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1-8
Bruce K. Waltke4
1
WENHAM, G. J. Word Biblical Commentary: Genesis 1-15, vol. 1. Dallas: Word, Incorporated, 2002.
2
HAMILTON, Victor P. The New International commentary on the Old Testament: Genesis 1-17. Grand
Rapids: W. B. Eerdmans, 1990.
3
MATTHEWS, Kenneth A. The new american commentary: Genesis 1-11.26. Broadman press: Nashville,
Tennessee: 1996. v. 1.
4
FREDERICKS, Cathi; WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Gênesis. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010.
Estrutura e enredo
Nesta cena de diálogo pactual entre Deus e Abraão, Yahweh renova suas promessas
a Abraão. Deus, ator primário da narrativa de Abraão e aquele que supriria as promessas
sobrenaturais, exerce um papel mais relevante no diálogo. Segundo Sarna, há aqui uma
estrutura alternante:
A1 Abraão, progenitor de numerosas nações e reis; seu nome é mudado (Gn 17.1-8)
B1 Estabelece-se a lei da circuncisão (Gn 17.9-14)
A2 Sara, progenitora de numerosas nações e reis; seu nome é mudado (Gn 17.15-22)
B2 A lei da circuncisão efetuada (Gn 17.23-27)
Palavras-chave
pactual: a palavra aliança (tyrIB. – beriyt), que ocorre mais de doze vezes, nove vezes
como minha aliança; e o verbo hebraico dar (!t;n" – natan), traduzido como confirmar
(Gn 17.2), constituí/farei (Gn 17.5, 7, 20) e darei (Gn 17.8, 16).
Dando nome
(v. 1) noventa e nove (cf. Análise literária: omissão, dupla face e inclusão). Ismael,
com a idade de doze ou treze anos, está ingressando na fase viril (cf. Gn 16.16). Deus
deixaria claro a Abraão que Ismael não é o portador da bênção.
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FREDERICKS, Cathi; WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Gênesis. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010. p. 316.
bem junto a si [...]”6. Tal ordem significativa é mais tarde reiterada aos reis de Israel, a
saber, Salomão (I Rs 9.4-5) e Ezequias (II Rs 20.3). Um padrão tão elevado é apropriado a
Abraão, que virá a ser pai de reis (cf. Gn 24.40; 48.15).
Íntegro. O termo hebraico significa perfeição de relacionamento e integridade, não
sem pecado (cf. Gn 6.9).
(v. 2) Confirmarei. Uma tradução mais adequada é para que eu possa dar. Mesmo
Abraão sendo responsável por andar na companhia de Deus e abster-se do pecado, a aliança
ainda é inteiramente dom de Deus.
Minha aliança. As três divisões da aliança – da minha parte (Gn 17.4, 8); de sua
parte (Gn 17.9-14); da parte de Sara (Gn 17.15-16) – reconhecem as obrigações de todos
os parceiros. Deus promete comprometimento a Abraão e à descendência dele (Gn 17.4-8,
15-16); eles seguem os mandamentos de Deus (Gn 17.9-14). Tal parceria depende sempre
da presença e provisão divinas.
(v. 3) Abraão prostrou-se, rosto em terra. Este é um ato típico de culto (Lv 9.24; Js
5.14; Ez 1.28).
(v. 4) De minha parte. Tal fórmula marca a primeira divisão das obrigações
pactuais: responsabilidades de Deus.
(v. 5) Abrão [...] Abraão (cf. Gn 11.26). Seu nome anterior expressava a nobreza de
seu Deus, da nobreza de seus ancestrais ou da eminência pessoal. O novo nome expressa a
prole numerosa dele. Este é o nome que Deus fará grande (Gn 12.2). Abrão, composto por
b.a; (av – pai) e ~r" (ram – ser alto), significa pai exaltado, uma referência a Deus, a
Tera ou a ele próprio. O novo nome, Abraão, por meio de um jogo de palavras, de b.a;
(av – pai) e ~x' (ham; hamon, multidão), soa como pai de uma multidão. Embora tal
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FREDERICKS, Cathi; WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento: Gênesis. São Paulo:
Cultura Cristã, 2010. p. 316.
etimologia seja discutível, é assim que o texto explica o nome dele: [já que lhe farei] o pai
(v. 7) Aliança eterna (cf. Gn 12.3; 15.5). A aliança divina dura para sempre, já que
Deus é fiel e não sofre qualquer mudança (cf. reflexões teológicas).
Entre mim e você e seus descendentes. Tal formulação legal garante que, na morte
do proprietário, a terra será passada para a geração seguinte em caráter perpétuo.
Para ser o seu Deus. Este é o cerne da aliança, que garante que Deus protegerá seu
povo e o proverá com vida e prosperidade (cf. Gn 17.8; Jr 24.7; 31.33; Ez 34.30-31; Os 2.1;
Zc 8.8).
(v. 8) Terra [...] possessão eterna (cf. Gn 13.15). Mais tarde, esta dádiva de uma
aliança infindável (Deus, semente, terra) será, segundo Roop, uma afirmação crucial para
Israel no tempo do exílio na Babilônia, capacitando-o a esperar pelo futuro.
Canaã (cf; Gn 12.1, 7; 13.15; 15.18; referentes à terra prometida).
Tal abertura não é transação mútua. Trata-se das condições pelas quais Deus pode
dar, em vez de receber, tudo que deseja. O verso 2 começa, literalmente com para que eu
dê ou conceda, porque Deus não quer relações distantes, nem corações divididos (sê
perfeito).
7
WALTON, John. The NIV application commentary: Genesis. Grand Rapids: Zondervan, 2009.
8
KIDNER, Derek. Gênesis: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2008.
Um nome especial de cada parte interessada (v. 1, 5) assinala a ocasião, assim como,
posteriormente, um desdobramento do nome de Yahweh comemoraria o encontro junto à
sarça ardente (Êx 3.14; 6.3). Deus todo-poderoso é a tradução de El Shaddai, como a LXX
entende. A análise tradicional do nome é Deus (’el) que (sha-) é suficiente (day). W. F.
Albright identifica Shaddai com montanha (cf. o termo rocha, usado comumente no Antigo
Testamento com referência a Deus), mas não há acordo universal. Melhor guia é o estudo
do seu uso, que confirma a ênfase costumeira ao poder, particularmente em contraste com a
fragilidade do homem (é título favorito em Jó). Em Gênesis, tende a combinar a situações
em que os servos de Deus estão deprimidos e necessitados de restabelecimento da certeza.
O prostrar-se de Abrão diante de Deus (v. 3; cf. v. 11), em contraste com a
arrogância de Adão, reconheceu a condição básica senhor-servo da aliança. Isso fez a
questão lançar raízes na verdade; em um solo assim, o relacionamento poderia crescer até
atingir sua plena estatura na categoria de amizade (Tg 2.23).
9
SAILHAMER, John H. In: GAEBELEIN, Frank E. The expositor’s Bible commentary: Genesis, Exodus,
Leviticus, Numbers. Grand Rapids: Zondervan, 1990. v. 2.
A
John Calvin10
Gênesis 17
(v. 1) Moisés pula mais de treze anos da vida de Abrão, não porque não houve algo
digno de lembrança, mas porque o Espírito de Deus, segundo sua vontade, seleciona as
coisas que são mais importantes. Ele propositadamente aponta o período de tempo que
havia decorrido desde o nascimento de Ismael até o período em que Isaque foi prometido,
com o propósito de ensinar ao leitor que Abrão permaneceu satisfeito com aquele filho que
viria a ser rejeitado, e que ele era como alguém iludido por uma aparência falaciosa,
conforme afirma Calvino:
Abrão, estando contente com seu único filho, deixou de desejar qualquer outra
semente. A falta de descendência o havia levado a orações e suspiros constantes,
pois a promessa de Deus estava tão fixada em sua mente que ele foi levado
ardentemente a buscar o cumprimento dela. Mas agora, falsamente supondo que
ele tinha obtido seu desejo, ele foi afastado pela presença de seu filho de acordo
com a carne da expectativa de uma semente espiritual. Mais uma vez a
maravilhosa bondade de Deus se mostra, em que o próprio Abrão foi elevado,
além de sua própria expectativa e desejo, para uma nova esperança e, de repente,
ele ouviu que o que nunca lhe veio à mente pedir foi concedido a ele. Se ele
estivesse oferecendo diariamente orações importunas por essa bênção, não
veríamos tão claramente que ela foi conferida a ele pelo dom gratuito de Deus,
como quando foi dada a ele sem que ele pensasse ou desejasse [...]11
Segundo Moisés, o senhor apareceu a Abrão. Com isso, ele quer dizer que o oráculo
não foi pronunciado por revelação secreta, mas que uma visão ao mesmo tempo foi
acrescentada a ele. Além disso, a visão não estava sem palavras, mas tinha palavra anexada,
da qual a fé de Abrão poderia receber lucro. Deus entrou em aliança com Abrão, desdobrou
a natureza da aliança em si e colocou um selo sobre ela, com atestados de
acompanhamento.
10
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001.
11
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 161.
Minha tradução.
Eu sou o Deus todo-poderoso. O substantivo hebraico El, derivado da palavra para
poder, é aqui usado para Deus. A mesma observação se aplica à palavra de
acompanhamento shaddai, todo-poderoso, como se Deus declarasse ter poder suficiente
para proteger Abrão. “[...] Nossa fé só pode permanecer firme enquanto estamos certamente
persuadidos de que a defesa de Deus é, por si só, suficiente para nós e podemos
sinceramente desprezar tudo no mundo que é contrário à nossa salvação [...]” 12. Deus não se
vangloria do poder oculto em si, mas daquilo que ele manifesta para seus filhos. Ele fez
isso nesta ocasião, a fim de que Abrão pudesse ter confiança. Assim, nestas palavras, uma
promessa é incluída.
Ande diante de mim. Ao fazer o pacto, Deus estipula a obediência por parte de seu
servo. No entanto, ele não prefixou em vão a declaração de que ele é o Deus todo-poderoso
e é equipado com poder para ajudar seu próprio povo, porque era necessário que Abrão
fosse chamado por todos os outros meios de ajuda, a fim de que ele se dedicasse
inteiramente a Deus. “[...] ninguém jamais se entregará a Deus, senão aquele que mantém
as coisas criadas em seu devido lugar e olha somente para Deus. Onde, de fato, o poder de
Deus já foi reconhecido, deve-se então transportar-nos com admiração, e nossa mente deve
ser tão cheia de reverência por ele, que nada nos impedirá de adorá-lo [...]” 13. Além disso,
devido os olhos de Deus buscarem fé e verdade no coração, Abrão foi ordenado a ser cheio
de integridade (sê inculpável). Os judeus o chamam de homem de perfeições, que não tem
uma mente enganosa ou dupla, mas cultiva sinceramente a retidão. Aqui, a integridade é
oposta à hipocrisia. Certamente, ao lidar com Deus, nenhum lugar para dissimulação
permanece. Com tais palavras, é possível aprender com qual fim Deus reúne para si uma
igreja: aqueles a quem ele chamou podem ser santos. O fundamento do chamado divino é
uma promessa gratuita, mas aquele a quem Deus escolheu como povo peculiar para si, deve
devotar-se à justiça de Deus. Nesta condição, ele adota as crianças como suas, para que
possa, em troca, obter o lugar e a honra de um pai. Como ele não pode mentir, ele exige a
fidelidade mútua de seus filhos. Deus se manifesta aos fiéis para que eles possam viver à
vista dele e possam torná-lo árbitro não apenas dos atos deles, mas, também, dos
12
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 162.
Minha tradução.
13
CALVIN, John. The crossway classic commentaries: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2001. p. 162.
Minha tradução.
pensamentos deles. Daí, infere-se que não há outro meio de viver piedosa e justamente,
senão que dependendo de Deus.
(v. 2) Deus agora começou mais completa e abundantemente a explicar o que ele
tinha antes mencionado brevemente. Sua aliança com Abrão tinha duas partes (v. 1). A
primeira foi uma declaração de amor gratuito, que foi anexada à promessa de uma vida
feliz. A outro era uma exortação a um esforço sincero de cultivar a retidão, já que Deus deu
em uma única palavra um ligeiro gosto de sua graça e foi ao desígnio de tal chamado, a
saber, que Abrão deveria ser justo.
Ele agora amplia a declaração de sua graça, de maneira que Abrão se esforçaria
mais para formar sua mente e vida para reverenciar a Deus e cultivar a retidão. É como se
Deus dissesse: veja quão gentilmente eu te favoreço, não exijo integridade de você só por
causa da minha autoridade, o que eu poderia fazer justamente. Em vez disso, mesmo eu
não lhe devendo nada, eu me envolvo graciosamente em uma aliança mútua. Ele não falou
algo novo, mas lembrou-o da aliança que havia feito antes e que agora confirmou e
estabeleceu completamente. Deus não costuma proferir novos oráculos que destroem o
crédito, obscurecem a luz ou enfraquecem a eficácia daqueles que precederam. Antes, ele
continua, como em um tenor perpétuo, aquelas promessas que já deu. Assim, por tais
palavras, ele pretendia que a aliança que Abrão tinha ouvido antes deveria ser estabelecida
e ratificada. Mas ele introduziu aquele ponto principal sobre a multiplicação das sementes,
que ele vem repetir com frequência.
(v. 3) Esse foi o antigo rito de adoração. Além disso, Abrão testificou, primeiro, que
ele reconheceu Deus, em cuja presença toda a carne deve manter silêncio e ser humilhada,
e, em segundo lugar, que ele reverentemente recebeu e cordialmente abraçou tudo o que
Deus estava prestes a falar.
(v. 4) Deus declarou que ele era o orador, a fim de que a autoridade absoluta
aparecesse em suas palavras. “[...] Uma vez que nossa fé não pode repousar sobre nenhum
outro fundamento além de sua eterna veracidade, torna-se, acima de tudo, necessário que
sejamos informados de que o que nos é proposto procede de sua boca sagrada”14.
Você será o pai de muitas nações. O que é essa multidão de nações? Obviamente,
parece que diferentes nações tiveram sua origem no santo patriarca. Ismael cresceu e se
tornou um grande povo. Os idumeus, de outro ramo, estavam espalhados por toda parte.
Grandes famílias surgiram dos filhos de Abrão com Quetura. Mas Moisés olhou ainda mais
além, porque os gentios seriam, pela fé, inseridos no tronco de Abrão, embora não
descendessem dele segundo a carne. Paulo é intérprete fiel e testemunha disso. Ele não
reúne os árabes, idumeus e outros com o propósito de fazer de Abrão o pai de muitas
nações, mas estende o nome do pai para torná-lo aplicável ao mundo inteiro, a fim de que
os gentios, em outros aspectos estranhos e separados uns dos outros, possam de todos os
lados combinarem em uma família de Abrão.
Allen Ross15
H. C. Leupold18
15
ROSS, Allen. Creation and blessing: a guide to the study and exposition of Genesis. Grand Rapids: Baker
books, 1998.
16
BRUEGGMANN, Walter. Genesis: interpretation, a Bible commentary for preaching and teaching.
Louisville: John Knox press, 1982.
17
BOICE, James Montgomery. Genesis: an expositional commentary. Grand Rapids: Baker books, 1998. v. 1.
18
LEUPOLD, H. C. Exposition of Genesis. Grand Rapids: Baker book house, 1942.
R. Kent Hughes19
James McKeown20
Claus Westermann21
Robert S. Candlish22
19
HUGHES, R. Kent. Preaching the word: Genesis. Wheaton: Crossway books, 2004.
20
MCKEOWN, James. Genesis. Grand Rapids: W. B. Eerdmans, 2008.
21
WESTERMANN, Claus. A continental commentary: Genesis 1-11. Minneapolis: Fortress, 1994.
22
CANDLISH, Robert S. The book of Genesis. Edinburgh: Adam and Charles Black, 1868.
23
SARNA, Nahum M. The JPS Torah commentary: Genesis. Philadelphia: The Jewish publication society,
1989.
24
MORRIS, Henry M. The Genesis record: a scientific and devotional commentary on the book of
beginnings. Grand Rapids: Baker books house, 1976.
A
U. Cassuto25
25
CASSUTO, U. A commentary on the book of Genesis: Genesis 1-6. Jerusalem: The Magnes press, 1998.
26
BRISCOE, D. Stuart. The preacher’s commentary: Genesis. Nashville: Thomas Nelson publishers, 1987.
27
SPEISER, E. A. The anchor Yale Bible: Genesis. London: Yale University press, 2008.