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Análise psicólogica do filme Don Juan de

Marco
17 Avril 2014

Olá a todos!!! Recentemente eu assisti o filme "Don Juan" e gostaria de compartilhar com vocês as reflexões que fiz sobre este
filme. Antes de expor as minhas observações gostaria, de apresentar uma pequena sinopse do filme para aqueles que ainda
não assistiram.

Resumo do filme

O filme conta a estória de um jovem rapaz de 21 anos que se apresenta como "Don Juan de Marco". Durante todo o filme, ele
usa uma máscara, se veste como um cavalheiro e mostra ser um conquistador de mulheres. Ele diz que já dormiu com mais de
1500 mulheres mas tenta suidídio porque sofreu uma desilusão amorosa. Dessa forma, ele é encaminhado para um hospital
psiquiatrico. O seu psiquiatra pede para tratá-lo sem medicamento mesmo a contragosto da equipe médica e do diretor do
hospital. Ao longo das sessões de psicoterapias, Don Juan expõe sua tão envolvente estória de vida, o que faz com o que o
seu psiquiatra reflita e reformule o seu relacionamento amoroso e pessoal. Daí pra frente, acho que é interessante assistir o
filme inteiro. Eu adorei e recomendo.

Análise psicólogica do filme

O arquétipo do Don Juan:

Para quem não sabe, Don Juan é um personagem literário que apareceu pela primeira vez em 1630 com a obra de El Burlador
de Sevilla, escrita pelo dramaturgo espanhol El Burlador de Servilla. Foi no romance de José Zorrilla que Don Juan ganhou
mais charme e ficou conhecido pelo público, tornando-se assim o símbolo da libertinagem. Para Jung, qualquer forma de arte
(pintura, mitos, livros etc) são veículos para a expressão do insconsciente coletivo. Dessa forma, podemos considerar o "Don
Juan" como uma necessidade da humanidade em expressar e elaborar uma problemática essencialmente humana. Este filme,
conseguiu reatualizar e adaptar o "Don Juan" às circunstâncias atuais. Em diversos momentos do filme, aparecem o apelo ao
arquétipo ao "Don Juan", tais como: quando o psiquiatra visita a casa do seu paciente e encontra duas versões da saga do
livro "Don Juan, El Burlador de Servilha" e também quando o terapeuta escuta a ópera "Don Giovanni" de Mozart. O tipo Don
Juan faz referência ao arquétipo do grande sedutor que é geralmente representada por pessoas que possuem uma
personalidade bastante narcisista, dotadas de uma forte compulsão à sedução, inescrupulosa e que faz tudo para conquistar.
O indivíduo que tem uma personalidade "donjuanista" tem a necessidade de seduzir o tempo inteiro e quando, por exemplo,
conquista uma pessoa "aparentemente dificil", ele a abandona por desinteresse. As pessoas com estes traços de
personalidades estão constantemente trocando de parceiros, pois tem a necessidade fazer novas conquistas. Os "Don Juans"
fazem de tudo para conquistar e muitas vezes não levam em conta os sentimentos dos outros à sua volta, demonstrando
menosprezo aos sentimentos alheios. O complexo de Don Juan pode estar dentro dos critérios caracteristicos de
personalidades antisocial ou sociopata, pois para eles o mais importante é obter prazer com as suas conquistas. Os
pesquisadores da área acreditam que os "Dons Juans" possuem problemas no processo de elaboração do complexo de Édipo,
em razão de ficarem muito fixados na figura materna e não conseguirem constituir uma família. Jung talvez diria que o
personagem "Don Juan" estaria ligado ao arquétipo de "puer aeternus" (a eterna criança). O homem identificado com o
arquétipo do "puer aeternus" tem uma incapacidade de integrar o princípio do pai. É a figura do pai que nos ajuda a
desenvolver a nossa consciência, vitalizar o nosso ego com conteúdos estruturantes, nos coloca limites e nos diz o que é
pertinente à ética da sociedade. Talvez por isso, que ele tenha compulsão sexual não controlada. Acredito que os "Don Juans"
possuam uma baixa auto estima e um sentimento forte de vazio. Por isso, talvez eles tentam conquistar várias mulheres como
uma forma de "massagear o ego" e preencher este vazio de si mesmo com os triunfos das suas conquistas.

Relação paciente e terapeuta:

Ao meu ver o filme faz apelo à dialética entre a criança Don Juan e o pai terapeuta. Para Jung, a realidade psíquica é tão real
quanto a realidade do mundo concreto, e não menos importante que esta última. A realidade da alma de John é ser Don Juan.
As imagens simbólicas estruturadas pelo paciente têm uma função organizadora sobre o seu psiquismo e não desorganizadora
como a grande parte da equipe médica do filme pensava. O paciente está identificado com o arquétipo de Don Juan mas não é
a medicação anti-psicótica que o ajuda mas sim, a relação de transferência e contratransferência que o auxilia a realizar suas
transformações. Jung destaca a seguinte idéia: psicoterapeuta e o paciente são como duas substâncias químicas que
interagem multualmente e os dois sofrem transformações psíquicas neste encontro.

Arquétipo da prostituta e da santa ( a mãe de "Don Juan"):


O paciente possui uma éstória de vida sofrida, pois perdeu seu pai de forma trágica e durante a sua adolescência descobriu
que a sua mãe possui vários relacionamentos extra conjugais. Tanto a mãe e o próprio paciente demonstravam um sentimento
intenso de remorso pela morte do pai. A mãe estava tão identificada com o arquétipo da prostituta, interna-se em um convento
(vai para a outra extremidade que é o arquétipo da "freira" ou da mulher "santa") como uma forma de se redimir de seus
pecados, ou seja, a sua culpa. Dentro do arquétipo da prostituta existem as duas polaridades. Um polaridade é da prostituta
sagrada que é a representação da mulher que lida bem com os seus conteúdos sexuais e reconhece o lado espiritual do seu
erotismo. A outra polaridade é da prostituta profana que são mulheres que lidam com os seus aspectos sexuais de forma
negativa. O arquétipo da santa é uma representação das mulheres presas na imagem de pureza e muitas vezes acabam
reprimindo questões ligadas a sexualidade.

A simbologia da máscara:

"Persona é a máscara usada pelo indivíduo em respostas às convenções e tradições sociais" Carl Gustav Jung

Máscara é uma palavra que vem do teatro grego onde cada ator tinha que utilizar uma máscara para construir seu
personagem. A palavra persona surgiu da palavra personagem. Jung, muito perspicaz, percebeu que nós agimos de formas
diferentes em cada grupo social, pois temos a necessidade de sermos aceitos e de pertencer ao grupo. Então, ele definiu
persona como se fosse este papel que representamos e interpretamos para sermos vistos pelos outros. As máscaras sociais
são necessárias, mas não podemos nos deixar sufocar por elas. O Don Juan do filme passou a usar um vestuário do tipo
espanhol com uma máscara e a falar com um sotaque espanhol a partir dos seus 16 anos quando se afastou da mãe. No
desenrolar do filme, a máscara aparece em outros momentos, como em revistas pornográficas do paciente. A mulher
mascarada da revista pornográfica simboliza o inconsciente do Don Juan, seria o que Jung denominaria figura de anima.
Quando o paciente usa máscaras ele está se identificando com a sua anima. No momento também em que ele encontra a
mulher desejada, mas esta foge quando ele é sincero e conta todas as suas conquistas amorosas. Assim, Don Juan faz a
promessa para si mesmo de nunca tirar a máscara com o receio da perda do objeto amado. Acredito que esta máscara é o
simbolo do seu objeto de desejo perdido. Esta máscara também dá uma conotação de sexualidade, de perversão e fetichismo.
Considero muito símbolica a parte do filme em que sua mãe decide se tornar freira e Don Juan é enviado por sua mãe à Cadiz,
onde ele se torna um escravo sexual da rainha. Estas vivências representam uma profusão de figuras femininas no
inconsciente que acabam invadindo a sua consciência e que o levou a se identificar com o objeto de perversão. Depois Don
Juan é obrigado a partir sob ameaça de morte do sultão. Então, ele veste novamente a máscara.

Don Juan e os seus mecanismos de defesa:

No filme o Don Juan faz uso de diversos mecanismos de defesa. Mas o que são mecanismos de defesa? Os mecanismos de
defesa são formas que a mente busca para se proteger. Segundo Freud, a defesa é a operação pela qual o ego exclui da
consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, dessa forma, o aparelho psíquico. E quais são os principais mecanismos
de defesas? Existem muitos, mas os principais a considerar são: a repressão, negação, racionalização, formação reativa,
isolamento, identificação, projeção e regressão.

John Albert de Marco identificou-se com o personagem Don Juan com o intuito de evitar assim reconhecimento de suas
próprias inadequações e, através da fantasia esquecimento de fatos traumáticos da sua vida, como por exemplo, o adúlterio da
mãe. O "Don Juan" faz uso de vários mecanismos de defesa para proteger o seu ego da sua dura realidade. O mecanismo de
defesa mais utilizado por ele é a negação, pois a sua realidade lhe provoca muita angústia, o que o faz negá-la. Outro
mecanismo defesa utilizado por ele é o isolamento, ou seja, isola pensamentos desagradáveis fazendo com que eles fiquem
esquecidos, com pouco acesso à consciência, evitando assim fortes emoções. Então, ele isolava os pensamentos que lhe
remetiam lembranças desagradáveis ao inconsciente, afastando assim, fortes emoções como por exemplo, a morte do pai e o
adultério da mãe. Ele ficou muito marcado com essa questão da sexualidade. Eu me perguntei durante todo filme sobre a
hipótese dele ter sofrido algum tipo de abuso sexual, pois no filme o próprio Don Juan narra que suas brincadeiras eram
diferentes das outras crianças e este desejo intenso pelo sexo oposto começou desde muito cedo. As crianças que são
abusadas sexualmente deixam transparecer de forma insconsciente a questão do abuso através de suas brincadeiras.
Também é muito estranho para mim, a mãe tornar-se freira como uma forma de amenizar o seu sentimento de culpa. Me
perguntei será que ela tem culpa somente pela morte do seu marido? O Don Juan também tem um grande sentimento de culpa
em relação a morte do pai. As crianças que sofrem abuso sexual também carregam um forte sentimento de culpa. Duas vezes
duas figuras masculinas tentaram matá-lo (o sultão e o marido da professora) quando descobriram que suas esposas os
estavam traindo com Don Juan. Será que esta parte do filme não deixa nas entrelinhas ou transmite de forma figurada a
questão que a mãe do Don Juan abusava sexualmente dele? O abuso sexual acontece sempre de forma bastante velada e
bastante escondida como se fosse um segredo entre a vítima e o agressor. Os agressores geralmente são pessoas muito
próximas à vítima. Estas duas figuras masculinas, o sultão e o marido da professora, para mim, talvez de uma forma figurada,
podem representar o pai descobrindo a questão do abuso, descobrindo o segredo velado e desestabilizando a situação. Não
sei só é uma hipótese que eu levanto. Enfim, acho que este filme é riquissímo e nós podemos estender o assunto infinitamente
falando sobre o vínculo estabelecido entre o paciente e o terapeuta, entrevista psicológica, contratransferência etc. Vale a pena
assistir.

Espero que vocês tenham gostado do meu artigo e até a próxima!

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