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A Revolução Industrial e Energética que teve início no final do século XVIII possibilitou um grande
crescimento demoeconômico, viabilizando a melhoria das condições de vida da maioria da
população mundial. As taxas de mortalidade infantil caíram significativamente enquanto
aumentava a esperança de vida ao nascer. Houve um grande avanço da educação e uma
ampliação e diversificação do consumo. Nada disto seria alcançado sem uma ampla
disponibilidade de energia e foram os combustíveis fósseis que possibilitaram os avanços
civilizacionais dos últimos 250 anos.
Mas a queima de carvão, petróleo e gás, junto com o desmatamento, amplificou a emissão de
gases de efeito estufa, fazendo acelerar o aquecimento global. A elevação da temperatura
média da terra vai provocar diversos fenômenos que ameaçam a existência da vida na Terra.
Temperaturas mais altas vão provocar o degelo dos polos, da Groenlândia e dos glaciares,
elevando o nível dos oceanos e ameaçando a vida de mais de 2 bilhões de pessoas que vivem
nas regiões costeiras. Vai também provocar a acidificação dos solos e das águas destruindo a
vida marinha e dificultando a produção de alimentos. As ondas letais de calor vão deixar diversas
partes do Planeta inabitáveis, etc.
Mas de acordo com um novo estudo publicado na Revista Science (Bastin et. al. 05/07/2019),
restaurar as florestas do mundo em uma escala sem precedentes é a melhor solução mitigar os
efeitos das mudanças climáticas. Os pesquisadores afirmam que a cobertura de 900 milhões de
hectares de terra - aproximadamente o tamanho dos EUA - com árvores, poderia armazenar até
205 bilhões de toneladas de carbono, cerca de dois terços do carbono que os seres humanos já
colocaram na atmosfera. Ou seja, uma catástrofe climática poderia ser evitada se ao invés de
desmatar houvesse reflorestamento global.
Havia 6 trilhões de árvores no mundo no passado. Mas a humanidade destruiu a metade das
florestas desde o crescimento exponencial da população e da economia. O número de árvores
no mundo hoje em dia está em torno de três trilhões de unidades, segundo o mesmo estudo
citado (Bastin et. al. 05/07/2019). Mas o pior é que os seres humanos estão destruindo 15
bilhões de árvores por ano, enquanto o aparecimento de novas árvores e o reflorestamento é
de somente 5 bilhões de unidades. Ou seja, o Planeta está perdendo 10 bilhões de árvores por
ano e pode eliminar todo o estoque de 3 trilhões de árvores em 300 anos.
A economia mundial precisa perder sua obsessão pelo crescimento e perceber que a
humanidade já ultrapassou os limites da resiliência do Planeta. As atividades antrópicas já
ultrapassaram 4 das 9 fronteiras planetárias, sendo que duas delas, a Mudança climática e a
Integridade da biosfera, são o que os cientistas chamam de "limites fundamentais" e tem o
potencial para conduzir o Sistema Terra a um novo estado que pode ser substancialmente e
persistentemente transgredido. O agravamento destas duas fronteiras fundamentais podem
levar a civilização ao colapso.
Plantar árvores e restaurar a vida selvagem é não só um dever ético como uma tábua de salvação
para a humanidade. Mas de nada adianta plantar árvores se a humanidade continuar na sua
marcha louca e insensata para colocar mais gente no mundo e gente que vai aumentar o
consumo de água, alimentos, moradia, transporte, lazer e que vai pressionar a Pegada Ecológica
bem acima dos limites da Biocapacidade do Planeta. Como disse Kenneth Boulding: “um
crescimento infinito é incompatível com um mundo finito”.
O fato é que o crescimento das atividades antrópicas tem se dado às custas da biodiversidade e
do empobrecimento dos ecossistemas. Depois de 250 anos de expansão da sociedade urbana-
industrial, o mundo está esbarrando nos limites do crescimento econômico. Como mostrou
Herman Daly (05/09/2014), as atividades humanas já ultrapassaram os seus limites econômicos
planetários e entraram em uma fase de “crescimento deseconômico”. Para estabelecer o
equilíbrio é preciso haver decrescimento até o ponto de intercessão entre as curvas de utilidade
marginal e desutilidade marginal. Depois de restaurado o equilíbrio, a adoção de uma economia
de estado estacionário permitiria evitar se ultrapassar novamente o limite econômico
sustentável. O Estado Estacionário, em um ponto anterior ao crescimento deseconômico, é um
seguro contra o risco de uma catástrofe ecológica.
A redução da população mundial não é nenhuma tarefa impossível. Pelo contrário, basta que a
taxa de fecundidade total (TFT) fique meio filho (0,5) abaixo da projeção média para que a
população mundial apresente grande redução. A projeção média da ONU estima uma população
global de 10,9 bilhões de habitantes em 2100, com a TFT caindo dos atuais 2,5 filhos por mulher
para 2 filhos por mulher no final do século. Contudo, se a taxa ficar meio filho menor, a
população mundial atingiria 7,5 bilhões de habitantes em 2100 e poderia apresentar um declínio
muito maior no século XXII, conforme mostra o gráfico abaixo.