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LINFOMA/LEUCEMIA DE CÉLULAS T DO ADULTO

Artigo de Revisão

Linfoma/Leucemia de células T do adulto


D.M.M. BORDUCCHI, J. KERBAUY, J.S.R. DE OLIVEIRA
Disciplina de Hematologia e Hemoterapia da Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP.

UNITERMOS: Linfoma de Células T. HTVL-I. L/LTA. Revisão. Quanto aos dados laboratoriais, a hipercal-
cemia é complicação freqüente e aparece em 28%
KEY WORDS: T-cell lymphoma. HTLV-I. ATL. Review. dos pacientes na ocasião do diagnóstico, e em 50%
na evolução clínica, acompanhada de lesões osteo-
líticas 11. Em observações necroscópicas, em que
INTRODUÇÃO analisaram-se ossos de pacientes com hiper-
calcemia, notou-se proliferação desordenada de
O Linfoma/Leucemia de Células T do Adulto osteoclastos com reabsorção óssea. A infiltração
(L/LTA) foi a primeira neoplasia humana rela- óssea por células do L/LTA foi observada somente
cionada a retrovírus. Em 1973 foi reconhecida em um paciente, indicando que apenas neste caso
como entidade patológica no Japão 1 e, quatro anos os osteoclastos poderiam ter sido ativados pelas
depois, internacionalmente 2,3 . O vírus da leucemia células tumorais. Deste modo, a hipercalcemia
humana de células T (HTLV), primeiro retrovírus associada ao L/LTA é mediada por fator humoral
humano descrito, foi isolado de linhagem celular (fatores humorais da hipercalcemia das neopla-
de paciente portador de linfoma de células T sias). Outros fatores como a interleucina 1(IL-1)
cutâneo agressivo, posteriormente considerado alfa e IL-1 beta, fator transformador de crescimen-
como L/LTA 4. to beta (TGF-β) e paratormônio estão diretamente
Em 1979 as células do L/LTA foram cultivadas implicados à hipercalcemia 12,13.
“in vitro” 5 e a seguir utilizou-se esta linhagem A DHL (desidrogenase lática) encontra-se ele-
celular para detectar os antígenos virais, corre- vada na maioria dos pacientes e constitui-se em
lacionando-os com portadores desta neoplasia por indicador de agressividade desta patologia. Os
técnica de imunofluorescência indireta 6. A estru- níveis séricos de cálcio e DHL refletem a extensão
tura do vírus obtida do DNA genômico de linha- da doença e podem ser utilizados como monitores
gens celulares tumorais foi estabelecida por para avaliar sua atividade, correlacionando-se di-
Yoshida em paciente com L/LTA 7. retamente com o grau de agressividade clínica 10.
No Brasil, o primeiro estudo de soroprevalência A hiperbilirrubinemia pode ser observada nos
do HTLV foi publicado em 1986 8, pelo qual os casos de infiltração hepática, indicando pior prog-
autores identificaram uma população de imigran- nóstico. Hipergamaglobulinemia é de ocorrência
tes japoneses provenientes de Okinawa com índice rara, e por ser muito freqüente nos linfomas não-
de positividade de 13%. O L/LTA foi descrito no Hodgkin de alto grau de malignidade HTLV-I ne-
Brasil em 1990 9 e a partir desta data, vários estu- gativo, é utilizada como fator de diagnóstico dife-
dos foram realizados na tentativa de se definir o rencial entre as duas entidades 10.
padrão epidemiológico em nosso país. Dentre outros marcadores de atividade da doença,
Os dados clínicos do L/LTA foram estabelecidos destacam-se os níveis séricos de β2 microglobulina
por Takatsuki et al., em 1992: esta patologia ocor- e de receptor de cadeia ∝ da interleucina-2 (IL-2).
re em adultos entre 40 e 70 anos de idade, com O primeiro é expresso conjuntamente com antígenos
média de 58 anos em japoneses, e entre 19 e 62 da classe I de HLA nos linfócitos T e o segundo nos
anos, com média de 43 anos no Caribe. Existe linfócitos T ativados 10 .
predominância de soropositividade no sexo femini- O número de leucócitos geralmente está normal
no e, paradoxalmente, maior acometimento de ou aumentado no sangue periférico, onde também
doença no sexo masculino, numa razão de 1,4:1. Os são observadas células leucêmicas chamadas “flo-
sinais clínicos mais encontrados ao exame físico wer cells”, identificadas pelo aspecto lobulado do
são a adenomegalia (60%), hepatomegalia (26%), núcleo e cromatina nuclear grosseira, achado que
esplenomegalia (22%) e lesões de pele (39%). Sin- a diferencia do núcleo convoluto do linfoma linfo-
tomas de desconforto abdominal, diarréia, cólica, blástico. A anemia, neutropenia e plaquetopenia
ascite e tosse estão associados com determinados são raramente observadas 10.
subtipos de L/LTA 10 . No L/LTA típico, a arquitetura dos linfonodos

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geralmente encontra-se destruída, apesar do ar- Artrite Reumatóide; Sarna Norueguesa; Insufi-
ranjo vascular e espaços peri-vasculares estarem ciência Renal Crônica; Micose Cutânea Inespe-
intactos. O centro germinativo e os folículos linfóides cífica; Estrongiloidíase; Neoplasia de diversos ór-
desaparecem totalmente em virtude da prolifera- gãos; Doenças Oportunistas Pulmonares.
ção celular difusa. Observam-se células grandes Em 1991 foram estabelecidos critérios diagnós-
com núcleo ovóide e vesicular, nucléolo proemi- ticos que classificam o L/LTA em quatro subtipos
nente, citoplasma amplo e abundante, PAS nega- clínicos 19: 1) Smoldering: caracterizado pela con-
tivo. Há também, presença de células de tamanho tagem normal de linfócitos (<4x 10 9/l) e pela pre-
médio com núcleo redondo ou cerebriforme e célu- sença de 5% ou mais de linfócitos anômalos no
las pequenas com núcleo irregular, escuro e picnó- sangue periférico, ausência de hipercalcemia,
tico. Nota-se também células multinucleadas gi- DHL elevada, porém não excedendo cinco vezes o
gantes, semelhantes às células de Reed-Sternberg, valor normal, não envolvimento do fígado, baço,
com citoplasma amplo e basofílico. Estas caracte- SNC, ossos ou trato gastro-intestinal. Lesões de
rísticas dão aos linfonodos aspecto pleomórfico 14 . pele ou pulmão podem ser observadas, porém nun-
Existe proliferação desordenada clonal de linfó- ca derrame pleural ou ascite. 2) Crônico: o núme-
citos T “helper” ativados com supressão da ativida- ro absoluto de linfócitos está aumentado (>4x 10 9/
de normal, e com fenótipo CD3 +, CD4 + , CD8 -, l), ausência de hipercalcemia, DHL aumentada
CD25 +, CD7 -, HLA-DR +. Em alguns casos raros, as duas vezes, não envolvimento do SNC, ossos, ou
células do L/LTA podem expressar CD4 e CD8, trato gastro-intestinal. Comprometimento do fíga-
somente CD8 ou não expressar CD4 e CD8 15 . do, baço, pele e pulmões e alterações histológicas
Estudos citogenéticos mostram que não existem em linfonodos, com ou sem lesões extranodais.
anormalidades estruturais específicas desta pato- Presença de 5% ou mais de linfócitos anômalos no
logia; no entanto, elas são freqüentemente detec- sangue periférico. 3) Linfoma: neste subtipo não
tadas nas formas agressivas 16. Foram analisados há linfocitose e apenas 1% ou menos dos linfócitos
107 cariótipos de pacientes com L/LTA, por Ka- são anômalos. Existe comprometimento de linfo-
mada et al., que revelaram várias anormalidades nodo com ou sem lesão extranodal. Esta forma em
cromossômicas: trissomias dos cromossomos 3 tudo se confunde com LNH de alto grau de malig-
(21%), 7 (10%), e 21 (9%), monossomia do cro- nidade. 4) Agudo: é a forma mais comum de
mossomo X (38%) no sexo feminino, e perda do apresentação, onde a doença é muito agressiva e
cromossomo Y (17%) em homens. Anormalidades manifesta-se sob a forma leucêmica com lesões
estruturais envolvendo translocações 14q32 (28%) tumorais. Pacientes com esta forma muitas vezes
ou 14q11 (14%), e deleções 6q (23%) também foram apresentam-se com mal-estar-geral e distensão
observadas 17. abdominal. O envolvimento da pele é característi-
O tempo de sobrevida para os subtipos agressi- co, sendo as formas papular e micropapular as
vos varia de semanas a mais de um ano. Complica- manifestações cutâneas mais freqüentes; no en-
ções pulmonares, incluindo pneumonia por Pneu- tanto, eritemas e nodulações são também observa-
mocystis carinii, hipercalcemia, herpes zoster dis- das. No anátomo-patológico visualiza-se infiltra-
seminado, meningite criptococócica e infecção por ção de espaços perivasculares da epiderme, produ-
citomegalovírus, são as causas mais freqüentes de zindo muitas vezes a configuração de microab-
morte 10. Além do L/LTA existem outras doenças cessos de Pautrier. Alguns pacientes mostram in-
diretamente associadas ao HTLV-I, e algumas re- filtração da pleura e do peritôneo, e outros infiltra-
lacionadas a este vírus 18. ção do SNC, ossos e medula óssea. A sobrevida
varia de duas semanas a mais de um ano.
Doenças associadas ao HTLV-I (Retrovírus identi-
O diagnóstico do L/LTA baseia-se em vários
ficado pela técnica da PCR-Polimerase Chain
aspectos 15 : 1) Quadro clínico e laboratorial; 2)
Reaction) 18 .
Morfologia atípica de linfócitos; 3) Imunofenoti-
Linfoma/Leucemia de Células T do Adulto; pagem: CD4 +, CD8 -, CD25 +; 4) Achados histopa-
Paraparesia Espástica Tropical; Uveíte; Alveolite tológicos de linfoma não-Hodgkin; 5) Detecção de
Linfocítica; Dermatite Infecciosa; Artropatia; Po- anticorpo anti HTLV-I; 6) Integração monoclonal
limiosite; Linfadenopatia. do HTLV-I proviral no DNA de células neoplásicas.
Nos últimos anos, vários foram os critérios
Doenças Relacionadas ao HTLV-I (Alto percentual
estabelecidos para diagnóstico de L/LTA, sendo
de portadores de anticorpos anti- HTLV-I)18
que os mais utilizados estão representados nas
Síndrome de Sjögren; Tireoidite de Hashimoto; tabelas 1 e 2.

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Tabela 1 - Sistema de escore para o diagnóstico de L/LTA segundo Matutes Catovsky, 199220

Pontuação para o escore


Quadro 2 1 0
Imunofenotipagem CD4+/CD25+ CD4+/CD25- CD4-/CD25-
Morfologia Típica de Não típica de Célula de Sézary
L/LTA "flower cell" L/LTA e prolinfócitos
Histologia:
Linfonodo Pleomórfico
Pele (localização) derme epiderme
Sorologia/DNA Positivo negativo
HTLV-I
Hipercalcemia Presente ausente
Epidemiologia áreas endêmicas casos esporádicos
São necessários 5 pontos ou mais para diagnóstico de L/LTA.

caracteriza-se por agrupamentos (“cluster”) e esta


Tabela 2 - Critérios estabelecidos para diagnóstico de L/LTA
segundo Levine et al., 199421
tendência foi inicialmente documentada no sudes-
te do Japão nas regiões de Kyushu e Shikoku, ilhas
Diagnóstico de Ryukiju, incluindo Okinawa e também demons-
Critérios clínicos e de rotina laboratorial trada na região norte, em Hokkaido, onde a taxa
Hipercalcemia 1 ponto de soroprevalência chega a 45% 24,27,28,29,30. Estudos
* Lesões Cutâneas 1 ponto realizados em outros países da Ásia comprovaram
** Forma Leucêmica 1 ponto
a existência de indivíduos soropositivos isolados,
Critérios de pesquisa laboratorial
com ligações ancestrais com o Japão.
Linfoma ou leucemia de células T 2 pontos
Anticorpo para HTLV-I 2 pontos A infecção pelo HTLV-I/II ocorre no mundo in-
Receptor para IL-2 1 ponto teiro com distribuição que varia de acordo com a
Células tumorais positivas para HTLV-I 2 pontos localização geográfica, fatores étnicos e raciais ou
Classificação do L/LTA com grupos de risco pertencentes a subpopulações26.
Clássica ≥ à 7 pontos O Caribe é a maior zona endêmica de infecção
Provável 5 ou 6 pontos
pelo HTLV-I. Nesta área a soroprevalência chega
Possível 3 ou 4 pontos
Inconsistente com L/LTA <3 pontos a 5% da população geral na Jamaica e Panamá 31 , e
Exclusão do L/LTA
3% na região de Trinidad e Tobago 32. Nos Estados
Células positivas para B, linfoma nodular ou folicular, linfoma Unidos, estudo realizado em 4,5 milhões de unida-
linfoblástico, linfoma linfocítico de pequenas células. des de sangue doadas revelou soroprevalência de
* Documentação morfológica 0,016% 33 , e em outro, analisando-se 400.000 U de
** Mais de 2% de linfócitos anormais. sangue, a soropositividade foi de 0,025%. Quando
comparados a doadores soronegativos, indivíduos
HTLV-I/II soropositivos mais freqüentemente
DISTRIBUIÇÃO MUNDIAL E NO BRASIL eram mulheres, pessoas mais idosas, descenden-
tes do Caribe, relatavam história pregressa de
Existem evidências, porém de fundo contro- cirurgias, receberam transfusão de sangue, man-
verso, que o HTLV-I/II originou-se na África e foi tiveram contato sexual com indivíduos originários
levado ao Caribe através do tráfico de escravos, de áreas endêmicas para HTLV-I/II, e nenhum
e para o Japão, durante os séculos XVI e XVII, deles se auto-excluiu do grupo de risco 34 .
pela tripulação de navios portugueses. Outros Na Europa, a infecção pelo HTLV-I/II aparenta
relatos sugerem que o HTLV-I/II já estava pre- ser rara e restrita a determinados grupos, como
sente em indivíduos vivendo no Japão desde a imigrantes de áreas endêmicas, hemofílicos, ho-
pré-história 22-25 . mossexuais e bissexuais masculinos e usuários de
A primeira área endêmica a ser reconhecida foi drogas injetáveis 35,36. Estudos levados a efeito na
o Japão, e é deste país que provêm o maior volume Venezuela determinaram soroprevalência de 6,9
de dados sobre aspectos epidemiológicos e clínicos % na população geral, disseminada pelas diferen-
associados à presença do HTLV-I/II. tes regiões do país, tanto naquela próxima ao
Epidemiologicamente a infecção pelo HTLV-I/II Caribe quanto a compreendida na região Andina e

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do Amazonas 37. Na Colômbia a soroprevalência é HTLV-I/II entre os países ocidentais, ou seja,


de 4,3% para indivíduos que vivem na orla maríti- aproximadamente 615.000 pessoas para uma po-
ma, e 0,6% para os da região montanhosa 38. Estu- pulação de cerca de 150.000.000 de habitantes.
do realizado em 954 doadores em Santiago do Deve-se ressaltar que, caso no Brasil a soropreva-
Chile, 7 (0,73%) foram soropositivos 39 . lência entre homens seja menor que entre mulhe-
Estudos soroepidemiológicos e a descrição de res, como ocorre no Japão e Caribe, as estimativas
doenças relacionadas ao HTLV-I sugerem distri- resultantes para a população geral, baseadas em
buição endêmica em algumas regiões da América dados de doadores de sangue, cuja grande maioria
do Sul. Finalmente, no Brasil, alguns dados de- é do sexo masculino, fica subestimada a real
monstram que a soroprevalência é alta, variando soroprevalência 46.
de 0,47 a 1,8% dependendo do estado brasileiro e Convém ressaltar que, em praticamente todas
tamanho da amostra estudada. Em levantamento as áreas estudadas, é aspecto característico da
realizado em algumas capitais brasileiras, utili- epidemiologia do HTLV-I/II o aumento da soropre-
zando-se metodologia única para coleta, estocagem, valência com a idade.
transporte e teste das amostras para HTLV-I/II As neoplasias de células T no Brasil têm alta
(ELISA e Western blot), detectou-se a seguinte soroprevalência para HTLV-I. Pombo de Oveira et
soropositividade: Manaus (1.200 amostras), 0,33%; al. (1995) 48 analisaram, prospectivamente, 188 pa-
Salvador (1.040 amostras), 1,35%; Rio de Janeiro cientes com neoplasias de células T, sendo 40
(1.200 amostras), 0,33% e Florianópolis (1.200 portadores de leucemia ou linfoma linfoblástico,
amostras), 0,08% para uma soropositividade geral cinco de leucemia prolinfocítica, 53 de L/LTA, 54
de 0,41% 40. Entre 809 amostras de sangue de doado- linfomas cutâneos de células T, 29 linfomas pleo-
res de Belém do Pará, 1,61% foram soropositivas41. mórficos e sete leucemias linfocíticas de grandes
Em São Paulo, o HTLV-I/II tem sido demonstrado células. Dos 53 L/LTA referidos, 48 (90,5%) tive-
em 10% dos pacientes com AIDS, em 1% dos porta- ram ELISA positivo, destes 44 foram submetidos
dores assintomáticos do HIV e em 0,3% dos doado- ao teste confirmatório Western Blot (WB) e 42
res de sangue 42,43,44. Um estudo recente realizado (95%) eram positivos e 35 ao PCR com positividade
em 17.063 doadores de banco de sangue em São para 29 amostras (81%). Apenas dois outros pa-
Paulo, identificou 30 (0,18%) soropositivos para cientes com síndrome linfoproliferativa T tiveram
HTLV-I/II, sendo a prevalência de HTLV-I de ELISA positivo, um WB positivo e nenhum PCR
0,13% e de HTLV-II de 0,03% 45. Na Fundação positivo. Este estudo revelou que o L/LTA no Bra-
Hemominas, em 1.877 doadores de sangue consi- sil apresenta o mesmo quadro de outros países
derados aptos para a doação, encontraram-se seis endêmicos, com apenas duas diferenças: idade, os
(0,32%) soropositivos para ELISA e Western Blot46. brasileiros são mais jovens que os japoneses, e o
Estudos de soroprevalência mais recentes, repor- grupo étnico, onde 1/3 dos brasileiros são brancos
tados durante o terceiro simpósio do HTLV no caucaseanos e descendentes de europeus.
Brasil, demonstraram entre 15.318 amostras de Em levantamento atual encontramos relatos
sangue de doadores do HEMO-RJ uma soropositi- de casos L/LTA em diversos estados brasileiros.
vidade para HTLV-I/II (ELISA + WB) de 0,43%; Pará: dois casos; Pernambuco: nove casos; Bahia:
entre 46.183 amostras do HEMO-SP uma taxa de 16 casos, Espírito Santo: três casos; Rio de Janei-
0,47%; entre 10.535 doadores da Santa Casa-SP ro: 35 casos; Paraná: dois casos; Minas Gerais:
uma soropositividade de 0,84%; entre 10.535 amos- seis casos; Ceará: dois casos e São Paulo: 14
tras do HEMO-CE uma soroprevalência de 0,84% casos 47. Em relação ao estado de São Paulo pode-
e entre os 45.747 doadores do HEMO-PE uma mos adicionar 13 casos que foram estudados em
soropositividade de 0,82% para o HTLV-I/II 47 . nossa instituição e que não estão incluídos neste
Embora a soroprevalência seja encontrada en- levantamento 49.
tre doadores de sangue dos grandes centros urba-
nos, a generalização para a população como um TRANSMISSÃO
todo deve ser feita com restrições, sendo no entan-
to seguro afirmar que o HTLV-I/II está presente Atualmente é conhecida a interrelação dos vírus
em todas as regiões do Brasil. A soroprevalência HTLV-I com o L/LTA, bem como a sua soropreva-
média encontrada entre doadores aptos à doação lência em determinados grupos e sua forma de
no país é cerca de 20 a 100 vezes maior do que nos transmissão. É possível que o risco de desenvolvi-
Estados Unidos e Europa. Os dados disponíveis até mento de doenças associadas ao HTLV-I possa ser
o presente indicam que o Brasil possui o maior diferente de acordo com o modo de transmissão do
número absoluto de indivíduos soropositivos para vírus, que ocorre através das seguintes vias: a)

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Transmissão vertical: da mãe para o filho, no gag: p 53- precursor


período pré-natal ou pós-natal, através do leite p 24/26 - core ou capsídeo
materno. Transmissão intra-uterina também é p 19- matriz
possível, embora estudos conduzidos no Japão não p 15
tenham encontrado anticorpos anti HTLV-I/II no p 26, p 28, p 32 (intermediários do GAG)
sangue do cordão de crianças, filhas de mães env: gp 61/68 - precursor
soropositivas 50. b)Transmissão sexual: primaria- gp 46 - externa
mente do homem para a mulher 51, porém, foi docu- gp 21 - transmembrana
mentado em estudos com casais e grupos de risco
tax: p 40 (ou p 38) - proteína transativadora
promíscuos, transmissão do masculino para o fe-
minino, feminino para o masculino, e masculino O ciclo da replicação viral ocorre em duas fases,
para masculino 52 . c) Transmissão parenteral: atra- sendo que a primeira depende somente de compo-
vés de transfusão de sangue e de agulhas e serin- nentes virais, e a segunda do metabolismo celular.
gas contaminadas 53. A primeira fase inclui adesão do vírus à membrana
da célula hospedeira, entrada do vírus no cito-
plasma, transcrição reversa do RNA viral em DNA
BIOLOGIA DO VÍRUS
de fita dupla, transferência do DNA viral para o
Os vírus linfotrópicos de células T humanos são núcleo, e integração do DNA no genoma da célula
retrovírus da subfamília Oncovirinae, com geno- hospedeira na forma de provírus. Estas etapas são
ma de ácido ribonucléico (RNA), que infectam executadas pelas proteínas contidas no virion
células T maduras, geralmente CD3 + e CD4 +. O infectante. A segunda fase consiste da síntese e
HTLV tem características de vírus lento, e portan- processamento do genoma (mRNAs) e de proteínas
to apresenta período de latência prolongado. O virais, utilizando sistemas da célula hospedeira e
tempo decorrente entre a infecção e o surgimento algumas ocasiões utilizando produtos específicos
da doença pode ser de muitos anos e apenas de 1 de genes virais 55. A montagem do vírus procede
com a encapsulação do genoma pelas proteínas
a 5% dos portadores do vírus desenvolvem patolo-
codificadas pelos genes gag e gag-pol, proces-
gia correlata.
samento dos produtos, associação do nucleocap-
A estrutura da partícula viral é comum aos
sídeo com a membrana da célula, e liberação da
demais retrovírus com morfologia de partícula
nova partícula viral por brotamento. Os dois tipos
tipo-C, e seu genoma tem estrutura similar ao
de HTLV, HTLV-I e HTLV-II, apresentam ho-
HIV, isto é, com genes 5'-gag-pol-env-3' e elemen-
mologia em 65% na seqüência de nucleotídeos e
tos regulatórios da expressão viral. Além da orga-
um alto grau de homologia na seqüência de
nização geral dos retrovírus, o HTLV apresenta
aminoácidos 57,58,59 .
duas proteínas adicionais, tax e rex, localizadas
A história natural da infecção pelo HTLV-I/II
em uma região adicional no terminal 3' conhecida
não está completamente elucidada, principalmen-
como região X. O gene tax codifica uma proteína
te porque o tempo decorrido entre a exposição/
de 40 kD para o HTLV-I. Esta proteína é respon-
infecção e o início de sintomatologia é muito longo.
sável pela ativação transcricional do LTR do
No Japão, o risco acumulado durante toda a vida,
HTLV-I. As proteínas rex, de 27 e 21 kD para o
para desenvolvimento de L/LTA, naqueles que se
HTLV-I, são codificadas pela região que parcial-
infectaram na infância, foi estimado em aproxima-
mente se sobrepõe à região do gene tax, mas
damente 2,0% 60,61. No Brasil, não temos nenhum
utiliza uma “open reading frame” alternativa. As
estudo deste risco. É possível que exista alguma
proteínas rex estão envolvidas na regulação da
correlação entre a chance de desenvolvimento de
expressão dos genes do HTLV, tendo portanto
doenças associadas ao HTLV-I e o modo de trans-
papel de regulação postranscricional. As proteí-
missão do vírus.
nas codificadas pelo tax e rex são essenciais à
replicação do HTLV 54,55 .
As extremidades do vírus são flanqueadas por DETECÇÃO DO VÍRUS
duas regiões repetidas, chamadas LTR (“Long Ter-
Testes Sorológicos
minal Repeats”), que contêm seqüências específi-
cas onde se ligam reguladores celulares, elemen- Os testes sorológicos para diagnóstico da infec-
tos em “cis”. O LTR localizado na região 5' possui ção pelo HTLV-I/II utilizam-se da demonstração
função de promotor e terminador de transcrição 14 . de anticorpos contra antígenos no soro do indiví-
São produtos genéticos antigenicamente impor- duo. Os antígenos do HTLV geralmente não apre-
tantes (proteínas ou glicoproteínas): sentam reação cruzada com antígenos do HIV, e

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apesar da similaridade entre HTLV-I e II existem aminoácido radioativo, com a amostra a ser testada.
testes que contêm alguns antígenos diferentes que Em caso de estarem presentes anticorpos contra as
permitem distinguí-los. proteínas virais, são formados complexos que são
em seguida separados por eletroforese e autora-
Elisa diografados.
Este teste é usado para detectar o anticorpo
numa amostra de soro ou plasma, através de PCR para detecção do HTLV-I
enzima que atua como marcador. A utilização de técnica enzimática “in vitro” de
As reações de ELISA utilizam como antígeno o amplificação genética, a reação em cadeia da poli-
lisado viral e proteínas virais obtidas por tecno- merase (PCR), facilitou extremamente a detecção
logia recombinante ou por síntese de peptídeos. de retrovírus oncogênicos humanos62,63. A PCR tem
Neste teste pode ocorrer reação cruzada com sido usada extensivamente em estudos epidemio-
anticorpos contra HTLV-I e HTLV-II, mas não lógicos para se detectar a presença e fazer a distin-
contra o HIV. A sensibilidade da reação de ELISA ção do HTLV-I e II em amplo espectro de portadores
para detectar anticorpos contra o HTLV-I varia de e de pacientes com variadas moléstias 64.
97,3 a 100%, estando a especificidade entre 99,8 e A PCR baseia-se na amplificação enzimática de
99,9%. A limitação da técnica de ELISA está si- ácidos nucléicos, envolvendo a síntese in vitro de
tuada principalmente na fase inicial de sorocon- milhões de cópias de segmentos específicos de DNA.
versão, onde ocorre nível baixo de anticorpos. Usam-se para isso iniciadores ou primers, que são
pequenos fragmentos de DNA específicos para a
Hemoaglutinação área que se quer amplificar. O funcionamento deles
As reações de aglutinação utilizam partículas se baseia na complementaridade com fita de DNA e
de gelatina ou látex que são sensibilizadas com são sempre construídos na direção 5'-3'.
vírus inativado. Como toda prova de aglutinação, O ciclo de amplificação é constituído de três
basea-se da no princípio de que as partículas sen- etapas: desnaturação, hibridização e alongamen-
sibilizadas se aglutinam na presença de anti- to. Na etapa de desnaturação, o DNA de fita dupla
corpos anti-HTLV presentes no soro ou no plasma é aquecido a 95°C por 1 a 5 minutos para separação
do indivíduo. Pode ser utilizada como método de da fita dupla de DNA em fita única. Na etapa de
triagem, principalmente em estudos epidemio- hibridização a temperatura é reduzida para que os
lógicos, valendo salientar a inespecificidade do primers presentes na solução se hibridizem espe-
método. cificamente com o DNA desnaturado na posição
homóloga. A temperatura na qual os primers se
Western Blot separam do DNA molde é denominada temperatu-
É ensaio qualitativo “in vitro” para detecção e ra de dissociação (do inglês, melting temperatur”
identificação de anticorpo presente no soro ou ou Tm). A temperatura de dissociação depende da
plasma através da separação eletroforética de concentração de guanidina-citosina na composi-
antígeno viral associado a anticorpo específico. O ção do oligonucleotídeo 65. Na etapa de alongamen-
critério de positividade requer reatividade para to os primers são estendidos pela adição de nucleo-
p19 ou p24 e também para o antígeno do envelope tídeos complementares ao DNA no terminal 3'.
viral (gp46 ou gp68). Reações inespecíficas em Utiliza-se para a polimerização a taq DNA polime-
indivíduos não infectados podem ocorrer particu- rase, que é enzima altamente resistente ao calor,
larmente com reatividade para p19 e rgp21. A por ter sido isolada de microorganismo (Ther-
reatividade para rpg46 é muito específica para mophilus aguaticus) que vive em altas temperatu-
HTLV-I nos indivíduos com perfil de sorocon- ras. Tendo em vista todos estes dados, há de se
versão. Neste sentido, esta inespecificidade será concluir que a descoberta do L/LTA foi de grande
excluída através da análise molecular das diversas projeção para a medicina, virologia e biologia.
frações virais. “Abriu-se uma nova era para a ciência”.

Radioimunoprecipitação (RIPA)
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