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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

CAMPUS TORQUATO NETO


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS – CCHL
COORDENAÇÃO DO CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

PROJETO DE PESQUISA

“COMO TRANSMITIR POR MEIO DELA OS SENTIMENTOS DAQUELES DIAS?”:


LUTA, RESISTÊNCIA E PROTAGONISMO DE MULHERES ESQUECIDAS
DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA

TERESINA
2019
ANNA KAROLINE DA SILVA NASCIMENTO

“COMO TRANSMITIR POR MEIO DELA OS SENTIMENTOS DAQUELES DIAS?”:


LUTA, RESISTÊNCIA E PROTAGONISMO DE MULHERES ESQUECIDAS
DURANTE A DITADURA CIVIL-MILITAR BRASILEIRA

Projeto de pesquisa sobre Mulheres Militantes


durante a Ditadura Civil-Militar Brasileira,
apresentado por Anna Karoline da Silva
Nascimento, estudante do 1º período de
História, com a orientação da professora
Iraneide Soares da Silva, compondo parte do
requisito para aprovação na disciplina de
Metodologia Científica.
Prof.ª Dr.ª Iraneide Soares da Silva.

TERESINA
2019
1. INTRODUÇÃO
As mulheres ao longo do tempo vêm sendo caracterizadas e moldadas
durante anos, séculos, como doces, puras, um santuário do lar, onde até hoje tudo e
todos, homens, familiares, tradição, tentam mantê-las nesse “cargo”, entretanto, de
uma forma mais sutil. Dessa forma, é mais fácil moldar, controlar e reprimi-las,
monitorando suas roupas, desejos, pensamentos e principalmente, sua fala, essa
última sendo crucial para manter o patamar onde as mulheres foram obrigadas
estarem, em suma, as mulheres não são “contadas”, são tratadas como parte de uma
outra pessoa, um homem, pai, irmão, marido, mas sempre a figura masculina.
As representações da mulher atravessam os tempos e estabeleceram
o pensamento simbólico da diferença entre os sexos, hierarquizando
a diferença, transformando-a em desigualdade, deixando a mulher
como única alternativa a maternidade e o casamento. (COLLING,
2004, p.2)

Nessa perspectiva, o que restaria para mulheres seria apenas o papel


materno e de esposa, e seriam reduzidas a isso, onde estariam totalmente passivas,
tratar de mulher aqui é tratar de relação de poder. A presença da mulher, como uma
pessoa protagonista nunca foi vista até então, e com poucos registrados na própria
História, houve momentos em que mulheres tentaram acender e lutar por outros
papeis, como por exemplo em 1857 na cidade de New York, na América do Norte,
aconteceu a morte cruel de 129 mulheres, estas trancadas e incendiadas vivas na
fábrica da Triangle, operárias que estariam lutando por uma melhoria de trabalho, por
salários iguais aos seus companheiros de trabalho e outros direitos.
De maneira análoga foi-se assim que mulheres militantes no período ditatorial
no Brasil tiveram seus fins, estas que em suma não são lembradas, entretanto lutaram,
sofreram e outras morreram em confronte ao poder militar. O papel da militância se
daria apenas a figura masculina, apenas estes serão vistos como sujeitos históricos,
basta voltar ao olhar por exemplo no campo da música e da poesia.
É válido ressaltar que não existiu nenhuma ditadura “branda”, nenhuma pior
que a outra -pois não devem ser comparadas-, todas devem ser repudiadas. No mais,
a ditadura civil-militar brasileira se instaurou, por interesses políticos internos e
externos, como pelo apoio direto do Estados Unidos da América, e além disso o apoio
crucial dos próprios civis, alegando uma ameaça comunista e um avançamento da
esquerda ao país. Um dos períodos mais violentos e repressivos desse momento
foram os de 1969 a 1978, conhecidos como “anos de terror” ou “linhas duras”, onde
outros métodos começarão acontecer para que aquele governo continuasse intacto.
[...] A existência de uma resistência ao regime e a contrapartida da
reação repressiva do mesmo, precisam estar ocultas a qualquer custo.
E, neste parecer, o controle dos meios de comunicação, impedindo a
divulgação de notícias incômodas que venham obscurecer o brilho do
regime, ocupa papel primordial na manutenção do Estado. (AQUINO,
1999, p.140)

Desse modo, o Congresso Nacional foi fechado, mandatos novamente


cassados, pessoas contra o regime, estudantes, homens e mulheres militantes
sofreram censura (nesta também a impressa sofrera), repressão, violência, tortura,
afim de cala-los totalmente e manter a “boa conduta” das Forças Armadas.

2. JUSTIFICATIVA
Em virtude do Governo vigente no de 2019, e suas atitudes corroborativas
com o regime instalado em 1964, faz-se necessário colocar os fatos históricos a vista
do corpo social, para assim a História não seja esquecida, ademais lembrar certos
momentos da história a todos para que não seja novamente repetido e assim aprender
com a mesma.
Declarações feitas pelo excelentíssimo Presidente da República Jair
Bolsonaro, mostram o quanto ele simpatiza com a ditadura e torturados, o mesmo
tende a ter uma visão distorcida sobre esse momento, já que o próprio em uma
entrevista dada pela rede de televisão aberta, Bandeirantes (Band), declarou que o
período militar não foi ditadura, além disso quando justificou seu voto a favor do
Impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, declarou e dedicou seu voto ao
coronel Ustra, conhecido e lembrado por operar em órgãos atuantes na repressão
política no período ditatorial.
Perderam em 64, perderam agora em 2016, pela família e pela
inocência das crianças em sala de aula que o PT nunca teve, contra o
comunismo, pela nossa liberdade, contra o Folha de São Paulo, pela
memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma
Rousseff. (BOLSONARO, 2016)

Dilma Rousseff foi uma das principais mulheres que lutaram bravamente
contra os militares, chegando a ser presa política condenada por seis anos e um mês,
a mesma passou por inúmeros momentos no qual testaram sua força e coragem,
passando por diversos tipos de torturas como o pau de arara, choques e socos, que
causaram problemas em boa parte de sua arcada dentária. A ex-presidente assim
como outras mulheres, lutou contra a ditadura, pela derrubada da mesma, pela
liberdade de todos e pela redemocratização brasileira.
“Na esteira de Michel Foucault, fazer uma arqueologia do feminino;
desconstruir a história da história feminina para reconstruí-las em bases mais reais e
igualitárias.” (COLLING, 2004, p.3). Nesse sentido, é notório a necessidade deixar-se
de ver a mulher como uma figura invisível, frágil, secundária, onde está é a história
que apresentam das mesmas, e em sua grande maioria, narrativas feita por homens,
agora deve-se partir de narrativas reais de mulheres que lutaram/lutam e
resistiram/resistem diariamente, lutando pela sua sobrevivência, sua fala, sua história
(também na própria História) e por seu espaço nessa sociedade patriarcal e machista,
onde elas próprias possam expor sua própria narrativa.
A necessidade de entender o papel da figura feminina durante a ditadura
brasileira é de suma importância. “Memória e história andam juntas e são ambas
produções singulares e, ao mesmo tempo, sociais.” (MERLINO, 2010, p.27). Nesse
sentido, deve-se registrar e compreender através da memória de mulheres somaram
nessa luta de forma militante para que as próprias mulheres conheçam história de
outras, com outros papeis sociais e que se sintam representadas, se inspirem e que
também tenham como exemplo para lutar e serem protagonista na história.

3. OBJETIVOS
3.1. Geral
• Analisar a figura feminina durante o Regime Civil-Militar Brasileiro de 1964
a 1985;
• Compreender a dimensão do papel da mulher durante o período ditatorial
que se estendeu por 21 anos, por meio da memória.

3.2. Específicos
• Entender a Ditadura Militar de 64, através dos fatos históricos, e a sua
relação com o Governo atual;
• Analisar algumas obras produzidas por mulheres que confrontam com a
ideia de intervenção militar;
• Identificar as mudanças na identidade feminina a partir de 1964;
• Produzir um sarau dando visibilidade a pesquisa para a sociedade,
principalmente as mulheres;
• Atingir mulheres contemporâneas e incentivar as mesmas a conhecerem a
história de luta e resistência de outras mulheres em outras épocas e se
inspirarem.

4. REFERENCIAL TEÓRICO
Sucessivamente presencia-se que a história é massivamente produzida por
homens, sendo assim, a mesma tem um viés olhada por eles, olhares de homens
sobre homens que muitas das vezes silenciam mulheres, logo a memória e
lembranças também será dada apenas a eles, apenas estes serão vistos como
protagonista, heróis. É notável perceber em contos, desenhos animados, filmes, que
as mulheres são representadas como pessoas que precisam ser salvas, não podem
ser capazes de fazer algo por si, por outros, pela a História.
A história das mulheres costuma ser contada a partir do ponto de vista
masculino: soldados e generais, algozes e libertadores. Trata-se,
porém, de um equívoco e uma injustiça que merecem revisão
histórica. Se de fato em muitos conflitos as mulheres ficaram na
retaguarda -condição essencial aliás-, em outros elas foram
efetivamente a luta. (ALEKSIÉVITCH, 2016)

“As mulheres não estão sozinhas neste silêncio profundo. Ele envolve o
continente perdido das vidas tragadas pelo esquecimento em que se aniquila a massa
da sociedade” (SARRAUTE, 1998, p. 11). Nessa perspectiva, mulheres desde de
sempre são esquecidas, ou quando são lembradas são vistas de forma vaga, de certa
forma silenciadas, resumidas assim. Não se lembram de extraordinárias mulheres que
revolucionaram e lutaram bravamente, ativamente contra governos ditatoriais,
repressão, censuras, que foram a guerras, mulheres que fizeram histórias, que
fizeram também sua própria história e que não estão na memória da História e muito
menos são lembradas pela sociedade.
A ditadura civil-militar sobreviveu por um longo tempo, entretanto é válido
ressaltar que esse período aterrorizante não se viveu apenas pelas Forças Armadas,
como assim conhecem a maior parte da sociedade brasileira, se concretizou mais
ainda pelo extenso apoio dos próprios civis. A ditadura de forma geral pode ser
categoriza em dois tempos “um disfarce legalista para a ditadura” (1964 – 1968) e
“anos de terror” (1969 – 1978) caracterizado principalmente pelo fechamento
Congresso Nacional, instalação os AI e torturas.
O golpe militar, em 1º de abril de 1964, institucionalizou a detenção, a
prisão e o sequestro, o banimento, a tortura, o assassinato e o
desaparecimento, deixando um legado sinistro: mortos e
desaparecidos políticos, uma legião incontável de militantes – homens
e mulheres – presos e torturados e histórias de vida truncadas.
(MERLINO, 2010, p.28)

Dessa forma, existiram também mulheres brasileiras que ocuparam outros


espaços nesse momento que a sociedade passou, que lutaram, confrontaram e
resistiram e também morreram durante a época ditatorial civil-militar instalada pelo
golpe de 64, durando por longos 21 anos, elas que se fizeram protagonistas, de forma
militante e resistente foram as ruas e colocaram sua vida em jogo, em prol de uma
tentativa de que uma democracia novamente se restabelecesse e consolidassem,
onde homens e mulheres reconquistassem suas liberdades, individuais e coletivas.

5. METODOLOGIA
Tem-se com objetivo compreender a figura feminina no campo da história no
período ditatorial que ocorreu no Brasil onde teve a duração de exato 21 anos (1964
a 1985) e passar a conhecer o que já foi contribuído para a época sobre este objeto.
Assim, o primeiro passo se constitui em pesquisar sobre o que já foi vivenciado sobre
algumas mulheres, como símbolo de resistência e suas cooperações de contestação
ao regime civil e militar brasileiro. Para além de conhecer a própria luta feminina,
devemos também nos apropriar sobre alguns conceitos teóricos que nos ajudem a
elucidar o momento e a conjuntura político-ideológica em que o momento estava
mergulhado.
Dessa maneira, precisamos nos lançar a pesquisa bibliográfica, na qual
poderemos ter um maior embasamento teórico sobre a ditadura civil-militar no
Brasil. Vale ressaltar que a pesquisa bibliográfica não necessariamente terá
exclusividade no ramo da História. Vamos utilizar de outras áreas e suas pesquisas
para que possamos ter um olhar mais integral sobre o nosso objeto. Dessa forma, a
sociologia, a antropologia, a memória podem ser caminhos bastante apreciados neste
estudo.
Após, iremos em busca de histórias de resistentes mulheres, ou mais
precisamente do que foi produzido, e marcado sobre a atuação das mulheres da
época e sua contribuição social para uma tentativa de restabelecer a democracia
dentro do recorte temporal aqui proposto. Nessa perspectiva, iremos buscar
identificar estudantes, operárias que irão ser caracterizadas como de resistência e
aquelas que também foram censuradas, ameaçadas, acusadas e torturadas pelos
órgãos do governo.
Para atingir nosso objetivo ainda faremos uso de documentos diversos, tais
como depoimentos, panfletos, livros, cartazes, vídeos e documentários que auxilie a
englobar a luta das mulheres que evidentemente são entendidas como expressão de
resistência ao golpe de 64. Estes registros são de uma grande importância, onde
esclarecerem situações e significados desse determinado momento da história onde
a mulher teve uma extrema importância, mas como tantas épocas e até os dias atuais
são a todo momento silenciada.
Finalmente, faremos a análise dos dados encontrados, buscando discutir de
forma total e concreta a contribuição social dessas mulheres através de
manifestações, resistência, organizados em nosso mapeamento e ressaltando sua
contribuição e oposição ao regime civil e militar no Brasil. Além disso, outro objetivo
desse estudo é lembrar tentar manter essas memórias e luta vivas executada por uma
classe que na grande maioria da história da História são contadas e tratadas como
passivas e segundarias pelos próprios homens. Dessa maneira, iremos ressaltar não
apenas uma mulher, mais toda uma juventude feminina que se comprometeu ao lado
de homens a lutar por uma sociedade mais justa e livre.
Além disso iremos elaborar um sarau na cidade de Teresina, 1º Sarau
Teresinense sobre Luta, Resistencia e Protagonismo de Mulheres Esquecidas durante
a Ditadura Civil-Militar Brasileira, podendo acontecer na Praça Pedro II para pessoas
em geral que por lá transitam mas sendo o público alvo principal as mulheres, fazendo
com que a pesquisa saia da Academia, com o objetivo de atingir outros indivíduos que
não estão nesse meio e também no próprio meio, na Universidade Estadual do Piauí,
para estudantes que não conheçam a história dessas mulheres passam a conhecer e
inspirar-se.

6. CRONOGRAMA
Essa pesquisa deverá ser executada no período de doze meses, seguindo os
passos descritos na tabela abaixo.
2019 2020
Atividades a serem
executadas Jun Jul
Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai
Levantamento bibliográfico X X
Leitura e discussão do
X X X X X X X
referencial teórico
Análises dos dados
encontrados nos X X X X X X
documentos.
Elaboração do relatório
X X
parcial
Elaboração do resumo
X X
expandido
Organização e Sarau de
X X X
História

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALEKSIÉVITCH, S. A guerra não tem rosto de mulher. Tradução de Cecília Rosas.
1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

ALVES, M. M. Torturas e torturados. Editora Idade Nova, 1966.

AQUINO, M. A. Censura, imprensa, Estado Democrático (1968-1978). Bauru:


EDSC, 1999.

BEZERRA, K. da C. Que bom te ver viva: vozes femininas reivindicando uma


outra história. Estudos de literatura brasileira contemporânea, n. 43, p. 35-48,
jan./jun. 2014.

Bolsonaro: período militar não foi ditadura. Brasil, 2018. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=lMJPNlOqQTI&t=223s>. Acesso em: 22 jul.
2019.

Jair Bolsonaro, vota sim ao Impeachment. Brasil, 2016. Disponível em:


<https://www.youtube.com/watch?v=SroqvAT71o0>. Acesso em: 22 jul. 2019.

Memórias da Ditadura. Disponível em: <http://memoriasdaditadura.org.br>. Acesso


em: 22 jul. 2019.

MERLINO, T. Luta, substantivo feminino. São Paulo: Editora Caros Amigos, 2010.

O DIA que durou 21 anos. Produção: Karla Ladeia. Brasil, 2012. 1 vídeo (78 min).

PERROT, M. As mulheres ou o silêncio da história. Tradução de Viviane Ribeiro.


Bauru, SP. EDUSC, 2005.

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