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Médicos explicam como a depressão se

desenvolve nas diferentes etapas da


vida
《A doença pode atingir crianças, adolescentes, adultos e idosos. Entenda quais são
as suas características de acordo com cada idade》

Segundo o último levantamento da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), há mais de


300 milhões de pessoas de todas as idades que sofrem de depressão no mundo. No Brasil, dados
da Vittude (plataforma online voltada para a saúde mental) mostram que 5,9% da população
brasileira se encontra em estado extremamente severo de depressão.

Principalmente se não for tratada, a doença pode voltar em diferentes períodos da vida ou se
tornar crônica: o que muita gente não sabe é que é possível ficar deprimido não apenas na vida
adulta e na adolescência, mas també na velhice e até mesmo na infância.

Depressão infantil: o tédio que nunca


acaba
Durante o 8º Fórum de Sistema Nervoso Central da América Latina, evento promovido pela
empresa farmacêutica Pfizer, nos dias 02 e 03 de agosto, a psiquiatra Sheila Caetano conta que
embora a depressão tenha sido descrita no século 5 a.C por Hipócrates — sob o nome de
“melancolia” — só começou a se falar em depressão infantil no século passado.

“Não porque não existia a criança deprimida no passado, mas porque não existia o conceito de
infância. Até o século 17 e 18 as crianças eram ‘mini adultos’. Durante a Revolução Industrial na
Inglaterra, você tinha crianças de 7 a 10 anos trabalhando”, afirma Caetano, que é pesquisadora
da Escola Paulista de Medicina (Unifesp).

Segundo a psiquiatra, o que pode causar depressão nesse período são fatores como doenças
crônicas reumatológicas (em tecidos como ossos, músculos e articulações), histórico familiar de
suicídio, abuso, abandono e contato com substâncias psicoativas. Mas ter depressão abaixo dos
6 anos de idade é considerado algo muito raro pelos especialistas.

Isso porque a criança ainda está “aprendendo os sentimentos” e como lidará com eles.
“Geralmente quando vem a depressão ela é mais física, é uma criança que está sem comer,
porque está fraca, porque não quer ir à escola e porque tem medo”, conta.

Dos 7 aos 12 anos, a doença tem mais chances de ocorrer e é um período em que já há
capacidade de verbalizar o sofrimento — apesar de não entendê-lo. No período seguinte, dos 8
anos até a pré-adolescência, a criança já consegue interpretar os sentimentos. “O que eles falam
muito quando estão deprimidos é que tudo é muito tédio e que o tédio não sai”, explica. “E elas
já começam a esboçar um desejo de morte."
Segundo Caetano, na infância não há noção avançada de letalidade em relação ao suicídio, mas
há a intencionalidade. Com 7 anos, uma criança “quer dormir e não acordar”, mesmo que ela
não entenda que isso não é reversível. “Elas não entendem que não vão viver de novo, mas já
há esse ato”, diz a psiquiatra.

Adolescência: irritabilidade e
impulsividade
Adolescência é marcada por flutuações hormonais intensas que aumentam os
riscos de depressão (Foto: Pixabay)

Ter depressão durante a juventude traz principalmente sintomas como humor irritável,
alternação de peso, anedonia (perda de prazer em atividades que se gostava de fazer antes) e
mudanças anormais no sono. “O que vemos muito são adolescentes dormindo 12 a 17 horas por
dia. Mas a família não entende como eles dormem tanto e ainda ficam cansados”, explica
Caetano.

Quando se tem depressão na adolescência, há uma percepção subjetiva de tristeza, mas somada
à impulsividade e à agressividade — fatores que apresentam um "pico" devido às mudanças
hormonais. Assim como na infância, a noção de letalidade é menor: não por baixa compreensão,
mas devido aos impulsos — nem sempre há um plano de suicídio. Por isso, é importante o
diálogo dos pais com os jovens em um espaço sem julgamentos.

“A prevenção começa em uma questão simples de ter com quem falar”, diz Caetano. “A gente
precisa sempre ter essa rede de suporte, pois as depressões mais leves e moderadas nós
tratamos com intervenções psicossociais."

Vida adulta: preocupações do trabalho


e vida reprodutiva
Depressão em adultos geralmente está relacionada à diversos fatores como
isolamento social, excesso de trabalho, alterações hormonais, decepções
amorosas e disposição genética (Foto: Pixabay)

Durante a vida adulta, a depressão se manifesta de modo diferente entre homens e mulheres.
Elas são mais suscetíveis à doença, principalmente devido às regulações hormonais como o
déficit de estrogênio, hormônio fabricado pelos ovários e liberado na primeira fase do ciclo
menstrual.

“Até 8% das mulheres vão apresentar o quadro da depressão cíclica. Durante a gravidez e a
lactação, até um quarto das mulheres deprimem”, afirma Carmita Abdo, psiquiatra da
Universidade Universidade de São Paulo (USP), durante palestra no 8º Fórum de Sistema
Nervoso Central da América Latina.
Segundo Abdo, as mesmas mulheres que sofrem com depressão durante a gravidez têm ainda
mais chances de desenvolver a doença no puerpério, período de 45 a 60 dias após o parto.
Muitas adquirem transtorno disfórico pré-menstrual, doença marcada por mudanças de humor
extremas que desaparecem após a menstruação.

“Essa mulher só vai ser diagnosticada como deprimida no climatério [transição do período
reprodutivo para o não reprodutivo] ou na menopausa, quando de fato o risco de recorrência
da depressão é maior”, explica Abdo. Nos homens, ela conta, a depressão na vida adulta pode
ocorrer devido à oscilação de testosterona, mas isso ocorre mais no final da vida, quando os
índices dos hormônios começam a cair.

À GALILEU, José Alberto Del Porto, psiquiatra da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), explica
que para os adultos é muito comum a manifestação do burnout, que alguns pesquisadores
classificam até mesmo como sendo um tipo de depressão.

“Ele alude a fatores estressores no ambiente de trabalho e não é uma situação rara. Pode
começar como uma situação de estresse ambiental e em pessoas predispostas ele pode acabar
evoluindo para a depressão”, afirma Del Porto.

Depressão é mais comum em idosos do que em idosas (Foto: Pixabay)

Velhice
O psiquiatra Sérgio Blay, da Unifesp, conta que a incapacitação nos idosos com depressão é bem
maior, considerando todas as doenças da medicina clínica e psiquiátrica. A depressão também
pode aumentar os riscos de demência — Blay cita uma revisão de estudos de Lars Kessing,
pesquisador da Dinamarca, sobre o assunto.

Um fator protetor para evitar as disfunções cerebrais atreladas à demência, segundo o


psiquiatra, seria os níveis de escolaridade, que “protegem o cérebro” quase 60 anos depois. Na
velhice, há maior incidência de depressão em homens, pois é o período em que os níveis de
testosterona começam a diminuir de forma mais acenturada. Desse modo, na mulher idosa, a
depressão é frequentemente não reconhecida. "A doença costuma estar muito associada com
quadros de doenças cerebrovasculares e com a maior ocorrência de perda de função física e de
problemas de visão nas mulheres idosas”, afirma Carmita Abdo.
Depressão na velhice ocorre por vários fatores, entre eles a viuvez, solidão e
dificuldades financeiras (Foto: Pixabay)

Nos idosos, a depressão conta com alguns "fatores de risco", como baixa renda (aposentadorias
que prejudicam condições de vida e de alimentação), solidão e a viuvez, em decorrência da
morte parceiro amoroso.

“Muito mais para homens há uma piora do quadro devido ao uso de álcool e à baixa inserção
social”, afirma Abdo. “A mulher costuma continuar a manter no envelhecimento as relações
familiares e de vizinhança.” O tratamento da depressão na terceira idade também tende a ser
mais complicado, pois geralmente o idoso já toma muitos medicamentos: receitar o melhor
antidepressivo, portanto, fica mais difícil. “Os nossos pacientes ainda se queixam na disfunção
sexual, da insônia. É preciso perguntar para escolher um medicamento que tenha eficácia”,
explica Abdo.

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