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Augusto César Gracetto, Noboru Hioka e Ourides Santin Filho

As chamas são classificadas em chamas de difusão e de pré-mistura. Nas primeiras, a mistura combustível/oxigênio é
feita na própria chama, por difusão dos gases, enquanto que na segunda ocorre a mistura dos dois gases antes da zona de
combustão. As duas chamas apresentam diferenças de temperatura, cor e estabilidade. Neste artigo mostra-se como se
obter chamas dos dois tipos e como avaliar qualitativamente os produtos obtidos, em função da relação combustível/
oxigênio na chama. Além disso, apresenta-se uma proposta simples para se obter chamas de duração prolongada, de
execução fácil e barata, muito úteis para se realizar testes de chamas em cátions.


combustão, estrutura de chamas, testes de chama para cátions

Recebido em 12/4/04, aceito em 7/12/05

43

V
isto nos primórdios da huma- de que se tem notícia sobre o fogo tão e comportamento dos gases.
nidade como uma manifesta- são devidos ao naturalista inglês Estudos sobre a combustão tam-
ção dos deuses, o fogo e as Francis Bacon. Em 1620, ele obser- bém foram conduzidos por Sir Hum-
chamas vêm sendo utilizados pelo vou que a chama de uma vela tem phry Davy. Em 1815, Davy descobriu
homem em seu benefício desde que uma estrutura definida. Robert Fludd que uma chama não atravessava uma
este aprendeu a dominá-lo, primeiro (ca. 1630) descreveu um experimento tela de metal de malha estreita. No
para iluminação, aquecimento e para de combustão em recipiente fechado, caso, a chama queima de um dos la-
espantar animais, depois para cozi- constatando que o ar participava des- dos da tela sem inflamar os gases
nhar alimentos. se processo. Em 1650, Otto Von Gue- que passam para o outro lado. Isto
Há muito tempo o fogo também ricke demonstrou que uma vela não ocorre porque a tela dissipa calor de
está associado às armas e à destrui- se queima se confinada em um reci- modo rápido o suficiente para que a
ção. Atribui-se a certo Calínico de piente sem ar (sabe-se hoje que, temperatura dos gases que a atraves-
Heliópolis a invenção, em cerca de mesmo na presença de ar, é neces- sam fique abaixo de seu ponto de
675 d.C., do “fogo grego”, um líquido sária uma quantidade mínima de ignição. Essa descoberta propiciou o
inflamável que, lançado de navios, oxigênio para que a chama subsista desenvolvimento de lâmpadas de se-
destruía a armada inimiga. Supõe-se – vide Braathen, 2000). gurança, usadas pelos trabalhadores
hoje que de sua composição partici- Robert Hooke sugeriu, em 1665, das minas de carvão. Tais lâmpadas
passem salitre, enxofre fundido, óleos que o ar seria componente essencial eram conhecidas como “lâmpadas
minerais e vegetais. na combustão, o de Davy” e consis-
Diversas e interessantes são as qual, sob aqueci- Por volta de 1630, Fludd tiam em artefatos
teorias que consideravam o fogo co- mento, combinava- constatou que o ar contendo pequenos
mo elemento primitivo na constituição se com substâncias participava do processo de queimadores cober-
da natureza. Esses assuntos não se- combustíveis, dando combustão e, em 1650, tos com uma capa
rão abordados aqui, mas ao leitor su- origem à chama. Von Guericke demonstrou de tela metálica. As
gere-se a busca de literatura especia- Outras idéias atri- que uma vela não queimava lâmpadas de Davy
lizada no assunto, algumas delas buíam a alta tempe- na ausência de ar foram muito utiliza-
sugeridas ao final deste trabalho. Par- ratura da chama à das pelos mineiros
ticularmente neste trabalho, serão presença de partículas de ar exe- como equipamento de segurança e
abordados assuntos voltados à com- cutando movimentos extremamente iluminação até serem substituídas
posição e uso de chamas, especi- rápidos. É curioso notar o quanto pelas lâmpadas elétricas pelos idos
ficamente aos testes de chama. essas idéias já estavam próximas do de 1930.
Os primeiros trabalhos descritivos que se conhece hoje sobre combus- Antes da invenção da lâmpada

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elétrica, as chamas produzidas pela água, com chama normalmente azu-
queima de matéria orgânica na pre- lada. A diminuição na quantidade
sença de ar eram o único meio de ilu- relativa de oxigênio conduz à oxida-
minação artificial conhecido. Apesar ção parcial da matéria orgânica, po-
das características de alta lumino- dendo-se gerar, por exemplo, monó-
sidade, essas chamas têm elevada xido de carbono e água. No caso
produção de fuligem. Esse inconve- extremo, formam-se partículas de car-
niente, além da relativamente baixa bono (negro de fumo) incandescen-
temperatura de combustão, tornava tes e em parte responsáveis pela cor
seu uso quase impraticável nos labo- amarelada das chamas fuliginosas.
ratórios. Robert Bunsen (1811-1899) Para entender melhor o que foi ex-
resolveu esse problema desenvolven- posto acima, consideremos a combus- Figura 1: No bico de Bunsen, o combus-
do um queimador em que a mistura tão de um álcool alifático (fórmula geral tível (GLP, por exemplo) e o comburente
gás-ar é feita antes da queima, numa CnH2n+1OH) na presença de quan- (O2) são previamente misturados, o que
câmara interna. A nova chama, pro- tidades relativas cada vez menores de leva a uma chama mais quente e livre de
duzida pela queima da mistura com- oxigênio, conforme as equações: fuligem.
bustível e comburente (O2 contido no
CnH2n+1OH + (3n/2)O2 → Tipos de chamas
ar), mostrou ser muito mais quente,
livre de fuligem e dotada de leve colo- nCO2(g) + (n+1)H2O As chamas podem ser classifica-
ração, que depende da proporção das em dois tipos: chamas de pré-
gás-ar da mistura. A invenção do bico CnH2n+1OH + nO2 → mistura e chamas de difusão. Nas pri-
de Bunsen trouxe considerável nCO(g) + (n+1)H2O meiras, o combustível, normalmente
desenvolvimento da espectroscopia gasoso, é misturado ao oxigênio an-
de chama. CnH2n+1OH + (n/2)O2 → tes da queima. O que se inflama, por-
tanto, é a mistura desses dois com-
Estrutura e composição das chamas nC(s) + (n+1)H2O
ponentes. Este procedimento gera
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As chamas têm estrutura e com- As equações ilustram que, para chamas normalmente de temperatura
posição bastante complexas. A emis- um dado álcool, contendo n átomos muito alta e de baixa luminosidade,
são de luz nestas resulta da presença de carbono, a diminuição da quanti- controladas pela proporção combus-
não só de átomos e íons excitados, dade de oxigênio disponível para tível/oxigênio. A Figura 1 mostra uma
mas também de fragmentos de molé- combustão, de 3n/2 para n e final- típica chama de pré-mistura. Outro
culas e partículas sólidas incandes- mente para n/2 moléculas, gera exemplo, comum a todos, é a chama
centes. sucessivamente produtos que vão do de um fogão.
O processo de combustão envol- CO2 para o CO e finalmente para As chamas de difusão são aque-
ve, com raras exceções, muitas eta- carbono livre (C). Este, na forma de las em que não houve pré-mistura de
pas e depende de fatores tais como partículas de fuligem, pode ser obser- seus componentes. A difusão mo-
composição do com- vado nas chamas lecular, que ocorre muitas vezes de
bustível, fração rela- Em função de combustível pobres em oxigênio, modo turbulento, é responsável pela
tiva deste e do oxi- e do comburente serem ou sendo o principal mistura de gases nesse tipo de cha-
gênio, temperatura e não previamente responsável pela cor ma. Nesses casos, a proporção com-
pressão. misturados, as chamas amarelada destas. bustível-oxigênio é de difícil controle,
A combustão de podem ser classificadas em Deste modo, o con- resultando muitas vezes em baixa
compostos orgâni- chamas de pré-mistura ou trole da quantidade quantidade de comburente, gerando
cos (por exemplo, chamas de difusão de oxigênio presente chamas luminosas, turbulentas e fuli-
hidrocarbonetos e ál- na mistura vai deter- ginosas (Figura 2). Chamas de difu-
coois) é conhecida apenas em seus minar as características de tempera- são são geradas normalmente pela
aspectos mais gerais. Os mecanis- tura, cor e luminosidade da chama combustão livre de sólidos e líquidos
mos que envolvem a combustão formada. expostos ao ar.
destes compostos são complexos As mesmas diferenças podem se Como pode ser observado nas
em função da diversidade de molé- manifestar em chamas produzidas figuras, as chamas não-turbulentas
culas, radicais e fragmentos molecu- pela combustão de álcoois com ta- apresentam uma estrutura definida.
lares que tomam parte no processo. manhos de cadeia diferentes, man- Cada uma das regiões observáveis é
Diversos produtos podem ser gera- tendo-se fixa a quantidade de oxigê- conhecida como cone de chama. Os
dos, em função da composição do nio disponível. Tal condição é alcan- cones têm diferente composição e
combustível e sua concentração rela- çada de modo aproximado ao se temperatura. A parte mais interna da
tiva ao oxigênio. Em geral o excesso queimarem combustíveis livremente chama é conhecida como zona de
de oxigênio conduz à combustão na atmosfera gerando-se as ditas combustão primária, enquanto que a
completa, gerando gás carbônico e chamas de difusão (ver a seguir). parte mais externa é dita zona de com-

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quando queimados, produzem cha- (1726-1753) observou, em 1752, o es-
mas coloridas. Foram porém os italia- pectro de linhas brilhantes emitido por
nos e alemães que, na Idade Média, chamas contendo sais metálicos. Em
deram mais cores e efeitos às cha- 1758, Andreas Marggraf (1709-1782)
mas. Eles aprenderam a adicionar conseguiu diferenciar sais de sódio e
compostos metálicos na pólvora, sais de potássio pela cor de suas cha-
obtendo variada gama de cores e mas. John Herschel (1792-1871), por
efeitos. sua vez, mostrou que a radiação emi-
A origem das cores geradas pela tida pelas chamas de bário, cálcio,
presença de metais nas chamas está estrôncio e cobre, ao atravessar um
na estrutura eletrônica dos átomos. prisma de vidro, era resolvida em
Com a energia liberada na combus- suas linhas espectrais características,
tão, os elétrons externos dos átomos fato que poderia ser usado para fins
de metais são promovidos a estados de identificação química. Joseph
excitados e, ao retornarem ao seu es- Fraunhofer (1787-1826) fez o mesmo
tado eletrônico inicial, liberam a ener- tipo de estudo, observando em parti-
gia excedente na forma de luz. A cor cular o par de linhas amarelas emiti-
(ou os comprimentos de onda) da luz das pelo sódio, quando fazia estudos
emitida depende da estrutura eletrô- de índice de refração de vidros. Tais
nica do átomo (para um melhor enten- estudos redundaram na construção
dimento deste assunto sugere-se do espectroscópio de Bunsen e
recorrer ao artigo de Filgueiras, 1996). Kirchoff (Lockemann, 1956), valioso
Assim, a cor verde é obtida a partir instrumento de identificação de me-
da queima de sais de tais, que culminou
cobre e de bário, o com a descoberta,
Com a invenção da pólvora
amarelo pelo uso do pelos dois cientis-
pelos chineses (séc. IX), 45
sódio e o vermelho tas, dos elementos
Figura 2: Chamas de difusão estável (em conseguiu-se produzir
cima) e turbulenta (em baixo). pelo uso do estrôncio césio e rubídio (no-
chamas coloridas, mas
(ver mais exemplos na vamente recomen-
foram os italianos e os
bustão secundária. Entre essas duas Tabela 1). da-se a leitura do
alemães (na Idade Média)
situa-se a região interzonal, a mais Misturas desses trabalho de Filguei-
que adicionaram
quente da chama. A temperatura al- ingredientes produ- ras). Esta vasta ga-
compostos metálicos à
cançada pelas chamas depende de zem uma ampla ga- ma de estudos per-
polvora para obter chamas
vários fatores, entre os quais os tipos ma de cores, enquan- mitiu, em 1928, que
de cores variadas
de combustível e comburente usados. to que brilhos metá- o botânico dinamar-
Como exemplo, misturas típicas de gás licos e faiscamentos quês Henrik Lunde-
butano/ar geram chamas cuja tem- são obtidos pela adição de magnésio gardh (1888-1969) criasse a foto-
peratura fica na faixa 1700-1900 °C, e alumínio. metria de chama (Maar, 1999).
enquanto que misturas a base de ace- Neste trabalho ilustramos a obten-
tileno/N2O geram chamas que podem O uso das chamas em Química ção de algumas chamas, tanto de di-
alcançar cerca de 2800 °C. Analítica fusão quanto de pré-mistura, usando
Em meados do século XVIII produtos de baixo custo, disponíveis
As cores das chamas e os estudos começaram os estudos sistemáticos em boa parte nos laboratórios de
espectroscópicos de identificação de compostos pelo Química do Ensino Médio. As chamas
Desde a invenção da pólvora ne- uso de chamas, conduzidos mais ou podem ser usadas para identificação
gra no século IX pelos chineses, menos de modo simultâneo por vá- qualitativa de cátions, ilustrando de
sabe-se que determinados materiais, rios pesquisadores. Thomas Melvill modo fácil o uso dos testes de cha-
ma. Salienta-se a importância da
segurança na execução dos experi-
Tabela 1: Coloração típica de chamas, devido à presença de alguns cátions em estado
mentos, recomendando-se fortemen-
excitado (Vaitsman e Bittencourt, 1995).
te que sejam atendidas as sugestões
Elemento Cor da chama Elemento Cor da chama que seguem.
Antimônio Azul-esverdeada Cobre Verde
Recomendações de segurança
Arsênio Azul Estrôncio Vermelho-tijolo
1) As atividades propostas são de
Bário Verde-amarelada Lítio Carmim
natureza didática e não devem ser,
Cálcio Alaranjada Potássio Violeta JAMAIS, executadas em casa.
Chumbo Azul Sódio Amarela 2) Os experimentos só devem ser

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executados pelo professor responsá- • Areia seca e uma rolha, para au- dentro da lata perfurada e aguarde).
vel da turma. xiliar na perfuração das latas Observe as diferenças de textura, cor,
3) Os experimentos envolvem o • Fósforos longos estabilidade e altura entre as chamas.
uso de álcoois inflamáveis, tóxicos se • Soluções de sais metálicos (lítio, Certifique-se de que as chamas se
ingeridos ou inalados, que devem ser sódio, potássio, cálcio, estrôn- extinguiram e deixe todo o material
manipulados apenas pelo professor cio, bário e cobre), de preferên- esfriar completamente antes de tocá-
responsável. Deve-se tomar especial cia cloretos ou nitratos lo. O resultado está mostrado na
cuidado com os vapores do metanol. Para os experimentos com cha- Figura 4.
4) Os experimentos só devem ser mas foram utilizadas latas preparadas A queima começa a acontecer no
executados em condições de venti- de duas formas diferentes: interior da lata, possivelmente sobre o
lação adequada, em ambiente aberto. Latas recortadas - corte uma lata álcool. Com o aumento da tempera-
O ideal é conduzir o experimento no de refrigerante para que fique com al- tura do recipiente e, conseqüente-
interior de uma capela exaustora de tura máxima de 3 centímetros. Tome mente, do líquido, acontece aumento
gases. especial cuidado com as bordas do da pressão de vapor deste, provocan-
5) Os frascos que contêm álcool alumínio, que são bastante cortantes. do expansão da chama, até que ela
(ou outros líquidos inflamáveis) de- Assim, dobre para dentro cerca de abandona a lata, saindo pela abertura
vem ser mantidos longe das chamas. 3 mm da parede das mesmas, para superior. Com isso, o ar é injetado para
6) É imprescindível que o labora- evitar bordas cortantes. dentro da lata pelas perfurações late-
tório disponha de um extintor de in- Latas perfuradas - para evitar que rais, ocorrendo pré-mistura na base da
cêndio classe B (para uso em líquidos a lata se amasse com a perfuração, chama.
inflamáveis). preencha-a com areia até a boca e
7) Chamas de metanol em am- tampe com uma rolha. Com o auxilio
bientes claros, na presença de luz do do prego, faça diversos furos na pa-
dia, são praticamente invisíveis. Deve- rede lateral da lata, guardando altura
se, portanto, tomar o máximo de cui- mínima de 2 cm da base. Um artefato
46 dado ao inflamá-lo. Para ter certeza de madeira com alguns pregos atra-
que uma chama se extinguiu total- vessados pode facilitar o trabalho. As
mente, teste-a passando um palito de latas utilizadas neste artigo têm cerca
fósforo já usado pelas suas vizinhan- de 250 furos (ver Figura 3).
ças.
8) Os recipientes ficam muito Preparo das chamas
aquecidos, portanto deixe-os esfriar
antes de manuseá-los.
Chamas de difusão e de pré-mistura
9) No uso do etanol com a lata per- Pegue uma lata recortada e uma
furada, decorre certo tempo para que lata perfurada e adicione 3 mL de eta-
o sistema fique bem aquecido e a nol em cada uma delas, usando a pi-
chama saia pela boca da lata. peta (ou seringa). Inflame o conteúdo
(jogue com cuidado o palito aceso
Material e métodos
• Latas de refrigerantes limpas e
secas, das quais foram removi-
dos o anel e a lingüeta de aber-
tura
• Álcoois com cadeias de diversos
tamanhos (no presente trabalho
testou-se metanol, etanol, bu-
tan-1-ol e álcool tert-butílico).
Caso alguns desses álcoois não
estejam disponíveis, pode-se
encontrar propan-2-ol, vendido
em farmácias como álcool iso-
propílico e metanol em oficinas
de refrigeração.
• Tesoura grande (para corte das
latas) CUIDADO!
• Pipeta graduada (ou seringa) de
capacidade 5 mL Figura 3: Exemplo de lata perfurada usada Figura 4: Chamas de difusão (em cima) e
• Alicate e pregos como queimador. de pré-mistura (em baixo) usando etanol.

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Série dos álcoois com diferentes
cadeias
Usando chamas de difusão, varie
a relação combustível/oxigênio, por
meio da combustão dos diferentes
álcoois, desde o metanol até o butan-
1-ol. Vale lembrar que álcoois de
cadeia mais longa não se inflamam
nas condições propostas, provavel-
mente por apresentarem pressão de
vapor insuficiente.
Figura 5: Chamas de difusão obtidas utilizando metanol, etanol, álcool tert-butílico e
Trabalhe em local ventilado ou no butan-1-ol, respectivamente.
interior de uma capela e remova das
proximidades todos os recipientes de estabilidade, cor e temperatura ta-se a razão carbono/oxigênio na
contendo inflamáveis, bem como (ver Figura 4). A chama de difusão queima, diminuindo-se a geração de
quaisquer outros materiais tais como é turbulenta e sem estrutura defi- produtos mais oxidados (CO 2 ) e
papel, papelão, borrachas etc. Caso nida; entretanto, ela é mais adequa- aumentando-se a de espécies menos
a capela disponha de bicos de gás, da para iluminação (no escuro a oxidadas (C na forma de fuligem). Em
certifique-se de que eles estão fecha- diferença é notável). Uma vez que particular, esta última é observada
dos. a mistura dos componentes não é mais claramente na queima do álcool
Pegue quatro latas recortadas e homogênea e é limitada pela con- tert-butílico do que na queima do
adicione 3 mL de cada álcool em latas centração de O2 nas vizinhanças da butan-1-ol (ver Figura 5). Em situação
diferentes, pela ordem crescente do chama, a queima tende a ser in- oposta está o metanol, que se infla-
número de átomos de carbono. completa, gerando espécies menos ma com chama quase invisível. Deste
Acenda (cuidado!) os álcoois e oxidadas (CO e C) em maior quan- fato resulta a grande preocupação de
observe a textura, cor, estabilidade, tidade. Por outro lado, quando a engenheiros e técnicos que traba- 47
presença de fuligem e altura aproxi- mistura é antecipada, a queima é lham para equipes de competição de
mada das chamas. Compare os mais completa, gerando maior pro- automóveis, que usam este álcool
resultados. Chamas obtidas nessas porção de CO 2 e redundando em como combustível de seus motores
condições são de difusão e estão chama mais estável, limpa e mais (por exemplo, na Fórmula Indy).
mostradas na Figura 5. quente do que no primeiro caso,
porém bem menos luminosa.
Testes de chama
Testes de chama com as soluções de As chamas geradas por pré-mis-
sais Série dos álcoois tura se mostraram excelentes para ex-
Testes de chama são executados Nas condições em que o experi- perimentos de testes de chama,
sistematicamente com chamas de mento foi executado – queima em como pode ser visto nas fotos (Figura
pré-mistura. Para esses experimen- atmosfera aberta com chama de difu- 6). Para um volume de 3 mL de etanol,
tos, usam-se as lata maiores, com os são – pode-se considerar constante a duração média das chamas foi de
furos laterais, contendo 3 mL de a quantidade de oxigênio disponível 1 min e 40 s, tempo suficientemente
etanol. Deposite sobre a tampa da (pressão parcial de O2 na atmosfera) elevado para permitir uma boa de-
lata, nas vizinhanças da abertura, na queima de cada um dos álcoois. monstração. Como visto na Figura 6,
algumas gotas de solução aquosa de Sendo assim, ao se aumentar o nú- a chama fica totalmente tingida pela
cada um dos sais e inflame o conteú- mero de átomos de carbono, aumen- cor emitida pelo cátion, com
do da lata. Com o aquecimento da
tampa, a solução de sal ferve e pe-
quenas gotas de solução serão as-
pergidas para a chama, gerando as
cores características de cada cátion.
A Figura 6 mostra as cores de chamas
produzidas pelos cátions usados
neste trabalho.
Resultados e discussão

Chamas de difusão e de pré-mistura


Neste experimento evidencia-se
claramente as diferenças das cha- Figura 6: Cores de chamas de pré-mistura produzidas por diferentes cátions, usando
mas de pré-mistura nos aspectos etanol como combustível.

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baixíssima interferência da cor ama- mólogas de compostos orgânicos, Augusto César Gracetto, bacharel e mestre em
rela característica das combustões in- bem como a termodinâmica de sua Química Analítica pela Universidade Estadual
Paulista Julio de Mesquita Filho (Unesp), é aluno
completas. combustão. do curso de doutorado do Programa de Pós-
Desse modo, discussões acerca Alternativamente, na queima dos Graduação em Química da Universidade Estadual
da estrutura eletrônica dos átomos sais pode-se usar o método do fio de de Maringá (UEM), da qual é professor colaborador.
Noboru Hioka (nhioka@uem.br), bacharel em
e da sua identificação tornam-se platina preso em um suporte, substi- Química, mestre em Físico-Química e doutor em
mais atraentes para o aluno do En- tuindo-se a platina por um pedaço de Ciências (área de Físico-Química) pela USP, é
sino Médio. O professor de Química resistência de chuveiro elétrico (liga docente do Departamento de Química (DQ) da
UEM. Ourides Santin Filho (osantin@uem.br),
Orgânica pode utilizar-se deste ex- de níquel-cromo), barateando ainda bacharel, mestre e doutor em Química (área de
perimento para introduzir séries ho- mais o experimento. Físico-Química) pela USP, é docente do DQ-UEM.

Referências bibliográficas cola, n. 3, p. 22-25, 1996. Janeiro: Interciência, 1995.


LOCKEMANN, G. The centenary of the
BRAATHEN, C. Desfazendo o mito da Bunsen burner. J. Chem. Educ., v. 33, p. Para saber mais
combustão da vela para medir o teor de 20-22, 1956. IHDE, A.J. The development of mod-
oxigênio no ar. Química Nova na Escola, MAAR, J.H. Pequena história da Quími- ern chemistry. Nova Iorque: Dover, 1984.
n. 12, p. 43-45, 2000. ca. Florianópolis: Ed. Papa-Livro, 1999. SKOOG, D.A.; WEST, D.M. e HOLLER,
FILGUEIRAS, C.A.L. A Espectrosco- VAITSMAN, D.S. e BITTENCOURT, O.A. F.J.. Analytical chemistry: An introduction.
pia e a Química. Química Nova na Es- Ensaios químicos qualitativos. Rio de 6ª ed. Filadélfia: Saunders, 1994.

Abstract: Combustion, Flames and Cation Flame Tests: Experiment Proposal – Flames are classified into diffusion and premixed flames. In the first, the fuel/oxygen mixture happens in the flame
itself, by diffusion of the gases, while in the second the mixture of the two gases occurs before the combustion zone. The two flames present differences in temperature, color and stability. This paper
shows how to obtain flames of the two types and how to qualitatively evaluate the obtained products as a function of the fuel/oxygen ratio. Besides that, it presents a simple proposal on how to obtain
long lasting, easily executed and inexpensive flames, very useful to carry out cation flame tests.
Keywords: combustion, flames structure, cation flame tests

48 Evento

O ENEQ é um evento da Divisão o Instituto de Química. Neste XIII tém cursos de Química, e especial-
de Ensino da Sociedade Brasileira de ENEQ, haverão 12 conferências ple- mente de licenciatura em Química:
Química. O primeiro aconteceu na Fa- nárias, 43 minicursos, 5 sessões co- USP (campi São Paulo, Ribeirão Preto
culdade de Educação da Unicamp ordenadas paralelas, 9 mesas-redon- e São Carlos), Unesp, UFSCar, Uni-
em 1982 e os seguintes foram reali- das e duas sessões de apresentação mep, USF e PUC-Campinas. Vários
zados bienalmente. Entre 1984 e 1992 de painéis. Além disso, paralela- representantes dessas universidades
o ENEQ ocorreu em conjunto com as mente, acontecerão outros eventos compõem a comissão organizadora.
reuniões da SBPC. A partir de 1994, relacionados com o Ensino de Quí- A coordenação geral da comissão
desvinculado, da SBPC foi realizado mica realizados no Estado de São organizadora está sob a responsa-
em Belo Horizonte (1994), Campo Paulo: o VI SIMPEQ – Simpósio de bilidade das Profas. Maria Inês P. Rosa
Grande (1996), Aracajú (1998), Porto Profissionais do Ensino de Química (FE-Unicamp) e Adriana Vitorino Rossi
Alegre (2000), Recife (2002) e Goiânia (http://gpquae.iqm.unicamp.br/ (IQ-Unicamp) e de Cármen Lúcia
(2004). simpeq.htm) e o III EPPEQ – Encontro Rodrigues Arruda (coordenadora do
Para 2006, em comemoração aos Paulista de Pesquisa em Ensino de setor de eventos da FE-Unicamp).
25 anos de realizações de ENEQs, foi Química. Todas as informações sobre o XIII
proposto que o XIII ocorresse na Uni- O XIII ENEQ será realizado com a ENEQ, inclusive para inscrição, estão
camp, sob a coordenação da Facul- colaboração e apoio de outras univer- disponíveis em:
dade de Educação em conjunto com sidades paulistas que também man- www.fae.unicamp.br/eneq

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