas a uma proteção integral da pessoa.
Assim, como a questão anterior, poderíamos concluir com o que estudamos até
o presente, que questão não poderia estar correta. Lembre-se que as diversas
disciplinas em torno dos direitos humanos possuem caráter complementar, de
modo que somam forças com vistas à proteção da pessoa.
A alternativa C também está incorreta. Antônio Augusto Cançado Trindade 27 ao
tratar da proteção às vítimas de conflitos internos e situações de emergência
leciona:
Constitui tarefa das mais urgentes em nossos dias a de identificar os meios pelos quais se
assegure que a aproximação ou convergência verificável nos últimos anos entre o direito
internacional humanitário e a proteção internacional dos direitos humanos nos planos
normativo, hermenêutico e operacional se reverta efetiva e crescentemente em uma
extensão e fortalecimento do grau de proteção dos direitos consagrados.
27
TRINDADE, Augusto Cançado. Direito Internacional dos Direitos Humanos, Direito
Internacional Humanitário e Direito Internacional dos Refugiados: Aproximações ou
Convergências, (versão eletrônica).
28
TRINDADE, Augusto Cançado. Direito Internacional dos Direitos Humanos, Direito
Internacional Humanitário e Direito Internacional dos Refugiados: Aproximações ou
Convergências, (versão eletrônica).
29
TRINDADE, Augusto Cançado. Direito Internacional dos Direitos Humanos, Direito
Internacional Humanitário e Direito Internacional dos Refugiados: Aproximações ou
Convergências, (versão eletrônica).
Optamos por trazer esta questão pois, além de recente e por tratar
especificamente de um ponto do edital do nosso concurso, muitas vezes
em provas podemos nos deparar com assuntos que parecem difíceis,
cujo tema em específico “não sabemos”. Na realidade, com o
conhecimento que se agregará ao longo do curso e com tranquilidade é
possível resolvê-las, com tranquilidade.
Comentários
Trata-se de questão simples, que envolve tão somente o conhecimento dos
sistemas internacionais de Direitos Humanos.
Como estudamos, o Sistema Global de Direitos Humanos convive com os
sistemas regionais, entre os quais destacam-se o Sistema Europeu, o Sistema
Americano e o Sistema Africano.
Quanto aos países asiáticos não há uma organização efetiva em torno da proteção
internacional dos Direitos Humanos, limitando-se os países a criarem, segundo
suas concepções, mecanismos internos de proteção. Ademais, conforme registra
a doutrina, o continente asiático congrega diversos países ditatoriais, cuja ordem
e regramento internos não coadunam com a proteção internacional dos Direitos
Humanos.
Em razão disso, a alternativa B é a incorreta e, logo, gabarito da questão.
Comentários
As questões de Defensoria Pública sempre são ótimas para aprofundarmos o
estudo. Vejamos cada uma das alternativas.
A alternativa A está correta. As vertentes que estudamos atuam no sentido de
proteger de forma integral os direitos humanos. Assim, a pessoa estiver envolvida
em conflitos armados, será protegida pelo Direito Humanitário, se for o caso de
refugiado a proteção ocorrerá pelas regras dos Direitos dos Refugiados. Em
relação às demais pessoas, a proteção observará os Direitos Humanos (stricto
sensu), ou segundo a questão Direito Internacional dos Direitos Humanos.
É justamente em face dessa completude almejada pelas vertentes, que a visão
compartimentalizada é criticada pela doutrina.
A alternativa B está correta. Especialmente em relação aos refugiados, busca-
se criar um arcabouço jurídico protetivo, com vistas a protegê-los caso sejam
inseridos na condição de refugiados. Ademais, toda a proteção internacional dos
Direitos Humanos mira à criação de regras com vistas à prevenção de violações
aos direitos mais básicos.
A alternativa C está correta. O Direito Humanitário é uma das vertentes de
proteção internacional dos Direitos Humanos, tendo por objetivo proteger as
pessoas envolvidas em conflitos armados. Devemos lembrar que essa proteção
abrange não apenas os civis que estão em zona de guerra, mas os combatentes
e prisioneiros de guerra.
A alternativa D também está correta. Embora não tenhamos tratado dessa
cláusula ao longo da aula é sempre importante agregar conhecimentos. Por essa
cláusula fixa-se que quando determinado sistema normativo falhar ou se
apresentar de forma incompleta, é possível a utilização de normas de princípios
de Direito Internacional para a defesa. A ideia é evitar que a proteção de
Comentários
A questão está incorreta, vez que confunde as vertentes dos Direitos Humanos
(entre as quais está o Direito Humanitário) e os precedentes históricos da
internacionalização dos Direitos Humanos entre os quais estão a criação da Liga
das Nações e a OIT.
Logo, a assertiva está incorreta.
Comentários
Está correta a assertiva. O Sistema Global - coordenado pela ONU – diferencia-
se dos sistemas regionais entre os quais está o Sistema Interamericano -
coordenado pela OEA.
Logo, está correta a assertiva.