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Introdução á Analítica do Belo: o Belo não é um conceito e

o sentimento do belo é intuitivo


O pensamento estético kantiano aponta o que é belo como uma questão de
gosto: o Juízo de gosto é estético (KANT, Immanuel 2002). Com efeito, o que é
belo possui estrita relação com o sujeito e não é conceitual (pois, do contrário,
seria possível deduzir o que seria o belo). Enquanto que a razão (no sentido de
pensar os objetos) distingue os objetos através dos conceitos, o belo possui
relação inequívoca de totalidade com o sujeito, só é belo enquanto se relacionar
com o sujeito. Possui um valor de sentimento, ou seja, possui um valor subjetivo
e não objetivo, pois o elemento primordial para o juízo estético está no sujeito
não sendo assim uma propriedade, portanto, do objeto.

O uso da razão (enquanto ideação, definição) se faz através de conceitos. Ao


imaginar determinado se faz através de conceitos; ao informar o que é
determinado objeto, se conceitua este objeto. O conteúdo das idéias (enquanto
operação mental) são conceitos. Os conceitos (segundo a variedade de idéias)
se associam, mesclam, se ordenam e, por fim, dissociam-se. A natureza das
idéias é um ordenamento de conceitos que possuem em seu conteúdo
significados implícitos e às vezes misteriosos correlacionados com as
representações, não sendo possível diferenciar esses significados
introspectivamente: todo o conteúdo das idéias enquanto operação mental é
conceitual[1]. Sendo assim, o conteúdo dos conceitos são outros conceitos,
podendo se subtrair a partir de uma generalização fruto da abstração até o
“átomo lingüístico” [2] que devido ser abstraído do real se inicia a partir do real.

A intuição, por outro lado, não lida diretamente com conceitos, pois não os
mesclam e não os dissociam, possui uma intuição do todo, da totalidade (que no
juízo de gosto se evidencia no juízo reflexivo da forma em uma regularidade do
objeto a partir de um princípio a que Kant chama de conformidade a fins –
zweckmässiegkeit) enquanto que, por outro lado, a conceituação matematiza,
associa e dissocia. A intuição é sentir e sentir em sua mais pura significação é
ter ou tomar consciência de maneira total, imediata.

Com efeito, tomar consciência de si se faz de maneira aperceptiva, ou seja, se


tem consciência que se tem consciência. Mas isto também é conceituação da
consciência. Sentir o belo se faz de maneira imediata sem se ter um juízo
racional do quê torna algo belo, se sente que é belo; se sabe o que é belo, mas,
explicar o porquê que é belo reduz ou divide a totalidade do belo.
A apreensão da arte se faz de maneira total; isto é, o sentimento que se
instaura não é proporcional ao objeto-artístico material enquanto quantidade,
mas em qualidade. Sendo assim, a razão intuitiva do sujeito apreende
totalmente o objeto artístico enquanto qualidade artística – enquanto objeto
artístico. A contemplação apreende totalmente o objeto[3] artístico e o
sentimento é pleno. Quando o sujeito contempla, mesmo que o objeto artístico
esteja incompleto, o sentimento do sujeito frente ao objeto artístico se faz
pleno, (mesmo que provisório, pois não foram esgotadas todas as possibilidades
de sentimento). No entanto, esta plenitude se trata estritamente de
temporalidade, não cessando qualquer outra possibilidade de sentir, porque o
objeto artístico “é” de forma transcendental (com relação ao Juízo de gosto
pertencente a todos os indivíduos). Com efeito, quando se ouve apenas o quarto
movimento da sinfonia de Beethoven, mesmo que não se ouça a sinfonia
completamente, porém apenas com a audição do quarto movimento há o
sentimento da obra plenamente; dessa forma, se explícita de que a obra de arte
é enquanto é para o sujeito, sendo assim desproporcional (desproporção
sensível) quanto ao sentimento que pode despertar no sujeito. De forma
correspondente, quando o objeto artístico ainda é virtual, ou seja, está em
estágio de “pré-arte” no “mundo artístico” do sujeito, a potência artística ou
sentimento artístico já existe plenamente no indivíduo; a arte já existe em ato,
todavia o objeto artístico apenas existe em potência.

Tendo em vista que qualquer conceituação da arte se faz de maneira redutora e


enseja também que seria possível “demonstrar” o que é belo em razão da
conceituação; nossa análise se fará de maneira a entender de maneira não
reduzida a relação da arte com o sujeito.

1 - O Juízo de gosto é estético

Um objeto é belo enquanto não o entendemos como belo, ou seja, não usamos
da faculdade conhecimento para determinarmos o objeto, para o conhecermos,
ou seja, o objeto não possui validade lógica; sabemos que o objeto é belo se nos
afeta. Dessa forma, o juízo de gosto não é ligado pelas faculdades cognoscitivas
que apreendem o objeto em seu sentido estritamente objetivo, não sabemos se
o objeto é belo de forma objetiva, sabemos, porém, se é belo se é determinado
pela própria subjetividade. Quando se afirma que determinado objeto é belo ou
não, está em vigência o Juízo de gosto; este juízo de gosto não se refere ao
objeto enquanto objetividade, em sua validade lógica, mas se é belo o critério
deve ser subjetivo (no entanto deve possuir o caráter de intersubjetividade),
sendo assim, é ligado à sensação de complacência.
O Juízo de gosto é dissociado do juízo de conhecimento, no entanto este juízo é
produto da harmonia em jogo livre das faculdades de conhecimento e da
imaginação, isto é, não é apresentada (devido a conformidade a fins sem fim)
uma conformidade reguladora ao sujeito. Quando se fala da beleza de
determinado objeto se está levando em conta o afetamento que este objeto
causa no sujeito, pois o objeto “toca” o sujeito de modo a lhe dar prazer. Não
obstante, o objeto não tem nenhum valor artístico, não possui nenhum valor per
se artístico. Não se pode afirmar que algo é belo se não se faz um juízo sobre
ele, portanto, o que dirá se é belo é juízo de gosto, pois o objeto em si não
possui nenhum valor de beleza, é apenas mais um objeto, com efeito, o juízo de
gosto é ligado ao sentimento.

Enquanto o equipamento mental tende a conhecer os objetos da experiência de


modo a aplicar categorias a estes objetos[4], a faculdade de imaginação e a
faculdade de entendimento se harmonizam em prol do Juízo de gosto. A mente
humana opera com conceitos que guardam intrinsecamente – e aqui de forma
diversa, e por motivos de contribuição – o rigor das categorias de pensamento,
destarte, só haverá operação com dados e inclusive conceitos respeitando as
categorias do pensamento que são indispensáveis para a apreensão do conceito
e, sobretudo, para a lida com os mesmos. Dessa forma, a mente tende (segundo
Kant) a colocar ordem no mundo caótico. Vejamos segundo Howard Gardner o
que são estas categorias:

Muito além das propriedades imanentes de espaço e tempo, nossa


compreensão aplica um conjunto que Kant (seguindo Aristóteles)
chamou de “categoria do pensamento”. Estes conceitos
elementares da compreensão pura – tais como quantidade
(unidade, pluralidade e totalidade); qualidade (realidade, negação
e limitação); relação (substância e acaso, causa e efeito e
reciprocidade); modalidade (possibilidade, existência e
necessidade) – constitui o equipamento mental, os conceitos
sintetizadores puros dos quais a compreensão humana é dotada.
Somente eles permitem ao indivíduo ver algum significado nas
suas experiências. (KANT apud GARDNER, Howard 2003, pág. 72.).

As faculdades de imaginação e entendimento tendem a se harmonizar em uma


relação que se expressa em um acordo subjetivo no Juízo de gosto e assim
proporciona o caráter de universalidade. O caráter de universalidade do Juízo de
gosto significa que outros sujeitos compartilharão (mesmo que não todos os
indivíduos) de um Juízo de gosto semelhante, isto é, o Juízo de gosto se trata de
uma característica inerente aos indivíduos existentes. O Juízo de gosto possui
este caráter de universalidade, porquanto se trata de uma associação, aliás,
melhor dizendo, de uma relação subjetiva da faculdade de imaginação em jogo
livre (podemos dizer também “avivada”) e da faculdade de entendimento no
Juízo de gosto da qual não há nenhuma concordância objetiva. Vejamos o que
Kant nos diz sobre esta questão:

A comunicabilidade universal subjetiva do modo de representação


em um juízo de gosto, visto que ela deve ocorrer sem pressupor
um conceito determinado, não pode ser outra coisa senão o estado
de ânimo no jogo livre da faculdade de imaginação e do
entendimento (na medida em que concordam entre si, como é
requerido para um conhecimento em geral), enquanto somos
conscientes de que esta relação subjetiva, conveniente ao
conhecimento tem de valer também para todos. (KANT,
IMMANUEL. Crítica da Faculdade do Juízo 2002, pag. 62.).

Com efeito, o juízo de gosto possui o caráter de intersubjetividade, ou seja,


possui um caráter de concordância quanto à consciência[5] (aqui no sentido de
ter consciência de algo) dos indivíduos, pois se trata de um juízo comum aos
indivíduos, havendo, portanto, concordância quanto ao julgamento do belo, isto
é, havendo um “senso comunitário” - “sensus communis” (CENCI. V. Angelo
2000) O objeto é aprendido em conformação das faculdades de conhecimento e
da faculdade da imaginação, dessa forma o objeto é aprendido enquanto
representação de suas formas sem nenhum conceito. Para Kant, de forma
diversa a sua Crítica da Razão Pura em que na representação dos objetos a
forma a priori de espaço e tempo constitui a condição sem a qual não é possível
conhecer os objetos da experiência, possibilitando conhecer apenas o fenômeno
e não sendo possível conhecer a coisa-em-si. Na Crítica da Faculdade do Juízo,
por outro lado, o elemento subjetivo na representação dos objetos é o
sentimento de prazer e desprazer que são unidos na representação. Este
sentimento de prazer e desprazer possui como já apontado, um fundamento
subjetivo, pois o objeto per se só não possui propriedade. Sendo assim, o
fundamento de prazer e desprazer é universal e pertencendo a todos os
indivíduos “julgadores do belo” o que possibilita que o juízo de gosto também
tenha uma validade universal. Kant nos diz que o sentimento pelo o qual há o
juízo de gosto deve ser de validade universal (pertencendo, portanto, a todos os
indivíduos que julgam) e ligado com a representação do sentimento determinado
(prazer ou desprazer) deve ser “como se fosse um predicado ligado a um
conhecimento do objeto” (IMMANUEL, Kant apud CENCI V. Angelo 2000). Sendo
assim, há a correlação da representação do objeto ao sentimento de prazer e
desprazer comum a todos os indivíduos julgadores.

1.2 - Conformidades a fins?

O juízo reflexionante é o juízo que possibilita pensar o particular como contido


no universal. Este juízo possibilita encontrar a identidade do particular no
universal quando apenas o particular é dado através do princípio de
conformidade a fins - zweckmässigkeit - (princípio a priori), criando um fim sem
fim ao que é representado. Este princípio na Crítica da Faculdade do Juízo de
Kant é o que possibilita uma apreensão do todo. O Juízo reflexionante possibilita
através da conformidade a fins dá um sentido de todo no “todo” ao objeto, isto
é, imprime uma regra á multiplicidade da natureza. Com efeito, este Juízo é, por
assim dizer, o facilitador do Juízo de gosto por esse se basear no prazer e
desprazer, pois propicia o sentido de “todo” na natureza e um fim sem fim a
representação.

O princípio de conformidade a fins tende a dar regularidade ao particular


desordenado, porquanto o particular é contingente e irregular, mas a razão
através de suas faculdades “exige” regularidade, unidade e legalidade que
através do princípio de conformidade a fins é proporcionada esta legalidade e
ordem ao particular no conhecimento empírico. Diante disso, a possibilidade das
partes é identificada com o todo no princípio de conformidades a fins, isto é, a
representação de totalidade na natureza se dá através de um entendimento
intuitivo que proporciona uma representação do todo e a identificação da parte
para com o fim do todo. É somente através do princípio da conformidade a fins
no Juízo reflexionante que é possível o Juízo de gosto, pois somente a simples
forma do objeto em sua representação da conformidade a fins pode constituir a
complacência.

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