jurema werneck (2009) e Djamila 2017: ativistas negras acadêmicas, duas gerações
contínuas (10 anos geração intelectual - texto juventude e feminismos - UFG)
- mesma teoria: é um sujeito coletivo que vive, expriencializa, resiste e persiste no sistema de opressões específico do colonialismo, onde raça, gênero e classe se entrecruzam. a expressão sujeito coletivo é boa pra expressar isso: é coletivo - populações não brancas inteiras vão experimentar o lugar de alvo do racismo, mas tem especificidades focadas no corpo do indivíduo - o heterocissexsmo e o colorismo expressam isso, essas especificidades corporificadas e individuais da opressão colonial. Definitivamente não é individualista, nem individual: a sujeita pode ser rica e bem sucedida e não está livre da condição de pessoa marcada, marcada pela cor da pele, pela sexualidade, pelo gênero. (e esse racismo é colonial, também é muito particular e não vale a pena compara-lo, por exemplo, com os conflitos entre populações europeas do ano mil e os invasores mouros (os europeus estavam ali na condição de invadidos e subjugados ou expulsos, esse conflito é mais comparavel com as invasões vikings alguns séculos antes, as expansões territoriais não são de povos europeus) esse posicionamento (sujeito coletivo da resistencia e alvo do racismo) é próprio do embate colonial e do racismo colonial, mas ele é possibilitado pelas ontologias dessas populações racializadas, poluções não modernas, onde não existe esse indíviduo moderno autonomo, sujeito supostamente autoconsciente. A gente sabe dessas ontologias outras a partir das cosmologias e cosmogonias que orientam essas populações ancestralmente. A cosmologia moderna a gente acessa a partir da Ciência (a instituição, o C). As amerindias e africanas pelos mitos e procedimentos religiosos (deus suprimido na consolidação da modernidade, latour). então Jurema e Djamila estão partindo de uma mesma base de pensamento, uma epistemologia onde a autoria individual não apenas não é relevante como não é desejável. assim é que glória jean watkins se apresenta e assina como bell hooks, sua avó, e em minusculas. não é meu nome que importa, é de onde eu venho, é o 'sou porque somos'. dororidade é antirracista, sororidade (pode ser) não racista cosmopolítica escravismo solapa, dilacera familia de sangue, populações escravizadas se organizam em arranjos familiares não co-sanguineos, religião favorece demais: familia de santo. cada terreira é um quilombo, mesmo dentro da senzala: espaço de liberdade não autorizada, não normativa.