Vous êtes sur la page 1sur 60

CURSO PARA A PROVA OBJETIVA

MP-SP
--------------------------------------------------------------
DIREITO AMBIENTAL
MATERIAL COMPLEMENTAR

#SouOuse
#AquiéMP
#TôDentro
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................................... 3
PRINCÍPIOS INFORMADORES DO DIREITO AMBIENTAL............................................................. 6
POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – LEI 6.938/81........................................................ 12
POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS - Lei 9.433/97................................................. 43
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL............................................................................................. 48
PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO....................................................................................... 59

2
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
INTRODUÇÃO

Conceito de meio ambiente:

A lei 6.938/81 é considerada como a certidão de nascimento do direito ambien-


tal no Brasil. Até ela, não havia normatização geral e harmônica acerca desse ramo do di-
reito no nosso país. Existiam, com efeito, normas esparsas e sem qualquer harmonia, que
concebiam a exploração de recursos da natureza por meio de um viés econômico e não de
preservação ambiental. Somente em 1981, depois de sofrer muita pressão pelos órgãos in-
ternacionais, o Brasil passou a adotar políticas de preservação do meio ambiente.

O meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de


ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas for-
mas.

Modalidades de meio ambiente:

Prevalece que existem quatro modalidades de meio ambiente:

1. Natural,
2. Cultural,
3. Artificial,
4. Do trabalho.

O meio ambiente natural é composto por bens ambientais, bens da natureza que
existem independentemente da ação humana. Esses bens se dividem em bens com vida
(bióticos) e bens sem vida (abióticos). Exemplo: fauna, flora, recursos hídricos, ar, solo.

O meio ambiente cultural, artificial e do trabalho têm em comum o fato de serem


formados por bens tangíveis e intangíveis decorrentes de uma ação do homem. Atente-se
que tudo que o homem faz e produz, material ou imaterialmente, utiliza matéria prima pro-
veniente do meio ambiente natural.

O meio ambiente cultural é formado por bens tangíveis e intangíveis ligados à


memória, ação e formação dos diversos grupos integrantes da sociedade brasileira. Exem-
plos: Pelourinho, acarajé, capoeira.

O meio ambiente do trabalho é formado por bens materiais e imateriais que per-
mitem o exercício seguro e digno da atividade laborativa remunerada exercida pelo traba-
lhador. O ambiente do trabalho é mais estudado no direito do trabalho do que no direito
ambiental. Exemplos: os equipamentos de proteção individual.

3
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
O meio ambiente artificial tem um enquadramento residual. Tudo que o homem
criar e não estiver inserto no meio ambiente do trabalho ou cultural, vai integrar o meio
ambiente artificial.

Cabe ao direito ambiental, ramo jurídico composto por regras e princípios, disci-
plinar a intervenção humana sobre o meio ambiente. É um ramo jurídico transversal, pois
existem normas ambientais em todos os ramos jurídicos (exemplo: licitação, código civil,
direito tributário, direito penal, direito constitucional, direito administrativo, direito inter-
nacional).

Competências Ambientais previstas na Constituição de 88

 Competências materiais (administrativas): competência para a prática de atos


executivos.

Competências legislativas: competência para a edição de atos legislativos.


O princípio que rege a reserva de competências é o princípio da preponderância


de interesses, assim, via de regra, se o interesse discutido for local, deve cuidar dele o Mu-
nicípio, se for regional o Estado e se for nacional a União.

Rol das competências:

• Competência exclusiva administrativa da União (art. 21 CF):

IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do


território e de desenvolvimento econômico e social;
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídri-
cos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso;
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive ha-
bitação, saneamento básico e transportes urbanos;
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer na-
tureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enri-
quecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de
minérios nucleares e seus derivados

• Competências administrativas comuns entre União, Estados, Distrito Federal


e Municípios (art. 23 CF):

III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor históri-


co, artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notá-
veis e os sítios arqueológicos;

4
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de
arte e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural;
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de
suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de
pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus terri-
tórios; ATENÇÃO! O licenciamento minerário é feito no Ministério das
Minas e Energia, mas a fiscalização ambiental minerária pode ser feita
por todos os entes.

O parágrafo único do art. 23 prevê a criação de leis complementares para a re-


gulação do exercício da competência comum exercida pela União, Estado, Distrito Federal
e Municípios. Na área ambiental, até dezembro de 2011 não existia essa lei para regular a
proteção ambiental. Diante da omissão, a matéria era regulamentada pela Resolução nº
237/97, do Conama. Entretanto, foi promulgada a Lei Complementar 140/11, que trata da
cooperação entre as entidades políticas na proteção ambiental.

• Competências administrativas municipais (art. 30 CF):

VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento territorial,


mediante planejamento e controle do uso, do parcelamento e da
ocupação do solo urbano;
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, ob-
servada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual.

• Competências legislativas privativas da União (art. 22 CF):

IV - águas, energia,
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;

• Competência legislativa concorrente (art. 24 CF): regra geral, União, Estados e


Distrito Federal possuem competência para legislar sobre meio ambiente.

VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do


solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle
da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e
paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor,
a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e pai-
sagístico;

5
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
No que tange aos Municípios, eles poderão editar normas sobre o meio ambiente
de acordo com o interesse local. Assim, os Municípios podem, por exemplo, aprovar a polí-
tica municipal do meio ambiente suplementando leis nacionais e estaduais.

Conflitos entre leis ambientais prolatadas por entes diversos:

Quando houver conflito de leis, parte da doutrina sustenta que vai prevalecer a
norma que apresentar maior proteção ao meio ambiente, todavia essa não foi a posição
adotada pelo STF. De acordo com o Supremo Tribunal Federal, é necessário avaliar se houve
invasão ou não da competência delimitada de cada ente. Cabe à União a edição de normas
gerais e aos Estados cabe complementação.

Ao interpretar-se normas ambientais plurisignificativas, deve-se priorizar a inter-


pretação mais protetiva ao meio ambiente. O STJ tem utilizado, nessas situações, o princí-
pio do “in dubio pro natura. “As normas ambientais devem atender aos fins sociais a que
se destinam, ou seja, necessária a interpretação e a integração de acordo com o princípio
hermenêutico “in dubio pro natura”.

É possível que o Estado-membro, por meio de decreto e portaria, determine que os usuá-
rios dos serviços de água tenham em suas casas, obrigatoriamente, uma conexão com a
rede pública de água. O decreto e a portaria estaduais também poderão proibir o abas-
tecimento de água para as casas por meio de poço artesiano, ressalvada a hipótese de
inexistência de rede pública de saneamento básico. STJ. 2ª Turma. REsp 1.306.093-RJ, Rel.
Min. Herman Benjamin, julgado em 28/5/2013 (Info 525).

PRINCÍPIOS INFORMADORES DO DIREITO AMBIENTAL

1) Princípio da Prevenção e Precaução:

No dicionário, prevenção e precaução são termos sinônimos, contudo no direi-


to ambiental apresentam conotações diferentes. É bem verdade, que possuem uma base
comum, mas num dado momento se diferenciam. A base comum é que tanto a prevenção
quanto a precaução buscam evitar a ocorrência de dano ao meio ambiente ou quando os
danos são tolerados minimizá-los.

O princípio da prevenção é o princípio da certeza científica, trabalha com ris-


co certo, conhecido, concreto. Se relacionam àqueles empreendimentos licenciados pelos
órgãos ambientais de vasto conhecimento científico. Exemplo fábrica de sapatos, licenciar
uma fábrica de sapatos é algo comum, já se sabe os males ambientais, natureza e extensão.
Nesse caso, por exemplo, o filtro que se instala na chaminé provém da aplicação do princí-
pio da prevenção.

6
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Já o princípio da precaução pressupõe uma situação de dúvida, de controvérsia
científica. Ele é invocado para novas atividades empreendedoras oriundas do avanço tecno-
lógico. Órgão ambiental que se depara pela primeira vez com uma situação e prevê os males
ambientais. O risco é incerto, abstrato, potencial. Exemplo: soja transgênica. Nesse caso, a
dúvida deve militar a favor do meio ambiente. Se o órgão ambiental está diante de um novo
empreendimento, na dúvida não se pode arriscar, ele só pode licenciar se o empreendedor
apresentar medidas de precaução mesmo sem saber os reais riscos da atividade.

O princípio da precaução é previsto na Declaração do Rio (ECO/92), no princípio


15, que assim dispõe:

“Quando houver ameaça de danos sérios ou irreversíveis, a ausência


de absoluta certeza científica não pode ser utilizada como razão para
postergar medidas eficazes e economicamente viáveis para precaver
a degradação ambiental”.

Nesse sentido, é possível que o órgão ambiental vede a instauração de um em-


preendimento com base no princípio da precaução até que se apure os males que o em-
preendimento possa causar.

Existem três medidas decorrentes do princípio da precaução:

a. Proporcionalidade: não se pode fazer exigências absurdas em decorrência do


princípio da precaução. Exemplo: se o empreendimento tem custo de um milhão de reais, é
inviável exigir meios de precaução que custem quinze milhões.
b. Coerência: tem que haver ligação direta entre a atividade e o que está sendo
exigido.
c. Precariedade: se daqui alguns anos o mal ambiental não se concretizou, as
exigências podem ser revogadas pelo órgão ambiental.

Boa parte da doutrina ambiental do Brasil e o STJ, seguindo uma linha doutriná-
ria estrangeira, sustenta que o princípio da precaução é um substrato de direito material
que fundamenta a inversão do ônus da prova nas ações coletivas de reparação de dano
ambiental.

Outrossim, existem julgados mais recentes admitindo a inversão do ônus da pro-


va nas demandas coletivas com base no CDC, daí que, na atualidade, a inversão do ônus
da prova em ação de reparação de dano ambiental tem dois fundamentos pela atual juris-
prudência do STJ: do ponto de vista material fundamenta-se no princípio da precaução e
do ponto de vista processual fundamenta-se no CDC. Exemplo: um rio que passa em de-
terminada cidade amanhece com centenas de peixes mortos. O Ministério Público instaura
um inquérito civil em que fica comprovado que os peixes morreram em razão da ingestão

7
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
de mercúrio. As investigações apontaram que duas empresas da região trabalhavam com
mercúrio, só que não foi possível definir qual das empresas promoveu o lançamento irre-
gular. Nessa situação, o MP pode ajuizar uma ACP para reparar o dano ambiental e postular
a inversão do ônus da prova de forma que cada empresa vai ter que provar que não fez o
lançamento do mercúrio no rio.

2) Princípio do Desenvolvimento Sustentável:

Para compreender esse princípio, é necessário se ter em mente que existe uma
capacidade máxima de absorção da poluição pelo planeta Terra. A partir da Conferência
de Estocolmo de 1972, começou a se difundir o modelo do desenvolvimento sustentável. O
desenvolvimento sustentável é aquele em que as gerações atuais consomem a sua parcela
de recursos da natureza sem privar as futuras gerações de consumir as suas porções. As ge-
rações atuais não podem exaurir os recursos da natureza.

Desenvolvimento sustentável é aquele que observa a capacidade de suporte da


poluição da natureza com objetivo de tornar os recursos naturais perenes. A Constituição
não menciona expressamente o aludido princípio, entretanto, implicitamente ela consa-
grou esse princípio através de uma interpretação conjunta do art. 170, VI com o art. 225
da CF. O art. 170, VI, prevê como princípio da ordem econômica a preservação do meio
ambiente, inclusive estabelecendo tratamento diferenciado para empresas que trabalham
com tecnologias de menor impacto ambiental. Já o art. 225 concebe o direito fundamental
a um ambiente ecologicamente equilibrado.

3) Princípio do Poluidor-Pagador (Princípio da Responsabilidade):

Para se produzir bens de consumo, é necessária a utilização de substratos da na-


tureza. Os empresários buscam o lucro e para isso consomem recursos naturais. Dessa for-
ma, não é justo que o lucro seja destinado inteiramente ao empresário e o ônus seja dividi-
do entre a sociedade (a degradação do meio ambiente é experimentada por todos). Assim,
com base nesse raciocínio, aquele que polui deve responder pelas externalidades negativas
causadas pela poluição.

Isso não quer dizer que aquele que degrada o meio ambiente pode fazê-lo desde
que pague por isso. Essa visão é errada, pois o princípio é poluidor-pagador e não pagador-
-poluidor. Com efeito, não é uma abertura ilimitada à poluição desde que se pague por ela.
Esse pagamento é uma espécie de compensação pelo dano que se causa ao meio ambiente.

4) Princípio do Usuário-pagador:

Tanto o princípio do poluidor-pagador quanto o princípio do usuário-pagador fo-


ram implicitamente previstos no art. 4º, VII, da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente,
nos seguintes termos:

8
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
“a imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar
e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela
utilização de recursos ambientais com fins econômicos”.

Assim sendo, de acordo com o princípio do usuário-pagador, todos aqueles que


utilizem bens da natureza devem pagar por sua utilização, tendo havido ou não poluição.
O princípio do usuário-pagador é mais amplo chegando ao ponto de englobar o princípio
do poluidor-pagador. Todos que estiverem poluindo estão de alguma maneira utilizando do
recurso natural, mas nem todo mundo que está usando um recurso da natureza estará ne-
cessariamente poluindo. Exemplo: uso na minha casa água de maneira racional, eu não es-
tou poluindo. Assim sendo, o pagamento que faço decorre do princípio do usuário-pagador.

5) Princípio do Protetor-recebedor:

Se alguém faz um bem à natureza, faz um bem a toda coletividade e dentro dessa
ideia de economia verde, se difundiu o pagamento pelo serviço ambiental. Qualquer tipo de
incentivo na órbita pública ou privada em favor de pessoas que atuam na proteção do meio
ambiente expressa o princípio do protetor-recebedor.

Nesse sentido, existem alguns programas em leis que decorrem da aplicação des-
se princípio. O art. 41 do Novo Código Florestal previu o programa de apoio e incentivo à
preservação e recuperação do meio ambiente, com a possibilidade de pagamento pelas ati-
vidade de conservação e melhoria dos ecossistemas e que gerem serviços ambientais, tais
como, conservação da beleza cênica natural, conservação da biodiversidade, conservação
das águas e recursos hídricos, a regulação do clima, dentre outros.

Outro exemplo de aplicabilidade do princípio do protetor-recebedor vem do es-


tado do Amazonas, com a criação do Programa Bolsa Floresta, que instituiu a Política Esta-
dual sobre Mudança dos Climas. Por ele, pessoas que preservavam o meio ambiente teriam
direito a um benefício assistencial ambiental pago mensalmente. Por sua vez, o estado de
Minas Gerais criou o Programa Bolsa-Verde por meio do qual o poder público estadual paga
um incentivo financeiro aos proprietários por hectare preservado de reserva legal ou área
de preservação permanente.

6) Princípio da cooperação entre os povos:

Ele determina que, pelo fato de o meio ambiente não conhecer fronteiras geográ-
ficas, todos os povos devem engendrar esforços para preservá-lo.

9
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
7) Princípio do Pacto entre Gerações (equidade, equidade intergeracional):

Esse princípio está contemplado na parte final do caput do art. 225 da CF, que dis-
põe que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado que é um bem
de uso comum do povo indispensável à sadia qualidade de vida, cabendo tanto ao poder
público quanto à coletividade defende-lo e preservá-lo para as gerações atuais e futuras
gerações. Assim, as presentes gerações não devem exaurir os recursos da natureza, utili-
zando-os de maneira sustentável e garantindo as porções para as futuras gerações. Como se
pode perceber, tal princípio se liga ao princípio do desenvolvimento sustentável.

8) Princípio da Natureza Pública da Proteção Ambiental (obrigatoriedade de
proteção):

Esse princípio impõe tanto ao poder público quanto à iniciativa privada a obriga-
ção de preservar o meio ambiente.

9) Princípio da Participação Comunitária (participação cidadã, popular ou prin-


cípio democrático):

Considerando que uma atividade poluidora traz impacto na vida de todos, nada
mais democrático do que fazer inserir a população em processos democráticos ligados
àquele empreendimento antes de se tomar a decisão ambiental. Assim sendo, a legislação
ambiental brasileira possui vários exemplos de aplicação do princípio democrático. Exem-
plo: ação popular relativa ao meio ambiente, audiências públicas antes da construção de
um empreendimento.

10) Princípio da Função Socioambiental da Propriedade:

A Constituição Federal operou uma “ecologização” do direito de propriedade ao


impor que a propriedade rural ou urbana somente realizarão sua função social se as normas
ambientais forem respeitadas.

No que concerne à propriedade rural, coube ao art. 186 da Constituição fixar os


requisitos cumulativos para que ela atinja a função social, a saber:

uso racional e adequado da terra,



respeito à legislação trabalhista,

exploração de acordo com bem estar de trabalhadores e empregadores e

o respeito às normas de proteção ao meio ambiente.

No que concerne à propriedade urbana, a Carta Constitucional não fixou expres-


samente os requisitos para o cumprimento da função social, apenas prescreveu que a pro-

10
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
priedade urbana vai cumprir sua função social quando respeitar os requisitos e ditames do
plano diretor. Por sua vez, o plano diretor deve respeitar as leis ambientais federais, esta-
duais e do próprio município. Assim sendo, tanto a propriedade urbana quanto a rural so-
mente atingirão a função social ao passo que respeitarem a legislação ambiental brasileira.

Nesse aspecto, salutar mencionar a existência de um dispositivo do Código Civil


(art. 1.228, §1º) que prevê que o direito de propriedade deve ser exercitado em consonância
com as suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados a flora, a
fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem
como evitada a poluição do ar e das águas.

11) Princípio da Informação:

Por ele, os órgãos devem publicar seus atos, por exemplo, concessão de licenças,
imposição de penalidades administrativas, extratos de estudos ambientais, dentre outros.

12) Princípio do Limite (Controle):

Por ele, a Administração Pública tem o dever de fixar padrões máximos de po-
luição levando-se em consideração a capacidade de absorção de determinados recursos
naturais.

13) Princípio da Responsabilidade Comum:

Trata-se de um princípio internacional de direito ambiental, previsto tanto no


Protocolo de Kyoto como na lei brasileira de mudanças climáticas. É cediço que a tempera-
tura da Terra vem aumentando de maneira muito rápida em razão do efeito estufa. E esse
efeito estufa vem sendo potencializado em razão da crescente emissão de carbono. Consi-
derando que todas as nações emitem carbono, todas elas têm que adotar políticas públicas
para diminuir os males ao meio ambiente. Todavia para aqueles que poluem mais, é ne-
cessário responsabilidade diferenciada e políticas públicas mais duras (exemplos: China e
Estados Unidos).

14) Princípio do Direito ao Meio Ambiente Ecologicamente Equilibrado:

Esse princípio consta do art. 225, caput, da Constituição, que prevê que todos
têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Assim, trata-se de um direito
difuso, pois é um bem de uso comum do povo.

15) Princípio da vedação ao retrocesso ambiental:

Por ele, a legislação ambiental tem que ser cada vez mais protetiva. Na medida
em que a poluição só cresce, é necessário normas mais protetivas.

11
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
16) Princípio do mínimo existencial ecológico:

Por esse princípio são necessárias mínimas condições ambientais oferecidas pelo
poder público para se realizar a dignidade humana. Se não houver o mínimo de condições
salubres, não haverá meio ambiente protegido, não haverá saúde e por conseqüência os
demais direitos também serão atingidos.

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE – LEI 6.938/81

Essa lei implementa a política nacional do meio ambiente, trazendo determina-


ções ao poder público na execução das políticas ambientais, criando órgãos, estabelecendo
princípios e objetivos dessa política.

Para se implementar a Política Nacional do Meio Ambiente, foi instituído o Siste-


ma Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), que é formado por órgãos e entidades de todas
as esferas do governo que atuam no campo ambiental.

Estrutura do SISNAMA (art. 6º):

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presiden-


te da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o
meio ambiente e os recursos ambientais. A formulação da política nacional do meio am-
biente é feita pelo Presidente da República com auxílio do órgão superior do SISNAMA cha-
mado de Conselho de Governo. O Conselho de Governo é um órgão de cúpula que faz parte
da Presidência da República composto por todos os ministros de Estado.

II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA-


MA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de
políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbi-
to de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. O CONAMA é órgão consultivo
e deliberativo. Sua principal manifestação são as resoluções, proposições, recomendações.

III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República,


com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a
política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente.  Essa secre-
taria não existe mais e foi substituída pelo Ministério do Meio Ambiente. Ele que funciona
como órgão que fica de fora coordenando, controlando e supervisionando a efetivação da
política nacional do meio ambiente aprovada no âmbito da presidência da república.

IV - órgãos executores: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos


Naturais Renováveis - IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

12
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
- Instituto Chico Mendes, com a finalidade de executar e fazer executar a política e as dire-
trizes governamentais fixadas para o meio ambiente, de acordo com as respectivas compe-
tências. O IBAMA quando nasceu tinha três grandes funções administrativas: exercício do
poder de polícia ambiental na esfera federal, licenciamento ambiental na esfera federal e
gestão das unidades de conservação criadas pela União. Hoje em dia, o IBAMA tem apenas
duas dessas funções, pois a e gestão das unidades de conservação criadas pela União foi
transferida para outra autarquia, o ICMBIO.

V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execu-


ção de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar
a degradação ambiental.

VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle


e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

ATENÇÃO! Não confundir os órgãos do SISNAMA com os órgãos do SNUC. Veja-


mos o art.6º, da Lei nº 9.985/00:

Art. 6º O SNUC será gerido pelos seguintes órgãos, com as respecti-


vas atribuições:
I – Órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Am-
biente - Conama, com as atribuições de acompanhar a implementa-
ção do Sistema;
II - Órgão central: o Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de
coordenar o Sistema; e
III - órgãos executores: o Instituto Chico Mendes e o Ibama, em cará-
ter supletivo, os órgãos estaduais e municipais, com a função de im-
plementar o SNUC, subsidiar as propostas de criação e administrar
as unidades de conservação federais, estaduais e municipais, nas
respectivas esferas de atuação. (Redação dada pela Lei nº 11.516,
2007)
Parágrafo único. Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e a cri-
tério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais
que, concebidas para atender a peculiaridades regionais ou locais,
possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfatoriamente
atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas caracte-
rísticas permitam, em relação a estas, uma clara distinção.

Comparando-se a estrutura, observamos que o SNUC não possui órgão superior,


órgãos seccionais e órgãos locais.

13
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Competências do CONAMA (art.8º): (mais relevantes)

Art. 8º Compete ao CONAMA: 


I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para
o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras,
a ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA;
II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das
alternativas e das possíveis conseqüências ambientais de projetos
públicos ou privados,
VI - estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de con-
trole da poluição por veículos automotores, aeronaves e embarca-
ções, mediante audiência dos Ministérios competentes;
VII - estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e
à manutenção da qualidade do meio ambiente com vistas ao uso ra-
cional dos recursos ambientais, principalmente os hídricos.

O art. 9º da lei contem um rol de instrumentos que os órgãos do SISNAMA dis-


põem para implementar a política nacional do meio ambiente.

São instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental: é possível definir os


padrões de qualidade ambiental como o reflexo do estado ambiental de determinado ou
determinados recursos ambientais, usualmente fixados numericamente em normas am-
bientais lastreadas em fundamentos técnicos, com o objetivo de manter o equilíbrio am-
biental e a saúde humana.

II - o zoneamento ambiental: é um instrumento de organização do território a


ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e pri-
vadas, que estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar
a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade,
garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da popu-
lação. Competirá à União na forma do art. 7º, IX da LC 140/2011, elaborar o zoneamento
ambiental em âmbito nacional e regional. Já aos Estados terão a incumbência de elaborar o
zoneamento ambiental em âmbito estadual. Não há previsão expressa que o município faça
zoneamento ambiental, mas isso não quer dizer que ele não possa fazer.

III - a avaliação de impactos ambientais: (AIA) são chamados também de estudos


ambientais. Será tratado mais detidamente adiante.

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluido-


ras: cuida do licenciamento ambiental, instrumento principal de controle da poluição. Será
estudado adiante.

14
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absor-
ção de tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental: cabe à Administração
Pública fomentar a pesquisa de tecnologias menos impactantes ao meio ambiente.

VI - a criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo Poder Pú-


blico federal, estadual e municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante
interesse ecológico e reservas extrativistas: os espaços ambientais serão estudados mais
adiante.

VII - o sistema nacional de informações sobre o meio ambiente: O SINIMA consis-


te em um banco de dados ambientais que é administrado no âmbito do Ministério do Meio
Ambiente.
VIII - o Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Am-
biental: nada mais é do que um registro feito no IBAMA por pessoas naturais ou jurídicas
que se dedicam à atividade de consultoria ambiental.

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das


medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental.

X - a instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado


anualmente pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA.

XI - a garantia da prestação de informações relativas ao Meio Ambiente, obrigan-


do-se o Poder Público a produzi-las, quando inexistentes.

XII - o Cadastro Técnico Federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou


utilizadoras dos recursos ambientais: por ele, se efetua o registro das pessoas físicas ou
jurídicas poluidoras.

XIII - instrumentos econômicos, como concessão florestal, servidão ambiental,


seguro ambiental e outros.

Estudo dos Instrumentos Da Política Nacional Do Meio Ambiente: (os mais im-
portantes)

1) Licenciamento ambiental;
2) Estudos ambientais;
3) Espaços territoriais protegidos;
4) Instrumentos Econômicos;

15
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
1)Licenciamento Ambiental:

Trata-se de um procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental com-


petente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e
atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente po-
luidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, con-
siderando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
(Resolução 237 CONAMA)

A LC/140 também define o licenciamento ambiental, sendo, pois, o procedimen-


to administrativo destinado a licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de re-
cursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma,
de causar degradação ambiental.

Qualquer atividade poluidora somente será legítima se estiver amparada em pré-


vio processo de licenciamento ambiental.

De acordo com o art. 10 da Lei 6.938/81:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabele-


cimentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, efetiva
ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de
causar degradação ambiental dependerão de prévio licenciamento
ambiental.      

O objetivo de um empreendedor em requerer o licenciamento é obter as licenças


ambientais para legitimar a sua intervenção no meio ambiente.

As regras de competência sobre licenciamento ambiental são ditadas pela


LC/140 e podem ser atribuídas à União, aos Estados, ao Distrito Federal ou Municípios.

Inicialmente, é necessário diferenciar a competência para fiscalizar da compe-


tência para licenciar. Determinado ente, apesar de não ter competência para licenciar pode
realizar fiscalização. De acordo com o STJ, o pacto federativo atribuiu competência aos qua-
tro entes da federação para proteger o meio ambiente através da fiscalização. A competên-
cia constitucional para fiscalizar, portanto, é comum aos órgãos do meio ambiente das
diversas esferas da federação. Exemplo: Atividade desenvolvida com risco de dano ambien-
tal a bem da União pode ser fiscalizada pelo IBAMA, ainda que a competência para licenciar
seja de outro ente federado.

Acontece que, pela leitura isolada do caput do art. 17 da LC/140 pode-se chegar a
uma conclusão contrária à posição do STJ.

16
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Art. 17.  Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou auto-
rização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, la-
vrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo
para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 

Entretanto, o § 3o traz uma norma que reitera o entendimento do STJ:

§ 3o  O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos


entes federativos da atribuição comum de fiscalização da conformi-
dade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente
poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a legislação am-
biental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado
por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização
a que se refere o caput. 

Conclui-se, assim, que todas as esferas de governo têm competência para fisca-
lizar mesmo que não sejam os responsáveis pelo licenciamento, contudo prevalece o auto
de infração lavrado pelo órgão responsável pelo licenciamento na hipótese de haver mais
de um auto de infração.

A licença do direito ambiental observa um sistema trifásico. De acordo com o art.


8 da Resolução 237 CONAMA:

1ª. Licença prévia (LP): ela aprova um projeto declarando a sua viabilidade am-
biental e localização. A partir dessa licença, o empreendedor tem que cumprir todas as exi-
gências impostas pelo órgão ambiental para conseguir a próxima licença. (Validade até 5
anos);

2ª. Licença de Instalação (LI): ela libera a implantação do empreendimento. (Va-


lidade até 6 anos);

3ª. Licença de Operação (LO): ela libera o empreendedor a iniciar o funcionamen-


to de seu empreendimento. (Validade de 4 a 10 anos).

As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de


acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. No caso
de empreendimentos de pequeno impacto, o órgão ambiental pode conceder uma licença
única inominada (exemplo: licença para cortar cinco árvores).

A concessão de licença ambiental pressupõe a apresentação pelo proponente do


projeto de alguma modalidade de estudo ambiental. Além disso, ao contrário da licença do
direito administrativo, a licença ambiental não se incorpora ao patrimônio jurídico do ou-

17
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
torgado, além de ela ter prazo de validade, a licença ambiental pode ser suspensa, alterada
e até cancelada na hipótese de graves e supervenientes riscos ao meio ambiente ou à saúde
pública (art. 19 da Resolução 237 CONAMA). Desta maneira, pode-se dizer que a licença am-
biental segue a regra rebus sic stantibus, podendo ser alterada a qualquer momento.

Veda-se no Brasil, o licenciamento ambiental múltiplo, que é aquele feito por


mais um ente federativo. Também não é possível que dois entes se unam para conceder
uma licença.

Art. 13 da LC/140.  Os empreendimentos e atividades são licenciados


ou autorizados, ambientalmente, por um único ente federativo, em
conformidade com as atribuições estabelecidas nos termos desta Lei
Complementar. 

Atuação supletiva dos entes federativos: No caso de um licenciamento ambien-


tal, quando o ente não detém capacidade técnica para licenciar determinado tipo de em-
preendimento, o ente maior vai atuar supletivamente, substituindo-o. Exemplo: determina-
do empreendimento deva ser licenciado pelo órgão municipal, mas o município não possui
órgão criado ou não detém capacidade técnica para licenciar aquele empreendimento.
Nesse caso, o órgão estadual de meio ambiente vai atuar supletivamente, substituindo-o.
Eventualmente, se o órgão estadual também não for capacitado, o IBAMA vai atuar supleti-
vamente.

Art. 15 da LC/140.  Os entes federativos devem atuar em caráter su-


pletivo nas ações administrativas de licenciamento e na autorização
ambiental, nas seguintes hipóteses: 
I - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio am-
biente no Estado ou no Distrito Federal, a União deve desempenhar
as ações administrativas estaduais ou distritais até a sua criação; 
II - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio am-
biente no Município, o Estado deve desempenhar as ações adminis-
trativas municipais até a sua criação; e 
III - inexistindo órgão ambiental capacitado ou conselho de meio
ambiente no Estado e no Município, a União deve desempenhar as
ações administrativas até a sua criação em um daqueles entes fede-
rativos. 

Atuação subsidiária: consiste num agir conjuntamente, quando uma entidade


colabora com a outra com informações, apoio logístico ou com recursos.

Art. 16 da LC/140.  A ação administrativa subsidiária dos entes fede-


rativos dar-se-á por meio de apoio técnico, científico, administrativo
ou financeiro, sem prejuízo de outras formas de cooperação. 

18
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Parágrafo único.  A ação subsidiária deve ser solicitada pelo ente ori-
ginariamente detentor da atribuição nos termos desta Lei Comple-
mentar. 

Observe que a ação supletiva não precisa ser solicitada, se um município não tem
capacidade para licenciar, ele não precisa solicitar atuação do órgão estadual, ele já age au-
tomaticamente. Já a ação subsidiária deve ser solicitada.

Regras de competência para promover o licenciamento ambiental:

Todas os entes federados têm competência para fazer o licenciamento tendo em


vista que a competência para controlar a poluição é comum entre eles. A competência de
cada um é indicada pela LC/ 140, que adota inúmeros critérios para definir a competência.
No entanto, não há um único critério para se definir se a competência será nacional, esta-
dual ou municipal, o que implica numa situação casuística dificultando o estudo. Em um
ponto o legislador foi inteligente, seguindo a competência residual dos Estados presente
na Constituição.

O art. 7º prevê as competências federais, o art. 8º as estaduais e o 9º as munici-


pais.

I. Competências federais:

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades: 

a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe; em-


preendimentos que envolvem zona de fronteira (critério de segurança e soberania).
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou
na zona econômica exclusiva; tais bens são da União e esses espaços envolvem petróleo
(critério segurança).
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas; critério da dominialidade
do bem público federal eis que as terras indígenas são da União. Os índios se forem desen-
volver atividades poluidoras devem licenciar.
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela
União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APA’s); a lei prevê 12 espécies de unidade
da conservação, em 11 delas o órgão competente para licenciar será o ente que criar a res-
pectiva unidade de conservação. No entanto, em um caso apenas, o legislador não adotou
o critério da entidade instituidora, é a APA. Para a APA adota-se outro critério. A APA é a uni-
dade de conservação mais comum no país por isso o legislador resolveu enquadrá-la como
uma exceção.
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; critério da extensão
do impacto ambiental. Ex: obras de integração do rio São Francisco que abrangeu Bahia e
Ceará quem fez o licenciamento foi o IBAMA.

19
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de
ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e
dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qual-
quer de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nu-
clear (Cnen);  energia nuclear e material radioativo é competência exclusiva da União, logo
o licenciamento será federal.
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de
proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte, po-
tencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;  porte, potencial poluidor e
natureza da atividade. Empreendimento de grande impacto.

II. Competência municipais:

XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei
Complementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos: 

a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme


tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados
os critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; impacto local, o empreen-
dimento cujo impacto ambiental não ultrapassa as fronteiras no Município. O Município
pode licenciar se ele tiver um órgão capacitado e reconhecido em conformidade com o por-
te, potencial poluidor e natureza da atividade.
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em
Áreas de Proteção Ambiental (APA’s);  se adota o critério da entidade instituidora, se ele ins-
titui unidade de conservação ele licencia, exceto no caso de APA.

O Estado tem competência residual:

Art. 8o  São ações administrativas dos Estados: 

XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos


utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob
qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; 

No caso do DF, ele reúne as competências dos estados e municípios.

Licenciamento da APA (área de proteção ambiental): por ser a unidade de conser-


vação mais difundida no território brasileiro não se adotou o critério do ente instituidor. Os
critérios adotados foram: se for uma APA em zona de fronteira a competência para licenciar
será da União, não importando se ela foi instituída pela União, Estados ou Municípios. Se a
APA tiver na sua área um mar territorial a competência será federal, não importa se ela foi

20
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
criada por outro ente. Se for uma APA cujo impacto ambiental é local, a competência será
do Município.

2) Estudos Ambientais (Avaliação de Impactos Ambientais):

Um dos requisitos para se obter a licença ambiental consiste na necessidade de


o empreendedor apresentar alguma modalidade de estudo ambiental como subsídio para
concessão da licença ambiental.

Estudo ambiental é um gênero que comporta uma série de espécies. A definição


jurídica de estudos ambientais está presente no art. 1º, III da Resolução Conama 237:

Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos as-


pectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação
e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado
como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relató-
rio ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório am-
biental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano
de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

Esse dispositivo falha porque o principal estudo ambiental, o mais complexo, que
tem previsão expressa no art. 225 da Constituição Federal não tem previsão na Resolução.
Cuida-se do estudo de impacto ambiental conhecido como EIA. Alguns autores preferem
designá-lo como estudo prévio de impacto ambiental (EPIA).

Nesse sentido, o art. 225 da Constituição de 88, §1º, IV prevê expressamente o


estudo de impacto ambiental:

Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equili-


brado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defen-
dê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder
Público:
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente,
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 

Esse estudo é prévio, ou seja, é elaborado antes da concessão da licença. Con-


clui-se, portanto, que apenas de posse do estudo de impacto ambiental é que o órgão licen-
ciador poderá aferir a viabilidade de determinado empreendimento para conceder ou negar
a licença.

21
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Não há uma lei que regulamente o estudo de impacto ambiental, o tema é disci-
plinado pela Resolução 01 do CONAMA.

Nos termos da Resolução, o órgão ambiental licenciador só exigirá a elaboração


do EIA se for caso de significativa degradação do meio ambiente, de modo que se o em-
preendimento não for apto a gerar significativa degradação ambiental, não será caso de
se exigir o estudo prévio de impacto ambiental, cabe ao órgão exigir um estudo ambiental
mais simples, por exemplo, um diagnóstico, um relatório de risco.

A resolução 01 do CONAMA em seu art. 2º apresenta um rol meramente exemplifi-


cativo de empreendimentos aptos a gerar significativa degradação ambiental, por exemplo:

I - Estradas de rodagem com duas ou mais faixas de rolamento;


II - Ferrovias;
III - Portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
IV - Aeroportos, conforme definidos pelo inciso 1, artigo 48, do De-
creto-Lei nº 32, de 18.11.66;
V - Oleodutos, gasodutos, minerodutos, troncos coletores e emissá-
rios de esgotos sanitários;
VI - Linhas de transmissão de energia elétrica, acima de 230KV;
VII - Obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais
como: barragem para fins hidrelétricos, acima de 10MW, de sanea-
mento ou de irrigação, abertura de canais para navegação, drena-
gem e irrigação, retificação de cursos d’água, abertura de barras e
embocaduras, transposição de bacias, diques;
VIII - Extração de combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão);
IX - Extração de minério, inclusive os da classe II, definidas no Código
de Mineração;
X - Aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tó-
xicos ou perigosos;
Xl - Usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de
energia primária, acima de 10MW;
XII - Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquími-
cos, siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extra-
ção e cultivo de recursos hídricos);
XIII - Distritos industriais e zonas estritamente industriais - ZEI;
XIV - Exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima
de 100 hectares ou menores, quando atingir áreas significativas em
termos percentuais ou de importância do ponto de vista ambiental;
XV - Projetos urbanísticos, acima de 100ha. ou em áreas considera-
das de relevante interesse ambiental a critério da SEMA e dos órgãos
municipais e estaduais competentes;

22
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
XVI - Qualquer atividade que utilize carvão vegetal, em quantidade
superior a dez toneladas por dia.

O estudo é elaborado pelo proponente do projeto. Ele deve contratar e pagar as


despesas de uma equipe técnica que irá elaborar o estudo de impacto ambiental. Uma vez
elaborado, o empreendedor apresenta o estudo ao órgão licenciador havendo responsa-
bilidade solidária entre o empreendedor e a equipe contratada acerca da veracidade das
informações constantes do estudo.

Inicialmente, é necessário um diagnóstico da área de influência do projeto, em


seguida a equipe deve apontar os impactos positivos (benefícios ambientais) e os negati-
vos (males ambientais). Depois, caberá ao estudo arrolar as medidas para a redução dos
impactos negativos. Por fim, o estudo deve apontar formas de acompanhamento e moni-
toramento do empreendimento. Ele terá uma conclusão, que apontará pela viabilidade ou
inviabilidade do empreendimento. Deve-se ponderar se os benefícios serão maiores do que
os prejuízos.

Além do EIA, nós temos um outro documento que é o RIMA (Relatório de impacto
ambiental). O RIMA não tem previsão constitucional, apenas na resolução do Conama. O
RIMA é um documento que decorre do EIA. Ele consiste em um documento simples, com
linguagem fácil que apenas conterá as conclusões do estudo de impacto ambiental e tem
como principal objetivo ser debatido em audiência pública.

A audiência pública para debater o relatório de impacto ambiental não é obriga-


tória. Ela deverá ocorrer quando o órgão ambiental entender necessário, quando houver
requerimento de entidade civil, requerimento do MP ou quando houver um abaixo-assi-
nado subscrito por pelo menos cinqüenta cidadãos. Assim, se não ocorrerem alguma des-
sas hipóteses poderá haver um RIMA sem debate em audiência pública. A Resolução 09 do
Conama prevê que nos casos em que a audiência pública deva ocorrer e não for realizada,
as eventuais licenças concedidas devem ser invalidadas. Diante disso, conclui-se, que quan-
do obrigatória, a audiência pública vai funcionar como condição de validade das licenças.

3. Espaços Territoriais Protegidos

O art. 225, §1º, III da Constituição prevê a instituição de espaços protegidos.

III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e


seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alte-
ração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qual-
quer utilização que comprometa a integridade dos atributos que jus-
tifiquem sua proteção;

23
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
A alteração ou supressão de um espaço protegido só pode se dar por lei. Essa
norma constitucional deve ser interpretada da seguinte forma: quando alguma medida for
prejudicar o meio ambiente, somente a lei poderá fazê-lo (lei em sentido formal e material).
Por outro lado, para se criar espaços ambientais pode ser através de lei ou decreto, assim,
para aumentar o regime protetivo, pode ser por lei ou decreto.

São espaços territoriais protegidos:

I. Novo Código Florestal:

Áreas de reserva legal;


 Áreas de preservação permanente: APP = (mata ciliar, entorno de lagos e la-


goas, entorno de reservatório de água artificial, entorno de nascentes e olhos d’água, en-
costas, restingas, manguezais, bordas de tabuleiros e chapadas, topo de morros, áreas com
altitude acima de 1800 m, veredas);

Apicuns e salgados;

Áreas verdes municipais;


Áreas de uso restrito: pantanal e planícies pantaneiras


II. Lei 9.985/00:

 Unidades de conservação: são ao todo 12.


Espécies:

Áreas De Preservação Permanente – App

Trata-se de áreas que refletem ecossistemas extremamente frágeis de maneira


que a vegetação nativa deve ser preservada.

O artigo 3.º, II, do Código Florestal, a Área de Preservação Permanente (APP) traz
o conceito de APP:

“área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função


ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabili-
dade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e
flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações huma-
nas”.

24
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Existem duas hipóteses de APP’s, com regimes jurídicos diferentes:
1ª) APP’S DO ARTIGO 4º - INCIDÊNCIA EX LEGE - o próprio artigo já as instituiu,
independentemente da intermediação do Poder Público.

2ª) APP’S DO ARTIGO 6º - precisam ser declaradas por ato do poder executivo
para existirem (decreto).

Modalidades do art. 4º:

I) Mata ciliar – trata-se da vegetação que acompanha as margens de um rio ou de


qualquer curso de água. Seu objetivo é evitar o assoreamento e resguardar a segurança das
pessoas contra enchentes.

São consideradas áreas de preservação permanente as faixas marginais de qual-


quer curso d’água natural (por menor que seja o curso d’água, a mata ciliar estará nas suas
margens) perene (corre durante todo ano) e intermitente (tem tempos de seca), excluídos
os efêmeros (aquele que se forma por uma tempestade, por exemplo), desde a borda da
calha do leito regular, em largura mínima de:

30m Cursos d'água de menos de 10 metros de largura


50m Cursos d'água que tenham de 10 a 50 metros de largura
100m Cursos d'água que tenham de 50 a 200 metros de largura
200m Cursos d'água que tenham de 200 a 600 metros de largura
500 Para cursos d'água que tenham largura superior a 600 metros

O tamanho da mata ciliar depende da largura do rio.

II) Entorno de lagos e lagoas naturais - atualmente, consideram-se áreas de pre-


servação permanente as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura
mínima de (depende da localização):

a) 100 metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 hectares de
superfície, cuja faixa marginal será de 50 metros;

b) 30 metros, em zonas urbanas.

Nos termos do artigo 4º, §4º, do Código Florestal:

fica dispensado o estabelecimento das faixas de Área de Preserva-


ção Permanente no entorno das acumulações naturais ou artificiais
de água com superfície inferior a 01 hectare, vedada nova supressão
de áreas de vegetação nativa, salvo autorização do órgão ambiental
competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente - Sisnama.

25
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
III) Entorno de reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou re-
presamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreen-
dimento.

Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios


artificiais de água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água na-
turais.

IV) Entorno de nascente (se perene) e olhos d’água (mesmo que intermitente) -
considera-se APP as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água, qualquer que seja
a sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 metros.

A nascente é o afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade


e dá início a um curso d’água, ao passo que o olho d’água é o afloramento natural do lençol
freático, mesmo que intermitente (não dá início a um curso d’água).

V) Encostas – são APP’s porque se desmatadas, a terra desce e pode causar desas-
tres. (Exemplos: desabamentos em Santa Catarina e Angra dos Reis).

VI) As restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues (sem


elas o vento transporta a areia).

VII) Os manguezais, em toda a sua extensão. Os manguezais possuem uma diver-


sidade biológica muito grande.

VIII) Bordas de tabuleiros ou chapadas – têm objetivo de segurar a terra para não
descer.
IX) Topo de morros, montes, montanhas e serras – também visam impedir a ter-
ra de descer.

X) Áreas em altitude acima de 1.800m - consideram-se como APP’s as áreas em


altitude superior a 1.800 metros, qualquer que seja a vegetação, com o objetivo principal
de preservar essa fauna e flora tão diferenciada no Brasil por habitar em elevadas altitudes.

XI) Veredas - faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50


metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. Vereda é a fitofisionomia de sa-
vana, encontrada em solos hidromórficos, usualmente com a palmeira arbórea Mauritiafle-
xuosa - buriti emergente, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbus-
tivo-herbáceas

26
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Modalidades do art. 6º:

São áreas de preservação permanente em potencial.

Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando


declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo
(decreto), as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vege-
tação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e desliza-
mentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultu-
ral ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público;
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autorida-
des militares.
IX – proteger áreas úmidas, especialmente as de importância inter-
nacional.

Regime jurídico das APPs: (art. 7º)

Art. 7o  A vegetação situada em Área de Preservação Permanente de-


verá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante
a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou pri-
vado.
§ 1o  Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Pre-
servação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupan-
te a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vege-
tação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei.
§ 2o  A obrigação prevista no § 1o tem natureza real e é transmitida
ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel
rural.
§ 3o  No caso de supressão não autorizada de vegetação realizada
após 22 de julho de 2008, é vedada a concessão de novas autoriza-
ções de supressão de vegetação enquanto não cumpridas as obriga-
ções previstas no § 1o.

Regra geral, a vegetação nativa presente uma área de preservação permanente


tem que ser preservada pelo proprietário, possuidor ou terceiros. Caso tenha havido des-
matamento tem que haver a recomposição do dano causado ao meio ambiente.

27
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Existem, contudo, três casos em que se permite desmatamento em área de pre-
servação permanente. Casos em que pode haver licença para a supressão nas APP’s:

Utilidade pública

Interesse social

Baixo nível de impacto ambiental

Art. 8o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de


Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilida-
de pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previs-
tas nesta Lei.
§ 1o A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, dunas
e restingas somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pú-
blica.
§ 2o A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de
Preservação Permanente de que tratam os incisos VI e VII do caput
do art. 4º (mangues e restinga fixadora de manguezal) poderá ser au-
torizada, excepcionalmente, em locais onde a função ecológica do
manguezal esteja comprometida, para execução de obras habitacio-
nais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fun-
diária de interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas
por população de baixa renda.

Ainda é admitido pelo art. 4º, §5º, do Código Florestal, nas pequenas proprieda-
des ou posses rurais familiares, o plantio nas APP’s de culturas temporárias e sazonais de
vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou
lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja conser-
vada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre. Exemplo: plantio de
batata doce, cultivo de camarão.

§ 5o  É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar,


de que trata o inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas tem-
porárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que
fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não
implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja conser-
vada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre.

Regras de transição:

O tema é tratado no Capítulo XIII, Seção II, do Código Florestal, nos artigos 61-A
até o art. 65, tendo sido tomado como marco legal divisor do regime jurídico o dia 23 de
julho de 2008.

28
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Quem desmatou até a data citada, deve reparar a parte do dano, ficando isen-
to de responsabilidade (anistia). Exemplo: fazendeiro que desmatou APP na fazenda antes
de 23/07/08. Ele se enquadra na transição, ele poderá aderir ao programa de regularização
ambiental (PRA) celebrando um termo de compromisso com o órgão ambiental, se com-
prometendo a reparar o dano, geralmente, basta a recuperação parcial. Uma vez cumprido
o compromisso, as multas administrativas ficam extintas e os crimes ambientais também.
Ademais, há um prazo de adesão ao PRA de um ano com prorrogação por mais um ano, de
modo que essas pessoas que desmataram ainda podem exercer atividade agropastoril no
local desmatado até que vença esse período de um ano prorrogável por mais um.

Se for uma ilicitude praticada depois de 23 de julho de 2008, incide a nova norma,
podendo o proprietário ser multado além de responder por crime ambiental.

Desapropriação e indenização de APP:

De acordo com o STJ, considerando que a vegetação da APP não pode ser desma-
tada, ela não gera direito à indenização ao proprietário.

Sendo assim, o valor atribuído à cobertura florística destacado do valor do terre-


no, deve ser excluído da indenização, quando tal cobertura for insusceptível de exploração
econômica, uma vez que a área configura-se como de preservação permanente.

Todavia, o STF entende o contrário. A Suprema Corte entende ser devida indeni-
zação ao proprietário pela área de área de preservação permanente desapropriada.

Apicuns e Salgados:

Trata-se de ecossistemas vizinhos aos manguezais.

Os apicuns e salgados, conquanto não protegidos como APP’s, possuem um regi-


me de exploração condicionado aos ditames do Capítulo III-A, do Código Florestal, através
do artigo 11-A, prevendo-se o seu uso ecologicamente sustentável.

Os salgados ou marismas tropicais hipersalinos são áreas situadas em regiões


com frequência de inundações intermediárias entre marés onde pode ocorrer a presença de
vegetação herbácea específica.

Já os apicuns são áreas de solos hipersalinos situadas nas regiões entremarés. É


uma espécie de brejo de água salgada próximo ao mar sem vegetação.

Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcinicultura e sa-


linas, desde que observados os requisitos da lei.

29
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
O licenciamento e estudos ambientais para desenvolver atividade nessa área
requerem exigências especiais. O legislador presume que as atividades têm aptidão para
causar uma significativa degradação do meio ambiente nessa área, logo são sujeitos à apre-
sentação de Estudo Prévio de Impacto Ambiental - EPIA e Relatório de Impacto Ambiental
- RIMA os novos empreendimentos.

Áreas de Uso Restrito - Pantanais e Planícies Pantaneiras:

Por ser uma área detentora de rica biodiversidade, o pantanal é pronunciado


como patrimônio nacional no §4º do art. 225 da Constituição e, para protegê-lo, os art. 10
e 11 do Código Florestal, instituiriam o que se chama de áreas de uso restrito que corres-
pondem ao pantanal e às planícies pantaneiras. Nessas áreas somente admitir-se-á o de-
senvolvimento de atividades ecologicamente sustentáveis após o regular licenciamento
ambiental. Sendo assim, vedou-se as atividades predatórias no pantanal e nas planícies
pantaneiras.

Reserva Legal:

Trata-se de área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimi-


tada nos termos do art. 12 do Código Florestal, com a função de assegurar o uso econômico
de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabi-
litação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o
abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa.

A área de reserva legal consiste, pois, em um percentual mínimo que todo o pro-
prietário ou possuidor rural tem que conservar com a respectiva mata nativa, possuindo
natureza jurídica de limitação administrativa.

O tamanho da reserva legal vai depender da vegetação e da região do Brasil.

A lei prevê percentuais mínimos:

80%, nas áreas de floresta situadas na Amazônia Legal;



35%, nas áreas de cerrado situadas na Amazônia Legal;

20% nas áreas de floresta ou vegetação nativa em outras regiões do Brasil.

O proprietário ou possuidor de imóvel com Reserva Legal conservada e inscrita


no Cadastro Ambiental Rural (CAR), cuja área ultrapasse ao mínimo exigido pelo Código
(80%, 35% ou 20%, a depender), poderá utilizar a área excedente para fins de constituição
de servidão ambiental ou Cota de Reserva Ambiental.

A CRA – Cota de Reserva Ambiental - inovação do Código Florestal é um título


nominativo representativo de área com vegetação nativa existente ou em processo de re-

30
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
cuperação que pode ser negociado em bolsa de valores. Para cada hectare terá uma CRA.
Pessoas que não têm o mínimo de reserva legal podem comprar.

O titular da CRA terá o direito de utilizá-la para compensar Reserva Legal de imó-
vel rural situado no mesmo bioma da área a qual o título está vinculado, na hipótese de
não atingir os percentuais mínimos legais, devendo ser averbada na matrícula do imóvel no
qual se situa a área vinculada ao título e na do imóvel beneficiário da compensação.

Possibilidades de Redução da Reserva Legal:

1) Nos casos de imóveis rurais localizados na Amazônia Legal, em áreas de flores-


ta, o Poder Público poderá reduzir a reserva legal de 80% para até 50%, para fins de recom-
posição, quando o Município tiver mais de 50% da área ocupada por unidades de conserva-
ção da natureza de domínio público e por terras indígenas homologadas.

Trata-se de caso no qual o Município tem dificuldades de desenvolvimento e pre-


cisa de área para crescer.

2) Nos casos de imóveis rurais localizados na Amazônia Legal, em áreas de flores-


ta, o Poder Público estadual poderá reduzir a reserva legal de 80% para até 50%, ouvido o
Conselho Estadual de Meio Ambiente, quando o Estado tiver Zoneamento Ecológico-Econô-
mico aprovado e mais de 65% do seu território ocupado por unidades de conservação da
natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por terras indígenas homologa-
das.

É o caso do Estado de Roraima, em que a maior parte de seu território se insere


em áreas protegidas.

3) Nos casos de imóveis rurais localizados na Amazônia Legal, em áreas de flo-


resta, o Poder Público federal poderá reduzir a reserva legal de 80% para até 50%, quando
indicado pelo Zoneamento Ecológico-econômico estadual, exclusivamente para fins de re-
gularização, mediante recomposição, regeneração ou compensação da Reserva Legal de
imóveis com área rural consolidada, excluídas as áreas prioritárias para conservação da bio-
diversidade e dos recursos hídricos.

É o caso da região sul do Pará que é muito desmatada, seria totalmente inviáel
aplicar os índices da lei, caso contrário todo mundo lá ficaria em situação irregular.

Possibilidade de Elevação da RL:

Excepcionalmente, também será possível a ampliação dos percentuais mínimos


de reserva legal em até 50% em qualquer Bioma brasileiro, a critério do Poder Público fede-

31
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
ral, quando indicado pelo Zoneamento Ecológico-econômico estadual, para cumprimento
de metas nacionais de proteção à biodiversidade ou de redução de emissão de gases de
efeito estufa.

Localização da RL:

A reserva legal é criada automaticamente pelo efeito do artigo 12 do Código Flo-


restal, tendo existência ex lege (independentemente de ato do poder público). Contudo,
evidentemente, a sua localização deverá ser definida casuisticamente, de acordo com o
melhor interesse ambiental, cabendo ao órgão estadual integrante do SISNAMA ou insti-
tuição por ele habilitada aprovar a localização da Reserva Legal, após a inclusão do imóvel
no Cadastro Ambiental Rural. Assim, a escolha da localização da reserva legal dentro da
propriedade rural não é direito do proprietário ou possuidor, cabendo ao órgão do meio
ambiente fazer uma vistoria na área e identificar a melhor localização.

Deverão ser observados os seguintes critérios para a sua delimitação:

I - o plano de bacia hidrográfica;

II - o Zoneamento Ecológico-Econômico

III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de
Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente pro-
tegida;

IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e

V - as áreas de maior fragilidade ambiental.

Insta registrar que, protocolada no cartório a documentação exigida para análi-


se da localização da área de Reserva Legal, ao proprietário ou possuidor rural não pode-
rá ser imputada sanção administrativa, inclusive restrição a direitos, por qualquer órgão
ambiental competente integrante do SISNAMA, em razão da não formalização da área de
Reserva Legal.

Por força do artigo 15, do Código Florestal, será admitido o cômputo das Áreas
de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel.

Art. 15.  Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Perma-


nente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde
que:
I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de no-

32
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
vas áreas para o uso alternativo do solo;
II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de re-
cuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão esta-
dual integrante do Sisnama; e
III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel
no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei.

Dispensa de Reserva Legal:

O Código Florestal inovou ao prever expressamente a não exigência da reserva


legal para determinados empreendimentos (art. 12):

a) empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto;

b) áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou


autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem em-
preendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de
transmissão e de distribuição de energia elétrica;

c) áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e amplia-


ção de capacidade de rodovias e ferrovias.

Registro imobiliário e inscrição no Cadastro Ambiental Rural:

O antigo Código Florestal (Lei 4.771/65) previa que a reserva legal deveria ser
obrigatoriamente registrada no Cartório de Imóveis mediante averbação. Entretanto, essa
obrigatoriedade foi extinta pelo novo Código Florestal.

Foi instituído o dever de o proprietário registrar a reserva legal no Cadastro Am-


biental Rural junto ao órgão ambiental competente, sendo vedada, em regra, a alteração de
sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou de desmembramento, salvo
disposição legal em sentido contrário. Logo, o registro no CAR irá desobrigar o proprietário
de averbar a reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis.

Para a pequena propriedade ou posse rural, a inscrição da reserva legal no CAR


será gratuita, devendo apresentar os dados identificando a área proposta de reserva legal,
cabendo o órgão ambiental competente, ou instituição por ele habilitada, realizar a capta-
ção das respectivas coordenadas geográficas.

33
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Do Regime de Proteção da Reserva Legal:

É vedado o uso alternativo do solo que consiste no desmatamento a corte raso


(cortar toda a vegetação da área). No entanto, pode haver exploração sustentável e não
predatória através do plano de manejo florestal sustentável. Somente nas áreas não prote-
gidas poderá ter o desmatamento a corte raso. Se houver desmatamento não autorizado, o
proprietário ou possuidor responderá.

Transformação de área rural em área urbana e necessidade de reserva legal:

Uma manobra que muitos prefeitos madeireiros faziam para não observarem a
área de reserva legal obrigatória era transformar uma área rural em urbana. Isso porque a
área de reserva legal é uma limitação administrativa relativa à área rural e a partir do mo-
mento em que há uma expansão urbana e a área rural se torna urbana, deixa de existir essa
limitação administrativa. Assim, os prefeitos pegavam uma área rural alteravam aquela le-
gislação para dizer que aquela área era urbana e não precisar preservar área de reserva
legal. Assim, para acabar com isso, uma área só se torna urbana com o registro do parcela-
mento do solo e não basta que haja uma lei genérica dizendo que aquela área se transfor-
mou de rural para urbana.

Art. 19.  A inserção do imóvel rural em perímetro urbano definido


mediante lei municipal não desobriga o proprietário ou posseiro da
manutenção da área de Reserva Legal, que só será extinta concomi-
tantemente ao registro do parcelamento do solo para fins urbanos
aprovado segundo a legislação específica e consoante as diretrizes
do plano diretor de que trata o § 1o do art. 182 da Constituição Fe-
deral.

Indenização na desapropriação:

Nas áreas de reserva legal que é aquela que não se admite o corte raso somente
o desmatamento sustentável, o STJ vem admitindo indenização somente se havia uma ex-
ploração através de um Plano de manejo.

“A área de reserva legal de que trata o § 2.º do artigo 16 do Código Flo-


restal é restrição imposta à área suscetível de exploração, de modo
que não se inclui na área de preservação permanente. Não se per-
mite o corte raso da cobertura florística nela existente. Assim, essa
área pode ser indenizável, embora em valor inferior ao da área de
utilização irrestrita, desde que exista plano de manejo devidamente
confirmado pela autoridade competente” (RESP 867.085/2007).

34
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Frederico amado critica este entendimento, pois privilegia quem desmatou, uma
vez que quem desmata e for desapropriado vai receber um valor maior do que quem não
desmata a área de reserva legal. Ele aduz que a área de reserva legal deve ser indenizada
mesmo se não houver plano de manejo, pois a riqueza existe.

Já nos casos de APP, as áreas são insuscetíveis de exploração econômica. Não de-
vendo assim ser indenizadas (STJ). Todavia, o STF sustenta a indenizabilidade da vegetação
em APP.

As áreas de reserva legal são excluídas da área tributável do ITR.

Regras de Transição:

A disciplina de transição das explorações consolidadas em área de reserva legal


é regulada pelos artigos 66, 67, 68 e 69 do Código Florestal, tendo sido tomado como marco
legal divisor do regime jurídico, o dia 23 de julho de 2008.

Nestes casos foi garantido o prosseguimento das atividades agrosilvipastoris nas


áreas de reserva legal desde que o proprietário se comprometa a promover a reparação do
dano da propriedade.

No caso de pequena propriedade, o legislador não impôs a recuperação da áreas,


o resquício que houver de reserva legal, já basta, desde que não haja novo desmatamento.

Áreas Verdes Urbanas:

As áreas verdes urbanas são definidas no Código Florestal como espaços, públi-
cos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recu-
perada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Muni-
cípio, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação,
lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manuten-
ção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais. São criadas por
leis municipais.

De acordo com o art. 25 do Código Florestal, os municípios poderão se valer dos


seguintes instrumentos para a criação de novas áreas verdes urbanas:

a) o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes flores-


tais relevantes, conforme dispõe o Estatuto da Cidade; (na hora de vender, o proprietário
tem que oferecer primeiro ao Município, caso contrário a venda será anulável)

35
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
b) a transformação das reservas legais em áreas verdes nas expansões urbanas;

c) o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendi-


mentos comerciais e na implantação de infraestrutura;

d) aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental.

Unidades de Conservação - Lei 9.985/2000

As Unidades de Conservação surgiram nos EUA no século XIX, com a inauguração


do parque nacional de Yellowstone. No Brasil, a primeira unidade de conservação foi o Par-
que Nacional de Itatiaia criada em 1937 por Getúlio Vargas. A legislação sobre elas era reta-
lhada até que em 2000 surgiu a Lei 9.985 unificando o regramento acerca das unidades de
conservação. Atualmente, existem 12 espécies de unidades de conservação expressamente
previstas.

Trata-se de um espaço territorial protegido instituído pelo poder Público (União,


Estados, Distrito Federal, Municípios) através de lei ou decreto. Existem unidades de con-
servação formadas exclusivamente por áreas públicas, privadas ou mistas. A Administração
destas áreas cabia ao IBAMA até 2007, momento em que passou ser de competência do
ICMBIO. As unidades de conservação poderão ser criadas por ato do Poder Público (lei ou
decreto, mas apenas extintas ou reduzidas por lei, nos termos do artigo 225, § 1.º, III, da
Constituição Federal.

Unidade de Conservação pode ser definida como “o espaço territorial e seus re-
cursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com as características naturais rele-
vantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites
definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas
de proteção” (artigo 2º, da Lei 9.985/2000).

A lei não se limitou a regular o regime jurídico das unidades de conservação, ela
criou também o SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), formado pelas uni-
dades de conservação de todas as entidades políticas.

As doze espécies são repartidas em 2 grandes grupos, o Grupo de Proteção inte-


gral e o Grupo de uso sustentável:

ATENÇÃO! MACETE para guardar as áreas de proteção integral (o que não incluir
no macete, é de uso sustentável): ERPaMoRe (“ér pá morrer”) : Estação ecológica, Reserva
biológica, PArque nacional, MOnumento natural e REfúgio da vida silvestre.

36
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
GRUPO DE PROTEÇÃO INTEGRAL: são áreas onde, em regra, só se admite o uso
indireto do recurso natural (ex: visitação, excursão). São elas:

I. Estação ecológica – é a UC que se destina à preservação da natureza e a reali-


zação de pesquisas científicas, sendo de propriedade pública (somente), sendo proibida a
visitação pública, exceto para fins educativos.

II. Reserva biológica – é a UC que tem como objetivo a preservação integral da


biota e demais atributos naturais existentes, sem a interferência humana direta, sendo de
propriedade pública, proibida a visitação, exceto para fins educativos. Poderá haver pesqui-
sa científica se autorizada.

III. Parque nacional – é a UC de propriedade pública que tem o fito de preser-


var ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, podendo haver
pesquisas se autorizadas e turismo ecológico. Se criado pelo Estado será estadual ou se
pelo Município, municipal. Ex: Parque da Chapada Diamantina, Parque Nacional de Fernan-
do de Noronha.

IV. Monumento natural – é a UC que busca preservar sítios naturais raros, singu-
lares ou de grande beleza cênica, admitida a visitação pública, podendo a área ser pública
ou particular. Ex: Ilhas Cagarras na cidade do Rio de Janeiro.

V. Refúgio da vida silvestre – é a UC que tenta preservar ambientes naturais típi-


cos de reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou mi-
gratória, podendo ser constituída por áreas públicas ou particulares, admitida a visitação
pública.

GRUPO DE USO SUSTENTÁVEL: seu regime protetivo é menor em relação ao gru-


po anterior, pois é possível o uso direto dos recursos naturais, desde que esteja dentro do
permissivo legal.

I. Área de proteção ambiental – é a UC que pode ser formada por áreas públicas
ou particulares, em geral extensas, com certo grau de ocupação humana, com atributos bió-
ticos, abióticos ou mesmo culturais, visando promover a diversidade e assegurar a susten-
tabilidade do uso dos recursos. Esta é a única que consta expressamente proteção cultural.

II. Área de relevante interesse ecológico – é a UC que pode ser formada por áreas
públicas ou particulares, em geral de pouca extensão, com pouca ou nenhuma ocupação
humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da
biota nacional, visando manter a manter ecossistemas naturais de importância regional ou
local.

37
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
III. Floresta nacional – é a UC de propriedade pública, composta por uma área
coberta de vegetação predominantemente nativa, com o objetivo de manter o uso susten-
tável dos recursos e desenvolver a pesquisa científica, sendo permitida a ocupação por
populações tradicionais.

IV. Reserva Extrativista – é a UC de propriedade pública utilizada pelas popula-


ções extrativistas tradicionais como condição de sobrevivência, que têm o uso concedido
pelo Poder Público, podendo haver agricultura e criação de animais de pequeno porte,
sendo permitida a visitação pública e a pesquisa.

V. Reserva da fauna – é a UC de propriedade pública, composta por área natural


com animais nativos, adequada ao estudo científico, ligada ao manejo dos recursos faunís-
ticos, permitida a visitação pública e proibida a caça.

VI. Reserva de desenvolvimento sustentável – é a UC de propriedade pública


composta por área natural e que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se
em sistemas sustentáveis de exploração transmitidos por gerações, protegendo a natureza,
permitida a visitação pública e a pesquisa.

VII. Reserva particular do patrimônio natural – RPPN - é a UC de propriedade ex-


clusivamente privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversi-
dade biológica, apenas sendo permitida a pesquisa e a visitação (não admite exploração
direta). Ressalte-se que esta modalidade, apesar de ser formalmente considerada como
de USO SUSTENTÁVEL, tem o regime jurídico de proteção integral, pois o inciso III, do §2º,
do artigo 21, da Lei 9985/00 foi vetado pelo Presidente, e previa o extrativismo na área.
Como é uma área gravada com perpetuidade e como só se admite pesquisa e visitação, vem
se entendendo que o proprietário tem que concordar com a criação da RPPN pelo Poder
Público, pois este não tem o direito de impor a RPPN sem o direito de extrativismo, seria um
esbulho. Normalmente, é o particular que vai atrás do poder Público para ser instituída a
RPPN.

Os rols citados acima são taxativos, a entidade federativa não pode criar outras
áreas, mas a Lei 9.985 faz uma ressalva, é possível que os Estados, Distrito Federal e Municí-
pios criem novas áreas, desde que nenhuma das 12 categorias seja adequada para a prote-
ção da área mediante autorização do CONAMA.

Toda unidade de conservação deve possuir um plano de manejo, onde se define


as regras jurídicas da unidade, aprovado pelo órgão ambiental. Plano de manejo é o docu-
mento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de
conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área
e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias
à gestão da unidade.

38
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Caso o Poder Público institua uma unidade de conservação pública em área par-
ticular, salvo se o particular fizer a doação do espaço, será necessária a sua desapropriação,
na modalidade utilidade pública, nos termos do Decreto-lei 3.365/1941 (artigo 5.º, alínea k),
devendo ser indenizadas em pecúnia a terra nua e a cobertura florística explorável, e não
em títulos públicos, pois essa intervenção estatal supressiva da propriedade é não sancio-
natória. Frise-se que o artigo 45, da Lei do SNUC, exclui da indenização as espécies arbóreas
declaradas imunes ao corte, os lucros cessantes, os juros compostos e as áreas que não te-
nham prova inequívoca do domínio anterior à criação da unidade de conservação.

A criação de uma unidade de conservação deverá ser precedida de estudos téc-


nicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limi-
tes mais adequados para a unidade. Em duas espécies de unidades de conservação não é
obrigatória a consulta pública como condição prévia de sua instituição: estação ecológica e
reserva biológica, pois entende-se que nestes casos já há um interesse público presumido.

Pode ser que o Poder Público deseje instituir uma unidade em área privada e para
isso comece a realizar estudos técnicos. Diante disso, o proprietário da área que não tem in-
teresse, pode tentar conseguir uma licença para desmatar o máximo da área, pensando que
haveria, assim, uma perda de interesse por parte do Poder Público. Em razão disso, existe
uma medida cautelar administrativa denominada limitação administrativa provisória que
impede a concessão de licença ao proprietário.

Dessa maneira, antes da criação de uma unidade de conservação, será possível


a instituição de limitações administrativas provisórias durante o trâmite dos estudos técni-
cos, com prazo de até sete meses, improrrogável, a fim de proteger cautelarmente a área,
se houver risco de dano grave aos recursos naturais ali existentes, vedado o corte raso da
vegetação nativa, salvo atividades agropecuárias, obras públicas ou outras atividades eco-
nômicas já em desenvolvimento licenciadas.

Institutos trazidos pela lei:

a) Zona de amortecimento: é o entorno de uma unidade de conservação, onde


as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de
minimizar os impactos negativos sobre a unidade. Os proprietários dessas áreas terão res-
trição de uso que estará disciplinada no plano de manejo. A lei não diz o tamanho mínimo
e máximo da zona de amortecimento, será fixado casuisticamente. Das doze espécies de
unidades de conservação, dez terão esta zona, as outras são excluídas pelo art. 25, são elas
a APA (por ser a mais comum) e a RPPN (por ser a única exclusivamente privada).

b) Corredores ecológicos: é uma porção territorial que liga duas ou mais unida-
des de conservação localizadas próximas uma da outra a fim de conferir uma continuidade.

39
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
c) Mosaico: consiste no conjunto de unidades próximas, sobrepostas ou justapos-
tas. Reconhecido o mosaico é possível apenas um plano de manejo para este conjunto.

d) Compensação ambiental: se o Poder Público licenciar empreendimento apto


a gerar significativo impacto ambiental em unidade de conservação de uso sustentável, o
proponente do projeto, à luz dos princípios do poluidor e usuário-pagador, deverá pagar em
dinheiro a chamada compensação ambiental. Prevalece na doutrina, que a natureza jurídi-
ca da compensação ambiental é de reparação antecipada do dano ao ambiente (natureza
civil).

Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos


de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto am-
biental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado
a apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do
Grupo de Proteção Integral, de acordo com o disposto neste artigo e
no regulamento desta Lei.

Houve uma discussão acerca do percentual mínimo da compensação previsto no


§ 1º que estabelecia que o valor da compensação não poderia ser inferior a 0,5% dos cus-
tos totais previstos para a implantação do empreendimento. Diante disso, o STF manteve
a compensação ambiental, mas declarou a inconstitucionalidade material com redução de
texto de uma parte do parágrafo 1º, ou seja, o percentual mínimo da compensação, hoje
pode ser inferior a 0,5 %. Dessa forma, a lei não pode prever um mínimo nem um teto máxi-
mo do valor da compensação, tudo vai depender do impacto ambiental que causar.

4. Instrumentos Econômicos:

 Servidão ambiental (art. 9º A, B e C da Lei 6.938/81): Pela servidão ambiental,


o proprietário ou possuidor pode renunciar ao direito de explorar os recursos ambientais de
sua propriedade. Tanto pode ser uma renúncia definitiva como temporária. Ele faz isso por
filantropia ambiental ou para ganhar dinheiro. Para renunciar basta que se faça um registro
no cartório de imóveis. Ex: Tomé tem uma fazenda de 100 hectares preservados com mata
nativa, ele pode por instrumento público renunciar parte desta área e instituir nela uma
servidão ambiental. Tomé pode vender ou alienar a servidão ambiental a alguém que tenha
algum tipo de dívida ambiental, por exemplo, um vizinho que não tenha reserva legal míni-
ma. Dessa forma, o vizinho pode pagar a dívida ambiental que possui adquirindo a servidão
ambiental de Tomé. A servidão não se confunde com a propriedade do imóvel. Cabe ao pro-
prietário ou possuidor que constituir a servidão dizer se ela será definitiva ou temporária,
ademais cabe a ele dizer qual é o conteúdo protetivo da servidão, ou seja, delimitar quais
recursos ambientais serão protegidos. A lei determina que a servidão deve ter no mínimo
o conteúdo protetivo da reserva legal. Nas áreas de preservação permanente e na área de

40
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
reserva legal não podem ser constituídas servidões ambientais, pois estas áreas já estão
protegidas. Assim sendo, somente nas áreas não protegidas por lei é que será possível a
constituição de servidões ambientais.

 Concessão Florestal (Lei 11.284/06): A grande maioria das áreas da Amazônia


são áreas públicas, imensas e faltam fiscais ambientais para exercer o poder de polícia. Mui-
tas dessas áreas são griladas. O grileiro desmata a área e vende a madeira e depois ainda
vende a área para um terceiro cultivar agricultura ali.

A lei de gestão de florestas públicas visa dar uma destinação economicamente


sustentável a essas florestas. Com a concessão florestal, o poder público resolve uma série
de problemas de uma vez. Ele acaba com o problema da fiscalização uma vez que a área
será ocupada. Ele recebe dinheiro proveniente dos impostos pagos pela concessionária e
gera emprego para a população local.

Resumindo: a concessão florestal é uma modalidade concessão especial cele-


brada por U, E, DF ou M, com objetivo de transferir a utilização sustentável dos recursos
naturais de uma floresta pública.

Requisitos:

• é onerosa,
• só é celebrada por pessoa jurídica brasileira
• modalidade concorrência,
• os demais recursos ambientais tais como água, solo, minerais e etc., não serão
alvo da concessão florestal que se limita unicamente à transferência sustentável
dos recursos da natureza.
• inexistência de débitos ambientais e inexistência de condenação de crimes tribu-
tários e ambientais pela empresa concessionária
• exploração através de um projeto de manejo sustentável,
• novo espaço ambiental protegido, que é chamado de reserva absoluta corres-
pondente a 5% do espaço concedido que não poderá sofrer nenhum tipo de in-
tervenção
• não depende de autorização legislativa mesmo sendo área superior a 2.500 hec-
tares.

 Seguro Ambiental: O segundo instrumento econômico previsto pela Lei


6.938/81 trata-se do seguro ambiental. Em que pese o comando legal e a menção a tal ins-
trumento em outros diplomas legais tais como na Lei Nacional de Políticas de Resíduos Só-
lidos, ele carece de regulamentação, não existindo, portanto, no ordenamento jurídico o
seguro ambiental obrigatório.

41
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
O seguro ambiental traduz-se num contrato celebrado entre uma seguradora e
uma empresa utilizadora de recursos naturais, a fim de que em caso de algum acidente ou
fato que enseje responsabilidade ambiental da assegurada, a seguradora, nos termos da
apólice contratada, libere recursos destinados à indenização pelos danos causados. Parte
da doutrina sustenta que as grandes empresas detentoras do poder econômico no Brasil
não desejam a implementação do seguro ambiental obrigatório, uma vez que isso interfere
diretamente nos cofres das companhias. A título de exemplificação, se houvesse a previsão
do seguro obrigatório e acontecesse um desastre ambiental como o de Bento Rodrigues
ocorrido em 2015, a seguradora já disponibilizaria recursos para reparar imediatamente os
danos, sem a necessidade de se recorrer à lentidão do Judiciário. Acontece que, como isso
não ocorre, se o poluidor não oferece a devida reparação voluntariamente, resta à parte
prejudicada ajuizar uma ação buscando a recomposição de seu direito junto ao Poder Ju-
diciário.

Características do Seguro Ambiental:

• Contrato particular celebrado entre uma seguradora e uma empresa utilizado-


ra de recursos naturais.

• Proporciona indenização célere para a reparação do dano ambiental.

Obs: Inovações no Código Florestal:

Em muitas passagens, o Código Florestal adota dois regimes jurídicos: um de to-


lerância (arts. 61-A a 69 – regime de transição) para as condutas lesivas ao ambiente perpe-
tradas até o dia 22 de julho de 2008 e outro rígido para os atos praticados a partir dessa data.
Isso porque, no dia 23 de julho de 2008, foi publicado o Decreto 6.514, que dispõe sobre as
infrações e sanções administrativas ao meio ambiente e instituiu uma série de novos tipos
administrativos para punir os infratores da legislação ambiental.

De sua vez, insta salientar também que o Código Florestal traz várias disposições
mais flexíveis em favor do pequeno proprietário ou possuidor rural (prédio rústico de até
04 módulos fiscais explorados por membros da família), especialmente no que concerne às
áreas de preservação permanente e reserva legal. Esta flexibilização tem razão de ser, devi-
do ao princípio da isonomia.

Em positivação da jurisprudência consolidada do STJ, o art. 2º do Código Flores-


tal previu que “as obrigações previstas nesta Lei têm natureza real e são transmitidas ao
sucessor, de qualquer natureza, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel
rural”. Ou seja, as obrigações ambientais são de natureza propter rem, o que impõe ao
novo proprietário ou possuidor rural a assunção do passivo ambiental da propriedade mes-
mo não tendo sido ele o causador do dano.

42
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Outra inovação do Código Florestal foi a previsão de criação do CAR – Cadastro
Ambiental Rural, no âmbito do Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente, re-
gistro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com
a finalidade de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, com-
pondo base de dados para controle, monitoramento, planejamento ambiental e econômico
e combate ao desmatamento, devendo ser feito, preferencialmente, no órgão ambiental
municipal ou estadual. Nos termos do seu artigo 78-A, após cinco anos da data da publi-
cação do Código Florestal, as instituições financeiras só concederão crédito agrícola, em
qualquer de suas modalidades, para proprietários de imóveis rurais que estejam inscritos
no CAR.

Para que a sentença declaratória de usucapião de imóvel rural sem matrícula seja regis-
trada no Cartório de Registro de Imóveis, é necessário o prévio registro da reserva legal no
Cadastro Ambiental Rural (CAR). STJ. 3ª Turma. REsp 1.356.207-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso
Sanseverino, julgado em 28/4/2015 (Info 561).

Igualmente foi prevista a instituição, pelas entidades políticas, no prazo de 01


ano após a publicação do novo Código Florestal, prorrogável uma vez por igual período, dos
Programas de Regularização Ambiental – PRA’s, que objetivam regularizar os imóveis ru-
rais no que concerne às situações consolidadas até 22 de julho de 2008 nas áreas de reserva
legal e de preservação permanente, cuja assinatura do termo de compromisso (TAC) reper-
cutirá na esfera administrativa e criminal com a extinção da punibilidade, além da civil.

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS - Lei 9.433/97

Inicialmente, forçoso consignar que existe diferença entre recursos hídricos e


água, o primeiro possui um viés econômico, já o segundo não.

No antigo Código de Águas, as águas poderiam ser públicas, comuns ou particu-


lares. Com a Constituição de 1988, as águas foram publicizadas, ou seja, se tornaram um
bem de uso comum do povo que pode ser de titularidade da União ou dos Estados. Os Mu-
nicípios não foram agraciados com a propriedade da água.

“Art. 20. São bens da União:


[...]
III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu
domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele prove-
nham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
VI – o mar territorial;
VIII – os potenciais de energia hidráulica;

43
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I – as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em
depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de
obras da União”.

Fundamentos Da Política Nacional De Recursos Hídricos:

A Lei 9.433/97 não se limitou a regular o regime jurídico das águas, indo além ao
instituir uma Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), que tem como fundamentos
(artigo 1º):
I - a água é um bem de domínio público; (uso comum do povo)
II - a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
(não é renovável e tem economicidade, ou seja, o uso da água tem
custo para toda a sociedade, isto para evitar que as pessoas desper-
dicem, pois é limitado).
III - em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos
é o consumo humano e a dessedentação de animais;
IV - a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas; (A Administração Pública deve adotar medidas
administrativas que propicie o uso múltiplo das águas, ou seja, tem
que ter água para o homem, para navegação, para os animais, para
agricultura, etc.) Exceção: casos de escassez. Quando não existirem
recursos hídricos disponíveis para todos, escolhas devem ser feitas,
deve-se priorizar o consumo humano, em segundo lugar é tirar a
sede dos animais).
V - a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação
da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Na-
cional de Gerenciamento de Recursos Hídricos; (A bacia hidrográfica
é a área onde ocorre a drenagem das águas destinadas a um curso
de água, normalmente um grande rio. Ou seja, normalmente, vá-
rios cursos de água convergem para um rio principal, formando uma
bacia hidrográfica. No Brasil, as principais são a Amazônica, a Ara-
guaia-Tocantins, a dos rios Paraíba, São Francisco, Paraná, Paraguai,
Paraíba do Sul e Uruguai).
VI - a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar
com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunida-
des. (apesar de os Municípios não serem proprietários das águas,
devem atuar na gestão destas – atuação tripartite, poder público,
comunidades e usuários).
Art. 2º São objetivos da Política Nacional de Recursos Hídricos:
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibili-
dade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos
usos; (inspirado no principio do pacto intergeracional. Isto se dá com

44
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
um controle qualitativo e quantitativo das águas).
II - a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o
transporte aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável;
III - a prevenção e a defesa contra eventos hidrológicos críticos de
origem natural ou decorrentes do uso inadequado dos recursos na-
turais.

Vamos estudar mais detalhadamente os instrumentos da Política Nacional de


Recursos Hídricos:

I - os Planos de Recursos Hídricos;

São planos diretores que visam fundamentar e orientar a implementação da


PNRH e o seu gerenciamento, devendo ser elaborados por bacia hidrográfica, por Estado
e nacionalmente. Disciplinarão o regime jurídico da bacia, a exemplo das prioridades para
a outorga, o planejamento, as metas para racionalização, o diagnóstico atual e futuro etc.

II - o enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos preponde-


rantes da água;

Visa assegurar águas com qualidade compatível com os usos mais exigentes. As
águas doces, salinas e salobras são classificadas em 13 classes dentro da resolução de for-
ma que se permite saber para o que pode ser utilizada a água, se serve para consumo hu-
mano, ou para animais, etc.

III - a outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

Tem como objetivo assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da


água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Possui natureza jurídica de autori-
zação administrativa sendo necessariamente onerosa.

A outorga do uso da água terá prazo de até 35 anos (máximo), renovável (por
várias vezes), devendo ser onerosa (visa concretizar o caráter econômico da água, evitar
desperdício, angariar recursos para a preservação deste recurso natural), ficando condicio-
nada às prioridades de uso estabelecidas nos Planos de Recursos Hídricos e deverá respeitar
a classe em que o corpo de água estiver enquadrado e a manutenção de condições adequa-
das ao transporte aquaviário, quando for o caso, consoante determinação do artigo 13, da
Lei 9.433/97.

A utilização da água exige outorga nas seguintes hipóteses:

45
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
a) derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo de água para
consumo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;

b) extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou insumo de


processo produtivo;

c) lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gaso-


sos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;

d) aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

e) outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água exis-


tente em um corpo de água.

Exceções: A lei prevê duas situações que dispensa a outorga:

1) usos insignificantes (ex: lavadeira que pega água do rio para lavar roupa),

2) uso por pequenos núcleos populacionais rurais.

A outorga poderá ser suspensa, total ou parcialmente, temporária ou definitiva-


mente, caso:
- o outorgado descumpra os seus condicionantes; (começa a usar o dobro do
concedido, por exemplo)

- deixe de utilizá-la por três anos consecutivos (caducidade);

- haja situação de calamidade pública; (ex. falta água, suspende outorga para dar
água a quem precisa mais no momento)

- ocorra necessidade de prevenir ou reprimir grave degradação ambiental; (ex.


incêndio)
- haja necessidade de atendimento de uso prioritário, inexistindo fontes alterna-
tivas; (ex. preferência de uso para consumo humano)

- para a manutenção da navegabilidade do corpo de água.

A concessão da outorga não dispensa o prévio licenciamento.

IV - a cobrança pelo uso de recursos hídricos;

46
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
É o quarto instrumento que visa reconhecer a água como bem econômico e dar
notoriedade ao seu real valor à vida, bem como incentivar a racionalização do seu uso e ob-
ter recursos financeiros para o financiamento de programas e intervenções contemplados
nos planos de recursos hídricos.

Art. 33. Integram o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos


Hídricos:
I – o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;
I-A. – a Agência Nacional de Águas;
II – os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Fe-
deral;
III – os Comitês de Bacia Hidrográfica;
IV – os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito
Federal e municipais;
V – as Agências de Água.

47
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

A responsabilidade ambiental compreende três esferas: civil, penal e adminis-


trativa, de modo que uma conduta pode repercutir em uma ou todas elas. Estas instâncias
estão contempladas n art. 225, §3º.

Art. 225. § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

É competência concorrente entre a União, os Estados e o Distrito Federal legislar


sobre a responsabilidade por dano ao meio ambiente, com espeque no artigo 24, VIII, ca-
bendo aos Municípios editar normas suplementando as federais e estaduais, de acordo com
o interesse local.

Responsabilidade Civil:

Previsão legal:

Art. 225. § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

Responsabilidade do minerador:

Art. 225. § 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a


recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com solução técni-
ca exigida pelo órgão público competente, na forma da lei.

Responsabilidade nuclear:

Art. 21, XXIII:


d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existên-
cia de culpa;

A principal norma infraconstitucional a respeito da responsabilidade civil por da-


nos ambientais é o art. 14, §1º da Lei 6.93881.

Art. 14, § 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste


artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de

48
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e
a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União
e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade
civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

Como se vê, a responsabilidade civil ambiental é de índole objetiva sendo o res-


ponsável pela reparação do dano ambiental o poluidor. Nesse contexto, no direito ambien-
tal, existem dois tipos de poluidor: direto e indireto nos termos do art. 3º da Lei 6.938/81.

Art. 3º, IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou


privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causa-
dora de degradação ambiental;

Poluidor direto é aquele agente causador do dano, quem executa a conduta ma-
terial geradora do dano. Por sua vez, o poluidor indireto é aquele que em que pese não
pratique nenhum ato de execução direto, exerce alguma conduta ou comportamento que
contribui para a ocorrência do dano. A responsabilidade entre os poluidores direto e indire-
to é solidária tendo em vista que no direito ambiental a solidariedade se presume.

Exemplo – 1: Lei de Biossegurança art. 2º, §4º: os financiadores de atividades que


envolvam organismos geneticamente modificados devem exigir dos executores Certificado
de Qualidade em Biossegurança, emitido pela CTNBio, “sob pena de se tornarem corres-
ponsáveis pelos eventuais efeitos decorrentes do descumprimento desta Lei ou de sua re-
gulamentação”.

Exemplo - 2: O art. 12, da Lei 6.938/1981, exige que as entidades e órgãos oficiais
de crédito condicionem a sua concessão ao prévio licenciamento ambiental das suas ativi-
dades, mediante a aprovação dos respectivos projetos.

Mesmo as pessoas jurídicas de direito público poderão ser consideradas po-


luidoras, por atos comissivos ou omissivos. Assim, quando explora diretamente atividade
econômica, a exemplo da atividade petrolífera, por meio de empresa estatal, a Administra-
ção Pública poderá se enquadrar como poluidora direta. Outrossim, a concessão de uma
licença ambiental irregular por um órgão ambiental que culmine em degradação ambiental
colocará o Poder Público na condição de poluidor indireto

Os últimos precedentes do STJ declararam a responsabilidade objetiva do Esta-


do por danos ambientais, mesmo em se tratando de omissão na fiscalização ambiental.

Contudo, apesar de ser solidária, a atual jurisprudência dominante no STJ é no


sentido de que a responsabilidade civil do Poder Público é de execução subsidiária, na hi-
pótese de omissão de cumprimento adequado do seu dever de fiscalizar que foi determi-

49
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
nante para a concretização ou o agravamento do dano causado pelo seu causador direto.
Desta forma, apenas se a execução não puder alcançar o patrimônio do poluidor direto, a
exemplo da insolvência, é que o processo executivo será direcionado ao Poder Público, vez
que, neste caso, toda a sociedade acaba respondendo pelo dano ambiental causado direta-
mente por agentes privados.

Hipótese especial de desconsideração da personalidade jurídica:

Art. 4º da Lei 9.505/98 Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica


sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de
prejuízos causados à qualidade do meio ambiente.

Na responsabilidade civil ambiental, adota-se a Teoria Menor da desconsidera-


ção da personalidade jurídica, bastando o obstáculo, não precisa ser ilícito.

Inversão do ônus da prova:

O STJ admite a inversão do ônus da prova nas ações de reparação dos danos am-
bientais, com base no interesse público da reparação e no Princípio da Precaução, sendo
uma técnica de julgamento na hipótese de dúvida probatória (non liquet), pois poderá ser
carreado ao suposto poluidor o ônus de comprovar que inexiste dano ambiental a ser repa-
rado, ou, se existente, este não foi de sua autoria.

O STJ sumulou o entendimento acima recentemente, no verbete 618 (“A inversão


do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambiental”).

Obrigação Propter Rem:

A obrigação do poluidor é proter rem de modo que o nexo causal é excluído. As-
sim sendo, excetuam-se à regra, dispensando a prova do nexo de causalidade, a responsa-
bilidade de adquirente de imóvel já danificado porque, independentemente de ter sido ele
ou o dono anterior o real causador dos estragos, imputa-se ao novo proprietário a respon-
sabilidade pelos danos. Tal obrigação independe do fato de ter sido o proprietário o autor
da degradação ambiental, mas decorre de obrigação propter rem, que adere ao título de
domínio ou posse.

Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental, é possível que
a sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de
recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de com-
pensação por dano moral coletivo. STJ. 2ª Turma. REsp 1.328.753-MG, Rel. Min. Herman
Benjamin, julgado em 28/5/2013 (Info 526).

50
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Compensação x Obrigação de reparar os danos causados:

O empreendedor que já honrou previamente com o pagamento da compensação


ambiental de que trata o artigo 36, da Lei 9.985/2000, nos casos de atividade apta a gerar
significativa degradação ambiental, ainda assim é obrigado a reparar os danos causados
desde que eles não tenham sido previstos no EIA-RIMA que autorizou a exploração. Dessa
forma, a compensação ambiental abarca apenas aqueles danos previstos pelo estudo de
impacto ambiental que lastreou a licença do empreendimento de forma que todo dano que
extrapolar o previsto, deverá ser indenizado além do que já é pago pela compensação.

Imprescritibilidade da Pretensão:

O STJ possui julgados sustentando que a pretensão de reparação de dano am-


biental é imprescritível, pois fundamentada no direito fundamental ao meio ambiente eco-
logicamente equilibrado.

O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como


tal está dentre os poucos acobertados pelo manto da imprescritibili-
dade a ação que visa reparar o dano ambiental. (REsp 1.112.117, de
10.11.2009)

Teoria do Risco Integral:

A teoria que sustenta a responsabilidade civil objetiva pelos danos causados ao


meio ambiente é, de acordo com a maioria, a teoria do risco integral. Assim, não há que se
discutir culpa exclusiva de terceiro pelo dano ambiental como excludente de responsabili-
dade.

A responsabilidade por dano ambiental é OBJETIVA, informada pela teoria do RISCO IN-
TEGRAL. Não são admitidas excludentes de responsabilidade, tais como o caso fortuito,
a força maior, fato de terceiro ou culpa exclusiva da vítima. O registro de pescador profis-
sional e o comprovante do recebimento do seguro defeso são documentos idôneos para
demonstrar que a pessoa exerce a atividade de pescador. Logo, com tais documentos é
possível ajuizar a ação de indenização por danos ambientais que impossibilitaram a pesca
na região. Se uma empresa causou dano ambiental e, em decorrência de tal fato, fez com
que determinada pessoa ficasse privada de pescar durante um tempo, isso configura dano
moral. O valor a ser arbitrado como dano moral não deverá incluir um caráter punitivo. É
inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter punitivo
imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e administrativo. Assim,
não há que se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos ambientais.
STJ. 2ª Seção. REsp 1.354.536-SE, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. em 26/3/2014 (recurso
repetitivo) (Info 538).

51
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Responsabilidade Administrativa:

Após algumas oscilações na jurisprudência do STJ, tudo indica que está sendo
consolidado o entendimento de que em matéria de responsabilidade administrativa por
dano ambiental, a responsabilidade é subjetiva.

Pessoal, isso aqui é muito, mas muito recente. No dia 10/05/2019, STJ publicou
em seu site, a notícia que a 1ª Seção nos embargos de divergência EREsp 1318051/RJ uni-
formizou a jurisprudência do Tribunal entendendo que a responsabilidade administrativa
ambiental é subjetiva.

Como se trata de julgamento em embargos de divergência, acredito que de fato a


matéria possa agora se consolidar.

No momento em que elaborava esse material para vocês, o acórdão ainda não
estava disponível, mas pelo site do STJ podemos checar que de fato os embargos de diver-
gência foram providos para reverter a decisão anterior (que havia entendido que a respon-
sabilidade seria objetiva).

Cumpre registrar, que mesmo antes dessa decisão da 1ª Seção, as Turmas do STJ
já estavam entendendo que a responsabilidade ambiental administrativa é subjetiva.

Confiram na íntegra a notícia no site do STJ:

Primeira Seção consolida entendimento de que responsabilidade administra-


tiva ambiental é subjetiva

A Primeira Seção consolidou no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ) o


entendimento de que a responsabilidade administrativa ambiental é subjetiva – ou seja,
a condenação administrativa por dano ambiental exige demonstração de que a conduta
tenha sido cometida pelo transgressor, além da prova do nexo causal entre a conduta e o
dano.

O colegiado anulou o auto de infração contra a companhia de petróleo Ipiranga,


proprietária de óleo diesel derramado na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, em aciden-
te ferroviário ocorrido em 2005, uma vez que não foi demonstrada a efetiva participação da
empresa no acidente que gerou danos ao meio ambiente.

Os embargos de divergência julgados pela Primeira Seção tiveram origem em re-


curso da companhia para anular auto de infração do município de Guapimirim, lavrado em
razão dos danos causados pelo derramamento de óleo diesel que atingiu área de preserva-
ção ambiental, decorrente do descarrilamento de vagões da Ferrovia Centro Atlântica (FCA).

52
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Em primeiro grau, foi declarada a nulidade do auto de infração e cancelou-se a
inscrição da multa ambiental em dívida ativa. No entanto, o Tribunal de Justiça do Rio de
Janeiro (TJRJ) reformou a sentença, condenando a empresa a pagar a multa.

A Primeira Turma do STJ manteve o entendimento do TJRJ, considerando que


a responsabilidade administrativa ambiental seria objetiva, em razão da propriedade da
carga transportada pela FCA, cabendo à Ipiranga, portanto, o dever de indenizar, indepen-
dentemente da existência de culpa.

Natureza subjetiva:

O relator dos embargos de divergência na Primeira Seção, ministro Mauro Cam-


pbell Marques, observou que a jurisprudência dominante no tribunal, em casos análogos, é
no sentido da natureza subjetiva da responsabilidade administrativa ambiental.

Citou precedentes das duas turmas de direito público, entre eles o REsp 1.251.697,
de sua relatoria, no qual explicou que “a responsabilidade civil por dano ambiental é subje-
tivamente mais abrangente do que as responsabilidades administrativa e penal, não admi-
tindo estas últimas que terceiros respondam a título objetivo por ofensas ambientais prati-
cadas por outrem”.

Para o ministro, “esse é o entendimento que deve presidir o exame do caso con-
creto, em que inequívoca nos autos a inexistência de participação direta da embargante no
acidente que deu causa à degradação ambiental”. (http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/
pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/Primeira-Se%C3%A7%-
C3%A3o-consolida-entendimento-de-que-responsabilidade-administrativa-ambiental-%-
C3%A9-subjetiva.)

Destinação do valor arrecadado com as multas: Fundo Nacional do Meio Ambien-


te, Fundo Naval, fundos estaduais ou municipais de meio ambiente, ou correlatos.

Base de referência para o valor da multa: a multa terá por base medida pertinen-
te, de acordo com o objeto jurídico lesado.

Prescrição:

Súmula 467 do STJ - Prescreve em cinco anos, contados do término


do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública
de promover a execução da multa por infração ambiental.

Inaplicabilidade da teoria do fato consumado: “não se admite a aplicação da teo-


ria do fato consumado em tema de Direito Ambiental” (STJ, Súmula 613). Portanto, o agente

53
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
que degrada o meio ambiente não pode se arvorar no argumento de que teria adquirido o
direito de atuar em desacordo com as normas ambientais, ainda que opere da mesma for-
ma há muitos anos.

Necessidade de observância ao devido processo legal para aplicação da perda de


veículo: em precedente do STJ no REsp Repetitivo nº 1.133.965, foi estabelecido que apreen-
dido veículo utilizado como instrumento para prática de ilícito ambiental (ex.: transporte
ilegal de madeiras), não cabe a liberação do automóvel mediante mero pagamento da mul-
ta, por ser incompatível com o art. 25, § 4º, da Lei n. 9.605/1998. Por outro lado, apresenta-
da defesa administrativa, o bem deve ser devolvido imediatamente, ficando o proprietário
como fiel depositário até o fim do processo administrativo.

O particular que, por mais de vinte anos, manteve adequadamente, sem indício de maus-
-tratos, duas aves silvestres em ambiente doméstico, pode permanecer na posse dos ani-
mais. STJ. 2ª Turma. REsp 1.425.943-RN, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/9/2014
(Info 550).

Responsabilidade penal:

Lei 9.605/98 – Lei de Crimes Ambientais

Essa lei traz uma parte geral muito substancial e um pouco diferente da parte
geral do Código Penal.

Responsabilidade penal da pessoa jurídica: o nosso direito penal sempre esteve


assentado sob um dogma de que a pessoa jurídica não poderia ser responsabilizada pe-
nalmente “societas delinquet non potest”. No entanto, na segunda metade do século XX co-
meçam a surgir novos crimes: crimes ambientais, macrocriminalidade econômica e crimes
financeiros que eram perpetrados por pessoas morais. Com a Constituição de 1988, esse
dogma começa a ser flexibilizado de forma muito clara no art. 225, §3º.

Art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a san-
ções penais e administrativas, independentemente da obrigação de
reparar os danos causados.

Fica evidente a possibilidade de responsabilizar a pessoa jurídica penalmente


por crime ambiental. A responsabilidade penal da pessoa jurídica no Brasil existe desde
1998 quando foi editada a lei 9.605.

A lei 9.605 acolheu o sistema da dupla imputação. Imputar é atribuir a prática


de uma infração penal a alguém. Dupla imputação é o sistema que nos permite imputar
duplamente a responsabilização penal tanto à pessoa física quanto à jurídica. Se a res-

54
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
ponsabilidade penal ambiental recaísse apenas sobre a pessoa jurídica seria uma maravilha
para o poluidor.

O art. 3º permite a dupla imputação, não sendo ela, de acordo com o STF obriga-
tória. Assim, há casos em que a responsabilidade penal da pessoa jurídica é muito óbvia,
mas é muito difícil identificar a pessoa física que está por trás daquele ato, de modo que
pode-se responsabilizar apenas a pessoa jurídica.

A pessoa física que responde pode ser o sócio, o diretor, o gerente isso vai depen-
der do nexo causal. Às vezes, o sócio não sabia do delito, como por exemplo, pessoas que
compram ações de empresas e não têm idéia do que se passa lá dentro. Assim sendo, o fato
isolado de ser sócio não o torna responsável pelas condutas perpetradas pela empresa.

Cabe habeas corpus em prol da pessoa jurídica? A regra é que não é cabível
porque o HC é um remédio que objetiva tutelar a liberdade ambulatorial de ir e vir e a
pessoa jurídica não tem essa liberdade. Mas existe um tipo de HC que se chama profilá-
tico/trancativo que se destina a trancar a investigação ou a ação penal. A pessoa jurídica
então pode se beneficiar do HC trancativo quando ele é impetrado em favor de um réu
(ex: sócio) e sendo concedida a ordem, a pessoa jurídica se beneficia também.

Garantidor: no Código Penal, a figura do garantidor está disposta no art. 13, §2º
de modo que a sua omissão faz com que ele responda pelo resultado. A Lei 9.605 traz a figu-
ra do garantidor no seu art. 2º, quando prevê que aquele diretor, administrador, membro
de conselho e de órgão técnico, auditor, gerente, preposto ou mandatário de pessoa jurí-
dica que sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir sua prática, quan-
do podia agir para evitá-la. Hipótese em que a omissão do sujeito faz com que ele responda
pelo resultado.

Competência: direito ambiental é matéria que cai tanto em magistratura estadual


quanto federal porque pode ser crime de competência dos dois, vai depender. Em regra, os
crimes ambientais são estaduais, excepcionalmente serão crimes federais, quando sub-
sumirem em uma das hipóteses de competência da Justiça Federal elencadas no art. 109
da Constituição, por exemplo, crimes previstos em tratado ou convenção internacional
que se inicia ou termina no exterior.

Nesse sentido, a súmula 91 do STJ foi cancelada. Tal súmula estabelecia que:
Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra a fauna.

Até o advento da lei 9605/98 era pacífico que a competência para o julgamento de
crimes ambientais era da Justiça Federal.O projeto de lei que ensejou a lei 9605/98, possuía
um artigo que colocava os crimes ambientais como de competência federal, mas este artigo
foi vetado e a lei passou a silenciar a respeito da competência, diante desta omissão, tanto
o STJ como o STF, passaram a adotar a posição de que a regra geral é que o crime ambiental

55
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
será processado e julgado pela Justiça Estadual, sendo de competência da Justiça Federal
quando se enquadrar em alguma das hipóteses do art. 109 da Constituição:

A competência da Justiça Federal em 1º grau se encontra no art. 109 da CF.

1) crimes cometidos contra bens, serviços ou interesses da União, suas autar-


quias e fundações.

2) crimes ambientais praticados dentro de navio ou aeronave.

3) crimes ambientais previstos em tratados internacionais que o Brasil se obri-


gou a reprimir e a execução começa no Brasil e a consumação termina, ou deveria ocorrer
no estrangeiro, ou vice versa.

São exemplos de crimes ambientais de competência da Justiça Federal:

• Descartar resíduos tóxicos sobre rio que atravessa o Estado de Alagoas, pois é
bem da União por cortar mais de um estado da federação (STF, RE 454740/AL, rel. Min. Marco
Aurélio, 28.4.2009);

• Crime ambiental ocorrido em área que passou a integrar parque nacional ad-
ministrado pelo IBAMA (STJ, CC 88.013, de 27.02.2008);

• Crime ambiental praticado em área de preservação permanente localizada


às margens de rio cujo curso d’água banha mais de um Estado da Federação. Interesse da
União caracterizado de acordo com a redação do art. 20, III, da Constituição Federal (STJ,
55.130, de 28.02.2007);

• A Justiça Federal, na forma da CF, art. 109, IV, é competente para julgar e pro-
cessar crime de extração de minerais sem a devida autorização, figura delituosa prevista na
Lei 7.805/89, art. 21, porquanto praticado contra bem da União: minerais do subsolo (CF,
art. 20, IX). (STJ. CC 22.975, DJ 20.11.2000);

Compete à Justiça Federal processar e julgar o crime ambiental de caráter transnacio-


nal que envolva animais silvestres, ameaçados de extinção e espécimes exóticas ou
protegidas por compromissos internacionais assumidos pelo Brasil. STF. Plenário. RE
835558/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/2/2017 (repercussão geral) (Info 853)

Dosimetria: no momento de aplicação da pena, o art. 6º da lei estabelece alguns


critérios que devem ser levados em consideração pelo juiz:

56
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
I. a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas conseqüên-
cias para a saúde pública e para o meio ambiente;

II. os antecedentes do infrator quanto ao seu cumprimento da legislação de inte-


resse ambiental

III. a situação econômica do infrator, no caso de multa.

Penas na Lei 9.605/98: no Código Penal existem penas privativas de liberdade,


restritivas de direito e multa. A pena restritiva de direito é aplicada em substituição à pena
privativa de liberdade. No Código Penal, essa substituição deve observar determinados re-
quisitos: crime culposo ou doloso sem violência ou grave ameaça com PENA IGUAL OU IN-
FERIOR A 4 anos + não ter reincidência específica + circunstâncias judiciais favoráveis ao
criminoso.

A lei 9.605/98 também comina penas privativas de liberdade, restritivas de direito


e multa. Todavia, nela, o regime das penas restritivas de direito é um pouco diferente. A lei
enumerou apenas dois requisitos e não três, não há reincidência especifica como um óbice
para a conversão. Só se exige circunstâncias favoráveis + crime culposo ou doloso com pena
INFERIOR a quatro anos. Atente-se que pena de crime ambiental de 4 anos não dá para con-
verter em restritiva de direitos.

Quanto às penas restritivas de direito para pessoas físicas, a Lei 9.695/98 prevê
as seguintes penas:

I. Prestação de serviços à comunidade: As tarefas a serem cumpridas serão em


jardins ou parques públicos ou em unidade de conservação. E se a conduta provocou dano
em propriedade pública ou particular pode haver a restauração do bem.

II. Interdição temporária de direitos: proibição de contratar com o poder público


ou de receber incentivos ficais ou qualquer outro benefício, participar de licitação; se for
doloso por 5 anos se for culposo 3 anos.

III. Suspensão parcial ou total de atividades: Se a pessoa não observa às prescri-


ções legais e polui, ela será sancionada.

IV. Prestação pecuniária: consiste na obrigação de pagar valor de 1 a 360 salários


mínimos a alguma entidade assistencial.

V. Recolhimento domiciliar: não confundir recolhimento domiciliar com prisão


domiciliar. Aqui é uma pena, já houve sentença e trânsito em julgado. Consiste na obrigação
de o sujeito se recolher nos dias de folga e no período noturno. Diferente da prisão domici-
liar que é uma cautelar antes do trânsito em julgado.

57
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Penas restritivas de direitos para as pessoas jurídicas:

I. Multa.

II. Restritivas de direito: essas penas têm que se amoldar à realidade de pessoa
jurídica. São suspensão parcial ou total de atividades; interdição temporária de estabeleci-
mento, obra ou atividade; proibição de contratar com Poder Público bem como obter subsí-
dios, subvenções e doações.

III. Prestação de serviços à comunidade: é muito curioso, pois prestação de ser-


viços já é modalidade de restritiva de direito. Essa pena pode obrigar a pessoa jurídica
a prestar contribuições a entidades ambientais, manter espaço ambiental, custear projeto
ambiental.

Quadro comparativo:

Restritivas de direito na Restritivas de direito na


Restritivas de Direito no CP
9.605 para pessoas físicas 9.605 para pessoas jurídicas
1) suspensão parcial ou total
1) prestação pecuniária 1) prestação pecuniária
das atividades
2) prestação de serviços à co- 2) prestação de serviços à co- 2) prestação de serviços à co-
munidade munidade munidade
3) proibição de contratar
3) suspensão parcial ou total com o Poder Público, bem
3) perda de bens e valores
das atividades como dele obter subsídios,
subvenções e doações
4) interdição temporária de
direitos:
a. Proibição de exercer
4) interdição temporária de
cargo, função pública
direitos:
ou mandato eletivo
a. Proibição de contratar
b. Proibição de exercer
com o Poder Público 4) interdição temporária de
profissão regulamen-
b. Proibição de receber estabelecimento, atividade
tada por lei
benefícios ou incenti- ou obra
c. Suspensão da tutela,
vos fiscais
curatela e poder fami-
c. Proibição de partici-
liar
par de licitação
d. Proibição de inscrever
em concursos
e. Proibição de dirigir

58
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP

5) Limitação de fim de sema-


5) Recolhimento domiciliar
na

Sursis: a suspensão condicional da pena no direito ambiental é um pouco dife-


rente do direito penal. No Código Penal, para o sujeito fazer jus ao sursis, exige-se a conde-
nação seja por um crime com pena de até 2 anos. Na Lei de Crimes Ambientais, o prazo não é
de 2 anos, o sujeito pode se beneficiar do sursis se ele for condenado a uma pena de 3 anos.

Ação Penal: em todos os crimes previstos na lei, ela é pública incondicionada.

Suspro: a suspensão condicional do processo está prevista no art. 89 da Lei


9.099/95. Por ela, o Ministério Público propõe ao réu a suspensão do processo mediante o
cumprimento de certas condições e cumpridas as condições extingue-se a punibilidade. No
direito ambiental, o art. 28 da lei 9.605/98 acrescenta outros requisitos para que seja con-
cedido o suspro. A Lei nº 9.605, em seu art. 28, dispõe que cabe concessão do Suspro para
crimes de menor potencial ofensivo (seriam os crimes com pena de até 2 anos), na forma
estabelecida pela Lei nº 9.099. Ocorre que esta lei apenas permite o Suspro para crimes
de pena mínima de até 1 ano. Em precedente do STJ (REsp 1375478/PR) foi resolvida a
antinomia ao se estabelecer que deve prevalecer o requisito da pena mínima de até 1 ano,
na forma do art. 89 da Lei n. 9.099/1995.

I. a declaração de extinção de punibilidade depende do cumprimento das condi-


ções do art. 89 da Lei 9.099/95, além disso, é necessário o laudo de constatação de repara-
ção do dano ambiental.

II. se o laudo comprovar não ter sido integral a reparação, o prazo de suspensão
do processo que varia de 2 a 4 anos pode ser prorrogado por mais um ano.

III. findo o prazo de prorrogação será feito novo laudo de constatação do dano
ambiental.

IV. só extingue-se a punibilidade no caso de restar comprovado após o prazo má-


ximo de prorrogação que o acusado tomou as providências necessárias à reparação.

Admite-se o princípio da insignificância no caso de crimes ambientais.

PATRIMÔNIO CULTURAL BRASILEIRO

Como visto anteriormente, o meio ambiente cultural é uma das modalidades do


meio ambiente. Tal modalidade é protegida pela Constituição nos art. 215, 216 e 216-A, que
foram regulamentados pela Lei 12.343/10, que instituiu o Plano Nacional de Cultura com
duração de dez anos e criou o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais. Os

59
C U RSO PARA A
PROVA OBJ ET IVA

MP-SP
Estados, o Distrito Federal e os Municípios apenas aderirão ao Plano Nacional de Cultu-
ra se quiserem, por intermédio de termo de adesão voluntária, devendo, nesta hipótese,
elaborar os seus planos decenais até um ano após a assinatura do termo de adesão volun-
tária, podendo a União oferecer assistência técnica e financeira aos entes da federação que
aderirem.

Também é possível que outros entes públicos e privados colaborem com o Plano
Nacional de Cultura, tais como empresas, organizações corporativas e sindicais, organiza-
ções da sociedade civil, fundações, pessoas físicas e jurídicas que se mobilizem para a ga-
rantia dos princípios, objetivos, diretrizes e metas do PNC, estabelecendo termos de adesão
específicos.

Institutos relativos à proteção do patrimônio cultural:

a) Registro: trata-se de instrumento de tutela de bens imateriais, pois a intan-


gibilidade faz com que a tutela por meio do tombamento não seja compatível com a sua
morfologia.

b) Tombamento: está previsto no artigo 216, § 1.º, da CRFB e está regulamentado


pelo Decreto-lei 25, de 30.11.1937 .

Art. 216. § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade,


promoverá e protegerá o
patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vi-
gilância, tombamento e
desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preserva-
ção.
§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores
de reminiscências históricas dos antigos quilombos. (Tombamento
constitucional)

Podem ser objeto de tombamento bens materiais integrantes do patrimônio


cultural, móveis ou imóveis, tomados individualmente ou em sua coletividade. No direito
ambiental, os bens imateriais serão objeto de registro, e não de tombamento, a exemplo
do acarajé e da capoeira (para o direito administrativo os bens imateriais também podem
ser objeto de tombamento).

Referências:

Este material foi elaborado com base em aulas do Professor Frederico Amado,
Fábio Roque e com base em materiais disponíveis no site www.dizerodireito.com.br

60

Vous aimerez peut-être aussi