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O Dia do Maçom não é O DIA DO MAÇOM

(com nota explicativa e dois adendos)


José Maurício
Guimarães

Voltamos à mesma ladainha de todos os meses de agosto,


“mês do cachorro doido”:

O dia 20 de agosto, ao contrário do que muitos pensam, não


é o autêntico e histórico Dia do Maçom. No século dezenove,
nossos Irmãos contavam os meses e dias de acordo com o
calendário “da natureza”, começando o ano em Nissan, mês que
marca o início da primavera no hemisfério norte e outono no sul.
No calendário judaico, os meses podem ter 29, 30 ou 31 dias
dependendo da lua nova. Entre os dias 17 de junho e 25 de
outubro de 1822 foram realizadas dezenove sessões no Grande
Oriente Brazílico (assim era o nome, com z). Entre elas, a
do VIGÉSIMO DIA DO 6º MÊS DA VERDADEIRA LUZ DE 5822,
ou seja – no dia 9 de setembro de 1822. O sexto mês, a contar
de Nissan, é Elul, na passagem de agosto para setembro. Já o ano
5822 é a soma de 4000 Anno Lucis ao ano civil 1822. Nessa
célebre sessão de 9 de setembro de 1822 (vigésimo dia do 6º mês
da verdadeira luz de 5822) os Irmãos, sem terem tomado
conhecimento do que acontecera em São Paulo dois dias antes (7
de setembro), atenderam à moção do Irmão Joaquim Gonçalves
Ledo e proclamaram, em Loja, a Independência cuja legalização
iriam submeter e atribuir a D. Pedro I. Podemos dizer, portanto,
que a proclamação da Independência foi intelectualmente
articulada dentro do Grande Oriente Brazílico e o vibrante discurso
do Irmão Gonçalves Ledo, fazendo sentir a necessidade da
Independência, aconteceu no dia 9 de setembro. O “grito” já havia
sido dado. Ledo e os demais Irmãos só tomaram conhecimento
disso mais tarde.

Em junho de 1957 foi encaminhada uma proposta à reunião


da Confederação das Grandes Lojas sugerindo o dia 20 de agosto
como "Dia do Maçom" por ter sido a data da “proclamação da
independência dentro de um templo maçônico". E os presentes à
reunião, acertaram quanto ao mês (Nissan = agosto/setembro),
mas erraram quadraticamente sobre o vigésimo dia. Num ímpeto
de desatenção, esqueceram que Nisan não começa em 1º de
março, e sim no equinócio de outono entre 20/23 de março
conforme a lua. (Para maiores detalhes, consultar o livro "DO PÓ
DOS ARQUIVOS" de José CASTELLANI, páginas 25/26).

ADENDO 1: "O equívoco partiu de uma interpretação de


José Maria da Silva Paranhos que confundiu as datas
desconsiderando a relação entre o calendário oficial e o cômputo
dos dias adotado pela Maçonaria. A patusca desordem teria
parado nessa “cronologia” se infundadas decisões não viessem
somar-se às já anteriormente existentes. Naquele tempo, a
distância entre o Ipiranga (São Paulo) e o Rio de Janeiro era de
aproximadamente 7 a 9 dias a cavalo da raça quarto de milha.
Mas, as notícias vinham nos lombos de simples mulas! Conta-nos
o padre Belchior, em carta de 1896, que no dia 7 de setembro de
1822, D. Pedro I (já iniciado com o nome de Guatimozim em 2 de
agosto de 1822) mandou-o ler em voz alta as cartas trazidas de
Portugal. Ali mesmo, às margens do Ipiranga, tremendo de raiva,
D. Pedro arrancou das mãos do padre os papéis e, amarrotando-
os, pisou-os sobre a relva. “D. Pedro – diz textualmente a carta -
caminhou alguns passos, silenciosamente, acompanhado por
mim, Cordeiro, Bregaro e outros, em direção aos nossos animais,
que se achavam à beira da estrada. De repente estacou-se, já no
meio da estrada, dizendo-me: - Padre Belchior, eles o querem,
terão a sua conta. As Cortes me perseguem, chamam-me, com
desprezo, de rapazinho e brasileiro. Pois verão agora o quanto
vale o rapazinho. De hoje em diante estão quebradas as nossas
relações: nada mais quero do governo português e proclamo o
Brasil para sempre separado de Portugal! E arrancando do chapéu
o laço azul e branco, decretado pelas Cortes, como símbolo na
nação portuguesa, atirou-o ao chão, dizendo: - Laços fora,
soldados! Viva a independência, a liberdade, a separação do
Brasil.” E - prossegue o padre Belchior – “galopou, seguido de seu
séquito, em direção a São Paulo (...) mal apeara da besta, D.
Pedro ordenou ao seu ajudante de ordens que fosse às pressas
ao ourives Lessa e mandasse fazer um dístico em ouro, com as
palavras “Independência ou Morte”, para ser colocado no braço,
por um laço de fita verde e amarela.” (nota 1). Consta que Mário
Behring teria definido e uniformizado as datas num ‘polêmico’ Ato
de 1922, ano do centenário da Independência e do Grande Oriente
do Brasil. Não obstante a ajuda do então Eminente Grão-Mestre
do GOB-MG, Irmão Amintas de Araújo Xavier, não conseguimos
encontrar esse "bendito Ato". Mas Castellani insistia nesse
ponto: o então Grão-Mestre Geral do G.O.B., Irmão Mário
Behring, visando dirimir dúvidas sobre a relação das datas do
calendário oficial e o cômputo dos dias adotado pela
Maçonaria, definiu os principais eventos do calendário usado
na época da Independência, quando o ano maçônico
começou em Nissan, finais de março. Eis alguns excertos na
grafia da época: (...) 5º - Iniciação do Principe Regente como
maçon, na Loja “Commercio e Artes” a 2 de Agosto de 1822, da
E.: V.:, 13 do V mez do anno de 5822, da V.: L.:, donde resultou
sua mais intima ligação com a Independencia, como se verifica do
seu manifesto de 6 do mesmo mez; 6º - O grito de Independencia
ou Morte, dado pelo Principe Regente nas margens do Ypiranga,
7 de Setembro de 1822, da E.: V.:, 18 do VI mez do ano de 5822,
da V.: L.:, e proclamação da Independencia votada nas sessões
do Grande Oriente do Brasil a 9 e 12 de setembro do mesmo mez
e por editaes do Senado e da Camara do Rio de Janeiro, de 21 do
dicto mez e anno; 7º - Finalmente, a posse do Principe Regente
como Grão Mestre da Maçonaria no Brasil, a proclamação do
Imperio e a aclamação do Principe a Imperador Constitucional do
Brasil e seu Defensor Perpetuo, a 4 de outubro de 1822, 14 do VII
mez do anno de 5822, da V.: L.:, e designação do dia 12 do mesmo
mez (22-VII-5822) para se tornar publico e official esse
acto”. CONSUMAÇÃO DO ERRO: Apesar dessa clareza, o Irmão
Osvaldo Teixeira, da Loja “Acácia Itajaiense” de Santa Catarina,
encaminhou de boa-fé uma proposta à reunião da Confederação
das Grandes Lojas - realizada em Belém entre os dias 17 e 22 de
junho de 1957 - sugerindo o 20 de agosto como "Dia do Maçom"
por ter sido a data da “proclamação da independência dentro de
um templo maçônico". Equivocou-se e os presentes à reunião,
talvez desconhecendo o Ato do então Grão-Mestre do G.O.B. - e
posterior fundador das Grandes Lojas, Irmão Mário Behring -
aceitando, na febre do entusiasmo e também de boa-fé, seguir a
interpretação canhestra de José Maria da Silva Paranhos."

Seja como for, vamos comemorar o Dia do Maçom em 20 de


agosto, assim como nos dias 7 de setembro, 9 de setembro, 13 de
maio (Lei Áurea), 15 de novembro ‒ enfim: comemoraremos o Dia
do Maçom nos 365 dias do ano, pois maçonaria não se faz uma
vez por semana nas reuniões de Loja; Maçonaria é atitude social
e fraternidade a cada minuto de nossas vidas.

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(nota 1) : O verde “das matas”, o amarelo “do ouro”, o azul “do


céu” são meras interpretações poéticas. Na verdade o verde é a
cor da Casa de Bragança, herdeira de Avis (D. Pedro I), sendo o
amarelo a Casa dos Habsburgos, da qual Leopoldina, esposa de
D. Pedro I, era filha. Na bandeira de 1820, confeccionada por
Jean-Baptiste Debret, foram acrescentados ramos de café e de
tabaco junto a um círculo azul (na emblemática simboliza a
lealdade e a justiça) com dezenove estrelas representando as
províncias, além da Cruz da Ordem de Cristo e a esfera armilar,
insígnia das grandes navegações (meu livro Grande Loja
Maçônica de Minas Gerais História, Fundamentos e Formação.)

ADENDO 2 (01 agosto 2017) ‒ Em momento bastante


oportuno, o Irmão José Roberto D'Abronzo nos informa que tem
um exemplar de Caderno de Estudos Maçônicos da Editora
Maçônica "A TROLHA" onde, na pág. 149, José Catellani mostra
que em 20 de agosto não houve sessão na maçonaria. Cauteloso
que era, Catellani solicitou um fac-símile das certidões das atas,
cuja cópia se encontra na pág. 152 daquele exemplar, que por ser
de difícil visualização (está clara demais) o Irmão D'Abronzo
digitou, tal como lá se encontra com a grafia de então. Só tenho a
agradecer ao Irmão José Roberto D'Abronzo que, como bom
maçom e estudioso, acrescente elementos à nossa convicção, ao
contrário de alguns (poucos) que apenas se manifestam para
achincalhar o trabalho sério que buscamos desenvolver nos
grupos maçônicos.
“Certidão das actas das sessões do Grande Oriente feita
requerimento de Mello Moraes
Sapientíssimo Grão Mestre e Grande Commendador Procese-se:
Rio 14 de Ag. 1861
M.d’Abrantes
Dezejando revindicar na Corographia do Brazzil que estou
publicando a iniciativa que teve o Grd.’.Oriente nos actos da
Independencia e Aclamação do seu primeiro Imperador e União
das Provincias que alguns escriptores mal informados attribuem a
outras associações e individuos, preciso que o Resp.’.Ir.’.Grande
Secretario Chefe do Gr.’.Secr.’.passe por certidão o que constar a
tal respeito das Actas das Sessões do Gr.’.Or.’.de n° 13 a 17 e o
mais que constar a respeito da Acclamação do Primeiro
Imperador em Assembléa Geral do Povo Maçonico antes do dia
12 de Outubro de 1822.
Rio de Janeiro 12 de Agosto de 1861
Dr Alexandre J. de Mello Moraes Gr.’.33.’.
Grande Orador do Gr.’.Or.’.
Em cumprimento do despacho de sua Excellencia Marquez
d’Abrantes Grande Mestre Grande Commendador da Ordem
Maçonica no Brazil, exarado no requerimento antecedente do
Grande Orador da mesma Ordem Dr.Alexandre Jozé de Mello
Moraes, em o dia 14 d’Agosto corrente extrahi do Livro 1° das
Actas das Sessões do Grande Oriente do Brazil a respeito do que
requer o supplicante o seguinte:
1° Que da acta da sessão em 13 do 5° mez do anno 1822 (2
d’agosto) consta ter o Grande Mestre da Ordem então, o
Conselheiro Jozé Bonifacio d’Andrada e Silva proposto para ser
iniciado nos mysterios da Ordem S.ª D. Pedro d’Alcantara
Principe Regente do Brazil e seu Defensor Perpetuo e que sendo
aceita a proposta com ananime applauso e approvada por
acclamação geral, foi immediata e convenientemente
communicada ao mesmo proposto, que dignando-se aceita-la
compareceo logo na mesma sessão e sendo tão bem logo
iniciado no primeiro gráo na forma regular e prescripta pela
liturgia, prestou o juramento da Ordem e adoptou o nome heroico
de = Guatimozin.
2° Que da acta da sessão de 16 do mesmo mez e anno (5
d’agosto) presidida interinamente pelo 1° Grande Vig.’. do Gr.’.
Or.’.Joaquim Gonçalves Ledo consta ter sido proposto e
approvado para o gráo de Mestre o sobredito Ilustre Aprendiz
Guatimozin, que por ter ficado pertencendo à Loja N° 1
denominada Commercio e Artes foi incumbido de lhe conferir o
dito gráo e respctivo Veneravel Manoel dos Santos Portugal. (ou
seja três dias após Guatimozim já era Mestre Maçon)
3° Que da acta da Sessão de 20 do 6°mez do mesmo Anno de
1822 (9 de setembro) consta não só que tenho sido convocados
os maçons membros das tres Lojas Metropolitanas para esta
sessão extraordinaria, com o especificado fim adiante declarado
sendo tambem presidida pelo sobredito 1° Grande Vig.’. Joaquim
Gonçalves Ledo, no impedimento do Grande Mestre Jose
Bonifacio, dirigira do Solio um enérgico e fundado discurso
demonstrando com as mais solidas rasões que as actuaes
politicas circumstancias de nossa Patria, o rico fertil e poderoso
Brazil demandavam e exigiam criteriosamente que sua cathegoria
fosse inabalavelmente formada com a proclamação da nossa
Independencia e da Realeza Constitucional na pessoa do
Augusto Principe Perpetuo Defensor do Reino do Brazil, mas
também, que esta moção fora approvada por unanime e
simultania acclamação expressada com o ardor de mais puro e
cordial enthusiasmo patriotico.”
Logo, a proclamação aconteceu em 09 de Setembro de 1822 ou
no 20° dia do 6° mês do ano de 5.822 da V.’.L.’. de acordo com o
fac-símile de certidão da ata da sessão do Gr.’. Or.’. que traz à
luz a verdadeira história com provas documentais. Por
conseguinte, a queda de braço entre os IIr.’. Vernhagen e Rio
Branco, saiu vencedor Vernhagen.

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