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CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM MANUTENÇÃO INDUSTRIAL

EDILSON PEIXOTO SOBRINHO

INSPEÇÃO EM TURBINAS A GÁS COM O USO DO BOROSCÓPIO

Campos dos Goytacazes/RJ


2013
EDILSON PEIXOTO SOBRINHO

INSPEÇÃO EM TURBINAS A GÁS COM O USO DO BOROSCÓPIO

Monografia apresentada ao Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense como
requisito parcial para conclusão do Curso Superior
de Tecnologia em Manutenção Industrial.

Orientador:
Prof. Flávio Nassur Espinosa M. Sc.

Campos dos Goytacazes /RJ


2013

II
EDILSON PEIXOTO SOBRINHO

MANUTENÇÃO EM TURBINAS A GÁS COM O USO DO BOROSCÓPIO

Monografia apresentada ao Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense como
requisito parcial para conclusão do Curso Superior
de Tecnologia em Manutenção Industrial.

Orientador:
Prof. Flávio Nassur Espinosa M. Sc.

Aprovada em 21 de Maio de 2013

Banca avaliadora:

.........................................................................................................................................................
Professor: Flávio Nassur Espinosa M. Sc. (Orientador)

..........................................................................................................................................................
Professor: Silas das Dores de Alvarenga – Especialista

..........................................................................................................................................................
Professor: Alberto Luiz de Luna Arruda - Especialista

III
AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que permitiram a concretização dessa etapa na minha vida,


principalmente a meus pais, Amaro Antonio (Sr Bazinho) e Zenita Peixoto, que, quando vivos me
ensinaram a sempre estudar e seguir um caminho certo na vida. Agradeço também aos meus
irmãos Elenilson e Eliane, que sempre são exemplos de irmandade e profissionalismo. À minha
esposa Heloisa, que sempre está ao meu lado me apoiando e incentivando a não desistir diante
das barreiras impostas pela vida. A todos os professores do IFF Campos, por procurarem passar
seus conhecimentos aos seus alunos. Aos colegas de turma que sempre me ajudaram, passando as
matérias que eu perdia devido ao meu trabalho Off Shore. Muito grato a todos.

IV
RESUMO

Este trabalho descreve a aplicação da inspeção com o boroscópio, ou videoscópio em


componentes críticos internos das turbinas a gás. Este procedimento de inspeção é adequado à
verificação de toda a trajetória do gás no interior da turbina, desde o compressor, passando pelas
câmaras de combustão, turbinas geradoras de gás, até as turbinas de potência e descarga, com o
objetivo de detectar sinais precoces de problemas em desenvolvimento, assim como diagnosticar
sintomas de possíveis falhas. Em sua revisão bibliográfica descreve os tipos de manutenção, as
partes principais das turbinas a gás e seu funcionamento, os variados tipos de equipamentos de
boroscopia atualmente existentes no mercado. O estudo de caso ilustra os tipos de anormalidades
possíveis de serem encontradas na inspeção boroscópica em turbinas a gás.

Palavras-chave: Boroscopia. Videoscopia. Manutenção. Turbinas a gás.

V
ABSTRACT

This paper describes the application of the borescope inspection or videoscope on critical
internal components of gas turbines. This inspection procedure is suitable to the verification of
the entire trajectory of the gas inside the turbine, from the compressor, through the combustion
chambers, gas generator turbine, power turbine and gas exhaust, with the objective of detecting
early signs of developing problems and diagnose symptoms of possible failures. The
bibliographic review describes the types of maintenance, the main parts of gas turbines and its
functioning principles, the various types of borescope equipment available today. The case study
illustrates the types of abnormalities likely to be found during borescope inspection inside in gas
turbine.

Keywords: borescope. Videoscope. Maintenance. Gas turbine

VI
SUMÁRIO

LISTA DE SIGLAS E TERMOS..................................................................................................X


LISTA DE FIGURAS..................................................................................................................XI

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................01

2. TIPOS DE MANUTENÇÕES.................................................................................................03
2.1 – História da manutenção ......................................................................................................03
2.2 – Manutenção corretiva..........................................................................................................04
2.3 – Manutenção preventiva.......................................................................................................04
2.4 – Manutenção preditiva..........................................................................................................05
2.5 – Benefícios da manutenção preditiva....................................................................................06

3. – TURBINA A GÁS................................................................................................................10
3.1– Histórico...............................................................................................................................10
3.1– Partes principais de uma turbina a gás..................................................................................12
3.2.1 – Turbina.............................................................................................................................12
3.2.2 – Admissão de ar.................................................................................................................12
3.2.3 – Compressor de ar..............................................................................................................12
3.2.4 – Difusor de descarga do compressor axial.........................................................................15
3.2.5 – Câmara de combustão.......................................................................................................15
3.2.6 – Turbina geradora de gás...................................................................................................16
3.2.7 – Turbina de potência..........................................................................................................17
3.2.8 – Exaustão dos gases...........................................................................................................17
3.2.9 – Coletor de exaustão..........................................................................................................17
3.3 – O processo de fluxo de ar no interior da turbina.................................................................19

4.0 – INSPEÇÃO BOROSCÓPICA.............................................................................................22


4.1 – Boroscópios.........................................................................................................................22
4.2 – Fibroscópios........................................................................................................................23

VII
4.3 – Videoscópios.......................................................................................................................24
4.4 – Benefícios da inspeção boroscópica...................................................................................28
4.5 – Aplicações da inspeção........................................................................................................28
4.6 – Laudos errados que uma inspeção causa.............................................................................28
4.7 – Cuidados e precauções na inspeção.....................................................................................29
4.8 – Características técnicas essenciais na especificação dos videoscópios...............................29

5.0 – O USO DA BOROSCOPIA EM TURBINAS A GÁS.......................................................30

6.0 – TIPOS DE ANORMALIDADES ENCONTRADAS EM TURBINAS A GÁS................32


6.1 – Dent ....................................................................................................................................32
6.2 – Nick.....................................................................................................................................33
6.3 – Tip curl................................................................................................................................34
6.4 – Carbonização.......................................................................................................................35
6.5 – Trincas.................................................................................................................................36
6.6 – Perda de material.................................................................................................................36
6.7 – Corrosão (por oxidação)......................................................................................................37
6.8 – Perda de revestimento..........................................................................................................39
6.9 – Sulfidação (corrosão a quente)............................................................................................40
6.10 – Erosão térmica...................................................................................................................42

7.0 – PONTOS DE BOROSCOPIA EM UMA TURBINA A GÁS............................................43

8.0 – CONCLUSÃO.....................................................................................................................44

BIBLIOGRAFIA..........................................................................................................................45

VIII
LISTA DE SIGLAS E TERMOS

GG – Geradora de gás
PT – Turbina de potência
NOZZLES – São as palhetas estatoras da parte quente da turbina.
BLADES – São as palhetas rotoras da parte fria da turbina (compressor axial).
VANES – São as palhetas estatoras da parte fria da turbina (compressor axial).
PDC – Pressão de descarga do compressor
DENT – Endentação na superfície de um componente.
FOD – É a abreviação em inglês do termo "Foreign Object Damage". Sua tradução fica
Danificação por objeto estranho.
SULFIDATION – Sulfetação ou Sulfuração.
SPREAD – Diferença entre valores ou medidas.

IX
LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. Frank White demonstrando sua primeira turbina a gás............................................11


FIGURA 2. Conjunto rotor do compressor axial de uma turbina Alstom ...................................14
FIGURA 3. O caminho do ar pelo compressor axial de uma turbina a gás.................................14
FIGURA4. Uma turbina em corte mostrando a região do difusor e as câmaras de combustão..16
FIGURA 5. Seções de uma turbina a gás para uso aeronáutico...................................................18
FIGURA 6. Seções da turbina a gás do fabricante Solar modelo Mars de uso industrial............18
FIGURA 7. A entrada e o fluxo de ar passando pelo compressor axial da turbina......................20
FIGURA 8. O ar saindo do compressor passando pelo difusor se misturando com o combustível
na câmara de combustão...............................................................................................................20
FIGURA 9. Exaustão dos gases para as rodas da geradora de gás e a turbina de potência ........21
FIGURA 10. Modelos de boroscópios ……………....................................................................23
FIGURA 11. Tipos de pontas dos boroscópios............................................................................23
FIGURA 12. Um Controle de fibroscópio...................................................................................23
FIGURA 13. Modelo de fibroscópio............................................................................................24
FIGURA 14. Videoscópio do fabricante Olympus modelo IPLEX FX.......................................24
FIGURA 15. Videoscópio do fabricante Olympus modelo IPLEX 20SA2R..............................25
FIGURA 16 Videoscópio do fabricante GE modelo XL GO.......................................................25
FIGURA 17- Videoscópio do fabricante Extech modelo HDV610.............................................26
FIGURA 18 - Videoscópio do fabricante Ridgid modelo micro CA-100....................................27
FIGURA 19. Tipos de pontas para videoscópios do fabricante Olympus....................................27
FIGURA 20. Técnico executando inspeção em uma turbina a gás com um fibroscópio.............30
FIGURA 21. Técnico executando inspeção em uma turbina a gás com um videoscópio............31
FIGURA 22. Palheta do compressor axial...................................................................................32
FIGURA 23. Palheta rotora do compressor axial.........................................................................33
FIGURA 24. Palheta do compressor axial com tip Curl..............................................................34
FIGURA 25. Ponta do bico injetor carbonizado..........................................................................35
FIGURA 26. Nozzles de uma GG carbonizadas..........................................................................35
FIGURA 27. Nozzles de uma GG sem carbonização..................................................................35

X
FIGURA 28. Nozzle com trinca...................................................................................................36
FIGURA 29. Câmara de combustão com trincas.........................................................................36
FIGURA 29. Palheta do compressor axial com tip Curl..............................................................36
FIGURA 30. Blade com perda de material.....................................................................................36
FIGURA 31. Blade. com perda de material....................................................................................36
FIGURA 32. Vanes do compressor ar..........................................................................................38
FIGURA 33. Difusor do compressor axial...................................................................................38
FIGURA 34. Nozzles de uma GG................................................................................................39
FIGURA 35. Blades de PT...........................................................................................................39
FIGURA 36. Blades de PT...........................................................................................................39
FIGURA 37. Vanes de um compressor........................................................................................39
FIGURA 38. Blades.....................................................................................................................41
FIGURA 39. Blades.....................................................................................................................41
FIGURA 40. Conjunto de Blades.................................................................................................41
FIGURA 41. Conjunto de Blades.................................................................................................41
FIGURA 42. Nozzles de GG com erosão térmica...... .....................................................................42
FIGURA 43. Blades de GG com erosão térmica..............................................................................42
FIGURA 44. Seção fria da turbina Solar Mars............................................................................43
FIGURA 45. Seção quente da turbina Solar Mars.......................................................................43

XI
1. - INTRODUÇÃO

1.1 - APRESENTAÇÃO

A inspeção por boroscopia, também conhecida como endoscopia, ou atualmente chamada


de videoscopia, tem os primeiros relatos em seres humanos. O primeiro relato de um exame de
endoscopia como conhecemos hoje, foi com um boroscópio de haste rígida, mais conhecido na
medicina como cistoscópio, que foi realizada pelo Professor Kussmaul de Freiburg em 1868. Em
equipamentos há relatos de inspeção por boroscopia no ano 1921. Neste ano a empresa Lenox
Instrument Company fabricou boroscópios rígidos para verificar possíveis falhas nos rotores das
turbinas do fabricante Westinghouse. Desde então a boroscopia vem se desenvolvendo em uso
industrial.
A inspeção por boroscopia faz parte do grupo de manutenção preditiva. Ela é uma técnica
de ensaio visual, onde se utiliza equipamentos especiais comercialmente chamados de
“boroscópios, fibroscópios ou videoscópios”. Eles permitem avaliar as condições internas de um
equipamento, com o mínimo de desmontagem requerida, portanto num curto espaço de tempo,
pode definir a continuidade operacional ou não deste equipamento. Nas turbinas a gás a inspeção
boroscópica tem o objetivo de monitorar o equipamento durante o período de sua vida útil, para
que o intervalo de manutenção programada (On-Condition) seja maior.

1.2 - OBJETIVOS

O objetivo desta monografia é descrever a aplicação da inspeção boroscópia em turbinas a


gás e seus diagnósticos, mostrando os benefícios que ela tem na manutenção destes
equipamentos.

1
1.3 - JUSTIFICATIVA

Este trabalho se justifica pela grande importância que este tipo de inspeção tem para a
avaliação das turbinas a gás. No caso especifico de plataformas de produção de óleo e gás, onde
são exigidos atributos de confiabilidade, disponibilidade e eficiência produtiva dos sistemas de
compressão de gás e geração de energia elétrica, a inspeção por boroscopia é extremamente
importante à operacionalidade das turbinas a gás com a necessária segurança e parâmetros de
desempenho. Além disso, há uma grande carência de bibliografia e de profissionais
especializados no assunto.

1.4 - METODOLOGIA

A metodologia usada é a dissertativa, a partir de exemplos de casos reais colhidos no


campo. O material de pesquisa foi obtido no manual dos fabricantes, apostilas de treinamentos,
relatórios de boroscopias realizadas durante a minha experiência profissional.

1.5 - ESTRUTURA DO TRABALHO

2° Capítulo: Descreve a história da manutenção, os seus tipos e os benefícios da


manutenção preditiva.
3° Capítulo: Aborda sobre as turbinas a gás, relatando a sua história, suas principais partes
e seu funcionamento.
4° Capítulo: Trata-se da inspeção por boroscopia, descrevendo sua finalidade, os tipos e
modelos de equipamentos e as áreas de atuação.
5° Capítulo: Relata o uso da boroscopia em turbinas a gás
6° Capítulo: Descreve as anormalidades que podem ser encontradas em inspeções
boroscópicas em turbinas a gás.
7° Capítulo: Mostra os pontos de acesso para se realizar a boroscopia em uma turbina a
gás do fabricante Solar Turbines modelo Mars.
8° Bibliografia: Constam os sites, manuais, livros e relatórios que serviram de pesquisa
para este trabalho.

2
2.0 - TIPOS DE MANUTENÇÕES:

2.1. HISTÓRIA DA MANUTENÇÃO:

A história da manutenção contemporânea, de uma forma geral, pode ser dividida em três
períodos distintos (MOUBRAY, 1997) e (KARDEC, 1998).

Primeiro período – Anterior à Segunda Guerra Mundial, denominado como manutenção


da primeira geração, onde a disponibilidade dos equipamentos e a preocupação pela prevenção
das falhas não era prioridade. Os equipamentos eram super dimensionados, os projetos eram
simples e o seu reparo de fácil execução sendo, portanto, mais confiáveis. A limpeza e a
lubrificação eram suficientes, não havendo necessidade de fazê-los de forma sistemática.

Segundo período – Denominado manutenção da segunda geração, iniciou-se na década


de 1950, onde o pós-guerra gerou crescente demanda por produtos impulsionando a mecanização
das indústrias, com máquinas numerosas e complexas. Planos de manutenção preventiva eram
elaborados e passou a existir a preocupação com os tempos de parada dos equipamentos
produtivos. Surge então o conceito de manutenção preventiva, aparecendo também a
consideração de que as falhas nos equipamentos podiam e deviam ser previstas. Os custos de
manutenção elevaram-se sendo necessário maior controle.

Terceiro período – Iniciado em meados de 1970, foi denominado manutenção da terceira


geração. Neste período buscaram-se novas maneiras de maximizar a vida útil dos equipamentos
produtivos, passando a existir a preocupação com alta disponibilidade e confiabilidade, mas sem
proporcionar nenhum dano ao ambiente, além de almejar maior segurança e maior qualidade.
Nesta geração reforçou-se o conceito da manutenção preditiva.

3
2-2 - MANUTENÇÃO CORRETIVA

Conforme o Professor Dr. João Candido Fernandes, da Universidade Estadual Paulista


(UNESP), nas informações descritas no site da UNESP, a manutenção corretiva visa corrigir,
restaurar, recuperar a capacidade produtiva de um equipamento ou instalação, que tenha cessado
ou diminuído sua capacidade de exercer a função à qual foi projetada.
Segundo Alan Kardec Pinto (Engenheiro Mecânico), a manutenção corretiva é a atuação
para a correção da falha ou desempenho menor que o esperado. O principal objetivo da
manutenção corretiva é corrigir ou restaurar as condições de funcionamento do equipamento ou
sistema. Isto pode ser realizado de duas maneiras:
- Manutenção corretiva não planejada – é a correção de uma falha ou um desempenho
menor do que esperado. Neste caso não há tempo para preparacão do serviço.
- Manutenção corretiva planejada – É a correção de uma falha já esperada ou do
desempenho menor que o esperado. Esta correção planejada pode ser feita em função do
acompanhamento preditivo ou pela decisão de operar até a falha.

2.3- MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Segundo Alan Kardec Pinto é uma manutenção planejada que previne a ocorrência da
corretiva, ou seja, procura prevenir a falha antes que ela aconteça. Com a preventiva, é possível
reduzir ou evitar a falha ou queda do desempenho do equipamento ou sistema, obedecendo a um
plano previamente elaborado, baseado em intervalos pré-estabelecidos de tempo, ou baseadas nas
condições fornecidas pela preditiva. Na aviação, a manutenção preventiva é imperativa para
determinados sistemas ou componentes, pois o fator segurança é primordial.
Conforme Lourival Tavares (Engenheiro Mecânico), nas informações descritas no site da
UNESP, a Manutenção Preventiva é aquela que se conduz aos intervalos pré-determinados com o
objetivo de reduzir a possibilidade de o equipamento situar-se em uma condição abaixo do nível
requerido de aceitação. Esta manutenção pode tomar por base intervalos de tempo pré-
determinados e/ou condições preestabelecidas de funcionamento, podendo ainda requerer que,
para sua execução o equipamento seja retirado de operação.

4
2.4 - MANUTENÇÃO PREDITIVA

Conforme Lourival Tavares (Engenheiro Mecânico), nas informações descritas no site da


UNESP, a manutenção preditiva é definida da seguinte forma: “Entende-se por controle preditivo
de manutenção, a determinação do ponto ótimo para executar a manutenção preventiva num
equipamento, ou seja, o ponto a partir do qual a probabilidade do equipamento falhar assume
valores indesejáveis. A determinação desse ponto traz como resultados índices ideais de
prevenção de falhas, tanto sob o aspecto técnico como pelo aspecto econômico, uma vez que a
intervenção no equipamento não é feita durante o período que ainda está em condições de prestar
o serviço, nem no período em que suas características operativas estão comprometidas”.
Segundo o Sr Márcio Tadeu de Almeida. Eng (Professor da Escola Federal de Engenharia
de Itajubá e consultor em Monitoramento de Máquinas pela MTA), nas informações descritas no
site da MTAEV, a manutenção preditiva é um tipo de manutenção onde há o monitoramento
regular das condições reais dos equipamentos e processos, fornecendo os dados necessários para
assegurar o intervalo máximo entre os reparos. Ela também minimizará o número e o custo das
paradas não programadas criadas por falhas da máquina, e melhorará a disponibilidade global das
plantas operacionais.
A manutenção preditiva é muito mais. Trata-se de um meio de se melhorar a
produtividade, a qualidade do produto, o lucro, e a efetividade global das plantas industriais de
manufatura e de produção.
Num programa de manutenção preventiva, baseada nas condições, ao invés de se
fundamentar em estatística de vida média na planta industrial ou industrial (p.ex., tempo médio
para falha) para programar atividades de manutenção, ela usa monitoramento direto das
condições mecânicas, rendimento do sistema e outros indicadores para determinar o tempo médio
para falha real ou perda de rendimento para cada máquina e sistema na planta industrial.

Destacam-se abaixo algumas técnicas preditivas:


-Ensaios não destrutivos. (Partículas magnéticas, Ultra-som, Líquidos penetrantes, Raios-
X ou Gamagrafia).
-Termografia.

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-Análise de vibrações.
-Análise de lubrificantes. (Propriedades físico-químicas, Espectrometria e Ferrografia).
- Análise de parâmetros elétricos em motores e geradores.
- Emissão acústica
- Captação de ultrassom
- Boroscopia.

2.5 – BENEFÍCIOS DA MANUTENÇÃO PREDITIVA

A filosofia desta manutenção é uma valiosa adição para constituir um abrangente


programa de gerência de manutenção total de uma planta industrial. Enquanto os programas
tradicionais de gerência de manutenção se baseiam em serviços de rotina de toda a maquinaria e
resposta rápida a falhas inesperadas, um programa de manutenção preditiva programa tarefas
específicas de manutenção, somente quando elas forem de fato necessárias. Ela não elimina
totalmente todos os aspectos dos programas tradicionais preventivos e corretivos, porém a
manutenção preditiva pode reduzir o número de falhas inesperadas e é uma ferramenta de
programação mais confiável para tarefas rotineiras de manutenção preventiva. Também evita
paradas de máquinas que ainda estejam em boas condições, aumentando seu peróodo útil e
confiavél de operação.
A inclusão da manutenção preditiva em um programa de manutenção aumenta a
disponibilidade da maquinaria de processo, reduz bastante o custo final da manutenção e oferece
outros tipos de melhorias, que podem ser:

2.5.1 - REDUÇÃO DOS CUSTOS DE MANUTENÇÃO:

Segundo o Sr Márcio Tadeu de Almeida, os custos reais normalmente associados com a


manutenção podem ser reduzidos em mais de 50%. Os custos de manutenção incluem a mão de
obra real do departamento de manutenção, bem como o custo real de materiais de peças de
reparo, ferramentas, e outros equipamentos requeridos para manter o equipamento da planta. Há
de se considerar ainda o custo da não produção causado pelas paradas das máquinas.

6
2.5.2 - REDUÇÃO DE FALHAS NAS MÁQUINAS:

A adição de monitoramento regular das condições reais das máquinas e sistemas de


processo reduz o número de falhas inesperadas e catastróficas das máquinas.

2.5.3 - REDUÇÃO DO TEMPO DE PARADA PARA REPARO:

Manutenção preditiva reduz o tempo real necessário para reparar ou recondicionar os


equipamentos. A melhoria em tempo médio para reparo, TMR, tem uma grande redução. Com o
monitoramento regular e a análise das condições da máquina é possível identificar o(s)
componente(s) específico(s) com falha em cada máquina e planejar cada intervenção.

2.5.4 - REDUÇÃO NO ESTOQUE DE PEÇAS SOBRESSALENTES:

A capacidade em se pré-determinar as peças defeituosas para reparo, ferramentas, e as


habilidades de mão-de-obra requeridas, garante a redução tanto em tempo de reparo quanto em
custos. Os custos que envolvem estoque de partes sobressalentes são reduzidos, ao invés de
adquirir todas as peças de reparo para estoque.

2.5.5 - AUMENTO DA VIDA DAS MÁQUINAS:

A prevenção de falhas e a detecção antecipada de problemas incipientes da máquina e de


sistemas, aumentando a vida operacional útil do maquinário da planta industrial.
Um programa de manutenção preditiva baseada nas condições operacionais do
equipamento, evita danos sérios às máquinas e outros sistemas da planta. Esta redução na
severidade dos danos aumenta a vida operacional do equipamento e da planta, evitando também a
propagação de defeitos. Um benefício colateral benéfico é a capacidade automática de estimar o

7
tempo médio entre falhas, TMEF. Esta estatística fornece os meios para se determinar o tempo
mais efetivo em termos de custo para substituir maquinário, ao invés de continuar a absorver
altos custos de manutenção.

2.5.6 - AUMENTO DA PRODUTIVIDADE:

A disponibilidade e confiabilidade de sistemas de processo é aumentada com a


implementação de um programa de manutenção preditiva baseado em condição. Pode melhorar o
rendimento operativo e, portanto, a produtividade das plantas de manufatura e de processo.

2.5.7 - MELHORIA NA SEGURANÇA:

Com a preditiva pode se determinar antecipadamente os problemas da máquina e sistemas


reduzindo o risco de falha destrutiva, que poderia causar danos pessoais ou morte, ou seja,
catastróficas, onde danos pessoais poderiam provavelmente ocorrer.

2.5.8 - VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DO EQUIPAMENTO NOVO:

As técnicas de manutenção preditiva podem ser usadas durante teste de aceite no local
(comissionamento de máquinas novas) para determinar a condição de instalação do maquinário,
equipamento, e sistemas da fábrica. Elas fornecem os meios para se verificar a condição do
equipamento novo comprado, antes do aceitá-lo. Os problemas detectados, antes do aceite,
podem ser resolvidos enquanto o sistema está na garantia (ou mesmo, antes da fatura ser paga)
para corrigir quaisquer deficiências. Muitas indústrias hoje exigem que todo equipamento novo
inclua uma assinatura de vibração de referência com a compra. Esta assinatura de referência é
comparada com tomada durante o teste de aceite. Qualquer desvio anormal da assinatura de
referência é base para rejeição. Sob este acordo, requer-se do vendedor corrigir ou substituir o
equipamento rejeitado.

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2.5.9 - VERIFICAÇÃO DOS REPAROS:

A análise de vibração e a boroscopia também podem ser usadas para determinar se os


reparos nos maquinários existentes no processo foram corrigidos ou não, se os problemas foram
identificados ou se foi criado comportamento anormal adicional, antes de o sistema partir
novamente. Isto elimina a necessidade de uma segunda parada, que muitas vezes é necessária
para corrigir reparos inadequados ou incompletos.
Os dados preditivos podem fornecer as informações requeridas para planejar os reparos
específicos, ou de outras novas atividades durante a parada. Elimina a necessidade de muitos dos
reparos que, normalmente, teriam sido incluídos desnecessariamente na parada de manutenção.

2.5.10 – AUMENTO DOS LUCROS:

Os benefícios globais da gerência de manutenção preditiva têm melhorado


substancialmente a operação. Os benefícios derivados do uso da gerência baseada em condição
têm compensado o custo de capital dos equipamentos necessários para implementar o programa,
ou mesmo o custo de contratação de serviços especializados. O uso de técnicas de manutenção
preditiva, baseadas em coletores de dados, tem reduzido ainda mais o custo operativo anual dos
métodos de manutenção.

2.5.11 – REDUÇÃO DE SERVIÇOS DESNECESSÁRIOS:

Com a manutenção preditiva é possível reduzir serviços desnecessários de manutenção


periódica, e consequentemente redução de falhas prematuras na fase da mortalidade infantil
relativos à curva da banheira.

9
3 - TURBINAS A GÁS

3.1- HISTÓRICO

Em 1791 na Inglaterra o John Barber (1734-1801) tirou uma patente (UK patente n º 1833
- Obtenção e aplicação de força motriz, & c Um método de elevar ar inflamável para efeitos de
aquisição de movimento, e facilitar as operações metalúrgicas), que contém todas as
características importantes de uma turbina a gás com sucesso. Planejado como um método de
impulsionar uma "carruagem sem cavalo", design Barber incluía um produtor de gás, receptor,
uma câmara de combustão, compressor de gás de pistão e uma turbina.
O conceito Barber foi bom, mas dada tecnologia da época, não foi possível para o
dispositivo gerar energia suficiente tanto para comprimir o ar e do gás e produzir trabalho útil. No
entanto, o crédito para a idéia de que conduz a uma turbina a gás moderna pode claramente ser
dada a John Barber.
O engenheiro Ægidius Elling (1861-1949) era Norueguês inventor que é considerado ser
o pai do turbina de gás. Sua primeira patente da turbina a gás foi concedida em 1884. Em 1903
terminou a primeira turbina, sua máquina original usou ambos os compressores e turbinas
giratórias para produzir 11 cavalos-força. Em 1912 tinha desenvolvido um sistema da turbina de
gás com unidade separada da turbina e compressor em série. O principal desafio era encontrar
materiais que poderiam suportar as altas temperaturas para desenvolver na turbina uma boa
potência de saída. Sua turbina em 1903 podia suportar temperaturas da entrada até 400° Celsius.
Elling compreendeu que, se os materiais melhores poderiam ser encontrados, a turbina de gás
seria uma fonte de poder ideal para aviões. Após muitos anos, um estudante de
aeronáutica Frank Whittle (1907 - 1996), estudou o trabalho adiantado de Elling e conseguiu
construir um motor de turbina a gás para um avião.
Em 1929, Frank Whittle , encaminhou suas idéias sobre um motor turbo-jato para seus
superiores. Em 16 de janeiro de 1930, Whittle pediu sua primeira patente (concedida em 1932). A
patente exibia um compressor de dois estágios axial seguido por um compressor centrífugo
simples (single-sided). Mais tarde, Whittle concentrou-se apenas em simplificar o compressor
centrífugo, por conta de uma variedade de razões práticas. O primeiro motor desenvolvido por
Whittle funcionou em 1937 e pode ser visualizado na figura 01.

10
FIGURA 1 - Frank White demonstrando sua primeira turbina a gás. Retirado dia 02.08.2010 no site:
httpwww-g.eng.cam.ac.uk125achievementswhittletelgraph.htm

Depois do uso em aviões, as turbinas a gás foram introduzidas em aplicação industrial em


diversos fins como os sistemas de compressão de gás, geração de energia elétrica, bombeamento
de óleo e outros. Neste meio, essas turbinas são comumente denominadas geradoras de gás (GG).
Seu propósito é a geração de um grande volume de gases de alta energia que escoa através de
uma roda de turbina transformando essa energia em potência, no eixo.

Alguns exemplos de turbinas:

• Industrial porte pesado (heavy duty)-HISPANO SUIZA, NUOVO PIGNONE.

• Industrial porte leve-SOLAR (Mars, Taurus, Centaur, Saturn), DRESSER.

• Aeroderivadas - GENERAL ELETRIC LM 2500, ROLLS ROYCE AVON

11
3.2 – PARTES PRINCIPAIS DE UMA TURBINA A GÁS

3.2.1 – TURBINA A GÁS

A turbina a gás é uma máquina projetada para utilizar os processos termodinâmicos a fim
de converter a energia térmica em energia mecânica na forma de movimento giratório, para
acionar outro equipamento ou produzir propulsão, no caso de uso aeronáutico em aviões a jato.

3.2.2 - ADMISSÃO DE AR.

É por onde o ar atmosférico entra na turbina. Em turbinas de uso aeronáutico o ar não é


filtrado e em turbinas industriais o ar passa por sistema de filtragem antes de entrar na turbina.
O sistema de filtragem utilizado em turbinas de uso industrial tem a função de proteger a
turbina contra a entrada de objetos estranhos (FOD), filtrar e retirar a umidade do ar. O resultado
esperado deste sistema é manter a turbina com bom desempenho o maior tempo possível, já que a
sujeira no seu interior a faz perder eficiência.

3.2.3 - COMPRESSOR DE AR

O compressor de ar é dinâmico (axial ou centrífugo), normalmente do tipo axial de vários


estágios. Eles são especificados para maiores vazões do que os centrífugos com relação ao porte.
O compressor axial é composto por uma seção estacionária, onde se encontram instalados
os anéis com aletas estatoras e a seção rotativa composta por um conjunto de rotores com aletas.
Cada estágio de compressão é composto por um rotor com aletas e um anel com aletas estatoras.
As palhetas do rotor no primeiro estágio possuem uma configuração de grande resistência e
rigidez para máxima tolerância à ingestão de material estranho. Em alguns modelos de turbinas

12
existem palhetas estatoras possuem variação angular elas são chamadas de IGV’s (palheta
estacionária guia de entrada com variação angular). Estas IGV’s ficam nos seus primeiros
estágios. A figura 02 é possível visualizar um conjunto rotor do compressor axial de uma turbina
em montagem.
O princípio do funcionamento do compressor axial é o da aceleração do ar com posterior
transformação em pressão. As pás do compressor e as palhetas dos estatores têm forma
semelhante a pequenos aerofólios. Quando o rotor do compressor é girado, primeiro pelo sistema
de partida e depois pela turbina da GG, a ação de aerofólio das pás produz uma área de baixa
pressão na garganta do conjunto de entrada de ar. A pressão diferencial criada entre a pressão de
entrada e a atmosfera força o ar a entrar na admissão da máquina. As palhetas-guia de entrada
orientam o ar com o ângulo adequado para entrada no rotor do primeiro estágio. O ar é
descarregado das pás do rotor com sua velocidade aumentada para os estatores onde a energia de
velocidade é convertida em pressão. O anel de aletas estatoras tem a finalidade de direcionar o ar
para incidir com um ângulo favorável sobre as aletas do próximo estágio rotor e promover a
desaceleração do fluxo de ar para ocorrer à transformação da energia de velocidade em pressão.
Existe entre as pás do rotor e as aletas estatoras adjacentes um caminho de expansão por onde o
ar deve passar este caminho que é chamado de difusor, a finalidade do efeito difusor é produzir
uma pequena queda de velocidade e um pequeno aumento de pressão. Este processo é repetido
nos estágios subsequentes sendo que cada estágio promove um pequeno aumento de pressão. É
possível visualizar este processo na figura 03. O fluxo de ar no compressor se dá paralelo ao eixo
(axial) numa trajetória helicoidal, e a seção de passagem é reduzida da admissão para descarga,
com o propósito de se manter a velocidade do ar constante dentro da faixa de operação, uma vez
que a pressão sobe a cada estágio e há uma redução do volume específico do ar.

13
FIGURA 2 - Conjunto rotor do compressor axial de uma turbina Alstom. Retirado dia 25.07.2010 no site:
httpwww.power.alstom.comhomenewplantsgasproductsgas turbinesgt8c2 filesfile 39938 84743.jpg

FIGURA-3 - O caminho do ar pelo compressor axial de uma turbina a gás. Retirado dia 28.11.2011 no site
http://dc400.4shared.com/doc/alHEUL0r/preview.html

14
3.2.4 - DIFUSOR DE DESCARGA DO COMPRESSOR AXIAL

Ele consiste de uma passagem com formato de difusor, cônico e divergente situada
imediatamente a montante do compressor e a jusante da câmara de combustão permitindo que o
ar proveniente do último estágio do compressor axial seja direcionado para a seção de combustão.
No difusor há aumento adicional de pressão que ocorre devido a sua forma com isso é nele que a
pressão é a mais elevada da turbina que é chamada de pressão de descarga do compressor (PCD).
Na figura 4 mostra o difusor circulado em vermelho que fica no final do compressor axial.

3.2.5 – CÂMARA DE COMBUSTÃO

Na câmara de combustão, aproximadamente 25% do ar comprimido e o combustível


injetado a alta pressão promovem a mistura e queima a uma pressão parcialmente constante. Elas
podem ser do tipo anular, quando é única e concêntrica ao eixo de centro da turbina, ou tubular
(em forma de um tubo) onde o ar proveniente do compressor é dividido em canais que alimentam
câmaras individuais, ou tubo anular onde várias câmaras são alimentadas por um único duto de ar
proveniente do compressor.
As câmaras do tipo tubular são normalmente utilizadas nas turbinas industriais de porte
pesado e as câmaras do tipo anular são mais utilizadas nas turbinas industriais de porte leve. As
turbinas aeroderivadas utilizam câmaras de o tipo tubo anular ou anular.
A parte do ar principal é dirigida para a área de combustão para misturar com combustível
dos injetores. O ar secundário é dirigido ao longo das paredes da camisa para proporcionar
resfriamento da camisa e para evitar que a chama na área de combustão entre em contato com as
paredes da camisa. Uma parte do ar que flui entre o alojamento e as camisas é dirigida para
resfriar os dutos e outros componentes da turbina.
Em uma câmara de combustão, a chama é inicialmente inflamada por uma vela de
ignição, a seguir se propaga por todo o espaço anular, mantendo-se contínua enquanto houver o
fornecimento de ar e combustível nas proporções adequadas. O material utilizado para as câmaras
de combustão é uma super liga à base de níquel (Hastelloy X, INCO 625 ou equivalente). Na
figura 4 mostra também as câmaras de combustão que estão marcadas em azul.

15
FIGURA 4 – Uma turbina em corte mostrando a região do difusor circulado em vermelho e as câmaras de
combustão do tipo tubo anular marcada em azul. Retirado no dia 10.05.2012 do site:
http://www.wix.com/rofer_br/zok27-1

3.2.6 - TURBINA GERADORA DE GÁS.

O conjunto de turbina geradora de gás (GG) tem a finalidade de receber os gases e


converter a energia destes gases em movimento giratório para acionar o compressor, as turbinas
geradoras de gás e a turbina de potência (PT). A energia disponibilizada pelo conjunto GG
acionará a turbina de potência (1/3 da energia gerada) nas industriais e propulsão nas de uso
aeronáutico. Os rotores da GG (geradora de gás) e da turbina de potência são mecanicamente
independente um do outro. Eles consistem de conjuntos de Nozzles, que são a parte estatora da
geradora de gás (GG) e Blades que são a parte rotora da geradora de gás (GG).

16
3.2.7 - TURBINA DE POTÊNCIA.

As turbinas de potência consistem do difusor de exaustão, podem ter um ou mais estágios,


cada estágio contem um conjunto de palhetas estatoras (Nozzles) e um conjunto de palhetas
rotoras (Blades). As turbinas de potência existem nas turbinas a gás de uso aeronáutico e
industrial. As turbinas a gás usadas nos aviões a jato não possuem turbina de potência.

3.2.8 - EXAUSTÃO DOS GASES

Em um avião a jato os gases remanescentes da expansão na turbina passam através de um


bocal para aumentar a sua velocidade e consequentemente o impulso (propulsão). Na aplicação
industrial os gases são direcionados para uma turbina de potência, onde a energia dos gases é
convertida em potência no eixo para acionar algum equipamento ( geradores ou compressores de
gás). Depois os gases fluem para o duto de exaustão, onde sua energia remanescente pode
opcionalmente ser aproveitada em um sistema de recuperação de calor (aquecimento de água).

3.2.9 – COLETOR DE EXAUSTÃO

Também é existente somente nas turbinas industriais. Serve para coletar os gases de
exaustão e direcioná-los para o duto de descarga.

A figura 05 mostra um modelo de turbina usada na aviação e a figura 06 uma turbina


usada na indústria. A turbina da figura 06 é do fabricante Solar modelo Mars de uso industrial,
tendo abaixo alguns parâmetros operacionais.
- Pressão e temperatura no inicio da compressão: Ambos ambientes
- Pressão e temperatura no final da compressão: 180 PSI a 190 PSI e 320°C a 360°C
- Temperatura de trabalho na câmara de combustão (T5): 700°C a 800°C.
- Temperatura dos gases de exaustão (T7): 450°C a 550°C
- Eficiência térmica (trabalho disponível / energia fornecida): 33% a 34%

17
FIGURA 5 Seções de uma turbina a gás para uso aeronáutico. Retirado dia 04.08.2012 no site:
httpen.wikipedia.orgwikiFileJet_engine.svg...Turbina a gás.bmp

FIGURA 6 – Seções da turbina a gás do fabricante Solar modelo Mars de uso industrial. Retirado dia
25.07.2010 no site. httpwww.gsgnet.netimagescompaniesmainimage SOL001 main_
190509144109130CM(576).jpg

18
3.3 – O PROCESSO DE FLUXO DE AR NO INTERIOR DA TURBINA

Na partida da máquina o compressor é movido pelo sistema de partida (que pode ser
elétrico, eletro-hidráulico, a gás ou pneumático) em seguida, depois da combustão e uma
determinada velocidade, a própria potência produzida na seção da geradora de gás fica
responsável a mover o compressor.
O ar que foi comprimido pelo compressor passa através do difusor e vai para a câmara de
combustão, onde o combustível é injetado e misturado com parte do ar comprimido.
O rápido aumento de temperatura dentro da câmara de combustão produz um aumento
considerável do volume e da velocidade do fluxo dos gases de combustão, não havendo, no
entanto mudança de pressão (isobárico).
Como resultado, Os gases gerados na combustão a alta temperatura são expandidos a uma
alta velocidade através de estágios da turbina geradora de gás que promovem o efeito bocal e
direcionam os gases de uma maneira a proporcionar um melhor ângulo de ataque nas palhetas das
rodas da turbina, convertendo a energia dos gases em potência no eixo, fazendo acionar o
compressor axial de ar e a turbina de potência. No caso das aeronaves estes gases quando saem
da seção da GG vão para um tubo propulsor gerando a propulsão.
Na carga e velocidade nominais aproximadamente dois terços da energia fornecida à
seção da turbina são utilizados para acionar o compressor e os acessórios.
Os gases em expansão, cuja pressão diminui à medida que acionam os rotores da turbina,
saem através do difusor de escapamento e são expulsos para a atmosfera através do coletor de
exaustão (no caso das turbinas industriais). Em alguns casos a energia dos gases é aproveitada
para equipamento de recuperação de calor. Nas figuras 07,08 e 09 a seguir demonstram o
caminho do ar na turbina.

19
FIGURA 7 – A entrada e o fluxo de ar passando pelo compressor axial da turbina.
Retirado no dia 24.07.2010 no site: http://mysolar.cat.com/cda/layout?m=35442&x=7

FIGURA 8 - O ar saindo do compressor passando pelo difusor se misturando com o combustível (em
verde) na câmara de combustão (o vermelhado significa a queima do ar mais combustível).
Retirado no dia 24.07.2010 no site: http://mysolar.cat.com/cda/layout?m=35442&x=7

20
FIGURA 9 - Nesta etapa já é a exaustão dos gases para as rodas da geradora de gás e a turbina de
potência. Retirado no dia 24.07.2010 no site: http://mysolar.cat.com/cda/layout?m=35442&x=7

21
4.0 – INSPEÇÃO BOROSCÓPIA

Fazendo parte da manutenção preditiva, a boroscopia é uma inspeção não destrutiva que,
com auxílio de equipamentos especiais comercialmente chamados de “boroscópios, fibroscópios
ou videoscópios,” permite avaliar as condições internas de um equipamento, com o mínimo de
desmontagem requerida, podendo definir a continuidade operacional ou não deste equipamento.
Existem diversos modelos destes equipamentos com uma gama de variações nas lentes,
diâmetros, direções de visão e ângulos de visão. Estão disponíveis para diferentes aplicações,
com ótima iluminação com recursos de luz guia especial para eliminar perdas de luz e dar ao
usuário uma definição mais clara e precisa, para que a inspeção possa ser feita mais facilmente
com grande acuracidade.
Existem três tipos de equipamentos para realizar a inspeção boroscópica. São os
boroscópios que foram os primeiros a serem utilizados, possuem haste rígida para introduzir no
equipamento, o fibroscópio surgiu depois com sua haste flexível. Por último, e mais moderno,
temos o videoscópio que possui recursos de fotografia e filmagem, são os mais utilizados
atualmente. A seguir estão descritos com mais detalhes cada tipo.

4.1 - BOROSCÓPIOS.

O boroscópio (figura 10) é um instrumento usado para fazer inspeções visuais remotas e é
composto de duas partes principais:
1- Um longo e fino tubo que é inserido no interior do equipamento inspecionado através
de uma pequena abertura. Esse tubo pode ser rígido ou flexível.
2- Um conjunto de lentes e controle manual que ficam fora do equipamento e mostra
imagens do seu interior.
A ponta (figura 11) ilumina a área que vai ser inspecionada no interior escuro do
equipamento e transporta a imagem para a lente (ou monitor) que está do lado de fora.

22
FIGURA 10- Modelos de boroscópios. Retirado dia 26.07.2010 no site:
httpwww.olympus-ims.comenborescope

FIGURA 11- Tipos de pontas dos boroscópios. Retirado dia 26.07.2010 no site
httpwww.olympus-ims.comenstandard-rigid-borescopes

4.2 – FIBROSCÓPIOS

Os fibroscópios, transmitem a imagem através de uma fibra ótica. Com ele é possível um
aumento da imagem , com zoom ótico. A imagem é transmitida a um olho por meio de uma lente
ocular. Na figura 12 é possível ver um controle de um fibroscópio e na figura 13 um tipo de
fibroscópio.

23
FIGURA 12- Um controle de fibroscópio. Retirado dia 26.07.2010 no site
http://www.pilotopolicial.com.br/?p=5090

FIGURA 13- Um modelo de fibroscópio. Retirado dia 26.07.2010 no site: httpwww.olympus-


ims.comenfiberscopeif5d4x1-14

4.3 – VIDEOSCÓPIOS

O videoscópio flexível é um tipo avançado de boroscópio que abriga um pequeno chip


incorporado na ponta da haste. A imagem de vídeo é transmitida a partir da ponta da haste
flexível até o monitor. Isso é diferente de um tradicional boroscópio ou fibroscópio e a qualidade
da imagem de um videoscópio é superior a um fibroscópio. As figuras 14, 15, 16, 17 e 18
mostram alguns modelos de videoscópios.

24
FIGURA 14- Videoscópio do fabricante Olympus modelo IPLEX FX. Retirado dia 26.07.2010 no site
httpwww.olympus-ims.comptrvi-productsiplex-fx

FIGURA 15- Videoscópio do fabricante Olympus modelo IPLEX 20SA2R. Retirado dia 26.07.2010
no site httpwww.olympus-ims.comptrvi-productsiplex-sa-ii-r

25
FIGURA 16 - Videoscópio do fabricante GE modelo XL Go. Retirado dia 11.05.2012 do site:
http://pdf.directindustry.com/pdf/ge-inspection-technologies/xl-go-videoprobe-remote-visual-
inspection/9257-138822.html

FIGURA 17- Videoscópio do fabricante Extech modelo HDV610. Retirado dia 11.05.2012 do site:
http://www.agriculturesolutions.com/components/com_virtuemart/shop_image/product/Extech_HD_
Video__4f1f1d587c9ee.jpg

26
FIGURA 18 - Videoscópio do fabricante Ridgid modelo micro CA-100. Retirado dia 11.05.2012 do
site: http://www.ridgid.com/Tools/micro-CA100

As pontas dos videoscópios (figura 19) são normalmente de 10 mm ou menos de diâmetro


e vêm em comprimentos de até 50m. Estas pontas podem ter controles de articulação na alça de
controle, iluminação de alta intensidade de uma fonte externa de luz, cabo de interface com
saídas para o display e mídia externa, tais como dispositivo de gravação de disco rígido do
computador ou o cartão Compact Flash.(quando possuem este sistema é possível gravar vídeo ou
fotos).

FIGURA 19 - Tipos de pontas para videoscópios do fabricante Olympus. Retirado dia 26.07.2010 no
site httpwww.olympus-ims.comenrvi-productsiplex-mxii

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4.4 - BENEFÍCIOS DA INSPEÇÃO BOROSCÓPICA:

Para a manutenção preditiva, a inspeção boroscópica é de grande importância por:


• Permitir agilização na sua definição quanto aos resultados obtidos, com qualidade e
garantia de resultados;
• A incorporação de pontos de acesso para inspeção pelos fabricantes de equipamentos é
uma tendência que facilita ainda mais o acompanhamento nas partes internas do mesmo.
• Baixo custo de manutenção;
• Elimina perda de tempo (desmontagens desnecessárias).

4.5 - APLICAÇÕES DA INSPEÇÃO

Inspeção não destrutiva em equipamentos diversos com aplicação nos ramos da:
• Energia Eólica (Aerogerador, caixa de transmissão e outros).
• Aeronáutica (turbinas de aviões e helicópteros e outros).
• Automotiva (Motores e caixa de engrenagens e outros).
• Industriais (Motores, turbinas industriais, geradores, vasos, válvulas e outros).
• Outros.

4.6 - LAUDOS ERRADOS DE UMA INSPEÇÃO CAUSAM:

• Parada ou abertura do equipamento desnecessariamente;


• Perda de Produção;
• Quebra do equipamento;
• Perda de credibilidade do inspetor;
• Acidentes

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4.7 - CUIDADOS E PRECAUÇÕES NA INSPEÇÃO

• Antes de iniciar a inspeção, é necessário bloquear o equipamento, remover todos os


materiais que possam cair no interior do equipamento, tais como canetas, lapiseiras, etc.
• Nunca deixar os acessos de inspeção abertos quando não utilizados.
• Nunca toque na ponta de conexão da guia de luz após utilizá-la, pois a mesma estará
muito quente pelo aquecimento da lâmpada do iluminador.
• Jamais observar ou aproximar a ponta do equipamento de objetos com alta temperatura
• Jamais utilizá-lo em condições onde haja líquidos ou produtos corrosivos ou ácidos
• Limpar ao redor dos acessos de inspeção antes de abri-los.
• Nunca inspecionar equipamentos em operação.

4.8 – CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS ESSENCIAIS NA ESPECIFICAÇÃO DOS


VIDEOSCÓPIOS:

• Tamanho e resolução da tela


• Diâmetro exterior e comprimento da sonda (haste ou tubo).
• Flexibilidade da sonda
• Ângulos de articulação da ponta da sonda
• Luminosidade
• Controle da imagem como brilho e zoom.
• Gravação de imagens e vídeos
• Portas input/output

29
5.0 - O USO DA BOROSCOPIA EM TURBINAS A GÁS

A função principal da inspeção boroscópica em turbinas a gás é permitir que se possa


“olhar” e procurar danos na parte interna da turbina sem que precise efetuar grandes
desmontagens. Isso ocasiona uma grande economia de tempo e dinheiro para as empresas.

O inspetor tem que ser muito bem qualificado, pois possui uma grande responsabilidade.
Isso porque a inspeção boroscópia requer um nível de atenção e detalhamento que não permitem
qualquer erro, pois, o erro pode acarretar um motor destruído (no caso de erro de avaliação) ou
um motor removido sem necessidade (erro de sobre avaliação). Daí a necessidade de treinamento
constante. As figuras 20 e 21 mostram os técnicos efetuando inspeção em turbinas a gás.

É comum o uso do boroscópio para inspeção em turbinas de uso aeronáutico quando há


suspeita de ingestão de pássaro ou qualquer outro objeto estranho (F.O.D.). Nesses casos a
inspeção interna se foca mais na área dos primeiros estágios do compressor.

FIGURA 20 - Técnico executando uma inspeção em uma turbina a gás com um fibroscópio.
Retirado dia 26.07.2010 no site http://www.pilotopolicial.com.br/?p=5090

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FIGURA 21 - Técnico executando uma inspeção em uma turbina a gás com um videoscópio.
Retirado dia 26.07.2010 no site: httpwww.olympus-ims.comptrvi-productsiplex-lxfunctionality

Em uma turbina a gás a câmara de combustão é um dos lugares mais difíceis de analisar
os danos, depois vem a inspeção das palhetas, e temos que saber o significado de cada parte
delas, já que cada parte possui um limite diferente de tolerância aos danos.

O técnico deve conhecer bem o equipamento que irá inspecionar e como usar
corretamente o boroscópio. No caso do uso do boroscópio, é preciso saber configurar o tipo de
lente, a iluminação adequada na visualização do que está inspecionado, ou seja, utilizar todos os
seus recursos para obter uma inspeção de boa qualidade. Na inspeção de uma turbina a gás o
ideal é ter um roteiro para auxiliá-lo durante o serviço para que não se esqueça de inspecionar
algum ponto. Este roteiro deverá ter os pontos de acessos ao interior da turbina que será
inspecionada, as partes a serem verificadas por cada ponto, qual o melhor tipo de lente para
aquela posição e os cuidados no trajeto, com cantos vivos de difícil penetração da haste, rotação e
inclinação da haste para que ela não fique presa e danifique o boroscópio ou o equipamento que
está sendo inspecionado.

31
6 - TIPOS DE ANORMALIDADES ENCONTRADAS EM TURBINAS A GÁS:

Existem inúmeras anormalidades que podem ocorrer em uma turbina a gás, que são vistas
na inspeção boroscópia. O critério de aceitação ou condenação de cada anormalidade tem como
referência o fabricante do equipamento e a experiência do inspetor. A seguir serão ilustradas
algumas anormalidades encontradas durante a inspeção por boroscopia, apresentando ainda as
suas respectivas definições. As figuras 22 a 42 são fotos tiradas por mim, com o videoscópio do
fabricante Olympus modelo IPLEX 20SA2R, nas inspeções boroscópias em turbinas a gás do
fabricante Solar Mars. Estas turbinas pertencem à empresa Petróleo Brasileiro S.A. elas estão
instaladas na plataforma de Namorado I da Bacia de Campos RJ.

6.1 – DENT

Uma cavidade (amassado) usualmente causada por impacto de um objeto estranho (FOD).
O material de origem é deslocado (raramente separado). Na figura 22 mostra um dent na palheta
rotora do compressor axial.
O FOD é a abreviação em inglês "Foreign Object Damage". É a designação que se atribui
aos danos identificados em qualquer parte do motor causados por objetos desconhecidos.

FIGURA 22 – Palheta rotora do compressor axial

32
6.2 – NICK

Uma penetração afiada na superfície causada por impacto de objeto estranho (FOD). A
figura 23 mostra o Nick em uma palheta do compressor axial da turbina.

FIGURA 23 – Palheta de um compressor axial

Na inspeção boroscópica em turbinas industriais que possuem sistema de filtragem,


quando é encontrado um dent ou nick em alguma parte da turbina principalmente no compressor
de ar, é recomendada a inspeção em todo o sistema de filtragem para verificar se há anormalidade
que possa ter ocasionado a entrada do FOD e ocasionou o dent ou o nick encontrado.

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6.3 - TIP CURL

Dobramento da ponta da palheta devido ao contato ou roçamento contra a carcaça do


equipamento. A figura 24 mostra essa anormalidade em uma palheta do compressor axial.

FIGURA 24 - Palheta do compressor axial com tip Curl

O roçamento pode ser provocado no inicio ou no decorrer da operação. Por isso no inicio
de operação existe um procedimento de amaciamento da máquina que previne um possível
roçamento e outros problemas. No decorrer de operação esta anormalidade pode ser provocada
por alguma instabilidade, como por exemplo um surge no compressor de ar.

34
6.4 – CARBONIZAÇÃO

É um processo químico de combustão incompleta da mistura do ar com o seu combustível


quando submetidos ao calor elevado na câmara de combustão. Esta carbonização provoca o
acúmulo de depósitos de carbono na superfície da câmara de combustão e nos componentes que
ficam nas suas proximidades. A figura 25 mostra a ponta de um bico injetor carbonizado e a
figura 26 nozzles de uma GG também com carbonização. Para efeito de comparação a figura 27
mostra as nozzles com sua coloração sem o efeito da carbonização.

FIGURA 25 - Ponta do bico injetor carbonizado FIGURA 26 – Nozzles de uma GG carbonizadas

FIGURA 27 – Nozzles de uma GG sem carbonização

Para evitar a carbonização deve-se controlar a qualidade do combustível, controle de


combustível da máquina ajustado e análise do desempenho dos bicos injetores. A análise dos
bicos é chamada de Spread onde é comparado da diferença de temperatura de operação entre
bicos, este tipo de analise é feita com a máquina em operação se possível com plena carga.

35
6.5 – TRINCAS

Separação parcial visível de material que pode progredir para uma quebra completa; não é
necessário L.P (inspeção por líquido penetrante) para visualizar. A figura 28 mostra uma trinca
em uma nozzle e a figura 29 trincas na parede de uma câmara de combustão.

FIGURA 28 – Nozzle com trinca FIGURA 29 – Câmara de combustão com trincas

6.6 - PERDA DE MATERIAL

Quando há perda de parte de um componente. As fotos 30 e 31 mostram as blades com


perda de material.

FIGURA 30 – Blade com perda de material FIGURA 31 – Blade com perda de material

36
As trincas e as perdas de material são provocadas normalmente por falhas no processo de
fabricação dos componentes, fadiga, ou operação da máquina de modo indevido.
Suspeita de falhas no processo de fabricação quando um ou vários componentes
apresentam trincas ou perda de material quando a máquina está com poucas horas de operação.
A Fadiga acontece já no final de vida útil estabelecida do equipamento.
Com a máquina operando em condições anormais por um período tem como consequência
o desgaste acelerado dos componentes internos e aparecimento de trincas ou perdas
principalmente na parte quente. Estas falhas provocam a redução da vida útil da máquina.
Dependendo do seu grau e posição da perda de material, pode ocasionar vibração na
máquina.

6.7 – CORROSÃO (POR OXIDAÇÃO).

A corrosão galvânica é o fenômeno associado à diferença de potencial elétrico que se


estabelece na presença de materiais diferentes quando justapostos ou perante substâncias ativas
que reagem com os metais com os quais entram e em contacto. Este fenômeno é agravado na
presença de certas substâncias químicas como por exemplo sal (dissolvido na água do mar e é
aspirado pela turbina durante os vôos sobre o mar ou quando a mesma está instalada próxima ao
mar), substâncias ácidas (aspiradas durante os vôos sobre zonas altamente poluídas e produzidas
pela combustão dos hidrocarbonetos presentes no combustível) e outros elementos químicos e na
presença de temperaturas elevadas. A condensação do ar, já com a turbina parada, tende a
concentrar-se nas partes baixas de algumas zonas do motor criando focos de corrosão por
contacto com a água. Se água contiver agentes químicos nocivos o efeito será muito mais
pronunciado. Por esta razão é aconselhável efetuar lavagens frequentes no compressor. A
frequência das lavagens dependerá do grau de severidade do meio em que turbina opera. A figura
32 mostra corrosão nas vanes e a figura 33 no difusor do compressor axial.

37
FIGURA 32 – Vanes do compressor de ar FIGURA 33 – Difusor do compressor axial

Uma das formas de combater a corrosão é efetuar da lavagem interna para eliminar as
substâncias químicas, substâncias ácidas e outros elementos químicos que aceleram o processo de
corrosão.

A principal função da lavagem interna da turbina, mais especificamente no compressor de


ar, é de recuperar a eficiência da máquina, que é prejudicada devido a presença das sujeiras que
são depositadas nas superfícies das blades e vanes. Estas sujeiras aumentam a rugosidade
dificultando a passagem o ar, provocando perda de pressão de descarga, e por sua vez perda de
potência. Outra finalidade é retirar as impurezas dos orifícios de refrigeração .
Normalmente este processo de lavagem é usado água destilada misturado com um tipo de
desengraxante especial para aviação.

38
6.8 - PERDA DE REVESTIMENTO

Materiais adequados para as partes frias e quentes da turbina são um compromisso entre a
performance mecânica e a resistência à corrosão. Uso de materiais resistentes capazes de suportar
temperaturas elevadas, tais como níquel e ligas de cobalto, são para aumentar a resistência à
corrosão para trabalho em ambientes agressivos, com os revestimentos protetores ("blindagem"
para as palhetas). A perda de revestimento ocorre quando há desprendimento deste revestimento
protetor. O objetivo deste é tentar estender os intervalos de funcionamento da turbina e manter os
custos baixos. A figura 34 mostra as nozzles de GG, a 35 e 36 blades de uma PT e a 37 são vanes
de um compressor axial, todas com perda de revestimento. As perdas de revestimento acontecem
no decorrer da operação do equipamento e são provocadas normalmente pelos processos de
corrosão

FIGURA 34 - Nozzles da GG FIGURA 35 – Blades da PT

FIGURA 36 - Blades de PT FIGURA 37 – Vanes do compressor

39
6.9 – SULFIDAÇÃO (CORROSÃO A QUENTE).

Em inglês designada por "Sulfidation" que pode ser também traduzido para sulfetação ou
sulfuração. É um processo químico que ocorre em ambientes de alta temperatura.
Uma definição de sulfidação é uma reação de um metal ou liga com alguma forma de
enxofre que se forma sobre ou sob a superfície de um metal ou liga.

As causas da sulfidação no interior da turbina são o conflito do enxofre versus


contaminantes no ar de admissão do motor, tais como sódio (sal), poluição atmosférica, a
fuligem, cinzas vulcânicas, produtos químicos agrícolas e outras partículas suspensas no ar.
Mesmo para turbinas industriais que possuem o sistema de filtragem antes da admissão, não se
consegue secar o ar completamente para eliminar a umidade. O sistema de filtragem não purifica
o ar de admissão da turbina completamente. Se as aeronaves ou as turbinas industriais operam
perto de oceanos, complexos industriais, cidades ou regiões vulcânicas, sistema de admissão do
motor oferece ainda mais fortes aliados para a ligação com a espera de enxofre na câmara de
combustão. O ponto quente se torna o campo de batalha onde sulfidação ocorre.

A sulfidação ataca mais frequentemente as palhetas estatoras (nozzles) e rotoras da


turbina da seção geradora de gases e da seção da turbina de potência. Como as palhetas das
turbinas são cobertas com uma camada protetora, a sulfidação primeiramente degrada essa
camada e depois a perda do material base da liga dos componentes afetados. As figuras 38 e 39
mostram a sulfidação degradando a camada protetora das blades. Para efeito de comparação da
destruição de um processo de sulfidação, a figura 40 mostra um conjunto de blades novas e a
figura 41 mostra o mesmo tipo de conjunto de blades após trabalhar sobre ataque de sulfidação.

40
. FIGURA 38 – Blades FIGURA 39 – Blades

. FIGURA 40- Conjunto de Blades FIGURA 41 - Conjunto de Blades

Algumas formas de combater a sulfidação durante a operação do equipamento seria


manter o sistema de filtragem eficiente, tratamento do combustível a ser utilizado, controle de
combustível bem ajustado e lavagem interna periódica.

41
6.10 - EROSÃO TÉRMICA

A erosão térmica está ligada à qualidade do ar aspirado pelo compressor e à qualidade do


tratamento do combustível usado para a turbina a gás. A consequência deste fenômeno é a perda
progressiva de material provocado pela colisão do fluxo de gases quentes contra a superfície da
peça, com o ar fortemente comprimido e escoado a elevada velocidade nas superfícies metálicas
dos componentes e peças dos motores. O desgaste assim produzido origina perda de material,
alteração de dimensões e diminuição de eficiência. A figura 42 mostra as nozzles de uma GG e a
figura 43 mostra as blades de uma GG ambas apresentando erosão térmica.

FIGURA 42 – Nozzles de GG com erosão térmica FIGURA 43 – Blades de GG com erosão térmica

Algumas formas de prevenir a erosão durante a operação do equipamento seria manter o


sistema de filtragem eficiente, tratamento do combustível a ser utilizado e controle de
combustível bem ajustado.

42
7.0 - PONTOS DE BOROSCOPIA EM UMA TURBINA A GÁS.

A figura 44 mostra os pontos por onde é possível realizar a inspeção boroscópica em


uma turbina a gás (parte fria) do fabricante Solar modelo Mars. A figura 45 mostra os pontos de
abertura para a boroscopia (parte quente) de uma turbina a gás do fabricante Solar modelo Mars.
1- Bicos injetores; 2- Plugs de acesso; 3- Pirômetro; 4- Sensor de temperatura (T5).

FIGURA 44 – Seção fria de uma turbina Solar Mars.

1
4
2

FIGURA 45 - Seção quente de uma turbina Solar Mars.

43
8.0 - CONCLUSÃO

A manutenção feita através da inspeção boroscópia é de extrema importância para os


resultados de confiabilidade, disponibilidade e segurança das próprias turbinas a gás a para o
processo onde ela atua.
Com o material exposto espera-se alcançar o resultado no sentido de contribuir com mais
uma literatura específica sobre o tema, devido aos assuntos descritos serem muito amplos e a
dificuldade de encontrar material para alguns deles, principalmente quando se fala sobre as
anormalidades encontradas no interior de uma turbina a gás.
Este trabalho contribui aos futuros e atuais profissionais que desejam trabalhar com
inspeção boroscópica em turbinas a gás. Com ele é possível auxiliá-lo na execução de um roteiro,
ou seja, um ponto de partida para realizar um procedimento de inspeção com uso do boroscópio.
Uma recomendação para quem gostaria de se aprofundar sobre os temas abordados neste
trabalho é descrever sobre o uso da inspeção boroscópica em outros equipamentos, como
motores, válvulas, compressores, caixa de engrenagens, etc. Inclusive fazendo uso do
equipamento de videscópio no laboratório preditivo do Instituto Federal Fluminense (IFF).

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REFERÊNCIAS

ALAN, Kardec Pinto e JÚLIO Nascif Xavier. Manutenção Função Estratégica, 1a edição 1998,
editora Quality Mark - Rio de Janeiro – RJ.
Manual de treinamento, fabricante Solar Turbines. “Curso de manutenção de rotina e operação.”
Manual de treinamento “Turbinas a gás princípio de funcionamento e construção” de 2005
Elaborado pelo engenheiro da Petrobrás Manoel Queiroz.
Manual do videscópio do fabricante Olympus modelo IPLEX 20SA2R
Anthony Giampaolo. Gas Turbine Handbook: Principles and Practices, Third Edition 2006,
publishing house The Fairmont Press.
http://en.wikipedia.org/wiki/John_Barber_(engineer) Acessado em 04.05.2012
http://pt.wikipedia.org/wiki/Motor_a_jato Acessado em 04.05.2012
http://inventors.about.com/library/inventors/blenginegasturbine.htm Acessado em 04.05.2012
http://www.mtaev.com.br Acessado em 07.05.2012
http://pt.shvoong.com/social-sciences/ 1700280-manutenção-preventiva-manutenção-preditiva/
Acessado em 08.05.2012
http://www.pilotopolicial.com.br/boroscopio Acessado em 07.05.2012
http://www.aviationpros.com/article/10383536/sulfidation Acessado em 08.05.2012
http://grupomotopropulsor.blogspot.com/2010/06/sulfetacao-de-motores-reacao.html Acessado
em 08.05.2012
http://wings.avkids.com/Libro/Propulsion/advanced/history-01.html Acessado em 08.05.2012
http://www.eaglesgate.com/glossario2.htm#G16 Acessado em 08.05.2012
http://www.eaglesgate.com/glossario2.htm#G23 Acessado em 08.05.2012
http://www.aviationpros.com/article/10378159/sulfidation-turbine-blade-corrosion Acessado em
08.05.2012
http://www.webartigos.com/artigos/a-historia-da-evolucao-do-sistema-de-gestao-de-
manutencao/75650/#ixzz22KMQJv3Z. Acessado em 02.08.2012
http://www.gastrocentro.unicamp.br/endo/gc_old/html/hendo.htm. Acessado em 07.09.2012
http://www.lenoxinst.com/Lenox_History_Borescopes.html. Acessado em 07.09.2012
http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/manutencao/Grupo_6.pdf. Acessado 07.08.2012
http://wwwp.feb.unesp.br/jcandido/manutencao/Textos.htm. Acessado 07.08.2012.

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