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Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

1ª Comunicação............................................ A carga à poda como factor de qualidade


Por.......................................................................................Doutora Engª Teresa Mota

Sumário:
• Importância da poda
• Conceitos básicos
• Tipos e Sistemas de poda
• Resultados obtidos na EVAG

Ø Importância da poda

• Rejuvenescimento da videira
• Regularização da produção
• Qualidade da produção

A importância da poda reside em dois objectivos fundamentais: um em limitar o


alongamento das varas e da estrutura, contribuindo para um atraso do envelhecimento
da videira, e por outro, limitar o número de varas a fim de regularizar e harmonizar a
produção e o vigor de cada videira (Reynier, 1986). Acresce-se a estes objectivos, o da
produção de qualidade, por equilíbrio da relação frutificação-vegetação e qualidade das
futuras sebes. Fisicamente, com a poda, confina-se a videira a um determinado espaço,
que está relacionado com o sistema de condução adoptado (forma de condução e
espaçamento entre videiras) e que uma vez organizado em linhas, abre a possibilidade
de mecanização da vinha (poda, intervenções em verde, tratamentos, etc).
Essa mecanização traz-nos benefícios sob o ponto de vista económico, e no caso da
correcta atribuição da carga à poda é ainda economizada mão de obra posterior,
nomeadamente nas intervenções em verde tais como esladroamento, orientação da
vegetação e mesmo monda de cachos. A respeito da redução do rendimento, Queiroz
(2002) é da opinião que a monda de frutos só faz sentido aplicar quando as condições
climatéricas à maturação não são propícias, sendo noutras situações (vigor do sistema,
fertilidade do ano, etc) preferível aplicar outras técnicas culturais tais como a
intensidade de poda como forma de limitar o rendimento.

Ø Conceitos básicos

•Carga à poda
•Olho vs gomo
•Escalas de poda
•Dominância apical
•Unidades de poda

É importante referir alguns conceitos básicos associados à técnica da poda, para que
usemos a mesma linguagem, dentro e fora da região.
A intensidade de poda identifica-se com o conceito de carga à poda que não é mais do
que o nº de olhos que se deixam por sarmento ou vara, por videira, por metro linear ou
ainda por unidade de área (m2 ou ha).

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 1


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Anatomicamente, 1 olho contém 3 gomos, o que confere à planta a vantagem de


recuperar a perda de um ramo jovem (após acidente ou geada) fazendo-a abrolhar o 2º
ou mesmo o 3º gomo, muito embora estes gomos apresentem uma fertilidade inferior.
Há uma forte relação entre a carga que se deve deixar e o vigor expresso pela videira a
podar, sendo o peso da lenha de poda o indicador de vigor que melhor se relaciona com
a carga. Daí ser possível estabelecer escalas de poda para cada casta e local (Lopes &
Castro, 1988) do tipo da ilustrada pela figura seguinte:

Carga = EXP [a + b * ln (peso da lenha)]

Assim, far-se-ia uma ‘poda a 2 tempos’, isto é, primeiro podava-se a videira ‘por alto’
(pré-poda), pesava-se a lenha de poda correspondente, e depois com esse valor entrava-
se na curva tipo da casta e interpolava-se a carga ideal a aplicar.
Todavia este método só é usado na investigação, mas pretende aproximar-se com rigor,
da carga que um podador experimentado deixaria empiricamente em função do vigor de
cada cepa.
Vejamos as consequências da atribuição de cargas incorrectas, perante determinado
estado de vigor da videira:

Carga muito baixa Carga óptima Carga muito elevada

Se se atribuir uma carga demasiado baixa, vai-se favorecer a rebentação de ramos


ladrões, provenientes de olhos dormentes na cepa velha, e a rebentação de netas dos
olhos prontos que se encontram nas axilas das folhas, ou mesmo de rebentações
múltiplas correspondentes aos gomos de 2ª e 3ª ordem. Outra consequência, é o
exagerado vigor dos sarmentos normais provenientes dos olhos latentes, que poderão
provocar o desavinho (aborto) das inflorescências.
Caso se atribua uma carga equilibrada (óptima) só se provoca a resposta equilibrada dos
olhos latentes.

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 2


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Finalmente, se se atribuir uma carga demasiado alta, isso implica logo à partida deixar
varas mais compridas, que abrolharão preferencialmente os olhos latentes superiores -
dominância apical ou acrotonia – devido aos muitos olhos deixados. Acarreta portanto a
uma diminuição do índice de abrolhamento, ou pode originar mais varas dos que as que
suportaria e portanto mais fracas, o que se repercutirá na infertilidade das mesmas no
ano seguinte.
Há depois duas regras importantes na poda que dizem respeito à orientação e
afastamento das unidades de poda. Estas identificam-se grosso modo com as unidades
de frutificação, que não são mais do que conjunto de varas e/ou talões distribuídos ao
longo do cordão. Uma boa distribuição destas unidades de frutificação, provoca
‘buracos’ na futura sebe, permitindo maior recepção de luz e calor e maior drenagem
atmosférica ao nível do coberto (melhora a frutificação e a maturação e evita problemas
sanitários nomeadamente a podridão dos cachos). Numa poda mista, optar pelo
princípio Guyot, isto é, formar uma unidade de poda por uma vara e um talão
imediatamente abaixo da vara, favorece um distanciamento ideal da ordem dos 30 a 40
cm entre unidades.
Pode-se disciplinar logo à poda a disposição das futuras sebes, orientando as varas de
poda nos sentidos ascendente e/ou retombante, economizando futura mão-de-obra na
orientação da vegetação propriamente dita.

Ø Tipos e Sistemas de poda

É vulgar haver alguma confusão entre os conceitos de tipos de poda, sistemas de poda e
mesmo sistemas de condução. Só há 2 tipos de poda: curta ou longa, admitindo a poda
curta só talões até 3 olhos e a poda longa pelo menos 1 vara de 4 olhos.
Quanto aos sistemas de poda, referir- nos-emos apenas a sistemas aplicáveis a cordões,
dado que é a forma de condução mais generalizada na região. Entre os sistemas de poda,
a poda mista (vara livre e talão) é a mais utilizada, tendo em conta que a função da vara
que leva em média 4-5 olhos (poda longa) é para a produção de uvas, e a do talão
vulgarmente com 2 olhos (poda curta) é para a renovação da poda do ano seguinte,
investindo o talão mais em varas de madeira do que de fruto. A poda mista aplica-se
quer em sebes ascendentes quer retombantes.
A poda Cazenave (vara inclinada 45º e talão) é uma poda mista, segue o princípio
Guyot, não pressupõe necessariamente que a vara seja atada a um arame superior ao
nível do cordão, e cria apenas sebes ascendentes.
A poda Sylvoz, é a mais longa, admitindo varas de 8 a 10 olhos empadas sobre um
arame inferior ao nível do cordão. Aplica-se a sebes ascendentes-retombantes (CAR) e
dispensa os talões pois os olhos latentes da base abrolham devido à empa, servindo para
a poda de renovação do ano seguinte.
Finalmente a poda Royat (varas curtas e livres) é uma poda curta, só para sebes
ascendentes e é das mais facilmente mecanizáveis em termos de poda.
Pode-se então, estar perante o mesmo sistema de condução (Cordão Ascendente e
Retombante), o mesmo tipo de poda (longa: empada ou livre) e aplicar dois sistemas de
poda (poda Sylvoz ou poda mista), como se pode apreciar na figura seguinte:

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 3


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Ø Alguns resultados da EVAG

I - Efeitos do Tipo de Poda nas castas Loureiro e Pedernã


(Loureiro: resultados de 4 anos)
(Pedernã: resultados de 3 anos)
Objectivos: 1- adaptação das castas à poda curta que é mais facilmente mecanizável; 2-
redução da fertilidade do Loureiro visando ganhos qualitativos
•Parcelas: C3.1 e C3.2•Casta / Porta-enxerto: Loureiro / 196-17 e Pedernã / 99R
•Sistema de condução: CSA (Cordão Simples Ascendente)
•Carga: 30 olhos/vid. (15 /m linear)•Tipo de Poda: Curta= 10 varas de 3 olhos; Mista =
5 varas x 5 olhos + 5 talões x 1 olho

12 LOUREIRO PEDERNÃ 7,0


11 a
10 6,0
9 a
F e V (kg/videira)

5,0
8 a
7 4,0
6 b F/V
5 3,0
4
2,0
3
2 1,0
1
0 0,0
Mista Curta Mista Curta

F V F/V

Não se verificaram diferenças com significado estatístico, mas a reacção à Poda Curta
foi diferente consoante a casta: o Loureiro diminui a produção e aumenta o vigor e a
casta Pedernã tem comportamento inverso, sendo significativo o aumento da relação
F/V na casta Pedernã.
No entanto, com a poda Curta foi revelada para as 2 castas uma tendência de melhoria
de qualidade: melhor grau e menor acidez total dos mostos, comparativamente com a
Poda Mista.
Em 2004 tentou-se perceber o distinto comportamento das 2 castas, e verificou-se que
ao nível do peso dos ramos ladrões e respectiva fertilidade, o Loureiro revela uma maior
percentagem de ramos ladrões e com um IFP superior na poda Curta, em relação à
Pedernã. Por outro lado, segundo Ramadas (1985) a Pedernã é a única das brancas que
diminui a fertilidade até ao 4º olho, mantendo-se constante no 5º e 6º e aumentando
depois até ao ápice da vara.
Em resumo : a) na casta Loureiro a poda curta pode beneficiar- lhe a qualidade
controlando a produtividade, desde que se proceda a um esladroamento criterioso e não

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 4


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seja praticada em muitos anos consecutivos (desequilíbrio F/V); b) e que na casta


Pedernã, não acarreta perdas de produtividade, mantendo a qualidade.

II - Influência da Carga / Sistemas de Condução


(Mota, 1992: resultados de 4 anos)
(Mota et al, 1999: resultados de 10 anos)
Objectivo : estudo de 8 modalidades de condução sob diferentes componentes.
Neste estudo de 8 modalidades de condução, comprovou-se a forte associação forma de
condução / compasso de plantação, pois o espaço da entre- linha depende da altur a das
sebes e presença de cordões paralelos ou sobrepostos. Esta constatação implica
limitações na carga admitida por unidade de área, para a mesma carga por metro linear,
conforme se pode apreciar no quadro seguinte:
Sistema de Linha Entre-linha Olhos/m linear Olhos/videira Nºvideira/ha Olhos/ha
condução
CSR 2,0 m 2,5 m 15 30 2000 60 000
CAR 2,0 m 3,0 m 15 30 1666 49 980
Cruzeta 2,0 m 4,5 m 30 60 1111 66 660
CSOB 2,0 m 3,5 m 30 60 1428 81 680

Na grande gama de densidades de plantação deste ensaio, a produção média por videira
pode ser muito próxima, todavia a produção por hectare depende essencialmente da
densidade de plantação, conforme se pode apreciar no gráfico seguinte:
Média de 10 anos
25 3000
Uvas (t/ha;kg/cepa)

20 2500
2000
15
1500
10
1000
5 500
0 0
CAR-
GDC Lira CSOB1 CSOB2 CAR CSR R5C
Sylvoz

t/ha 15,8 15,7 17,1 21,0 16,9 22,5 16,5 17,2


kg/cepa 9,8 8,7 8,3 8,7 9,7 10,8 9,5 9,9
cepas/ha 1605 1805 2063 2407 1740 2087 1740 1740

É de notar que entre os 2 Cordões Ascendentes e Retombantes (CAR) só o facto do


segundo admitir um sistema de poda diferente do de vara talão, isto é, Sylvoz, implica
um acréscimo de produção.
Todavia, durante 3 anos (1994-96) fez-se um esforço para aplicar a carga fixa de 75 000
olhos/ha e compará-la com a carga normal admitida por cada sistema, e constatou-se
que a carga por hectare é que de facto define a produção por hectare, pois a resposta dos
sistemas à carga fixa foi muito mais homogénea, conforme se pode apreciar no gráfico
seguinte:

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 5


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30

25

20

Uvas (t/ha) 15

10

0
GDC Lira CSOB1 CSOB2 CAR CAR- CSR R5C
carga variável 75000 olhos/ha Sylvoz

III - Influência da Carga e Sistema de Condução


(Garrido et al, 1995: resultados de.1 ano)
(Garrido et al, 1998: resultados de 3 anos)
Objectivo : apreciar o efeito de diferentes intensidades de carga no equilíbrio vegetativo
e na qua lidade em dois sistemas de condução
•Parcela : B4.1 (8 anos)•Casta: Pedernã (Arinto)
•Porta-enxerto: 196-17
•Sistemas de condução: CSR e CAR
•Cargas: C1= 5 olhos/m2..( 50 000 olhos/ha); C2= 7,5 olhos/m2..( 75 000 olhos/ha) e
C3= 10 olhos/m2..(100 000 olhos/ha)

É de referir que, o aumento de carga implica deixar varas mais compridas. Com o
aumento de carga ao 1ºano (1994), verificou-se: uma diminuição IA e do vigor (olhos a
mais provocam menor rebentação e maior nº de varas, mas mais fracas); um aumento
do IFP e da produção (maior nº varas implicam mais inflorescências e maior produção,
embora cachos mais pequenos); um aumento da relação F/V (ou Índice Ravaz, que
traduz um desequilíbrio); uma tendência para diminuir a % álcool e uma diminuição da
taxa de podridão (deslocação da rebentação para os olhos das extremidades, afastando-
as do eixo principal e tornando as sebes menos densas, com mais arejamento na zona
dos cachos).
Com a aplicação de cargas elevadas, ao 3ºano (1996), verificou-se que o efeito
cumulativo (3 anos sobre as mesmas videiras) provocou a desvitalização das videiras
com maiores cargas (100 000 olhos/ha), com significativo decréscimo do peso lenha e
do peso médio/vara, com consequências na dificuldade da poda seguinte e na fertilidade
das varas, não se tendo verificado ao 2º e 3º anos a relação directa entre o nº de cachos e
a produção. O que leva a concluir que, uma carga mais ‘exagerada’ pode ser aplicada
mas pontualmente, isto é, não em anos consecutivos, o que depende também da
fertilidade do solo. Por outro lado, os efeitos foram distintos consoante os sistemas de
condução: o CAR mais produtivo (o nível de produção da carga C2 foi superior ao da
carga C3 do CSR) e mais vigoroso (+ 50% que o CSR); no CSR o efeito da carga
intensa foi mais desvitalizante e a taxa de podridão de cachos maior (18% vs 9,5%).
Assim, ao 4º ano no CAR foi ainda possível aplicar as mesmas cargas C1 e C2,
enquanto no CSR só o nível da carga C1 (50 000 olhos/ha). Nenhum dos 2 sistemas

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 6


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permitiu aplicar os 100 000 olhos/ha. Em termos conclusivos, a casta Pedernã no CAR
suportou os 75 000 olhos/ha e no CSR 50 000 olhos/ha, para as condições deste ensaio.

IV - Influência da carga no sistema LYS


(Mota, T., 2005: resultados de 1 ano)
(Castro, R. et al, 2005: resultados de 4 anos)
Objectivo : apreciar o efeito de diferentes intensidades de cargas no sistema LYS e o
efeito cumulativo de uma carga tida como óptima em plena formação.
Em 2001, a vinha permitiu a 1ª poda completa do sistema, isto é, 2 ou 3 varas e
respectivos talões no cordão ascendente, e 4 varas nas espáduas do cordão retombante.
Foram então aplicados 3 níveis de carga (C1= 60 000; C2= 80 000 e C3= 110 000
olhos/ha).
Com o aumento da carga, verificou-se uma diminuição do índice de abrolhamento,
embora crescente nº de sarmentos de menor vigor, conforme gráfico seguinte:

90 1,4
80
Nº sarmentos (x103/ha)
Peso do sarmento (g)

A 1,2

Indice abrolhamento
70 B a 1
60 b C
50 c 0,8
40 a 0,6
30 b b 0,4
20
10 0,2

0 0
C1= 60 000 C2= 80 000 C3=100 000

Olhos/ha

Nº sarmentos Peso do sarmento Indice de Abrolhamento

Por outro lado, as videiras revelaram um forte sistema de auto-regulação, exibindo


maior nº de cachos mas de peso médio mais baixo, o que não alterou significativamente
a produção com ausência de perdas de qualidade.

120 310
Nº cachos (x10 /ha)

A
Peso médio cacho

100 300
Produção (t/ha);

b
ab
3

A
80 290
a
60 280
(g)

B
40 270
20 260
0 250
C1= 60 000 C2= 80 000 C3=100 000

Olhos/ha

Produção Nº cachos Peso médio cacho

Portanto à semelhança das conclusões anteriores do outro ensaio, o efeito de cargas


elevadas: a) depende do ano (fertilidade baixa vs elevada) b) e devem ser evitadas em
anos consecutivos.

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 7


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De 2001 a 2004, aplicou-se a carga que se revelou mais bem adaptada, isto é, 80 000
olhos/ha. O objectivo é para cada sistema, encontrar a carga que se traduza no melhor
equilíbrio F/V (peso de uvas / peso de lenha); por exemplo, para a casta Loureiro a
razão F/V pode variar entre 5,0 e 11,0, sendo normal o valor de 7,5.
A distribuição dos resultados destes 4 anos segundo seis classes de rendimento e cinco
intervalos de grau álcool, revela que perto de 40% dos casos considerados com teores
em álcool provável de 10 a 12,5% encontram-se nas classes de rendimento entre 18 e 30
t/ha.

40
35
30
Occurrance (%)

25 15

20
3
15 4
9
4 4
10 11 0
4 3
5
0
0
<11 11 a 18 18 a 24 24 a 30 30 a 36 >36
classes de rendement (t/ha)
alcool<9% 9 a 10% 10 a 11,5% 11,5 a 12,5% >12,5%

Atendendo ao limite legal regional definido por 11,0 t/ha, estes resultados provam que é
possível produzir em quantidade superior.

Ø Bibliografia consultada

• CASTRO, R. et al, 2005 - Yield and quality potential of Lys training system, for
different prunning levels in cv. Loureiro in ‘Vinhos Verdes’ region. 14ªs Jornadas
GESCO:358-363, Vol.2. Geisenheim. Alemanha.
• GARRIDO et al, 1995 - Influência da carga e do sistema de condução na
produtividade, qualidade e sanidade das uvas. cv. Pedernã. (sin.Arinto) 8ªs
Jornadas GESCO :24-30.Vairão. Vila do Conde. Portugal.
• GARRIDO et al, 1998 - Efeito cumulativo da carga e da condução na produtividade
da casta Pedernã (sin. Arinto). Três anos consecutivos. 4º Simpósio de
Vitivinicultura do Alentejo: 77-81. ATEVA. Évora. Portugal.
• LOPES, C. & CASTRO, R. (1988)- Princípios fundamentais a considerar em
estudos sobre sistemas de condução da vinha. Parâmetros biométricos e técnicas
instrumentais. 16pp, I Simpósio de Ciência e Tecnologia em Vitivinicultura, EVN /
INIA, Dois Portos.
• MOTA, 1992 – Sistemas de Condução da Vinha. Alternativas para a Região dos
Vinhos Verdes Tese de Mestrado em Produção Vegetal do ISA. 66pp. Lisboa.
Portugal.
• MOTA et al, 1999 - Étude sur systèmes de conduite de la vigne à la région des
'Vinhos Verdes': résultats de 10 années 11ªs Jornadas GESCO:486-492. Vol.2.
Marsala. Itália.
• MOTA, T., 2005 – Potencialidades e condicionalismos da Condução LYS. Cv.
Loureiro. Região dos Vinhos Verdes. Tese de Doutoramento- ISA –Lisboa

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 8


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• QUEIROZ, J., 2002 – Condução e relações rendimento qualidade de castas nobres


do Douro. Tese de Doutoramento – FCUP – Porto.
• RAMADAS, I. (1985)- Estudo da fertilidade de 4 castas da Região Demarcada dos
Vinhos Verdes,12pp.(fotocopiado)
• REYNIER, A. (1986)- Manuel de Viticulture, 365 p. Ed. Lavoisier.

______________________________________________________________________

2ª Comunicação..................................... O Peso da Operação Poda na Conta da Cultura


Por.................................................................................................... Engª Mª José Pereira

Sumário:
§ Factores que interferem na mecanização da poda
§ Factores que influenciam o rendimento da poda
§ Alguns resultados sobre poda mecanizada noutras regiões vitícolas
§ Resultados preliminares na EVAG

A poda é uma operação cultural exigente em pessoal qualificado (especializado),


constitui uma das operações mais caras da cultura da vinha, e é uma das que mais
preocupa os viticultores. Actualmente, nesta região é das operações culturais que impõe
maiores limitações a uma mecanização integral.

Ø 1 - Factores que interferem na possibilidade da mecanização da poda na


região

Entre os factores que interferem na possibilidade da mecanização da poda destacámos:


- a dimensão e as características das explorações agrícolas e,
- a diversidade de sistemas de condução que existem na região,
consequência de passagens progressivas do sistema de agricultura tradicional
(vinha em bordadura, consociada) para um sistema de cultura da vinha
intensivo (estreme).

Ø 2 - Factores que interferem no rendimento da poda

2.1 – O Sistema de Condução


Dentro do conceito de sistema de condução, consideramos como factores que interferem
no rendimento da poda, os seguintes:

- a densidade de plantação, isto é, o número de videiras por hectare;


- a forma de condução (nº de sebes, orientação das sebes, altura e largura das
sebes, altura do tronco ou dos cordões);
- a ergonomia do sistema, isto é, a comodidade do operador na execução da
poda;

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 9


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- a orientação das linhas (para uma mecanização integral as linhas devem


estar orientadas para o mesmo lado dentro da mesma linha, e de sentido
alternado de linha para linha);
- o tipo e sistema de poda (poda curta vs longa e poda Sylvoz vs poda de vara
livre e talão).

2.2 - Técnicas de poda


Naturalmente que o rendimento da poda vai depender da técnica adoptada. Será
diferente, em função da opção por:
- poda manual (tradicional)
- poda com recurso a tesouras assistidas
- poda com ou sem a realização da pré-poda
- poda mecânica integral.
2.3 - Características das castas
Entre as características das castas que interferem no rendimento da poda, consideramos:
a dureza da lenha; o vigor da videira (nº e peso das varas) e os hábitos das castas (nível
de frutificação, porte, tendência para rebentações duplas, emissão de ladrões, dimensão
dos entre- nós, nível de inserção dos ramos, etc.).

2.4 - Idade da vinha


A idade da vinha vai afectar o rendimento da poda, pois é diferente o tempo exigido na
poda de uma vinha em formação (preocupação da eleição e orientação das varas, cegar
olhos nas curvaturas, tempo gasto a atar varas e tutores) do tempo exigido na poda de
uma vinha em plena produção com a forma de condução completamente estabelecida.
Por outro lado, vinhas em que se tenham de efectuar cortes em madeira de 2 e mais
anos, recorrendo ao uso do serrote, também vão afectar o rendimento da poda.

Ø 3 - Técnicas associadas à poda

Dado que a mecanização integral na região é ainda uma utopia, os meios existentes para
a realização da operação poda são o recurso a tesouras de poda (tesouras tradicionais e
tesouras assistidas) e o recurso ou não à realização da pré-poda.
Relativamente às tesouras assistidas existem três sistemas: tesouras pneumáticas,
hidraúlicas e eléctricas.
3.1 – Tesouras Pneumáticas
O sistema pneumático é constituído por um compressor de ar, accionado por um fonte
de energia, que fornece ar sob pressão às tesouras, através de mangueiras. Requerem um
tractor, cuja tomada de força acciona o compressor, sendo montado nos 3 pontos do
tractor. Estes compressores podem alimentar conjuntos até 20 tesouras.
3.2 – Tesouras Hidraúlicas
O sistema hidraúlico apresenta um funcionamento idêntico ao sistema anterior, todavia,
em vez do compressor de ar, o sistema dispõe de uma bomba de óleo que fornece óleo
sob pressão às tesouras, também através de mangueiras próprias para o efeito.
3.3 - Tesouras Eléctricas

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Quanto ao funcionamento das tesouras eléctricas, estas são assistidas electricamente


através de uma bateria de acumuladores transportada pelo podador. A carga da bateria
normalmente tem capacidade para 8 horas de trabalho.
Os sistemas pneumático e hidraúlico criam uma certa dependência entre os podadores
do grupo, que têm de andar ao mesmo ritmo. O sistema eléctrico tem a vantagem de
manter os podadores autónomos, embora tenham de suportar o peso da bateria às costas.
3.4 - Pré-poda
A pré-poda consiste em cortar parcialmente as varas, a um nível superior ao das
unidades de poda a deixar. Pode ser feita manualmente com um tesourão (pouco
interesse e cansativo) ou então, através da máquina pré-podadora.
Existem vários modelos de pré-podadoras, algumas das quais podem funcionar também
como despampanadeiras. Neste caso, a máquina pode ser montada ao lado ou à frente
do tractor e os órgãos de corte são constituídos por facas rotativas montadas em barras
verticais (que cortam as varas dirigidas para a entrelinha) e em barras horizontais (que
cortam as varas dirigidas para cima).
Outro tipo de máquinas são constituídas por 2 eixos verticais, nos quais está empilhada
uma série de discos que contêm os órgãos de corte. Permite regular a altura da pré-poda
empilhando tanto discos quantos os necessários.
A pré-poda tem sido uma prática corrente em diversos países (França, Itália, Estados
Unidos, Austrália, entre outros) que bem cedo optaram por sistemas de condução
uniformes, havendo a aplicação de uma máquina a muitos hectares de vinha.
Podem-se apontar algumas vantagens e inconvenientes da Pré -poda, que para além de
depender da forma de condução e do porte das castas:
- Permite ao podador uma observação mais clara e um melhor manuseamento do
material a podar, contribuindo para a maior facilidade e rapidez da operação
poda (podendo contribuir para a redução do custo final);
- Facilita a limpeza da vinha, pois contribui para a simplificação do
destroçamento das varas da poda;
- Impede o aproveitamento das varas para enxertia;
- Exige pessoal qualificado e aramação (altura de postes /arames) conveniente.

Ø 4 - Resultados obtidos em diferentes sistemas de poda: tradicional vs.


mecânica

Dado que não se conhecem resultados de técnicas anteriormente referidas na região, isto
é, pelo menos não existem documentos escritos, focamos de seguida como orientação,
alguns resultados registados noutras regiões vitícolas.
Freire et al.(1992) constataram que a utilização da pré-podadora contribuiu para facilitar
a poda e a simplificação do destroçamento das varas. Os autores referem que a
introdução da poda mecânica (com tesouras pneumáticas – 8 mulheres/máquina) baixou
o nº de dias mulher/ha, sem prejuízo da eficiência técnica da operação. Por outro lado,
face à área da vinha (235ha) a utilização da poda mecânica foi o meio mais eficaz de se
conseguir realizar a poda em tempo útil.
Mestrinho & Madeira (1988) verificaram que a poda com tesouras pneumáticas
permitiu consideráveis aumentos de rendimento (+ 45% mulheres; + 32% homens).

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 11


Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

Todavia, os custos de poda com tesouras pneumáticas subiram consideravelmente (+


35%).
Outro autor, L. Némethy (1996) aconselha na poda manual (tradicional) que a remoção
da lenha de poda seja efectuada por pessoal não especializado (pois absorve + de 30%
do tempo da operação). O tempo efectivo (% poda) da poda mecânica é cerca de 11 a
15% superior relativamente à poda manual.
Quanto à influência da poda mecânica na produtividade da videira, alguns autores
(Lopes et al., 1995) observaram que na poda mecânica (poda curta ou poda em sebe) ao
deixar uma maior carga à poda repartida por um maior número de unidades de
frutificação provocou uma redução significativa no abrolhamento e na fertilidade;
origino u maior número de cachos e uma produção significativamente superior à poda
manual e induziu uma redução significativa do vigor quer ao nível do sarmento quer ao
nível do peso de lenha de poda.

Ø 5 - Tempos de poda em algumas formas de condução na região

Já foi referido anteriormente, que na região onde estamos inseridos, existe pouca
informação (escrita) sobre tempos de poda nas diferentes formas de condução. Aliás, na
bibliografia, a informação que existe refere-se apenas a algumas formas de condução,
actualmente pouco usadas e recomendadas para uma viticultura mais moderna.
5.1 - Mão-de-obra (horas/ha) na Po da + Atar, em sistemas tradicionais
No quadro seguinte pode-se apreciar além do tempo da poda e do atar das varas, o
tempo dispendido (nº horas) na mudança da escada e na preparação dos atilhos na
Ramada e no Festão, quantificado por Lourenço & Alves (1968).

Forma de condução Poda + atar Mudar a escada + Total


preparar atilhos
Ramada 370 27 + 17 414
Festão 529 84+17 630
Fonte: Lourenço & Alves, 1968

5.2 - Consumo em mão-de-obra com a poda noutras formas de condução

Segundo R. Amador (1985) cit. por Mota et al. (1989), os tempos de poda, expressos
em mão-de-obra (horas/ha) do Enforcado, Latada, Bardo Alto e da Cruzeta Foram os
seguintes:
Forma de condução Poda (horas / ha) Apanha da lenha da poda
Enforcado 475.5 133..5
Latada 214.0 42.0
Bardo Alto 220.0 40.0
Cruzeta 108.0 33.0
Fonte: Amador, R. (1985) cit. por Mota et al. (1989)

5.3 - Tempos e custos da poda consoante o sistema de condução (EVAG)

Em 1998 na EVAG, procedeu-se à temporização da poda num ensaio em que estão


reunidas 8 formas de condução da videira, tendo-se revelado diferenças no tempo e

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 12


Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

respectivos custos consoante a forma de condução adoptada. As formas de condução


que apresentam maior vigor, mais arames e que incluam a empa, são as que levam mais
tempo a podar, e consequentemente apresentam os custos mais elevados conforme se
pode apreciar no quadro seguinte:

Sistema de Tempo poda Tempo poda Tempo poda Custo


condução efectivo (+ 50%) (+ 100%) (€/ha)
(horas/ha) (horas/ha) (horas/ha)
Cruzeta (GDC) 41 62 80 400
C sobreposto 60 90 120 600
CAR 36 54 70 350
CAR/Sylvoz 61 92 120 600
C.Simples 31 47 66 330
Adaptado de Mota et al. (1999) in XI Jornadas GESCO, Itália.

Nele podemos observar o tempo de poda efectivo, ou seja, o tempo cronometrado da


operação poda de algumas videiras (amostragem) e extrapolado posteriormente para o
hectare. É claro que este é o tempo efectivo de execução, tempo este que tem de ser
majorado, uma vez que existem perdas aquando da realização da poda (observação das
unidades de poda, uso de serrote, pratica e eficiência do podador, ocorrência de chuva,
distracção/concentração dos podadores, etc). Deste modo, entende-se que os tempos
efectivos apurados deverão ser majorados em +50% ou mesmo +100% conforme as
situações, aproximando-se assim de valores correntes citados por outros autores.

Ø 6 - Tempos de poda nalgumas formas de condução (EVAG, Janeiro 2006)

Com o intuito de verificar e validar os tempos de poda efectivos obtidos em 1998 e


avaliar o rendimento de poda com tesoura tradicional vs tesoura eléctrica delineamos
algumas experiências na EVAG neste mesmo ano.

6.1 – Ensaio de temporização da poda feita com tesoura tradicional e com


tesoura eléctrica
As formas de condução onde se desenvolveu o ensaio foi no Cordão Simples Ascendente (CSA)
e no Cordão Simples Retombante (CSR).

Modalidades: A – tesoura tradicional + tirar lenha - (1 operador)


B – (tesoura tradicional) + (tirar lenha) - (2 operadores)
C – tesoura eléctrica + tirar lenha - (1 operador)
D – (tesoura eléctrica) + (tirar lenha) - (2 operadores)

Condução: CSR e CSA (2 arames ascendentes)


Compasso e Densidade: 2,5m x 2,5m; 1600 videiras/ha
Nº videiras / modalidade: 5
Como resultados preliminares deste ensaio, apreciou-se que:
• Não se verificaram diferenças notórias no tempo de poda por videira entre a
execução da poda com tesouras tradicionais e poda com tesoura eléctrica, que
atribuímos à amostragem demasiado pequena e ao facto do podador ter muita prática.

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 13


Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

Todavia, dados externos revelam maiores rendimentos com tesouras eléctricas devido
ao menor esforço físico e à capacidade de executar cortes maiores (menor uso de
serrote);
• Verificou-se menor tempo de execução da poda (quer com tesoura tradicional
quer com a tesoura eléctrica) no CSA relativamente ao CSR (em média, menos 10
segundos / videira). As razões para estes resultados devem-se certamente a uma maior
comodidade do operador na poda do CSA (altura do cordão =1,35m) vs CSR (altura do
cordão entre 1,70-1,80m) e a uma melhor visualização das unidades de poda.
Constatou-se pois, com alguma frequência, que o sol perturbava a visão no CSR (cordão
+ alto) obrigando o podador a passar de um lado para o outro do cordão.
6.2 - Poda com ou sem retirar a lenha dos arames no CSA
Não esquecendo, que estávamos perante uma amostragem demasiado pequena (10
videiras) e um podador com muita pratica de poda, os resultados obtidos revelaram
maior eficiência em podar e simultaneamente retirar a lenha dos arames, do que
realizar as duas operações em separado.
O podador ao retirar a lenha em simultâneo com o acto de cortar, visualiza melhor a
poda que vai realizando, e fá- lo mesmo em simultâneo, isto é, com a mão esquerda
retira a lenha e com a direita corta.Fica todavia a opção de se fazerem as duas operações
separadamente, sempre que haja uma distinta valorização do podador e de quem
recolhe a lenha de poda.
6.3 - Influência do número de arames ascendentes no rendimento da poda
Comparou-se o tempo de poda exigido em duas formas de condução, com a vegetação
ascendente: o Cordão Simples Ascendente (CAR) e a Lira.
De igual modo se verificou em ambos os sistemas ascendentes, um menor
rendimento em fazer as operações de podar e retirar a lenha separadamente. Contudo,
na Lira que tem uma sebe + alta (1 arame duplo + 2 simples) a remoção da lenha levou
+ 13% do tempo que no CSA (2 arames duplos).
6.4 - Relação do tempo de poda com o vigor
Para além da contagem do tempo da poda foi pesada a lenha de poda videira a videira
nos vários ensaios anteriormente referidos. Os resultados permitiram observar uma
correlação positiva (R2 =0,46) entre o tempo de poda e o vigor das videiras.

2,000
Lenha de Poda

1,500
(kg/vid)

1,000
0,500 y = 1061,9x + 0,035
2
- R = 0,456

0:00:00 0:00:43 0:01:26 0:02:10 0:02:53


Tempo (h:mm:ss)

Naturalmente, situações onde exista maior número de varas, varas mais vigorosas e com
mais gavinhas, o tempo de poda será superior.
6.5 - Tempo de poda no Cordão Sobreposto

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 14


Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

Relativamente ao tempo de poda do Cordão Sobreposto (CSOB) verificamos que 60%


do tempo de poda pertence ao cordão de cima (altura = 2,15 m) e 40% ao cordão de
baixo (altura = 1,15 m).
60%

40%

A diferença de tempo na poda dos dois cordões deve-se à baixa capacidade ergonómica
desta forma de condução, particularmente do cordão de cima; tendo-se registado que e m
15 metros do cordão de cima o podador muda em média 8 vezes o escadote.
6.6 – Tempo de poda em função da casta
Foi temporizado o tempo de poda das castas Loureiro e Pedernã no Cordão Sobreposto.
Os resultados obtidos revelaram que a casta Loureiro demorou em média + 18% do
tempo a podar que a casta Pedernã.
Dado que ambas as castas estão sujeitas às mesmas condições edafo-climáticas, as
razões ficam a dever-se às características inerentes às próprias castas. De facto, a casta
Loureiro é uma casta mais vigorosa, apresenta maior tendência para emissão de ramos
ladrões e de rebentações duplas, e apresenta ainda maior dureza da vara; isso
naturalmente fá- la ser mais exigente no tempo da poda que a casta Pedernã, que por sua
vez neste local apresenta as varas menos longas e vigorosas.
6.7 - Influência da empa no rendimento da poda
Este estudo foi feito na casta Vinhão e comparou-se o tempo de execução da operação
poda no Cordão Ascendente e Retombante (CAR) sujeito a dois sistemas de poda: poda
Sylvoz (poda longa, com empa) e poda de vara e talão. A amostra foi de 10 videiras
para ambas as situações.
Relativamente ao CAR com poda Sylvoz, na poda de 10 videiras realizaram-se 51
empas (cerca de 5 empas por videira) operação que implicou cerca de +1,8
min/videira, comparativamente ao CAR com poda de vara e talão; ou seja, a
diferença de tempo traduzida por hectare foi cerca de + 60 horas.
6.8 - Tempo de poda no sistema LYS
O LYS é uma forma de condução formada por um cordão sobreposto bilateral com
sebes repartidas no sentido ascendente e retombante, como se pode apreciar no esquema
visto lateralmente:

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 15


Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

O tempo efectivo de poda nesta forma de condução foi muito interessante: 38 horas/ha.
Claro que estamos a falar de uma vinha com os cordões completamente formados e que
o tempo obtido na execução da poda no LYS foi optimizado pelo facto de ter sido
podado em duas fases: em 1º lugar o cordão de baixo (no sentido N-S) e depois o
cordão de cima (no sentido S-N). Deste modo, respeitou-se a orientação do cordão que é
bilateral, e também se libertou o operador da lenha do cordão inferior, facilitando deste
modo a poda do cordão superior. O tempo dispendido na poda do cordão inferior é cerca
de 45% e na poda do cordão superior de 55%.

Ø 7 - Estimativa do peso da operação poda na conta da cultura

Já foi dito anteriormente que os custos da operação poda estão intrinsecamente


relacionados com a forma de condução adoptada.
Tendo por base, um estudo da EVAG apresentado no ano passado (em acções de
formação em toda a região) relativamente aos custos de produção de 1 hectare de vinha
em plena produção e instalada no sistema CAR (Cordão Ascendente e Retombante)
com poda de vara e talão, podemos dizer o seguinte:
- o peso da operação poda na conta da cultura poderá situar-se entre 15 a 25%
do custo total. Esta variação está em conformidade com o sistema de condução.
Será mais baixo se estivermos na presença de um Cordão Ascendente e
Retombante (CAR) com poda de vara e talão e/ou Cordão Simples (CSA ou
CSR); ou será mais alto na presença de um Cordão Sobreposto ou num CAR com
poda Sylvoz.

Ø 8 – Medidas a adoptar com efeitos na redução de custos da poda

Em conclusão, as medidas a adoptar com efeitos na redução dos custos com a poda,
terão que obrigatoriamente passar por:

§ Re-dimensionamento das explorações;


§ Uso de sistemas de condução de menores custos de manutenção, ergonómicos e
adaptáveis à mecanização (pré-poda e/ou poda mecânica)
§ Constituir parcerias na utilização de máquinas associadas à operação poda
§ Usufruir da prestação de serviços de empresas especializadas

Ø 9 – Bibliografia consultada

- Araújo, J., Freire, J., Pimenta, F., Rosário, F. (1995). Estudo da evo lução da poda
numa moderna vinha alentejana e análise comparativa dos seus efeitos em

Texto de apoio elaborado a partir das apresentações feitas em Power Point 16


Jornadas: “Técnicas associadas à operação poda” EVAG, 26 de Janeiro de 2006

diferentes castas. 3º Simpósio da Viticultura do Alentejo. Évora, Portugal, 91-


97.
- Cargnello, G. (1989). Recherches sur les nouveaux modèles de conduite de la vigne :
considérations générales et mécanisation. Système de Conduite de la Vigne et
Mécanisation. OIV. Bordeaux, 66-130.
- Freire, J., Araújo, J., Pimenta, F., Rosário, F. (1992). A tecnologia cultural nas vinhas
da Fundação Eugénio de Almeida – Tempos de trabalho de algumas
operações. II Simpósio da Viticultura do Alentejo. Évora, Portugal, 81-89.
- Intrieri, C., (1989). Expériences d’adaptation entre systèmes de conduite et machines
pour la vendange et la taille. Système de Conduite de la Vigne et Mécanisation.
OIV. Bordeaux, 131-140.
- Lopes, C., Laureano, M., Bernardo, F., Aleixo, A., Castro, R. (1995). Influência da
poda mecânica na produtividade da videira, casta ‘Cabernet Sauvignon’.8as
Jornadas GESCO. Vairão, Portugal, 354-361
- Lourenço, J., Alves, V. (1968). Tempos de trabalho agrícola numa região do noroeste.
Fundação Calouste Gulbenkian. Centro de estudos de economia agrária.
- Madeira, A. e Mestrinho, F. (1988). O Trabalho na Vinha. Considerações sobre a
mecanização da poda. 1º Simpósio da Viticultura do Alentejo. Évora, Portugal,
243-250.
- Mota, T.; Castro, R.; Costa-Leme, J.; Garrido, J. (1989). Densidade de plantação da
vinha e sua implicações económicas e fisiológicas. Resultados de um estudo
sobre a casta Loureiro em fase de formação. Ciência Téc. Vitiv. 8 (1-2): 97-
112.
- Mota, T., Garrido, J., Castro, R. (1999). Étude sur systèmes de conduite de la vigne à
la région des «Vinhos Verdes» : Résultats de 10 années. 11as Jornadas
GESCO. Itália, 486-492.
- Némethy, L. (1996). Experiences on mechanisation of pruning, pre-pruning and
summer pruning in Hungary. 9as Jornadas GESCO. Budapeste, Hungria, 37-
43.

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1ª Comunicação .......Vantagens e Inconvenientes da Incorporação da Lenha de Poda


Por.........................................................................................Mestre Engº João Garrido

Sumário:
• Possíveis destinos a dar à lenha de poda
• Caso da destruição pelo fogo
• Caso da incorporação da lenha no solo

Ø 1 – Introdução

Uma vez a vinha podada há que dar um destino ao sub-produto que a poda gera: a lenha
de poda.
Segundo resultados de vários anos na EVAG, a quantidade de lenha de poda produzida
num hectare de vinha, com a casta Loureiro conduzida em cordão ascendente (CSA),
varia de acordo com o ano entre 1,6 a 2,0 toneladas por hectare.
Sabe-se também que, a produção de Matéria Seca de um hectare de vinha e sua
distribuição pelos diferentes órgãos da videira (uvas, folhas e varas) é segundo Fregoni
(1980), a seguinte:
Uvas Folhas Varas

Total (kg) % Total (kg) % Total (kg) %

2 673 45,9 1 160 20,9 1 631 30,2

As uvas constituem os órgãos com maior % de matéria seca, seguidas das varas e
posteriormente das folhas; as primeiras são vindimadas, as últimas são facilmente
degradáveis e ‘recicladas’ em termos nutricionais, ficando a situação das varas para
resolver: recolha não económica e de degradação lenta.
Por outro lado, a quantidade (kg) de Nutrientes Extraídos por tonelada de lenha de poda,
nomeadamente, de azoto, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e de boro, é igualmente
conhecida; segundo Pacheco et al. (2004) na região dos Vinhos Verdes e concretamente
na EVAG, a casta Loureiro extrai as seguintes quantidades que se comparam com a
extracção média de várias castas da região do Oeste.
Castas Azoto Fósforo Potássio Cálcio Magnésio Boro
Loureiro
EVAG 2.7 0.4 2.0 3.1 0.5 0.0055
Várias Castas
Oeste 2.7 0.5 3.0 3.4 0.8 0.005
Fonte: Pacheco et al. (2004), LQARS

A importância dos valores aponta para a vantagem de ‘reciclar’ este material.

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Ø 2 – Possíveis destinos a dar à lenha de poda

Podem ser vários os destinos a dar à lenha de poda, dos quais destacamos:
- Recolha para utilizar como combustível de uso doméstico.
- Recolha para uso nas camas do gado.
- Recolha para produção de estrume por compostagem em silos.
- Recolha e queima da lenha na margem da vinha.
- Trituração e incorporação no solo da vinha.

Ø 3 – Caso da destruição da lenha de poda pelo fogo

A destruição da lenha de poda pelo fogo reveste-se de alguns inconvenientes mas


também de uma necessidade que se torna vantajosa. De facto, queimar a lenha torna-se:
- Um processo dispendioso e exigente em mão-de-obra
- Perigoso ao poder provocar incêndio e sujeito ao código das BPA’s
- Destruidor de matéria orgânica importante
Por outro lado, é o melhor destino a dar à lenha de poda, quando a vinha está infectada
com doenças do lenho, como a esca, eutipiose e / ou escoriose, eliminando estes focos
de infecção.

Ø 4 - Caso da trituração e incorporação ao solo da lenha de poda


A trituração e incorporação da lenha de poda ao solo, é uma prática que também
apresenta vantagens e desvantagens:
- É o processo mais económico de eliminar a lenha de poda.
- Proporciona uma restituição importante de nutrientes e matéria orgânica às vinhas.
Estima-se que 1/4 da matéria orgânica consumida anualmente num hectare de
vinha possa ser restituída ao solo através da incorporação da lenha de poda.
- Processo desaconselhado quando existam videiras atacadas com doenças do lenho
(Esca, Eutipiose e/ou Escoriose).
- Pode resultar directamente de uma poda totalmente mecanizada.
Os efeitos da incorporação da lenha de poda ao solo são diversos, pelo que passámos a
citar os mais importantes.
4.1 - Efeito sobre o solo:
? Melhora a estrutura do solo
? Aumenta a capacidade de retenção hídrica sobretudo à
superficie
? Reduz a evaporação
? Reduz os fenómenos de erosão

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? Reduz os problemas de lixiviação dos nutrientes


4.2 - Efeito sobre as Infestantes:
- Efeito “Herbicida”- Redução do desenvolvimento das ervas
(toxidade derivada dos taninos e fenóis existentes nos sarmentos)
4.3 - Efeito sobre a Videira:
- Acção inibidora sobre o desenvolvimento radicular da vinha.
Este efeito reduz-se com a aplicação simultânea de estrume.
4.4 - Efeito sobre a Fauna :
- Aumento da população de roedores (ratos) sobretudo se
associada ao enrelvamento
- Proporciona abrigo a vários tipos de insectos
4.5 - Cuidados a ter na incorporação da lenha de poda
- Para ter efeito visível nas propriedades físicas e químicas do
solo a lenha de poda tem de ser bem triturada (pedaços de 5
cm) e incorporada pelo menos ligeiramente.
- A secura do solo e a humidade excessiva prejudicam o
processo de decomposição da lenha de poda.
- A incorporação da lenha de poda, sobretudo no primeiro ano,
pode originar carência de azoto. Aumentar as doses de azoto
essencialmente na forma nítrica.
- A incorporação da lenha de poda em vinhas novas, pode
originar redução do desenvolvimento radicular: toxidade sobre
as jovens raízes (Radicelas).
- Antes de triturar a lenha de poda, torna-se necessário retirar o
material lenhoso mais grosso de difícil decomposição.
- Reduzir ao mínimo o intervalo de tempo entre a poda e a
trituração da lenha por forma a evitar contaminações
(eutipiose, esca e escoriose).
- Nas vinhas adultas não existe perigo de intoxicação. As
vantagens de ordem económica sobrepõem-se a eventuais
riscos.
Pode portanto concluir-se que na maioria dos casos o emprego da trituração da lenha de
poda na vinha comporta mais vantagens que desvantagens.

Ø 5– Bibliografia consultada
• FREGONI, M. (1980) – Nutrizione e Fertilizzazione della vite.
• PACHECO, C. et al. (2004) – Efeito da aplicação do azoto, fósforo e potássio à
Vitis vinifera L., cv. Loureiro, sobre a lenha de poda e a sua composição mineral. X
Simpósio Ibérico de Nutrição Mineral das Plantas: 270-276. Lisboa.

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