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EA – ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO
GRADUAÇÃO EM SECRETARIADO EXECUTIVO TRILINGUE
Salvador – BA
2017
GRAZIELE NOGUEIRA SANTOS
Salvador - BA
2017
GRAZIELE NOGUEIRA SANTOS
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau
de Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue, Universidade Federal da Bahia, pela
seguinte banca examinadora:
Banca Examinadora
Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, ао longo de minha
vida, е não somente nestes anos como universitária, mas que em todos os momentos é o maior
mestre que alguém pode conhecer.
A esta universidade, seu corpo docente, direção е administração que oportunizaram
а janela que hoje vislumbro um horizonte superior na qual me proporcionou um ambiente
criativo e amigável.
À Prof. Dr. Claudiani Waiandt pelo suporte, apoio, correções e incentivos
na elaboração deste trabalho.
Agradeço a minha mãe Neide, heroína que apesar de todas dificuldades me fortaleceu
e para mim foi muito importante pois, nos momentos de minha ausência dedicados ао estudo
superior, sempre me fez entender que о futuro é feito а partir da constante dedicação no
presente!
À minha família, irmãos, sobrinhos e em especial tia Maria das Graças, por sua
capacidade de acreditar e não ter deixado esse sonho ter ficado atracado no cais. Tia Irene, por
ter me acolhido em sua casa e no momento que eu mais precisei se fez presente. Minha avó
Áurea, que mesmo distante e em minha partida sofreu tanto quanto eu, obrigada pelas orações.
Ao meu pai Antônio Flávio, “in memoriam” que mesmo com a ausência, acredito que sempre
me amou e torceu por mim. Ao meu avô-pai Neco, "in memoriam” me falta palavras para te
agradecer, sua presença em minha vida significou segurança e certeza de que não estou sozinha
nessa caminhada.
Meus agradecimentos аоs amigos de longas datas, ao que conheci ao longo dessa
jornada, à família R5 e principalmente as colegas de apartamentos, aos companheiros de
trabalhos e as instituições por onde passei que fizeram parte contribuindo com minha formação
е que vão continuar presentes em minha vida com certeza.
Por fim, não posso esquecer de Bruno Eduardo, que me ajudou chegar ao fim dessa
jornada com todo seu carinho, amor, dedicação e paciência. Sei que não foi fácil, mais quero
dividir essa vitória com você que nunca mediu esforços para me ajudar.
E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, obrigada.
“Tudo o que, na oração, pedires com fé, vós o recebereis”.
Mt 21,22
NOGUEIRA, Graziele. Assédio Moral na Profissão de Secretariado Executivo: Um Estudo
de Caso da Novela Amor a Vida. Monografia Curso Secretariado Executivo. (63) f. Salvador,
BA, 2017.
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo analisar através da teledramaturgia as relações de poder no
ambiente de trabalho que convergem em assédio moral. Através de uma metodologia de
abordagem qualitativa, foi realizado o estudo de caso da novela “Amor à Vida” (rede Globo).
Analisamos assim, a partir de uma análise documental, o contexto no qual o psicopata
corporativo atua, identificando os principais elementos e situações que se configurem em
assédio moral; examinando, analisando e descrevendo o contexto no qual o assédio moral
emerge e se desenvolve; descrevendo as características do assédio moral; descrevendo o perfil
da vítima; o perfil do (a) agressor (a) ou psicopata corporativo; os mecanismos utilizados pelo
agressor; os mecanismos de defesa da vítima; analisar de que maneira o assédio moral interfere
no cumprimento das atividades do profissional da área secretarial (em seu processo; reação das
vítimas; causas e consequências; perfil da vítima e do agressor). O assédio moral ocorre em
relações que não há respeito e na maioria das vezes por pessoas de nível superior hierárquico.
Como resultados buscou contribuir para identificar as relações de poder no ambiente de trabalho
que convergem em assédio moral na organização e instigar outros pesquisadores a agregar aos
estudos que relacionem assédio moral a profissão de secretariado executivo em outras
produções da teledramaturgia.
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 16
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58
APÊNDICE ............................................................................................................................. 63
APÊNDICE A .......................................................................................................................... 63
APÊNDIE B ............................................................................................................................. 64
16
1 INTRODUÇÃO
Por esse lado, o assédio moral tem sido visto como uma manifestação arrasadora
do trabalho, reduzindo a produtividade e aumentando o estresse psicológico e a debilidade
física.
A monografia foi dividida em cinco capítulos. Após a introdução, o segundo
capítulo apresenta a fundamentação teórica, trazendo a visão de diversos autores sobre o tema.
No terceiro capitulo, são apresentados os procedimentos metodológicos, que incluem a
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Para Guedes (2003, p.84), o assédio moral no trabalho pode ser “regular,
sistemático e de longa duração”. A lesão moral, entretanto, não está diretamente relacionada ao
fator tempo e sim a intensidade da agressão [...]. ’’ Para a autora não interessa se a violência foi
realizada em um único momento, apenas um feito já é bastante para gerar danos psicológicos a
vítima.
Complementando os pontos de vista dos autores anteriormente citados, Sônia
Mascaro Nascimento (2011, p. 14), define assédio moral como sendo:
[...] uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade
psíquica, de forma repetitiva e prolongada, e que expõe o trabalhador a situações
humilhantes e constrangedoras, capaz de causar ofensas à personalidade, à dignidade
ou à integridade psíquica e que tem por efeito excluir o empregado de sua função ou
deteriorar o ambiente de trabalho.
Os comportamentos que configuram assédio moral nas relações de trabalho são atos
abusivos e atentatórios à dignidade pessoal do trabalhador, tratamento desrespeitoso,
humilhante e ameaçador, abuso de direito, entre outros, os quais são vedados pela Constituição
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[...] qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atende,
por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou
física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.
(HIRIGOYEN, 2002, p. 17).
A conduta abusiva consiste naquela que por ação ou omissão apresenta uma
capacidade lesiva que torne insustentável o ambiente de trabalho, sendo expostos por meios de
comportamentos, palavras, atitudes com a intenção de ofender a personalidade e dignidade da
vítima.
O especialista alemão Heinz Leymann (2003, online) diz que:
Essa repetição e prolongamento não poderá ser conduta que aconteça isoladamente,
deverá ser praticada com certa frequência, de tal forma que qualquer conflito no ambiente de
trabalho não enseja assédio moral. Para o jurista Luiz de Pinho Pedreira da Silva (2004, p. 102),
este seria o principal elemento característico da ilicitude do mobbing, "devendo a perseguição
ter uma frequência quase que diária".
Não é necessário a regularidade para que o fenômeno seja reconhecido, sendo
claramente imprescindível o prolongamento no tempo através de mais um ato. Isto não quer
dizer que o dano recorrente de um único ato não venha a ser compensado, afinal, sabe-se que o
trauma psicológico eminente de uma violência não precisa de repetições para se efetivar,
entretanto esta conduta nociva não pode ser tida como assédio moral.
Segundo Guedes (2003, p. 51-52), “o assédio moral é um processo articulado no
qual é possível distinguir situações e acontecimentos sucessivos”. Nesta visão, pode-se dizer
que o assédio moral se caracteriza por ser um processo onde há um verdadeiro massacre
psíquico ao trabalhador que, na maioria das vezes, reflete na sua autoestima, ou seja, é
propriamente um conjunto de atos, interdependentes entre si, para persecução de sua finalidade
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Sobre o dano psíquico é correto afirmar que em razão de sua natureza, é exigido
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muito cuidado no momento de sua identificação, pois há controvérsias nas doutrinas discutidas
se o dano psíquico é elemento essencial para caracterizar assédio moral.
Posto que o dano psíquico, ocorre de uma enfermidade que enseja aprovação
médica para real incidente, Alice Monteiro de Barros (ano 3 apud MANSUR JR, 2010, p.240-
287) apresenta a distinção, sintetizando entendimento da doutrina, entre o dano psíquico e o
dano moral: “ O primeiro se expressa por meio de uma alteração psicopatológica comprovada,
e o segundo lesa os direitos da personalidade e gera consequências extrapatrimoniais
independentes de prova, pois se presume. O dano moral independe do dano psíquico”. Essa
corrente justifica o que explica assédio moral, que é as ações do assediante e não o resultado
danoso.
Mas outra corrente adotada por Nascimento (ano 3 apud MANSUR JR, 2010,
p.240-287):
nas relações interpessoais (OLIVIER; BEHR; FREIRE, 2011). Desta maneira, alguns pontos
de vista nos parecem claros em relação aos contextos pertinentes para o comportamento do
psicopata corporativo: as condições socioculturais, as especificidades da gestão e a história da
organização.
quando a vítima adoecer definitivamente e se aposentar por invalidez, pedir demissão, for
mandada embora ou ainda, transferida.
Para Hirigoyen (2002b, p.77), “O assédio moral tem por causas o indivíduo e o
ambiente externo”. A empresa se torna responsável pelo recinto de trabalho, que deve ser
favorável. É o empregador que direciona e designa o funcionamento e que decide sobre a
qualidade das relações dentro de seu estabelecimento. Deve, portanto, adotar ações educativas
para que o ambiente seja efetivamente livre de assédio moral.
Umas das principais causas da passividade da vítima na presença do assediador, é
a competição no mercado de trabalho. De acordo com Margarida Barreto (2006, p.37), médica
do trabalho que declara: “Ela suporta a situação, pois tem a ilusão de que aquele inferno vai
passar em breve. Porém isso não acontece”. Inúmeros fatores levam ao desenvolvimento do
assédio moral e contribui para sua impunidade. Tem como causas e motivações a crueldade do
ser humano, a competitividade, o individualismo, o medo de perder o emprego ou ser
substituído por um colega.
Em virtude das causas do assédio moral, as consequências às vítimas desse assédio
levam os colaboradores às dificuldades emocionais. O chefe aproveita do jeito frágil do
colaborador e o faz sentir-se um “nada”. Rosa (2002, p.1) afirma que a falta de respeito ao
próximo no local de trabalho é na maioria das vezes força da hierarquização organizacional:
“podemos dizer que o Assédio Moral se faz presente nos relacionamentos em que não há
respeito pelos direitos dos outros – em geral subordinados”.
E em resultados dessas características Hirigoyen (2002a, p.99) informa que “o
poder constitui uma arma terrível quando em mãos de um indivíduo – ou de um sistema
perverso”. Qualquer pessoa pode estar sujeita às suposições de assédio, contudo, algumas
situações favorecem o surgimento destes casos, como por exemplo, a questão de pertencer a
minorias sociais, de serem pessoas que resistem à padronização de comportamentos, serem
extremamente competentes, capacitadas e se destacarem no exercício de suas funções.
Lydia G. Ramires (2005, p.34), afirma que:
O assediador diante da sua liderança como uma forma de punição, reprime seus
funcionários aproveita ocasiões como reuniões e os expõem a seus erros, esquecendo que o ser
humano é passivo de erro e não há algo pior que receber críticas na presença de outros
funcionários, afetando diretamente sua autoestima, pois seus erros são comentados e seus
acertos esquecidos.
Quando se tem uma família para sustentar e a idade avançada o funcionário tem
medo de enfrentar o problema por achar que pode ficar fora do mercado de trabalho e assim
aceita ser humilhado pelo supervisor, impossibilitando acertar ou até mesmo a realização de
projetos, que acabam expostos em público, não tendo condições física e psicológica, recaindo
em erros sobre si, colocando-o em muitas ocasiões a prova, sendo punido pelo próprio clima de
constantes fofocas. Essa situação o deixa cada vez mais desmotivado e descontente em saber
que no dia seguinte terá que enfrentar todos novamente.
Segundo Barreto (2000, p. 242), “quando o homem prefere a morte à perda da
dignidade se percebe muito bem com a saúde, trabalho, emoções, ética e significado social se
configuram num mesmo ato revelando a patogenicidade da humilhação”. Assim sendo, temos
o salário como um fator benéfico e não motivacional, pois o profissional deve ser respeitado
como ser humano e ao perder sua dignidade não há motivos para viver.
Uma vez instituído o assédio moral, com o domínio psicológica do agressor e a
submissão forçada da vítima, a dor e o sentimento de perseguição passam para a esfera do
individual sem uma participação do coletivo, marcado pelo cansaço, ansiedade, depressão,
estresse e sensação de abandono. “Cada um sofre no seu canto sem compartilhar suas
dificuldades como um grupo solidário, ” explica Hirigoyen (2002, p.26). Isso acontece por
medo da repressão e da humilhação diante de seus colegas de trabalho.
Heloani (2003) justifica que o assédio moral no trabalho costuma ocasionar doenças
em suas vítimas, na medida em que faz com que elas acreditem ser exatamente o que seus
agressores pensam, ou desejam que sejam. Embora seus agressores tentem desqualificá-las, as
vítimas não costumam ser pessoas doentes ou frágeis. São indivíduos que tomam, de forma
consciente ou inconsciente, posições de enfrentamento algumas vezes questionando privilégios
ou situações injustas. Isso ocorre justamente por não se deixarem dominar, por não se sujeitarem
ou por não aceitarem práticas de desrespeito ou exploração.
Salvador (2002) retrata os efeitos da violência moral como um processo destruidor
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que pode levar a vítima a uma inutilidade e até à morte: o chamado bullicidio. A agressão tende
a provocar ansiedade colocando a vítima em atitude defensiva (hipervigilância) por ter a
sensação de ameaça e, além disso, sentimentos de fracasso e impotência tornam-se frequentes.
Essas consequências acarretam dano diretamente a parte psíquica e física do
indivíduo como a incapacidade de se restabelecer, tais como sentimento de agressão,
perturbações psicossomáticas, estado depressivo etc. Quando o indivíduo não consegue mais
desempenhar suas atividades tanto na vida pessoal como profissional recorre ao isolamento
distanciando-se de todos com medo que o agressor possa aumentar suas atrocidades ao saber
que outras pessoas estão sabendo dos maus tratos. Além disso ideias suicidas passam fazer parte
do pensamento do assediado, achando não ter mais solução para esse problema, se sentindo
incapaz perante o assediador. Além disso, distúrbios psíquicos como ansiedade generalizada,
fadiga crônica, insônia e condutas de dependência como a bulimia, alcoolismo e toxicomania
tomam conta da sua rotina.
Schmidt (2002) apresenta mais alguns efeitos do assédio moral como:
“Coisificação”, sentimento de pouca utilidade e fracasso, redução da produtividade, abster-se
de algumas atividades e funções, demissão, enfraquecimento da saúde e tensão nos
relacionamentos afetivos e, enfim a falta de solução leva o indivíduo já sem esperanças a não
sentir mais vontade de viver.
Por fim, Salvador (2002) esclarece que as consequências provocadas por esse
processo destruidor e avassalador do sentimento de utilidade da pessoa humana não servem a
ninguém. É danoso à própria empresa que o praticou por seus prepostos, como desastroso a
toda a sociedade no geral, ficando carregada com os custos das despesas previdenciárias
decorrentes das incapacidades geradas para o trabalho, pela perda, quer da produção da vítima,
quer do próprio emprego que ocorre na maioria das vezes.
Em geral, as pessoas mais visadas são aquelas que são muito diferentes de todas as
outras em uma empresa, ou que são muito competentes, ou aquelas que não se adéquam aos
padrões da empresa, ou, ainda, aquelas que não são tão produtivas como as outras ou que estão
passando por um momento delicada em sua vida.
Apresentam total falta de interesse e de empatia para com os outros, mas desejam que
os outros se interessem por eles. Tudo lhes é devido. Criticam todo mundo, mas não
admitem o menor questionamento ou a menor censura. Diante deste mundo tão
poderoso a vítima está forçosamente em um mundo cheio de falhas. Mostrar as dos
outros é uma maneira de não ver as próprias falhas, de defender-se contra uma
angústia de cunho psicótico.
algumas vezes mais sutis, outras, mais direta, entre eles: insultos, ameaças, declarações
preconceituosas, ridicularização, negação da comunicação, rumores e críticas injustificáveis ao
trabalho (HIRIGOYEN, 2003). Esses mecanismos podem ser incoerentes ou não, mas impedem
a vítima de reagir e se defender (EINARSEN, 2000).
Uma característica do assédio moral é a solidão, pois as pessoas que se encontram
isoladas tornam-se mais frágeis, assim, o isolamento passa a ser então um dos primeiros
mecanismos do assédio, como, por exemplo, privar a pessoa de participar dos processos de
tomada de decisão e fazê-la se sentir ignorada pelos demais (BRYANT; COX, 2003). Por isso,
para o assediador, é preciso que a pessoa rompa seus laços, pois sem aliados ela fica
desprotegida. Desse modo, os círculos de amizade são logo desfeitos no intuito de isolar a
vítima para que ela não tenha com quem compartilhar seu sofrimento, e, ainda, para que ela não
se alie e ganhe força para retribuir a agressão. Sem ajuda e com o consentimento de seus colegas
de trabalho, o assediado passa a se sentir culpado, desmotivado e incapaz. Por isso, dentro das
atitudes comuns ao assédio, está o isolamento e a recusa de comunicação (HIRIGOYEN, 2006).
Outra característica são as mudanças nas condições do trabalho. Se não há regras
rígidas, como, por exemplo, as atribuições do cargo e regras internas explícitas, muito
facilmente, a situação pode ser manipulada de forma a convencer a pessoa assediada de sua
incapacidade. Assim, atribuir funções acima de sua capacidade ou perigosas, abaixo de sua
capacidade ou humilhantes, tarefas impossíveis, absurdas, inúteis ou até contraditórias, acabam
por degradar propositalmente as condições de trabalho. Não tendo meios e condições de
conseguir cumprir as funções que lhe foram atribuídas, a pessoa passa a se sentir incompetente,
os erros acabam ficando em evidência e sua autoconfiança é abalada, criando pretextos para
justificar a perda do emprego (HIRIGOYEN, 2006).
As metáforas que representam os agressores confirmam o objetivo do assédio como
“desestabilizar o outro, a fim de não ter mais diante de si um interlocutor capaz de responder”
(HIRIGOYEN, 2006, p. 56). O atentado contra a dignidade do indivíduo é outra característica
do assédio moral, que se inicia, geralmente, com brincadeiras sutis e insinuações, que se tornam
“práticas institucionalizadas de assédio moral” (HELOANI, 2011, p.51). Sem algo muito claro
e delimitado com o que se rebelar, a vítima aceita, tornando-se, posteriormente, alvo de
múltiplos ataques. Zombarias, fofocas a seu respeito, críticas, desprezo e humilhações passam
a ser situações constantes (FREITAS, 2001), e, com o passar do tempo, os ataques se tornam
cada vez mais frequentes (EINARSEN, 2000). A violência em sua forma física, verbal ou
sexual também caracteriza o assédio, talvez aqui seja seu estágio mais visível e avançado, onde
surgem ameaças, gritos, empurrões, espionagem, entre outras coisas (HIRIGOYEN, 2006).
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1º - A vítima precisa resistir, ou seja, deve anotar com detalhes todas as humilhações
sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que
testemunharam, conteúdo da conversa e o que mais for necessário no sentido de tornar
mais elucidativo o assédio moral sofrido); 2º - É necessário que o trabalhador vitimado
dê visibilidade ao assédio moral sofrido. Isto é feito através da ajuda de colegas que
presenciaram o fato ou que também já sofreram humilhações do agressor; 3º - Postura
que deve ser seguida é a vítima evitar conversar com o agressor, sem testemunhas.
Em caso que isto é necessário, ir sempre com colega de trabalho ou representante
sindical, que servirão de testemunhas. 4º - O trabalhador também deve exigir por
escrito, explicações do ato agressor e permanecer com cópia da carta enviada ao
Departamento Pessoal ou ao Recursos Humanos e da eventual resposta do agressor.
Se possível mandar sua carta registrada, por correio, guardando o recibo. 5º - Deve
procurar o sindicato de sua categoria e relatar o acontecimento para diretores e outros
profissionais, como médicos ou advogados, assim com: Ministério Público do
Trabalho, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos Humanos, etc. 6º - Também
recorrer ao Centro de Referência em Saúde dos Trabalhadores e contar a humilhação
sofrida ao médico, assistente social ou psicólogo. 7º - Deve buscar o apoio junto aos
familiares, amigos e colegas, pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para
recuperação da autoestima, dignidade, identidade e cidadania.
É fundamental que não haja dúvidas acerca das alternativas que as vítimas de
assédio moral devem escolher. Sendo assim, retomando o papel do trabalhador no combate ao
assédio, é preciso que este assuma posturas e adote medidas que irão prevenir ou conter a prática
do assédio moral no ambiente de trabalho.
Contudo, é difícil que o trabalhador assediado se defenda de forma isolada. Deste
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modo, necessita ter conhecimento dos grupos de ajuda no combate ao assédio moral (a
coletividade formada por advogados, psicólogos, associações, sindicatos, etc.).
Logo, a relevância dessa manifestação positiva do trabalhador vitimado, está em
fazer com que a prática do assédio moral, que muitas vezes se dá de forma velada, possa ser
combatida e punida.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa foi realizada a partir da análise dos capítulos da novela Amor à Vida,
que foi ao ar em 2013, na emissora Rede Globo. A personagem Simone, vivido por Vera
Zimmermann, uma secretária, frequentemente chamada de “cadela” pelo seu chefe Félix,
interpretado pelo ator Mateus Solano. As humilhações sofridas pela secretária são recorrentes
e fazem parte de uma rotina degradante suportada por ela diariamente. O recorte escolhido para
a análise dessa novela foi o do assédio moral a partir da análise do comportamento
organizacional, no que tange aos prejuízos causados pela manifestação de comportamentos
desse assédio considerado abusivo, degradante, humilhante e que atenta contra a dignidade e a
integridade psíquica e física da pessoa.
O assédio moral em si mesmo é um comportamento moderado ou fraco, conforme
visto em Mendonça, Torres e Zanini (2008), no que se refere à agressividade e a violência, mas
repetitivo. Essa repetição pode ser observada ao longo de quase todas as cenas da novela, dando
destaque no relacionamento interpessoal descendente - chefe (Félix) e subordinada secretaria
(Simone). O assédio moral interfere no cumprimento das atividades do profissional da área
secretarial (em seu processo; reação das vítimas; causas e consequências; perfil da vítima e do
agressor.)
relações de poder no ambiente de trabalho que convergem em Assédio Moral entre relações
hierárquicas nas organizações. No caso na novela, fica mais evidente observar o assédio pois a
dramaturgia exacerba os sentimentos e as reações que de outra forma seriam mais difíceis de
se analisar numa situação real, no dia a dia da organização.
A pesquisa foi feita a partir da estratégia de estudo de caso e teve como objetivo
analisar o fenômeno Assédio Moral na novela Amor a Vida.
Segundo Araújo et al. (2008 p. 122), o estudo de caso trata-se de uma abordagem
metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender,
explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente
envolvidos diversos fatores.
A ideia de elaborar um estudo de caso surgiu da necessidade das pesquisas médicas
e da área de psicologia, para observar, compreender e explicar a dinâmica de determinada
doença. Como o Estudo de Caso não é uma técnica de pesquisa, ele se enquadra na modalidade
Pesquisa de Campo ou Qualitativa, na medida em que consiste em estudar o todo, seja esse todo
"um indivíduo, uma família, uma instituição ou uma comunidade" (GOLDENBERG, 2004,
p.33).
Com relação ao método de análise, este trabalho considerou o fenômeno assédio
moral a partir das proposições teóricas, essa estratégia buscou a partir das teorias examinar as
informações extraídas do estudo documental, com o objetivo de verificar a presença do assédio
moral dentro das organizações de uma produção de teledramaturgia. A realidade ficcional da
novela passa a ser produzida de acordo com um contexto social real, onde são absolvidos
elementos para a análise teórica.
possui acesso a todo conteúdo na integra. Logo, para estudo observacional foi preciso assinar
para poder assistir todos os capítulos.
É interessante destacar que foram pesquisados no site Memorias Globo, o acervo
oficial da emissora, informações sobre os personagens analisados e o enredo da novela.
Também foram enviados e-mail para o autor da novela para que fosse disponibilizado o roteiro
com as falas dos personagens envolvidos no estudo. Todavia, a pesquisadora não obteve
resposta do autor.
Em cada capítulo, foram selecionadas as cenas em que Félix e Simone tinham um
contato direto. Criou-se uma planilha no Excel onde foram registrados o capítulo, o tempo, as
cenas e por fim as observações em relação as categorias elencadas nos objetivos específicos
(Quadro 1). O processo de análise seguiu um roteiro com três etapas metodológicas: leitura,
interpretação e conclusão.
As cenas consideradas pertinentes foram assistidas repetitivamente durante o
período de análise para a transcrição das falas de Félix e Simone. A partir da leitura da
transcrição e da relação com o estudo teórico, foram classificadas as cenas de acordo com o
roteiro de análise que foi dividido em 8 tópicos: (1) situações em que se configurem em assédio
moral; (2) seu processo e contexto; (3) Reação da vítima ao assédio; (4) Causas e consequências
do assédio; (5) Perfil da vítima; (6) Perfil do agressor; (7) Mecanismos utilizados pelos
agressores; (8) Mecanismos de defesa da vítima.
4 ASSEDIO MORAL A PARTIR DE UMA TELEDRAMATURGIA
BRASILEIRA
As funções que antes eram limitadas a atender telefone, organizar agendas e servir
cafezinhos, começou a se valorizar a partir do momento que esse profissional se qualificou para
assumir funções que antes eram apenas atribuídas aos administradores, buscando conhecimento
profissional nas áreas jurídicas, comercial e financeira, além de especializações e habilidades
em línguas estrangeiras.
De acordo com a publicação da CONASEC (2017), as Organização das Nações
Unidas (ONU), diz que a profissão de Secretariado Executivo é terceira profissão que mais
cresce no mundo. E num Brasil em pleno desenvolvimento este profissional está cada vez mais
requisitado e valorizado. No Brasil, para obter o título de Secretário (a) Executivo (a) é exigido
curso universitário com duração média de quatro anos (VEIGA, 2007). A criação desse curso
de Secretariado Executivo de nível superior levantou a qualidade desses profissionais dando
maior possibilidade de atuação e responsabilidades nas organizações.
Fica estabelecido por lei a exigência de nível superior para exercer a profissão de
Secretariado Executivo, sendo a Universidade Federal da Bahia-UFBA a primeira criar em
1969 e reconhecido em 1998, através do Parecer 331/98 - DOU 24/8/98 o curso superior de
Secretariado Executivo no Brasil, porem segundo o site do FENASSEC (Federação Nacional
das Secretárias e Secretários), o primeiro curso superior reconhecido, foi criado em 1970 na
Universidade Federal de Pernambuco. Atualmente, são ofertados cerca de 151 cursos de
graduação em Secretariado.
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Amor à Vida é uma telenovela brasileira produzida pela Rede Globo e exibida no
horário das 21 horas, entre 20 de maio de 2013 e 31 de janeiro de 2014, em 221 capítulos,
substituindo Salve Jorge e sendo substituída por Em Família. Foi a 5ª "novela das nove", exibida
pela emissora, escrita por Walcyr Carrasco e teve a colaboração de Daisy Chaves, Eliane
Garcia, Daniel Berlinsky e Márcio Haiduck. Com direção de Marcelo Travesso, Marco
Rodrigo, André Felipe Binder, André Barros e Marcus Figueiredo e a direção geral foi de
Mauro Mendonça Filho e núcleo de Wolf Maya (GLOBO, 2017).
Amor à Vida registrou altos índices de audiência para a emissora. No entanto, as
repercussões nas redes sociais foram tão grandes que no segundo dia de exibição da novela
Amor à Vida, o personagem Félix ganhou um perfil no Twitter com mais de dois mil seguidores
em poucas horas e seus bordões viraram meme no Facebook, conforme matéria publicada na
revista EPOCA (2013). Com essa grande repercussão nas redes sociais e o Instituto Brasileiro
de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) (forma de medir o sucesso da novela), marcando altos
índices de audiência, no qual demostrava a aceitação do público aos personagens, isso fez com
que o enredo da novela tomasse outros rumos, Félix então passava de coadjuvante para
protagonista e de vilão para mocinho da novela.
No enredo, os irmãos Félix (Mateus Solano) e Paloma (Paolla Oliveira) disputaram
a herança do pai, César Khoury (Antônio Fagundes), dono do hospital San Magno, em São
Paulo. Com esse objetivo, Félix promove todos os tipos de truques para retirar sua irmã do
caminho. (GLOBO, 2017).
César é quem regia as regras no hospital. Clínico geral e casado com Pilar (Susana
Vieira) desde os tempos de faculdade, procurava sempre na filha o seu sucesso em vida. Parece
que ele projetava seu próprio futuro nela. Já a matriarca morria de amores pelo filho mais velho,
por quem o pai não tem tanto apreço (GLOBO, 2017).
Félix é considerado a "ovelha-negra" da família por César e acaba ganhando uma
superproteção exclusiva de Pilar. Incapaz de se formar como médico, Félix acabou enveredando
pelos caminhos da administração para conseguir uma patente plausível para pôr em prática suas
tramoias dentro do hospital. Frio e ambicioso, desvia dinheiro, se aproveita de informações
privilegiadas e planeja sempre a execução de seu maior plano: tomar a frente dos negócios da
família. O que ninguém sabe é que ele próprio vive um grande dilema: é homossexual não
assumido. Casado com Edith (Bárbara Paz), tem um filho adolescente, Jonathan (Thalles
Cabral). (GLOBO, 2017).
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do beijo gay, algo que já era constantemente alvo de várias discussões sobre a aceitação por
parte do público e sobre o efeito de uma cena inédita na tela da Tv Globo. A atitude concretizou
a relação de amor criada entre os personagens, assim como deu ao público a resposta que ele
tanto esperou, devido às censuras de outras novelas. Apesar da novela de Walcyr Carrasco não
ter tido de fato o primeiro gay da TV brasileira, a novela registrou 44 pontos de audiência média,
segundo dados prévios do Ibope. GLOBO (2017).
Mesmo tendo a família como elemento substancial nas audiências da novela, o autor
soube trabalhar muito bem os temas abordados, pois mesmo tratando de temas considerados
polêmicos por alguns, o que o público realmente queria é assistir as tramas bem construídas
acompanhadas de boas histórias. E isso Félix fez muito bem tornando assim, a novela Amor à
Vida record de audiência respaldada pelas críticas.
[...] por assédio em um local de trabalho temos que entender toda e qualquer conduta
abusiva manifestando-se, sobretudo, por comportamentos, palavras, atos, gestos,
escritos que possam trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física
ou psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar o ambiente de
trabalho.
Felix – Ah!!! Hum... eu bem que queria, queria não, quero marcar essas reuniões, mas
tanta coisa Simone, deixa para quando o Atilho melhorar, se melhorar, tá? Ah! Liga
para minha mulher e diz para ela ir para o conserto que eu chego no meio ou no final.
Ela já tem os ingressos quer que eu pague o jantar.
Simone – É! Não seria melhor o Senhor ligar? É que ela pode ficar chateada
(semblante de riso).
Felix – (com cara de deboche) Simone querida, no dia que eu precisar de uma
conselheira matrimonial eu contrato uma. Agora por gentileza, se não for pedir muito,
liga para minha mulher e dá o recado.
Simone (com cabeça baixa) – sim, Senhor.
Felix – muito grato! (Amor à vida, 31-05-2013, capítulo 11, cena de 2 minuto).
Félix, volta novamente a debochar de Simone quando em tom irônico responde que
ela pode lhe ajudar e ao mesmo tempo faz brincadeiras em tom de deboche perguntando se a
mesma está de TPM. Félix de fato trata repetidamente a sua secretaria desqualificando-a,
Alkimin (2008) ressalta que o assédio moral para ser caracterizado como uma conduta
degradante e humilhante ela não pode se apresentar como um fato isolado e sim de forma
constante. Portanto, os comportamento, gestos, palavras e atos direcionados contra o assediado
e que se destinam a desestabilizá-lo, afetando sua dignidade e direitos de personalidade, devem
ser praticados de forma reiterada e sistemática. Logo, essa conduta repetida e sistemática
acontece rotineiramente durante todas as cenas em que Félix e Simone contracena, verificando
sua conduta e efeitos.
À vista disso, foi verificado a consciência de agir do agressor que para Alkimin
(2009, p. 54) “se tinha ou não a consciência do resultado danoso, nascendo da conduta
antijurídica e do resultado danoso o dever de reparar o dano". Pois mesmo que o assediador
48
cometa o ato de maneira assediante, pouco interessa se o agressor agiu ou não com
intencionalidade de acarretar prejuízo a vítima quanto a sua integridade e intimidade, estava da
mesma maneira agindo sem respeito a figura humana. Essa conduta é percebível no seguinte
diálogo:
Félix – Hunrum! Interessante! Simone, se até aquela brega filha da brega mor conse-
guiu um marido porque você está sozinha?
Simone – (irritada) porque eu não estou interessada em qualquer homem.
Félix – (cara de deboche) ou será que nenhum homem está interessado em você? En-
fim, acho que já terminou o horário do expediente pode rastejar até a sua casa.
Simone – E tem mais uma pessoa querendo falar com o Senhor.
Félix – Quem?
Simone – O Dr. Jacques
Félix – mande-o entrar e dá o fora.
Simone - Sim Senhor!
(Amor a Vida, 19- 10- 2013, capítulo 132, cena de 1 minuto e 59 segundos)
Simone – (com receio de entra na sala.). Queria falar comigo Dr. Félix?
Félix – (em tom de deboche e com sorriso no rosto). Como vai, cadela?
Simone fica sem graça e sai da sala. (Amor a Vida, 18- 10- 2013, capitulo 131, cena
de 20 segundos)
Diante das falas expostas, fica fácil compreender que o assédio moral reflete no
psíquico do assediado, no caso, da secretaria Simone, quando ela fica com receio de entrar na
sala de Félix e quando o mesmo o chama de “cadela” fazendo com que seu semblante mude
totalmente se retirando da sala deprimida. Essas práticas reiteradas de atitudes hostis,
degradantes e abusivas acabam desestabilizando emocionalmente a vítima.
49
Durante esta cena é possível perceber que Simone sofre violência verbal de Félix,
ao ser chamada de cadela. Assim, o assediador num processo de assédio moral tem o controle
e o domínio absolutos do assediado. Desta forma, Freitas (2001, p. 9) afirma: “o agressor pode
engrandecer-se rebaixando o outro, sem culpa e sem sofrimento; trata-se da perversão moral”
No mesmo diálogo também é percebível que a mesma sofre ameaças do seu chefe quando ele
lhe pede o aparelho celular e ela se recusa pois afirma que celular é propriedade privada e
pessoal, mesmo assim Félix, ameaça ela de jogar pela janela.
A realização das atividades pela secretária não é suficiente para Félix, que está
sempre procurando um modo de atacar e menosprezar seu trabalho como ficar registrado na
fala abaixo:
Simone – Dr. Félix (Félix olha para Simone desconfiado e entra para sua sala. Ela vai
atrás) Dr. Félix, o seu pai procurou pelo Senhor várias vezes
Félix – (cara de espanto) Ah! sim, o que você falou para ele?
Simone - Eu disse que o Senhor saiu, não disse para onde ia e que seu celular está
desligado
Félix – Ah! É verdade, eu devo ter desligado ao ter saído da sala. É, tem alguma ideia
do que ele quer?
Simone – Não, o Senhor sempre me pediu para ser discreta, portanto não faço per-
guntas
Félix – (com tom irônico) acha que me engana né, cadela!
Simone – (respira fundo e sai irritada) (Amor a Vida, 19- 08- 2013, capitulo 79,
cena de 1 minuto)
O que fica registrado nessa conversa entre Félix e Simone é que mesmo ela
cumprindo as ordens que lhe são acatadas, Félix arruma uma maneira de atacar Simone quando
fala: “acha que me engana né, cadela! ”
A realização da vítima é imediata. Simone se retira da sala respirando fundo e
irritada. Sobre essa reação que a vítima tem ao se sentir assediada, Pacheco (2007) diz resultar
das relações entre pessoas e das condições de trabalho. O assédio moral acaba causando a vítima
determinadas reações que podem considerar aparentemente estresse, influenciando na sua vida
social. Esta solução é compreensível quando atendemos aos estudos sociológicos e psicológicos
encetados neste domínio e que consideram que o estresse se assume como uma fase inicial do
desenrolar do processo de assédio moral no trabalho.
Há que se averiguar também o ponto de vista de Hirigoyen (2009, p.172), aceitar a
submissão é algo que só se consegue “à custa de uma grande tensão interior, que possibilite não
ficar descontente com o outro, acalmá-lo, quando está nervoso, esforçar-se para não reagir. Essa
tensão é geradora de estresse. ” Em paralelo, destaca-se essa reação da vítima no seguinte
diálogo:
Simone – (entra na sala de Félix). Com licença, Dr. Félix.
Félix – (interrompe e fala) aí Simone, tem alguém querendo falar comigo. É sempre
assim, sempre tem alguém querendo falar comigo. Você por favor me tira dessa vai,
eu quero acabar com tudo que eu tenho para fazer agora e depois pegar na mão da
“mami poderosa” que está precisando do meu apoio moral. Portanto seja quem for
descarte.
Simone – mais... é....
Félix - (interrompe aos gritos) descarte cadela.
César – (pai de Félix, interrompe). Eu já tinha ouvido um zunzum pelo hospital que
você chama sua secretária de cadela, mais eu não podia acreditar nisso.
Félix – Dispensada, Simone. (Em seguida late para ela)
51
Simone sai constrangida e respirando fundo sala. (Amor a Vida, 25- 10- 2013, capi-
tulo 137, cena de 2 minuto)
Com a interrupção de César, o pai de Félix, falando que já havia ouvido pelo
hospital conversas que Félix chamava Simone de cadela mais ele custava acreditar naquelas
coisas que alguns funcionários falavam nos corredores do hospital, fez com que Simone se
sentisse envergonhada, humilhada e ridicularizada perante seus colegas de trabalho.
Constrangida com toda essa situação e mesmo Felix insultando-a, Simone respira fundo e sai
da sala sem reagir a essas agressões verbais nas quais acarretar um grau de estresse
elevadíssimo.
Félix – Simone querida, gostaria que você estalasse o anjinho ali na antessala que ele
vai trabalhar ao seu lado, certo?
Simone – Sim, senhor! E o que ele deve fazer?
52
Félix – Ah! Inicialmente ele vai apenas acompanhar o dia a dia da empresa, me as-
sessorar enfim... ele vai aprendendo o serviço. Você liga para o RH e pede para con-
tratar o Anjinho como meu assistente nível sênior.
Simone - Nível sênior? Mas é muito mais alto que o meu. Ele vai ganhar mais do
que eu?
Félix - Querida, e daí? Eu sou o presidente eu resolvo.
Simone - . Mais ele não sabe fazer nada, vai ter que aprender tudo. Como é que ele
pode ganhar mais do que eu?
Félix – Simone, ele sabe fazer coisas que você não sabe, tá? Então recolha-se a sua
insignificância e retire as xicaras por favor.
Simone – (abaixa a cabeça e se retira) Sim Senhor!
(Amor a Vida, 14- 11- 2013, capitulo 154, cena de 2 minuto)
Félix, usa da hierarquia que tem sobre sua secretária para cometer abusos de
autoridades, momento esse mostrado quando fala: “Querida, e daí? Eu sou o presidente eu
resolvo”, Simone demonstra medo sempre que abaixa a cabeça e se retira. Na perspectiva do
assediador, uma vez escolhido o alvo é difícil larga-lo. Segundo Hirigoyen (2000, p. 135), “[...]
é frequente que ele o declare abertamente: de agora em diante, meu único objetivo na vida será
impedi-la de viver”. A figura do medo na vítima dá poder ao agressor e o motiva a cometer
esses atos. Os danos que esse tormento psicológico causa faz com que o trabalhador aos poucos
vá perdendo seu equilíbrio emocional e se sinta doente.
Félix – Veio trabalhar Cadela? Eu jurava que você iria inventar qualquer desculpa que
estava doente só para ir lá no casamento do papai.
Simone - O Senhor ia acabar descobrindo que eu estava mentindo, mais eu me sinto
doente quando o Senhor me chama de cadela.
Félix - (late) Au! Cadê Anjinho?
Simone - Ainda não chegou
(Amor a Vida, 16- 11- 2013, capitulo 156, cena de 1 minuto e 52 segundos)
Simone deixa claro para Félix que não sente bem quando é chama de cadela,
afirmando até que se sente doente. Essa pratica mostra como a vítima sente-se ofendida,
menosprezada, constrangida e inferiorizada tendo sua autoestima degredada pelo agressor. De
acordo com Rufino (2007), as práticas destrutivas e humilhantes fazem com que a vítima passe
a sentir diferentes sensações de repulsa, como medo, aflição, ansiedade, vergonha, tristeza, etc.,
resultando em um complexo de inferioridade.
Na novela, Simone é revelada como uma secretária habilidosa, eficiente, que não
falta ao trabalho e cumpre com suas tarefas. Isso faz dela uma vítima em potencial, facilitando
assim o desenrolar de situações de assédio, pois esse tipo de pessoa leva o assediador a se sentir
53
ameaçado, seja no cargo ou na posição perante ao grupo. Em relação a Félix, ele usa de apelidos
constrangedores como “cadela” para poder atingir, já que não tem o que falar sobre sua
competência. Hirigoyen (2002), traça os perfis mais favoráveis ao assédio que são: pessoas
excessivamente competentes, dedicadas e seguras de si mesmas.
Félix tem o perfil marcante. Classe alta, sempre em busca do poder ele não mede
esforços para alcançar o sucesso, mimado pela mãe e por ser filho do dono do hospital se sente
singular o que leva a ter atitudes e comportamento arrogantes, tem um ar de superioridade, olha
sempre para Simone com descaso e arrogância, critica sempre com regularidade demostrando
desprezo, traços de uma personalidade cruel que descreve o psicopata corporativo (BODDY,
2011; GUDMUNDSSON; SOUTHEY, 2011).
Pode-se observar essas características que ilustra o perfil desse agressor na seguinte
fala:
Félix – (irônico) Simone querida, como vai? Tudo bem? Esse daqui vai ser o meu
novo funcionário vai trabalhar como meu assistente pessoal. Traga dois cafés en-
quanto eu passo as novas funções para o rapaz.
Simone – Sim, Senhor! Ele vai absorver alguma coisa do meu trabalho?
Félix – (sarcástico). Está com medo de perder o emprego Simone? Muita cautela,
pois muitas vezes você me irrita cadela.
54
(...) Felix – (com o tom de voz alterada) quem decide o que tem importância ou não
aqui nessa impressa sou eu darlen. Você não passa de uma subalterna que aliás deveria
pintar melhor esse seu cabelo.
Simone – mas eu sou loira de nascença
Félix – (com tom grosseiro e irônico) então é problema genético né? Que é bem pior.
Simone abaixa a cabeça. (...)
(Amor a Vida, 10- 06- 2013, capitulo 19, cena de 1 minuto e 54 segundos)
(...) Félix – (tom de ameaça) então vamos para o que interessa. Se você falar qualquer
coisa de mim para o Dr. Lutero, ou seja, lá para quem for, se você falar qualquer coisa
abjeta que sai dessa sua cabecinha cheia de imaginação, você vai para rua.
Simone com semblante de choro responde:
Simone – Dr. Félix, eu preciso desse emprego
Félix – então boca calada ou então eu te ponho na rua e ainda dou um jeito de te dar
justa causa
Simone chora
Félix – ah! Não, não, não, não. Sai, sai, sai pelo amor de Deus, mulher que chora na
frente do chefe é Ô. Vocês lutaram tanto por direitos iguais para chorar ainda na frente
do patrão. Pelo amor de Deus some da minha frente, some. E toma cuidado, ou eu te
demito.
(Amor a Vida, 10- 06- 2013, capitulo 19, cena de 1 minuto e 54 segundos)
Simone resolve então, depois de tantas humilhações entregar todas as copias dos
contratos do hospital para Dr. Lutero, documentos estes que comprovam todas as falcatruas que
Félix tinha feito com os fornecedores:
Cansada de ser humilhada, Simone entrega cópias dos contratos faturados de Félix
Dr. Lutero – (surpreso e sorridente) Oh! Simone, o que você faz aqui?
Simone – Eu precisava falar com o Senhor sem que ninguém nos vice
Dr. Lutero – Aconteceu alguma coisa?
Simone - Há algum tempo o Senhor me pediu para eu tirar as copias dos contratos
que Dr. Félix, negociou com os forneces do hospital os antigos e os novos
Dr. Lutero – Eu sei, mais você não quis me entregar os contratos, lembra?
Simone - É que eu fiquei com muito medo de ser demitida, ainda tenho mais, ontem
eu fiz essas copias em segredo. Aqui estão (entrega as copias a Dr. Lutero)
Dr. Lutero – Quem bom! (Semblante de felicidade)
Simone – Dr. Lutero, ninguém pode saber que fui eu que entreguei isso
Dr. Lutero - Não, ninguém saberá isso vai ficar em segredo. Pode crê! Porque você
mudou de ideia?
Simone - O Dr. Felix, me humilha o tempo todo. Olha, eu só fico nesse emprego
porque eu preciso muito desse salário. Agora o Senhor sempre foi tão bom, tão gene-
roso eu achei que devia atender o seu pedido.
Dr. Lutero – Muito obrigado pela confiança, na verdade esses contratos vão me aju-
dar a esclarecer certas suspeitas que eu tenho em relação ao Félix.
(Amor a Vida, 21- 06- 2013, capitulo 29, cena de 1 minuto e 11 segundos
56
1
Psicoterror é uma forma de violência cometida no local de trabalho, que consiste em atos, gestos, palavras e
comportamentos humilhantes e degradantes, praticados, de forma sistemática e prolongada, contra o
empregado, com a clara intenção de persegui-lo, visando à sua eliminação da organização do trabalho.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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caput do art. 3º, o inciso VI do art. 4º e o parágrafo único do art. 6º da Lei nº 7.377, 30 de
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59
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62
TEIXEIRA, João Luís Vieira. O assédio Moral no Trabalho. Conceito, causas e efeitos,
liderança versus assédio, valoração do dano e sua prevenção. São Paulo. LTr, 2009.
APÊNDICE
APÊNDICE A
CENAS
CATEGORIAS DE ANALISE
11 19 29 79 131 132 137 149 152 153 154 156
CONDUTA ABUSIVA X
REPETIÇÃO E
PROLONGAMENTO
X
PERFIL DA VÍTIMA X
PERFIL DO AGRESSOR X
MECANISMOS UTILIZADOS PELOS
AGRESSORES
X
APÊNDIE B
11 (Cena de 2 minu- 31- 05- 2013 Félix manda a avisar a Edith que não irá no con-
tos) certo.
Félix entra na recepção do hospital e a secretá-
ria Simone fala:
Simone – Ah! Dona Edite já ligou duas vezes
para lembrar que hoje o Senhor prometeu levar
ela em um conserto.
Felix – Você disse que eu estava em uma reu-
nião?
Simone – Disse!
Felix – Ah! Ótimo! Será que Edith não entende
que eu estou assoberbado, com o Atilho aci-
dentado cai tudo em minhas costas
Simone – Como é que ele está?
Felix - está na UTI ainda mais vai melhorar. Eu
rezo por isso
Simone – por falar nisso, Senhor Atilho tinha
me dito que o Senhor Iria marcar reuniões com
os fornecedores para voltar a discutir os novos
contratos. Marco?
Felix – Ah!!! Hum... eu bem que queria, queria
não, quero marcar essas reuniões, mas tanta
coisa Simone, deixa para quando o Atilho me-
lhorar, se melhorar, tá? Ah! Liga para minha
mulher e diz para ela ir para o conserto que eu
chego no meio ou no final. Ela já tem os ingres-
sos quer que eu pague o jantar.
Simone – É! Não seria melhor o Senhor ligar? É
que ela pode ficar chateada (semblante de
riso).
Felix – (com cara de deboche) Simone querida,
no dia que eu precisar de uma conselheira ma-
trimonial eu contrato uma. Agora por gentileza,
se não for pedir muito, liga para minha mulher
e dá o recado.
65
Simone chora
Félix – ah! Não, não, não, não. Sai, sai, sai pelo
amor de Deus, mulher que chora na frente do
chefe é Ô. Vocês lutaram tanto por direitos
iguais para chorar ainda na frente do patrão.
Pelo amor de Deus some da minha frente,
some. E toma cuidado, ou eu te demito.
(Simone se retira)
29 (cena de 1 minutos 21- 06- 2013 Cansada de ser humilhada, Simone entrega có-
e 11 segundos) pias dos contratos faturados de Félix
79 (cena de 1 minutos) 19- 08- 2013 Simone avisa a Félix que César está a sua pro-
cura. Félix passa pela recepção e Simone vai
atrás para falar que seu pais estão a sua procura
131 (cena 20 segun- 18- 10- 2013 Félix retorna para presidência do hospital e
dos) manda chamar Simone.
132 (cena de 1minuto 19- 10- 2013 Simone – Eu já posso ir embora Dr. Félix? Eu te-
e 8 segundos) nho aula de inglês.
Félix – Para que você vai fazer aula de inglês se
mal fala o português, Simone?
Simone – Dr. Félix, aponta um só erro de portu-
guês que eu cometo e eu agradeço.
Félix – Simone não cansa minha beleza. Se eu
digo que você que você erra o português, por-
que você erra o português e ponto final, sou seu
chefe e tenho sempre a razão.
Simone – (sarcástica) Nós já pode ir embora Dr.
Félix?
Félix – O que é que você está fazendo criatura?
Simone – Errando o português.
68
137 (cena de 2 mi- 25- 10- 2013 Simone – (entra na sala de Félix). Com licença,
nuto) Dr. Félix.
Félix – (interrompe e fala) ai Simone, tem al-
guém querendo falar comigo. É sempre assim,
sempre tem alguém querendo falar comigo.
Você por favor me tira dessa vai, eu quero aca-
bar com tudo que eu tenho para fazer agora e
depois pegar na mão da “mami poderosa” que
está precisando do meu apoio moral. Portanto
seja quem for descarte.
Simone – mais... é....
Félix - (interrompe aos gritos) descarte cadela.
César – (pai de Félix, interrompe). Eu já tinha
ouvido um zunzum pelo hospital que você
chama sua secretária de cadela, mais eu não
podia acreditar nisso.
Félix – Dispensada, Simone. (Em seguida late
para ela)
Simone sai constrangida da sala.
149 (cena de 30 se- 08- 11- 2013 Simone – Deseja alguma coisa Dr. Félix?
gundos) Félix – Desejo sim, cadela. Passa o celular.
Simone – O seu celular está com o Senhor
mesmo.
Félix – Eu me refiro ao seu celular. Por favor!
Simone – O celular é pessoal é propriedade pri-
vada
Félix – Me dá esse celular agora mesmo ou eu
jogo você por essa janela com celular e tudo.
Dá. Anda cadela. (Félix pega o celular de Si-
mone)
69
152 (cena de 1 minu- 12 - 11- 2013 Simone – Dr. Félix, tem um rapaz na linha que
tos e 30 segundos) quer falar com o senhor.
Félix - Um rapaz, o anjinho?
Simone – Não, é o Nikon, companheiro de Dr.
Eron, ele quer tomar cum café com o Senhor
depois do expediente.
Félix – Um café?
Simone – Hunrum!
Félix – Quer dizer que ele tem más intenções Si-
mone?
Simone – Eu acho que se ele tivesse alguma in-
tenção ele convidaria para um drink, um jantar.
Félix – É verdade, tem razão. Você é experiente
em Simone?
Simone – Alguma coisa da vida eu sei Dr. Félix.
Félix – Às vezes eu me arrependo eu não deve-
ria te chamar de cadela. Ah! Pantera, que tal?
Simone – Hum... Pantera é bem melhor!
Félix - Não foi promovida ainda, cadela. Ah!
Mais continue assim maliciosa que você vai
continuar subindo no meu conceito. Certo?
153 (cena de 1 minu- 13 - 11- 2013 Félix – (irônico) Simone querida, como vai?
tos e 30 segundos) Tudo bem? Esse daqui vai ser o meu novo fun-
cionário vai trabalhar como meu assistente pes-
soal. Traga dois cafés enquanto eu passo as no-
vas funções para o rapaz.
Simone – Sim, Senhor! Ele vai absorver alguma
coisa do meu trabalho?
Félix – (sarcástico). Está com medo de perder o
emprego Simone? Muita cautela, pois muitas
vezes você me irrita cadela.
Simone – Sim Senhor, eu vou providenciar o
café.
14 - 11- 2013
70
154 (cena de 1 minu- Félix – Simone querida, gostaria que você esta-
tos e 52 segundos) lasse o anjinho ali na antessala que ele vai tra-
balhar ao seu lado, certo?
Simone – Sim, senhor! E o que ele deve fazer?
Félix – Ah! Inicialmente ele vai apenas acompa-
nhar o dia a dia da empresa, me assessorar en-
fim... ele vai aprendendo o serviço. Você liga
para o RH e pede para contratar o Anjinho como
meu assistente nível sênior.
Simone - Nível sênior? Mais é muito mais alto
que o meu. Ele vai ganhar mais do que eu?
Félix - Querida, e daí? Eu sou o presidente eu
resolvo.
Simone - Mais ele não sabe fazer nada, vai ter
que aprender tudo. Como é que ele pode ga-
nhar mais do que eu?
Félix – Simone, ele sabe fazer coisas que você
não sabe, tá? Então recolha-se a sua insignifi-
cância e retire as xicaras por favor.
Simone - Sim Senhor!
156 (cena de 1 minu- 16 - 11- 2013 Félix – Veio trabalhar Cadela? Eu jurava que
tos e 52 segundos) você iria inventar qualquer desculpa que estava
doente só para ir lá no casamento do papai.
Simone - O Senhor ia acabar descobrindo que
eu estava mentindo, mais eu me sinto doente
quando o Senhor me chama de cadela.
Félix - (late) Au! Cadê Anjinho?
Simone - Ainda não chegou.
Félix – Não chegou? Pobre Anjinho, deve ter
perdido a hora.
Simone - Coitado né, trabalha de dia e de noite.
Félix – Ham? Olha aqui, só por esse seu comen-
tário você merecia ser demitida