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Muitas vezes o cliente permanece fixado em uma concepção/idealização de mundo. Tal idealização
frequentemente impossibilita a percepção das possibilidades e imobiliza ou determina a ação da
pessoa no mundo.
Vejamos a concepção do poeta Augusto dos Anjos (1884-1914) sobre os relacionamentos humanos:
1. Percepção dos fatos: o espaço relacional terapêutico é, de certa forma, o “instrumento” capaz de
produzir no cliente alguma mudança em seu campo perceptivo.
A mudança no campo perceptivo é condição inicial para que a pessoa possa, a partir da mudança da
percepção dos fatos, alterar inclusive os próprios comportamentos (p. 58).
Ao abrir-se para novas possibilidades existenciais, a consciência apreende novas idealizações para
efetivar vivências inerentes a tais possibilidades. A mudança perceptiva é condição indispensável para
que outras, significativas, possam ser efetivadas no real” (p. 58)
As possibilidades que se descortinam no campo perceptivo do sujeito poderão dimensionar-lhe,
inclusive, uma nova percepção de si mesmo. Ele passa a se acreditar de modo absoluto, criando
condições emocionais para efetivar mudanças em sua própria realidade. A base emocional onde se
estruturam tais mudanças perceptivas é o esteio no qual se sustentam as condições necessárias para
a alteração dos fatos da realidade (p. 59).
O autor considera que até mesmo o repertório linguístico do cliente (ou do terapeuta) pode se tornar
uma barreira para a comunicação dos fenômenos vividos. Fato que não necessariamente inviabiliza o
desenvolvimento do processo terapêutico, mas que pode torná-lo mais moroso, pois, antes de
compreender os fenômenos vividos pelo cliente, o terapeuta precisará entender como se estrutura a
fala do outro.
Quanto aos valores do cliente e suas concepções de mundo, caso o terapeuta não os compreenda, é
possível que a psicoterapia se torne um processo engessado e destituído de fluidez.
Contudo, o terapeuta não necessita partilhar dos valores do cliente, mas deve entender que tais
valores de certa forma representam o lugar de fala do cliente e, dessa maneira, devem ser respeitados.
Tal respeito ofertado pelo terapeuta ao cliente se constitui, inclusive, como ambiente propício para a
reflexão e mudança.
O que nos interessa ressaltar é que o princípio maior da psicoterapia é ser um processo libertário que
conduza o paciente a novas perspectivas existenciais independentemente de sua orientação teórica (p.
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