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JANAÚBA - MG
DEZEMBRO / 2011
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JANAÚBA - MG
DEZEMBRO / 2011
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Orientadora: ………………………………………………………………
Prof. D.Sc. Mônica Patrícia Maciel
Membros: …………………………………………………………
M. Sc. Dalila Polyana Alencar
.………………………………………………………………
M.Sc. Luciana Albuquerque Caldeira Rocha
Janaúba - MG
Dezembro / 2011
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Dedico.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por sempre estar presente em minha vida, me dando força
principalmente nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais, Enio e Lourdes, pelos ensinamentos, apoio, confiança e exemplo de honestidade
e dignidade.
Aos meus irmãos Júnior e Danilo, que sempre acreditaram em meu sucesso, incentivando
moralmente e financeiramente todos os meus sonhos.
A minha orientadora Mônica Patrícia Maciel, pelo incondicional apoio e auxílio nestes quatro
anos de orientação, pelo grande exemplo profissional e pessoal.
A minha namorada Taty por aguentar de perto os meus ataques de ansiedade e nervosismo, tendo
paciência sempre e sempre demonstrando o seu carinho e companherismo, muito obrigado
“minha lôra”.
Aos colegas da Republica Skolacho: Bruno, Carlim, Daniel, Guilherme, Gustavo, Leonardo,
Luan, Luiz Henrique, Miquéias, Newberth, Ronaldo e Tião, com os quais em 4,5 anos
convivemos momentos inesquecíveis.
A Dalila, Marcília, Vítor, Geruza, Daiane, Luiz Felipe e Felipe pelo auxílio “braçal” na execução
do experimento.
Aos meus colegas: Ana Cássia, Celio, Guilherme (Tupy), João Ricardo (Sombra), Luís Antônio
(Dudu), Paula e Rose, por cada momento vivido durante a graduação.
Ao Seu Jair, que mesmo sem me conhecer, abriu as portas de sua casa, me amparando nos
primeiros dias do curso.
Aos Brasucas: Bruna, Camilla, Cínthia, Diego, Igor (Baiano), Joana, Marthin e Orlando
(Carioca) pelos incríveis momentos vividos nas terras lusitanas, tornando uma grande família de
mútuo apoio e amparo.
A César, Guga, Mari, Nayara, Paulo (Tanaka) e Samuel, mais que amigos, grandes irmãos.
Enfim, a todos que de alguma forma me ajudaram a tornar este sonho realidade, o meu MUITO
OBRIGADO!!!
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RESUMO
Objetivou-se com esse trabalho avaliar os efeitos do feijão-guandu cru na ração em diferentes
níveis de inclusão sobre a qualidade da carne de frangos caipiras criados em sistema semi-
intensivo no norte de Minas Gerais. O experimento foi realizado na Fazenda Experimental da
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes / Campus de Janaúba, sendo utilizados
525 frangos caipiras fêmeas da linhagem Caipira Pesadão com 30 dias de idade e peso inicial
médio de 700g. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, constituído por 5
tratamentos e 5 repetições, totalizando 25 unidades experimentais com 21 aves cada. Os
tratamentos consistiram na inclusão de feijão-guandu cru moído (FGCM) na ração, nas
proporções de: 5, 10, 15, e 20%, sendo o tratamento controle sem inclusão de guandu. Foram
abatidos 50 frangos, sendo 2 por unidade experimental, aos 71 dias de idade. Logo após a
evisceração foi coletado o valor do pH inicial na região peitoral. Posteriormente foram realizadas
as análises de qualidade de carne (pH final, perda de água por gotejamento, atividade de água
(Aw) e força de cisalhamento). Houve diferença significativa entre os tratamentos (P<0,05) na
variável perda de água por gotejamento no corte coxa, sendo que as inclusões de 5 e 20 %
proporcionaram uma maior perda de água por gotejamento. As médias das variáveis força de
cisalhamento, Aw e pH final não apresentaram diferenças entre os tratamentos. A atividade de
água encontra-se em valores que favorecem o crescimento microbiano, desta forma, cuidados
com práticas de manipulação e armazenamento são primordiais. Os níveis de 10 e 15% não
comprometaram a qualidade da carne em relação ao nível de 0% de inclusão do feijão-guandu
cru, portanto estes níveis podem ser utilizados desde que se faça a avaliação de custo e que a
mesma justifique a sua utilização.
ABSTRACT
This work aimed to evaluate the effect of raw pigeon pea in diet in different levels of inclusion
on the quality of the meat of in the feeding of free range pullets in half-intensive system in the
north of Minas Gerais. The experiment was carried carried out at Experimental Farm of the
Universidade Estadual de Montes Claros – Campus from Janaúba, having been used 525 pullets
from ‘Pesadão’ line with 30 days old and average initial weight of 700g. An entirely randomized
design was used, composed of 5 treatments and 5 repetitions, totalizing 25 experimental units
with 21 birds each. The treatments had consisted of inclusion of raw ground pigeon pea (GRPP)
in the diet, in the ratios of: 5, 10, 15, and 20%, being the control treatment without inclusion of
pigeon pea. They were slaughtered 50 pullets, being 2 for experimental unit, at 71 days old. The
initial value of pH in the pectoral region was collected after the evisceration. Later the analyses
of meat quality were carried through (final pH, water loss by dripping, activity of water (Aw)
and shear force). There was significant difference between treatments (P <0,05) in the variable
water loss by dripping in the drumstick cut, being that the inclusions of 5 and 20% provided a
larger loss of water by dripping. The averages of the variables shear force, final Aw and pH did
not present differences between the treatments. The water activity is in values that favor the
microbes’ growth. Thus, cares with practices of manipulation and storage are primordial. The
levels of 10 and 15% did not damage the meat quality in relation to the level of 0% of inclusion
of raw pigeon pea; therefore these levels can be used since it makes the cost evaluation and that
it justifies its use.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 12
2.1 Criação de frangos caipiras em sistema semi-intensivo....................................................... 12
2.2 O feijão-guandu e sua utilização na alimentação animal ..................................................... 13
2.3 Qualidade da carne de frango ............................................................................................... 14
2.3.1 Influência do pH .............................................................................................................. 16
2.3.2 Textura............................................................................................................................. 17
2.3.3 Atividade de água (Aw) .................................................................................................. 18
2.3.4 Capacidade de retenção de água ...................................................................................... 18
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 20
3.1 Localização e duração do experimento ................................................................................ 20
3.2 Animais experimentais ......................................................................................................... 20
3.3 Tratamentos e rações experimentais .................................................................................... 20
3.4 Instalações e manejo experimental....................................................................................... 22
3.5 Procedimentos de abate ........................................................................................................ 23
3.6 Características avaliadas ...................................................................................................... 24
3.6.1 pH final ............................................................................................................................ 25
3.6.2 Força de cisalhamento ..................................................................................................... 25
3.6.3 Perda de água por gotejamento (PAG) ............................................................................ 26
3.6.4 Atividade de água (Aw) .................................................................................................. 27
3.7 Delineamento experimental e análises estatísticas ............................................................... 27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 29
5 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 32
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 33
10
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
A avicultura vem sofrendo modificações ao longo dos últimos anos. Uma delas é
a comercialização de cortes que é cada vez maior quando comparada com a comercialização
da carcaça inteira. Outra forma que cresce intensamente é a venda de produtos processados.
Assim, tanto para a venda de cortes ou produtos industrializados, a qualidade do produto final
está diretamente relacionada com a qualidade da carne utilizada no preparo (KOMIYAMA et
al., 2009).
A criação de aves para a produção de carne tipo caipira é um dos segmentos da
avicultura alternativa que tem se mostrado promissor, tendo em vista a fatia do mercado
composta por consumidores que demandam por produtos mais saborosos (SANTOS et al.,
2005).
O termo “qualidade de carne” no entanto, pode variar de pessoa para pessoa,
sendo que cada indivíduo busca um produto que satisfaça seus anseios e acabam ordenando
prioridades no momento da compra, como pode ser visto na Figura 1. Pode-se observar
claramente que os aspectos priorizados durante a compra são a aparência, higiene e ausência
de antibióticos segundo pesquisa realizada por Aguiar (2006) onde entrevistou consumidores
de frango convencional, frango caipira e frango natural ou também chamado de orgânico e
determinou as características prioritárias no momento da compra.
A qualidade da carne de frango é dependente da temperatura muscular e da
velocidade do resfriamento após o abate, sendo que as velocidades das reações bioquímicas
são reduzidas em baixas temperaturas (VIEIRA, 1999).
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Figura 1 – Frequencia de respostas (%) para os atributos considerados importantes durante a compra
da carne de frango.
Fonte: Aguiar (2006).
Entre estas características, a aparência com pele mais amarelada e carne mais
avermelhada, assim como a textura mais rígida são parâmetros importantes que influenciam a
aceitação do produto final pelo consumidor de carne de aves alternativas (TAKAHASHI et
al., 2006).
O termo “qualidade de carne” pressupõe um conceito bastante amplo. Envolve
diversos fatores interrelacionados, que englobam todas as etapas da cadeia agro-industrial,
desde o nascimento do animal até o preparo para o consumo da carne in natura e de produtos
cárneos processados (HUALLANCO, 2004).
2.3.1 Influência do pH
2.3.2 Textura
A palatabilidade da carne está associada com a textura. A textura pode ser afetada
por fatores ante mortem como: espécie, fatores genéticos, idade, estado de nutrição, estresse,
dentre outros. Estimulação elétrica, velocidade do resfriamento, pH são fatores post mortem
que também influenciam na textura da carne de frango (VENTURINI et al., 2007).
As avaliações sensoriais indicam que a maciez é o atributo de palatabilidade mais
frequentemente percebido pelos consumidores (HUALLANCO, 2004).
Os consumidores em geral consideram a carne do frango industrial com falta de
sabor e aspecto mole. Porém, em frangos criados no sistema extensivo ou semi-confinados,
esses aspectos negativos são contornados, pois os animais são abatidos mais velhos, o que
confere uma acentuação do sabor, em consequência da maturidade sexual e uma redução na
maciez, em razão do aumento na porcentagem total de colágeno, associado a melhor
solubilidade dessa proteína (ZANUSSO & DIONELLO, 2003).
Para Fletcher (2002), os principais responsáveis pela maciez da carne de aves são
a maturidade do tecido conectivo e o estado de contração das proteínas miofibrilares. A
maturidade do tecido conectivo está relacionada com as ligações químicas de colágeno, pois
estas aumentam com a idade do animal, resultando em uma carne mais dura. Enquanto que o
estado de contração das miofibrilas é função da velocidade e severidade do desenvolvimento
do rigor mortis.
De acordo com Aguiar (2006), qualquer fator que interfira na formação do rigor
mortis ou no processo de resolução que o segue, afeta a maciez da carne. Aves que se
debatem ou sofrem estresse térmico antes do abate apresentam um esgotamento de energia
mais rápido em seus músculos, antecipando o início do rigor mortis. A textura destes
músculos tende a ser mais dura que a de aves não estressadas. Além disso, o atordoamento
18
Segundo Bressan (1998), esta retenção é uma das propriedades funcionais mais
importantes da carne, pois influencia seu aspecto, sua palatabilidade e está diretamente
relacionada às perdas antes e durante o cozimento.
Para a determinação da CRA existem diferentes procedimentos básicos que
podem ser utilizados para estimar estes valores, uma vez que não existe um valor real desta
propriedade para as carnes. O valor de CRA pode ser determinado da seguinte forma: a)
nenhuma força é aplicada, sendo medida as perdas de peso por extravasamento de água
extracelular, submetendo-se as amostras apenas à força da gravidade; b) aplicação de força
mecânica, negativa ou positiva, de modo a forçar o extravasamento de água intra e
extracelular; c) aplicação de calor, em que é medida a liberação de água intra e extracelular de
amostras submetidas ao cozimento (TOLDRÁ, 2003).
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3 MATERIAL E MÉTODOS
Tratamento 1 (Controle) = ração basal sem a inclusão de feijão-guandu cru moído (FGCM);
Tratamento 2= ração basal contendo 5% de FGCM
Tratamento 3= ração basal contendo 10% de FGCM
Tratamento 4= ração basal contendo 15% de FGCM
Tratamento 5= ração basal contendo 20% de FGCM
As aves foram alojadas em piquetes tendo livre acesso diário ao capim Tifton 85
(Figura 2 A) sendo presas somente à noite em abrigos para evitar ataque de predadores. A
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densidade utilizada no piquete foi de 1 ave a cada 3m2 e no abrigo de 10 aves a cada m2. Cada
unidade experimental foi constituída por 21 aves.
As rações experimentais foram formuladas para a fase de crescimento (dos 35 aos
56 dias) e para a fase de terminação (57 aos 71 dias), sendo preparadas a cada 15 dias e
mantidas em ambiente fresco e arejado. Os tratamentos foram sorteados aleatoriamente para
cada unidade experimental.
A ração e a água foram fornecidas à vontade, sendo que cada parcela foi provida
de dois bebedouros tipo pressão e um comedouro tubular. Fora do abrigo encontrava-se um
bebedouro (Figura 2 B) e dentro do abrigo havia o outro bebedouro (Figura 2 C) e o
comedouro tubular (Figura 2 D). Os comedouros foram ajustados semanalmente conforme a
altura das aves.
Figura 2 – A) Área experimetal. B) Bebedouro tipo pressão situado fora do abrigo. C) Bebedouro tipo
pressão situado dentro do abrigo. D) Comedouro tubular situado dentro do abrigo.
parcela de onde foi retirada. As aves foram submetidas a jejum de 12 horas e insensibilizadas
por deslocamento cervical. Em seguida, foram submetidas à sangria, escaldagem (60 ºC por
120 segundos), depena mecânica e evisceração manual. Logo após foi medido o pH inicial na
região peitoral com o auxílio e um phmetro portátil da marca Sentron e modelo 1001 pH
(Figura 3). Após estas etapas, foram realizados os processos de pré-resfriamento (temperatura
da água controlada próximo a 20 ºC por 30 minutos) e resfriamento (temperatura da água de 0
a 8 ºC por 15 minutos). Após o resfriamento, as aves foram dependuradas para gotejamento
(por 5 minutos) e, em seguida, foram feitos os cortes para a avaliação laboratorial de
qualidade de carne (peito, coxa, sobrecoxa). Os cortes foram então embalados em papel
alumínio (Figura 4) e devidamente identificados e congelados a temperatura aproximada de -
18ºC para porteriormente serem realizadas as avaliações de qualidade de carne.
3.6.1 pH final
O ph final foi coletado logo após o descongelamento das amostras por 48 horas
em refrigerador a ± 4°C.Foi utililizado um phmetro de bancada modelo Tec-3MP da marca
TECNAL. Para esta análise, foi coletados os valores de pH nos trê cortes (coxa, sobrecoxa e
peito).
Figura 5 – A) Cozimento do filé em grelha grill até 71ºC. B) Amostras retangulares. C) Texturômetro
TA XT Express marca Stable Micro Systems com sonda Warner-Bratzler. D) Momento da aplicação
força de cisalhamento sobre as amostras.
Utilizou-se o método drip loss ou perdas por gotejamento, no qual nenhuma força
é aplicada para análisar a capacidade de retenção de água. A metodologia aplicada para esta
análise seguiu as recomendações de Ramos e Gomide (2007). De cada frango foi retirada uma
coxa, uma sobrecoxa e parte do peito, retirou-se todo o tecido conjuntivo e a gordura, e cada
corte variava de 80 a 100 gramas. As amostras foram pesadas obtendo o peso inicial (Pi) em
balança semi-analítica e em seguida colocadas numa rede plástica, sendo posteriormente
colocadas em um saco plástico inflado (para não estabelecer contato) e suspensas em
refrigerador doméstico, à temperatura de 4°C (Figura 6). Depois de 48 horas nessa
temperatura, as amostras foram enxugadas com papel toalha e novamente pesadas obtendo o
peso final (Pf) separadamente das embalagens, sempre na mesma balança e os resultados
finais foram obtidos pela fórmula:
PG = 100 * (Pi-Pf)/PI
Yij = µ + Ti + eij
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 4 – Atividade de água (Aw), temperatura da atividade de água (AwºC), perda de água
por gotejamento (PAG) e pH final da coxa de frangos caipiras alimentados com diferentes
níveis de feijão-guandu cru
Tratamentos
CV
Variável T1 T2 (5%) T3 (10%) T4 (15%) T5 (20%) (%)
(Controle) Guandú Guandu Guandu Guandu
Aw 0,986 0,985 0,988 0,988 0,985 0.50
aw ºC 28,138 28,770 28,076 28,076 28,762 2,95
PAG (%) 1,866 a 2,312 b 1,746 a 1,928 a 2,824 b 25,90
pH final 6,503 6,488 6,368 6,427 6,459 2,92
Médias seguidas por letras diferentes nas linhas diferem entre si pelo teste Scott-Knott (P<0,05). CV =
Coeficiente de variação.
Não houve diferença significativa (P>0,05) no corte coxa para as variáveis Aw,
AwºC e pH final, ou seja, os diferentes níveis inclusão do feijão-guandu cru não
influenciaram estas características.
Embora não havendo diferença entre os tratamentos para a variável pH final, os
valores encontrados foram superiores aos desejados que, segundo Venturini et al. (2007),
passadas 24 horas o pH não deve estar em níveis superiores a 6,2, neste caso a carne do
frango poderá encontrar-se com grande retenção de água.
Os elevados níveis do pH final encontrados no trabalho podem ter sido
responsáveis pela diferença significativa (P<0,05) encontrada na variável perda de água por
gotejamento (PAG), onde com os níveis de 5% e 20 % de inclusão do feijão guandú cru na
dieta a coxa apresentou maior perda de água por gotejamento. Porém, não se pode afirmar tal
suposição, pois seriam necessárias mais avaliações das técnicas de manejo, condições de
abate e armazenamento para confirmação desta suspeita.
Huallanco (2004) ao aplicar um sistema de classificação de qualidade da carne de
frangos caipiras encontrou valores para o pH final da coxa superiores ao pH final do peito o
que, consequentemente, aumentou a capacidade de retenção de água da coxa.
Para o corte sobrecoxa não houve diferença significativa (P>0,05) para nenhuma
das variáveis analisadas (Tabela 5). Embora os valores de pH final também apresentarem
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valores superiores ao esperado conforme Venturini et al. (2007), estatisticamente não houve
influência na variável perda de água por gotejamento como encontrado no corte coxa.
Tabela 5 – Atividade de água (Aw), temperatura da atividade de água (AwºC), perda de água
por gotejamento (PAG) e pH final da sobrecoxa de frangos caipiras alimentados com
diferentes níveis de feijão-guandu cru
Tratamentos
CV
Variável T1 T2 (5%) T3 (10%) T4 (15%) T5 (20%) (%)
(Controle) Guandu Guandu Guandu Guandu
Aw 0,990 0,993 0,995 0,996 1,000 0,81
Aw (ºC) 28,48 28,50 28,32 28,61 28,61 2,70
PAG (%) 1,600 2,060 2,400 2,800 2,800 35,92
pH final 6,556 6,496 6,456 6,364 6,366 2,96
Médias na linha não diferenciaram entre si pelo teste Scott-Knott (P<0,05).
CV = Coeficiente de variação.
Tabela 6 – Atividade de água (aw), Temperatura da atividade de água (awºC), Perda de água
por gotejamento (PAG), força do pico máximo de cisalhamento (PCIS), pH inicial e pH final
do peito de frangos caipiras alimentados com diferentes níveis de feijão-guandu cru
Tratamentos CV
Variável
T1 T2 T3 T4 T5 (%)
Aw 0,985 0,983 0,985 0,982 0,983 0,57
Aw (ºC) 28,174 28,650 27,996 28,378 28,824 3,03
PAG (%) 4,314 6,482 5,206 5,416 4,952 31,12
PCIS (Kg/cm2) 5,213 5,654 4,750 5,194 5,327 13,14
pH inicial 6,342 6,062 6,172 6,192 6,152 3,94
pH final 6,224 6,016 6,110 6,030 6,142 2,77
Médias na linha não diferenciaram entre si pelo teste Scott-Knott (P<0,05).
CV = Coeficiente de variação.
de 5,98 para frangos criados no sistema convencional e de 5,80 para aqueles criados no
sistema orgânico, aos 81 dias de idade.
Segundo Sartori et al. (1999), a seleção de aves para maior crescimento faz com
que haja maior diâmetro das fibras brancas no peito, que apresentam maior atividade
glicolítica e maior reserva de glicogênio que poderiam influenciar o retardando pH final.
Embora não haja diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos para a
variável força média de cisalhamento, os valores encontrados neste trabalho, que variaram de
4,311 a 4,768 kg/cm2, foram superiores para animais criados em sistema alternativos e com
idade aproximada segundo Contreas Castillo (2001), segerindo que as amostras analisadas
apresentaram-se com pior textura comparado. Porém, a comparação dos resultados de textura
entre os diversos trabalhos de pesquisa é dificultada pela descrição incompleta da
metodologia utilizada, pois a força de cisalhamento pode variar em função das diferentes
posições que originam as amostras e as condições de cozimento aplicadas as mesmas.
Castelinni et al. (2002) encontraram força de cisalhamento média do peito igual a
2,71 kg/cm2 para frangos criados em sistema orgânico aos 81 dias de idade. Valores
semelhantes a estes autores foram encontrados por Faria (2007) que avaliou o desempenho e
qualidade de carcaça de diferentes linhagens criadas em sistema alternativo, onde a média foi
2,77 kg/cm2.
Os valores encontrados para a variável atividade de água (aw) nos três cortes
estudados encontra-se numa faixa ideal para crescimento de vários microrganismos segundo
AGBragante (2008) que descreve valores mínimos de aw para crescimento de bolores: 0,80,
leveduras: 0,82 – 0,87 e para bactérias : 0,90 – 0,91. No entanto, os resultados de aw deste
trabalho não se diferenciam do mínimo ideal recomendado para carnes frescas que é, segundo
Seara (2010), em torno de 0,98. O que se recomenda é a correta manipulação e
armazenamento para elimininar ou retardar o crescimento de microrganismos patogênicos.
32
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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dietary lysine in the finisher feed: live performance further-processing yields. Poultry
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