IMPLICAÇÕES SOCIOAMBIENTAIS DOS LOTEAMENTOS

IRREGULARES
Joanderson de Santana Borges1

RESUMO

O crescimento urbano exacerbado, proporcionado pela gradativa aceleração do processo construtivo, advindo dos
avanços tecnológicos. Constitui a necessidade do desenvolvimento de um planejamento específico. Garantindo um
arranjamento harmonioso das edificações, ao relacionar a promoção da preservação ambiental à ideia da devida
organização habitacional e espaço social. Embora a realidade nacional configure constrastes de irregularidade, essa,
provocada pelo descaso para com o ambiente, diante da indiferença de políticas públicas consistentes, ilustrando o
caráter prejudicial de favelas e loteamentos irregulares. Influenciando diretamente o consumo de água levando em
conta os serviços públicos necessários para a intitucionalização do local. No qual pode gerar doenças devido ao mau
abastecimento de determinado recurso.

INTRODUÇÃO

Ao longo da história, tranformações sociais como o aumento contínuo dos níveis de

índice demográfico e, ambientais, como a desordenada implementação industrial, influenciada
pelo capitalismo, transparecendo uma ameaça às reservas naturais. Ressaltam grandes
modificações sofridas no cenário nacional, determinando obras consequentemente irregulares sob
a influência da mão de obra desorganizada. Indicando tamanha versatilidade competente ao papel
do arquiteto, no seu exercício profissional. Portanto, caracterizando uma sugestiva conciliação
entre ambos os aspectos, de modo que apenas um venha a contribuir ao outro, evoluindo perante
o conceito pós-moderno. "Tudo mudou e as construções acompanharam essa alteração paulatina
ao longo do tempo."(LEMOS, 1994, p.48).

Dessa forma, tal disposição deve consistir na conservação das respectivas leis vigentes, a
nível nacional e municipal categoricamente. A fim de, tornar viável o suporte municipal, o qual
permiti o fornecimento dos serviços públicos essenciais: redes de água, esgoto, sistema de
captação e drenagem das águas pluviais, energia domiciliar, iluminação pública, telefonia, etc .
Assim, institucionalizando e regularizando a propriedade em questão.

1 Acadêmico do 1 período do curso de Arquitetura e urbanismo da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais AGES
( joandersonhp@hotmail.com)
 Para o debate das questões em destaque, o presente estudo busca informar sob a
perspectiva de um panorama histórico nacional, o impacto do processo resultante dos loteamentos
irregulares e favelas, como mecanismo da dinâmica capitalista.

DESENVOLVIMENTO

A partir da década de 60, durante o governo de JK, fora iniciado o grande investimento
industrial implantado no sudeste, esse, que permitiu a abertura da economia para o capital
internacional. Perante esse desenvolvimento no setor, uma das consequencias acarretadas pelo
mesmo, dá-se pelo grande êxodo rural do nordeste para o sudeste. Processo fortificado
posteriormente nos anos 70 e 80.

Seu efeito provocara demasiada precariedade nas condições de vida de determinada

região. Implicando no aumento de cortiços, favelas, desemprego. Problemas sociais e ambientais
que assolam o país até os dias de hoje.

Historicamente, o eixo paradigmático da representação das favelas é a ausência. Nesta

perspectiva, a favela é definida pelo que não seria ou pelo que não teria. Nesse caso, é
apreendido, em geral, como um espaço destituído de infra-estrutura urbana - água, luz,
esgoto, coleta de lixo; sem arruamento; globalmente mizerável; sem ordem; sem lei; sem
regras. Enfim, expressão do caos. ( SOUZA E SILVA, 2009, p. 16)

Essa frustração que se é transmitida simultaneamente aos respectivos loteamentos

irregulares de forma parcial ou total, perpassando os empecilhos no sistema de serviços públicos
mencionados. Loteamento esse que é definido como:

a divisão de glebas em lotes destinados à edificação, com aberturas de novas vias de

circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das
vias já existentes. Considera-se Gleba, a área de terreno que não foi objeto de
Loteamento ou Desmembramento. (Loteamento - Definição. Disponível em
www.prefeitura.sp.gov.br ).

Encontrando-se sob a seguinte composição:

da área total do Loteamento, serão destinados no mínimo 15% de áreas verdes, 5% de

áreas institucionais e 20% de sistema viário. Quando o espaço destinado às vias de
circulação não atingir o índice mínimo estabelecido, a área necessária será adicionada às
áreas verdes. (Loteamento - Definição. Disponível em: www.prefeitura.sp.gov.br).

De maneira que tenha se tornado comum a descentralização de tal formato de distribuição

territorial específico. Perante a sobressalência da estruturação de áreas institucionais vinculadas à
função de mercado, sobre verdes. Idealizando a fundamentação do impulso capitalista."Os
detalhes variam de uma sociedade para outra, mas as mesmas tendências são visíveis em quase
toda parte no mundo industrializado."(FEARN, 2007, p.67).

Os problemas reultantes desse fator, decorrem da desorganização bilateral dos órgãos

agentes da dinâmica do processo. Assim, a empresa, nesse caso uma construtora, compromete por
nao oferecer os devidos requerimentos para o apoio público. Do mesmo modo, o setor
responsável por esse apoio, pode assumir uma postura apática, deixando a desejar na qualidade
dos serviços a serem disponibilizados e posteriormente sua fiscalização.

Demonstrando a inconsistência no trabalho de continuidade da manutenção das políticas

públicas. Sustentadas nesse caso em questão, pela lei 6766/79 denominada "Lei do Parcelamento
do Solo", lançada pelo governo federal em 1979, sendo modificada para 9785/99, posteriormente.
Essa lei trata do parcelamento do solo urbano destinado à edificação para moradia, lazer,
comércio, indústria ou para fins institucionais, dotados de equipamentos urbanos (redes de água,
esgoto, sistema de captação e drenagem das águas pluviais, energia domiciliar, iluminação
pública, telefonia, etc.) e comunitários (áreas de lazer e recreio, educação e cultura, saúde, etc.).

As respectivas irregularidades nos sistemas, atuam de forma generalizada no que diz

respeito ao modo como afetam as condições de vida da sociedade. Conquanto:

Devido à diferença de grau e de intensidade, todas as cidades brasileiras exibem

problemáticas parecidas, independente do seu tamanho, tipo de atividade, região em que
se inserem e outras. Esses elementos são os diferenciais, mas todas elas possuem
problemas como os do emprego, dos transportes, do lazer, da habitação, água, esgotos,
educação e saúde, são preocupantes de forma generalizada e relevam enormes carências,
quanto maior a cidade, mais visíveis se tornam esses elementos (SANTOS, 1993).

Segundo Amarante (1988), os problemas estruturais estão fortemente associados à

influência da deterioração ambiental, na qual se define pela degradação dos recursos naturais,
perpassando questôes sociais, tais como a carência de habitações e suas localizações em áreas
distantes da malha urbana.

Apesar de uma extensão das problemáticas sobre os serviços. Torna-se complexa a tarefa
de apontar detalhadamente cada um. No entanto, existem setores específicos que manifestam-se
de maneira mais clara sob os demais. Expondo os impactos socioambientais supracitados. Tais
como no abastecimento de água e saneamento.
 Segundo Documento elaborado em 2011 pela Agência Nacional de Águas (ANA), o Atlas
Brasil - Abastecimento Urbano de Água mostra que, somente na área urbana, dos 5.565
municípios brasileiros, 55% poderão ter déficit no abastecimento de água já em 2015. O estudo
mostra que 84% das cidades necessitam de investimentos urgentes para adequação de seus
sistemas produtores de água potável. (Acesso à água potável no Brasil ainda permanece como
desafio. Disponível em: http://www.redebrasilatual.com.br ).

Em estudos sobre Águas Urbanas, (TUCCI, 2008). Busca divulgar a contexto vinculada
em relação a questão do esgoto competente ao saneamento, juntamente à água. Diante da sua
visão o exercício da cobertura de àgua é desenvolvido de considerável. Embora o sistema de
coleta e tratamento de esgoto encontre-se numa situação desfavorável. Como demonstrado na
tabela a seguir:

(Águas Urbanas. Disponível em: www.scielo.br).

O impacto na sociedade perante os dados coletados, influem diretamente na qualidade de

vida da população. Gerando doenças tais como a diarreia, que atingi de forma massiva a
população infantil por todo o país.

METODOLOGIA

Para o proposto estudo, se foram coletados dados referentes aos serviços públicos e como
agem sob o meio social. Tomando como base a relevância de referências bibliográficas: livros e
sites específicos. Além do uso de tabela refernte ao tema. Para a composição da fundamentação
teórica.

De forma indireta, porém sob um caráter elucidativo, a visita técnica aos loteamentos
lagartenses. Ilustraram a caracterização do impacto topográfico e interrelação do poder público e
o ícone privado.

RESULTADOS

Como resultado pode-se avaliar as relações gerais que envolvem o poder público e a
iniciativa privada. Perante os empecilhos provocados pelos seguintes loteamentos irregulares,
comumente ligados a prática construtiva.

Sob a perspectiva nacional, percebe-se o descaso das políticas públicas vigentes.

Agregando a degradação dos recursos naturais. Sugerindo uma desestruturação da possibilidade
de viablizações cabíveis.

Atingindo os cidadãos, no aspecto do consumo da água ao que confere ao seu

abastecimento e irregularidades no sistema de esgoto. Além da quebra do conceito da
contextualização moderna da sustentabilidade em prol dos riscos ao meio ambiente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, cabe a sociedade forçar o melhor do poder público e impedir iniciativas privadas
que tornem o ambiente urbano, consequentemente hostil. Pois além de ´prejudicar o próprio
cidadão proprietário. Tende a implicações na vida dos habitantes a nível geral.

Se o descuido parte do órgão público. A população possui o direito de reclamar ao seu

espaço. Desde que a própria não cometa o erro de se autoprejudicar. Partindo da ideia dos
resíduos acumulados nos esgotos à céu aberto. Configurando a participação negativa dos mesmos
no ciclo de determinado serviço."[...]a nação não é apenas uma entidade política mas algo que
produz sentidos — um sistema de representação cultural."(FEARN, 1992, p.13).

Em relação à iniciativa privada, o futuro proprietário deveras ter em mente as respectivas

legislações vigentes sobre o local. De modo, a evitar a compra de um lote que ameace qualquer
tipo de ambiente protegido por lei. Assim, contribuindo para a manutenção da distribuição
consciente de espaço.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Acesso à água potável no Brasil ainda permanece como desafio. Disponível em:
http://www.redebrasilatual.com.br/ambiente/2012/03/desafios-no-acesso-a-agua-potavel-no-
brasil-permanecem. Acesso em: 31 de mai de 2015

AMARANTE, Zoraide. A Gestão Ambiental Municipal e o Desenvolvimento SócioEspacial

Sustentável – A Experiência de Campinas. S.P. 1988. Disponível em:
http://www.race.nuca.ie.ufrj.br. Acesso em: 31 mai de 2015

FEARN, Nicholas. Filosofia: novas respostas para antigas questões. Rio de Janeiro. Jorge
Zahar ed., 2007.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª ed. Rio de Janeiro: DP&A,
2006.

Lei Nº 6.766, de 19 de Dezembro de 1979. "Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá

outras Providências." Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6766.htm.
Acesso em: 31 mai de 2015

LEMOS, Carlos A.C. O que é arquitetura. 7ª Ed. São Paulo: Brasiliense. 1994.

Loteamento - Definição. Disponível em:

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/loteamento_1372359993.pdf
. Acesso em: 31 mai de 2015

SOUZA E SILVA, Jailson. O que é favela, afinal? Rio de Janeiro: Observatório de Favelas do
Rio de Janerio, 2009.