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NOTÍCIAS / ALEMANHA

AL EM AN H A

“Revival” de protestos no Leste alemão
Milhares de pessoas vão às ruas no Leste do país, em protesto contra as reformas sociais implementadas pelo governo.
Ativistas criticam a alusão às passeatas semanais que levaram, há 15 anos, à queda do Muro de Berlim.

As reformas sociais levadas à cabo pelo governo alemão vêm provocando tempestades aqui e ali.
Principalmente nos estados do Leste do país, que pertenciam à ex­Alemanha Oriental, acontece um
verdadeiro revival dos chamados “protestos de segunda­feira”. Estes eram organizados por ativistas
políticos contrários ao regime comunista e, segundo críticos, “não podem ser comparados com as
atuais manifestações”.

Se em 1989 as pessoas iam às ruas em prol da liberdade e de um regime mais democrático, os
manifestantes de hoje vão contra as mudanças do seguro­desemprego e cortes de benefícios sociais.
População: não às reformas sociais
Em Leipzig, Magdeburg, Jena e outras cidades do Leste alemão, milhares de pessoas protestaram
nesta segunda­feira (9/8) contra a “tendência anti­social” das reformas do governo.

Comparação disparatada?

A comparação entre os protestos atuais e as manifestações de 1989 é “um disparate que ignora a história”, segundo Joachim Gauck, um
dos ativistas responsáveis pela abertura dos arquivos do Stasi, o serviço secreto da antiga Alemanha Oriental.

A crítica à postura de colocar sobre um mesmo patamar os protestos de hoje e os de então ecoa nos bastidores de praticamente todos os
partidos alemães. Parlamentares de várias facções acreditam que a alusão às passeatas de 1989 é leviana, uma vez que as condições
políticas dentro do regime comunista se diferem das da Alemanha unificada de hoje.

“Essa comparação é um insulto à coragem cívica mostrada pelos alemães do Leste de então”, observou o ministro da Economia e do
Trabalho, Wolfgang Clement, ao diário Leipziger Volkszeitung. Para a deputada Vera Lengsfeld, da União Democrata Cristã (CDU), “em
1989, os protestos de segunda­feira eram voltados contra um regime repressor, tendo sido um sinal da busca pela liberdade.

Hoje, trata­se de ir contra reformas necessárias, implementadas para que se possa continar assegurando o Estado social. Mesmo
mantendo uma distância crítica do governo Schröder, não há como compará­lo ao de Honecker (Erich Honecker, ex­chefe de governo da
República Democrática Alemã)”.

“Agora calem a boca”

A histeria provocada pela comparação entre os protestos por políticos do país é vista com espanto pelo pastor protestante Christian
Führer, em cuja paróquia – a da Igreja Nicolai – as manifestações de 1989 nasceram. Para Führer, não é possível que os atuais donos do
poder falem aos cidadãos da ex­Alemanha Oriental: “Saudamos o fato de vocês terem ido às ruas contra os comunistas, mas agora calem a
boca”.

As “manifestações de segunda­feira” aconteceram em várias ocasiões, mesmo após a queda do Muro de Berlim em 1989, sempre partindo
da Igreja Nicolai, em Leipzig. Nos últimos anos, os protestos se voltaram, entre outros, contra eventos neonazistas, o desemprego e a
guerra do Iraque.

L EIA M AIS

1989: Renúncia de Erich Honecker
No dia 18 de outubro de 1989, renunciou o último chefe de Estado e de partido da República Democrática Alemã, Erich Honecker. A atitude foi uma
conseqüência dos crescentes protestos de alemães­orientais contra o regime e a fuga em massa para o Ocidente.  

A Reunificação do País
Leia mais sobre as manifestações pacíficas na ex­Alemanha Oriental, que levaram à queda do Muro de Berlim.  

O adeus ao bem­estar social
Primeiros passos do governo alemão rumo a cortes na área social geram protestos. Entre a urgência de equilibrar caixas deficitários e o propósito de
manter o padrão de vida, espreme­se uma população cada dia mais idosa. (20/10/03)  
Data 09.08.2004

Autoria (sv)

Assuntos relacionados Nina Hagen, Kurt Masur, Hong Kong, Trabant , Bach, Mendelssohn, Castelo de Colditz

Palavras­chave protestos, manifestações, Leipzig, segunda­feira, reformas sociais, seguro­desemprego, Leste alemão, Alemanha oriental

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