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UNIDERP – INTERATIVA

Curso de Letras
Unidade Didática: Introdução à Teoria Literária
Professora: Katiane Iglesias Rocha Araújo
SUPLEMENTO – VANGUARDAS EUROPÉIAS

1. O Expressionismo

O Expressionismo (fim do século XIX – início do século


XX), no seu sentido amplo, caracteriza a arte criada sob o
impacto da expressão, ou seja, a expressão da vida interior, das
imagens que vêm do fundo do ser e se manifestam
pateticamente. 4

O Expressionismo foi o movimento de vanguarda na


Alemanha, contemporâneo do Futurismo italiano e do Cubismo
francês. Os artistas expressionistas buscavam a expressão
Edvard Munch - O grito (1893)
chocante de seus sentimentos e idéias, através da distorção da Representa uma figura humana em estado
de angústia e de desespero existencial.
realidade visível.

Assim, uma das característica mais evidentes desse movimento, tanto na pintura
quanto na literatura, é o fato de que há uma atmosfera distinta nestas obras, isto é, elas
refletem o estado de insatisfação, nostalgia, melancolia, paixão. Em oposição a outras
vanguardas, como o Futurismo, os expressionistas não se ocupavam da técnica e o progresso,
sendo mais afetados pelo sofrimento humano do que pelo triunfo. 5

Na Literatura, o movimento expressionista se estendeu à poesia, ao teatro, ao romance


e ao ensaio. Muitos poemas se inspiravam na catástrofe da guerra, traduzindo sentimentos de
horror, sofrimento e solidariedade humana.

Quanto aos temas, podemos assim enumerá-los:

1. a derrocada do mundo burguês e capitalista;


2. a denúncia de um universo em crise;
3. a sensação de impotência diante de um ‘mundo sem alma’;
4. visões apocalípticas e negativas;
5. a ênfase na interioridade, no eu, nos sentimentos;

4
TELES, G. M. Vanguardas Européias e Modernismo Brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 104.
5
HELENA, L. Movimentos da Vanguarda Européia. São Paulo: Scipione, 1993, p. 38.

1
6. a deformação grotesca do mundo;
7. a ânsia de ‘absoluto1;
8. a revolta dos filhos contra os pais; o choque de gerações.6

Quanto às técnicas, na literatura os expressionistas adotam algumas técnicas futuristas,


possuindo também algumas formas próprias, como a lírica levada somente pelo ritmo; a
fragmentação das frases, com preferência às palavras isoladas e à frase incompleta; versos
sem verbo e sem sujeito, meros grupos de substantivos ou adjetivos; estilo elíptico puramente
nominal; liberdade de improvisação, regida pela lei da expressão, e não pela lógica.

2. O Futurismo

O Futurismo surgiu oficialmente em 1909, com o


Manifesto Futurista, escrito pelo líder dos futuristas, o
poeta ítalo-francês Felippo Tommaso Marinetti (Lúcia
Helena: 1993, p. 10).

Na concepção de Marinetti, o movimento de


fundava sobre a completa renovação da sensibilidade
Giacomo Balla – Cão com uma corrente (1912)
humana, decorrente das grandes descobertas científicas Observe na pintura a representação da velocidade,
nos movimentos dos pés, da corrente e do cachorro.
introduzidas na Europa no início do século XX.

Quanto aos temas, o Futurismo enfatiza o mundo urbano, a vida moderna e a


tecnologia, dando ênfase à cidade dinâmica e veloz, com suas máquinas, ruídos, multidões,
movimento, símbolos de progresso do mundo moderno. A ruptura com o passado através da
repulsa a museus, antiquários e bibliotecas simbolizava, também, uma repulsa ao saber
ultrapassado.

Conforme palavras de Gilberto Mendonça Teles (1985: 86), “o Futurismo foi um


movimento estético mais de manifestos que de obras”. Assim, mais pelos manifestos do que
pelas obras o futurismo exaltava a vida moderna, estabelecendo o culto da máquina e da
velocidade, pregando ao mesmo tempo a destruição do passado e dos meios tradicionais da
expressão literária.

6
ibid., pp. 42-43.

2
Na Literatura, o futurismo pregava a destruição da sintaxe, utilizando as palavras em
liberdade, rompendo, então, com a ordem sintática, evidenciando o verso livre, sem rimas e
sem métrica, e relacionando as palavras por analogia, e utilizando a enumeração caótica das
palavras.

No Brasil, o Futurismo não se constituiu como movimento, mas deixou algumas


contribuições, como a recusa do passado e a busca das palavras em liberdade. Alguns autores
como Oswald de Andrade e Mário de Andrade utilizaram-se das técnicas futurista, ainda que
não possam ser considerados futuristas.

O Futurismo teve um de seus pontos máximos na Rússia, onde alguns poetas, com o
intuito de romper complemente com o passado, libertando as palavras, chegaram a inventar
uma nova linguagem: o zaum.

3. O Cubismo e a decomposição da realidade

O Cubismo na pintura é a arte de decompor e recompor


a realidade. Esse é o ponto primordial quando se fala nesse
movimento. Na Literatura, esse aspecto também é o mais
evidente. A estudiosa Lúcia Helena7, afirma que um dos poetas
mais importantes dessa vanguarda foi Max Jacob, o qual
considerava que uma obra de arte vale por si mesma e não pela
comparação que se possa fazer entre ela e a realidade.

Essa questão entre os delicados elos que unem a Pablo Picasso - Les demoiselles d’Avignon (1907)
Considerada a primeira obra cubista.
representação e a vida, a ilusão e a realidade evidenciavam a
diferença existente entre o real e o representado. Acerca disso, Lúcia Helena cita estudos de
Wlie Sypher sobre a obra de Gide:

Toda representação é um simulacro que ousadamente nos convida a detectar o que é


fraudulento na semelhança. É um ato de desafio no qual o artista arrisca a sua
habilidade na execução de uma idéia de realidade. A falsificação se torna um ato
criativo8.
Por isso, segundo a estudiosa, as narrativas cubistas desmancham o enredo,
abandonam as estruturas lineares e as relações de causa e efeito, parecendo ser dispersos e

7
HELENA, L. Movimentos de vanguarda européia. São Paulo: Scipione, 1993, p. 33.
8
ibid. p. 34.

3
desintegrados. A realidade passa a ser fracionada, podendo ser vista de diferentes ângulos,
planos superpostos e simultâneos.

Um dos grandes nomes do Cubismo, é sem dúvidas, Apollinare. Foi ele quem motivou
a reunião de pintura e poesia sob uma mesma designação. Suas idéias difundiram-se entre os
pintores, que desenvolveram, a partir daí, as suas concepções de decomposição da realidade
em figuras geométricas. Emprestando as palavras de Gilberto Mendonça Teles, pode-se dizer
que “houve até quem dissesse que Apollinare revelou o cubismo aos cubistas”.9

Na poesia, ressaltam-se algumas características, como o ilogismo, humor, o


antiintelectualismo, o instantaneísmo, a simultaneidade e uma linguagem predominantemente
nominal e mais ou menos caótica.

Na poesia, é possível encontrar traços do cubismo, como podemos notar no poema


As Máscaras, de Menotti del Picchia, no qual temos as personagens Arlequim e Pierrot,
figuras bastante sugestivas. O Pierrot, de acordo com Menegazzo10 “é uma releitura francesa
do arlequim da comédia italiana, passando do cômico ao sofredor e, no Brasil, é o nome,
também, de um coleóptero de colorido preto, apresentando um mosaico irregular de faixas
cinzento-prateadas e vermelho-tijolo”. A analogia entre a figura do Pierrot e do Arlequim
remete-nos a uma imagem comum aos dois elementos.

Observemos o fragmento que descreve a figura do Pierrot:

(...) nada mais belo existe


que um Pierrot muito branco e um olhar muito triste...
Os teus olhos, Pierrot, são lindos como um verso.
Minh’alma é uma criança, e teus olhos um berço
Com cadência de vaga e, à luz do teu olhar,
Tenho ânsias de dormir, para poder sonhar!
Olha-me assim, Pierrot... Os teus olhos dardejam
São dois lábios de luz que as pupilas que beijam...
São dois lagos azuis à luz clara do luar...
São dois raios de sol prestes a agonizar.11

Pablo Picasso – Pierrot (1918)


Pode-se dizer que a imagem do Pierrot descrita nos versos
acima o mostra, simultaneamente de diversos ângulos, através dos olhos, dos lábios,
compondo uma imagem vista em seus diferentes perfis, como se pode ver em pinturas
cubistas.

9
TELES, G. M. Vanguardas européias e Modernismo brasileiro. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 114.
10
MENEGAZZO, M. A. Alquimia do verbo e das tintas nas poéticas de vanguarda. Campo Grande:
CECITEC/UFMS, 1991, p. 188.
11
PICCHIA, M. Máscaras. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998. p. 39.

4
4. O Dadaísmo

O Dadaísmo (1916-1921) foi o mais radical dos


movimentos de vanguarda, devido ao seu caráter de negação, por
sua ênfase na destruição e anarquia de valores e de formas.

Conforme estudos de Lúcia Helena:

A própria denominação do movimento e a forma pela qual ela foi


escolhida indicam o caráter de destruição anárquicas apontado, já que de
acordo com Tristan Tzara, líder dos dadaístas ‘Dadá não significa nada’, e
este nada é sua palavra fundamental. 12
O Dadaísmo buscava romper com o bom senso, a lógica e
o significado facilmente compreensível, repudiando tudo Marcel Duchamp - Bicycle Wheel (1913).
Duchamp é o responsável pelo conceito de ready made, a
o que fosse domínio da consciência. Por outro lado, os saber, o trasporte de um elemento da vida cotidiana, a
priori não reconhecido como artístico, para o campo das
dadaístas abriam espaço para que se valorizasse o artes. A princípio como uma brincadeira entre seus amigos,
entre os quais Francis Picabia e Henry Roché, Duchamp
passou a incorporar material de uso comum às suas
inconsciente, favorecendo a relação da arte com esculturas. Em vez de trabalhá-los artisticamente, ele
simplesmente os considerava prontos e os exibia como
elementos dos quais não temos um domínio, mas que obras de arte.
In: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Marcel_Duchamp>
existem, em estado latente, dentro de nós.13 Acesso em 20/02/2008.

Para o Dadaísmo, o importante era criar palavras pela sonoridade, quebrar as


barreiras do significado, fazer oposição ao capitalismo burguês e ao mundo em guerra. As
características desse movimento são a improvisação, a desordem, e o desprezo a qualquer
visão de arte que se ligue aos conceitos comuns de beleza, clareza, comunicabilidade com o
leitor. Utilizando essa liberdade no criar dadaísta, Tristan Tzara ensina como escrever um
poema:

Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo do tamanho que você deseja dar a seu poema.
Recorte o artigo.
Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Tire em seguida cada pedaço um após o outro.
Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco.
O poema se parecerá com você.
E ei-lo um escritor infinitamente original e de uma sensibilidade graciosa, ainda que incompreendido
do público.14

12
HELENA, L. Movimentos de vanguarda européia. São Paulo: Scipione, 1993, p. 46.
13
ibid. p. 52.
14
ibid. p. 51.

5
5. O Surrealismo

Segundo Lúcia Helena (1993), o Surrealismo


surgiu do Dadaísmo, podendo-se mencionar palavras do
próprio líder dadaísta, Tristan Tzara, que diz: “o
Surrealismo nasceu das cinzas do Dadaísmo”.15

Assim, nota-se que muitos artistas participaram


dos dois movimentos, visto que ambos estavam
interligados. As características do Surrealismo são, por
isso, provenientes do Dadaísmo: o amor ao protesto, a
valorização do improviso e da espontaneidade no Salvador Dalí - Persistência da Memória (1931)

manejo da linguagem.

O Surrealismo demonstra forte interesse pelo sonho e pelo inconsciente, embasados


nas recentes descobertas de Freud naquele momento, como uma forma de relação com a
realidade e a arte. Além disso, são importantes características do Surrealismo: a imaginação,
contra a lógica; o maravilhoso, o mistério e o sobrenatural; o automatismo psíquico (escrever
sem pensar, espontaneamente); o emprego passional e irracional das imagens, em busca de
representar um mundo em que a realidade e a força inconsciente da imaginação se misturem;
a criação de técnicas que provoquem os ‘sonhos despertos’ e as forças obscuras do
inconsciente. Além dessas características, merecem especial destaque: a escrita automática, o
sonho, a loucura, o humor.

Para os surrealistas, a poesia e a pintura eram meios de


investigação que lhes permitiam, como cientistas, explorar o
inconsciente, o sonho, o maravilhoso.16

Acerca da relação existente entre a representação e a


realidade no Surrealismo, pode-se dizer que os surrealistas
contestam qualquer forma de aproximar a arte do real. A arte seria
produto do inconsciente, livre da consciência, e, por isso, sua
relação com o real não é de verificação. Isso é evidenciado na
René Magritte - A condição humana I (1933)
pintura de Magritte, intitulada A condição humana, que questiona
15
Apud HELENA, L. Movimentos de vanguarda européia. São Paulo: Scipione, 1993, p.56.
16
TELES, G. M. Vanguarda européia e Modernismo brasileiro. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 1985, p. 171.

6
a relação entre a realidade e sua representação pictórica. Retoma-se, também, as questões
referentes ao entendimento por parte da sociedade sobre que é arte. Sobre essa incompreensão
da parte de muitos, Artaud17 denuncia: “Os mesmos que em tantas ocasiões puseram a nu e à
vista de todos suas almas de porcos vis, desfilam agora diante de Van Gogh, a quem, em vida,
eles próprios ou seus pais e mães achincalharam acintosamente”.18

Referências Bibliográficas

HELENA, L. Movimentos de vanguarda européia. São Paulo: Scipione, 1993.


MENEGAZZO, M. A. Alquimia do verbo e das tintas nas poéticas de vanguarda. Campo
Grande: CECITEC/UFMS, 1991.
PICCHIA, M. Máscaras. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.
TELES, G. M. Vanguarda européia e Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.
VIRMAUX, A. Artaud e o teatro. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1990.

17
Antonin Artaud, autor de teatro. Em sua obra destaca-se, segundo Tristan Tzara, uma “dor corpórea projetada
sobre a vida mental”.
18
VIRMAUX, A. Artaud e o teatro. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1990. p. 2.

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