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HERANÇA MALDITA
Publicado em 23/11/2014 | Rubens Bueno
Um dos pontos centrais no debate travado ao longo das últimas eleições foi o desempenho da economia
brasileira. Comparações foram feitas, dados foram apresentados, verdades, meias verdades e mentiras
foram direcionadas aos eleitores que muitas vezes se viram face a face com números tão distantes da
realidade que parecia que estavam falando de outro país. Mas, afinal, passada a visceral campanha
vivida por todos nós, qual é o desempenho do atual governo Dilma na economia?
Nas contas públicas, o desempenho não foi diferente. O déficit nominal nos últimos 12 meses até setembro
foi o maior desde 2003. Os números são bem piores, já que o Tesouro adiou para novembro o pagamento
de precatórios e a compensação do crédito subsidiado bancado com a emissão de dívida pelo Tesouro.
Mais um exemplo da contabilidade criativa e deletéria deste governo.
Outro equívoco monumental do atual governo é o tratamento dispensado à indústria. O ex-ministro Delfim
Netto, em entrevista à Folha de S.Paulo recentemente, foi taxativo: “O governo tem de reconhecer: eu
destruí um setor. Ponto final”. É a desindustrialização causando prejuízos enormes à nossa indústria,
precarização dos empregos, falta de investimento e perda de competitividade.
Poderíamos avançar, falando da leniência com a inflação no topo da meta; do descumprimento da proposta
de superávit primário; do descontrole nas contas externas; do aumento da dívida pública, enfim, são
inúmeros exemplos negativos que o atual governo coleciona na economia e que servirão de herança maldita
para o próximo governo da presidente Dilma.
O período pós-eleitoral nos trouxe mais surpresas desagradáveis: aumento na Selic, autorização de
reajuste nos preços da energia e dos combustíveis, aumento do desmatamento da Amazônia, déficit
recorde nas contas públicas, enfim, medidas tomadas e indicadores revelados ao sabor dos interesses da
candidatura oficial. Tudo feito para não atrapalhar a reeleição. Tudo feito para enganar o povo brasileiro.
Para o bem de nosso país, esperamos que o governo que se inicia faça tudo diferente do que
o triste governo que se encerra.