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ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO …………..……………………………………………………………………………1
2. DEFINIÇÕES ………………………………………………………………………………………….1
3. OBJECTIVOS …………………………………………………………………………………………2
4.SISTEMA DE CATEGORIZAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES …………………………………..2
5. ÁREAS DE INTERVENÇÃO ………………………………………………………………………...3
5.1. Avaliação da necessidade de cateterização vesical ………………………………………..3
5.2. Selecção do tipo de cateter vesical ……………………………………………………………4
5.3. Inserção asséptica do cateter vesical …………………………………………………………7
5.4. Manutenção da drenagem vesical ……………………………………………………………..9
5.5. Remoção do cateter vesical ………………………………………......................................10
6. COLHEITA DE URINA PARA ANÁLISE LABORATORIAL …………………………………..11
7. COLHEITA DE URINA PARA OUTROS DOSEAMENTOS ……………………………………12
8. ORIENTAÇÕES COMPLEMENTARES ………………………………………………………….12
9. BIBLIOGRAFIA ……………………………………………………………………………………..14
1. INTRODUÇÃO
1
No Inquérito de Prevalência de 2012 verificou-se que as infecções urinárias são a segunda
infecção nosocomial mais frequente correspondendo a 21,1% do total de infecções associadas
aos cuidados de saúde. Verificou-se também que a infecção urinária deu origem à INCS
(infecção nosocomial da corrente sanguínea) secundária em 30,2% dos casos.
2. DEFINIÇÕES
2,3
Infecção nosocomial – situação sistémica ou localizada resultante de uma reacção adversa
à presença de um agente (ou agentes) infecioso(s) ou da(s) sua(s) toxina(s). Deve ser evidente
que a infecção não estava presente ou em incubação no momento da admissão na unidade
hospitalar.
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Algaliação - Introdução de um cateter vesical através da uretra até à bexiga, para drenagem
de urina.
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Infeção do trato urinário associada a cateterização vesical – ocorrência de sinais e
sintomas clínicos locais ou distantes, atribuídos à presença de bactérias tanto no trato urinário,
como na via sistémica. A presença de piúria não significa, por si só, infecção.
3. OBJECTIVOS
Prevenir a transmissão de agentes infecciosos ao utente através da cateterização vesical.
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4. SISTEMAS DE CATEGORIZAÇÃO
Cada recomendação é categorizada segundo os critérios do CDC que são estabelecidas do
seguinte modo:
Categoria IA – Fortemente recomendado para implementação e de grande evidência baseada
em estudos experimentais bem conduzidos, clínicos, ou estudos epidemiológicos;
Categoria IB – Fortemente recomendado para implementação, baseada na racionalidade e
evidência sugestiva de alguns estudos experimentais, clínicos, ou estudos epidemiológicos;
Categoria IC – Recomendação sugerida por normas ou recomendações de outras federações
e associações;
Categoria II – Recomendação sugerida para implementação baseada na clínica sugestiva ou
estudos epidemiológicos, ou uma forte fundamentação teórica;
Questão não resolvida – Práticas para as quais não existe evidência ou consenso suficiente
quanto à sua eficácia.
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5. AREAS DE INTERVENÇÃO
As recomendações para a prevenção da infecção do trato urinário no utente com cateterização
vesical devem abranger 5 áreas de intervenção:
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5.1. Avaliação da necessidade de cateterização vesical
• A cateterização vesical só deve ser realizada por pessoas devidamente treinadas
(profissionais de saúde, familiares ou o próprio utente), que conheçam correctamente a
técnica asséptica de inserção do cateter vesical. Categoria IB
• Deve haver indicações clínicas muito específicas para a inserção de um cateter vesical
(não deve ser colocado apenas por uma situação de incontinência urinária), devendo ser
removido o quanto antes (ver Tabela 1). Categoria IB
• Inserir cateter vesical em utentes cirúrgicos, apenas se necessário, e não como rotina.
Categoria IB
• Em utentes operados que necessitaram de cateterização vesical, remover o cateter o mais
cedo possível (nas primeiras 24 horas se não houver contra-indicação). Categoria IB
• Ponderar alternativas à cateterização vesical de acordo com a situação clínica do utente.
Em utentes do sexo masculino ponderar cateteres externos (pen-rose), em utentes com
lesão medular ponderar cateterização intermitente em vez de cateterização vesical
prolongada. Categoria II
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5.2. Selecção do tipo de cateter vesical
• O cateter vesical deve ser seleccionado de acordo com a duração prevista da algaliação
e a situação clínica do utente. Na escolha do tipo de algália, é necessário inquirir o
utente e/ou pessoas significativas, acerca de possível alergia ao látex. Categoria II
• Deve utilizar-se o calibre mais pequeno que permita uma boa drenagem. O calibre
recomendado é de 12-14 unidades de Charièrre (Ch)/French Gauge (FR) na mulher e
de 14-16 Ch/FR no homem. Categoria II
• Em utentes com disfunção de esvaziamento da bexiga preferir a cateterização vesical
intermitente à colocação de cateter supra-púbico. Categoria II
• Apenas em situações específicas, como por exemplo na obstrução cateter vesical, não
estão indicadas lavagens/irrigações/instilações. Categoria II
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Classificação de cateteres ureterais quanto à sua composição
• Latex
• Silicone
• PTFE (Politetrafluoretileno) ou Teflon
• Siliconados (revestidos de silicone)
• Revestidos de Hidrogel
• Revestidos de Prata
• Revestidos de Nitrofurazona
• Se estiver prevista a obstrução do cateter vesical, utilizar um cateter vesical (3 vias) que
permita a irrigação contínua, para prevenir a obstrução. Categoria II
• Nas situações de cateterização prolongada, os cateteres de silicone são preferíveis aos
cateteres de outro material, para reduzir o risco de incrustações, em utentes com
obstruções frequentes. Categoria II
• Excepto indicações clínicas específicas (ex. utentes com bacteriúria após a remoção de
cateter vesical de uma cirurgia urológica), não utilizar antibioterapia profiláctica em
utentes que requerem cateterização vesical por curto período ou prolongada. Categoria
IB
• Nas cateterizações intermitentes (utentes que necessitam de cateterização vesical
intermitente como por exemplo utentes com paraplegia), a técnica limpa de inserção do
cateter é uma alternativa aceitável e mais prática do que uma técnica estéril. Categoria
IA
• Nas situações em que é necessária a cateterização vesical intermitente, esta deve ser
efectuada com intervalos regulares, para evitar a distensão da bexiga. Categoria IB
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Cores internacionais de tamanho de cateter
O diâmetro dos cateteres é medido em Charièrre (Ch ou CH) que indica o diâmetro externo.
1mm=3Ch
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5.3 Inserção asséptica do cateter vesical
• O balão deve ser dilatado com a quantidade correcta de água estéril (volume mais
pequeno necessário – 5 a 10 ml no adulto) a não ser que haja indicação específica do
Médico (ex: em utentes do foro urológico). Categoria II
• Proceder à higienização das mãos antes e depois de manipular o cateter vesical e/ou
sistema de drenagem e antes de calçar luvas esterilizadas para realizar a inserção do
cateter. Categoria IB
• Utilizar luvas estéreis, para manipulação de produtos esterilizados. Categoria IB
• Lubrificar o cateter e a uretra com gel anestésico, em embalagem individual. Categoria
IB
• Aguardar cerca de 5 minutos de acordo com recomendações do fabricante.
• Inserir o cateter vesical com técnica asséptica e manter o sistema de drenagem em
circuito fechado. Categoria IB
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Procedimento Justificação
1.Explicar o procedimento ao utente e/ou pessoa 1.Envolve o consentimento do utente na
significativa. realização da técnica, diminuindo a ansiedade e
obtendo a sua colaboração.
2.Proporcionar privacidade. 2. Respeita a intimidade do utente.
3.Posicionar o utente em decúbito dorsal expondo a 3. Facilita a execução da técnica.
região genital.
4.Higienizar as mãos (lavagem higiénica 4.Previne a infecção associada aos cuidados de
ou desinfecção com solução alcoólica) e saúde.
calçar luvas não estéreis.
5.Fazer a lavagem dos genitais com água e sabão. 5. Reduz a flora microbiana.
6.Remover as luvas e higienizar as mãos (lavagem 6.Previne a infecção associada aos cuidados de
higiénica ou desinfecção com solução alcoólica). saúde.
7. Calçar luvas estéreis. 7. Manter técnica asséptica.
8. Colocar campo estéril. 8. Manter técnica asséptica.
9.Instilar dentro da uretra o gel lubrificante e 9. Permite a completa acção antisséptica e
analgésico (6cc na mulher e 11cc no homem) anestésica e facilita a introdução do cateter
aguardando cerca de 5 minutos. vesical.
10.Com a mão dominante segurar o cateter vesical 10.Diminui o traumatismo da mucosa, previne
e introduzi-lo, lentamente e de forma consequente falsos trajectos e facilita a progressão do
na uretra. No homem, desfazer o ângulo peniano e cateter.
recobrir a glande com o prepúcio.
11.Conectar o cateter vesical ao saco colector. 11.Evita derramamento de urina e
institui circuito fechado.
12.Verificar o funcionamento da drenagem através 12.Permite certificar o correcto posicionamento
do refluxo de urina para o saco colector em sistema do cateter.
fechado.
13.Encher o balão até 10cc (adulto), certificando-se 13.Assegura a correcta colocação do cateter na
do seu correcto posicionamento através de uma bexiga.
suave fricção.
14.Providenciar o posicionamento adequado do 14.Assegura o adequado posicionamento e
cateter vesical fixando-o com adesivo (consoante fixação do cateter vesical, evitando o
o estado de consciência do utente). Homem – traumatismo do meato e favorece a drenagem e
região superior da coxa; Mulher – face interna da mobilização do utente.
coxa.
15.Colocar o saco no suporte sem dobragens do 15.Facilita a drenagem e a mobilização do
sistema ou tracções. utente.
16.Explicar ao utente (caso o seu estado permita) 16. Promove o autocuidado e diminui a
os cuidados a ter com o cateter vesical, tais como: ansiedade do utente, obtendo a sua
higiene, manutenção e evitar complicações (ex. colaboração e favorece a eficiência do
tracções do cateter, dobragens do sistema, etc.). procedimento.
17.Retirar as luvas e proceder à higienização das 17.Previne a infecção associada aos cuidados
mãos. de saúde.
18.Registar data, hora, calibre do cateter, 18.Documentar as intervenções de enfermagem
características da urina e intercorrências em notas realizadas.
de evolução e folha de planificação.
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5.5. Remoção do cateter vesical
• Não é necessário clampar o cateter antes de remover. Categoria II
• A remoção do cateter vesical deve ser feita logo que a sua permanência deixe de ser
uma indicação clínica. Categoria IA
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6. COLHEITA DE URINA PARA ANÁLISE LABORATORIAL
A colheita de urina para exame microbiológico deve ser feita por aspiração no local
referenciado do sistema para o efeito, ou por punção do cateter vesical.
Deve ser usado material estéril e técnica asséptica.
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8. ORIENTAÇÕES COMPLEMENTARES
Duração/períodos de cateterização:
• Curta duração – 7-10 dias;
• Longa duração – até 28-30 dias;
Quanto ao tempo de permanência do cateter vesical, podemos considerar vários tipos de
cateteres, consoante as diferentes situações assim deve ser escolhido o cateter vesical mais
adequado.
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As bactérias podem entrar na via urinária pelas vias :
• Extra-luminal – através da inoculação directa das bactérias na bexiga, aquando da
inserção do cateter vesical ou, posteriormente, ascendendo do períneo por acção
capilar na mucosa contígua à parede externa do cateter vesical;
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Tabela 6. Factores de risco para infecção urinária no utente com cateter vesical
Fatores de risco Intrínseco Fatores de risco Extrínseco
• Idade avançada • Técnica asséptica não respeitada na
• Sexo (diferenças anatómicas) introdução do cateter
• Diabetes • Duração da cateterização
• Imunodeficiência • Falha na manutenção do circuito fechado
• Desnutrição de drenagem
• Insuficiência Renal • Tempo de internamento
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9. BIBLIOGRAFIA
1 – DGS (Abril, 2013), “Prevalência de Infeção Adquirida no Hospital e do Uso de
Antimcrobianos nos Hospitais Portugueses - Inquérito 2012”;
2 – Centers for Disease Control and Prevention (CDC, 2009) – HICPAC,
“Guideline for Prevention of Catheter-Associated urinary Tract Infections”
http://www.cdc.gov/hicpac/pdf/CAUTI/CAUTIguideline2009final.pdf
3 – European Centre For Desease Prevention and Control (Abril, 2012), “Inquérito de
Prevalência de Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde e Utilização de
Antimicrobianos nos Hospitais de Agudos na Europa – Protocolo 4.2 – Manual de
códigos”;
4 – European Association of Urology Nurse (2006), “ Practices in Health Care Urethral
Catheterization Setion 2 Male, Female and Paediatric Intermittent Catheterization”;
5 – Ministério da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge – Programa Nacional de
Controlo de Infecção (2004), “Recomendações para a Prevenção da Infecção do Trato
Urinário – Algaliação de curta duração”.
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