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Cultura Religiosa

UNIDADE 1

Conceitos Gerais
da Cultura Religiosa
FACEL

SEÇÃO 1 – CULTURA E FENOMENOLOGIA RELIGIOSA I


Notas:

• Conceitos e Pré-conceitos Acerca das Religiões

Caro(a) estudante, durante o período em que voce estiver estu-


dando as culturas religiosas pertencentes aos diversos povos e nações,
irá-se deparar com muitas formas e conceitos acerca das religiões. Por
isso, começará a explorar o que vem a ser conceitos e pré-conceitos acer-
ca das religiões. Saiba que pré-conceitos, como verá adiante, podem im-
pedir, limitar, impossibilitar ou prejudicar seu aprendizado, mas isso só
acontecerá se ficar presos a eles.
Você sabia que existem muitos conceitos acerca das religiões?
Conceitos são idéias desenvolvidas e elaboradas que exigem análise e
reflexão que possibilita a compreensão do assunto ou tema a ser estu-
dado. Contudo, antes de ter um conceito elaborado sobre alguma coisa,
formam-se antes os pré-conceitos, que são a primeira compreensão que
temos sobre algo. O pré-conceito só é perigoso quando se permanece
nele, pois ele ainda não é um conhecimento seguro. O que é então um
pré-conceito?
O pré-conceito é um juízo pré-formulado a respeito de alguma
coisa. De forma geral é manifestado pejorativamente, na forma de ati-
tude discriminatória, contrária a pessoas, lugares e tradições conside-
radas por quem emite o juizo como diferentes ou estranhas. As formas
mais comuns de preconceito são: religioso, social, racial e sexual.
Ter pré-conceitos não é limitador e nem perigoso, mas pode tor-
nar-se quando se permanece neles e se insiste em não desenvolvê-los,
quando se iniste em manter uma visão limitada, incapaz de compreen-
der as coisas ao redor de outra maneira. No pré-conceito há tendencia a
olhar tudo sobre o mesmo ângulo, polarizar a atenção nele e ignorar o
contexto, isto impossibilita a formação de conceitos, ou seja, desenvol-
ver um conhecimento mais profundo e amplo.
Para chegar a um conceito sobre a disciplina de Cultura Religio-
sa, é necessário desenvolver os pré-conceitos no intuito de estabelecer
conceitos bem elaborados. Começa-se por questionar: O que é Cultura
Religiosa? Por que estudar esta matéria? Por que ela está inserida no
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FACEL

Curso de Teologia?
Notas:
Primeiramente, faz-se necessário conhecer o significado da pala-
vra cultura, para comecar a formar conceitos:

Cultura é informação, isto é, um conjunto de conhecimentos


teóricos e práticos que se aprende e transmite aos contem-
porâneos e aos vindouros. A cultura é o resultado dos mo-
dos como os diversos grupos humanos foram resolvendo
os seus problemas ao longo da história. Cultura é criação. O
homem não só recebe a cultura dos seus antepassados como
também cria elementos que a renovam. A cultura é um fator
de humanização. O homem só se torna homem porque vive
no seio de um grupo cultural. A cultura é um sistema de
símbolos compartilhados com que se interpreta a realidade
e que conferem sentido à vida dos seres humanos.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura).

Ao buscar uma definição para a palavra religião, voce não en-


contrará unanimidade entre os autores sobre o seu siginificado, pois
a gama de definicões é grande, e varia conforme o ponto de vista dos
pesquisadores. Dentre as várias definições de religião, uma das mais
aceitas é a seguinte:

Em sentido real e Objetivo, religião é o conjunto de crenças,


leis e ritos que visam um poder que o homem, atualmen-
te, considera Supremo, do qual se julga dependente, com o
qual pode entrar em relação pessoal e do qual pode obter
favores. Em sentido real Subjetivo, religião é o reconheci-
mento pelo homem de sua dependência de um Ser supremo
pessoal, pela aceitação de várias crenças e observância de
várias leis e ritos atinentes a este Ser. (WILGES, 1982, p. 10-11).

Agora que você já sabe um pouco mais sobre cultura e religião,


está convidado a refletir sobre a junção dessas duas palavras: Cultura
Religiosa. Por cultura religiosa, entende-se a constatação dos fenôme-
nos religiosos vivenciados por uma comunidade, e transmitidos de ge-
ração em geração segundo suas lendas e seus textos sagrados, que esta-
belecem certa unidade entre seus membros, adotando comportamentos
segundo seus credos religiosos.

Auto-avaliação:
Encontre revistas ou artigos, reportagens sobre atitudes pré-con-
ceituosas acerca das religiões.

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FACEL

SAIBA MAIS
Notas:

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As religiões do mundo. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1982.

• A Abrangência Religiosa

O fenômeno religioso abrange toda a humanidade, e não há cul-


tura conhecida pelo homem que não tenha tido algum tipo de experi-
ência religiosa. A vida está repleta de desafios e novidades que tem dei-
xado o ser humano perplexo, pelas múltiplas mudanças que ocorrem.
Esse processo tem se tornado cada vez mais ágil e acelerado, afetando
totalmente a forma de organização da sociedade. E o que antes estava
reservado às instituições religiosas, agora é colocado, cada vez mais, em
praça pública, nos centros comercias e ruas, como expressão de com-
plexidade e pluralidade religiosa. A forma do ser humano relacionar-se
com suas crenças não é mais a mesma, pois a fé não está mais institu-
cionalizada, o indivíduo está cada vez menos apegado às tradições e
apologias, e tampouco fixa-se num único lugar para relacionar-se com o
transcendente. O fato é que existem várias formas de “ver” Deus (CRO-
ATTO, 2001).
O mesmo autor ainda afirma que as ciências modernas reconhe-
cem que não é possível uma aproximação com a realidade do ser huma-
no sem considerar o fenômeno religioso. No geral, este fenômeno é re-
sultante do estudo dos fatos religiosos, suas manifestações, expressões,
observáveis, constatadas e verificadas sob diversas maneiras, em todas
as culturas. O fenômeno religioso se dá pela busca, do ser humano, de
sentido e direcionamento para a vida (Idem).
Não se pode iniciar um estudo sobre a fenomenologia religiosa
sem o auxilio de outras ciências, como a sociologia, a psicologia, a filo-
sofia, a teologia e as pesquisas desenvolvidas pelos etnólogos.
A religião é o resultado de todo um esforço humano em busca

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FACEL

do bem supremo: Deus. Isto tudo tem só um fim: o bem individual e


Notas:
coletivo do ser humano. Segundo o filósofo Immanuel Kant: “Religião
é o reconhecimento de todos os deveres como ordens divinas. Religião
é a moral impulsionada pela emoção”. (WILGES, 1982, p. 15).

Vocabulário:
Etnologia: “Ramo da antropologia que estuda as manifestações
dos povos mais primitivos, os povos naturais, aqueles que ainda não fo-
ram influenciados pela cultura vinda de fora, de outros povos”. (www.
wikipedia.org).

SAIBA MAIS

PIAZZA, Waldomiro O. Religiões da Humanidade. São Paulo: Loyola,


1996.

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As religiões do mundo. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1982.

• Mito

Mito é a tentativa do homem de explicar o desconhecido. Pode-


se dizer que é uma intuição compreensiva da realidade, como uma for-
ma espontânea de o ser humano se situar no mundo. Ele é repleto de
fantasia e imaginação que podem ser motivadas pelo desejo ou temor,
levando o indivíduo a desejá-lo ou a esconder-se dele. Não existe autor
para o mito, ele pertence à comunidade em que está inserido, pois o
mesmo é produzido por ela com o intuito de explicar o como, e não o
porquê das coisas (MEUNIER, 1976).
José Severino Croatto (2001) afirma que:

O mito pretende ‘dizer algo para alguém a respeito de algu-


ma coisa’, ou seja, existem quanto elementos em uma súbita
inter-relação: um emissor e seu destinatário, uma realidade
e o que se diz sobre ela, isto é, sua interpretação. O ‘algo a
respeito de alguma coisa’, que é a vivência inicial do emis-

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sor, é transferido para outros (‘para alguém’). Isso manifesta
a função social do discurso, bem como de toda palavra hu- Notas:
mana. (CROATTO, 2001, p. 210).

O mito é uma forma de narrativa que não explica racionalmente


a origem das coisas e a realidade, pois utiliza lendas e histórias sagra-
das para interpretá-las. É tido como verdade por causa da pessoa que
a relata, geralmete um poeta escolhido pelos deuses, que relata estas
lendas a partir de visões sobre o passado, o que permite que a origem
das coisas seja desvendada (www.brasilescola.com/mitologia).
A alegoria da Caverna, narrada por Platão encontra-se na obra
intitulada A República (livro VII), é um mito que fala sobre o mundo
existente como sendo uma cópia imperfeita de um outro mundo perfei-
to chamado por ele de mundo das ideias. Este mundo imperfeito apri-
siona os indivíduos a ilusões, a imagens, a opiniões, a falsas promes-
sas, portanto, a tudo que aprisiona o sujeito no erro. Através do mito
da caverna Platão ressalta que o ser humano está preso dentro de seus
paradigmas e impedido de contemplar a verdadeira vida, verdadeira
consciência, verdadeira liberdade (www.brasilescola.com/mitologia).
Platão lutava contra as crenças e superstições que aprisionavam
os seus conterrâneos. Ao analizar sua forma de pensar surge claramente
a opinião de que:

O mito da caverna é uma metáfora da condição humana pe-


rante o mundo como forma de superação da ignorância, isto
é, a passagem gradativa do senso comum enquanto visão de
mundo e explicação da realidade para o conhecimento filo-
sófico, que é racional, sistemático e organizado, que busca
as respostas não no acaso, mas na causalidade. Segundo a
metáfora de Platão, o processo para a obtenção da consciên-
cia abrange dois domínios: o domínio das coisas sensíveis
(eikasia e pístis) e o domínio das idéias (diánoia e nóesis).
Para o filósofo, a realidade está no mundo das idéias e a
maioria da humanidade vive na condição da ignorância, no
mundo ilusório das coisas sensíveis, no grau da apreensão
de imagens (eikasia), as quais são mutáveis, corruptiveis,
não são funcionais e, por isso, não são objetos de conheci-
mento. (pt.wikipedia.org/wiki/Mito_da_caverna).

No filme Matrix, se percebe o mesmo movimento feito por Platão


na Alegoria da Caverna, pois o filme mostra um mundo onde as pessoas

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FACEL

estão presas num ambiente virtual fantasioso e ilusório. O grande desa-


Notas:
fio proposto pelo filme é o mesmo feito por Platão, que é a transição de
uma realidade ilusória, imperfeita para uma realidade verdadeira e ple-
na. E essa passagem é realizada através do conhecimento da verdade
– “conhece-te a ti mesmo”. No filme, um dos personagens é visto como
o escolhido para realizar esta missão libertadora; mas tudo depende da
sua escolha e da sua disponibilidade para enfrentar os desafios e pagar
pelos altos preços desta tarefa. Em Platão, o filósofo também paga um
preço alto por defender a verdade e anunciá-la para os outros. É por
isso que muitos o renegam e preferem permanecer na escuridão da ca-
verna (www.wordpress.com/cinema).
Os mitos podem ser agrupados em diversos grupos. Os agru-
pamentos não priorizam tempo, origem de sua existência, apenas se
classificam em conformidade com a temática que abordam. Priorizam
temas centrais, embora, com palavras diferentes (MEUNIER, 1976).

Auto-avaliação:
Pense e identifique, quais mitos permeiam a sua forma de ver o
mundo.

SAIBA MAIS

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

GAARDER, Jostein. O livro das religiões. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito

• Rito

Normalmente a imagem do rito é tida como algo negativo, uma


formalidade, um ato repetitivo e sem sentido. O dia-a-dia é repleto de
momentos ritualísticos, eles acontecem quando se cumprimenta alguém

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com um olá, bom dia, como vai, e quando na despedida se diz: até logo,
Notas:
bom te ver, tchau. Esses atos são praticados de forma automática por-
que sempre foi feito assim. A Psicologia e a Sociologia entendem que o
comportamento ritualista é negativamente associado com a repetição e
a compulsão vazia. Porém, um dos conceitos mais valorizados na An-
tropologia é o conceito do rito, que primeiramente fora voltado mais
para o sagrado (LANGDOM, 2007).

O mito é discurso; a eficácia da palavra é reconhecida não


só na ordem religiosa, mas também na profana. Mas a pala-
vra é escutada ou lida (seu componente gestual é mímino),
enquanto que o rito é visual por um lado e socioespacial
por outro. Todo ritual exige um grupo de pessoas, um lugar
sagrado, objetos e instrumentos, vestes, etc... é necessário
lembrar que no mito é relatado um acontecimento, em que
os atores essenciais são os deuses. Então, no rito, os seres
humanos fazem o que no mito fazem os deuses. (CROAT-
TO, 2001 p. 332, 333).

Imagine uma peça de teatro, o que os atores leram e estudaram


cuidadosamente trata-se do mito, mas quando encenam no palco entra
em ação o rito.
Hoje a noção de rito abrange um grande e amplo conjunto de
eventos presentes na vida contemporânea, sejam estes sagrados ou pro-
fanos Podem ser dos mais banais, como as saudações cotidianas que
iniciam e fecham os encontros ou cultos religiosos, atos políticos e cí-
vicos, cerimoniais de todos os tipos, processos jurídicos e ainda uma
variedade de outros eventos que constroem e expressam a vida social e
individual (LANDGOM, 2007). Ainda, segundo a mesma autora, exis-
tem três classificações prioritárias dos ritos: ritos de passagem, ritos de
participação e ritos de propiciação.

EXERCÍCIOS

1. O que é rito? Onde eles ainda são praticados?


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2. Pode haver rito sem mito? Explique.


Notas:
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3. O rito pode ser comparado a uma peça de teatro? Explique Por quê?
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4. A existência do fenômeno religioso é universal? Justifique.


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5. Como a ciência analisa o fenômeno religioso? Explique com suas pa-


lavras.
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6. Qual a importância do mito?


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Auto-avaliação:
Reflita sobre suas próprias atitudes, buscando perceber quais os
rituais presentes nelas.

SAIBA MAIS

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

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PIAZZA, Waldomiro O. Religiões da Humanidade. São Paulo: Loyola, 1996.


Notas:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Rito

SEÇÃO 2 - CULTURA E FENOMENOLOGIA RELIGIOSA II

• Religião

A religião é um recurso cultural e complexo que contribui com


a estruturação e normatização das sociedades. Todos sofrem sua influ-
ência direta ou indiretamente. Ela muda o espaço, e qualifica o tempo,
é por esse motivo que narrativas religiosas iniciam com “em princípio”,
“no começo” (BACH, 2002).
A palavra religião vem do latim: religio, o prefixo re (outra vez,
novamente), e o verbo ligare (ligar, unir, vincular), ou seja, religião é
aquilo que une, liga, vincula o ser humano com a divindade (CHAUÍ,
2002).
A religião significa diferentes coisas para diferentes pessoas.
Para os primitivos, ela pode significar o oferecimento de sacrifícios de
animais, e para o indígena, às vezes, pode significar a mutilação do seu
corpo. É possível que ela se manifeste em cerimônias batismais para os
mortos, e em exercícios espirituais para os vivos. Tudo isto constitui “a
humanidade” que tenta provar os mistérios da vida e investiga o enig-
ma de que a morte nada mais é do que a iluminada passagem para um
outro mundo (BACH, 2002).
A religião é o sacerdote no altar, o ministro no púlpito, o rabino
recitando trechos da Torá. É o neófito aprendendo os conceitos de uma
fé e o penitente em confissão. É uma cruz, um livro, um rolo de perga-
minho, uma vela, uma esperança, uma canção... Podem-se considerar as
religiões que existem no mundo como um círculo – um círculo que não
tem começo nem fim (Idem).

No dia-a-dia do homem a religião está presente determinan-


do o agir tanto individual quando coletivo. O conhecimen-
to acerca da religião é de grande importância não somente

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para os que vão atuar diretamente como líderes religiosos,
Notas: mas também para os demais membros da sociedade, como
fator de aproximação social. Conhecer mais a respeito de
uma determinada religião permite entender melhor seus
valores, normas e crenças, e isso possibilitará o diálogo tan-
to ecumênico, quanto inter-religioso. (CHAUÍ, 2002, p 297).

Auto-avaliação:
A religião pode influenciar o seu comportamento e o comporta-
mento daqueles que o cercam? Explique.

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

• O Sagrado

Diante do sagrado o ser humano age de forma diferente, apre-


senta reverência, medo, respeito, acatamento, esperança, alegria, con-
fiança e cria um sentimento ambíguo. Se, por um lado entende sua infe-
rioridade, por outro percebe a superioridade do sagrado. Agostinho de
Hipona citou em seu livro Confissões, esta dupla atitude do ser huma-
no de reconhecer-se como ínfimo e pecador, em relação ao Sagrado que
possui a força, glória, poder, majestade e sabedoria (CROATTO, 2001).

O sagrado é uma experiência da presença de uma potência


ou de uma força sobrenatural que habita algum ser – plan-
ta, animal, humano, coisas, ventos, águas, fogo... A sacrali-
dade introduz uma ruptura entre o natural e sobrenatural.
(CHAUÍ, 2002, p. 297).

O que se pode concluir disso, senão que o mundo do sagrado é

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FACEL

diferente do profano. O mundo do real é lógico, objetivo, concreto, vi-


Notas:
sível, observável, sujeito a demonstração e comprovação. O mundo do
sagrado é abstrato, invisível, não racional, não sujeito a demonstração
e comprovação, é transcendental. Apresenta um significado todo espe-
cial na vida de um modo de totalidade absoluta, acabada e definitiva
(CROATTO, 2001).

O sagrado é essencialmente uma relação entre o sujeito (o


ser humano) e um termo (Deus), relação que se visualiza ou
se mostra em um âmbito (a natureza, a história, as pessoas)
ou objetos, gestos, palavras etc. Sem essa relação, nada é sa-
grado. (Idem, p. 61).

A manifestação do sagrado assume vários aspectos segundo as


diferentes manifestações culturais. O pastor tem uma concepção da ori-
gem da vida bem diferente da perceção do mesmo fato pela visão de um
operário de uma metrópole. A concepção de origem do universo de um
cientista é deferente à mesma ideia de um homem primitivo. Ambos
fazem suas interpretações do sagrado segundo suas culturas. As cultu-
ras tem manifestado de várias maneiras suas hierofanias. Algumas, tem
manifestado o sagrado numa pedra, ou numa árvore, num animal, ou
até mesmo na encarnação de um Deus, em Jesus Cristo para os cristãos
(CROATTO, 2001).

O homem ocidental moderno experimenta um certo mal-


estar diante de inúmeras formas de manifestações do sagra-
do: é difícil para ele aceitar que, para certos seres humanos,
o sagrado possa manifestar-se em pedras ou árvores, por
exemplo... não se trata de uma veneração de pedra como
pedra, de um culto da arvore como árvore. A pedra sagra-
da, a arvore sagrada não são adoradas como pedra ou como
árvore, mas justamente porque são hierofanias, porque ‘re-
velam’ algo que já não é nem pedra, nem árvore, mas o sa-
grado. (ELIADE, 1992, p. 17-18).

A modernidade rejeita a objetividade desses fenômenos religio-


sos, contudo, a manifestação do sagrado se dá ainda que seja pedra,
árvore, animal, ou um Deus feito homem, pois vem carregado de uma
percepção imediata, de uma força transcendente, sobrenatural, acima
do natural. Todo o cosmo torna-se uma hierofania, isto é, uma mani-
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FACEL

festação do divino, do sobrenatural. A pedra, a árvore, o animal, ou


Notas:
homem encarnado, continuam sendo pedras, árvores, animais, ou ho-
mem. Mas, aquilo que está por detrás, o mistério, se constitui do caráter
sagrado a estes objetos ou pessoas (ELIADE, 1992).

Auto-avaliação:
Reflita e justifique sobre o que é sagrado pra você.

SAIBA MAIS

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12 ed. São Paulo: Ática, 2002.

ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São


Paulo: Martins Fontes, 1992.

• Espaço Sagrado e Espaço Profano

A experiência religiosa se manifesta em num determinado espa-


ço, e tal espaço é considerado sagrado porque o indivíduo o percebe de
forma diferente do lugar que vive. Aquele espaço vem acompanhado
de um significado todo especial para ele, pois dele emana uma força
sobrenatural, uma realidade transcendental absoluta. O sujeito religio-
so funda seu mundo a partir de um ponto fixo, o que lhe dá segurança.
Procura a terra prometida na qual fixa seu ponto seguro para o cosmo.
Do desconhecido universo ou cosmo aguarda sinais misteriosos, fontes
de luz em sua vida. Neste espaço o indivíduo aguarda a manifestação
divina, através de sinais que seriam portadores de mensagens do divi-
no para o mundo profano (ELIADE, 1992).
No Antigo Testamento Deus direciona o seu povo para um lugar
específico a ser conquistado – a Terra Prometida – lá o templo deverá
ser erguido e nele deverá ser guardada a Arca da Aliança.
No Novo Testamento, Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre
esta pedra edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevale-
cerão contra ela. Eu te darei as Chaves do Reino: o que ligares na Terra

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FACEL

será ligado no Céu” (Mt 16. 18).


Notas:
Através da sacralização e consagração, a religião cria a idéia
de espaço sagrado. Os céus, o monte Olimpo (na Grécia),
as montanhas do deserto (em Israel), templos e igrejas são
santuários ou morada dos deuses. O espaço da vida comum
separa-se do espaço sagrado: neste, vivem os deuses, são
feitas cerimônias de culto, são trazidas oferendas e feitas
preces com pedidos às divindades (colheita, paz, vitoria na
guerra, bom parto, fim de uma peste); no primeiro transcor-
re a vida profana dos humanos. A religião organiza o espaço
e lhe dá qualidades culturais, diversas das simples qualida-
des naturais. (CHAUÍ, 2002. p. 298).

Somente no local escolhido por Deus o povo escolhido sentir-se-


ia protegido pela força divina. Fora dele o mundo seria desconhecido,
perverso e desorganizado, uma vez que não estaria consagrado. O es-
paço sagrado é entendido por diversos povos como um lugar diferente
do espaço comum do dia-a-dia. Fora do espaço sagrado, está o profano,
nesse lugar o homem não precisa seguir a ritualística presente no espa-
ço sagrado (ELIADE, 1992).
Igrejas e templos encerram uma fronteira entre o sagrado (sepa-
rado, consagrado) e o profano (que é aquele que está do lado de fora),
uma vez dentro do espaço sagrado, o profano sente-se seguro, protegi-
do e capaz de comunicar-se com a divindade (ELIADE, 1992).

• O Tempo Sagrado

“Encontramos, pois, no homem, a todos os níveis, o mesmo dese-


jo de abolir o tempo profano e viver no tempo sagrado”. (ELIADE, 2008,
p. 25).
O tempo sagrado e o profano são vividos pelo homem com mo-
tivações e intensidades diferentes, ele utiliza o “tempo profano” para
estar no “tempo sagrado”, pois o tempo sagrado é tornar presente, me-
diante ritos, cerimônias religiosas, atos do passado, perpetuando de ge-
ração em geração uma experiência religiosa do passado. O tempo pro-
fano não se torna presente senão nos fatos históricos, datas nacionais.
O tempo sagrado é ritualizado em atos públicos, e em cada data do ano
civil é retomado, tornado presente, é comemorado. O tempo se torna
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FACEL

um movimento circular, renovando a si mesmo, isto se pode observar


Notas:
em liturgias cristãs como a da Quaresma, Páscoa, Natal, Semana Santa.
Assim o indivíduo religioso acredita que a cada ciclo de tempo sagrado
se renova na vida prática. É um constante renascer. Acredita que em
cada ciclo Deus está chamando para uma transformação em sua vida. É
um tempo criador. É um tempo renovador. Não determinado pelo ser
humano, mas, por uma vontade divina. O tempo acontece por vontade
divina, rememorando o passado (ELIADE, 1992).

A religião não transmuta apenas o espaço. Também quali-


fica o tempo, dando-lhe a marca do sagrado. O tempo sa-
grado é uma narrativa. Narra a origem dos deuses e, pela
ação das divindades, a origem das coisas, das plantas, dos
animais e dos seres humanos. Por isso, a narrativa religiosa
sempre começa com alguma expressão do tipo: ‘no princi-
pio’, ‘no começo’, ‘quando deus x estava na Terra’, ‘quando
a deusa y viu pela primeira vez’, etc. (CHAUÍ, 2002, p. 298).

As cerimônias realizadas em função do tempo sagrado são inú-


meras, por exemplo: o sábado, o domingo, dias santificados, dias de
ação de graça, dias de padroeiros e padroeiras de cidades e de nações.
Tempos são dedicados às preces. Monges acordam às 03h00min para
realizar orações, meditações. As missas de sétimo dia para os defun-
tos, o dia de finados. E o dever de cada muçulmano de ir à terra santa,
Meca, para as preces (CHAUÍ, 2002).

Auto-avaliação:
Quais são os seus espaços sagrados? Como você administra o
seu tempo em função do sagrado?

SAIBA MAIS

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 12 ed. São Paulo: Ática, 2002.

ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano: a essência das religiões. São


Paulo: Martins Fontes, 1992.

ELIADE, Mircea. Tratado de História das Religiões. 3 ed. São Paulo:


Martins Fontes, 2008.

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EXERCÍCIOS
Notas:

1. Se as religiões pregam a paz, o que motiva as lutas religiosas? Reflita


sobre o assunto.
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2. Explique o porquê da grande diversidade de denominações religiosas.


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3. Explique essa afirmação: A manifestação do sagrado assume vários


aspectos segundo as diferentes manifestações culturais.
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4. Como a modernidade percebe a manifestação do sagrado?


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Notas:
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5. Quais são as diferenças entre o mundo sagrado e o mundo profano?


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6. Quais as influências que o espaço e o tempo sagrado trazem para a


vida do homem?
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SEÇÃO 3 - TEORIAS SOBRE AS ORIGENS DAS RELIGIÕES I

Nesta seção e na seguinte, ficará explícito que toda religião pos-


sui doutrinas (crenças, dogmas) que tratam sobre questões existências
que procuram e almejam saber: Quem sou eu? De onde vim? Para onde
vou? O que virá depois da morte?
Essas perguntas foram feitas no passado e ainda hoje se repetem,
leia abaixo o comentário do professor Umberto Galimberti:

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FACEL
As pessoas estão procurando um sentido para a própria existência
que não encontram na era da técnica, porque esta tem em vista so- Notas:
mente o seu autopotenciamento, na mais absoluta ausência de ob-
jetivos. As religiões sempre foram continentes de sentido, e então
as pessoas a elas se voltam, não à procura de Deus, mas à procura
de um significado para a própria existência. Tudo isso não é uma
dimensão religiosa, mas pura defesa para o deserto criado pela
falta de sentido.

(http://www.paulus.com.br/hotsites/hotsite). Entrevista exclu-


siva com o autor Umberto Galimberti Professor titular de História
da Filosofia e Psicologia Geral da Universidade de Veneza – Itália
em 07/01/2009. 14h: 21m.).

A religião, desde os primórdios, certamente está presente em to-


dos os lugares e em todos os grupos, embora não esteja presente em
todos os indivíduos. Com o passar do tempo as pessoas começaram a
criar teorias sobre a origem das diversas manifestações religiosas.

• Teoria Filológica

É a ciência que estuda uma língua, literatura, cultura ou civili-


zação sob uma visão histórica, a partir de documentos escritos. Tem
como seu idealizador Max Muller (1823-1900). Muller afirma a origem
da religião por meio da filologia, que é a ciência que estuda uma lín-
gua. O mito teria surgido de uma doença de linguagem, multiplicação
de vocábulos, nomes, expressões. Por meio da repetição de nomes se
conduziu a formação da existência de deuses, partindo dos fatos da na-
tureza como da chuva, raios, trovões, terremotos.
A estes fenômenos eram dados nomes e, pela dificuldade de ofe-
recer uma explicação do fenômeno, incorporou-se a ideia de uma força
superior à força humana para alguém muito mais forte e capaz de re-
alizar tais fenômenos. Alguém estaria por detrás de tudo. A evocação
de nomes foi personificando os fenômenos. Agora, aparecem como se
fossem seres humanos, super-homens. Nasce, então, a ideia de deuses,
seres humanos com forças superiores aos homens comuns. Algo dife-
rente e superior. O ser humano então se reconhece inferior e passa a
ter medo e praticar ritos para obter favores destes deuses e também faz
sacrifícios para acalmar as divindades (SIMÕES, 1998).

19
FACEL

• Teoria Positivista
Notas:

Tem como fundador Augusto Comte, (1718-1857). Para ele, o


Positivismo é uma doutrina filosófica, sociológica e política. Tal doutri-
na não busca o “porque” das coisas e sim o “como”. Comte defende a
teoria do surgimento das religiões passando por três estados distintos.

○ Estado teológico: Fase da evolução humana que consistia em


atribuir aos fenômenos da natureza a intervenção de uma divindade.
Nesta fase se encontra o fetichismo, a veneração a objetos materiais
como se eles estivessem imbuídos de uma força misteriosa capaz de
fazer o bem ou mal ao ser humano. O politeísmo, a crença em muitos
deuses. A passagem do fetichismo ao politeísmo é uma decorrência ló-
gica uma vez que se acreditava no poder misterioso de certos objetos. A
crença em um único Deus, monoteísmo é uma fase da evolução huma-
na mais recente, crença do Judaísmo e Cristianismo.

○ Estado metafísico: No estado metafísico surgiu o pensamento


abstrato. O ser humano passa ter o cérebro, conforme o formato atual, o
que possibilitou o surgimento da razão, das emoções, dos sentimentos
e da consciência. Nesta fase da evolução humana Deus é concebido
como um Ser abstrato, é a causa de todas as coisas.

○ Estado positivo: Neste estado o ser humano procura o enten-


dimento das coisas não mais pelo fetichismo ou pela metafísica, mas,
pela ciência e pela razão, o homem deixa de lado as essências, o mis-
tério, para obter respostas comprovadas pela observação, experimen-
tação e comprovação científica. O ser humano busca a solução de seus
problemas nele mesmo, passando a ser o centro de tudo, perdeu-se a
confiança em Deus e os santos perderam o lugar para os grandes inte-
lectuais. Agora tudo é visto pelas leis físicas, químicas, leis positivas das
convenções humanas.
Segundo Comte, os três estados têm uma semelhança com as fa-
ses de evolução da criança passando do pensamento simbólico ao abs-
trato e da razão. (pt.wikipedia.org/wiki/Auguste_Comte).

20
FACEL

Auto-avaliação:
Notas:
Como a sua religião responde a estas perguntas existenciais:
Quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? O que virá depois da morte?

SAIBA MAIS

JORGE, J. SIMÕES, Pe. Cultura religiosa: o homem e o fenômeno reli-


gioso. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1998.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo

• Teorias Evolucionistas

○ Charles Robert Darwin


Naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a co-
munidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria
para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. No
começo das manifestações da vida, os seres vivos não passavam de
um ser elementar, ao qual por mutações, mudanças climáticas, foram
agregados novos elementos a sua natureza, adquiria-se assim uma po-
tencialidade maior para sua sobrevivência até chegar ao estado atual.
Entendia o pensamento humano como produto da evolução, dessa
forma a ideia de Deus não existia no ser humano primitivo, pela inca-
pacidade de formar pensamentos abstratos (pt.wikipedia.org/wiki/
Charles_Darwin).
Como a ideia de Deus somente foi possível com desenvolvimen-
to do pensamento abstrato, a religião nasce como uma resultante da
evolução do ser humano. A crença em um Único Ser Superior é fru-
to de uma cultura complexa e de uma evolução longa da filogênese.
Não existe para o Darwinismo uma revelação de Deus ao ser humano.
Nem mesmo este ser humano teria nascido com a ideia de Deus.
Ela surgiu com a evolução biológica da natureza humana. Uma des-
coberta do indivíduo para sua sobrevivência (pt.wikipedia.org/wiki/
Charles_Darwin).

21
FACEL

o Herbert Spencer
Notas:

Filósofo inglês, representante do positivismo e grande ad-


mirador da obra de Charles Darwin, dono da expressão
“sobrevivência do mais apto”, nos estudos que desenvol-
veu aplicou as leis da evolução a todos os níves da atividade
humana. (pt.wikipedia.org/wiki/Herbert_Spencer).

Spencer preconiza que o surgimento da religião deve-se ao cul-


to dos antepassados, à crença nos mortos, ao sepultamento na terra.
Ele também destaca como a conservação de cadáveres fez surgir no ser
humano: a magia, o fetichismo, culto das plantas, mundo subterrâneo
onde viviam os espíritos, recolhidos pela terra-mãe. Pratica-se o culto
para os Manes, espíritos dos antepassados que poderiam atormentar
aos indivíduos em formas de fantasmas. Este ritual especial era para
afastar os espíritos: o pai de família, de noite, descalço distribuía ali-
mentos doces aos Manes e estes, após serem alimentados, se afastavam
e paravam de perturbar os vivos. Este culto veio substituir o culto à
Mãe-terra, onde a mulher centralizava as atenções mágicas. O culto aos
Manes é celebrado pelo elemento masculino, a civilização passa da fase
agrária (cultivo da terra), para a fase civil, cidade, aglomerados, onde
a supremacia masculina lidera todas as funções da polis (pt.wikipedia.
org/wiki/Charles_Darwin).

○ John Lubbock
Foi um homem visionário, era vizinho e amigo de Charles Da-
rwin. Escreveu um livro intitulado Prehistoric Times, datado em 1913.
Tal obra se opos à cronologia bíblica. Influenciado por Darwin, entende
que o desenvolvimento da religião se deu em cinco etapas:

1ª fase: Nos primórdios o homem seria ateísta, isto é, não


acredita e não tinha ideia de Deus.

2ª fase: Surge o fetichismo, nela o homem reverencia objetos


no intuito de controlá-los, atribuindo a eles poderes mágicos.

3ª fase: Ao adorar plantas e animais o homem passa a uma

22
FACEL

nova fase denominada “totemismo”, seguida do “xamanis-


Notas:
mo”, onde se atribui ao ser humano o poder de dominar os
espíritos.

4ª fase: Ao adorar uma gama de deuses, fabrica objetos e


imagens, atribuindo a eles poder sobre fenômenos naturais,
entra em uma nova fase: o Politeísmo.

5ª fase: Um deus é escolhido para ocupar a posição principal,


onde reina sobre outros, um Deus Supremo e Único passaria
a gerenciar o mundo todo e todos os seres humanos. Conce-
be-se a ideia de um Único Deus. Nasce o Monoteísmo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolucionismo

Auto-avaliação:
Pense nos motivos que levaram homens tão capazes a formula-
rem tais teorias. Esses motivos continuam vivos na atualidade?

SAIBA MAIS

JORGE, J. SIMÕES, Pe. Cultura religiosa: o homem e o fenômeno reli-


gioso. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1998.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Evolucionismo

• Teoria Antropológica

Edward Burnett Tylor é considerado um representante do evo-


lucionismo cultural. Reintroduziu o termo animismo (a fé na alma in-
dividual ou anima de todas as coisas e manifestações naturais) no senso
comum. Ele considerou animismo como o primeiro estágio de desen-
volvimento de todas as religiões. Defendeu a tese de que fenômenos
vividos pelos seres humanos primitivos como o sono, o sonho, a dor, a

23
FACEL

doença, a morte fossem algo diferente, outra força interna existente que
Notas:
não se tinha controle, ou seja, a alma (wikipedia.org/wiki/Edward_
Burnett_Tylor).
Posteriormente o ser humano teria começado a acreditar que não
somente ele, mas toda a natureza animal, vegetal e os próprios fenôme-
nos cósmicos eram dirigidos e controlados por uma força, possuíam um
espírito, uma alma oculta dentro de si. Surgem desta forma o culto aos
mais diversos animais, objetos e plantas. Desta forma todas as coisas
que cercam a existência humana começam ser vistas como manifesta-
ções dos espíritos. O universo todo é visto como uma manifestação dos
espíritos. Nasce o politeísmo, a crença em muitos deuses que recebem
os mais diversos nomes (wikipedia.org/wiki/Edward_Burnett_Tylor).

Os ritos são praticados para obter seus favores e aplacar


suas iras. O ser humano passa a crer que as manifestações
cósmicas como vulcões, terremotos, enchentes, relâmpagos,
secas, frios, nascimentos, mortes, a luz do sol, os movimen-
tos dos astros calores, as guerras eram fenômenos controla-
dos por deuses, tendo cada um deles a incumbência sobre
um elemento da natureza. Da multiplicidade das divinda-
des formaram a idéia de muitos deuses. Paulatinamente,
uma divindade começa ser conceituada como a mais forte, a
mais influente, superior às demais. Nosso Deus é o mais for-
te, o Supremo, o Eterno, o Absoluto, o Único que governa
e dirige todos os demais. Forma-se a ideia de Monoteísmo,
a crença em um único Deus. A concepção do monoteísmo
exclui totalmente a ideia que possam existir outros deuses
(SIMÕES, 1998).

Durante o animismo o homem não vê uma separação entre a


alma e o corpo, os dois estão juntos. Esta separação, o dualismo, é fruto
de uma evolução posterior. É curioso observar que a alma se estende
por todo o corpo, mas, se prioriza em certas partes do corpo, como alma
sangue, alma cérebro, alma fígado, alma coração. Eram exatamente es-
tas partes que os ritos sacrificais humanos extraiam para oferecer às
divindades. O canibalísmo praticado entre os povos primitivos, de co-
mer o cérebro, o fígado, o coração ou até tomar o sangue... consistia em
apoderar-se do espírito da vítima que residiria nestas partes. Assim,
sua alma, sua força se transmitiria da morte para a vida e da vida para a
morte. A transmigração das almas dos espíritos que passam de animais
para homens e de plantas para animais e mesmo entre os homens é uma
24
FACEL

decorrência desta concepção (SIMÕES, 1998).


Notas:
Existe uma concepção da alma, do espírito, de Deus, muito vaga.
A alma seria uma força junto com a matéria, embora distinta em sua
manifestação e força. Uma força quase que infinita sem começo e sem
fim. Não se sabe de donde vem e nem para onde vai, melhor é represen-
tá-la em forma de círculo. Sem começo e sem fim (SIMÕES, 1998).
Não se pode esquecer da magia psicológica, o efeito placebo,
praticados por alguns sacerdotes, pastores, líderes religiosos que me-
diante ritos, como a benção, aspersão de água, velas acesas, medalhas,
escapulários, a emissão de mantras, de gestos, vaticinam um benefício
para a pessoa. Neste caso, torna-se necessário a crença no personagem
que opera o rito, no poder misterioso do rito, já que mediante ele Deus
estaria agindo junto ao sujeito humano. É uma maneira de materializar
a ação. A pessoa terá que ter fé absoluta (SIMÕES, 1998).

EXERCÍCIOS

1. O que levou o homem a criar teorias sobre o surgimento das religi-


ões? Explique com suas palavras.
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2. Como Max Muller explica a origem da religião por meio da filologia?


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FACEL

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Notas:
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3. Aponte as diferenças existentes entre a teoria positivista e a filologia.


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4. Para Charles Robert Darwin o pensamento humano era fruto da evo-


lução? Explique.
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5. Como se deu o desenvolvimento da evolução segundo John Lubbock?


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6. Tylor reintroduziu o termo animismo. Explique o que é animismo?


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FACEL

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Notas:
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Auto-avaliação:
A concepção antropológica não tem uma ideia metafísica de
Deus, porém, trata de Deus no seu agir prático. Esta ideia está presente
atualmente nas religiões cristãs? Comente.

SAIBA MAIS

JORGE, J. SIMÕES, Pe. Cultura religiosa: o homem e o fenômeno reli-


gioso. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1998.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia

SEÇÃO 4 – TEORIAS SOBRE AS ORIGENS DAS RELIGIÕES II

• Teoria Sociológica

Émile Durkheim (1858-1917), filho de judeus franceses, seu pai,


avô e bisavô foram rabinos. Desde a mocidade optou por não trilhar
o mesmo caminho do pai e do avô. Viveu de forma bastante secular.
Em sua produção intelectual buscou explicar tudo a partir dos fato-
res sociais, incluindo os fenomenos religiosos. Apesar disso manteve
contato com a comunidade judaica (www.wikipedia.org/wiki/emile_
durkheim).
Durkheim possuia formação em Filosofia, e a utilizou como fer-
ramenta para auxiliá-lo nos estudos sociológcos. Dentre os seus traba-

27
FACEL

lhos, destaca-se a reflexão sobre a existência de uma “Consciência Co-


Notas:
letiva”. Ele entende que o ser humano deixou de ser animal selvagem
a partir do momento que o mesmo tornou-se sociável, isto é, foi se hu-
manizando ao aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo
social para poder conviver no meio deste. Segundo Durkheim, isso era
“Socialização”, e nela está a consciência coletiva, é a soma das rotinas,
hábitos, costumes e tudo quanto habita a mente, e serve como orienta-
ção. (www.wikipedia.org/wiki/emile_durkheim).

A esse “tudo” ele chamou de “Fatos Sociais”, e disse que


esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
Porém, para ser fato social, precisa atender a três critérios
específicos: a generalidade, a exterioridade e a coercitivida-
de. Isto é, o que as pessoas sentem, pensam ou fazem in-
dependente de suas vontades individuais, é um comporta-
mento estabelecido pela sociedade. (www.wikipedia.org/
wiki/emile_durkheim) (sem grifo no original).

Não é algo que seja imposto especificamente a alguém: é algo que


já estava lá antes, que continua depois e que não dá margem a escolhas.
Não se pode esquecer que este indivíduo está inserido num contexto
histórico, onde as instituições sociais se encontravam enfraquecidas,
havia muito questionamento, valores tradicionais eram rompidos e no-
vos surgiam (DE BIASSI, 2007). Disponível em www.orildobr.blogspot.
Acesso em 02/02/10.
A realidade da maioria das pessoas da sua época era de misé-
ria, muitos se encontravam desempregados, doentes e marginaliza-
dos. Assim, a busca por uma sociedade integrada era um dos focos de
Durkheim, pois enfrentava as consequências de um ambiente instável
(DURKHEIM, 1989).
Considerado um dos pais da sociologia moderna, é reconheci-
do amplamente como um dos melhores teóricos do conceito da coesão
social. Afirma ser o totemismo a forma mais antiga da religião, já que
emerge no seio da natureza da vida social do indivíduo. Entre as so-
ciedades mais primitivas esta vida social está ligada às leis, às artes, à
economia, à autoridade (pt.wikipedia.org/wiki/Émile_Durkheim).
Durkheim sustenta que a religião primitiva era um culto ao clã,
sendo este culto totêmico. O deus do clã é o próprio clã divinizado.

28
FACEL

Segundo Durkheim o totemismo é a forma mais original e primitiva da


Notas:
manifestação religiosa, é um fenômeno religioso da classe social mais
avançada e ampla. O sagrado e o profano são duas classes opostas. O
sagrado está protegido e isolado e o profano é o espaço onde o sagrado
se realiza. Durkheim afirma que “as crenças religiosas são as represen-
tações que expressam a natureza das coisas sagradas” e os ritos, “são as
regras de conduta que prescrevem como um homem deve se comportar
na presença de objetos sagrados”. (DURKHEIM, 1989, p. 72 e 79).
O totem é um símbolo que surgiu no indivduo, é um elementar
tribal, que une a tribo e a faz praticar certos ritos. Este sentimento se ex-
pande até constituir a ideia de um ser supremo sobre toda a tribo, está
formada a ideia da origem da religião. Durkheim apresenta as formas
de religiões, as crenças, os ritos, as liturgias como elemento mantenedor
da fé religiosa (Id, p. 79).

Auto-avaliação:
Durkheim ainda é atual? Você se identificou com sua teoria em
algum aspecto? Ele afirma que “as crenças religiosas são as representa-
ções que expressam a natureza das coisas sagradas” e os ritos, “são as
regras de conduta que prescrevem como um homem deve se comportar
na presença de objetos sagrados”.
A afirmação de Durkheim retrata o seu modo de relacionar-se
com Deus? Justifique.
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SAIBA MAIS

DURKHEIM, Èmile, As formas elementares da vida religiosa. São Pau-


lo: Paulinas, 1989.

JORGE, J. SIMÕES, Pe. Cultura religiosa: o homem e o fenômeno reli-


gioso. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1998.

29
FACEL

• Teoria Espiritualista
Notas:

Andrew Lang (1844 – 1912), grande adversário das teorias evo-


lucionistas, não somente ele, mas toda escola espiritualista que afirma-
va que tais teorias eram superficiais e simplistas ao tentarem explicar a
complexidade do fenômeno religioso (SIMÕES, 1998).
Lang enfatizou que o fetichismo, totemismo, animismo, naturis-
mo, não passam de formas decadentes do monoteísmo religioso. Afir-
mou que no início o indivíduo religioso relacionava-se apenas com um
deus, existia a crença em um único ser superior, supremo, único. A re-
ligião primitiva, portanto, seria monoteísta (SIMÕES, 1998).
W. Schmidt (1868-1954) em seu livro: A origem da ideia de
Deus, em 12 volumes, fez uma análise de como teria evoluído a ideia
de Deus, dividindo-a em três partes: Defende que no princípio os povos
primitivos tem o, “Urmonotheismus”, a primeira ideia de Deus, como
único, supremo, eterno, onisciente, criador e que habita no céu. Mais
tarde sendo já povos agrícolas, passaram a cultuar a forma matriarcal
decaindo ao politeísmo. E por fim, com o acúmulo de conhecimento
tecnológico passado de geração para geração, foi se desenvolvendo o
ateísmo, é este o pior dos estágios (SIMÕES, 1998).
O Padre Paul Schebesta (1887-1967), foi um missionário e antro-
pólogo, escreveu uma obra intitulada “A origem da religião”, resultado
de um longo trabalho antropológico na Ásia, no Congo Belga e entre os
pigmeus africanos. Em sua obra destaca que todos os povos primitivos
tinham a ideia em um único Deus, soberano, todo-poderoso, bondoso,
temível e imortal. A manifestação desta fé toma formas diversas e não
está ligada a nenhuma civilização. O nome dado a ele varia de civili-
zação para civilização. Há povos que nem mesmo dão nome para este
ser. Mas, o substrato originário confirma a crença em um único Deus.
Portanto, segundo, Schebesta, o monoteísmo é a forma originária da
religião (SIMÕES, 1998).

Auto-avaliação:
Como a teoria espiritualista pode contribuir ou não com a sua
crença?

30
FACEL

SAIBA MAIS
Notas:

JORGE, J. SIMÕES, Pe. Cultura religiosa: o homem e o fenômeno reli-


gioso. 2 ed. São Paulo: Loyola, 1998.

• Teoria Cristã

○ Origem
De acordo com o judaísmo, o Messias seria descendente do Rei
Davi, que traria ao Reino de Israel a restauração. Jesus Cristo, é o mes-
sias nascido na cidade de Belém na Galiléia. Anunciou o Reino de Deus,
atraiu muitos com a sua mensagem e milagres e foi aclamado por alguns
como o Messias. As autoridades judaicas o rejeitaram, condenando-o
a morte de cruz, como um líder rebelde. Aqueles que seguiram Jesus
passaram por grandes dificuldades em função da perseguição político-
religiosa, tanto dos judeus quanto dos romanos (CAIRNS, 2008).
Após a morte e ressurreição de Jesus, dá-se início à igreja, forma-
da primeiramente pelos apóstolos, que foram as principais testemunhas
dos ensinamentos de Jesus e mais tarde muitos foram agregados à igre-
ja. Esta comunidade reunia-se constantemente para orar, encorajar uns
aos outros e praticar a caridade. Batizavam aqueles que aceitavam Jesus
como Senhor de suas vidas. A partir de Jerusalém, os apóstolos parti-
ram para pregar a nova mensagem a todas as pessoas, e não somente
aos judeus (CAIRNS, 2008).
O cristianismo consiste no monoteísmo fundamentado na vida
e nos ensinos de Jesus, como relatam os Evangelhos na Bíblia. Para o
cristão, Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e como tal referem-se a ele
como Jesus Cristo. A fé em Jesus Cristo dá salvação e vida eterna, nehu-
ma obra, por mais digna, poderá salvar o homem (CAIRNS, 2008).
Hoje o cristianismo é a maior religião mundial, predominante na
maioria dos continentes (GONZALES, 1980).
O início do cristianismo se deu no século I. Segundo o Novo
Testamento, os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez
“cristãos” em Antioquia (Atos 11. 26).

31
FACEL

Notas:

O símbolo do peixe, recorrente no início da iconografia cristã. O


termo “peixe” em grego ἰχθύς (ichthýs) é o acrônimo de Ἰησοῦς Χριστός
Θεοῦ Ὑιός Σωτήρ (Iēsoùs Christòs Theoù Yiòs Sōtèr), Jesus Cristo Filho de
Deus Salvador. www.wikipedia.com.br.
A ideia de Deus deu origem à religião, foi mediante a revelação
divina. Deus, único, verdadeiro, eterno, infinito, foi o criador de todas
as coisas existentes. Ele não tem começo e nem tem fim. Não há nenhum
Deus acima e abaixo dele. Ele criou o homem e a mulher a sua imagem
e semelhança. Deu-lhe um espírito, deu-lhes graças e leis para se dirigir
sobre a terra e ao mesmo tempo estabeleceu a forma de rito, para que o
homem o venerasse como Deus, e Deus se manifestou ao homem. Não
foi o ser humano que procurou Deus, mas, o próprio Deus se revelou
ao ser humano, segundo consta no livro sagrado a Bíblia (GONZALES,
1980).
O Cristianismo prega o amor a Deus e ao próximo como o seu
fundamento espiritual. De fato estas atitudes não constituem dois man-
damentos separados (1º a Deus e 2º ao próximo), mas sim um só em que
nenhuma das partes pode ser excluída. A salvação espiritual é ofereci-
da gratuitamente a quem deseja aceitá-la buscando a Deus na figura de
seu filho Jesus e que a busca de Deus é uma experiência transformadora
da natureza humana (GONZALES, 1980).

EXERCÍCIOS

1. Como estão relacionados o sagrado e o profano nas religiões primiti-


vas segundo Durkheim? Explique.
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FACEL

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Notas:
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2. Porque Lang enfatizou que o fetichismo, toteísmo, animismo, natu-


rísmo, não passam de formas decadentes do monoteísmo religioso? Ex-
plique com suas palavras.
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3. Porque, segundo o Padre Paul Schebesta, o monoteísmo é a forma


originária da religião?
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4. Em que, principalmente, a teoria cristã difere das outras?


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33
FACEL

5. Porque os racionalistas tem dificuldade de aceitar a teoria cristã? Ex-


Notas:
plique.
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6. Como se deu o crescimento do cristianismo?


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Auto-avaliação:
Deus se revelou ao ser humano. Porque Ele fez isso? Como você
entende o relacionamento que Deus estabelece com você?

SAIBA MAIS

CAIRNS Earle E., O Cristianismo através dos séculos: Uma história da


Igreja Cristã. São Paulo: Vida Nova, 2008.

GONZALES Justo L. Uma História ilustrada do Cristianismo. São


Paulo: Vida Nova, 1980. Coleção em 10 volumes.

LEBRUN, François (dir.). As Grandes Datas do Cristianismo. Lisboa:


Editorial Notícias, 1990.

34
FACEL

RESUMO DA UNIDADE
Notas:

Até aqui você aprendeu sobre mitos e ritos, sobre o tempo e o


espaço, tanto sagrado como profano, conheceu as teorias sobre a origem
das religiões, e aprendeu um pouco sobre a biografia de diferentes es-
tudiosos que mudaram a sociedade com seus pensamentos e marcaram
a vida religiosa da humanidade de forma definitiva. Enfim você teve
contato com a fenomenologia religiosa. Tudo isto lhe servirá de base
para melhor compreender a unidade a seguir que tratará as diferentes
manifestações religiosas e o estudo comparado das grandes religiões.

35
Cultura Religiosa

UNIDADE 2

Religiões Sapienciais
e Igrejas Evangélicas
Reformadas
FACEL

PARA INÍCIO DE CONVERSA


Notas:

Nesta Unidade você irá estudar, nas duas primeiras seções, so-
bre algumas religiões que surgiram da sabedoria humana e da experi-
ência da vida. Elas procuram indicar o caminho a ser seguido, através
da meditação e da sabedoria. Em algumas delas tudo parece misturado,
tornando difícil discernir o que é religião e o que é filosofia ou sabedo-
ria. Nelas é valorizado o sentimento de compaixão, a contemplação, o
autoconhecimento, assim possuem de forma geral, um elevado ideal
ético.
Nas duas últimas seções você entrará em contato com diferentes
formas de experiência com o espiritual, buscará entender outras for-
mas de relacionamento com o mundo espiritual, no intuito de observar
como cada religião responde questões existenciais feitas por todas as
pessoas. Você irá identificar as várias formas com que a verdade foi
revelada, por quem foram aceitas e suas consequências.

SEÇÃO 1 - RELIGIÕES ORIENTAIS

• Hinduísmo

Você sabia que o nome hinduísmo foi inventado? Os indianos


referem-se a sua religião como ordem eterna, mas foram os europeus
que deram o nome de hinduísmo à religião dos indianos (KUNG, 2004).

○ Origem
Originou-se por volta de 1500 a.C. Os arianos, após vencerem os
autóctones, introduziram o politeísmo na Índia. Os sacerdotes arianos
tornaram-se mediadores entre a divindade (o deus onipresente Brama)
e o povo, isso solidificou sua casta. Contudo, com o passar do tempo eles
retornaram às crenças antigas que acentuavam o culto a muitos deuses
sejam eles bons ou maus. Somente mais tarde, não se sabe se pela influ-
ência do cristianismo, começaram a desenvolver fé em um deus pessoal
com fortes valores éticos, denominado Krishna (KUNG, 2004).
39
FACEL

Ao observar o exterior de suas construções religiosas, a riqueza


Notas:
de sua mitologia e ritos, percebe-se um grande espetáculo, contudo sua
crença está profundamente interiorizada.
O hinduísmo não possui fundador. É uma religião hereditária, e
para pertencer ao hinduísmo tem que ser Hindú e ter nascido na Índia.
O hinduísmo existe na Índia e onde se encontrem Hindus, como na Ma-
lásia, África do Sul, Paquistão, Ceilão, Birmânia (KUNG, 2004).

○ Escritos Sagrados
Seus livros sagrados não trazem, à semelhança do cristianismo,
Deus revelando-se aos seres hmanos. São livros sapienciais, que bus-
cam mostrar o caminho da perfeição e consequentemente para eles, da
salvação. O mais importante livro é o Bhagavad-gita.

○ Dharman (Conduta)
É o andar corretamente, de forma justa e correta. Essa lei é a que
garante a salvação, não pode ser contrariada, é uma lei muito antiga
conhecida no hinduísmo por Sanatana Dharma (ou Dharma Eterno).
É a doutrina moral sobre os direitos e deveres que valoriza a virtude
(KUNG, 2004).

○ Karman (Ação)
Karman ou Carma é uma lei que retribui toda ação tomada pelo
ser humano. Se praticar o mal lhe será imputada uma punição, mas se
praticou o bem então receberá de volta um bem em intensidade equi-
valente ao bem causado, tanto no âmbito fisico, quanto no espiritual
(KUNG, 2004).

O que mais importa em tudo isso é que, na visão do agir, co-


meça em ampla medida a ocorrer uma libertação das idéias
míticas e rituais. Um processo complexo, que ainda pode ser
acompanhado nos Upanixades. Por fim, o critério decisivo
para o tipo de reencarnação passou a ser simplesmente a
conduta de vida, o reto agir moral do morto enquanto vi-
veu. (KUNG, 2004, p. 68).

As boas ações, juntamente com a busca do conhecimento trazem


uma retribuição; poder encarnar-se novamente numa casta superior

40
FACEL

(KUNG, 2004).
Notas:

○ Deuses
Dentre os deuses cultuados, os mais venerados são: Vishnu (con-
servador), Shiva (o destruidor) e Brahma (deus criador). Brahma é o
grande espírito do universo, uma substância invisível que está por de-
trás de todas as coisas (KUNG, 2004).

○ Castas
Carma e casta estão diretamente relacionados, pois eles enten-
dem que cada um tem uma missão, um propósito, uma tarefa a cum-
prir, e o sujeito deverá aceitar as conseqüências do seu carma, ou seja,
das ações que tomou no passado, pois a casta em que ele está inserido é
consequência do que fez ou deixou de fazer (KUNG, 2004).

○ Reencarnação
O hindu crê que sua alma originou-se no Brahma, mas somente
poderá retornar a ele se fez o bem, dedicando-se ao autoconhecimento
e à busca da sabedoria. Se não voltar ao Brahma, ao menos reencar-
na numa casta mais elevada. É como uma promoção, mas quando isso
não acontece a reencarnação se dará numa casta inferior, prejudicando
sua caminhada espiritual. Não poderá culpar ou agradecer a ninguém
a não ser a si mesmo pela casta que ocupa na sociedade, pois o karma
retribui cada um segundo a sua atitude (KUNG, 2004).

○ Rituais
O banho no Rio Ganges não é um batismo, mas um ritual de
purificação que diferentemente do batismo, repete-se pela vida toda. O
Hindu não se alimenta de carne de animais os quais considera sagra-
dos, pois como acredita em reencarnação, pensa que seus antepassados
podem ter-se reencarnado num deles. Uma vez que o hindú morre, faz-
se a cremação do corpo e suas cinzas são despejadas no rio Ganges.
O lugar sagrado do hinduísmo é Benares ou Varanasi, uma cidade do
estado de Uttar Pradesh, na Índia, localizada nas margens do Ganges.
Uma das mais antigas cidades do mundo e a mais sagrada cidade da
religião hindú (www.wikipedia.com.br).
41
FACEL

Auto-avaliação:
Notas:
O Ocidente está sendo bombardeado constantemente pela filo-
sofia oriental. Muitos são atraidos por ela. Você já se sentiu atraido por
alguma delas? Por quê?

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Induismo

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa. 14 ed. Petrópolis, RJ: Vozes 1994.

• Budismo

No século IV a.C., no Nepal ao norte da Índia, por volta de 563 a.C.


nasce Sidhartha Gautama, mais conhecido como Buda (iluminado), ele ini-
ciou mais tarde um movimento religioso chamado Budismo (BACH, 2002).
Buda descendia de uma família nobre e somente aos 35 anos
depara-se com a realidade social de fato, pois até então não conhecia o
sofrimento que havia no mundo de sua época (BACH, 2002).
Após refletir, deixou tudo: esposa e riquezas, e se entregou à me-
ditação durante nove anos, até chegar à Iluminação. Começou a ensi-
nar a sua doutrina ao povo Hindú, dando início ao movimento budista.
Mais tarde, já reunia um considerável número de seguidores, inclusive
sua esposa e filho se converteram e aderiram ao trabalho de ensinar e
curar as pessoas (BACH, 2002).
Sidhartha Gautama não fundou uma religião, não falava de
Deus, não prometeu a salvação para os homens, nem mesmo se pro-
clamou rei, sacerdote, guru, líder religioso, ou convidou pessoas para
segui-lo (BACH, 2002).

42
FACEL

○ Doutrina de Sidharta Gautama


Notas:
O primeiro Cânon da doutrina budista que se tem conhecimento
surgiu no primeiro século a.C., denominado Tripitaka (três cestos). São
três coleções de livros, que tratam de regras monásticas, ensinos atribu-
ídos a Buda e aos seus seguidores diretos (BACH, 2002).

○ As Quatro Nobres Verdades


Buda pregou um sermão em Sarnath, intitulado “Colocando em
movimento a Roda da Lei”, nele estão contidas quatro verdades que
direcionam a oito caminhos íntegros. Leia com atenção o texto a seguir:

Ouvi, ó meus discípulos – disse o Buda -; esta é a nobre ver-


dade do sofrimento; nascer é sofrer; a velhice é sofrimento;
a doença é sofrimento; a morte é sofrimento; dor, tristeza
e desespero são sofrimentos. Contato com coisas desagra-
dáveis é sofrimento... E eis a causa do sofrimento: o desejo
ardente, que tende a renascer, associado ao gozo e a luxú-
ria, encontrando prazer aqui e ali; especificamente o desejo
ardente por paixão, o desejo ardente pela existência, o de-
sejo ardente por vaidade... Ora, a cessação do sofrimento é
deixar de se ligar. A ligação se origina no desejo, e o desejo
se origina na ignorância. Para deixar de sofrer, deixem de
se ligar, deixem de desejar, fujam da ignorância... E agora,
meus discípulos a nobre verdade: o caminho que leva ao
fim do sofrimento é o Nobre Caminho Óctuplo. (BACH,
2002, p. 69).

○ As Quatro Verdades são:


1ª- a verdade do sofrimento; 2ª- a causa do sofrimento é o desejo
ignorante; 3ª- a dor pode ser eliminada; 4ª- o caminho que leva a cessa-
ção do sofrimento.

○ O Nobre Caminho Óctuplo:


1º- íntegra visão; 2º- íntegra intenção; 3º- íntegro falar; 4º- íntegra
ação; 5º- íntegro modo de vida; 6º- íntegro esforço; 7º- íntegra consciên-
cia; 8º- íntegra concentração.

Auto-avaliação:
O sincretismo religioso está cada vez mais intenso no meio cris-
tão. Como você percebe isso no seu dia-a-dia?

43
FACEL

SAIBA MAIS
Notas:

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Budismo

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa. 14 ed. Petrópolis, RJ: Vozes 1994.

• Jainismo

O jainismo é uma das religiões mais antigas da Índia, juntamente


com o hinduísmo e o budismo. A palavra jainismo significa “conquis-
tador”. Os seus adeptos devem combater, através de uma série de está-
gios, as paixões de modo a alcançar a libertação do mundo (pt.wikipe-
dia.org/wiki/Jainismo).

(...) o Jainismo é uma religião pouco conhecida, mas que


ocupa um lugar notável entre os sistemas religiosos e filo-
sóficos da India, berço de sua origem, e no mundo todo.
Ficou mais conhecido por causa de Mahatma Ghandi, que
não abraçou a fé jainista, mas adotou seu princípio de não
violência. (DA GAMA FILHO, 1995, p. 89).
.
O fundador e organizador do Jainismo foi Mahavira, 599 e 527
a.C., foi contemporâneo de Buda, Confúcio, Lao Tsé, Zaratrusta entre
outros. Seu nome significa “Grande herói”. Mahavira nunca deixou de
ser hindú, pelo fato de ter organizado o Jainismo. Continuou acreditan-
do no carma a na reencarnação da alma (WILGES, 1994).

○ Doutrina:
O autêntico jaina precisa crer no mestre Mahavira, como aquele
que descobriu o Caminho da Verdade e que venceu todas as impossibi-
lidades. Não crêem num deus criador de todas as coisas e que o mundo
tenha sido criado. Acreditam na existência do Nirvana, é o éden para

44
FACEL

eles, onde não existe dor, doença, morte, ninguém envelhece, porém só
Notas:
tem acesso ao Nirvana os sábios quando terminam sua passagem por
esse mundo (WILGES, 1994).
Divindade para o jainista são todos os homens que já alcançaram
a perfeição, denominados siddhas. Todavia não pedem nada em ora-
ção, nem mesmo aos siddhas, sendo apenas objeto de meditação (WIL-
GES, 1994).
Os templos jainistas são esplêndidos, possuem uma arquitetura
refinada e estão por toda a Índia e de forma mais presente onde viveu o
mestre Mahavira.
São ascéticos a ponto de, em alguns casos, entenderem o suicídio
como algo que deva ser valorizado. Desprezam as orações, sacrifícios e
idolatria, e acentuam a lei do Karman, pois somente dessa forma chega-
se ao nirvana, mas rejeitam a possibilidade de um Deus pessoal, único,
supremo, criador. São extremamente éticos, por acreditarem na lei do
Karman, valorizam o comportamento ascético, pois pensam que é uma
forma de amadurecer e de se aprimorar. Fica clara a supervalorização
do mundo espiritual em detrimento do mundo material (WILGES,
1994).

Auto-avaliação:
Reflita sobre o que motiva você a ser um indivíduo ético.

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns.


Trad. Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jainismo

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa. 14 Ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

45
FACEL

• Confucionismo
Notas:

○ Origem
Surgiu no século IV a.C. e buscou formular um sistema político
com base nos conceitos religiosos que marcaram o grande passado chi-
nês. Confúcio é o nome latinizado pelos jesuitas do pensador chinês
Kung-Fu-Tze. Viveu entre os anos de 551 a 479 a.C., na China. Ocupou
vários cargos burocráticos, mas sua capacidade de ensinar através da
sensibilidade e capacidade de observar, o levou a ser um dos pensa-
dores mais aceitos, chegando a reunir 3000 alunos para ouvi-lo (DA
GAMA FILHO, 1995).
Fez estudos sobre os presos, afirmando que na sua maioria eram
pobres e ignorantes. Para combater este problema seria necessário: edu-
cação e trabalho. Ensinar a pescar. Educar pelo exemplo de todos a co-
meçar pelas autoridades. Tornou uma província próspera graças aos
seus conhecimentos (DA GAMA FILHO, 1995).
“Confúcio não é um especulador, nem sequer um pensador pro-
fundo, mas um observador dotado de sensibilidade e sentido prático”
(PIAZZA, 1996, p. 345).

○ Pontos Importantes da Filosofia de Confúcio:


◘ A doutrina do justo meio: Ensina que o homem deve
aprender a viver com e sob autoridade.
◘ O conceito do homem perfeito: Consiste em buscar a
perfeição e em querer a perfeição do outro, tendo um
sentimento de humildade com o outro e de dignidade
consigo mesmo, contudo,

(...) a perfeição estava ligada às práticas rituais e às regras


de etiqueta. Não se pensava em recompensas numa vida
além túmulo; apenas os mais sábios alcançariam a existên-
cia após a morte, para ajudar as forças celestiais no governo
do mundo. (DA GAMA FILHO, 1995, p. 133).

◘ A doutrina dos ritos sociais: Busca valores absolutos,


pois neles todos os indivíduos, bem como na sociedade
encontram apoio para manter a integridade.

46
FACEL

○ Uma Religião?
Notas:
O confucionismo está mais para sociologia que para religião,
pois Confúcio era um racionalista, contudo acentua a importância da
religiosidade chinesa, incorporando-a em sua filosofia de vida (PIA-
ZZA, 1996).
Por seus ensinamentos o povo passou a admirá-lo muito, e após
sua morte, passou de um homem ilustre, como alguém a quem se devia
adoração. Sacrifícios foram oferecidos a ele por ordem do Imperador e
alguns templos foram construídos em escolas (PIAZZA, 1996).
Confúcio foi um grande legislador, pois reuniu todos os docu-
mentos religiosos, políticos, filosóficos, morais que existiam na época e
os organizou com um corpo de doutrina: A) Livros Sagrados das Mu-
tações; B) Livros Sagrados por Excelência; C) Livros dos Versos e C)
Livros dos Ritos.
Pelos pensamentos e atitudes que se estudaram nesta seção,
percebe-se que Confúcio era um homem pragmático que não procura-
va discutir problemas metafísicos, mas, os problemas de conduta e da
moral, pois “Confúcio não teve a pretensão de ser um profeta, nem de
tornar-se um pensador religioso, mas sim um sábio e um educador”
(DA GAMA FILHO, 1995, p. 145).

EXERCÍCIOS

1. Quais as diferenças entre dharman e karman?


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2. Carma e casta estão diretamente relacionados? Explique por quê?


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47
FACEL
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Notas:
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______________________________________________________________

3. Quem foi Sidhartha Gautama? O que ele pretendia?


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4. O que devem fazer os adeptos do Jainismo para alcançar a libertação


do mundo?
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5. Quem foi Confúcio?


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6. O Confucionismo é uma religião? Por quê?


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48
FACEL

______________________________________________________________
Notas:
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_____________________________________________________________

Auto-avaliação:
Confúcio afirmava que se deve educar pelo exemplo de todos, a
começar pelas autoridades. Esse também é um princípio seu?

SAIBA MAIS

FILHO, Tácito da Gama Leite. As religiões vivas II. Rio de Janeiro:


Juerp, 1995.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns.


Trad. Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa. 14 ed. Petrópolis, RJ: Vozes 1994.

SEÇÃO 2 - RELIGIÕES PROFÉTICAS

• Judaísmo

○ Fundação
O Judaísmo remonta aos anos de 1.700 a.C. com Abraão “Olhai
para Abraão, vosso pai, e para Sara, aquela que vos deu à luz. Ele estava
só quando o chamei, mas eu o abençoei e o multipliquei” (Isaías 51. 2).
Mas a religião é chamada Mosaica e sua origem atribuída a Moisés por
ele ter recebido de Deus os Dez Mandamentos, por ser o guia do povo,
o legislador, que foi representante do próprio Deus (BACH, 2002).

○ Livro Sagrado
O livro sagrado dos judeus é a Bíblia, ela equivale ao Antigo Tes-
tamento. São 24 livros, divididos em três grupos:
49
FACEL

◘ Lei (Torá) – O Pentateuco, “os cinco rolos”, é composto


Notas:
pelos cinco primeiros livros da Bíblia,Torá(lei),paraosjudeus.
Os primeiros cinco livros da Bíblia Hebraica, são atribuídos
a Moisés. Torá poderia tambem ter num sentido mais amplo,
para referir o ensinamento judeu através da história como
um todo (pt.wikipedia.org/wiki/Pentateuco).
◘ Os profetas (Neviim) - livros históricos proféticos;
◘ Os escritos (Ketuvim) - os demais livros.
A diferença com todos os demais livros das outras religiões está
em que o Antigo Testamento é um livro, não apenas escrito pelos ho-
mens, mas, inspirado por Deus e revelado por ELE, a seus profetas. O
Judaísmo é, portanto, uma religião revelada. Tem sua origem em Deus
e não nos homens (BACH, 2002).

○ Monoteísmo:
A crença monoteísta em YHWH (YAVÉ), às vezes chamado Ado-
nai (“Meu Senhor”), ou ainda HaShem (“O Nome”), como criador e
Deus, e a eleição de Israel como povo escolhido para receber a revela-
ção da Torá, que seriam os mandamentos deste Deus. Dentro da visão
judaica do mundo, Deus é um criador ativo no universo, que influencia
a sociedade humana, na qual o judeu é aquele que pertence a uma linha-
gem que tem um pacto eterno com este Deus (pt.wikipedia.org/wiki/
Judaísmo).
O povo judeu conservou durante toda a sua história a crença em
um único Deus. Está crença não provem dos humanos, mas, da revela-
ção de Deus. Deus se manifesta como Deus Único, Eterno, Supremo ao
ser humano (BACH, 2002).

○ Doutrina:
Segundo o judaísmo o pecado afasta o indivíduo de Deus e atrai
sobre ele a ira divina. Pecar é entrar em rebelião contra Deus. Os judeus
tem como lugar sagrado o Muro das Lamentações que é um lugar de
oração, que presumivelmente aproxima o ser humano de Deus, os ju-
deus acreditam que a oração feita frente ao muro é poderoso meio de se
estabelecer intimidade com Deus. Também, para eles, existe um lugar
chamado Sheol, equivalente a inferno ou hades, é o lugar dos mortos.
50
FACEL

Os antigos hebreus imaginavam que este lugar se encontrava debaixo


Notas:
da terra, onde eles aguardariam o Juízo Final.
A circuncisão é o rito de iniciação praticado como sinal de cum-
primento do pacto estabelecido entre Deus e Israel, ou seja, simboliza a
aliança de Deus com seu povo escolhido.
Apesar de permitirem o divórcio, valorizam o casamento com
filhos, devendo ensiná-los as práticas religiosas.
Caso o judeu se converta a outra religião, como o budismo ou
o cristianismo, ou ainda, que se afirma judeu messiânico (ramificação
protestante que defende Jesus como o messias para os judeus) perde o
lugar como membro da comunidade judaica tradicional e transforma-
se num apóstata (pt.wikipedia.org/wiki/Judaísmo).

Auto-avaliação:
Na história judaica vemos como o pecado interrompeu o relacio-
namento do ser humano com Deus. O que é relacionamento pra você?
Até onde você iria para mantê-lo?

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns.


Trad. Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

• Islamismo

É uma religião monoteísta, originária da Arábia que surgiu


em 622 d.C., baseada nos ensinamentos religiosos do profeta Maomé
(Muhammad) e numa escritura sagrada, o Alcorão. A religião é conhe-
cida ainda por islamismo (GAMA FILHO, 1995).

51
FACEL

○ Fundador
Notas:
O fundador do islamismo foi Maomé. Esta religião tem como lu-
gar sagrado a cidade de Meca. É uma religião que se espalhou rapida-
mente por quase toda África, parte da Ásia e nas Américas. Seu número
de adeptos chega perto de um bilhão, já que na África em cada 10 habi-
tantes, 7 são muçulmanos e 3 cristãos (GAMA FILHO, 1995).
Como esta religião conseguiu unir povos tão distintos? É porque
para os muçulmanos

(...) o islã é a religião mais nova e, por isso, também a me-


lhor. Judeus e cristãos, na verdade, receberam a revelação
de Deus já antes, mas depois a adulteraram. Só islã a restau-
rou sem falsificações. Por isso, para os muçulmanos, o islã
é também a religião mais antiga e mais universal. (KUNG,
2004, p 254).

Para os muçulmanos o Islã existe desde Adão, o primeiro pro-


feta, após ele vieram muitos outros, e culmina em Maomé (GAMA FI-
LHO, 1995).
Em apenas duzentos anos após a morte de Maomé, o Islã já havia
se espalhado por Médio Oriente, no Norte de África e na península Ibé-
rica, bem como na direcção da antiga Pérsia e Índia. Mais tarde, o Islão
atingiu a Anatólia, os Balcãs e parte da África (pt.wikipedia.org/wiki/
Islão).

○ Salvação
A mensagem do Islão se caracteriza pela simplicidade: para atin-
gir a salvação basta acreditar num único Deus, rezar cinco vezes por
dia, submeter-se ao jejum anual no mês do Ramadã, pagar dádivas ritu-
ais e efectuar, se possível, uma peregrinação à cidade de Meca. Possuem
uma curta declaração de fé: “Não há Deus senao Alá, e Maomé é seu
Profeta” (pt.wikipedia.org/wiki/Islão).

○ Livro Sagrado
O livro sagrado do islamismo é o Alcorão ou Corão: o signifi-
cado desta palavra aproxima-se de “recitação”, este livro está para o
muçulmano como a Bíblia está para o cristão, é o seu livro sagrado. Os
muçulmanos acreditam que o Alcorão é a palavra literal de Deus (Alá)
52
FACEL

revelada ao profeta Maomé (Muhammad). A palavra Alcorão deriva do


Notas:
verbo árabe que significa declamar ou recitar; Alcorão é portanto uma
“recitação” ou algo que deve ser recitado (pt.wikipedia.org/wiki/Islão).

○ Jihad
Aquele que luta pela defesa da fé e morre por ela irá para o céu,
pois Alá assim o determina. Jihad é um conceito essencial da religião is-
lâmica. Pode ser entendida como uma luta, mediante vontade pessoal,
de se buscar e conquistar a fé perfeita (CROATTO, 2001).

○ Lugar Sagrado
A mesquita é o lugar onde os seguidores do islã cultuam a Alá.
A palavra mesquita é utilizada quando se quer referir a um lugar de-
dicado a culto. O uso principal da mesquita é de ser o espaço onde os
muçulmanos possam cultuar Allá. Ao entrar na mesquita os sapatos de-
vem ser retirados e a posição do adorador é de joelhos (CROATTO, 2001).

○ Obrigações - Os Cinco Pilares


◘ O credo: “Não há Deus senão Alá, e Maomé é seu Profeta”.
◘ A oração: As orações devem ser feitas 5 vezes ao dia, os
adoradores devem estar voltados para a cidade santa de
Meca. Deve-se dar esmola aos pobres, jejuar durante o
mês do Ramadã.
◘ A caridade: É um dever de cada muçulmano, estabelecido
por Deus, pois assim diz o Corão.
◘ Jejum: durante o ramadã, que é um mês consagrado à
oração, eles praticam: jejum diário, abstinência sexual, não
se pode fumar, beber, e nem mesmo participar de guerras,
mas à noite são liberados do jejum. Tem como doutrina de
vida: não comer carne de porco, não ingerir álcool.
◘ Peregrinação a Meca: Deve ser feita pelo menos uma vez
na vida. Para os muçulmanos o centro do mundo é a cidade
de Meca, as orações são realizadas com a cabeça voltada
para Meca e até os mortos são enterrados voltados para
Meca. A mesquita de Meca pode comportar cerca de 600 mil
pessoas. A cidade de Meca é considerada uma cidade santa,
53
FACEL

onde somente muçulmanos podem entrar (KUNG, 2004).


Notas:

Auto-avaliação:
Todo bom muçulmano é também um bom cidadão. Uma coisa
pode acontecer sem a outra? Um homem religioso pode ser um mau
cidadão? Isso se aplica a você?

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

• Cristianismo

Uma das mais belas narrativas religiosas do mundo começa as-


sim: “Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá...” (Mateus 2. 1)
Mais adiante, afirma: “Bem-aventurados os pobres de coração, porque
é deles o reino dos céus” (Mateus 5. 3) E em seguida inicia uma prece
inesquecível: “Pai nosso que estás no céu...” (Mt 6. 9) Estas citações fo-
ram extraídas da Bíblia, o livro sagrado do Cristianismo, que está divi-
dida em dois grandes blocos, o Antigo e o Novo Testamento.
O cristianismo é uma religião monoteísta baseada na vida e nos
ensinamentos de Jesus de Nazaré, o Messias. Referem-se a ele como Je-
sus Cristo, que literalmente significa “ungido”. É hoje a maior religião
mundial, presente predominantemente na Europa, América, Oceania e
em parte de África e partes da Ásia.
O cristianismo começou no século I como uma seita do judaísmo,
partilhando por isso textos sagrados com esta religião, em concreto o
Tanakh, que os cristãos denominam de Antigo Testamento. A seme-

54
FACEL

lhança do judaísmo e do Islã, é que o cristianismo também é considera-


Notas:
da uma religião abraâmica (KUNG, 2004).
Segundo o Novo Testamento, os seguidores de Jesus foram cha-
mados pela primeira vez “cristãos” em Antioquia (Atos 11. 26).
A sociedade ocidental é caracterizada pelo cristianismo e o livro
sagrado dos cristãos A Bíblia é o livro mais lido do mundo, o de maior
influência literária, também é fonte de inspiração para cristãos e não
cristãos (KUNG, 2004).

○ Fundador
Jesus é a figura central do cristianismo, não confundir com fun-
dador, pois Jesus não veio para formas igrejas e sim para entregar aos
seres humanos a mensagem de salvação. Seu nascimento foi profetiza-
do no Antigo Testamento. Nasceu de uma virgem chamada Maria diz a
Bíblia que sua gravidez foi obra do Espírito Santo e que por intervenção
divina José assumiu a paternidade. José foi perseguido pelo rei e fugiu
para Egito para dar segurança a sua família (KUNG, 2004).
Aos 12 anos Jesus se apresentou ao templo e assombrou os su-
mos sacerdotes por sua sabedoria. Aos trinta anos começou sua vida
pública. Ele é a encarnação de Deus, o Filho de Deus, que foi enviado à
Terra para salvar a humanidade (KUNG, 2004).
Foi crucificado, desceu ao mundo dos mortos e ressuscitou ao
terceiro dia (na Páscoa). Para os adeptos do islamismo, Jesus é filho de
Maria. Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e também
aguardam seu retorno antes do Juízo Final. Alguns segmentos do juda-
ísmo o consideram um profeta, outros um apóstata. A Bíblia é umas das
principais fontes de informação sobre Jesus Cristo (pt.wikipedia.org/
wiki/Jesus).
Embora Jesus tenha pregado apenas em regiões próximas de
onde nasceu, a província romana da Judéia, sua influência se difundiu
extraordinariamente ao longo dos primieros séculos após a sua morte.
Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura oci-
dental (pt.wikipedia.org/wiki/Jesus).
O que une todos os cristãos sem dúvida é o Cristo, o Ungido, o
Messias, por causa dele que se concorda com Hans Kung quando afirma:

55
FACEL
É só por seu espírito que o cristianismo permaneceu pre-
Notas: sente como uma potência espiritual: Cristo é sua inspiração
básica; É por seu nome que os diferentes escritos do Novo
Testamento, assim como as diferentes igrejas cristãs, perma-
necem unidas: Cristo é sua figura básica. É por causa de sua
história que algo como um ‘fio de ouro’ perpassa o tecido
sempre renovado da história da igreja...Cristo permanece o
tema fundamental que, mesmo nos maiores momentos de
decadência, jamais se perdeu inteiramente. (KUNG, 2004,
p 215).

○ Deus
Para os cristãos Deus é espírito (João 4. 24), incriado, onipotente
e eterno. O criador e sustentador de todas as coisas, que reestabelece a
comunhão com os seres humanos através de seu Filho, Jesus Cristo.

○ Batismo
Batismo pode ser traduzido por “batizar”, “imergir”, “banhar”,
“lavar”, “derramar”, “cobrir” ou “tingir”, conforme utilizado no Novo
Testamento e na Septuaginta.

EXERCÍCIOS

1. Qual é o livro sagrado dos judeus e como está dividido?


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2. Quem é Deus para os judeus?


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56
FACEL

3. Quem foi Maomé? Qual a sua importância dentro do islamismo? Faça


Notas:
uma pesquisa e relate.
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4. Como o homem alcança a salvação segundo a religião Islâmica?


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5. O que Judaísmo, Islamismo e Cristianismo têm em comum? Explique.


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6. Quanto à vida futura, o que o cristianismo tem a dizer? Explique com


suas palavras.
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57
FACEL

Auto-avaliação:
Notas:
Reflita sobre isso: Tudo o que fazemos aqui ecoa na eternidade.
Tal afirmação nos remete a uma vida futura. Isso faz sentido pra você?

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

SEÇÃO 3 - DIVISÕES DO CRISTIANISMO

• Igreja Católica Apostólica Romana

Esta Igreja cristã é submissa à autoridade do Papa, Bispo de


Roma, que é o sucessor de Pedro, apóstolo de Jesus Cristo. O Papa re-
presenta Deus na terra. Não se considera mais uma igreja, mas a única
que foi verdadeiramente estabelecida por Deus para salvar todos os ho-
mens. Esta ideia é visível logo no seu nome: o termo “católico” significa
universal em grego. Possui uma rígida hierarquia que vai desde um
simples diácono ao supremo Papa. Sua influência na história do pensa-
mento bem como sobre a história da arte é considerável, notadamente
na Europa (KUNG, 2004).

○ Doutrina
Em sua doutrina instituiu dogmas (aquilo que não pode ser re-
vogado). Os mais importantes são:
◘ Santíssima Trindade. Este dogma professa que Deus é
simultaneamente uno (porque só existe um Deus) e trino

58
FACEL

(porque está pessoalizado em três pessoas: o Pai, o Filho


Notas:
e o Espírito Santo).
◘ Crê que Jesus Cristo é o Fillho de Deus, o único salvador
dos seres humanos, que veio à terra para fazer a vontade de
Deus Pai, sendo Ele a segunda pessoa da Santíssima
Trindade.
◘ Acredita que as almas dos que morrem em estado de
pecado mortal vão ao inferno.
◘ Ensina que a igreja é o corpo de Cristo, onde Cristo seria
a cabeça e os fiéis membros deste corpo único, inquebrável
e divino para reunir toda a humanidade a caminhar rumo
à santidade.
◘ A doutrina católica professa que os cristãos não-católicos
também pertencem, apesar que de um modo imperfeito,
ao Corpo de Cristo, visto que tornaram-se uma parte
inseparável d’Ele através do Batismo.
◘ A doutrina aceita que Jesus ressuscitou ao terceiro dia
após sua morte e acredita na própria ressurreição, isto é,
no juízo final, quando Jesus virá com todo o esplendor e
glória para julgar os vivos e os mortos.
◘ A doutrina não acredita na reencarnação.
◘ A igreja adota imagens em seus templos, não para serem
adoradas, mas, veneradas.
◘ A igreja consagra ao fiel que viveu as virtudes cristãs
em estado heróico, a honra de ser Santo.
◘ A Igreja adota santos como protetores e intermediários
entre os humanos e Deus. Assim, sabe-se de santos
protetores de cidades e de todas as profissões.
◘ Maria, mãe de Jesus é tida como virgem antes, durante
e depois do nascimento de Jesus.
◘ A Igreja não aceita que Jesus tivesse tido irmãos,
elevando Maria ao céu de corpo e alma, sendo esta verda
de um dogma da igreja (KUNG, 2004).

○ Sacramentos
A Igreja Católica tem sete sacramentos:
59
FACEL

◘ Batismo: É dado às crianças e a convertidos adultos que


Notas:
não tenham sido antes batizados validamente.
◘ Confissão, Penitência ou Reconciliação: Admissão de
pecados perante um padre e o recebimento de penitências.
◘ Eucaristia (Comunhão): é o sacramento mais
importante da Igreja.
◘ Confirmação ou Crisma: O Espírito Santo, que é recebido
no batismo é “fortalecido e aprofundado” na confirmação.
◘ Sagrado matrimónio: É o sacramento que valida, diante
de Deus, a união de um homem e uma mulher,
constituindo assim uma família.
◘ Ordens Sagradas: Somente para os que almejam entrar
para o sacerdócio, através da consagração das mãos com
o santo óleo do Crisma e, no rito latino (ou ocidental),
envolve um voto de castidade.
◘ Unção dos enfermos: Conhecida como “extrema unção”
ou “último sacramento” (CROATTO, 2001).

○ Hierarquia
O sumo pontífice é o Papa, sucessor de São Pedro e representante
de Cristo na terra. Sua escolha é feita pelo conclave de todos os bispos e
cardeais do mundo que, em reunião secreta, o elegem sob a inspiração
do Espírito Santo. É indicado um Cardeal para dirigir a igreja e eleito, o
cargo é vitalício, sendo infalível em fé, moral e costume. Após a figura
do papa, vêm os cardeais, que são escolhidos entre os renomados bis-
pos. Os bispos escolhidos pelo papa assumem a direção de uma dioce-
se. Os bispos ordenam os padres que assumem as paróquias, constituí-
das de várias capelas (igrejas isoladas). Todos os fiéis devem contribuir
economicamente para a manutenção da igreja, uma parte fica na paró-
quia, outra parte vai para o bispado, o qual destina uma parcela para a
arquidiocese, que governa várias dioceses e esta manda outra parcela
para o vaticano. O Vaticano é um Estado Independente cuja sede está
em Roma, seu chefe civil é o próprio papa (CROATTO, 2001).
Na doutrina da igreja católica, os leigos são todas as pessoas que
foram batizadas e que ainda não foram consagradas por ordenação sa-
cerdotal.
60
FACEL

○ Celibato
Notas:
A igreja católica exige de seus sacerdotes o voto de pobreza, cas-
tidade e obediência, portanto, os padres nem as irmãs religiosas podem
contrair matrimônio (CROATTO, 2001).

○ Dogmas
São verdades aceitas pela fé e impostas pela igreja como ver-
dadeiras. Assim, tem-se: o dogma da Santíssima Trindade, da Euca-
ristia, da Imaculada Conceição de Maria, da infalibilidade do papa. E
quem não aceitar estes dogmas é excomungado da igreja, isto é, expul-
so (CROATTO, 2001).

○ Encíclicas
São documentos escritos pelo papa, de época em época, quando
houver necessidade, são dedicadas para orientar os fiéis sobre temas
relevantes da igreja, em relação à fé, costumes ou problemas sociais.
Eles não são dogmáticos, portanto os fiéis não são obrigados a seguir
suas orientações. Porém, se constitui de uma orientação, uma concep-
ção estabelecida pelo Papa perante os grandes problemas encontrados
no mundo (CROATTO, 2001).

○ Movimentos
A igreja, em seu ministério pastoral, adota vários movimentos
para melhor difundir e manter a fé de seus fiéis. Ex. Movimento Fa-
miliar Cristão (MFC); Encontro de Casais em Cristo (ECC); Cursilho
(retiros para adultos); Emaus (retiros para jovens); Renovação Carismá-
tica Católica (RCC); Comunidades de Base: Pastoral da Saúde, Pastoral da
Criança, Pastoral da Terceira Idade, Pastoral Ecumênica (CROATTO, 2001).

Auto-avaliação:
Os dogmas estão presentes em muitas religiões. Quais são os
seus dogmas? O que você não muda e nem negocia? Qual a diferença
entre princípio e dogma.

61
FACEL

SAIBA MAIS
Notas:

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

• Igreja Ortodoxa

A Igreja Católica Apostólica Ortodoxa existe há quase dois mil


anos, e seus fiéis são chamados de cristãos ortodoxos. Tem como líder
geral o Patriarca de Constantinopla, embora este seja um título apenas
honorífico, uma vez que os patriarcas de cada uma dessas igrejas são
independentes (pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Ortodoxa).
Assim como o Papa é o representante maior da Igreja Católica, o
Patriarca de Constantinopla, lidera a Igreja Ortodoxa, contudo há uma
diferença importante, os patriarcas de cada uma das igrejas Ortodoxas
são independentes (KUNG, 2004).
Para eles Jesus é o lider maior, a quem todos devem obediencia.
O Santo Sínodo Ecumênico, é de grande autoridade e é composto de
todos os patriarcas chefes das igrejas autocéfalas e os arcebispos-pri-
mazes das igrejas autônomas, que se reúnem por chamada do Patriar-
ca Ecumênico de Constantinopla. A autoridade suprema regional em
todos os patriarcados autocéfalos e igrejas ortodoxas autônomas é da
competência do Santo Sínodo Local. Uma igreja autocéfala possui o di-
reito a resolver todos os seus problemas internos em base a sua própria
autoridade, tendo também o direito a remover seus bispos, incluindo
o próprio patriarca, arcebispo ou metropolita que presida esta Igreja
(www.ecclesia.com.br/igreja_ortodoxa).
A Igreja Ortodoxa reconhece sete Concílios Ecumênicos: Nicéia,
Constantinopla, Éfeso, Calcedônia, Constantinopla II, Constantinopla
III e Nicéia II (www.ecclesia.com.br/igreja_ortodoxa).

62
FACEL

○ Origem
Notas:
A igreja Católica sofreu a primeira ruptura em 867 no governo
de Fócio, Patriarca de Constantinopla. Já no governo de Miguel Cerulá-
rio que, se vendo inferiorizado ao papa, manda fechar igrejas e manda
cartas contra os bispos de Roma. A origem da discórdia estava também
na língua, na má tradução do grego para o latim, fomentando diversas
interpretações dos textos sagrados. A falta de comunicação, de bom tra-
to entre os Romanos e o Patriarca ajudaram a separação. O Papa Leão X
designa o cardeal Humberto da Silva Cândido para mediar entre Roma
e Constantinopla. O cardeal que era pouco dado à diplomacia exco-
mungou o Patriarca Miguel, que por sua vez excomungou o represen-
tante de Roma, e assim estava efetivada a cisão (BACH, 2002).
O patriarca Miguel determinou que a capital política de Cons-
tantinopla deveria ser a capital religiosa. A Rússia, descontente com o
papado, imediatamente colocou-se sob a proteção religiosa de Constan-
tinopla. O mesmo fez a Sérvia, Bulgária e Romênia (BACH, 2002).
Divisões no cristianismo contemporâneo se deram entre o Ca-
tolicismo Romano, a Ortodoxia Oriental e as várias denominações for-
madas antes, durante e depois da Reforma Protestante. Dentre as di-
ferenças existentes entre os ortodoxos e os católicos, pode-se destacar
as culturais e hierárquicas, já no caso das denominações Protestantes
as diferenças são mais acentuadas que as do católicos e ortodoxos pois
apresentam grandes diferenças teológicas e doutrinárias (BACH, 2002).

○ Doutrina
A doutrina da Igreja Ortodoxa é a mesma da Igreja Católica, ex-
ceto quanto ao celibato, sendo que casados podem ser ordenados pa-
dres. Uma vez padres não podem mais se casar. Aceita a indissolubili-
dade do matrimônio, sendo permitido o divórcio no caso de adultério.
Não aceita a autoridade do Papa de Roma (BACH, 2002).
Hoje seu líder é o patriarca Alesse II de Moscou. Atualmente há
várias tentativas de aproximação das igrejas: Católica Romana e Orto-
doxa. Uma destas tentativas fica evidente com a suspensão da excomu-
nhão, assim os católicos podem frequentar igrejas de rito ortodoxo aos
domingos, receber os sacramentos e vice-versa. Isto quando não existe
outra igreja na cidade (BACH, 2002).
63
FACEL

Auto-avaliação:
Notas:
Separações e cismas marcam a história da igreja cristã. Hoje exis-
tem inúmeras denominações. Ter uma opinião firme é importante, mas
devemos mantê-la a qualquer preço? Reflita sobre onde e quando ceder.

SAIBA MAIS

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia. São Paulo: Paulinas, 2001.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

• Igrejas Evangélicas da Reforma

○ Origem
As igrejas evangélicas da Reforma, são o resultado de um mo-
vimento reformista cristão, que se iniciou na Alemanha no século XVI,
liderado por Martinho Lutero, que é considerado o pai espiritual da
Reforma Protestante. Quando publicou as 95 teses, estava protestando
contra algumas práticas da Igreja Católica e contra sua doutrina. Não
tinha o interesse de sair da Igreja, mas de modificar alguns pontos cru-
ciais (pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante).
Lutero foi duramente criticado pela liderança da Igreja Católica
e após manter-se firme em seu posicionamento foi desligado e perse-
guido. A Reforma Religiosa teve início na Alemanha, depois alcançou
a Suíça, França, Países Baixos, Reino Unido, Escandinávia e algumas
partes do Leste europeu, principalmente os Países Bálticos e a Hungria
(pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante).
A resposta da Igreja Católica Romana a todos estes eventos foi o
movimento conhecido como Contra-Reforma ou Reforma Católica, inicia-
da no Concílio de Trento (pt.wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante).

64
FACEL

Como consequencia da Reforma, Roma realizou o Concílio de


Notas:
Trento (1545-1563), tal Concílio deu início à Contra-Reforma ou Refor-
ma Católica, marcada pela volta da Inquisição que impunha medo e
censurava com pena de morte qualquer ideia reformista. Tais atitudes
tinham o objetivo de impedir o avanço do protestantismo e conservar
a “pureza” dos países católicos (pt.wikipedia.org/wiki/Concílio_de_
Trento).
O resultado da Reforma Protestante foi a divisão da chamada
Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os reformados ou pro-
testantes, esta divisão originou o Protestantismo (pt. wikipedia.org/
wiki/Reforma_Protestante).
A Reforma teve como um dos seus melhores frutos o fato de ter
possibilitado, através de Lutero, um maior acesso à Bíblia, que antes
estava restrita ao clero. Vários outros reformadores, traduziram a Bíblia
a partir do latim para as línguas nacionais. A partir dai surgiram diver-
sas denominações religiosas, de acordo com a interpretação que faziam
das Escrituras, entre elas pode-se destacar o Luteranismo e as Igrejas
Reformadas ou Calvinistas (Presbiterianismo e Congregacionalismo).
Nos séculos seguintes, surgiram outras denominações reformadas, com
destaque para os Batistas e os Metodistas (pt.wikipedia.org/wiki/Re-
forma_Protestante).

○ Doutrina
Martinho Lutero é considerado o pai espiritual da Reforma Pro-
testante. Foi padre e, indignado como o rumo da igreja, iniciou um pro-
cesso que não conseguiu ser impedido pela autoridade papal. Estabele-
ceu novos parâmetros que divergiam da Igreja Católica Romana.
De forma geral, e influenciadas por Lutero, as igrejas Evangéli-
cas da Reforma têm como doutrina comum:
◘ Separação da Igreja Católica Romana;
◘ Não reconhecem o poder do papa;
◘ Não aceitam os sete sacramentos;
◘ Priorizam o sacramento do batismo;
◘ Pastores e ministros podem casar;
◘ Liberdade de interpretação da Bíblia segundo a inspira-
ção da graça e do poder do Espírito Santo.
◘ Não aceitação de imagens em seus templos e na vida par-
ticular de seus fiéis;
◘ Não infalibilidade de seus ministros e pastores;

65
FACEL
◘ Jesus Cristo é o único mediador da Salvação rejeitando
Notas: a mediação de Maria, mãe de Jesus e dos Santos da Igreja
Católica Romana como mediadores entre os homens e Deus;
◘ As verdades teológicas são aquelas contidas no Antigo e
Novo Testamento;
◘ Acreditam no céu e no inferno como lugar de recompensa
para os bons e castigo para os maus;
◘ Possuem normas rígidas de conduta para seus fiéis. (pt.
wikipedia.org/wiki/Reforma_Protestante).

EXERCÍCIOS

1. O que são dogmas? Cite alguns dogmas da Igreja Católica. O padre


pode casar? Por quê?
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2. Quais são os sete sacramentos da Igreja Católica?


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3. Como se dá a hierarquia na Igreja Católica?


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66
FACEL

4. Quais as diferenças doutrinárias existentes entre católicos ortodoxos?


Notas:
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5. Qual a autoridade maior para os ortodoxos?


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6. De forma geral, e influenciadas por Lutero, as igrejas Evangélicas da


Reforma tem doutrina em comum, novos parâmetros que divergiam da
Igreja Católica Romana. Quais eram eles? Explique.
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Auto-avaliação:
Separações e cismas marcam a história da igreja cristã. Hoje exis-
tem inúmeras denominações. Ter uma opinião firme é importante, mas
devemos mantê-la a qualquer preço? Reflita sobre onde e quando ce-
der.

67
FACEL

SAIBA MAIS
Notas:

BACH, Marcus. As grandes Religiões do Mundo: origens, crenças e


desenvolvimento. 2 ed. Rio de Janeiro: Nova Era, 2002.

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

SEÇÃO 4 - DIVISÃO DAS IGREJAS EVANGÉLICAS REFORMADAS I

Nesta unidade vamos em direção a uma das grandes transfor-


maçôes sofridas na história da igreja, algo que muda a sua história para
sempre, a Reforma Religiosa. Um dos grandes feitos da reforma é o fato
de ela ter possibilitado um maior acesso à Bíblia, isso aconteceu devido
às traduções feitas por vários reformadores (entre eles o próprio Lutero)
a partir do latim para as línguas nacionais.

• Igreja Luterana

Tem sua origem, como o nome sugere, com Martinho Lutero


(1483-1546) na Alemanha. Lutero, doutor em teologia, foi padre da
Igreja Católica e também grande pregador do evangelho. Inconforma-
do com a corrupção que se dava de várias formas, sendo uma delas a
derrama de indulgências plenárias para obter subsídios à construção
da Igreja de São Pedro em Roma e, revoltado com o acúmulo de poder:
político, econômico e jurídico que a Igreja Católica acumulava (Inqui-
sição), promulgou 95 sentenças contra o Papa colocando-as nas portas
de sua Paróquia. Nelas criticou a atuação do Papa e do alto clero, a no-
tícia correu com muita velocidade, mesmo com a intervenção da Igreja
(KUNG, 2004).
Contudo, Lutero foi apoiado por parte da população e pela no-
breza que, desejosa de conquistar novas terras sob domínio de Roma

68
FACEL

(na região da atual Alemanha), o protegeram da perseguição do papa,


Notas:
poupando-o da fogueira, mas não da excomunhão.
Alguns exemplos dessas teses:
Tese 27: Pregam a doutrina humana os que dizem que, tão logo
seja ouvido o tilintar da moeda lançada na caixa, a alma sairá voando.
Tese 32: Serão condenados em eternidade, juntamente com seus
mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de car-
tas de indulgência.
Tese 86: Por que o papa, cuja fortuna é hoje maior que a dos mais
ricos crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a Basílica
de São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
Martinho Lutero defendia a tese que somente Deus pode libertar
os mortos e não as indulgências dadas pelo Papa. Lutero negava que
o papa era infalível e que as doutrinas emanadas dos Concílios fossem
dogmas de fé, priorizando as verdades reveladas por Deus contidas na
Bíblia sagrada. Em 1520, o Papa Leão X, obriga Lutero a se retratar. Este
responde com um documento intitulado “Contra-Bula do Anticristo”.
Em 1521 foi excomungado e assim, Lutero se recolhe e começa a tradu-
ção da Bíblia não mais para o Latim, mas, para a língua alemã. Com isto
valoriza a língua mãe.

○ Doutrina
◘ A liberdade de cada um interpretar os textos sagrados;
◘ Negação da autoridade do papa, dos padres e dos concílios;
◘ O primado da fé sobre as obras;
◘ Aceita o sacramento do batismo e a ceia, não como sacrifício.
◘ Não aceita o purgatório;
◘ Abolição do celibato. Os pastores podem se casar e
continuar seu ministério e são escolhidos pela comunidade.
◘ Maria é mãe de Jesus e não de Deus, permanecendo
virgem após o parto.
◘ Não aceita os Santos e Maria como intermediários entre
os seres humanos e Deus;
◘ A igreja não é feita de poderes hierarquizados, mas obra
invisível do Espírito Santo;
◘ A Bíblia é a palavra de Deus revelada aos seres humanos
69
FACEL

e deve ser interpreta à luz do Espírito Santo (KUNG, 2004).


Notas:

Auto-avaliação:
Verificamos nesta seção, que Lutero lutou até o fim por aquilo
que acreditava, e isso repercutiu no mundo. Valores e princípios tam-
bém são inegociáveis pra você? Lutar por eles melhorou sua vida?

SAIBA MAIS

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As religiões do mundo. Petrópolis,


RJ. Vozes, 1982.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

• Igreja Presbiteriana

○ Origem
O Presbiterianismo é produto da reforma do século XVI, fun-
dada por John Knox, mantém o caráter católico da Igreja (traduzida
literalmente e especificamente só como “Igreja Universal”), como foi
declarado no Credo Niceno-Constantinopolitano, ainda que não sub-
missa à autoridade do Bispo de Roma. É uma das denominaçoes do
Protestantismo Cristão. A influência de João Calvino no presbiterianis-
mo alcançou seus seguidores, pois seus ensinamentos se fazem presen-
tes nesta denominação (pt.wikipedia.org/wiki/Protestantismo).
Possue fortes valores éticos e morais, destacando-se no meio
educacional desde o infantil até o superior, que tem alcançado excelên-
cia e reconhecimento internacional, como por exemplo, Universidade
Presbiteriana Mackenzie, Instituto Presbiteriano Gammnon, entre ou-
tras (www.mackenzie.br).

70
FACEL

○ Forma de Gorvernar
Notas:
A forma de governar dos presbiterianos é através de uma assem-
bléia de presbíteros, esta foi desenvolvida por não aceitarem a forma de
governo episcopal. Sua forma de governar é uma herança da Reforma
Protestante, com ifluência calvinista, que ocorreu na Suiça e na Escócia
(www.mackenzie.br).
O Presbiterianismo fundamenta sua forma de governar no Novo
Testamento. Nesta governabilidade destacam-se alguns itens:

O bispo detem total autoridade, não havendo sobre ele


qualquer autoridade superior.

O pastor detem o ministério da palavra de Deus e a admi-


nistração dos sacramentos.

A assembléia de presbíteros está resposável pela adminis-


tração da ordenação e legislação.

O sacerdócio é função de todos aqueles participantes da fé,


buscam a santidade e servem com amor. (www.mackenzie.br).

Os presbíteros auxiliam os pastores que estão a serviço da con-


gregação, orarando por eles e encorajando-os na fé. Tal forma de gover-
no dá maior autonomia às igrejas, diferentemente do que ocorre com as
igrejas que adotam a forma de governo episcopal (www.mackenzie.br).
Os concílios presbiterianos crescem em gradação hierárquica. Cada
igreja local tem o seu concílio, chamado de Sessão ou Conselho. As igre-
jas de uma determinada região compõem um concílio maior chamado
Presbitério. Os presbitérios, por sua vez, compõem um Sínodo. O con-
cílio maior numa Igreja presbiteriana é a Assembléia Geral ou Supremo
Concílio (pt.wikipedia.org/wiki/Presbiterianismo).

○ Doutrina
Os sacramentos válidos são: Batismo e Ceia. Creem que a sal-
vação vem pela graça, por meio da fé em Jesus Cristo, único salvador.
Assim como várias igrejas influenciadas pelo movimento da Reforma,
eles também rejeitam o uso de imagens (KUNG, 2004).
Como o nome sugere, Presbiteriana vem do grego presbyteros,
que significa literalmente “ancião”, ou seja, uma assembléia de pres-

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FACEL

biteros ou anciãos. Essa forma de se organizar da Igreja Presbiteriana


Notas:
foi escolhida por não aceitarem o domínio por hierarquias de bispos
individuais (forma de governo episcopal). Esta teoria de governo está
fortemente associada com os movimentos da Reforma Protestante na
Suíça e na Escócia (calvinistas) e com as igrejas reformadas, mais parti-
cularmente com a Igreja Presbiteriana (pt.wikipedia.org/wiki/Presbi-
terianismo).

Auto-avaliação:
As igrejas em geral demonstram grande preocupação em es-
colher a forma de administrar tanto pessoas quanto os recursos. Você
também considera isso importante? Como você tem administrado seu
tempo e dinheiro?

SAIBA MAIS

CROATTO, José Severino. As linguagens da experiência religiosa:


uma introdução à fenomenologia da religião. São Paulo: Paulinas, 2001.

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As religiões do mundo. Petrópolis,


RJ: Vozes, 1982.

KUNG, Hans. Religiões do mundo: em busca dos pontos comuns. Trad.


Carlos Almeida Pereira. Campinas, SP: Versus Editora, 2004.

• Igreja Metodista

○ Origem
O metodismo é de origem Anglo-Americana, organizado pelo
reverendo inglês John Wesley, dono da famosa frase: “o mundo é a
minha paróquia”, ele priorizou estudar a Bíblia de forma metodica,
acentuando a importância do indivíduo buscar um relacionamento
com Deus. Ele vivia na Inglaterra na época da Revolução Industrial
que apresentava grande número de desempregados, mendigos, vicia-
dos, marginalizados e muita violencia. É nesse ambiente que Wesley

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FACEL

leva a mensagem de Deus, pregando nas praças e indo a vários lugares


Notas:
a cavalo, por isso recebeu o apelido de “O cavaleiro de Deus” (WILGES,
1982).
A reunião sistemática e metódica com a finalidade de práticas
de cantos litúrgicos, orações, exercícios de piedade originou a Igreja
Metodista. Seus adeptos eram tão metódicos à presença nestas reuniões
que foram chamados de “metodistas” de donde vem o nome de “Igreja
Metodista” (WILGES, 1982).

○ Doutrina
A doutrina segue os princípios teológicos das Igrejas da Reforma
com algumas inovações. O batismo, por exemplo, das crianças é sim-
bólico. A graça somente advém na vida adulta, mediante a conversão a
Cristo. Cada pessoa recebe a inspiração divina para interpretar a Bíblia,
porém, isto pode levar a erros, sendo necessária uma orientação (WIL-
GES, 1982).
John Wesley enfatizou que o resultado da conversão a Jesus é
atestada no dia-a-dia (testemunho), e não pelas emoções do momento.
A participação dos leigos na igreja deve ser valorizada, sobretudo dos
pregadores leigos que participam com os clérigos da Missão de evange-
lização, assistência e capacitação (WILGES, 1982).
A intimidade com Jesus é o centro da vida cristã, pois é Ele quem
salva, dá o perdão, gera transformação e dá uma vida abundante. A
doutrina metodista valoriza e recupera em sua prática a ênfase na ação
e na doutrina do Espírito Santo como poder vital para a Igreja.
Para os metodistas o Evangelho deve ser vivido na comunidade
e deve ser partilhado com outros, seguem o ensinamento de John Wes-
ley já que ele afirmou que: tornar o Evangelho em religião solitária é, na
verdade, destruí-lo.
Segundo os metodistas o ser humano deve ser atendido de for-
ma integral, não só espiritual ou física, mas integralmente, com ênfase
para os necessitados e marginalizados. Eles pensam que todo crente
deve ser apaixonado pela Palavra de Deus e ter o desejo de levá-la a
outros, sem desanimar e felizes na certeza que o amor e a misericórdia
de Deus alcancará toda humanidade (WILGES, 1982).

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FACEL

Auto-avaliação:
Notas:
Esta seção nos fala da importância da organização, de ser siste-
mático e metódico. Existe uma regra básica da administração que su-
gere que gastemos quatro vezes o tempo da ação planejando, ou seja,
planejar bem para agir depois. E você, o que acha disso? Observe a sua
história e confronte com o princípio da organização.

SAIBA MAIS

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As religiões do mundo. Petrópolis,


RJ. Vozes, 1982.

• Igrejas Pentecostais

○ Surgimento
As igrejas pentecostais surgiram das igrejas reformadas. Não há
um líder religioso como fundador, tido como profeta ou Deus. O século
XIX foi marcado pela dessacralização do mundo, em que o ser humano
procura respostas em si mesmo e nas ciências.

○ Três momentos dividem o Movimento Pentecostal


O primeiro momento chamado pentecostalismo clássico, se deu
entre 1910 e 1950, com a fundação da Igreja Assembléia de Deus e da
Congregação Cristã no Brasil. Ambas acentuam a importância de bus-
car a plenitude da vida moral e espiritual.
O segundo momento surgiu na década de 1950, com a chegada
de dois missionarios americanos em São Paulo. Eles fundaram a Igreja
do Evangelho Quadragular e criaram a Cruzada Nacional de Evangeli-
zação com ênfase na cura. Atraves do radio iniciaram a evangelização
das massas isto contribuiu muito na expansão do pentecostalismo no
Brasil.
O terceiro momento que aconteceu em meados dos anos 70 foi cha-
mado de Neo-Pentecostalismo (pt.wikipedia.org/wiki/Pentecostalismo).
As igrejas que seguem foram fundadas por brasileiros, sao elas: Igreja

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Universal do Reino de Deus (Rio de Janeiro, 1977), liderada pelo bispo


Notas:
Edir Macedo, e a Igreja Internacional da Graça de Deus (Rio de Janeiro,
1980), liderada e fundada pelo missionário R. R. Soares, ambas presen-
tes na área televisiva com seus televangelistas. Posteriormente, se pre-
senciou o surgimento da Igreja Renascer em Cristo (São Paulo, 1986) e
da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra (Brasília, 1992).

○ Doutrina
Os Pentecostais acreditam que o batismo no Espírito Santo é
uma obra distinta do novo nascimento. Eles crêem que é Jesus quem
batiza com o Espírito Santo, e que este batismo é marcado pelo falar em
línguas estranhas (pt.wikipedia.org/wiki/Espírito_Santo).
Pois, como afirma Wilges (1982), grande é o regozijo da comuni-
dade quando alguém chega à experiência culminante de falar línguas
estranhas. Ele se sente revestido de poder do alto, aumentando o seu
prestígio na comunidade. Isto ocorre após o Batismo das águas.
Uma parte minoritária dessas Igrejas afirmam que esse batismo
do Espírito Santo é o verdadeiro sinal de Cristianismo numa pessoa,
ou seja, que até uma pessoa ter experimentado o batismo do Espírito
Santo, ela não pode estar certa da sua salvação (pt.wikipedia.org/wiki/
Espírito_Santo).

EXERCÍCIOS

1. Como se originou a Igreja Luterana? Explique


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2. O que defendia Martinho Lutero? Cite duas teses de Lutero e comente.


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Notas:
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3. Como surgiu a Igreja Presbiteriana? Quem a fundou? Como é a forma


de governar dos presbiterianos?
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4. Quem foi John Wesley?


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5. Que princípios seguem a doutrina da igreja metodista? Explique.


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6. Quais são os três momentos que dividem o movimento pentecostal?


Comente.
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Auto-avaliação:
Notas:
Aprendemos nesta seção que várias igrejas foram fundadas por
homens. Algumas já sofreram denuncias graves. Você já foi acusado de
algo que não fez? Como responder a isso?

SAIBA MAIS

WILGES, Irineu. Cultura Religiosa: As religiões do mundo. Petrópolis,


RJ. Vozes, 1982.

RESUMO DA UNIDADE

Você chegou ao fim desta apostila e aprendeu que o ser humano,


nos primórdios de sua existência, tinha uma compreensão mitológica
da sua relação com Deus, esta concepção o levou a acreditar em muitos
deuses que regiam sua vida, porém como alguns autores sugerem, esta
era uma forma rudimentar de monoteísmo religioso. Com o passar do
tempo, e pela influência de pensadores e outras pessoas que tiveram
importância atuante no decorrer da história da humanidade, esse mes-
mo ser humano adotou novas formas de compreender seu relaciona-
mento com o transcendente de maneira monoteísta.
Aprendeu também que houve uma sucessão de fatos que marca-
ram a vida espiritual dos indivíduos, e que isto levou a erradicar quase
que totalmente a forma politeísta de adoração ao divino e que hoje a
maioria das religiões é monoteísta. Informou-se como foram estabele-
cidas as diferentes doutrinas das religiões que hoje existem e teve uma
visão ampla do panorama religioso mundial e brasileiro. Esperamos
que estas informações sejam realmente úteis na sua vida profissional.

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