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UFBA – UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

EA – ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
GRADUAÇÃO EM SECRETARIADO EXECUTIVO TRILINGUE

GRAZIELE NOGUEIRA SANTOS

ASSÉDIO MORAL NA PROFISSÃO DE SECRETARIADO


EXECUTIVO: Um estudo de caso da novela Amor a Vida

Salvador – BA
2017
GRAZIELE NOGUEIRA SANTOS

ASSÉDIO MORAL NA PROFISSÃO DE SECRETARIADO


EXECUTIVO: Um estudo de caso da novela Amor a Vida

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Graduação Bacharelado em


Secretariado Executivo Trilíngue da Escola de Administração da Universidade Federal da
Bahia como requisito parcial à obtenção do grau de Bacharelado em Secretariado Executivo
Trilíngue.

Orientadora: Profa. Dra. Claudiani Waiandt (Doutora em Administração pela UFBA)

Salvador - BA
2017
GRAZIELE NOGUEIRA SANTOS

ASSÉDIO MORAL NA PROFISSÃO DE SECRETARIADO


EXECUTIVO: Um estudo de caso da novela Amor a Vida

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue, Universidade Federal da Bahia, pela
seguinte banca examinadora:

Banca Examinadora

Prof. ª Dr.ª Claudiani Waiandt __________________________________________________


Doutora em Administração (BA)
Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Profa.ª Dr.ª Bárbara Maria Dultra Pereira __________________________________________


Doutoranda do Programa Multi-institucional e Multidisciplinar em Difusão do Conhecimento
(DMMDC)-UFBA/LNCC/MCT/UEFS/UNEB/IFBA Salvador- BA-Brasil
Mestre em Administração (UFBA)

Salvador, BA, 06 de setembro de 2017.


Dedico esse trabalho
primeiramente a Deus, por ser
essencial em minha vida, autor do
meu destino, meu guia, socorro
presente na hora de angústia. À
minha mãe Neide, minhas tias
Maria das Graças e Irene, minha
família e todos que contribuíram
pela minha educação.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ао longo de minha
vida, е não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior
mestre que alguém pode conhecer.
A esta universidade, seu corpo docente, direção е administração que oportunizaram
а janela que hoje vislumbro um horizonte superior na qual me proporcionou um ambiente
criativo e amigável.
À Prof. Dr. Claudiani Waiandt pelo suporte, apoio, correções e incentivos
na elaboração deste trabalho.
Agradeço a minha mãe Neide, heroína que apesar de todas dificuldades me fortaleceu
e para mim foi muito importante pois, nos momentos de minha ausência dedicados ао estudo
superior, sempre me fez entender que о futuro é feito а partir da constante dedicação no
presente!
À minha família, irmãos, sobrinhos e em especial tia Maria das Graças, por sua
capacidade de acreditar e não ter deixado esse sonho ter ficado atracado no cais. Tia Irene, por
ter me acolhido em sua casa e no momento que eu mais precisei se fez presente. Minha avó
Áurea, que mesmo distante e em minha partida sofreu tanto quanto eu, obrigada pelas orações.
Ao meu pai Antônio Flávio, “in memoriam” que mesmo com a ausência, acredito que sempre
me amou e torceu por mim. Ao meu avô-pai Neco, "in memoriam” me falta palavras para te
agradecer, sua presença em minha vida significou segurança e certeza de que não estou sozinha
nessa caminhada.
Meus agradecimentos аоs amigos de longas datas, ao que conheci ao longo dessa
jornada, à família R5 e principalmente as colegas de apartamentos, aos companheiros de
trabalhos e as instituições por onde passei que fizeram parte contribuindo com minha formação
е que vão continuar presentes em minha vida com certeza.
Por fim, não posso esquecer de Bruno Eduardo, que me ajudou chegar ao fim dessa
jornada com todo seu carinho, amor, dedicação e paciência. Sei que não foi fácil, mais quero
dividir essa vitória com você que nunca mediu esforços para me ajudar.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, obrigada.
“Tudo o que, na oração, pedires com fé, vós o recebereis”.

Mt 21,22
NOGUEIRA, Graziele. Assédio Moral na Profissão de Secretariado Executivo: Um Estudo
de Caso da Novela Amor a Vida. Monografia Curso Secretariado Executivo. (63) f. Salvador,
BA, 2017.

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo analisar através da teledramaturgia as relações de poder no
ambiente de trabalho que convergem em assédio moral. Através de uma metodologia de
abordagem qualitativa, foi realizado o estudo de caso da novela “Amor à Vida” (rede Globo).
Analisamos assim, a partir de uma análise documental, o contexto no qual o psicopata
corporativo atua, identificando os principais elementos e situações que se configurem em
assédio moral; examinando, analisando e descrevendo o contexto no qual o assédio moral
emerge e se desenvolve; descrevendo as características do assédio moral; descrevendo o perfil
da vítima; o perfil do (a) agressor (a) ou psicopata corporativo; os mecanismos utilizados pelo
agressor; os mecanismos de defesa da vítima; analisar de que maneira o assédio moral interfere
no cumprimento das atividades do profissional da área secretarial (em seu processo; reação das
vítimas; causas e consequências; perfil da vítima e do agressor). O assédio moral ocorre em
relações que não há respeito e na maioria das vezes por pessoas de nível superior hierárquico.
Como resultados buscou contribuir para identificar as relações de poder no ambiente de trabalho
que convergem em assédio moral na organização e instigar outros pesquisadores a agregar aos
estudos que relacionem assédio moral a profissão de secretariado executivo em outras
produções da teledramaturgia.

Palavras-chave: Assédio Moral, Ambiente Organizacional, Relações de Trabalho


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16

2 ASSÉDIO MORAL ........................................................................................................ 20


2.1 SITUAÇÕES QUE SE CONFIGUREM ASSEDIO MORAL.................................. 21
2.1.1 CONDUTA ABUSIVA ....................................................................................... 23
2.1.2 REPETIÇÃO E PROLONGAMENTO ........................................................... 23
2.1.3 CONSCIÊNCIA DO AGENTE ......................................................................... 24
2.1.4 DA NATUREZA PSICOLÓGICA ................................................................... 24
2.1.5 DO DANO PSÍQUICO....................................................................................... 24
2.2 SEU PROCESSO E CONTEXTO ............................................................................ 25
2.3 REAÇÃO DA VITÍMA AO ASSÉDIO .................................................................... 27
2.4 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL...................................... 28
2.5 PERFIL DA VITÍMA ............................................................................................... 30
2.6 PERFIL DO AGRESSOR......................................................................................... 31
2.7 MECANISMOS UTILIZADOS PELOS AGRESSORES........................................ 32
2.8 MECANISMOS DE DEFESA DA VITÍMA ............................................................ 34

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ................................................................ 36


3.1 SITUAÇÃO EMPIRICA .......................................................................................... 36
3.2 ABORDAGEM METODOLOGICA ....................................................................... 36
3.3 DESENHO/DELINEAMENTO METODOLOGICO .............................................. 37
3.4 TECNICAS METODOLOGICAS ........................................................................... 37
3.5 ESTRATEGIA DE ANALISE ................................................................................. 38

4 ASSEDIO MORAL A PARTIR DE UMA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA


......................................................................................................................................... 40
4.1 ENTENDENDO O CONTEXTO DA PROFISSÃO DE SECRETARIADO EXECUTIVO NO
MOMENTO DA NOVELA .............................................................................................. 40
4.2 A NOVELA “AMOR A VIDA” ............................................................................... 43
4.3 UMA ANÁLISE DA NOVELA A PARTIR DO ASSÉDIO MORAL ..................... 45
4.3.1 SITUAÇÕES QUE SE CONFIGURAM EM ASSÉDIO MORAL ................ 45
4.3.2 PROCESSO E CONTEXTO DO ASSÉDIO MORAL ................................... 49
4.3.3 REAÇÃO DA VITIMA AO ASSÉDIO ............................................................ 49
4.3.4 CAUSAS E CONSEQUENCIA DO ASSÉDIO MORAL ............................... 51
4.3.5 PERFIL DA VÍTIMA ........................................................................................ 52
4.3.6 PERFIL DO AGRESSOR ................................................................................. 53
4.3.7 MECANISMOS UTILIZADOS PELOS AGRESSORES .............................. 54
4.3.8 MECANISMOS DE DEFESA DA VÍTIMA .................................................... 55

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 57

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58

APÊNDICE ............................................................................................................................. 63
APÊNDICE A .......................................................................................................................... 63
APÊNDIE B ............................................................................................................................. 64
16

1 INTRODUÇÃO

O trabalho na vida dos seres humanos é considerado de suma importância


conservando um lugar de destaque na sociedade. Para Hirigoyen (2001), o trabalho ocupa uma
posição central na formação da identidade, é onde afirmamos nossas competências e realizamos
nossos projetos de vida e sonhos. É através do trabalho que nos reconhecemos, que descobrimos
nossas potencialidades, que aprendemos sobre os “outros”, que amadurecemos e temos a
garantia de inserção no círculo social.
No entanto, segundo Thiry-Cherques (2004), o mesmo recinto de trabalho que
promove uma boa convivência do ser humano é também fontes de vários sofrimentos e
problemas. Um desses grandes problemas é desenvolvido no próprio ambiente de trabalho e se
caracteriza como um comportamento individual ou grupal de submissão a um determinado alvo:
o assédio moral.
Hirigoyen (2006) conceitua o assédio como todo e qualquer comportamento
excessivo que contemple uma conduta repetitiva e prolongada ao longo da jornada de trabalho
em desacordo com a integridade ou a identidade do indivíduo, violando os seus direitos
fundamentais, tendo por consequência, a “quebra” da inteligência psíquica e física do ser
humano, ameaçando seu oficio, por conseguinte, desfavorecendo o clima de trabalho.
O assédio moral é definido como a exposição de trabalhadores a situações
constrangedoras e humilhantes durante o exercício de sua função. É mais comum nas relações
de trabalho na qual existe hierarquia, quando trabalhador é submetido a situações que
predominam condutas negativas, antiéticas e desumanas. Estas situações desestabilizam a vida
da vítima nas suas relações no local de trabalho, acarretando prejuízos emocionais e práticos a
sobrevivência do trabalhador.
Dentro das organizações, o assédio nasce do encontro entre a inveja, o poder e a
perversidade, tendo como objetivo principal o afastamento à vítima colocando-a em estado de
inferioridade, submetendo-a a situações degradantes por longos períodos caracterizando
violência. Envolve princípios individuais, coletivos, éticos e morais afetando a vida do
assediado, causando prejuízos físicos e psicológicos a esse indivíduo.
O assédio moral está ligado às relações de convivência humanas dentro das
organizações, relações essas não saudáveis no âmbito do trabalho, a pessoa que sofre o assédio
normalmente é exposta acontecimentos humilhantes, vexatórias, constrangedoras, tudo isso
17

acontece com o propósito de excluir ou afastar o assediador do convívio a um determinado


grupo ou até leva-lo a pedir demissão. Essa conduta inadequada leva o assediado a conflitos em
sua vida tanto na convivência social, profissional, familiar e afetiva, acarretando problemas de
saúde e de caráter psicológica.
No Brasil, o tema assédio moral foi disseminado somente a partir do ano 2000, com
o trabalho de Margarida Barreto e da tradução da obra Le Harcèlement Moral, de Marie-France
(HIRIGOYEN, 2002). O assédio moral é um ato antigo que tem deixado sua marca nas
pequenas e grandes organizações no mundo. Qualquer profissão pode vir a sofrer deste mal,
porém para algumas, é mais visível, como no caso do profissional de secretariado executivo. O
profissional de secretariado executivo possui um perfil flexível seja como gerenciador de
informações ou mediador dos interesses do corpo gerencial e operacional, é parcialmente
responsável por administrar os relacionamentos e conflitos existentes na organização. Ao
exercer um cargo de confiança, acaba tendo um contato mais direto e constante com seu chefe,
transformando-o num possível candidato a esse tipo de agressão. Esse fato coloca no mínimo
uma questão para o profissional de secretariado: Como se estabelecem as relações de poder no
ambiente de trabalho que convergem em Assédio Moral na organização?
Entende-se que o assédio dentro das organizações surge do encontro entre o estado
de inferioridade, submetendo-a a situações degradantes por longos períodos caracterizando
violência. Envolve princípios individuais, coletivos, éticos e morais afetando a vida do
assediado, causando prejuízos físicos e psicológicos a esse indivíduo.
Assim sendo, esta pesquisa tem como objetivo geral: analisar as relações de poder
no ambiente de trabalho que convergem em assédio moral.
O desenvolvimento dessa pesquisa teve como objetivos específicos:
 pesquisar situações que se configurem em assédio moral;
 examinar, analisar e descrever o contexto no qual o assédio moral emerge e
se desenvolve;
 descrever as características do assédio moral;
 descrever o perfil da vítima;
 descrever o perfil do (a) agressor (a) ou psicopata corporativo;
 descrever os mecanismos utilizados pelo agressor;
 descrever os mecanismos de defesa da vítima;
 analisar de que maneira o assédio moral interfere no cumprimento das
atividades do profissional da área secretarial (em seu processo; reação das
18

vítimas; causas e consequências; perfil da vítima e do agressor).


Sabendo da dificuldade em realizar tal pesquisa num ambiente organizacional,
decidiu-se fazer uma pesquisa sobre o cotidiano da secretaria executiva e os abusos que se
configuraram em assédio moral, na telenovela das 21h, Amor a Vida (GLOBO, 2013).
Acredita-se que por ser uma teledramaturgia, o fenômeno do abuso é exacerbado e poderá ser
estudado de forma qualificada, sem incorrer no problema de ética da pesquisa.
Diante dos argumentos apresentados fica evidente que o tema assédio moral é muito
relevante para a área de Secretariado Executivo. Em uma pesquisa bibliográfica, realizada a
partir das palavra-chave “assédio moral” e “Secretariado Executivo” no portal de periódicos da
CAPES verificou-se em 169 publicações e no portal de periódicos Scielo verificou-se 50
publicações.
O levantamento bibliográfico contribuiu na compreensão do tema assédio moral e
sua caracterização dentro das organizações, todavia não foi verificado pesquisas realizadas com
o tema Assédio Moral na profissão de Secretariado Executivo a partir da teledramaturgia
brasileira. Desse modo, a presente pesquisa contribui com subsídios para a academia, na medida
em que busca analisar o assédio moral na telenovela das 21h, “Amor a Vida” (Globo 2013).
Além disso, esta pesquisa é importante, pois o assédio moral é um assunto que vem
despertando ampla importância social em virtude das enormes repercussões as quais se tem
devido as suas ocorrências. Entretanto, o assédio moral é pouco entendido e debatido nas
organizações brasileiras, sendo que as pessoas costumam confundi-lo com assédio sexual.
A relevância e a valia de compreender um fenômeno como o assédio moral, nas
palavras de Nascimento (2004, p. 922), é precisamente:

O alcance de uma definição que pode agrupar uma série de comportamentos


que suas vítimas, principalmente aquelas que trabalham em empresas de
médio e grande porte, notavam como sendo "algo errado", porém pela falta de
categoria específica deste mal, muitas vezes submetiam-se e tornavam-se
cúmplices de tais práticas perversas.

Por esse lado, o assédio moral tem sido visto como uma manifestação arrasadora
do trabalho, reduzindo a produtividade e aumentando o estresse psicológico e a debilidade
física.
A monografia foi dividida em cinco capítulos. Após a introdução, o segundo
capítulo apresenta a fundamentação teórica, trazendo a visão de diversos autores sobre o tema.
No terceiro capitulo, são apresentados os procedimentos metodológicos, que incluem a
19

caracterização da pesquisa e os procedimentos técnicos utilizados. O quarto apresenta a análise


sobre o assédio moral por meio do perfil da vítima, perfil do agressor, causas e consequências
do assédio moral, os mecanismos de agressões utilizados pelos agressores e os mecanismos de
defesa utilizados pelas vítimas. O quinto apresenta a conclusão deste trabalho e sugestões para
futuras pesquisas.
2 ASSÉDIO MORAL

O termo assédio moral é a nomenclatura adotada no Brasil e surge, oficialmente,


no campo do Direito administrativo municipal em 28 de agosto de 1999, por meio do Projeto
de Lei n. 425/1999, de autoria de Arselino Tatto, apresentado à Câmara Municipal de São Paulo
e transformado em Lei Municipal de n. 13.288, 10 de janeiro de 2002; dispõe sobre a aplicação
de penalidades à prática desse comportamento entre o funcionalismo da administração pública
municipal direta (BARRETO, 2002).
O assédio moral é considerado um fenômeno frequente tanto nas relações de
trabalho quanto na sociedade como um todo. Suas consequências são trágicas, afinal todos os
acontecimentos derivados do relacionamento intrapessoal refletem na vida do trabalhador,
prejudicando assim as relações trabalhistas e sociais.
Segundo Hirigoyen (2001, p.65) é considerado assédio:

Toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se sobretudo por comportamentos,


palavras, atos, gestos escritos que possam trazer danos à personalidade, à dignidade
ou à integridade física ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou
degradar o ambiente de trabalho.

Algumas vezes o assédio moral é comum quando envolve posições hierárquicas, ou


seja, é praticado pelo chefe que se aproveita do poder que exerce dentro da organização para
expor seu subordinado a situações constrangedoras e condutas abusivas. Mas ele também pode
ser praticado pelo empregador ou superior hierárquico, também pode ser praticado por um
colega com o mesmo nível hierárquico ou até mesmo pelo subordinado contra o superior. Esse
último caso ocorre quando um funcionário recebe uma promoção desejada por muitos e isso
acaba gerando certa inveja entre seus colegas.
Segundo Hirigoyen (2002, p. 19), os assédios começam com uma simples falta de
respeito, uma mentira ou uma manipulação e, se não há nenhuma manifestação contrária do
grupo no qual ocorrem, tendem a evoluir para condutas perversas ostensivas. A pratica do
assédio moral que se dá por meio de palavras, atos, comportamentos, gestos, escritos, acaba
desgastando um bom relacionamento no ambiente de trabalho fazendo com que a vítima fique
desestabilizada e venha diretamente contribuir para um desgaste emocional afetando sua saúde
física e mental. Essa desestabilização emocional da vítima, leva em muitas vezes, diante da
dificuldade enfrentadas abandonar seus postos de trabalho.
21

Para Guedes (2003, p.84), o assédio moral no trabalho pode ser “regular,
sistemático e de longa duração”. A lesão moral, entretanto, não está diretamente relacionada ao
fator tempo e sim a intensidade da agressão [...]. ’’ Para a autora não interessa se a violência foi
realizada em um único momento, apenas um feito já é bastante para gerar danos psicológicos a
vítima.
Complementando os pontos de vista dos autores anteriormente citados, Sônia
Mascaro Nascimento (2011, p. 14), define assédio moral como sendo:

[...] uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade
psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações
humilhantes e constrangedoras, capaz de causar ofensas à personalidade, à dignidade
ou à integridade psíquica e que tem por efeito excluir o empregado de sua função ou
deteriorar o ambiente de trabalho.

Este comportamento pode se dar através de palavras, atos, gestos e escrita, é


importante ressaltar que essas humilhações sejam sistemáticas e frequentes, estendendo-se por
um tempo prolongado não se confundindo com aborrecimentos passageiros. Esses tipos de
conflitos devem ser tratados, para que mais tarde não venham causar transtornos a vítima
degradando seu convívio no ambiente de trabalho dentro das organizações.
A dificuldade de se reconhecer o assédio moral, no âmbito organizacional, ocorre
em função de diversos aspectos. Geralmente ele é confundido com outros tipos de agressão
podendo assim se tratar de um fato normal, principalmente frente à competitividade do mundo
do trabalho. Entretanto, em uma perspectiva mais ampla, essas atitudes marcadas pela repetição
e prolongamento, acabam gerando um processo que desestrutura e fragiliza a vítima.
Essas atitudes muitas vezes fazem com que a vítima se afaste da convivência social e em muitos
dos casos até familiar. Dentro dessa perspectiva fica evidente que seu rendimento dentro da
organização será prejudicado. Assédio moral é constituído como violência subjetiva que
acarreta em prejuízos a saúde física e psicológica do trabalhador.

2.1 SITUAÇÕES QUE SE CONFIGUREM ASSEDIO MORAL

Os comportamentos que configuram assédio moral nas relações de trabalho são atos
abusivos e atentatórios à dignidade pessoal do trabalhador, tratamento desrespeitoso,
humilhante e ameaçador, abuso de direito, entre outros, os quais são vedados pela Constituição
22

Federal (artigo 5º, inciso X).


A primeira pesquisadora a publicar sobre assédio moral foi a psiquiatra e
psicanalista francesa Marie-France Hirigoyen, em sua obra Mal-estar no trabalho. Conforme
Alkmim (2007, p. 36) apud Hirigoyen assédio moral vem a ser:

[...] qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atende,
por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou
física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.
(HIRIGOYEN, 2002, p. 17).

Cada pesquisador descreve alguns comportamentos de acordo com o contexto


histórico e social no qual está inserido; dessa forma pode-se citar: comportamentos agressivos
de um grupo no sentido de excluir um dos seus membros do ambiente de trabalho,
comportamentos ofensivos na forma de omissões, constrangimentos, isolamento ou exposições
degradantes no local de trabalho.
O assédio moral tem atingido várias corporações, de forma que em quase todos os
níveis hierárquicos pode haver vítimas. Segundo Guedes (2003), há vários tipos de assédio
moral na organização, entretanto apenas três apresentam relevância à discussão, quais sejam:
Ascendente, Horizontal e Descendente. Configura-se assédio ascendente quando “um colega é
promovido sem a consulta dos demais, ou quando a promoção implica um cargo de chefia cujas
funções os subordinados supõem que o promovido não possui méritos para desempenhar”
(GUEDES, 2003, p.37).
Essa situação é agravada ainda mais quando a comunicação não é eficaz entre
superiores e subordinados. Já no tipo horizontal a ação discriminatória é “desencadeada pelos
próprios colegas de idêntico grau na escala hierárquica. Os fatores responsáveis por esse tipo
de perversão moral são a competição, a preferência pessoal do chefe porventura gozada pela
vítima, a inveja, o racismo, a xenofobia e motivos políticos” (GUEDES, 2003, p.36). A
tipologia descendente acontece quando “a violência psicológica é perpetrada por um superior
hierárquico [...] pode este contar com a cumplicidade dos colegas de trabalho da vítima e através
destes a violência pode ser desencadeada. [...] o grupo tende a se alinhar com o perverso,
creditando à vítima a responsabilidade pelos maus-tratos. ” (GUEDES, 2003, p.36).
Na sequência do trabalho, analisemos os elementos configurativos presente no
assédio moral.
23

2.1.1 CONDUTA ABUSIVA

A conduta abusiva consiste naquela que por ação ou omissão apresenta uma
capacidade lesiva que torne insustentável o ambiente de trabalho, sendo expostos por meios de
comportamentos, palavras, atitudes com a intenção de ofender a personalidade e dignidade da
vítima.
O especialista alemão Heinz Leymann (2003, online) diz que:

[...] assédio moral é a deliberada degradação das condições de trabalho através do


estabelecimento de comunicações não éticas (abusivas) que se caracterizam pela
repetição por longo tempo de duração de um comportamento hostil que um superior
ou colega (s) desenvolve (m) contra um indivíduo que apresenta, como reação um
quadro de miséria física, psicológica e social duradoura.

Na linha de raciocínio de Leymann, a excessiva frequência e extensiva duração das


condutas hostis e humilhantes acabam sucedendo-se em ponderáveis sofrimentos de natureza
psicológicas e social na qual degrada, diminui e desqualifica os trabalhadores atingindo a sua
dignidade e coloca em risco a sua integridade pessoal e profissional.

2.1.2 REPETIÇÃO E PROLONGAMENTO

Essa repetição e prolongamento não poderá ser conduta que aconteça isoladamente,
deverá ser praticada com certa frequência, de tal forma que qualquer conflito no ambiente de
trabalho não enseja assédio moral. Para o jurista Luiz de Pinho Pedreira da Silva (2004, p. 102),
este seria o principal elemento característico da ilicitude do mobbing, "devendo a perseguição
ter uma frequência quase que diária".
Não é necessário a regularidade para que o fenômeno seja reconhecido, sendo
claramente imprescindível o prolongamento no tempo através de mais um ato. Isto não quer
dizer que o dano recorrente de um único ato não venha a ser compensado, afinal, sabe-se que o
trauma psicológico eminente de uma violência não precisa de repetições para se efetivar,
entretanto esta conduta nociva não pode ser tida como assédio moral.
Segundo Guedes (2003, p. 51-52), “o assédio moral é um processo articulado no
qual é possível distinguir situações e acontecimentos sucessivos”. Nesta visão, pode-se dizer
que o assédio moral se caracteriza por ser um processo onde há um verdadeiro massacre
psíquico ao trabalhador que, na maioria das vezes, reflete na sua autoestima, ou seja, é
propriamente um conjunto de atos, interdependentes entre si, para persecução de sua finalidade
24

destrutiva do trabalhador, alvo deste desumano processo.


Nas palavras de Hirigoyen (2002, p. 17), "cada ataque tomado de forma isolada não
é verdadeiramente grave; o efeito cumulativo dos micros traumatismos frequentes e repetidos
é que constitui a agressão". Conclui-se, então, a repetição não deve ser considerada de forma
isolada, pois pode haver a repetição de atos sem a frequência ou a duração, que também são
aspectos fundamentais na caracterização do assédio.

2.1.3 CONSCIÊNCIA DO AGENTE

A consciência do agente, ocorre quando o indivíduo presente no assédio tem


consciência, intenção de causar um efeito lesivo sobre o ambiente de trabalho.
Pode ocorrer que o sujeito ativo do assédio moral pratique a conduta assediante sem
ter noção de seus efeitos ou intenção de afetar o trabalhador no aspecto pessoal (integridade e
intimidade), entretanto, O professor JESUS, Damásio Evangelista ensina que (1999. v. I, p.
293), “ante a consciência da conduta, os resultados danosos devem ser previsíveis, ou seja, uma
pessoa prudente e de discernimento tem a possibilidade de prever ou antever o resultado”.

2.1.4 DA NATUREZA PSICOLÓGICA

Devido ao assédio moral ter natureza psicológica, é observado que os prejuízos


causados não trazem somente danos à saúde do trabalhador ele pode levar a algo mais sério, da
vítima desejar o suicídio.
O assédio moral é entendido como forma de "terror psicológico" realizado pela
empresa ou pelos colegas de trabalho, que também é determinado como "qualquer conduta
imprópria que se manifesta através de comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos capazes
de causar ofensa à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou psíquica de uma
pessoa”.
Por ser uma forma sutil de degradação psicológica de difícil comprovação, o
assédio moral se torna uma tarefa árdua de ser identificado, pois os danos sofridos não são
evidentes.

2.1.5 DO DANO PSÍQUICO

Sobre o dano psíquico é correto afirmar que em razão de sua natureza, é exigido
25

muito cuidado no momento de sua identificação, pois há controvérsias nas doutrinas discutidas
se o dano psíquico é elemento essencial para caracterizar assédio moral.
Posto que o dano psíquico, ocorre de uma enfermidade que enseja aprovação
médica para real incidente, Alice Monteiro de Barros (ano 3 apud MANSUR JR, 2010, p.240-
287) apresenta a distinção, sintetizando entendimento da doutrina, entre o dano psíquico e o
dano moral: “ O primeiro se expressa por meio de uma alteração psicopatológica comprovada,
e o segundo lesa os direitos da personalidade e gera consequências extrapatrimoniais
independentes de prova, pois se presume. O dano moral independe do dano psíquico”. Essa
corrente justifica o que explica assédio moral, que é as ações do assediante e não o resultado
danoso.
Mas outra corrente adotada por Nascimento (ano 3 apud MANSUR JR, 2010,
p.240-287):

A configuração do assédio moral depende de previa constatação da existência do


dano, no caso, a doença psiquicoemocional. Para tanto, é necessária a perícia feita por
psiquiatra ou outro especialista da área para que, por meio de um laudo técnico,
informe o magistrado, que não poderia chegar a tal conclusão sem uma opinião
profissional, sobre a existência desse dano, inclusive fazendo a aferição do nexo
causal.

Essa corrente estabelece que a ocorrência do dano psíquico é irrevogável, logo é


indispensável haver dano para concreta descrição do assédio moral.
É certo que existe pessoas que aguentam mais as pressões consequente do assédio
moral, por outro lado tem aquelas que são mais frágeis em razão das condutas hostis que
incorporam tal fenômeno.

2.2 SEU PROCESSO E CONTEXTO

Alguns contextos organizacionais são mais propícios à atuação do psicopata


corporativo expressão usada para descrever psicopatas que trabalham no âmbito das
organizações. As características desses indivíduos e o modo como eles atuam nas organizações
geram consequências graves para o ambiente organizacional, potencializando condutas como o
assédio moral no trabalho.
Em alguns meios organizacionais, o assédio moral encontra espaço para se
desenvolver sem que haja uma limitação, pelo contrário, o campo se mostra propicio e
26

condescendente (FREITAS, 2007; CORREA; CARRIERI, 2007). Características como o


estresse, a falta de uma boa comunicação, a padronização, a falta de reconhecimento, a fuga à
responsabilidade (HIRIGOYEN, 2006) e as disputas extremas (HELOANI, 2011) acabam
transformando o ambiente mais vulnerável para que o psicopata corporativo venha a atuar.
O estresse, cotidiano nos dias de hoje, não é por si só um espaço de assédio. Quando
a atribuição de tarefas é contínua, a autoridade do chefe é imensurável e a flexibilidade das
regras existe, o estresse se torna a consequência e contribui para que o assédio moral apareça
(HIRIGOYEN, 2006; FREITAS, 2007). Assim, o ambiente estressante pode estimular atitudes
assediadores (BOWLING; BEEHR, 2006), já que as pessoas estão sujeitas a incessante e
intensa pressão, o local se torna adequado para que a maldade do psicopata corporativo apareça
(FREITAS, 2007; HELOANI, 2011). Como resultados, o estudo de Salin (2003) indica que os
homens apontam o assédio como uma consequência não intencional do stress.
A comunicação ineficiente ou ausência de comunicação na tentativa de evitar os
conflitos, também se configura como vulnerável ao assédio. Um local com conflitos tende a ser
menos propício ao assédio do que a ausência de questionamentos e oposições (HIRIGOYEN,
2006). A ampla padronização que se exige ao funcionário quando ele é contratado na empresa,
a pressão para que ele incorpore as normas organizacionais, na tentativa de mudar sua forma de
vestir, de agir e de pensar acaba por marginalizar e tornar as pessoas que não se submetem às
regras explícitas ou implícitas da instituição possível foco dos assediadores. Se dedicar ao
trabalho integralmente e aderir às normas coletivas é um mecanismo de controle que insere o
funcionário no grupo, ele acaba por ser aceito (HIRIGOYEN, 2006). Outra característica do
ambiente organizacional que favorece o assédio moral é a ausência de reconhecimento. Quando
os funcionários se dedicam ao trabalho e são estimulados a se envolver ao extremo, mas, por
outro lado, não têm o reconhecimento por suas conquistas e só recebem críticas, cria-se um
ambiente de descontentamento (KEASHLEY; NEUMAN, 2004), que, associado à falta de
reconhecimento e o menosprezo, torna-se destruidor (HIRIGOYEN, 2006).
A fuga à obrigação, ou seja, transferir a responsabilidade do erro para outra pessoa
ou acusar o contexto em que está inserido, também, é comum. Entra aí a competitividade, tão
valorizada atualmente, que acaba por permitir comportamentos violentos, que se tornam
mecanismos de cobrança e punição, tornando a organização tolerante com a agressão, com a
humilhação e com o desrespeito em nome de um ambiente competitivo e de metas elevadas
(CORREA; CARRIERI, 2007; HELOANI, 2011). Um contexto de competitividade favorece a
instrumentalização do outro, sendo ela mesma uma forma de violência (HELOANI, 2004). A
busca pela maximização do desempenho a qualquer custo pode interferir consideravelmente
27

nas relações interpessoais (OLIVIER; BEHR; FREIRE, 2011). Desta maneira, alguns pontos
de vista nos parecem claros em relação aos contextos pertinentes para o comportamento do
psicopata corporativo: as condições socioculturais, as especificidades da gestão e a história da
organização.

2.3 REAÇÃO DA VITÍMA AO ASSÉDIO

Segundo Guedes (2003), o agressor não designa casualmente a vítima dentre os


empregados da empresa onde trabalha: ele a escolhe entre as pessoas que adoecem com maior
facilidade em consequência do trabalho, aquelas que são consideradas velhas para ocupar certos
cargos ou dentre as que têm salários altos, comparados à média dos outros trabalhadores.
A vítima no ambiente de trabalho, não se mostra um empregado desaplicado,
relapso ou negligente. Ao contrário, normalmente é uma pessoa responsável, que desempenha
suas tarefas nos prazos estipulados. Essa pessoa se tornou vítima, não em virtude de seu
desempenho profissional, mas principalmente porque é bem-educada, ingênua, insegura e, em
razão disso, não consegue defender-se das agressões.
Nesse sentido, ela se torna vítima por vários motivos. Porque sua situação de
trabalho incomodar excessivamente o agressor, em razão de ser uma pessoa psicologicamente
frágil e, por encontra muita dificuldade em revidar as agressões. As mulheres são mais
assediadas que os homens, por questões culturais, elas desabafam mais facilmente com amigos
ou colegas, enquanto os homens, constrangidos, guardam consigo a agressão sofrida.
As manobras do assediador reduzem a autoestima da vítima, confundem-na e
levam-na a desacreditar de si própria e a se culpar, sem propósito. A vítima reduz sua produção,
a qualidade de seu trabalho e o seu psicológico ficam altamente comprometidos.
Ainda conforme Hirigoyen (2000), na medida em que o assédio se intensifica, a
vítima se vê obrigada a afastar-se do emprego provisoriamente em razão do estresse psíquico
gerado em decorrência de sintomas psicossomáticos. Como consequência, passa a sofrer de
depressão e a depender do caso, até pensa em cometer suicídio. Esses constantes afastamentos
tornam-se pretextos para o agressor a intensificar o assédio, pois a vítima passa a ser vista como
o empregado negligente que falta muito ao emprego.
Dessa forma, verifica-se que o assédio moral começa a se transformar em um
“caus”, ou seja, o assediado em razão do estresse causado pela violência psicológica começa a
faltar no emprego. A tendência é que esse círculo vicioso se agrave cada vez mais e só se rompa
28

quando a vítima adoecer definitivamente e se aposentar por invalidez, pedir demissão, for
mandada embora ou ainda, transferida.

2.4 CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DO ASSÉDIO MORAL

Para Hirigoyen (2002b, p.77), “O assédio moral tem por causas o indivíduo e o
ambiente externo”. A empresa se torna responsável pelo recinto de trabalho, que deve ser
favorável. É o empregador que direciona e designa o funcionamento e que decide sobre a
qualidade das relações dentro de seu estabelecimento. Deve, portanto, adotar ações educativas
para que o ambiente seja efetivamente livre de assédio moral.
Umas das principais causas da passividade da vítima na presença do assediador, é
a competição no mercado de trabalho. De acordo com Margarida Barreto (2006, p.37), médica
do trabalho que declara: “Ela suporta a situação, pois tem a ilusão de que aquele inferno vai
passar em breve. Porém isso não acontece”. Inúmeros fatores levam ao desenvolvimento do
assédio moral e contribui para sua impunidade. Tem como causas e motivações a crueldade do
ser humano, a competitividade, o individualismo, o medo de perder o emprego ou ser
substituído por um colega.
Em virtude das causas do assédio moral, as consequências às vítimas desse assédio
levam os colaboradores às dificuldades emocionais. O chefe aproveita do jeito frágil do
colaborador e o faz sentir-se um “nada”. Rosa (2002, p.1) afirma que a falta de respeito ao
próximo no local de trabalho é na maioria das vezes força da hierarquização organizacional:
“podemos dizer que o Assédio Moral se faz presente nos relacionamentos em que não há
respeito pelos direitos dos outros – em geral subordinados”.
E em resultados dessas características Hirigoyen (2002a, p.99) informa que “o
poder constitui uma arma terrível quando em mãos de um indivíduo – ou de um sistema
perverso”. Qualquer pessoa pode estar sujeita às suposições de assédio, contudo, algumas
situações favorecem o surgimento destes casos, como por exemplo, a questão de pertencer a
minorias sociais, de serem pessoas que resistem à padronização de comportamentos, serem
extremamente competentes, capacitadas e se destacarem no exercício de suas funções.
Lydia G. Ramires (2005, p.34), afirma que:

Em geral, a pessoa assediada é escolhida, porque tem características pessoais que


perturbam os interesses do elemento assediador, com ganância de poder, dinheiro ou
29

outro atributo ao qual lhe resulta inconveniente o trabalhador ou trabalhadora, por


suas habilidades, destreza, conhecimento, desempenho e exemplo, ou simplesmente,
quando estamos em presença de um desajustado sexual ou psíquico [...].

O assediador diante da sua liderança como uma forma de punição, reprime seus
funcionários aproveita ocasiões como reuniões e os expõem a seus erros, esquecendo que o ser
humano é passivo de erro e não há algo pior que receber críticas na presença de outros
funcionários, afetando diretamente sua autoestima, pois seus erros são comentados e seus
acertos esquecidos.
Quando se tem uma família para sustentar e a idade avançada o funcionário tem
medo de enfrentar o problema por achar que pode ficar fora do mercado de trabalho e assim
aceita ser humilhado pelo supervisor, impossibilitando acertar ou até mesmo a realização de
projetos, que acabam expostos em público, não tendo condições física e psicológica, recaindo
em erros sobre si, colocando-o em muitas ocasiões a prova, sendo punido pelo próprio clima de
constantes fofocas. Essa situação o deixa cada vez mais desmotivado e descontente em saber
que no dia seguinte terá que enfrentar todos novamente.
Segundo Barreto (2000, p. 242), “quando o homem prefere a morte à perda da
dignidade se percebe muito bem com a saúde, trabalho, emoções, ética e significado social se
configuram num mesmo ato revelando a patogenicidade da humilhação”. Assim sendo, temos
o salário como um fator benéfico e não motivacional, pois o profissional deve ser respeitado
como ser humano e ao perder sua dignidade não há motivos para viver.
Uma vez instituído o assédio moral, com o domínio psicológica do agressor e a
submissão forçada da vítima, a dor e o sentimento de perseguição passam para a esfera do
individual sem uma participação do coletivo, marcado pelo cansaço, ansiedade, depressão,
estresse e sensação de abandono. “Cada um sofre no seu canto sem compartilhar suas
dificuldades como um grupo solidário, ” explica Hirigoyen (2002, p.26). Isso acontece por
medo da repressão e da humilhação diante de seus colegas de trabalho.
Heloani (2003) justifica que o assédio moral no trabalho costuma ocasionar doenças
em suas vítimas, na medida em que faz com que elas acreditem ser exatamente o que seus
agressores pensam, ou desejam que sejam. Embora seus agressores tentem desqualificá-las, as
vítimas não costumam ser pessoas doentes ou frágeis. São indivíduos que tomam, de forma
consciente ou inconsciente, posições de enfrentamento algumas vezes questionando privilégios
ou situações injustas. Isso ocorre justamente por não se deixarem dominar, por não se sujeitarem
ou por não aceitarem práticas de desrespeito ou exploração.
Salvador (2002) retrata os efeitos da violência moral como um processo destruidor
30

que pode levar a vítima a uma inutilidade e até à morte: o chamado bullicidio. A agressão tende
a provocar ansiedade colocando a vítima em atitude defensiva (hipervigilância) por ter a
sensação de ameaça e, além disso, sentimentos de fracasso e impotência tornam-se frequentes.
Essas consequências acarretam dano diretamente a parte psíquica e física do
indivíduo como a incapacidade de se restabelecer, tais como sentimento de agressão,
perturbações psicossomáticas, estado depressivo etc. Quando o indivíduo não consegue mais
desempenhar suas atividades tanto na vida pessoal como profissional recorre ao isolamento
distanciando-se de todos com medo que o agressor possa aumentar suas atrocidades ao saber
que outras pessoas estão sabendo dos maus tratos. Além disso ideias suicidas passam fazer parte
do pensamento do assediado, achando não ter mais solução para esse problema, se sentindo
incapaz perante o assediador. Além disso, distúrbios psíquicos como ansiedade generalizada,
fadiga crônica, insônia e condutas de dependência como a bulimia, alcoolismo e toxicomania
tomam conta da sua rotina.
Schmidt (2002) apresenta mais alguns efeitos do assédio moral como:
“Coisificação”, sentimento de pouca utilidade e fracasso, redução da produtividade, abster-se
de algumas atividades e funções, demissão, enfraquecimento da saúde e tensão nos
relacionamentos afetivos e, enfim a falta de solução leva o indivíduo já sem esperanças a não
sentir mais vontade de viver.
Por fim, Salvador (2002) esclarece que as consequências provocadas por esse
processo destruidor e avassalador do sentimento de utilidade da pessoa humana não servem a
ninguém. É danoso à própria empresa que o praticou por seus prepostos, como desastroso a
toda a sociedade no geral, ficando carregada com os custos das despesas previdenciárias
decorrentes das incapacidades geradas para o trabalho, pela perda, quer da produção da vítima,
quer do próprio emprego que ocorre na maioria das vezes.

2.5 PERFIL DA VITÍMA

A vítima é formada pelo sujeito passivo da relação, aquele que é humilhado,


hostilizado, tendo sua dignidade ferida, e, em alguns casos, tem uma diminuição em sua
produtividade. Isto gera insatisfação profissional, frustração, e, em casos mais graves, doenças
emocionais e físicas, resultando até no afastamento do trabalho ou até com a morte.
Na maioria das vezes, o assédio acontece porque as vítimas, em um primeiro
momento, não se submetem a um tratamento desumano e autoritário, ou não se submetem a
31

metas abusivas determinadas por gestores inconsequentes. Também acontece em casos de


trabalhadores muito dedicados ao trabalho que são esforçados, prestativos, inteligentes e com
um futuro promissor dentro da empresa, pois seu gestor ou colega de trabalho sente-se
ameaçado com tantas qualidades e tem medo de ser substituído, sendo de seu interesse é livrar-
se daquele que representa uma ameaça.
Segundo Hirigoyen (2005, p. 219):

Qualquer um pode ser vítima de Assédio Moral; contudo, os agressores e as


testemunhas, incrédulos, continuam a atribuir este tipo de problema somente às
pessoas frágeis ou portadores de uma patologia particular, vítimas natas de alguma
maneira. Se não existe um perfil psicológico específico para as pessoas que são
assediadas, existem incontestavelmente, como acabamos de ver, contextos
profissionais nos quais o Assédio Moral transita mais livremente. Existem também
situações em que as pessoas correm maior risco de se tornar visadas.

Em geral, as pessoas mais visadas são aquelas que são muito diferentes de todas as
outras em uma empresa, ou que são muito competentes, ou aquelas que não se adéquam aos
padrões da empresa, ou, ainda, aquelas que não são tão produtivas como as outras ou que estão
passando por um momento delicada em sua vida.

2.6 PERFIL DO AGRESSOR

Embora não exista um perfil definido da figura do assediador, algumas


características revelam-se comuns nesse tipo de agressor. Segundo Barreto (2007, p. 56)
normalmente são pessoas “[...] vaidosas, ferinas, hipócritas, levianas, narcisistas e, para
completar, fracas e medrosas”. Entretanto, apesar de apresentar essas características, o
assediador não afigura tais desvios de caráter e se esconde sob máscaras, por isso se utiliza de
pressupostos como, por exemplo, armar tramas e espalhar boatos de modos sorrateiros para
alcançar seus objetivos perversos.
Motivado pelo sentimento da inveja, o agressor se empenha em ofuscar aquele que
se destaca pelo bom desempenho funcional para tentar tirar algum proveito. É no cenário de
uma competitividade intensa entre colegas de serviço, muitas vezes incentivada pela própria
empresa, que o assediador desenvolve e potencializa suas atividades.
Hirigoyen (2011, p. 144) fala a respeito do perfil dos agressores:
32

Apresentam total falta de interesse e de empatia para com os outros, mas desejam que
os outros se interessem por eles. Tudo lhes é devido. Criticam todo mundo, mas não
admitem o menor questionamento ou a menor censura. Diante deste mundo tão
poderoso a vítima está forçosamente em um mundo cheio de falhas. Mostrar as dos
outros é uma maneira de não ver as próprias falhas, de defender-se contra uma
angústia de cunho psicótico.

Carvalho (2009, p. 72), ao mencionar o empregador como principal agente


motivador do assédio moral, faz uma associação com denominado poder de direção:

Decorrência direta da subordinação jurídica a que está submetido o empregado (por


força do contrato empregatício), este tem a obrigação de cumprir suas tarefas com
zelo, diligência e boa-fé, submetendo-se assim ao poder de direção, devendo obedecer
às ordens que lhe são destinadas pelo empregador diretamente ou por aqueles que
exercem poderes delegados (superiores hierárquicos). Não obstante a subordinação
jurídica do empregado perante o empregador, essa condição não permite que este trate
o trabalhador de modo desrespeitoso, humilhante, degradante, violando assim sua
dignidade e condição de ser humano.

Desta maneira, o empregador ou aquele que exerce o poder de direção de forma


delegada, não pode exagerar no exercício desse poder, sob pena de atingir a dignidade do seu
empregado e caracterizar o assédio moral. Lamentavelmente, na realidade o que existe são
muitos empregadores e superiores hierárquicos que utilizam exageradamente dos poderes
específicos à direção da atividade trabalhista para atingir empregados que, de alguma forma,
incomodam os seus interesses.

2.7 MECANISMOS UTILIZADOS PELOS AGRESSORES

O psicopata corporativo utiliza mecanismos diversos para assediar, pois a relação


de poder na situação em que ocorre assédio moral é assimétrica, pois existe um que está
subordinado ao outro, tanto nos casos de assédio descendente (onde a relação de autoridade é
anterior ao assédio, ou seja, os cargos na empresa são de níveis hierárquicos diferentes) quanto
nos casos de assédio horizontal (entre pessoas com cargos iguais ou similares), aquele que
detém o poder domina o assediado retirando sua identidade. Antecedido de submissão e
dominação psicológica, o assediado é ridicularizado, assim, o assédio moral acontece no sentido
de humilhar e rebaixar uma pessoa que não se adequou ao grupo, sendo ele uma maneira de
forçar e padronizar a lógica da empresa ou do grupo (HIRIGOYEN, 2006).
Para alcançar um objetivo, o psicopata assediador utiliza de diversos mecanismos,
33

algumas vezes mais sutis, outras, mais direta, entre eles: insultos, ameaças, declarações
preconceituosas, ridicularização, negação da comunicação, rumores e críticas injustificáveis ao
trabalho (HIRIGOYEN, 2003). Esses mecanismos podem ser incoerentes ou não, mas impedem
a vítima de reagir e se defender (EINARSEN, 2000).
Uma característica do assédio moral é a solidão, pois as pessoas que se encontram
isoladas tornam-se mais frágeis, assim, o isolamento passa a ser então um dos primeiros
mecanismos do assédio, como, por exemplo, privar a pessoa de participar dos processos de
tomada de decisão e fazê-la se sentir ignorada pelos demais (BRYANT; COX, 2003). Por isso,
para o assediador, é preciso que a pessoa rompa seus laços, pois sem aliados ela fica
desprotegida. Desse modo, os círculos de amizade são logo desfeitos no intuito de isolar a
vítima para que ela não tenha com quem compartilhar seu sofrimento, e, ainda, para que ela não
se alie e ganhe força para retribuir a agressão. Sem ajuda e com o consentimento de seus colegas
de trabalho, o assediado passa a se sentir culpado, desmotivado e incapaz. Por isso, dentro das
atitudes comuns ao assédio, está o isolamento e a recusa de comunicação (HIRIGOYEN, 2006).
Outra característica são as mudanças nas condições do trabalho. Se não há regras
rígidas, como, por exemplo, as atribuições do cargo e regras internas explícitas, muito
facilmente, a situação pode ser manipulada de forma a convencer a pessoa assediada de sua
incapacidade. Assim, atribuir funções acima de sua capacidade ou perigosas, abaixo de sua
capacidade ou humilhantes, tarefas impossíveis, absurdas, inúteis ou até contraditórias, acabam
por degradar propositalmente as condições de trabalho. Não tendo meios e condições de
conseguir cumprir as funções que lhe foram atribuídas, a pessoa passa a se sentir incompetente,
os erros acabam ficando em evidência e sua autoconfiança é abalada, criando pretextos para
justificar a perda do emprego (HIRIGOYEN, 2006).
As metáforas que representam os agressores confirmam o objetivo do assédio como
“desestabilizar o outro, a fim de não ter mais diante de si um interlocutor capaz de responder”
(HIRIGOYEN, 2006, p. 56). O atentado contra a dignidade do indivíduo é outra característica
do assédio moral, que se inicia, geralmente, com brincadeiras sutis e insinuações, que se tornam
“práticas institucionalizadas de assédio moral” (HELOANI, 2011, p.51). Sem algo muito claro
e delimitado com o que se rebelar, a vítima aceita, tornando-se, posteriormente, alvo de
múltiplos ataques. Zombarias, fofocas a seu respeito, críticas, desprezo e humilhações passam
a ser situações constantes (FREITAS, 2001), e, com o passar do tempo, os ataques se tornam
cada vez mais frequentes (EINARSEN, 2000). A violência em sua forma física, verbal ou
sexual também caracteriza o assédio, talvez aqui seja seu estágio mais visível e avançado, onde
surgem ameaças, gritos, empurrões, espionagem, entre outras coisas (HIRIGOYEN, 2006).
34

2.8 MECANISMOS DE DEFESA DA VITÍMA

O processo de assédio moral ocorrido no ambiente de trabalho pode ser impedido


primeiramente adotando as medidas de implantação. Neste caso, a empresa, os advogados, os
psicólogos, os psiquiatras, as associações, etc., exercem um papel fundamental na realização da
medida preventiva.
Assim sendo a luta para coibir o assédio moral exige a formação de uma
coletividade, ou seja, um conjunto de agentes sociais tais como também: sindicatos, médicos
do trabalho, consultores, fiscais do trabalho, clínicos gerais, sociólogos, antropólogos,
Ministério Público do Trabalho, entre outros.
Para a formação desta coletividade que irá inibir o assédio moral ocorrido no
ambiente de trabalho, o trabalhador, a grande vítima deste mal, exerce uma função fundamental.
É o trabalhador assediado o responsável em adotar medidas que irão, senão prevenir o assédio
moral ocorrido, combater de forma repressiva a sua prática. Neste sentido a vítima do assédio
moral deve assumir algumas posturas, conforme determina Barreto (2005, p. 21) na obra
“Assédio Moral: suas ocorrências e consequências”, tais como:

1º - A vítima precisa resistir, ou seja, deve anotar com detalhes todas as humilhações
sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que
testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais for necessário no sentido de tornar
mais elucidativo o assédio moral sofrido); 2º - É necessário que o trabalhador vitimado
dê visibilidade ao assédio moral sofrido. Isto é feito através da ajuda de colegas que
presenciaram o fato ou que também já sofreram humilhações do agressor; 3º - Postura
que deve ser seguida é a vítima evitar conversar com o agressor, sem testemunhas.
Em caso que isto é necessário, ir sempre com colega de trabalho ou representante
sindical, que servirão de testemunhas. 4º - O trabalhador também deve exigir por
escrito, explicações do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao
Departamento Pessoal ou ao Recursos Humanos e da eventual resposta do agressor.
Se possível mandar sua carta registrada, por correio, guardando o recibo. 5º - Deve
procurar o sindicato de sua categoria e relatar o acontecimento para diretores e outros
profissionais, como médicos ou advogados, assim com: Ministério Público do
Trabalho, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos, etc. 6º - Também
recorrer ao Centro de Referência em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação
sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo. 7º - Deve buscar o apoio junto aos
familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para
recuperação da autoestima, dignidade, identidade e cidadania.

É fundamental que não haja dúvidas acerca das alternativas que as vítimas de
assédio moral devem escolher. Sendo assim, retomando o papel do trabalhador no combate ao
assédio, é preciso que este assuma posturas e adote medidas que irão prevenir ou conter a prática
do assédio moral no ambiente de trabalho.
Contudo, é difícil que o trabalhador assediado se defenda de forma isolada. Deste
35

modo, necessita ter conhecimento dos grupos de ajuda no combate ao assédio moral (a
coletividade formada por advogados, psicólogos, associações, sindicatos, etc.).
Logo, a relevância dessa manifestação positiva do trabalhador vitimado, está em
fazer com que a prática do assédio moral, que muitas vezes se dá de forma velada, possa ser
combatida e punida.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.1 SITUAÇÃO EMPIRICA

A pesquisa foi realizada a partir da análise dos capítulos da novela Amor à Vida,
que foi ao ar em 2013, na emissora Rede Globo. A personagem Simone, vivido por Vera
Zimmermann, uma secretária, frequentemente chamada de “cadela” pelo seu chefe Félix,
interpretado pelo ator Mateus Solano. As humilhações sofridas pela secretária são recorrentes
e fazem parte de uma rotina degradante suportada por ela diariamente. O recorte escolhido para
a análise dessa novela foi o do assédio moral a partir da análise do comportamento
organizacional, no que tange aos prejuízos causados pela manifestação de comportamentos
desse assédio considerado abusivo, degradante, humilhante e que atenta contra a dignidade e a
integridade psíquica e física da pessoa.
O assédio moral em si mesmo é um comportamento moderado ou fraco, conforme
visto em Mendonça, Torres e Zanini (2008), no que se refere à agressividade e a violência, mas
repetitivo. Essa repetição pode ser observada ao longo de quase todas as cenas da novela, dando
destaque no relacionamento interpessoal descendente - chefe (Félix) e subordinada secretaria
(Simone). O assédio moral interfere no cumprimento das atividades do profissional da área
secretarial (em seu processo; reação das vítimas; causas e consequências; perfil da vítima e do
agressor.)

3.2 ABORDAGEM METODOLOGICA

Esta pesquisa utiliza a abordagem qualitativa.

Pesquisa qualitativa é multimetodológica quanto ao seu foco, envolvendo abordagens


interpretativas e naturalísticas dos assuntos. Isto significa que o pesquisador
qualitativo estuda coisas em seu ambiente natural, tentando dar sentido ou interpretar
os fenômenos, segundo o significado que as pessoas lhe atribuem (DENZIN;
LINCOLN, 1994, p.2).

Esta abordagem se adequa no contexto que pretende analisar e identificar as


37

relações de poder no ambiente de trabalho que convergem em Assédio Moral entre relações
hierárquicas nas organizações. No caso na novela, fica mais evidente observar o assédio pois a
dramaturgia exacerba os sentimentos e as reações que de outra forma seriam mais difíceis de
se analisar numa situação real, no dia a dia da organização.

3.3 DESENHO/DELINEAMENTO METODOLOGICO

A pesquisa foi feita a partir da estratégia de estudo de caso e teve como objetivo
analisar o fenômeno Assédio Moral na novela Amor a Vida.
Segundo Araújo et al. (2008 p. 122), o estudo de caso trata-se de uma abordagem
metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender,
explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente
envolvidos diversos fatores.
A ideia de elaborar um estudo de caso surgiu da necessidade das pesquisas médicas
e da área de psicologia, para observar, compreender e explicar a dinâmica de determinada
doença. Como o Estudo de Caso não é uma técnica de pesquisa, ele se enquadra na modalidade
Pesquisa de Campo ou Qualitativa, na medida em que consiste em estudar o todo, seja esse todo
"um indivíduo, uma família, uma instituição ou uma comunidade" (GOLDENBERG, 2004,
p.33).
Com relação ao método de análise, este trabalho considerou o fenômeno assédio
moral a partir das proposições teóricas, essa estratégia buscou a partir das teorias examinar as
informações extraídas do estudo documental, com o objetivo de verificar a presença do assédio
moral dentro das organizações de uma produção de teledramaturgia. A realidade ficcional da
novela passa a ser produzida de acordo com um contexto social real, onde são absolvidos
elementos para a análise teórica.

3.4 TECNICAS METODOLOGICAS

O quadro 01 apresenta as técnicas metodológicas que serão utilizadas neste estudo


de caso.
38

Quadro 01 – Técnicas metodológicas

Objetivos específicos Fonte Técnica Componentes

Pesquisar situações que se configurem em assédio Novela Analise docu- Situações do AM


moral mental (Conduta Abusiva;
Observação Repetição e Prolon-
não partici- gamento; Consciên-
pante cia do agente; Da
Natureza Psicoló-
gica; Do Dano Psí-
quico).
Examinar, analisar e descrever o contexto no qual o O contexto
assédio moral emerge e se desenvolve;
Descrever as características do assédio moral; Características
Descrever o perfil da vítima; Perfil da vitima
Descrever o perfil do (a) agressor (a) ou psicopata Situações do AM
corporativo;
Descrever os mecanismos utilizados pelo agressor; Situações do AM

Descrever os mecanismos de defesa da vítima; Situações do AM


Fonte: própria autora.

As informações foram coletadas a partir da análise documental da novela Amor à


Vida, cujo enredo era protagonizado pela personagem Simone, uma secretária, assediada pelo
seu chefe Félix. Através de uma observação não participante, a pesquisadora assistiu todas os
capítulos da novela realizando o mapeamento das informações relacionadas ao assédio moral.

3.5 ESTRATEGIA DE ANALISE

A análise foi qualitativa e documental, pois se iniciou ao longo da fase de coleta de


dados (APPOLINÁRIO, 2009) e extraiu um reflexo objetivo da fonte original, permitindo a
localização, identificação, organização e avaliação das informações contidas no documento,
além da contextualização dos fatos em determinados momentos (MOREIRA, 2005 apud
SOUZA; KANTORSKI; LUIS, 2012).
O estudo de caso foi realizado em etapas.
A primeira etapa foi assistir toda a novela, desde do capítulo 1 ao 221, dos dias 12
de maio de 2017 a 31 de julho de 2017, através do site: https://globoplay.globo.com/ (GLOBO,
2017). Para cumprir esta etapa foi preciso fazer a assinatura da Globo Play, pois só assinante
39

possui acesso a todo conteúdo na integra. Logo, para estudo observacional foi preciso assinar
para poder assistir todos os capítulos.
É interessante destacar que foram pesquisados no site Memorias Globo, o acervo
oficial da emissora, informações sobre os personagens analisados e o enredo da novela.
Também foram enviados e-mail para o autor da novela para que fosse disponibilizado o roteiro
com as falas dos personagens envolvidos no estudo. Todavia, a pesquisadora não obteve
resposta do autor.
Em cada capítulo, foram selecionadas as cenas em que Félix e Simone tinham um
contato direto. Criou-se uma planilha no Excel onde foram registrados o capítulo, o tempo, as
cenas e por fim as observações em relação as categorias elencadas nos objetivos específicos
(Quadro 1). O processo de análise seguiu um roteiro com três etapas metodológicas: leitura,
interpretação e conclusão.
As cenas consideradas pertinentes foram assistidas repetitivamente durante o
período de análise para a transcrição das falas de Félix e Simone. A partir da leitura da
transcrição e da relação com o estudo teórico, foram classificadas as cenas de acordo com o
roteiro de análise que foi dividido em 8 tópicos: (1) situações em que se configurem em assédio
moral; (2) seu processo e contexto; (3) Reação da vítima ao assédio; (4) Causas e consequências
do assédio; (5) Perfil da vítima; (6) Perfil do agressor; (7) Mecanismos utilizados pelos
agressores; (8) Mecanismos de defesa da vítima.
4 ASSEDIO MORAL A PARTIR DE UMA TELEDRAMATURGIA
BRASILEIRA

4.1 ENTENDENDO O CONTEXTO DA PROFISSÃO DE SECRETARIADO


EXECUTIVO NO MOMENTO DA NOVELA

O ano de 1985 é considerado um marco para a profissional de Secretariado


Executivo e Técnico em Secretariado no Brasil. É neste ano que a profissão é regulamentada
pela Lei nº 7.377 de 30 de setembro de 1985 (BRASIL, 1985) e da Lei nº 9.621 de janeiro de
1996 (BRASIL, 1996), na qual para exercer a profissão é necessário que o profissional seja
portador do diploma de curso superior. A partir de então, várias foram as conquistas que
evidenciaram o perfil destes profissionais no país.
A regulamentação da profissão ocorreu em um período no qual a área de
secretariado passava por grandes transformações e um mercado de trabalho mais competitivo.
A busca por mão de obra qualificada exigia com muito rigor profissionais completos, ou seja,
que possuíam diversas competências e habilidades preparados para conduzir o avanço deste
mercado. De acordo com Gomes (2007, p. 21) o “atual processo de globalização, nesta era da
informação, acelerado pela internet, tornou os mercados extremamente acirrados, com
competitividade extrema, priorizando a rapidez, a eficiência, a eficácia, a qualidade e o menor
custo”. Contudo, o profissional de Secretariado Executivo tem como peculiaridade a
competência de transformar situações consideradas adversas em oportunidades de crescimento,
se qualificando para atender os novos requisitos de um competitivo mercado de trabalho
globalizado.
De acordo com Lieuthier (2014, p. 23), “o perfil do profissional de secretariado
sempre foi arrojado, desafiador e desbravador”. Assim sendo, as mudanças ocorridas nas
últimas décadas não foram apenas relacionadas a fatores externo, tais como a globalização, mas
de uma vontade em busca do reconhecimento na sociedade. Comprometido com a empresa, o
profissional de Secretariado Executivo é capaz de resolver assuntos e lidar com as tarefas de
uma forma mais ampla e de modo que as atividades sejam realizadas com eficiência e rapidez,
tornando-se assim, um assessor imediato tanto de gerentes quanto de diretores de uma empresa.
Parafraseando a Federação Nacional das Secretárias (FENASSEC, 2010) a
profissão de Secretariado teve seu Código de Ética publicado no Diário Oficial da União em
41

1989. No que se refere a profissão de Secretariado, as atribuições da profissão estão


regulamentadas pela Lei nº 7377, de 30/09/85 e Lei 9261, de 10/01/96. Por conseguinte, de
acordo com o Art. 2º, só pode ser considerado Secretários Executivos:

a) o profissional diplomado no Brasil por curso superior de Secretariado, reconhecido


na forma de Lei, ou diplomado no exterior por curso de Secretariado, cujo diploma
seja revalidado no Brasil, na forma de Lei. b) o portador de qualquer diploma de nível
superior que, na data de vigência desta Lei, houver comprovado, através de
declarações de empregadores, o exercício efetivo, durante pelo menos trinta e seis
meses, das atribuições mencionados no Art.4º. desta Lei n° 7377 (BRASL, 1996).

Segundo o Art. 4º da Lei de nº 7.377 de 30/09/85 e Lei 9.261 de 10/01/96, as


atribuições secretariais são:

I - planejamento, organização e direção de serviços de secretaria; II - assistência


e assessoramento direto a executivos; III - coleta de informações para a consecução
de objetivos e metas de empresas; IV - redação de textos profissionais especializados,
inclusive em idioma estrangeiro; V - interpretação e sintetização de textos e
documentos; VI - taquigrafia de ditados, discursos, conferências, palestras de
explanações, inclusive em idioma estrangeiro; VII - versão e tradução em idioma
estrangeiro, para atender às necessidades de comunicação da empresa; VIII - registro
e distribuição de expediente e outras tarefas correlatas; IX - orientação da avaliação e
seleção da correspondência para fins de encaminhamento a chefia; X conhecimentos
protocolares. Lei n° 7.377 (BRASIL, 1985)

Mesmo a profissão de Secretariado Executivo sendo regulamentado em 1985,


houve uma grande evolução ao longo desses anos, pois, vem ocupando cada vez mais cargos
considerados de grande importância dentro das organizações. Por executar atividades relativas
à assessoria, planejamento e organização; ser um agente facilitador; gerenciador de informações
e serviços; controlador de arquivos e informações que chegam através dos diversos meios de
comunicações, organização da agenda do gestor, elaboração de documentos, gerenciamento da
rotina administrativa e providencias necessárias para que as decisões sejam empreendidas com
êxito. A esse Secretário Executivo, compete realizar tarefas, tanto administrativa como
financeira auxiliando de modo direto na rotina do executivo.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs), aprovada pelo
Ministério da Educação – MEC, em 11/03 2004, foram estabelecidos critérios para exercício
da profissão de Secretariado e de acordo com artigo 4º do parecer Nº CES/CNE 0102/2004, as
competências e habilidades do profissional secretário devem ser:

I – capacidade de articulação de acordo com os níveis de competências fixadas pelas


organizações; II – visão generalista da organização e das peculiares relações
42

hierárquicas e intersetoriais; III – exercício de funções gerenciais, com sólido domínio


sobre planejamento, organização, controle e direção; IV – utilização do raciocínio
lógico, crítico e analítico, operando com valores e estabelecendo relações formais e
causais entre fenômenos e situações organizacionais; V – habilidade de lidar com
modelos inovadores de gestão; VI – domínio dos recursos de expressão e de
comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de
negociação e nas comunicações interpessoais ou inter-grupais; VII – receptividade e
liderança para o trabalho em equipe, na busca da sinergia; VIII – adoção de meios
alternativos relacionados com a melhoria da qualidade e da produtividade dos
serviços, identificando necessidades e equacionando soluções; IX – gerenciamento de
informações, assegurando uniformidade e referencial para diferentes usuários; X –
gestão e assessoria administrativa com base em objetivos e metas departamentais e
empresariais; XI – capacidade de maximização e otimização dos recursos
tecnológicos; XII – eficaz utilização de técnicas secretariais, com renovadas
tecnologias, imprimindo segurança, credibilidade e fidelidade no fluxo de
informações; e XIII – iniciativa, criatividade, determinação, vontade de aprender,
abertura às mudanças, consciência das implicações e responsabilidades éticas do seu
exercício profissional. (BRASL, 2004)

As funções que antes eram limitadas a atender telefone, organizar agendas e servir
cafezinhos, começou a se valorizar a partir do momento que esse profissional se qualificou para
assumir funções que antes eram apenas atribuídas aos administradores, buscando conhecimento
profissional nas áreas jurídicas, comercial e financeira, além de especializações e habilidades
em línguas estrangeiras.
De acordo com a publicação da CONASEC (2017), as Organização das Nações
Unidas (ONU), diz que a profissão de Secretariado Executivo é terceira profissão que mais
cresce no mundo. E num Brasil em pleno desenvolvimento este profissional está cada vez mais
requisitado e valorizado. No Brasil, para obter o título de Secretário (a) Executivo (a) é exigido
curso universitário com duração média de quatro anos (VEIGA, 2007). A criação desse curso
de Secretariado Executivo de nível superior levantou a qualidade desses profissionais dando
maior possibilidade de atuação e responsabilidades nas organizações.
Fica estabelecido por lei a exigência de nível superior para exercer a profissão de
Secretariado Executivo, sendo a Universidade Federal da Bahia-UFBA a primeira criar em
1969 e reconhecido em 1998, através do Parecer 331/98 - DOU 24/8/98 o curso superior de
Secretariado Executivo no Brasil, porem segundo o site do FENASSEC (Federação Nacional
das Secretárias e Secretários), o primeiro curso superior reconhecido, foi criado em 1970 na
Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente, são ofertados cerca de 151 cursos de
graduação em Secretariado.
43

4.2 A NOVELA “AMOR A VIDA”

Amor à Vida é uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida no
horário das 21 horas, entre 20 de maio de 2013 e 31 de janeiro de 2014, em 221 capítulos,
substituindo Salve Jorge e sendo substituída por Em Família. Foi a 5ª "novela das nove", exibida
pela emissora, escrita por Walcyr Carrasco e teve a colaboração de Daisy Chaves, Eliane
Garcia, Daniel Berlinsky e Márcio Haiduck. Com direção de Marcelo Travesso, Marco
Rodrigo, André Felipe Binder, André Barros e Marcus Figueiredo e a direção geral foi de
Mauro Mendonça Filho e núcleo de Wolf Maya (GLOBO, 2017).
Amor à Vida registrou altos índices de audiência para a emissora. No entanto, as
repercussões nas redes sociais foram tão grandes que no segundo dia de exibição da novela
Amor à Vida, o personagem Félix ganhou um perfil no Twitter com mais de dois mil seguidores
em poucas horas e seus bordões viraram meme no Facebook, conforme matéria publicada na
revista EPOCA (2013). Com essa grande repercussão nas redes sociais e o Instituto Brasileiro
de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) (forma de medir o sucesso da novela), marcando altos
índices de audiência, no qual demostrava a aceitação do público aos personagens, isso fez com
que o enredo da novela tomasse outros rumos, Félix então passava de coadjuvante para
protagonista e de vilão para mocinho da novela.
No enredo, os irmãos Félix (Mateus Solano) e Paloma (Paolla Oliveira) disputaram
a herança do pai, César Khoury (Antônio Fagundes), dono do hospital San Magno, em São
Paulo. Com esse objetivo, Félix promove todos os tipos de truques para retirar sua irmã do
caminho. (GLOBO, 2017).
César é quem regia as regras no hospital. Clínico geral e casado com Pilar (Susana
Vieira) desde os tempos de faculdade, procurava sempre na filha o seu sucesso em vida. Parece
que ele projetava seu próprio futuro nela. Já a matriarca morria de amores pelo filho mais velho,
por quem o pai não tem tanto apreço (GLOBO, 2017).
Félix é considerado a "ovelha-negra" da família por César e acaba ganhando uma
superproteção exclusiva de Pilar. Incapaz de se formar como médico, Félix acabou enveredando
pelos caminhos da administração para conseguir uma patente plausível para pôr em prática suas
tramoias dentro do hospital. Frio e ambicioso, desvia dinheiro, se aproveita de informações
privilegiadas e planeja sempre a execução de seu maior plano: tomar a frente dos negócios da
família. O que ninguém sabe é que ele próprio vive um grande dilema: é homossexual não
assumido. Casado com Edith (Bárbara Paz), tem um filho adolescente, Jonathan (Thalles
Cabral). (GLOBO, 2017).
44

Durante uma viagem de família ao Peru, Paloma se apaixona pelo aventureiro


Ninho (Juliano Cazarré), com quem acaba fugindo para se ver livre das pressões da família
Khoury. Ela engravida, mas a relação dos dois desmorona. De volta ao Brasil, Paloma acaba
dando à luz no banheiro de um bar do centro de São Paulo, com a ajuda de Márcia (Elizabeth
Savalla), uma ex-chacrete que dedica sua vida a instruir a filha, Valdirene (Tatá Werneck), a
encontrar um marido rico. (GLOBO, 2017).
Félix vai atrás da irmã e, ao encontrá-la desfalecida e sozinha após o parto, sequestra
sua sobrinha sem piedade e joga a recém-nascida numa caçamba de lixo. No mesmo instante,
no Hospital San Magno, Bruno (Malvino Salvador) está arrasado por ter perdido a esposa
grávida e seu filho no momento do parto. Abalado, ele anda desorientado pelas ruas até que
escuta um choro de criança. Bruno acaba encontrando o bebê jogado no lixo por Félix e decide
adotar a criança, comovido e fragilizado. (GLOBO, 2017).
Doze anos depois, Paloma e Bruno se conhecem ao acaso no hospital. Os dois se
apaixonaram por conta de Paulinha (Klara Castanho), filha dela, que tem consultas periódicas
com a pediatra, sem que ela saiba que a menina é sua cria. Uma forte ligação une os três,
inexplicavelmente. (GLOBO, 2017).
No entanto, ao descobrir o paradeiro da filha e a identidade da menina, Paloma fará
de tudo para recuperá-la na justiça e assim baterá de frente com Bruno. O amor à vida colocará
o casal em lados opostos, provocando uma disputa entre eles, à medida em que vão ruindo os
segredos da família Khoury, na qual Félix é o principal personagem. (GLOBO, 2017).
Amor à Vida abordou as relações familiares e amorosas, mostrando que a família
que parecia um modelo tradicional (idealizado ao longo dos anos pela sociedade), carregava
segredos e dilemas pessoais. Além disso, a novela promoveu reflexões acerca do real sentido
de família e suas variantes formas de ser.
A trama abordava a inclusão da família não convencional, como as famílias
reconstituídas, a homoafetiva no ambiente social atual com o objetivo de mostrar a existência
dessas novas famílias. A proposta do autor em promover reflexões acerca de variados assuntos
recebeu muitas críticas na mídia, principalmente em alguns blogs e sites da internet. Devido à
quantidade de temas a discutir o autor, muitas vezes, retratou de modo artificial assuntos como
o preconceito aos gordinhos, o lúpus (doença grave e que não tem cura) entre outros. Temas
que não tiveram grande repercussão e no desenrolar da trama acabaram sendo deixados de lado
pelo autor, devido talvez, a pouca recepção que tiveram pelo público ou pelo modo de
abordagem do assunto pelo autor. (GLOBO, 2017).
Walcyr Carrasco encerrou sua novela com a tão esperada e também discutida cena
45

do beijo gay, algo que já era constantemente alvo de várias discussões sobre a aceitação por
parte do público e sobre o efeito de uma cena inédita na tela da Tv Globo. A atitude concretizou
a relação de amor criada entre os personagens, assim como deu ao público a resposta que ele
tanto esperou, devido às censuras de outras novelas. Apesar da novela de Walcyr Carrasco não
ter tido de fato o primeiro gay da TV brasileira, a novela registrou 44 pontos de audiência média,
segundo dados prévios do Ibope. GLOBO (2017).
Mesmo tendo a família como elemento substancial nas audiências da novela, o autor
soube trabalhar muito bem os temas abordados, pois mesmo tratando de temas considerados
polêmicos por alguns, o que o público realmente queria é assistir as tramas bem construídas
acompanhadas de boas histórias. E isso Félix fez muito bem tornando assim, a novela Amor à
Vida record de audiência respaldada pelas críticas.

4.3 UMA ANÁLISE DA NOVELA A PARTIR DO ASSÉDIO MORAL

Nesta parte do trabalho, examinar-se-á o enredo da novela a partir de trechos e falas


dos personagens Félix e Simone, ressaltando cenas que caracterizam o assédio moral.

4.3.1 SITUAÇÕES QUE SE CONFIGURAM EM ASSÉDIO MORAL

Durante as cenas da novela que se passam no ambiente de trabalho da vítima, o


Assédio Moral é identificado por meio de repetitivas e frequentes exposição que Félix submete
Simone a acontecimentos constrangedores e humilhantes durante a jornada de trabalho. De
semelhante conteúdo Hirigoyen (2003, p. 65) diz que,

[...] por assédio em um local de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta
abusiva manifestando-se, sobretudo, por comportamentos, palavras, atos, gestos,
escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física
ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de
trabalho.

Essa pratica acaba tornando o ambiente de trabalho um local de difícil convívio,


pois, não necessariamente se caracteriza como uma conduta explicita, manifestando de forma
estratégica através de gestos sutis e palavras suspeitosas exatamente para confundir sua
identificação. Em outras situações o assédio moral se mostra de forma nítida através de
46

trocadilhos, jogos de palavras indiferença, olhares de desprezo, fofocas, insultos, deboches,


ironia, sarcasmo. Assim, em meio a essas hostilidades e ações que causam constrangimento
resultando no seu abalo psicológico.
As cenas citadas abaixo por sua repetência podem configurar o assédio moral:

Felix – Ah!!! Hum... eu bem que queria, queria não, quero marcar essas reuniões, mas
tanta coisa Simone, deixa para quando o Atilho melhorar, se melhorar, tá? Ah! Liga
para minha mulher e diz para ela ir para o conserto que eu chego no meio ou no final.
Ela já tem os ingressos quer que eu pague o jantar.
Simone – É! Não seria melhor o Senhor ligar? É que ela pode ficar chateada
(semblante de riso).
Felix – (com cara de deboche) Simone querida, no dia que eu precisar de uma
conselheira matrimonial eu contrato uma. Agora por gentileza, se não for pedir muito,
liga para minha mulher e dá o recado.
Simone (com cabeça baixa) – sim, Senhor.
Felix – muito grato! (Amor à vida, 31-05-2013, capítulo 11, cena de 2 minuto).

Esta é a primeira cena da novela na qual Simone e Félix dialogam. No diálogo se


percebe que a relação entre os dois não é amigável, pois Félix fala a partir de tons irônicos e
faz cara de deboche ao se referir a secretária Simone, quando diz: “no dia que ele precisar de
conselhos matrimonial ele contrata uma pessoa”. Percebe-se que Simone sente-se constrangida
abaixando a cabeça. É através de gestos sutis, palavras de deboches, ironia e sarcasmo que são
percebidos o constrangimento ao qual Simone está passando.
O assédio moral encontra-se em toda parte. Em vários momentos da novela, nas
quais são confirmados pelas falas, é visível a caracterização do assédio moral através dos
elementos que se configuram: Primeiro da abusividade da conduta, na qual é destacada por
Guedes (2003, p. 33), acerca dessa conduta dolosa, que: Com efeito, estamos tratando daquelas
atitudes humilhantes, repetidas, que vão desde o isolamento, passam pela desqualificação
profissional e terminam na fase do terror, em que se verifica a destruição psicológica da vítima.

Simone – Eu já posso ir embora Dr. Félix? Eu tenho aula de inglês.


Félix – Para que você vai fazer aula de inglês se mal fala o português, Simone?
Simone – Dr. Félix, aponta um só erro de português que eu cometo e eu agradeço.
Félix – Simone não cansa minha beleza. Se eu digo que você que você erra o portu-
guês, porque você erra o português e ponto final, sou seu chefe e tenho sempre a razão.
Simone – (sarcástica) nós já pode ir embora Dr. Félix?
Félix – O que é que você está fazendo criatura?
Simone – Errando o português.
Félix - Lidar com mulher as vezes cansa. Ah! Faça só mais um favor, descubra por
favor para mim o endereço onde está morando atualmente o Atilho.
Simone – Eu posso tentar.
Félix – Eu não falei para você tentar, é para você conseguir. Vá, depois você está
dispensada, está livre de mim só por algumas horas, só até amanhã.
Simone – Sim, Senhor! (Amor a Vida, 19- 10- 2013, capítulo 132, cena de 1minuto e
8 segundos)
47

O diálogo reproduzido demostra a intencionalidade de Félix em denegrir


profissionalmente sua secretaria Simone, quando ele fala: “Para que você vai fazer aula de
inglês se mal fala o português, Simone? ”, além disso, ressalta seu poder de chefe quando afirma
“sou seu chefe e tenho sempre a razão”.
No que diz respeito a repetição e prolongamento Hirigoyen (2002, p. 17), diz: "cada
ataque tomado de forma isolada não é verdadeiramente grave; o efeito cumulativo dos
microtraumatismos frequentes e repetidos é que constitui a agressão".

Félix – Simone, venha cá por favor


Ela imediatamente se levanta e vai atrás dele
Simone – posso ajuda, Dr. Felix
Félix – (em tom irônico) pode querida Simone e pode e muito. É eu só quero saber
uma coisa, não se preocupe que eu não vou lhe perguntar se está de TPM (riso).
Simone – Por favor Dr. Felix
Félix – (em tom irônico) inclusive porque as vezes eu estou tão nervoso que quem
parece que está de TBM sou eu (risos). Simone, por acaso você andou falando de mim
e do nosso querido Atílio para alguém? Dr. Lutero, por exemplo.
Simone abaixa a cabeça e demora a responder.
Felix - pelo jeito, falou sim!
Simone tenta se explicar e confusa responde:
Simone – eu, eu não falei nada demais. O Dr. Lutero, só me fez umas perguntas sem
nenhuma importância.
Felix – (com o tom de voz alterada) quem decide o que tem importância ou não aqui
nessa impressa sou eu “darlen”. Você não passa de uma subalterna que aliás deveria
pintar melhor esse seu cabelo.
(Amor a Vida, 10- 06- 2013, capítulo 19, cena de um minuto e 54 segundos)

Félix, volta novamente a debochar de Simone quando em tom irônico responde que
ela pode lhe ajudar e ao mesmo tempo faz brincadeiras em tom de deboche perguntando se a
mesma está de TPM. Félix de fato trata repetidamente a sua secretaria desqualificando-a,
Alkimin (2008) ressalta que o assédio moral para ser caracterizado como uma conduta
degradante e humilhante ela não pode se apresentar como um fato isolado e sim de forma
constante. Portanto, os comportamento, gestos, palavras e atos direcionados contra o assediado
e que se destinam a desestabilizá-lo, afetando sua dignidade e direitos de personalidade, devem
ser praticados de forma reiterada e sistemática. Logo, essa conduta repetida e sistemática
acontece rotineiramente durante todas as cenas em que Félix e Simone contracena, verificando
sua conduta e efeitos.
À vista disso, foi verificado a consciência de agir do agressor que para Alkimin
(2009, p. 54) “se tinha ou não a consciência do resultado danoso, nascendo da conduta
antijurídica e do resultado danoso o dever de reparar o dano". Pois mesmo que o assediador
48

cometa o ato de maneira assediante, pouco interessa se o agressor agiu ou não com
intencionalidade de acarretar prejuízo a vítima quanto a sua integridade e intimidade, estava da
mesma maneira agindo sem respeito a figura humana. Essa conduta é percebível no seguinte
diálogo:

Félix – Hunrum! Interessante! Simone, se até aquela brega filha da brega mor conse-
guiu um marido porque você está sozinha?
Simone – (irritada) porque eu não estou interessada em qualquer homem.
Félix – (cara de deboche) ou será que nenhum homem está interessado em você? En-
fim, acho que já terminou o horário do expediente pode rastejar até a sua casa.
Simone – E tem mais uma pessoa querendo falar com o Senhor.
Félix – Quem?
Simone – O Dr. Jacques
Félix – mande-o entrar e dá o fora.
Simone - Sim Senhor!
(Amor a Vida, 19- 10- 2013, capítulo 132, cena de 1 minuto e 59 segundos)

Fica evidente na fala de Félix, a intenção de atingir moralmente a intimidade de


Simone, desestabilizando-a emocionalmente quando o mesmo diz que a “Brega mor” conseguiu
um marido, e ela, o porquê de estar sozinha. Em outro trecho da conversa ele continua supondo
que ela estaria só, porque talvez nenhum homem se interessava por ela. Para tanto, ALKIMIN
(2005) fala sobre essa perversidade, caracterizando essa conduta do assédio moral como algo
consciente, um ato ilícito e sendo intencional causando efeitos negativos no ambiente de
trabalho da vítima.
Alguns autores entendem que em razão de certos distúrbios psicológicos acarretado
pelo assédio moral, a vítima do assédio pode desenvolver algumas doenças psíquicas. Barreto
(2008, p.57) compactua com essa linha de pensamento ao esclarecer que o assédio moral “gera
grande tensão psicológica, angústia, medo, sentimento de culpa e autovigilância acentuada”.

Simone – (com receio de entra na sala.). Queria falar comigo Dr. Félix?
Félix – (em tom de deboche e com sorriso no rosto). Como vai, cadela?
Simone fica sem graça e sai da sala. (Amor a Vida, 18- 10- 2013, capitulo 131, cena
de 20 segundos)

Diante das falas expostas, fica fácil compreender que o assédio moral reflete no
psíquico do assediado, no caso, da secretaria Simone, quando ela fica com receio de entrar na
sala de Félix e quando o mesmo o chama de “cadela” fazendo com que seu semblante mude
totalmente se retirando da sala deprimida. Essas práticas reiteradas de atitudes hostis,
degradantes e abusivas acabam desestabilizando emocionalmente a vítima.
49

4.3.2 PROCESSO E CONTEXTO DO ASSÉDIO MORAL

O assédio moral, inevitavelmente estabelece um clima desagradável na


organização, de tensão e receio. Neste caso Barros (2011), mostrou que o assédio moral pode
ser uma situação em que uma pessoa ou um grupo de pessoas pratica uma violência psicológica
extrema, regular e frequente em um curto período de tempo (em torno de uns seis meses) sobre
outra pessoa, na a qual sustenta uma relação de poder desigual no local de trabalho, com o
objetivo de destruir a vítima levando-a pedir demissão.
Na novela, essas situações ocorrem ao longo de todos capítulos, pois Félix, na
maioria dos diálogos que tem com Simone, se refere a ela pelo apelido de “cadela”. Logo é
possível perceber que a secretaria não se sente bem nesse ambiente de trabalho.

Simone – Deseja alguma coisa Dr. Félix?


Félix – Desejo sim, cadela. Passa o celular.
Simone – O seu celular está com o Senhor mesmo.
Félix – Eu me refiro ao seu celular. Por favor!
Simone – O celular é pessoal é propriedade privada
Félix – Me dá esse celular agora mesmo ou eu jogo você por essa janela com celular
e tudo. Dá. Anda cadela. (Félix pega o celular de Simone) (Amor a Vida, 08- 11-
2013, capitulo 149, cena de 30 segundos)

Durante esta cena é possível perceber que Simone sofre violência verbal de Félix,
ao ser chamada de cadela. Assim, o assediador num processo de assédio moral tem o controle
e o domínio absolutos do assediado. Desta forma, Freitas (2001, p. 9) afirma: “o agressor pode
engrandecer-se rebaixando o outro, sem culpa e sem sofrimento; trata-se da perversão moral”
No mesmo diálogo também é percebível que a mesma sofre ameaças do seu chefe quando ele
lhe pede o aparelho celular e ela se recusa pois afirma que celular é propriedade privada e
pessoal, mesmo assim Félix, ameaça ela de jogar pela janela.

4.3.3 REAÇÃO DA VITIMA AO ASSÉDIO

Simone, secretária de Félix no hospital no qual ele era direto, desempenhava a


função de assessora direta de Félix, lhe auxiliando e dando suporte em toda parte financeira
desde a elaboração de relatórios, contratos e toda documentação do hospital até as atividades
mais básicas como atender telefonemas, servir cafezinhos e cuidar dos compromissos de Félix.
Muito competente, sempre realizava todas as tarefas que lhe era atribuída com muita atenção e
dedicação
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A realização das atividades pela secretária não é suficiente para Félix, que está
sempre procurando um modo de atacar e menosprezar seu trabalho como ficar registrado na
fala abaixo:

Simone – Dr. Félix (Félix olha para Simone desconfiado e entra para sua sala. Ela vai
atrás) Dr. Félix, o seu pai procurou pelo Senhor várias vezes
Félix – (cara de espanto) Ah! sim, o que você falou para ele?
Simone - Eu disse que o Senhor saiu, não disse para onde ia e que seu celular está
desligado
Félix – Ah! É verdade, eu devo ter desligado ao ter saído da sala. É, tem alguma ideia
do que ele quer?
Simone – Não, o Senhor sempre me pediu para ser discreta, portanto não faço per-
guntas
Félix – (com tom irônico) acha que me engana né, cadela!
Simone – (respira fundo e sai irritada) (Amor a Vida, 19- 08- 2013, capitulo 79,
cena de 1 minuto)

O que fica registrado nessa conversa entre Félix e Simone é que mesmo ela
cumprindo as ordens que lhe são acatadas, Félix arruma uma maneira de atacar Simone quando
fala: “acha que me engana né, cadela! ”
A realização da vítima é imediata. Simone se retira da sala respirando fundo e
irritada. Sobre essa reação que a vítima tem ao se sentir assediada, Pacheco (2007) diz resultar
das relações entre pessoas e das condições de trabalho. O assédio moral acaba causando a vítima
determinadas reações que podem considerar aparentemente estresse, influenciando na sua vida
social. Esta solução é compreensível quando atendemos aos estudos sociológicos e psicológicos
encetados neste domínio e que consideram que o estresse se assume como uma fase inicial do
desenrolar do processo de assédio moral no trabalho.
Há que se averiguar também o ponto de vista de Hirigoyen (2009, p.172), aceitar a
submissão é algo que só se consegue “à custa de uma grande tensão interior, que possibilite não
ficar descontente com o outro, acalmá-lo, quando está nervoso, esforçar-se para não reagir. Essa
tensão é geradora de estresse. ” Em paralelo, destaca-se essa reação da vítima no seguinte
diálogo:
Simone – (entra na sala de Félix). Com licença, Dr. Félix.
Félix – (interrompe e fala) aí Simone, tem alguém querendo falar comigo. É sempre
assim, sempre tem alguém querendo falar comigo. Você por favor me tira dessa vai,
eu quero acabar com tudo que eu tenho para fazer agora e depois pegar na mão da
“mami poderosa” que está precisando do meu apoio moral. Portanto seja quem for
descarte.
Simone – mais... é....
Félix - (interrompe aos gritos) descarte cadela.
César – (pai de Félix, interrompe). Eu já tinha ouvido um zunzum pelo hospital que
você chama sua secretária de cadela, mais eu não podia acreditar nisso.
Félix – Dispensada, Simone. (Em seguida late para ela)
51

Simone sai constrangida e respirando fundo sala. (Amor a Vida, 25- 10- 2013, capi-
tulo 137, cena de 2 minuto)

Com a interrupção de César, o pai de Félix, falando que já havia ouvido pelo
hospital conversas que Félix chamava Simone de cadela mais ele custava acreditar naquelas
coisas que alguns funcionários falavam nos corredores do hospital, fez com que Simone se
sentisse envergonhada, humilhada e ridicularizada perante seus colegas de trabalho.
Constrangida com toda essa situação e mesmo Felix insultando-a, Simone respira fundo e sai
da sala sem reagir a essas agressões verbais nas quais acarretar um grau de estresse
elevadíssimo.

4.3.4 CAUSAS E CONSEQUENCIA DO ASSÉDIO MORAL

Uma das principais causas do assédio moral é a desinformação e despreparo dos


gerentes e chefes de setor, exatamente aqueles encarregados de comandar o trabalho da maioria
dos empregados, bem como de cobrar a realização das metas necessárias ao desenvolvimento
da atividade econômica frente ao mercado competitivo, juntando isso a direção de um chefe
autoritário em que muitos externa o desejo em demitir o empregado criando situações que se
torne insustentável por parte do assediado para que o mesmo venha pedir demissão.
O assédio moral ocorre desestabilizando a vítima, causando danos psicológicos e
dependendo do grau do assedio podendo causar até mesmo danos mais graves. Esta situação
constitui um risco invisível à saúde física e psicológica do assediado, uma violência sutil e
perversa que leva ao adoecimento e em algumas situações até mesmo ao suicídio da vítima.
Apesar de invisível, é concreto o risco à integridade, à saúde e até mesmo à vida do trabalhador,
porque a humilhação prolongada pode decorrer desde o comprometimento da sua dignidade e
seu relacionamento afetivo e social, como evoluir para a sua perturbação mental, incapacidade
laborativa, depressão e até mesmo a morte. (BARRETO, 2007, p.49).
O assédio é uma forma sutil de violência, o que se verifica no assédio é a forma
como ele infringe causando danos e consequências para saúde física e psíquica da vítima. Na
maioria das vezes, essas agressões ofendem a dignidade do trabalhador, geralmente são atitudes
relacionadas ao abuso de poder como o objetivo de humilhar e intimidar a vítima caso de Félix,
chefe de Simone.

Félix – Simone querida, gostaria que você estalasse o anjinho ali na antessala que ele
vai trabalhar ao seu lado, certo?
Simone – Sim, senhor! E o que ele deve fazer?
52

Félix – Ah! Inicialmente ele vai apenas acompanhar o dia a dia da empresa, me as-
sessorar enfim... ele vai aprendendo o serviço. Você liga para o RH e pede para con-
tratar o Anjinho como meu assistente nível sênior.
Simone - Nível sênior? Mas é muito mais alto que o meu. Ele vai ganhar mais do
que eu?
Félix - Querida, e daí? Eu sou o presidente eu resolvo.
Simone - . Mais ele não sabe fazer nada, vai ter que aprender tudo. Como é que ele
pode ganhar mais do que eu?
Félix – Simone, ele sabe fazer coisas que você não sabe, tá? Então recolha-se a sua
insignificância e retire as xicaras por favor.
Simone – (abaixa a cabeça e se retira) Sim Senhor!
(Amor a Vida, 14- 11- 2013, capitulo 154, cena de 2 minuto)

Félix, usa da hierarquia que tem sobre sua secretária para cometer abusos de
autoridades, momento esse mostrado quando fala: “Querida, e daí? Eu sou o presidente eu
resolvo”, Simone demonstra medo sempre que abaixa a cabeça e se retira. Na perspectiva do
assediador, uma vez escolhido o alvo é difícil larga-lo. Segundo Hirigoyen (2000, p. 135), “[...]
é frequente que ele o declare abertamente: de agora em diante, meu único objetivo na vida será
impedi-la de viver”. A figura do medo na vítima dá poder ao agressor e o motiva a cometer
esses atos. Os danos que esse tormento psicológico causa faz com que o trabalhador aos poucos
vá perdendo seu equilíbrio emocional e se sinta doente.

Félix – Veio trabalhar Cadela? Eu jurava que você iria inventar qualquer desculpa que
estava doente só para ir lá no casamento do papai.
Simone - O Senhor ia acabar descobrindo que eu estava mentindo, mais eu me sinto
doente quando o Senhor me chama de cadela.
Félix - (late) Au! Cadê Anjinho?
Simone - Ainda não chegou
(Amor a Vida, 16- 11- 2013, capitulo 156, cena de 1 minuto e 52 segundos)

Simone deixa claro para Félix que não sente bem quando é chama de cadela,
afirmando até que se sente doente. Essa pratica mostra como a vítima sente-se ofendida,
menosprezada, constrangida e inferiorizada tendo sua autoestima degredada pelo agressor. De
acordo com Rufino (2007), as práticas destrutivas e humilhantes fazem com que a vítima passe
a sentir diferentes sensações de repulsa, como medo, aflição, ansiedade, vergonha, tristeza, etc.,
resultando em um complexo de inferioridade.

4.3.5 PERFIL DA VÍTIMA

Na novela, Simone é revelada como uma secretária habilidosa, eficiente, que não
falta ao trabalho e cumpre com suas tarefas. Isso faz dela uma vítima em potencial, facilitando
assim o desenrolar de situações de assédio, pois esse tipo de pessoa leva o assediador a se sentir
53

ameaçado, seja no cargo ou na posição perante ao grupo. Em relação a Félix, ele usa de apelidos
constrangedores como “cadela” para poder atingir, já que não tem o que falar sobre sua
competência. Hirigoyen (2002), traça os perfis mais favoráveis ao assédio que são: pessoas
excessivamente competentes, dedicadas e seguras de si mesmas.

Félix – É verdade, tem razão. Você é experiente em Simone?


Simone – Alguma coisa da vida eu sei Dr. Félix.
Félix – Às vezes eu me arrependo eu não deveria te chamar de cadela. Ah!
Pantera, que tal?
Simone – Hum... Pantera é bem melhor!
Félix - Não foi promovida ainda, cadela. Ah! Mais continue assim maliciosa
que você vai continuar subindo no meu conceito. Certo?
(Amor a Vida, 12- 11- 2013, capitulo 152, cena de 1 minuto e 30 segundos)

A ideia de que Félix as vezes se dizer arrependido de chamar Simone de cadela é


uma forma de mascarar o assédio. De acordo com os princípios de Hirigoyen (2000), o que se
consegue averiguar em todas as ocorrências passiveis do assédio moral é o fato do agressor
estar provocando sofrimento à vítima, o que causa nele uma sensação de prazer e diversão.
Simone, ao ser agredida, se hesitou, dando lugar para que Félix prosseguisse com sua maneira
hostil de tratá-la. Assim Simone assume uma posição de inferioridade frente ao seu assediador
(EINARSEN, 2000).

4.3.6 PERFIL DO AGRESSOR

Félix tem o perfil marcante. Classe alta, sempre em busca do poder ele não mede
esforços para alcançar o sucesso, mimado pela mãe e por ser filho do dono do hospital se sente
singular o que leva a ter atitudes e comportamento arrogantes, tem um ar de superioridade, olha
sempre para Simone com descaso e arrogância, critica sempre com regularidade demostrando
desprezo, traços de uma personalidade cruel que descreve o psicopata corporativo (BODDY,
2011; GUDMUNDSSON; SOUTHEY, 2011).
Pode-se observar essas características que ilustra o perfil desse agressor na seguinte
fala:

Félix – (irônico) Simone querida, como vai? Tudo bem? Esse daqui vai ser o meu
novo funcionário vai trabalhar como meu assistente pessoal. Traga dois cafés en-
quanto eu passo as novas funções para o rapaz.
Simone – Sim, Senhor! Ele vai absorver alguma coisa do meu trabalho?
Félix – (sarcástico). Está com medo de perder o emprego Simone? Muita cautela,
pois muitas vezes você me irrita cadela.
54

Simone – Sim Senhor, eu vou providenciar o café.


(Amor a Vida, 13- 11- 2013, capitulo 153, cena de 1 minuto e 30 segundos)

Félix demostra claramente seu perfil perverso, irônico e sarcástico, Hirigoyen


(2000) chega até mesmo a declarar que o assediador sente prazer em ver o outro sofrer. Está
intencionalidade desprende as atitudes cometidas pelo agressor que apesar de estarem convictos
de em determinadas situações estão errados, não voltam atrás para reparar o erro cometido. Para
Hirigoyen (2006, p. 139-152) “[...]. Os perversos são críticos ferinos e sentem imenso prazer
em fazer isto, pois, assim, provam-se onipotentes, diante da nulidade dos outros. [...]”. São essas
críticas sempre acompanhadas de sarcasmo e ironia fazendo com que Félix sinta um enorme
prazer e não se importe com o sentimento de Simone.

4.3.7 MECANISMOS UTILIZADOS PELOS AGRESSORES

Numa circunstância de assédio, os deboches, as críticas, sarcasmos e ironias passam


a ser frequentes e constantes (EINARSEN, 2000; FREITAS, 2001), isso tudo circula em volta
da tentativa de constranger e humilhar a vítima. Na cena transcrita abaixo será comprovado os
mecanismos usados por Félix.

(...) Felix – (com o tom de voz alterada) quem decide o que tem importância ou não
aqui nessa impressa sou eu darlen. Você não passa de uma subalterna que aliás deveria
pintar melhor esse seu cabelo.
Simone – mas eu sou loira de nascença
Félix – (com tom grosseiro e irônico) então é problema genético né? Que é bem pior.
Simone abaixa a cabeça. (...)
(Amor a Vida, 10- 06- 2013, capitulo 19, cena de 1 minuto e 54 segundos)

A crítica em relação a aparência especificamente a cor do cabelo dela, é algo que


fica bastante destacado na fala de Félix e explicita o quanto Simone se incomoda com esse
comentário, pois em seguida rebate falando que é loiro de nascença, ele então como mecanismo
de agressão a desqualificação para não ficar por baixo, ironicamente lhe diz que o problema só
pode ser genético. É preciso inferiorizar e desestabilizar a vítima de forma que ela se torne
incapaz de reagir à agressão e se sinta incapacitada de cumprir suas funções (HIRIGOYEN,
2006).
Félix ainda utiliza de outro mecanismo, o medo, mostrado por Lis Andréa Pereira
Soboll (2008, p. 82) como aquela “[...] estruturada no mecanismo que tem a ameaça, implícita
ou explícita, como estímulo principal para gerar adesão do trabalhador aos objetivos
organizacionais [...]”. Estas ameaças podem-se compreender na perca do cargo ou do emprego,
55

como mostra a cena em que Félix ameaça demitir Simone:

(...) Félix – (tom de ameaça) então vamos para o que interessa. Se você falar qualquer
coisa de mim para o Dr. Lutero, ou seja, lá para quem for, se você falar qualquer coisa
abjeta que sai dessa sua cabecinha cheia de imaginação, você vai para rua.
Simone com semblante de choro responde:
Simone – Dr. Félix, eu preciso desse emprego
Félix – então boca calada ou então eu te ponho na rua e ainda dou um jeito de te dar
justa causa
Simone chora
Félix – ah! Não, não, não, não. Sai, sai, sai pelo amor de Deus, mulher que chora na
frente do chefe é Ô. Vocês lutaram tanto por direitos iguais para chorar ainda na frente
do patrão. Pelo amor de Deus some da minha frente, some. E toma cuidado, ou eu te
demito.
(Amor a Vida, 10- 06- 2013, capitulo 19, cena de 1 minuto e 54 segundos)

O que se confirma na fala de Félix é o seu desejo de dominar a situação e sentir-se


superior: quando afirma que colocara ela no “olho” da rua e arrumara um jeito de dá-lhe justa
causa.

4.3.8 MECANISMOS DE DEFESA DA VÍTIMA

Simone resolve então, depois de tantas humilhações entregar todas as copias dos
contratos do hospital para Dr. Lutero, documentos estes que comprovam todas as falcatruas que
Félix tinha feito com os fornecedores:

Cansada de ser humilhada, Simone entrega cópias dos contratos faturados de Félix

Dr. Lutero – (surpreso e sorridente) Oh! Simone, o que você faz aqui?
Simone – Eu precisava falar com o Senhor sem que ninguém nos vice
Dr. Lutero – Aconteceu alguma coisa?
Simone - Há algum tempo o Senhor me pediu para eu tirar as copias dos contratos
que Dr. Félix, negociou com os forneces do hospital os antigos e os novos
Dr. Lutero – Eu sei, mais você não quis me entregar os contratos, lembra?
Simone - É que eu fiquei com muito medo de ser demitida, ainda tenho mais, ontem
eu fiz essas copias em segredo. Aqui estão (entrega as copias a Dr. Lutero)
Dr. Lutero – Quem bom! (Semblante de felicidade)
Simone – Dr. Lutero, ninguém pode saber que fui eu que entreguei isso
Dr. Lutero - Não, ninguém saberá isso vai ficar em segredo. Pode crê! Porque você
mudou de ideia?
Simone - O Dr. Felix, me humilha o tempo todo. Olha, eu só fico nesse emprego
porque eu preciso muito desse salário. Agora o Senhor sempre foi tão bom, tão gene-
roso eu achei que devia atender o seu pedido.
Dr. Lutero – Muito obrigado pela confiança, na verdade esses contratos vão me aju-
dar a esclarecer certas suspeitas que eu tenho em relação ao Félix.
(Amor a Vida, 21- 06- 2013, capitulo 29, cena de 1 minuto e 11 segundos
56

A vítima, ao tentar defender-se, reagindo, enfrentando ou buscando seus direitos,


ironicamente faz com que as hostilidades se transformem numa perseguição moral, numa
violência declarada que Leymann (1984 apud GUEDES, 2003, p. 27) denominou de
“psicoterror”1. O que se observa tanto na atitude de Simone, quanto na visão da autora, é que a
vítima cansada daquelas agressões procuram um meio para se proteger, no caso de Simone,
reunindo provas que comprove o superfaturamento nos contratos do hospital feito por Félix.
Fica claro quando ela responde a Dr. Lutero, que ela estava lhe entregando todos os
papeis com as provas, pois estava cansada de ser humilhada o tempo todo e ainda ressaltava
que só ficava no emprego porque precisava muito daquele emprego. Sina (2007) e Freitas,
Heloani e Barreto (2008) enfatizam que as pessoas se sujeitam a situações humilhantes e
tratamentos arrogantes, por medo de perder o emprego. Hirigoyen (2008) complementa que
além do medo de perder o emprego, é necessário compreender que muitas vezes é difícil o
assediado entender que está sofrendo assédio moral e vá em busca de ajudas.

1
Psicoterror é uma forma de violência cometida no local de trabalho, que consiste em atos, gestos, palavras e
comportamentos humilhantes e degradantes, praticados, de forma sistemática e prolongada, contra o
empregado, com a clara intenção de persegui-lo, visando à sua eliminação da organização do trabalho.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo geral, analisar as relações de poder no


ambiente de trabalho que convergem em assédio moral. Bem como, descrever as situações que
se configuram o mesmo; examinando e analisando o contexto no qual o assédio moral emerge
e se desenvolve; expondo e descrevendo as características, o perfil da vítima e o perfil do (a)
agressor (a) ou psicopata corporativo, os mecanismos utilizados pelo agressor, assim como os
de defesa da vítima; analisando de que maneira o assédio moral interfere no cumprimento das
atividades do profissional da área secretarial (em seu processo; reação das vítimas; causas e
consequências; perfil da vítima e do agressor).
A produção da teledramaturgia demostrou a existência do psicopata corporativo e
sua atuação em uma situação de assédio moral, na qual diálogos foram analisados e transcritos
de acordo com contexto no qual se configurava o assédio moral entre chefe e subordinada, onde
em todas as cenas Félix chamava Simone de cadela, incompetente fazia “piadinhas”, deboches
e ironias sempre menosprezando e inferiorizando.
Esta pesquisa colaborou para a academia de Secretariado executivo pois ilustrou os
mecanismos que condicionam o fenômeno de Assédio Moral no âmbito organizacional e, assim,
gestores e funcionários, possivelmente, poderão refletir sobre a sua atuação prática.
Quanto às inferências teóricas, esta pesquisa colaborou para teorizar sobre o
reconhecimento do assédio moral nas organizações, principalmente nas relações do profissional
de Secretariado Executivo. Profissional esse que é capaz de tomar decisões, de exercer
lideranças com clientes internos e externos, de planejas ações a serem realizadas, de controlar
e organizar seu ambiente de trabalho. Dessa maneira se torna um profissional versátil
conquistando um lugar de destaque e respeito dentro das organizações.
Diante dos argumentos apresentados, fica evidente que essa temática deve ser
aprofundada visto que o assédio moral é um tema que vem despertando grande interesse social
em razão das enormes repercussões que se tem devido as suas ocorrências. Com isso, o estudo
tem o intuito de ampliar a percepção da sociedade e mais ainda, do profissional de Secretariado
Executivo para possíveis limites de prevenção contra este fenômeno.
58

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caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, 30 de
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63

APÊNDICE

APÊNDICE A

Na tabela abaixo, encontra-se as categorias de analises relacionando as cenas nas


quais se constatou a presença do assédio moral presente em cada uma delas.

CENAS

CATEGORIAS DE ANALISE
11 19 29 79 131 132 137 149 152 153 154 156

CONDUTA ABUSIVA X
REPETIÇÃO E
PROLONGAMENTO
X

SITUAÇÕES QUE SE CONSCIÊNCIA DO


AGENTE
X
CONFIGURAM EM
ASSÉDIO MORAL DA NATUREZA
PSICOLÓGICA
X
DO DANO
PSÍQUICO
X
PROCESSO E CONTEXTO DO ASSÉDIO
MORAL
X

REAÇÃO DA VITIMA AO ASSÉDIO X X

CAUSAS E CONSEQUENCIA DO ASSÉDIO


MORAL
X X

PERFIL DA VÍTIMA X

PERFIL DO AGRESSOR X
MECANISMOS UTILIZADOS PELOS
AGRESSORES
X

MECANISMOS DE DEFESA DA VÍTIMA X


64

APÊNDIE B

A tabela abaixo foi construída baseada na observação, analise e transcrição


das cenas da novela Amor à Vida, assistidas a partir da assinatura da Globo Play, site da Rede
Globo. Para análise, foram selecionadas cenas em que Simone e Félix contracenaram.

Capítulos Exibição Transcrição das Cenas

11 (Cena de 2 minu- 31- 05- 2013 Félix manda a avisar a Edith que não irá no con-
tos) certo.
Félix entra na recepção do hospital e a secretá-
ria Simone fala:
Simone – Ah! Dona Edite já ligou duas vezes
para lembrar que hoje o Senhor prometeu levar
ela em um conserto.
Felix – Você disse que eu estava em uma reu-
nião?
Simone – Disse!
Felix – Ah! Ótimo! Será que Edith não entende
que eu estou assoberbado, com o Atilho aci-
dentado cai tudo em minhas costas
Simone – Como é que ele está?
Felix - está na UTI ainda mais vai melhorar. Eu
rezo por isso
Simone – por falar nisso, Senhor Atilho tinha
me dito que o Senhor Iria marcar reuniões com
os fornecedores para voltar a discutir os novos
contratos. Marco?
Felix – Ah!!! Hum... eu bem que queria, queria
não, quero marcar essas reuniões, mas tanta
coisa Simone, deixa para quando o Atilho me-
lhorar, se melhorar, tá? Ah! Liga para minha
mulher e diz para ela ir para o conserto que eu
chego no meio ou no final. Ela já tem os ingres-
sos quer que eu pague o jantar.
Simone – É! Não seria melhor o Senhor ligar? É
que ela pode ficar chateada (semblante de
riso).
Felix – (com cara de deboche) Simone querida,
no dia que eu precisar de uma conselheira ma-
trimonial eu contrato uma. Agora por gentileza,
se não for pedir muito, liga para minha mulher
e dá o recado.
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Simone (com cabeça baixa) – sim, Senhor.


Felix – muito grato!
Simone se retira da sala.

19 (cena de 1 minutos 10- 06- 2013 Félix ameaça demitir Simone


e 54 segundos)
Félix passa pela recepção e chama Simone.
Félix – Simone, venha cá por favor
Ela imediatamente se levanta e vai atrás dele
Simone – posso ajuda, Dr. Felix
Félix – (em tom irônico) pode querida Simone e
pode e muito. É eu só quero saber uma coisa,
não se preocupe que eu não vou lhe perguntar
se está de TPM (riso).
Simone – Por favor Dr. Felix
Félix – (em tom irônico) inclusive porque as ve-
zes eu estou tão nervoso que quem parece que
está de TBM sou eu (risos). Simone, por acaso
você andou falando de mim e do nosso querido
Atílio para alguém? Dr. Lutero, por exemplo.
Simone abaixa a cabeça e demora a responder.
Felix - pelo jeito, falou sim!
Simone tenta se explicar e confusa responde:
Simone – eu, eu não falei nada demais. O Dr.
Lutero, só me fez umas perguntas sem ne-
nhuma importância.
Felix – (com o tom de voz alterada) quem de-
cide o que tem importância ou não aqui nessa
impressa sou eu darlen. Você não passa de uma
subalterna que aliás deveria pintar melhor esse
seu cabelo.
Simone – mas eu sou loira de nascença
Félix – (com tom grosseiro e irônico) então é
problema genético né? Que é bem pior
Simone abaixa a cabeça
Félix – (tom de ameaça) então vamos para o
que interessa. Se você falar qualquer coisa de
mim para o Dr. Lutero, ou seja, lá para quem
for, se você falar qualquer coisa abjeta que sai
dessa sua cabecinha cheia de imaginação, você
vai para rua.
Simone com semblante de choro responde:
Simone – Dr. Félix, eu preciso desse emprego
Félix – então boca calada ou então eu te ponho
na rua e ainda dou um jeito de te dar justa causa
66

Simone chora
Félix – ah! Não, não, não, não. Sai, sai, sai pelo
amor de Deus, mulher que chora na frente do
chefe é Ô. Vocês lutaram tanto por direitos
iguais para chorar ainda na frente do patrão.
Pelo amor de Deus some da minha frente,
some. E toma cuidado, ou eu te demito.
(Simone se retira)

29 (cena de 1 minutos 21- 06- 2013 Cansada de ser humilhada, Simone entrega có-
e 11 segundos) pias dos contratos faturados de Félix

Dr. Lutero – (surpreso e sorridente). Oh! Si-


mone, o que você faz aqui?
Simone – Eu precisava falar com o Senhor sem
que ninguém nos vice
Dr. Lutero – Aconteceu alguma coisa?
Simone - Há algum tempo o Senhor me pediu
para eu tirar as copias dos contratos que Dr. Fé-
lix, negociou com os forneces do hospital os an-
tigos e os novos
Dr. Lutero – Eu sei, mais você não quis me en-
tregar os contratos, lembra?
Simone - É que eu fiquei com muito medo de
ser demitida, ainda tenho mais, ontem eu fiz es-
sas copias em segredo. Aqui estão (entrega as
copias a Dr. Lutero)
Dr. Lutero – Quem bom! (Semblante de felici-
dade)
Simone – Dr. Lutero, ninguém pode saber que
fui eu que entreguei isso
Dr. Lutero - Não, ninguém saberá isso vai ficar
em segredo. Pode crê! Porque você mudou de
ideia?
Simone - O Dr. Felix, me humilha o tempo todo.
Olha, eu só fico nesse emprego porque eu pre-
ciso muito desse salário. Agora o Senhor sem-
pre foi tão bom, tão generoso eu achei que de-
via atender o seu pedido.
Dr. Lutero – Muito obrigado pela confiança, na
verdade esses contratos vão me ajudar a escla-
recer certas suspeitas que eu tenho em relação
ao Félix.
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79 (cena de 1 minutos) 19- 08- 2013 Simone avisa a Félix que César está a sua pro-
cura. Félix passa pela recepção e Simone vai
atrás para falar que seu pais estão a sua procura

Simone – Dr. Félix (Félix olha para Simone des-


confiado e entra para sua sala. Ela vai atrás) Dr.
Félix, o seu pai procurou pelo Senhor várias ve-
zes
Félix – (cara de espanto) Ah! sim, o que você fa-
lou para ele?
Simone - Eu disse que o Senhor saiu, não disse
para onde ia e que seu celular está desligado
Félix – Ah! É verdade, eu devo ter desligado ao
ter saído da sala. É, tem alguma ideia do que ele
quer?
Simone – Não, o Senhor sempre me pediu para
ser discreta, portanto não faço perguntas
Félix – (com tom irônico) acha que me engana
né, cadela
Simone – (respira fundo e sai irritada)

131 (cena 20 segun- 18- 10- 2013 Félix retorna para presidência do hospital e
dos) manda chamar Simone.

Simone – (toda sem graça). Queria falar comigo


Dr. Félix?
Félix – (em tom de deboche e com sorriso no
rosto). Como vai, cadela?
Simone fica sem graça e sai da sala

132 (cena de 1minuto 19- 10- 2013 Simone – Eu já posso ir embora Dr. Félix? Eu te-
e 8 segundos) nho aula de inglês.
Félix – Para que você vai fazer aula de inglês se
mal fala o português, Simone?
Simone – Dr. Félix, aponta um só erro de portu-
guês que eu cometo e eu agradeço.
Félix – Simone não cansa minha beleza. Se eu
digo que você que você erra o português, por-
que você erra o português e ponto final, sou seu
chefe e tenho sempre a razão.
Simone – (sarcástica) Nós já pode ir embora Dr.
Félix?
Félix – O que é que você está fazendo criatura?
Simone – Errando o português.
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Félix - Lidar com mulher as vezes cansa. Ah!


Faça só mais um favor, descubra por favor para
mim o endereço onde está morando atual-
mente o Atilho.
Simone – Eu posso tentar.
Félix – Eu não falei para você tentar, é para você
conseguir. Vá, depois você está dispensada,
está livre de mim só por algumas horas, só até
amanhã.
Simone – Sim, Senhor!

137 (cena de 2 mi- 25- 10- 2013 Simone – (entra na sala de Félix). Com licença,
nuto) Dr. Félix.
Félix – (interrompe e fala) ai Simone, tem al-
guém querendo falar comigo. É sempre assim,
sempre tem alguém querendo falar comigo.
Você por favor me tira dessa vai, eu quero aca-
bar com tudo que eu tenho para fazer agora e
depois pegar na mão da “mami poderosa” que
está precisando do meu apoio moral. Portanto
seja quem for descarte.
Simone – mais... é....
Félix - (interrompe aos gritos) descarte cadela.
César – (pai de Félix, interrompe). Eu já tinha
ouvido um zunzum pelo hospital que você
chama sua secretária de cadela, mais eu não
podia acreditar nisso.
Félix – Dispensada, Simone. (Em seguida late
para ela)
Simone sai constrangida da sala.

149 (cena de 30 se- 08- 11- 2013 Simone – Deseja alguma coisa Dr. Félix?
gundos) Félix – Desejo sim, cadela. Passa o celular.
Simone – O seu celular está com o Senhor
mesmo.
Félix – Eu me refiro ao seu celular. Por favor!
Simone – O celular é pessoal é propriedade pri-
vada
Félix – Me dá esse celular agora mesmo ou eu
jogo você por essa janela com celular e tudo.
Dá. Anda cadela. (Félix pega o celular de Si-
mone)
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152 (cena de 8 segun- 12 - 11- 2013 Félix – Simone, e o Dr. Jacques?


dos) Simone - Eu ainda não localizei Dr. Félix.
Félix – Pois trate de localiza-lo incompetente
Simone – Sim, Senhor!

152 (cena de 1 minu- 12 - 11- 2013 Simone – Dr. Félix, tem um rapaz na linha que
tos e 30 segundos) quer falar com o senhor.
Félix - Um rapaz, o anjinho?
Simone – Não, é o Nikon, companheiro de Dr.
Eron, ele quer tomar cum café com o Senhor
depois do expediente.
Félix – Um café?
Simone – Hunrum!
Félix – Quer dizer que ele tem más intenções Si-
mone?
Simone – Eu acho que se ele tivesse alguma in-
tenção ele convidaria para um drink, um jantar.
Félix – É verdade, tem razão. Você é experiente
em Simone?
Simone – Alguma coisa da vida eu sei Dr. Félix.
Félix – Às vezes eu me arrependo eu não deve-
ria te chamar de cadela. Ah! Pantera, que tal?
Simone – Hum... Pantera é bem melhor!
Félix - Não foi promovida ainda, cadela. Ah!
Mais continue assim maliciosa que você vai
continuar subindo no meu conceito. Certo?

153 (cena de 1 minu- 13 - 11- 2013 Félix – (irônico) Simone querida, como vai?
tos e 30 segundos) Tudo bem? Esse daqui vai ser o meu novo fun-
cionário vai trabalhar como meu assistente pes-
soal. Traga dois cafés enquanto eu passo as no-
vas funções para o rapaz.
Simone – Sim, Senhor! Ele vai absorver alguma
coisa do meu trabalho?
Félix – (sarcástico). Está com medo de perder o
emprego Simone? Muita cautela, pois muitas
vezes você me irrita cadela.
Simone – Sim Senhor, eu vou providenciar o
café.

14 - 11- 2013
70

154 (cena de 1 minu- Félix – Simone querida, gostaria que você esta-
tos e 52 segundos) lasse o anjinho ali na antessala que ele vai tra-
balhar ao seu lado, certo?
Simone – Sim, senhor! E o que ele deve fazer?
Félix – Ah! Inicialmente ele vai apenas acompa-
nhar o dia a dia da empresa, me assessorar en-
fim... ele vai aprendendo o serviço. Você liga
para o RH e pede para contratar o Anjinho como
meu assistente nível sênior.
Simone - Nível sênior? Mais é muito mais alto
que o meu. Ele vai ganhar mais do que eu?
Félix - Querida, e daí? Eu sou o presidente eu
resolvo.
Simone - Mais ele não sabe fazer nada, vai ter
que aprender tudo. Como é que ele pode ga-
nhar mais do que eu?
Félix – Simone, ele sabe fazer coisas que você
não sabe, tá? Então recolha-se a sua insignifi-
cância e retire as xicaras por favor.
Simone - Sim Senhor!

156 (cena de 1 minu- 16 - 11- 2013 Félix – Veio trabalhar Cadela? Eu jurava que
tos e 52 segundos) você iria inventar qualquer desculpa que estava
doente só para ir lá no casamento do papai.
Simone - O Senhor ia acabar descobrindo que
eu estava mentindo, mais eu me sinto doente
quando o Senhor me chama de cadela.
Félix - (late) Au! Cadê Anjinho?
Simone - Ainda não chegou.
Félix – Não chegou? Pobre Anjinho, deve ter
perdido a hora.
Simone - Coitado né, trabalha de dia e de noite.
Félix – Ham? Olha aqui, só por esse seu comen-
tário você merecia ser demitida

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