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GÊNESIS 17.

1-8

Gordon J. Wehham – Word Biblical commentary1

The New International commentary on the Old Testament2

Keneth A. Matthews – The new american commentary3

Bruce K. Waltke4

LIVRO 6, ATO 2, CENA 2: A ALIANÇA DE DEUS DE ABENÇOAR NAÇÕES POR


MEIO DA SEMENTE DE ABRAÃO E SARA (Gn 17.1-27)

ANÁLISE LITERÁRIA DO LIVRO 6, ATO 2, CENA 2

1
WENHAM, G. J. Word Biblical Commentary: Genesis 1-15, vol. 1. Dallas: Word, Incorporated, 2002.
2
HAMILTON, Victor P. The New International commentary on the Old Testament: Genesis 1-17. Grand
Rapids: W. B. Eerdmans, 1990.
3
MATTHEWS, Kenneth A. The new american commentary: Genesis 1-11.26. Broadman press: Nashville,
Tennessee: 1996. v. 1.
4
FREDERICKS, Cathi; WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Gênesis. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010.
Estrutura e enredo

Nesta cena de diálogo pactual entre Deus e Abraão, Yahweh renova suas promessas
a Abraão. Deus, ator primário da narrativa de Abraão e aquele que supriria as promessas
sobrenaturais, exerce um papel mais relevante no diálogo. Segundo Sarna, há aqui uma
estrutura alternante:

A1 Abraão, progenitor de numerosas nações e reis; seu nome é mudado (Gn 17.1-8)
B1 Estabelece-se a lei da circuncisão (Gn 17.9-14)
A2 Sara, progenitora de numerosas nações e reis; seu nome é mudado (Gn 17.15-22)
B2 A lei da circuncisão efetuada (Gn 17.23-27)

A expansão das promessas pactuais de Deus exige comprometimento e obediência


de Abraão. A presente cena questiona e apresenta uma tensão implicitamente: Abraão
corresponderá com justiça e fidelidade pactuais? Baseado nisso, a cena pode ser dividida
pela concessão da aliança de Yahweh (Gn 17.1-22) e pela aceitação de Abraão (Gn 17.23-
27). A concessão de Yahweh é marcada pela introdução: “[...] apareceu-lhe o SENHOR
[...]” (Gn 17.1) e pela conclusão: “[...] Deus se retirou dele [...]” (Gn 17.22). Três partes,
indicadas pela fórmula reiterada quanto a [...], compõe esta concessão pactual. A cena
culmina na aceitação de Abraão (Gn 17.23). Os detalhes da resposta obediente dele (Gn
17.24-27) formam o desfecho.

Palavras-chave

Duas palavras caracterizam a presença e provisão divinas no presente diálogo

pactual: a palavra aliança (tyrIB. – beriyt), que ocorre mais de doze vezes, nove vezes
como minha aliança; e o verbo hebraico dar (!t;n" – natan), traduzido como confirmar
(Gn 17.2), constituí/farei (Gn 17.5, 7, 20) e darei (Gn 17.8, 16).

Dando nome

Dar nome é um artifício importante deste relato, revelando características ou


desenvolvimentos em cada pessoa. O narrador começa fazendo referência a Deus como o
senhor, seu nome de mantenedor da aliança, especialmente com referência a Israel (Gn
17.1). Ele então o identifica pelo nome Deus todo-poderoso, provavelmente para confirmar
o poder de Deus em produzir descendência sobrenatural. Após isso, e pela primeira vez no

livro 6, o narrador se refere a Deus como ~yhil{a/ (’elohiym – Deus), significando a


transcendência de Deus sobre as nações.
Tal referência a Deus ocorre oportunamente em ligação com o ato de Deus dar novo
nome a Abraão, pai de multidão [de nações] (cf. introdução, Fontes de Ur-Gênesis). O ato
de Deus dar novos nomes ao patriarca e matriarca aponta para o domínio de Deus (cf. Gn
1.5; 2.19), reconhece a fidelidade de Abraão e Sara e revela o novo destino e missão deles.
O nome Isaque, que significa riso, lembra a Abraão e ao leitor do caráter incrível e alegre
das bênçãos miraculosas de Deus.

Omissão, dupla direção e inclusão

As cenas 1 e 2, do ato 2, são articuladas por referências sucessivas à idade de


Abraão. A cena 1 se fecha perfazendo a idade de Abraão em oitenta e seis anos (Gn 16.16).
A cena 2 se abre perfazendo a idade de Abraão em noventa e nove anos. A importância
desses treze anos em branco parece ser posta na delonga da semente prometida. Na cena 2,
ao perfazer a idade de Abraão em noventa e nove anos, também forma uma inclusão
(inclusio) em torno da cena (Gn 17.1, 24).
NOTAS EXEGÉTICAS AO ATO 2, CENA 2

Abraão, o Progenitor de Numerosas Nações e Reis; Seu Nome É Mudado (17.1-8)

(v. 1) noventa e nove (cf. Análise literária: omissão, dupla face e inclusão). Ismael,
com a idade de doze ou treze anos, está ingressando na fase viril (cf. Gn 16.16). Deus
deixaria claro a Abraão que Ismael não é o portador da bênção.

Eu sou o Deus Todo-Poderoso [yD:êv; laeä – ’el shaday]. El Shaddai,


principal nome de Deus no período pré-mosaico (cf. Êx 6.2-3), pode significar seu domínio
universal. Shaddai é primariamente atestado em Gênesis e Jó, como um elemento teofórico
em três nomes pessoais de representantes tribais ao tempo do êxodo (Nm 1-2), e em um
nome de servo egípcio, provavelmente semítico, do final do século quatorze a. C. A LXX
(Septuaginta), entre muitas outras formas, traduziu-o por seu Deus. Jerônimo embasou suas
versões (deus omnipotens), Deus todo-poderoso e seus equivalentes, em outra tradução na
LXX (ku,rioj pantokra,twr – kúrios pantokrátor) (Jó 15.25). O Targum às vezes
transliterava o termo. À semelhança de tradutores antigos, a erudição moderna não chegou
a algum consenso com base na filologia. As suposições mais prováveis são:
I) O poderoso, o forte, do radical (sdd);
II) Aquele que é suficiente, de se e day.
Seja qual for o significado exato, os usos contextuais pressupõem, segundo
Wenham, que “[...] ‘Shaddai evoca a ideia de que Deus é capaz de fazer o estéril fértil e de
cumprir suas promessas’ [...]”5.
Ande diante de mim e seja íntegro (cf. Gn 6.9). Obediência plena é condição
necessária para experimentar as promessas pactuais. Andar diante de Deus é orientar toda a
vida segundo a presença, promessas e mandamentos de dele. Westermann afirma que “[...]
Deus ordena a Abraão (agora representando Isaque) a viver sua vida diante de Deus de uma
forma tal que cada passo seu seja dado com referência a Deus, e cada dia o experimente

5
FREDERICKS, Cathi; WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Gênesis. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010. p. 316.
bem junto a si [...]”6. Tal ordem significativa é mais tarde reiterada aos reis de Israel, a
saber, Salomão (I Rs 9.4-5) e Ezequias (II Rs 20.3). Um padrão tão elevado é apropriado a
Abraão, que virá a ser pai de reis (cf. Gn 24.40; 48.15).
Íntegro. O termo hebraico significa perfeição de relacionamento e integridade, não
sem pecado (cf. Gn 6.9).

(v. 2) Confirmarei. Uma tradução mais adequada é para que eu possa dar. Mesmo
Abraão sendo responsável por andar na companhia de Deus e abster-se do pecado, a aliança
ainda é inteiramente dom de Deus.
Minha aliança. As três divisões da aliança – da minha parte (Gn 17.4, 8); de sua
parte (Gn 17.9-14); da parte de Sara (Gn 17.15-16) – reconhecem as obrigações de todos
os parceiros. Deus promete comprometimento a Abraão e à descendência dele (Gn 17.4-8,
15-16); eles seguem os mandamentos de Deus (Gn 17.9-14). Tal parceria depende sempre
da presença e provisão divinas.

(v. 3) Abraão prostrou-se, rosto em terra. Este é um ato típico de culto (Lv 9.24; Js
5.14; Ez 1.28).

(v. 4) De minha parte. Tal fórmula marca a primeira divisão das obrigações
pactuais: responsabilidades de Deus.

(v. 5) Abrão [...] Abraão (cf. Gn 11.26). Seu nome anterior expressava a nobreza de
seu Deus, da nobreza de seus ancestrais ou da eminência pessoal. O novo nome expressa a
prole numerosa dele. Este é o nome que Deus fará grande (Gn 12.2). Abrão, composto por

b.a; (av – pai) e ~r" (ram – ser alto), significa pai exaltado, uma referência a Deus, a
Tera ou a ele próprio. O novo nome, Abraão, por meio de um jogo de palavras, de b.a;
(av – pai) e ~x' (ham; hamon, multidão), soa como pai de uma multidão. Embora tal

6
FREDERICKS, Cathi; WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Gênesis. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010. p. 316.
etimologia seja discutível, é assim que o texto explica o nome dele: [já que lhe farei] o pai

de muitas nações [!Amïh]-ba; – ’av-hamon] (Gn 17.4-5).

Eu o constituí. O hebraico é mais bem traduzido como eu farei de você.


Pai de muitas nações (cf. Gn 15.5; 28.3). A promessa de Deus de constituir Abraão
como pai de muitas nações deve ser entendido no sentido biológico e espiritual (cf. temas
de Gênesis e teologia bíblica – introdução). A interpretação biológica é validada pelas
genealogias de Quetura (Gn 25.1-4), Ismael (livro 7; Gn 25.12-18) e Edom (livro 9; Gn 36).
A interpretação de que ele gera nações que reproduzem sua fé tem apoio dentro do contexto
imediato e do cânon. Em contraste com a promessa de que reis procederão dos lombos dele,
não é dito que as nações que ele gera são assim geradas. Além disso, a circuncisão, sinal da
aliança, se estende a cada um do sexo masculino na casa de Abraão, nascido em sua casa
ou adquirido por seu dinheiro (Gn 17.12-13; cf. reflexões teológicas). O salmista (Sl 87.4-
6) e o apóstolo Paulo (Rm 4.16, 17; cf. Gl 3.15-19) interpretam o texto com referência à
vinda dos gentios para a prole de Abraão. Segundo tal interpretação espiritual, pai designa
uma relação espiritual e é assim usado para descrever a relação de José com faraó (Gn
45.8), bem como a relação de um levita com Mica (Jz 17.10).
Reis. À primeira vista, se refere aos reis de Israel (cf. Gn 35.11; 49.10; II Sm 7.8-16)
e, também, ao rei messiânico (cf. reflexões teológicas).
Procederão de você. Esta é uma referência à prole física.

(v. 7) Aliança eterna (cf. Gn 12.3; 15.5). A aliança divina dura para sempre, já que
Deus é fiel e não sofre qualquer mudança (cf. reflexões teológicas).
Entre mim e você e seus descendentes. Tal formulação legal garante que, na morte
do proprietário, a terra será passada para a geração seguinte em caráter perpétuo.
Para ser o seu Deus. Este é o cerne da aliança, que garante que Deus protegerá seu
povo e o proverá com vida e prosperidade (cf. Gn 17.8; Jr 24.7; 31.33; Ez 34.30-31; Os 2.1;
Zc 8.8).

(v. 8) Terra [...] possessão eterna (cf. Gn 13.15). Mais tarde, esta dádiva de uma
aliança infindável (Deus, semente, terra) será, segundo Roop, uma afirmação crucial para
Israel no tempo do exílio na Babilônia, capacitando-o a esperar pelo futuro.
Canaã (cf; Gn 12.1, 7; 13.15; 15.18; referentes à terra prometida).

The NIV application commentary7

Derek Kidner – Vida Nova8

Gênesis 17.1-27 – A aliança reafirmada e selada

Os dois estágios da elaboração da aliança (Gn 15 e 17) provaram a fé que animava


Abrão pela longa demora, e mostraram os dois lados de uma transação. O capítulo 15 fixou
o esquema básico da graça e da fé correspondente; nada foi pedido a Abrão, senão crer e
ter confiança. Agora, surgem as implicações em profundidade e extensão. Em
profundidade, porque a fé deve ser demonstrada em total dedicação. Em extensão, porque
todos os envolvidos devem ser selados, um a um, nas gerações futuras (v. 10ss.).
Juntos, os dois capítulos divulgam a participação pessoal e coletiva. A fé interior e o
selo externo (cf. Rm 4.9, 11); a justiça imputada e a devoção expressa (Gn 15.6; 17.1).

Gênesis 17.1-3 – Prelúdio

Tal abertura não é transação mútua. Trata-se das condições pelas quais Deus pode
dar, em vez de receber, tudo que deseja. O verso 2 começa, literalmente com para que eu
dê ou conceda, porque Deus não quer relações distantes, nem corações divididos (sê
perfeito).

7
WALTON, John. The NIV application commentary: Genesis. Grand Rapids: Zondervan, 2009.
8
KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008.
Um nome especial de cada parte interessada (v. 1, 5) assinala a ocasião, assim como,
posteriormente, um desdobramento do nome de Yahweh comemoraria o encontro junto à
sarça ardente (Êx 3.14; 6.3). Deus todo-poderoso é a tradução de El Shaddai, como a LXX
entende. A análise tradicional do nome é Deus (’el) que (sha-) é suficiente (day). W. F.
Albright identifica Shaddai com montanha (cf. o termo rocha, usado comumente no Antigo
Testamento com referência a Deus), mas não há acordo universal. Melhor guia é o estudo
do seu uso, que confirma a ênfase costumeira ao poder, particularmente em contraste com a
fragilidade do homem (é título favorito em Jó). Em Gênesis, tende a combinar a situações
em que os servos de Deus estão deprimidos e necessitados de restabelecimento da certeza.
O prostrar-se de Abrão diante de Deus (v. 3; cf. v. 11), em contraste com a
arrogância de Adão, reconheceu a condição básica senhor-servo da aliança. Isso fez a
questão lançar raízes na verdade; em um solo assim, o relacionamento poderia crescer até
atingir sua plena estatura na categoria de amizade (Tg 2.23).

Gênesis 17.4-8 – As promessas (Quanto a mim [...])

A English Revised Version (1881) preserva a estrutura com as expressões quanto a


mim [...] (v. 4) e quanto a ti [...] (v. 9). Materialmente, a promessa de terra continua
inalterada, mas nações e reis entram na perspectiva, e Gênesis irá falar do surgimento deles,
incluindo os midianitas (Gn 25.2), os ismaelitas (Gn 25.12) e os reis e Edom e de Israel (Gn
36.31). Além desses, o Novo Testamento pôde ver a multidão de cristãos nas muitas nações
(Rm 4.16-17). O nome Abraão sugere uma fusão dos dois elementos originais, ’av (pai) e
ram (alto), com parte de um terceiro, hamon (multidão). Espiritualmente, a essência da
aliança é pessoal, como o aceito de um casamento. Assim, a promessa serei o seu Deus (v.
8; cf. 7) sobrepuja em muito os benefícios particulares. Esta é a aliança.

The expositor’s Bible commentary9

9
SAILHAMER, John H. In: GAEBELEIN, Frank E. The expositor’s Bible commentary: Genesis, Exodus,
Leviticus, Numbers. Grand Rapids: Zondervan, 1990. v. 2.
A

John Calvin10

Gênesis 17

(v. 1) Moisés pula mais de treze anos da vida de Abrão, não porque não houve algo
digno de lembrança, mas porque o Espírito de Deus, segundo sua vontade, seleciona as
coisas que são mais importantes. Ele propositadamente aponta o período de tempo que
havia decorrido desde o nascimento de Ismael até o período em que Isaque foi prometido,
com o propósito de ensinar ao leitor que Abrão permaneceu satisfeito com aquele filho que
viria a ser rejeitado, e que ele era como alguém iludido por uma aparência falaciosa,
conforme afirma Calvino:

Abrão, estando contente com seu único filho, deixou de desejar qualquer outra
semente. A falta de descendência o havia levado a orações e suspiros constantes,
pois a promessa de Deus estava tão fixada em sua mente que ele foi levado
ardentemente a buscar o cumprimento dela. Mas agora, falsamente supondo que
ele tinha obtido seu desejo, ele foi afastado pela presença de seu filho de acordo
com a carne da expectativa de uma semente espiritual. Mais uma vez a
maravilhosa bondade de Deus se mostra, em que o próprio Abrão foi elevado,
além de sua própria expectativa e desejo, para uma nova esperança e, de repente,
ele ouviu que o que nunca lhe veio à mente pedir foi concedido a ele. Se ele
estivesse oferecendo diariamente orações importunas por essa bênção, não
veríamos tão claramente que ela foi conferida a ele pelo dom gratuito de Deus,
como quando foi dada a ele sem que ele pensasse ou desejasse [...]11

Segundo Moisés, o senhor apareceu a Abrão. Com isso, ele quer dizer que o oráculo
não foi pronunciado por revelação secreta, mas que uma visão ao mesmo tempo foi
acrescentada a ele. Além disso, a visão não estava sem palavras, mas tinha palavra anexada,
da qual a fé de Abrão poderia receber lucro. Deus entrou em aliança com Abrão, desdobrou
a natureza da aliança em si e colocou um selo sobre ela, com atestados de
acompanhamento.
10
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001.
11
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 161.
Minha tradução.
Eu sou o Deus todo-poderoso. O substantivo hebraico El, derivado da palavra para
poder, é aqui usado para Deus. A mesma observação se aplica à palavra de
acompanhamento shaddai, todo-poderoso, como se Deus declarasse ter poder suficiente
para proteger Abrão. “[...] Nossa fé só pode permanecer firme enquanto estamos certamente
persuadidos de que a defesa de Deus é, por si só, suficiente para nós e podemos
sinceramente desprezar tudo no mundo que é contrário à nossa salvação [...]” 12. Deus não se
vangloria do poder oculto em si, mas daquilo que ele manifesta para seus filhos. Ele fez
isso nesta ocasião, a fim de que Abrão pudesse ter confiança. Assim, nestas palavras, uma
promessa é incluída.
Ande diante de mim. Ao fazer o pacto, Deus estipula a obediência por parte de seu
servo. No entanto, ele não prefixou em vão a declaração de que ele é o Deus todo-poderoso
e é equipado com poder para ajudar seu próprio povo, porque era necessário que Abrão
fosse chamado por todos os outros meios de ajuda, a fim de que ele se dedicasse
inteiramente a Deus. “[...] ninguém jamais se entregará a Deus, senão aquele que mantém
as coisas criadas em seu devido lugar e olha somente para Deus. Onde, de fato, o poder de
Deus já foi reconhecido, deve-se então transportar-nos com admiração, e nossa mente deve
ser tão cheia de reverência por ele, que nada nos impedirá de adorá-lo [...]” 13. Além disso,
devido os olhos de Deus buscarem fé e verdade no coração, Abrão foi ordenado a ser cheio
de integridade (sê inculpável). Os judeus o chamam de homem de perfeições, que não tem
uma mente enganosa ou dupla, mas cultiva sinceramente a retidão. Aqui, a integridade é
oposta à hipocrisia. Certamente, ao lidar com Deus, nenhum lugar para dissimulação
permanece. Com tais palavras, é possível aprender com qual fim Deus reúne para si uma
igreja: aqueles a quem ele chamou podem ser santos. O fundamento do chamado divino é
uma promessa gratuita, mas aquele a quem Deus escolheu como povo peculiar para si, deve
devotar-se à justiça de Deus. Nesta condição, ele adota as crianças como suas, para que
possa, em troca, obter o lugar e a honra de um pai. Como ele não pode mentir, ele exige a
fidelidade mútua de seus filhos. Deus se manifesta aos fiéis para que eles possam viver à
vista dele e possam torná-lo árbitro não apenas dos atos deles, mas, também, dos

12
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 162.
Minha tradução.
13
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 162.
Minha tradução.
pensamentos deles. Daí, infere-se que não há outro meio de viver piedosa e justamente,
senão que dependendo de Deus.

(v. 2) Deus agora começou mais completa e abundantemente a explicar o que ele
tinha antes mencionado brevemente. Sua aliança com Abrão tinha duas partes (v. 1). A
primeira foi uma declaração de amor gratuito, que foi anexada à promessa de uma vida
feliz. A outro era uma exortação a um esforço sincero de cultivar a retidão, já que Deus deu
em uma única palavra um ligeiro gosto de sua graça e foi ao desígnio de tal chamado, a
saber, que Abrão deveria ser justo.
Ele agora amplia a declaração de sua graça, de maneira que Abrão se esforçaria
mais para formar sua mente e vida para reverenciar a Deus e cultivar a retidão. É como se
Deus dissesse: veja quão gentilmente eu te favoreço, não exijo integridade de você só por
causa da minha autoridade, o que eu poderia fazer justamente. Em vez disso, mesmo eu
não lhe devendo nada, eu me envolvo graciosamente em uma aliança mútua. Ele não falou
algo novo, mas lembrou-o da aliança que havia feito antes e que agora confirmou e
estabeleceu completamente. Deus não costuma proferir novos oráculos que destroem o
crédito, obscurecem a luz ou enfraquecem a eficácia daqueles que precederam. Antes, ele
continua, como em um tenor perpétuo, aquelas promessas que já deu. Assim, por tais
palavras, ele pretendia que a aliança que Abrão tinha ouvido antes deveria ser estabelecida
e ratificada. Mas ele introduziu aquele ponto principal sobre a multiplicação das sementes,
que ele vem repetir com frequência.

(v. 3) Esse foi o antigo rito de adoração. Além disso, Abrão testificou, primeiro, que
ele reconheceu Deus, em cuja presença toda a carne deve manter silêncio e ser humilhada,
e, em segundo lugar, que ele reverentemente recebeu e cordialmente abraçou tudo o que
Deus estava prestes a falar.

(v. 4) Deus declarou que ele era o orador, a fim de que a autoridade absoluta
aparecesse em suas palavras. “[...] Uma vez que nossa fé não pode repousar sobre nenhum
outro fundamento além de sua eterna veracidade, torna-se, acima de tudo, necessário que
sejamos informados de que o que nos é proposto procede de sua boca sagrada”14.
Você será o pai de muitas nações. O que é essa multidão de nações? Obviamente,
parece que diferentes nações tiveram sua origem no santo patriarca. Ismael cresceu e se
tornou um grande povo. Os idumeus, de outro ramo, estavam espalhados por toda parte.
Grandes famílias surgiram dos filhos de Abrão com Quetura. Mas Moisés olhou ainda mais
além, porque os gentios seriam, pela fé, inseridos no tronco de Abrão, embora não
descendessem dele segundo a carne. Paulo é intérprete fiel e testemunha disso. Ele não
reúne os árabes, idumeus e outros com o propósito de fazer de Abrão o pai de muitas
nações, mas estende o nome do pai para torná-lo aplicável ao mundo inteiro, a fim de que
os gentios, em outros aspectos estranhos e separados uns dos outros, possam de todos os
lados combinarem em uma família de Abrão.

(v. 7) Não há dúvida de que o senhor distinguiu a raça de Abraão do resto do


mundo. Agora é necessário ver as pessoas que ele pretendia. Enganam-se os que pensam
que só os eleitos de Deus são aqui apontados. Pelo contrário, a escritura declara que a raça
de Abraão, por descendência linear, tinha sido peculiarmente aceita por Deus. E é doutrina
evidente em Paulo que os descendentes naturais de Abraão são ramos sagrados que
procederam de uma raiz sagrada (cf. Rm 11.16). Deus fez sua aliança com aqueles filhos de
Abraão que naturalmente nasceriam dele. Se alguém objetar que essa opinião não concorda
de forma alguma com a primeira, em que dissemos que são considerados filhos de Abraão
os que, sendo pela fé enxertados em seu corpo, formam uma única família, a diferença é
facilmente conciliada estabelecendo-se certos graus distintos de adoção, que podem ser
coletados de várias passagens da escritura.
No começo, precedendo esta aliança, a condição do mundo inteiro era uma e a
mesma. Mas assim que foi dito eu serei um Deus para você e para a sua semente, a igreja
foi separada das outras nações, assim como na criação do mundo a luz emergiu das trevas.
O povo de Israel foi recebido como rebanho de Deus em seu próprio rebanho. As outras
nações vagavam, como feras, pelas montanhas, bosques e desertos. Uma vez que essa
dignidade, na qual os filhos de Abraão superavam outras nações, dependia apenas da
14
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 162.
Minha tradução.
palavra de Deus, a adoção gratuita de Deus pertence a todos eles em comum. Porque, se
Paulo priva os gentios de Deus e da vida eterna, pois eles são estrangeiros da aliança (cf. Ef
4.18), segue-se que todos os israelitas eram da família da igreja e filhos de Deus e herdeiros
da vida eterna. E embora fosse pela graça de Deus e não por natureza que eles superavam
os gentios, e embora a herança do reino de Deus viesse a eles por promessa, não por
descendência carnal, ainda assim eles são às vezes ditos diferir por natureza do resto do
mundo.
Na epístola aos Gálatas (cf. 2.15) e em outros lugares, Paulo os chama de santos por
nascimento, porque Deus estava querendo que sua graça fosse, por uma contínua sucessão,
para toda a semente. Nesse sentido, os que eram incrédulos entre os judeus ainda são
chamados de filhos do reino celestial por Cristo (cf. Mt 8.12). Nem o que Paulo diz
contradiz isto, a saber, que nem todos os que são de Abraão devem ser estimados filhos
legítimos, porque eles não são filhos da promessa, mas somente da carne (cf. Rm 9.8). Pois
lá a promessa não é tomada geralmente por aquela palavra exterior pela qual Deus conferiu
seu favor sobre os réprobos, assim como sobre os eleitos, mas deve restringir-se àquele
chamado eficaz que ele internamente sela por seu Espírito. Que este é o caso é provado sem
dificuldade, pois a promessa pela qual o senhor os adotou como filhos era comum a todos, e
nessa promessa não se pode negar que a salvação eterna foi oferecida a todos. Qual,
portanto, pode ser o significado de Paulo quando ele nega que certas pessoas têm o direito
de ser contadas entre os filhos de Deus, exceto que ele não está mais raciocinando sobre a
graça oferecida externamente, mas sobre aquilo de que apenas os eleitos efetivamente
participam? Aqui, então, uma dupla classe de filhos se apresenta na igreja; porque desde
que todo o corpo do povo é reunido no rebanho de Deus por uma e mesma voz, todos, sem
exceção, são, neste aspecto, considerados filhos. O nome da igreja é aplicável em comum a
todos eles, mas, no mais íntimo santuário de Deus, nenhum outro é considerado filho de
Deus, senão aquele em quem a promessa é ratificada pela fé. Embora esta diferença flua da
fonte da eleição gratuita, da qual também a própria fé brota, contudo, visto que o conselho
de Deus é em si mesmo oculto dos seres humanos, estes distinguem, portanto, os filhos
verdadeiros dos espúrios pelas marcas de fé e incredulidade. Este método e dispensação
continuaram até a promulgação do evangelho, mas, então, a muralha de hostilidade foi
quebrada (cf. Ef 2.14), e Deus fez os gentios iguais aos descendentes naturais de Abraão.
Essa foi a renovação do mundo pela qual os que antes eram estranhos começaram a ser
chamados de filhos. No entanto, sempre que uma comparação é feita entre judeus e gentios,
a herança da vida é atribuída aos primeiros, como legalmente pertencente a eles, mas para
os últimos, se diz que é adventício.
Enquanto isso, o oráculo foi cumprido, no qual Deus prometeu que Abraão seria o
pai de muitas nações. Enquanto anteriormente os filhos naturais de Abraão foram sucedidos
por seus descendentes em contínua sucessão, e a bênção que começou com ele passou para
seus filhos, a vinda de Cristo, invertendo a ordem original, introduziu em sua família os que
antes eram separados de sua semente. Finalmente, os judeus foram expulsos (exceto que
uma semente oculta da eleição permaneceu entre eles), a fim de que o resto pudesse ser
salvo. Era necessário que essas coisas relativas à semente de Abraão fossem declaradas uma
vez, para que pudessem nos abrir uma introdução fácil ao que se segue.
Para as gerações vindouras. Esta sucessão de gerações prova que a posteridade de
Abraão foi levada para a igreja de tal maneira que os filhos poderiam nascer para eles, que
seriam herdeiros da mesma graça. Assim, o pacto é chamado de perpétuo, durando até a
renovação do mundo, que tomou lugar na vinda de Cristo. Segundo Calvino, o pacto foi
sem fim e pode ser chamado de eterno quanto a toda a igreja. No entanto, deve sempre
permanecer como um ponto estabelecido que a sucessão regular de eras foi parcialmente
quebrada e parcialmente mudada pela vinda de Cristo, porque, a parede divisória da
hostilidade sendo destruída e os filhos por natureza sendo por fim deserdados, Abraão
começou a ter uma raça associada a si, de todas as regiões do mundo.
Para ser o seu Deus e o Deus de seus descendentes depois de você. A aliança era
espiritual, não confirmada só em referência à vida presente, mas da qual Abraão poderia
conceber a esperança da salvação eterna de maneira que, sendo elevado ao céu, ele poderia
se apegar à felicidade sólida e perfeita. Para aqueles a quem Deus adota para si, vendo que
ele os torna participantes de sua justiça e de todas as coisas boas, ele também os constitui
herdeiros da vida celestial. A parte principal da aliança é aquela que é o Deus dos vivos,
não dos mortos, que promete ser Deus para os filhos de Abraão. Depois, no caminho do
aumento da concessão, ele prometeu dar-lhes a terra (v. 8). Algo maior e mais excelente do
que a terra de Canaã foi prefigurado, no entanto, isso não está em desacordo com a
afirmação de que a promessa feita agora era uma adesão àquela primária: eu serei o seu
Deus.
Embora Deus tenha afirmado que daria a terra para Abraão, este nunca teve domínio
sobre ela. Mas o santo homem estava contente com seu título, embora a posse dele não lhe
fosse concedida. Assim, ele calmamente passou de sua peregrinação terrestre para o céu.
Deus repetiu novamente que ele seria um Deus para a posteridade de Abraão, a fim de que
eles não se estabelecessem na terra, mas se considerassem treinados para coisas superiores.

Allen Ross15

Walter Brueggemann – A Bible commentary for teaching and preaching16

James Montgomery Boice17

H. C. Leupold18

15
ROSS, Allen. Creation and blessing: a guide to the study and exposition of Genesis. Grand Rapids: Baker
books, 1998.
16
BRUEGGMANN, Walter. Genesis: interpretation, a Bible commentary for preaching and teaching.
Louisville: John Knox press, 1982.
17
BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker books, 1998. v. 1.
18
LEUPOLD, H. C. Exposition of Genesis. Grand Rapids: Baker book house, 1942.
R. Kent Hughes19

James McKeown20

Claus Westermann21

Robert S. Candlish22

JPS Torah commentary23

The Genesis record24

19
HUGHES, R. Kent. Preaching the word: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2004.
20
MCKEOWN, James. Genesis. Grand Rapids: W. B. Eerdmans, 2008.
21
WESTERMANN, Claus. A continental commentary: Genesis 1-11. Minneapolis: Fortress, 1994.
22
CANDLISH, Robert S. The book of Genesis. Edinburgh: Adam and Charles Black, 1868.
23
SARNA, Nahum M. The JPS Torah commentary: Genesis. Philadelphia: The Jewish publication society,
1989.
24
MORRIS, Henry M. The Genesis record: a scientific and devotional commentary on the book of
beginnings. Grand Rapids: Baker books house, 1976.
A

U. Cassuto25

D. Stuart Briscoe – the preacher’s commentary26

The anchor Yale Bible27

25
CASSUTO, U. A commentary on the book of Genesis: Genesis 1-6. Jerusalem: The Magnes press, 1998.
26
BRISCOE, D. Stuart. The preacher’s commentary: Genesis. Nashville: Thomas Nelson publishers, 1987.
27
SPEISER, E. A. The anchor Yale Bible: Genesis. London: Yale University press, 2008.

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