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ABSTRACT: This paper aims at analysing a collaborative action research conducted by an in-service
English teacher with the support of an academic-researcher. We sought to investigate here the main
barriers to conducting collaborative action research in the teaching practice of the teacher-researcher.
The results show that despite the difficulties faced throughout the investigation, action research provided
the teacher-researcher a reflective view about the teaching of English.
RESUMO: Este texto tem por finalidade analisar uma pesquisa-ação colaborativa conduzida por uma
professora de inglês em formação continuada com o apoio de uma pesquisadora-acadêmica. Neste texto,
buscamos analisar os principais entraves à condução da pesquisa-ação colaborativa na prática docente
da professora-pesquisadora. Os resultados demonstram que, apesar das dificuldades enfrentadas durante
a realização da investigação, o estudo possibilitou à professora-pesquisadora observar o ensino de
língua inglesa com um olhar reflexivo.
Introdução
Fundamentação teórica
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Atuou como orientadora da pesquisa apresentada aqui e é co-autora deste texto.
também na área de educação, como investigação da prática docente para promover mudanças
que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem.
A pesquisa-ação ao longo dos anos foi conceituada no contexto educacional por
diferentes teóricos:
A pesquisa-ação é simplesmente uma forma de indagação auto-reflexiva
empreendida pelos participantes em situações sociais, a fim de melhorar a
racionalidade e a justiça de suas próprias práticas, seu entendimento dessas
práticas e as situações dentro das quais elas têm lugar. (CARR & KEMMIS,
1988, p.174).
Segundo Silvestre (2008, p. 27), a pesquisa-ação pode ser entendida como “o estudo
de um determinado contexto social, realizado pelos próprios atuantes desse contexto, com vistas
a promover mudanças por meio da aplicação de planos de ação”. A necessidade em pesquisar a
própria prática docente precisa estar inerente ao cotidiano de um/a professor/a, pois a partir de
suas observações, reflexões e ações durante as aulas, possibilitará promover mudanças
favoráveis ao ensino-aprendizagem, sendo tanto o sujeito o qual investiga o seu contexto quanto
o objeto dessa investigação. Atribuímos o nome desse processo de pesquisa-ação.
O/a docente que realiza pesquisa-ação é chamado de professor/a-pesquisador/a. Essa
pesquisa é realizada por sujeitos diretamente envolvidos ao contexto pesquisado e este é
particular e situacional. De acordo com Engel (2000, p. 184), “a pesquisa-ação é situacional:
procura diagnosticar um problema específico numa situação também específica, com o fim de
atingir uma relevância prática dos resultados”. Em decorrência dessa particularidade da
pesquisa, não temos como generalizar os resultados obtidos por iniciar justamente pela
identificação de um problema restrito, por se relacionar a questões sociais e individuais.
Tripp (2005, p. 454) acrescenta que “a pesquisa-ação funciona melhor com
cooperação e colaboração, porque os efeitos da prática de um indivíduo isolado sobre uma
organização jamais se limitam àquele indivíduo”. De acordo com Burns (1999), a ação
colaborativa se torna mais poderosa que a pesquisa-ação feita individualmente, por proporcionar
uma forte mudança estrutural em toda a escola. Em suas palavras:
Os instrumentos para coleta de dados que podem ser utilizados pelo professor-
pesquisador, de acordo com Burns (1999) e Elliott (1991), podem ser: diários, que contêm os
relatos da aula, com descrições dos procedimentos das atividades e reflexões sobre como foi o
andamento e interação dos alunos com a disciplina; observador externo, pode ser realizado o
relato da aula tanto por um membro da pesquisa-ação quanto um/a colega que não esteja
envolvido/a na pesquisa; gravação em vídeo de aulas; entrevistas, que podem ser realizadas com
diferentes pessoas envolvidas direta ou indiretamente no projeto; questionário, com perguntas
específicas sobre a investigação; e documentos, que podem ser produzidos pelos/as alunos/as
e/ou professores/as.
A pesquisa-ação tem como seu principal objetivo investigar os/as envolvidos/as em
sala de aula, ou seja, os/as alunos/as e os/as professores/as, dessa forma não tem como delimitar
e planejar os resultados efetivos, pois não saberemos os imprevistos e situações durante o
estudo, ocorrendo subjetivamente, sem aberturas para afirmações e conclusões precipitadas. É
importante enfatizar que cada pesquisa-ação é individual e situacional, ou seja, o contexto que
irá direcionar a investigação para o estudo, e a partir desse fator os temas serão elencados para a
aplicação dos planos de ação e a expectativa dos resultados.
Para a realização da pesquisa-ação e da reflexão é necessário dedicação e
disponibilidade de pesquisar e investigar as problemáticas apresentadas em determinada sala, se
perguntando constantemente o porquê estão a fazer o que fazem na sala de aula, as formas de
conduta e até mesmo os textos/assuntos discutidos em classe. Porém, muitos/as professores/as
se esquivam da responsabilidade da realização da pesquisa por alegarem não terem tempo para
refletir, geralmente em decorrência da sobrecarga de trabalho.
O estudo
Principais entraves
O tempo foi o nosso grande vilão, tanto por parte da professora-pesquisadora quanto
pelo andamento do estudo. A docente não havia tempo disponível durante a semana, sendo
assim, nossas sessões de reflexões colaborativas sempre ocorriam antes das aulas no Centro de
Idiomas, e muitas vezes não foram agendadas mais reuniões com regularidade por causa de seus
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O nome Mary é um codinome atribuído à professora-pesquisadora, para que a sua identidade não seja revelada.
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A teoria do filtro afetivo é defendida por Krashen (1985) citado por Figueiredo (2002, p.39), configura-se em “um bloqueio mental
que impede os indivíduos de utilizarem totalmente o input compreensível que eles recebem para a aquisição da língua”. Quanto mais
a pessoa for desmotivada e insegura para aprender uma língua estrangeira, mais altoestará seu filtro afetivo, dificultando sua
aprendizagem. Por outro lado, se a pessoa tem posturas positivas sobre esse novo estudo de LE, seu filtro afetivo estará mais baixo,
possibilitando uma melhor aprendizagem e aquisição da língua.
horários. Visto que a pesquisa-ação precisa de mais atenção e análise da professora-
pesquisadora, essa exclusividade extraclasse por parte de Mary não foi identificada, pois na
maioria das vezes não realizou o que foi pedido.
A fala que a professora-pesquisadora utilizou na 2ª sessão colaborativa – “Estou
elencando os pontos positivos e os negativos, só que eu vou precisar das férias, para eu fazer o
diário” – quando foi indagada se estava realizando os diários, fica explícito a sua falta de tempo
para a dedicação à pesquisa fora da sala de aula, ao dizer que precisaria das férias. A professora
Mary não realizou os diários como foi orientada inicialmente, fez apenas apontamentos com
pontos negativos e positivos da aula, bem resumidamente. Desse modo, as suas reflexões sobre
o andamento da pesquisa-ação só foi possível de serem coletadas nas sessões colaborativas e na
entrevista final.
As colocações da Mary sobre as reações dos/as alunos/as em relação à pesquisa foram
realizadas no final da pesquisa-ação, como se pode perceber por meio das datas referentes aos
seus apontamentos realizados em quatro aulas do mês de junho. A docente não explorou as suas
percepções e nem seguiu as sugestões apresentadas pela pesquisadora-acadêmica em relação à
importância das anotações durante as aulas, pois poderia ter colocado as suas reflexões sobre o
que estava sendo observado e as suas sensações sobre o andamento da pesquisa.
Tema escolhido
[02] Podemos propor essa mudança na sala, tentar pegar os alunos que
estão mais desenvolvidos misturar com os que têm mais dificuldade, para
ajudar, falta interação entre eles. Realmente, eu já pensei nisso, mas a
resistência é tão grande! (1ª Sessão colaborativa 31/05/12)
A duração da pesquisa ocorreu do mês de abril a junho de 2012. Esse intervalo pequeno
de investigação influenciou as escolhas seletivas nas ações de Mary, uma vez que não teria
possibilidade de propor vários planos de ação em um curto período de tempo. E, em
consequência, os resultados não foram em mudanças de grandes proporções no contexto da sala
pesquisada.
Se o nosso tempo de pesquisa tivesse sido estendido ao término do ano, as
possibilidades de realizar mais estratégias que possibilitassem mudanças no ensino-
aprendizagem seriam, possivelmente, em maiores proporções. No entanto, Mary não iria
continuar a partir do segundo semestre com essa turma, sendo assim, a nossa alternativa foi
tentar desenvolver durante esses meses a pesquisa-ação pautada no tema escolhido elencado
anteriormente.
Durante a entrevista final com a professora-pesquisadora, foram realizadas várias
perguntas relacionadas aos resultados da pesquisa-ação, sobre as sessões de reflexões
colaborativas e como concluiu sobre as respostas dos alunos no questionário final. De acordo
com as suas respostas mediante a esses variados temas que abordamos, observamos os impasses
que tivemos e o ponto de vista da professora-pesquisadora, como podemos perceber em seu
discurso sobre os entraves que ocorreram na pesquisa-ação:
[03] Achei o tempo escasso, sabe? Foram menos de seis meses, você já
entrou com o curso já andando, eu estava quase dois anos com a turma, se
você tivesse iniciado antes, acho que o resultado teria sido mais positivo em
relação ao desenvolvimento deles e a própria metodologia no ensino da
gramática, a questão do livro didático, de passar filme, trabalhar música, a
gente poderia ter condensado mais coisas e ter feito algo diferente, né? Ficou
muito metódico, todo decorrer do curso, até pelas pressões externas que nós
temos: a Instituição, o material, o pai pressionando e a gramática. (Entrevista
final com a Mary, 30/06/12)
A partir das análises dos dados, percebemos que o nosso trabalho não se caracterizou
como uma pesquisa-ação colaborativa como proposta por Burns (1999), em decorrência de ter
sido realizada em um período curto e pela falta de realizar todas as etapas previstas do processo.
Além disso, a professora-pesquisadora não investigou profundamente as reais necessidades da
turma, até por causa desse fator anterior (tempo). O excerto a seguir comprova a opinião da
professora sobre a pesquisa realizada:
[05] Não é que prejudicou, mas o resultado teria sido melhor, acho que a
contribuição teria sido em maior porte, porque foi muita escassa, assim, eu
acho que passou algumas coisas, a gente fez poucas mudanças, se a gente
tivesse acompanhado eles um ano, vamos supor, desde o inicio ou um ano e
seis meses os ganhos teriam sido maiores e a gente teria percebido coisas que
às vezes passaram batidas, o olhar teria sido diferente. (Entrevista final com a
Mary, 30/06/12).
Apesar do estudo não ter sido caracterizado com uma pesquisa-ação seguindo os
moldes de Burns (1999), os resultados obtidos não podem e nem devem ser desconsiderados ou
diminuídos. Houve pequenas mudanças na prática docente da professora-pesquisadora, sua
iniciativa tanto de tentar investigar as reais necessidades do/as discentes quanto de modificar o
seu contexto escolar, possibilitando um novo olhar investigativo e reflexivo sobre o processo de
ensino-aprendizagem, demonstram sua postura como pesquisadora do seu contexto.
Considerações finais
Referências
BURNS, A. Collaborative action research for English language teachers. Cambridge: CUP,
1999.
CARR, W; KEMMIS, S. Teoria critica de la enseñanza. Barcelona: Martinez Roca, 1988.
ELLIOTT, J. Action research for educational change. Milton Keynes: Open University Press,
1991.
ELLIOTT, J. La investigación-acción en educación. Madrid: Morata, 1990.
ENGEL. G. I. Pesquisa-ação. Educar, Curitiba: Editora da UFPR. n. 16, p.181-191, 2000.
FIGUEIREDO, F. J. Q. Aprendendo com os erros: uma perspectiva comunicativa de ensino de
línguas. 2 ed. Goiânia: Editora UFG, 2002.
MILLS, G. E. Action research: a guide for the teacher researcher. Upper Saddle River, NJ:
Merril Prentice Hall, 2003.
SILVESTRE, V. S. V. A pesquisa-ação colaborativa na formação universitária de quatro
professoras de inglês. 2008. Dissertação (Mestrado em Letras e Lingüística)- Faculdade de
Letras, Universidade Federal de Goiás, Goiânia.
TRIPP, D. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. Educação e Pesquisa: São Paulo, v.
31, n. 3, p. 443-466, set./dez.2005.