CURSO DE GEOGRAFIA BACHARELADO DISCIPLINA: GEOGRAFIA AMBIENTAL NOME: MATHEUS SILVA MAGALHÃES
Geografia e Meio Ambiente.
MENDONÇA, Francisco de Assis. Geografia e Meio Ambiente. 5ª Ed – São Paulo;
Editora Contexto, 2001 – (Caminhos da Geografia)
Para iniciarmos se faz necessária o conhecimento do autor da obra,
Francisco de Assis Mendonça, nascido em Minas Gerais, licenciou-se em geografia pela Universidade Federal de Goiás, estagiou na França, leciona na Universidade estadual de Londrina desde 1985, defendeu mestrado e doutorado na Universidade de São Paulo. O livro é dividido em cinco capítulos e o primeiro aborda a temática ambiental na atualidade no que diz respeito a sua emergência no caos da qualidade de vida da sociedade, o aumento acelerado dos bens de consumo e a industrialização sem rédeas resultaram na degradação do meio ambiente comprometendo a qualidade de vida de muitas populações, a pratica das queimadas e do corte indevido das florestas causa um abalo imenso no meio ambiente, a poluição do ar, por exemplo, é um deles, pois a fumaça emite CO² que matam as células causando falência pulmonar. A falta de saneamento básico, gestão ambiental, e, sobretudo o despejo indevido dos lixos nos oceanos, tudo isso causa sem dúvida a poluição do curso marinho atingindo ecossistemas aquáticos, gerando ambientes miserais e extremamente degradados. Esses e outros são fatores cruciais para diagnosticar um ambiente poluído e contraditório, já que nesse período houve diversos avanços científico- tecnológicos, mas em contra partida temos ambientes com quedas sem limites em relação à qualidade de vida. Nessa perspectiva a mídia se mostrou voltada totalmente as causas ambientais e de uma maneira ate exagerada, sensacionalista e imediatista, tornando tudo um grande evento catastrófico, trazendo muitas vezes pânico e desordem para aqueles que consumiam exclusivamente dessa fonte de informação, mas em contrapartida ela ajudou a disseminar o quanto o ser humano anda destruindo seu planeta, trazendo algum tipo de conscientização, pelo menos para aqueles mais informados e sensíveis aos impactos ambientais. Ao prosseguir com o livro o autor aborda a temática da evolução da geografia perante o meio ambiente, ele vai dividir em dois grandes momentos, o primeiro, que vai da origem da geografia até o século XX, e o segundo momento se da dessa época ate os dias atuais. Em linhas gerais a temática ambiental da geografia nesse período se deu pela descrição do quadro natural do planeta, relevo, clima, vegetação, hidrologia, fauna e flora, essa descrição ficou pautada no detalhamento das características dos lugares selecionados, mensuração da superfície e a criação de teorias racionais baseadas na lógica positivista, corrente metodológica que tem como foco o objeto analisado, trazendo retorno matemático e teórico do assunto estudado. O empirismo por sua vez se fez muito presente na geografia, pois houve expedições na Europa e nos outros continentes em busca de entender e conhecer o meio ambiente. A geografia se destaca por ser a única ciência que desde sua formação se manifestou em prol do estudo da relação dos homens com o meio ambiente, suas interações, modulações e complexidades, ela tem um cunho ambientalista desde sua origem, pois trata de maneira seria e comprometida às lutas e as pautas mais importantes do ambiente natural, isso não quer dizer que é a única a tratar dessas questões, só foi ressaltado sua importância nessa questão metodológica, mostrando mais uma vez sua evolução como ciência e seu envolvimento como matriz teórica naturalista. Com isso a geografia começa a se fragmentar, com vieses naturalistas e sociais, tendo como precursores Vidal de La Blache e Ratzel, ambos contribuem para a geografia de maneira magistral, os dois detinham visões diferentes sobre o espaço geográfico, porem com suas contribuições a ciência que vinha em evolução passa a ter certa notoriedade, pois com base nela Ratzel elaborou sua teoria determinista do espaço vital, influenciou geopoliticamente toda a Europa, La Blache contrapondo-se a Ratzel, encabeça a corrente possibilista, que analisou de maneira regional e orgânica o meio social. Surge posteriormente uma discussão sobre a nova geografia, muito baseada no positivismo que dissociava da sociedade em relação as analises subjetivas e não possíveis de comprovações lógicas, a teoria geosistémica como proposição metodológica global, assumindo na década de 50/60, como ciência ambiental. As contingências que mudaram a forma de tratar o meio ambiente foram varias, daremos ênfase na globalização e a segunda guerra mundial. A grande de guerra sem dúvida mostrou que as potencias mundiais não queriam diplomacia, mas sim uma dominação pela força de pontos estratégicos do globo, a devastação causada pelos conflitos armados no meio ambiente foram incalculáveis e até hoje irreparáveis, nesse âmbito de guerra vale destacar a ação dos Estados Unidos no Vietnam, onde foram ignorados todos os tratados de humanidade e só restou a ganância de vitoria, foram soltos toneladas de um pó laranja chamado, Napalm, que é um conjunto de líquidos inflamáveis à base de gasolina gelificada, utilizados como armamento militar que protagonizou um momento de intensa degradação ambiental. A resolução da guerra não se deu de forma tão gradual, com erros de estratégia de ambas as partes mas com o final que todos conhecem os estados unidos se sagrou “vencedor” da guerra, porém se questiona até hoje a tamanha depravação do meio ambiente numa situação de conflito armado, a população mundial viveu esses períodos com grande pesar e receio de o nosso planeta não ser o mesmo de antes, os que conseguiram sobreviver se reergueram e aos poucos e voltavam a reconstruir áreas e buscar condições básicas para manutenção da vida. Com isso nasciam os primeiros movimentos e iniciativas de manifestações em prol da garantia de paz e preservação do meio ambiente, essa foi a base dos movimentos ecológicos que teve seu apogeu nos anos 60/70. Ademais a globalização nos trouxe uma visão macro do todo, transformando modos de vida e ampliando a experiência chamada viver, isso se deu através dos regimes imperialistas, com o súbito desenvolvimento das economias e mercados consumidores, nesse período o mundo ficou dividido entre duas potencias, EUA e URSS, com diferentes ideologias e diferentes modos de produzir o espaço. Porém a explosão demográfica, a fome, seca e o sucateamento da áfrica fizeram florescer diversos movimentos sociais que lutavam por essas causas, um bom exemplo foram os “hippies”, o movimento de maior notoriedade daquele período, com contestações a sociedade engendrada e caótica. Tendo em vista que houve conferencia mundiais para tratar do assunto o primeiro encontro que fora em Estocolmo, foi positivo e trouxe horizonte para uma política menos poluente e em busca de maior qualidade de vida. Com isso chegamos no segundo momento da geografia e sua nova abordagem do meio ambiental que se da dos anos 60, 70 e 80. Esse período é marcado pela inserção do Marxismo na geografia e suas teorias, o autor chama essa corrente metodológica de “Geografia Radical” pois era muito enraizada nos conceitos de Marx que se aplicava incisivamente na sociedade e de maneira a analisar a organização do espaço e sua compreensão das relações sociais de produção através da estrutura de classes sociais e a obtenção da mais-valia , tal modo de ver o espaço e suas interações com tanta profundidade foi ao mesmo tempo incapaz de perceber e dar auxilio a analise “física” da geografia, essa fragilidade teórica nos faz identificar uma limitação no marxismo enquanto método exclusivo de analise social de classes. Com isso se fragmenta o pensamento teórico geográfico, positivistas de um lado e marxista do outro, isso mostra a exclusividade e individualidade de cada método aplicável a analise do meio social e ambiental, já que um domina o “físico” e o outro o meio social de produção, como saída o autor cita a teoria dos sistemas que interliga a paisagem aos habitantes que ali agiram como moduladores do relevo e consequentemente da paisagem. Pouco depois a geografia se via com uma nova variável para analises das formas, a ação antrópica, que vai unir o que se separou na geografia da década de 70, ela vai abordar a “vista dinâmica natural das paisagens em interação com as relações sociais de produção” essa descrição por Sotchava elucida muito bem o que o conceito de geosistema proposto no inicio dos anos 60, surgiram assim grandes nomes nessa nova abordagem, como Jean Tricart que introduziu conceitos e metodologias mais abrangentes como a Ecodinâmica e a Ecogeografia, esses exemplos mais uma vez nos mostram a possibilidade do tratamento integrado do meio ambiente implementado pela geografia física. Isso foi o pontapé para uma gama de geógrafos revolucionar suas abordagens e elaborar inúmeros artigos científicos por todo o mundo, até chegar no Brasil com a escola francesa de geografia de forma muito lenta e gradual, que aos poucos foi evoluindo e atenuando aquela velha dicotomia entre geografia física e humana, que pode mais na frente se tornar um elo de união entre estes dois sub-ramos através da geografia da percepção ou topofilia. Observa-se que os geógrafos em geral tem se unido de forma engajada nas atividades ao meio ambiente, sobretudo nas lutas políticas e em busca de melhores condições de vida, cada profissional vem desempenhando um trabalho específico em sua área com objetivo de ampliar os horizontes e dar sustentação para as demais disciplinas, pois com isso o desenvolvimento técnico como de sensoriamento remoto e informática sejam essenciais nas analises ambientais, com foco na rapidez e precisão das funcionalidades da pesquisa dando resultados claros e satisfatórios em termos de conhecimento. Com isso fica claro que o autor no decorrer do livro quis nos mostrar que a geografia antes de qualquer coisa trata com capricho o meio ambiente e como qualquer outra disciplina passou por evolução e reajustes, sendo importantíssima a união e a diminuição da fragmentação geográfica, pois a dinâmica social em diversas localidades se faz necessárias na analise física e ambiental, como também a analise física e estrutural se faz fundamental numa fundamentação teórica de base social, com tudo a abrangência ambiental sempre foi vasta e diversa tornando o homem como agente transformador e único capaz de produzir um espaço harmônico com o meio ambiente.
“O Veneno está na Mesa” e “O Veneno está na Mesa II”, drigidos por Sílvio Tendler, sob a perspectiva do capítulo “As Bases Epistemológicas da Agroecologia”, de João Carlos Costa Gomes, do livro “Princípios e Perspectivas da Agroecologia”