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O terceiro caminho que está sendo construído, é a criação do Instituto Livre de Belas
Artes, ou seja, o atual IA da UFRGS que é de 1908.
Em 1910 começa o curso de artes plásticas.
É feita uma opção de construir uma identidade do RS através da paisagem.
Essa paisagem vem desde a paisagem rural de Pedro Weingärtner que é chamada
Solidão, também conhecida como Garças.
Depois, vem a obra de Libindo Ferrás, que mostra uma região próxima de Camaquã.
Depois essas paisagens vão se urbanizando, na medida em que o Estado vai deixando
sua origem rural, agrícola e pastoril e vai se tornando um Estado industrializado e
urbano. Essa mudança se dá em menos de 50 ou 60 anos, entre 1890 até 1950...
Depois vem João Fahrion, com uma imagem da praça da Alfândega em 1924.
Também Benito Castañeda, Luis Maristany de Trias e Ângelo Guido.
Esses artistas, com exceção de Fahrion e Weingärtner são todos estrangeiros. Essa
construção de identidade se dá exatamente por aqueles que não são nativos.
Na década de vinte, o Estado faz uma nova encomenda para decorar o Palácio Piratini
e essa encomenda é feita ao Augusto Luis de Freitas, que é gaúcho. Uma das telas é A
tomada da Ponte da Azenha. A outra é a Chegada dos Casais Açorianos.
Isso é o que chamamos de pintura de história, ou seja, o contrário do Weingärtner
que pintava as etnias e a terra.
A visão histórica encomendada era mais uma visão histórica voltada para a questão da
inclusão do RS dentro do BR.
O Estado vai ter uma interferência muito grande nesse processo de construção da
identidade visual, dessa identidade através das artes plásticas.
Em um período do BR onde é estimulada a ideia das identidades regionais, surgem as
capas da Revista do Globo.
Francis Pelichek é um artista de origem tchecoslovaca que veio para o RS entre 1910 e
1912 e faleceu aqui em 1937.
Um artista importante para nós, um artista profundamente competente, e ele, junto
com Lutzenberger e Benito Castañeda são esses artistas que vêm da Europa e se
colocam aqui para trabalhar e se estabelecer.
Pelichek vai olhar para aquilo que nunca tinha sido visto pelos próprios artistas, o
gaúcho, a lida, o trabalhador. Seus cadernos de desenho têm o bolicho, têm um
gaúcho puxando...são observações do cotidiano.
Antônio Caringi vai ser importante no processo de estímulo às identidades locais. Vai
fazer várias esculturas que são representações de trabalhadores, de figuras que não
são históricas ou mitológicas e, sim, tipos locais. (estão em Pelotas)
Na sequência desse processo o que veremos é o Estado Novo de Getúlio Vargas. O
Estado Novo começa em 1936, provoca uma ruptura dessa construção das identidades
regionais e isso vai explodir na famosa cerimônia de queima de bandeiras, onde se
queimas todas as bandeiras dos estados e se eleva a bandeira do país.
Quando há a ruptura com esse período, com o final da guerra e fim do governo de
Getúlio Vargas, o RS entra no processo e atualização das suas expectativas.
Dois artistas serão considerados ou vão ser tratados como artistas oficiais do RS.
Em torno da década de 50 são instituídos muitos marcos culturais importantes.
Nesse período o RS contrata dois artistas: ALDO LOCATELLI e ANTONIO CARINGI.
Quando Locatelli é convidado para decorar o Palácio, ele é convidado a tratar de mito:
a lenda do Negrinho do Pastoreio. É mitologia. O Estado faz uma opção: ao invés de
história, o mito. Essa inversão de identidade vai ser alimentada desde então.
Há uma reação neste período que vem do CLUBE DA GRAVURA. Esse grupo opta por
mostrar o trabalhador comum, o homem que trabalha nas minas, o homem que
trabalha com o gado. Há uma opção pela figuração, pelo real RS. Não tem nada de
heroico ou glorificador, ao contrário, é uma observação dura da realidade.
A série das Xarqueadas do Danúbio Gonçalves, 1952, são imagens importantíssimas
que vão fazer escola e vão fundar movimentos em todo BR. Exatamente em um
momento em que o BR está começando a optar por linguagens abstratas.
Esse grupo de gaúchos vai fundar o NOVO REGIONALISMO, ou seja, o novo olhar para
si próprio, não vinculado às linguagens plásticas estrangeiras, mas uma linguagem
plástica que seja de acessibilidade para todos, que é a ideia da gravura.
Laçador de Antonio Caringi, foi encomendado para fazer parte das comemorações do
quarto centenário de SP.