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CILAMCE 2013
Proceedings of the XXXIV Iberian Latin-American Congress on Computational Methods in Engineering
Z.J.G.N Del Prado (Editor), ABMEC, Pirenópolis, GO, Brazil, November 10-13, 2013
Análise Estrutural e Dimensionamento de Vigas de Rolamento de Aço de acordo com a NBR 8800:2008
1 INTRODUÇÃO
Em edifícios industriais tais como fábricas, oficinas, depósitos, hangares etc é comum o
uso de pontes rolantes para movimentação de cargas, sendo necessário prever vigas de apoio
para o caminho de rolamento. Dessa forma, vigas de rolamento são os elementos estruturais
que têm por finalidade além de sustentar o caminho de rolamento das pontes, transmitir os
esforços por elas causados para o edifício.
A escolha por vigas de rolamento simplesmente apoiadas ou contínuas tem sido um
assunto debatido por anos. Segundo Fisher (2005), algumas das vantagens de cada um desses
sistemas são:
Vigas de rolamento simplesmente apoiadas:
Maior facilidade no cálculo com várias combinações de carregamento;
Não são afetadas por recalque diferencial dos apoios;
São mais facilmente substituídas ou reforçadas, no caso de danos ou aumento da
capacidade da ponte rolante.
Este artigo trata somente de vigas de rolamento simplesmente apoiadas, por esse sistema
ainda ser o mais utilizado em edifícios industriais no Brasil.
Na análise de vigas de rolamento, cargas móveis verticais e seus efeitos dinâmicos devem
ser considerados, assim como forças horizontais de impacto transversal e longitudinal
oriundos da movimentação da ponte rolante. Além disso, o dimensionamento destas vigas
envolve uma série de verificações adicionais como o efeito localizado da pressão causada
pelas rodas, o estado limite de fadiga, dentre outros, MacCrimmon (2005).
De acordo com o comprimento do vão e com a capacidade da ponte rolante é definida a
melhor solução estrutural para as vigas de rolamento. Como regra geral, pode-se dizer que
para vãos até 7 m, um perfil I, Fig. 1(a), suporta isoladamente as cargas atuantes,
(Bellei, 2010). O uso de um perfil U soldado à mesa superior de um perfil I, Fig. 1(b),
duplamente simétrico ou a utilização de perfis monossimétricos, em vigas de rolamento de
pequenos vãos, são alternativas para controlar os deslocamentos e as tensões devido às forças
horizontais. Segundo Fisher (2005), quando a ponte rolante é de pequena capacidade (menor
que 50 kN), não é necessário a utilização de perfis U para enrijecer a mesa superior.
Para vãos entre 7 a 13 m, faz-se uma contenção lateral na mesa superior do perfil I, Fig.
1(c), por meio de um sistema de treliça horizontal. Para vãos maiores que 13 m faz-se, além
da contenção na mesa superior, contenção na mesa inferior, Fig. 1(d), quando a ponte rolante
possui capacidade maior que 250 kN, (Bellei, 2010). O AISE Thechinal Report 13 (2003)
prescreve que vigas com mais de 36 pés (10,97 m) de comprimento tenham a mesa inferior
contraventada por um sistema de treliça horizontal.
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Salgado, R. A., Calenzani, A.F.G., Ferreira, W. G.
2 CRITÉRIOS DE PROJETO
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Análise Estrutural e Dimensionamento de Vigas de Rolamento de Aço de acordo com a NBR 8800:2008
Forças verticais
Segundo a NBR 8800:2008 as ações verticais de cálculo devem ser majoradas de acordo
com o tipo de comando da ponte. A Tabela 1 apresenta os coeficientes de majoração por
impacto para as ações verticais de pontes rolantes.
Tabela 1. Coeficientes de majoração por impacto para as ações verticais de pontes rolantes
Forma de comando da ponte Coeficiente de Majoração
Comandada por Cabine 25%
Controle Pendente ou Remoto 10%
Forças horizontais
Quando não há especificação mais rigorosa, a NBR 8800:2008, de forma similar ao AISE
Thechinal Report 13 (2003), estima a força horizontal transversal em função do tipo de
comando da ponte e da finalidade da ponte e da edificação. A força transversal ao caminho de
rolamento deve ser aplicada no topo do trilho, de cada lado da edificação. Para pontes
comandadas por cabines, a Tabela 2 indica o valor a ser adotado para a força transversal
segundo a NBR 8800:2008, o AISE Thechinal Report 13 (2003) e o ASCE 7-02 (2003).
Para pontes comandadas por controle pendente ou remoto, a NBR 8800:2008 prescreve
que seja adotada uma força transversal de 10% da soma das cargas verticais máximas das
rodas sem majoração por impacto.
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[ ( ) ] , para (2)
[ ( ) ], para (3)
, para (4)
onde Mpl é o momento fletor de plastificação da seção transversal, igual ao produto do módulo
de resistência plástico (Z) pela resistência ao escoamento do aço (fy), Mr é o momento fletor
correspondente ao início do escoamento, Mcr é o momento crítico de flambagem elástica, a1 é
coeficiente de ponderação da resistência ao escoamento, flambagem e instabilidade, λ é o
índice de esbeltez relativo ao estado limite em questão, λr é o índice de esbeltez associado ao
início do escoamento e λp é o índice de esbeltez associado ao início da plastificação total da
seção.
As formulações para os parâmetros de esbeltez e momento crítico não serão descritas
neste trabalho. Na elaboração do programa computacional foram utilizadas as formulações do
anexo G da NBR 8800:2008 para vigas de alma não esbelta.
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, para (6)
onde Vpl é a força cortante de plastificação da alma por cisalhamento e λ é índice de esbeltez
da alma, e as demais variáveis são calculados de acordo com a formulação da NBR
8800:2008.
caso contrário:
( )
(9)
Enrugamento da alma
Se a força estiver a uma distância da extremidade da barra maior ou igual à metade da
altura da seção transversal:
[ ( )( ) ]√ (10)
caso contrário:
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onde h é a distância entre as faces internas das mesas menos os raios de concordância no caso
de perfis laminados, ou a distância entre as faces internas das mesas no caso de perfis
soldados e tw é a espessura da alma.
Flecha
O trem tipo associado à ponte rolante permite que seja verificado se a flecha causada pela
ponte na posição mais desfavorável (quando a resultante das ações se encontra no centro do
vão da viga) está dentro dos limites estabelecidos pela ABNT NBR 8800:2008, listados na
Tabela 3.
Tabela 3. Deslocamenntos máximos permitidos
Vigas de rolamento:b
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Análise Estrutural e Dimensionamento de Vigas de Rolamento de Aço de acordo com a NBR 8800:2008
Fadiga
De acordo com Fisher (2005), a fadiga pode ser entendida como o crescimento
progressivo de uma fissura devido a variações na tensão de um elemento. A fissura por fadiga
se inicia em micro imperfeições no metal base ou no metal solda. Essas imperfeições atuam
como amplificadores de tensão que aumentam as tensões elásticas, aplicadas em pequenas
regiões, para tensões plásticas. A medida que os ciclos de carregamento são aplicados, as
tensões plásticas avançam, movendo-se para a nova ponta de fissura e as fissuras aumentam.
Eventualmente, a magnitude das fissuras torna-se grande o suficiente para que o efeito
combinado da magnitude das fissuras e da tensão aplicada exceda a resistência do material e
finalmente a fratura ocorre.
De acordo com Pravia (2003), as primeiras falhas sobre fadiga foram estudadas pelo
Engenheiro alemão August Wouhler em linhas ferroviárias, onde as suas principais
conclusões foram:
A falha do material solicitado dinamicamente pode ocorrer bem abaixo da tensão
de falha sob carregamento estático;
A amplitude da tensão é decisiva para destruição da força de coesão do material;
A amplitude da tensão é o parâmetro mais importante para determinação da falha,
mas tendo a tensão de tração grande influência.
Admite-se que quando as tensões máxima e mínima na região analisada forem ambas de
compressão, pode haver a formação de uma fissura inicial, porém sem propagação dessa
fissura. Assim, não é necessário fazer verificação de fadiga para uma oscilação de tensões na
condição mencionada, Queiroz (2012).
Em componentes estruturais sujeitos a variações de tensões que podem causar fadiga, as
tensões devidas às solicitações obtidas pela análise estrutural, combinando-se as ações
características conforme a Eq. (14) (item K.2.2 da NBR 8800:2008), devem ficar abaixo de
0,66 fy (tensões normais) e 0,4 fy (tensões de cisalhamento).
∑ ∑ (14)
onde FGi,k representa os valores característicos das ações permanentes, FQ1,k é o valor
característico da ação variável considerada principal para a combinação e é o fator de
redução para as ações variáveis, igual a 1,0.
Faixa de variação de tensões é definida como a magnitude da mudança de tensão devido à
aplicação ou remoção das ações variáveis da combinação de ações da Eq. (14). No caso de
inversão de sinal da tensão em um ponto qualquer, a faixa de tensões deve ser determinada
pela diferença algébrica dos valores máximo e mínimo da tensão considerada, nesse ponto.
Após obter-se a faixa de variação de tensões consultam-se, os parâmetros de fadiga: tipo
de detalhe da seção crítica e coeficiente Cf, tabelas K.2 e K.1 da NBR 8800:2008,
respectivamente. A faixa de variação de tensões na seção crítica, para uma determinada
quantidade de ciclos de carregamentos durante a vida útil, deve ser menor do que a variação
máxima permitida pela norma, dada pela Eq. (15). Ainda, caso o número de ciclos de
carregamentos seja inferior a 20000, faz-se dispensável a verificação à fadiga.
( ) (15)
onde Cf é a constante dada na tabela K.1 da NBR 8800:2008 para a categoria correspondente;
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N é o número de ciclos de variação de tensões durante a vida útil da estrutura e TH é o limite
admissível da faixa de variação de tensões, para um número infinito de ciclos de solicitação,
dado na tabela K.1.
Fabeane e outros (2012) adotaram como seção crítica para ocorrência do fenômeno de
fadiga em vigas de rolamento simplesmente apoiada, a solda do filete utilizada no pé do
enrijecedor localizado na metade do vão da viga de rolamento.
√ ⁄ (16)
(17)
sendo:
[ ⁄( ⁄ ) ] (18)
onde be e te são, respectivamente, a largura e a espessura do enrijecedor, h e tw são,
respectivamente, a altura e a espessura da alma, E é o módulo de elasticidade, fy é o tensão de
escoamento do aço e a é a distância entre as linhas de centro de dois enrijecedores transversais
adjacentes. Por questões de fadiga, esses enrijecedores devem ser interrompidos de forma que
a distância entre os pontos mais próximos das soldas entre mesa tracionada e alma e entre
enrijecedor e alma fique entre 4tw e 6tw.
Os enrijecedores de apoio devem ser dimensionados como barras comprimidas para o
estado limite último de instabilidade por flexão em relação a um eixo no plano médio da
alma. A seção transversal a ser considerada é formada pelo enrijecedor mais uma faixa de
alma de largura igual a 12tw, no caso de vigas biapoiadas onde o enrijecedor de apoio situa-se
na extremidade. O comprimento de flambagem deve ser tomado igual a 0,75h. Esses
enrijecedores devem se estender por toda a altura da alma.
3 IMPLEMENTAÇÃO COMPUTACIONAL
4 APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA
A tela inicial do programa, Fig. 3, apresenta uma coluna à direita para inserção de dados.
Essa coluna é acessível por meio de botões no menu principal superior. Cada botão tem como
símbolo uma figura que representa o tipo de dado a ser inserido. Os botões se referem a
“dados gerais”, “dados do perfil”, “dados do material” e “contenção lateral”, respectivamente,
da esquerda para a direita.
Clicando no botão de “dados gerais”, o usuário deve entrar com os dados da ponte e da
viga de rolamento necessários para o cálculo das solicitações, como por exemplo, o trem tipo,
a carga a ser içada, o peso estimado para a viga, o comprimento da viga, entre outros. Esses
dados permitem calcular as linhas de influência de momento fletor e esforço cortante. Outros
dados como a distância entre enrijecedores e o número de ciclos por dia de passagem da ponte
também são inseridos nesta coluna de dados gerais. Como esse é um programa de verificação,
faz-se necessário que o usuário entre com os dados da seção transversal que se deseja
verificar.
O botão “dados do perfil” abre uma coluna à direita para entrada das dimensões da seção
transversal do perfil segundo o tipo de perfil selecionado, Fig. 4. Perfis duplamente simétricos
ou monossimétricos, laminados ou soldados são as opções disponíveis. O botão “dados do
material”, Fig.5, permite ao usuário a inserção do módulo de elasticidade e a tensão de
escoamento do aço.
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A janela de título “cortante”, Fig. 10, assim como a janela “momentos”, apresenta os
parâmetros para o cálculo do esforço cortante resistente de cálculo nas direções X e Y de
maior e menor inércia da seção transversal. A razão entre o esforço cortante solicitante de
cálculo e o esforço cortante resistente de cálculo é fornecida. Na janela de título
“concentrada”, Fig. 11, são expostos os valores das forças resistentes aos estados limites
últimos citados no iem 2.3. No campo “condição” é indicado se o perfil possui resistência
maior ou não do que esforço solicitante e, por fim, mostra-se a relação entre os esforços
solicitante e resistente.
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Como opção para a saída de resultados, além das telas de resultados supracitadas, o
programa gera um relatório de saída em arquivo txt com todos os dados da viga de rolamento
calculada, permitindo ao usuario a confecção de uma memória de cálculo.
5 VALIDAÇÃO DO PROGRAMA
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maior inércia fosse igual a essa mesma propriedade geométrica do perfil composto de Fisher
(2005). Dessa forma, para a verificação do programa computacional utilizou-se um perfil
monossimétrico de altura igual a 693,95 mm, largura das mesas superior e inferior iguais a
401,47 mm e 253,75 mm, respectivamente, espessura das mesas superior e inferior iguais a
29,10 mm e 18,92 mm, respectivamente, e espessura da alma igual a 12,45 mm.
O perfil adotado para a viga de rolamento pode ser classificado como compacto, portanto
o estado limite de FLT governa o seu dimensionamento a momento fletor vertical. A tabela 6
apresenta uma comparação entre os resultados obtidos pelo programa e por Fisher (2005) para
o momento fletor resistente de projeto vertical. Observou-se uma diferença acentuada apenas
no valor do momento crítico elástico, o que era de se esperar, pois a seção transversal
utilizada pelo programa possui as constantes de torção pura e de empenamento maiores do
que os da seção transversal utilizada por Fisher (2005). Entretanto, a diferença acentuada no
valor do momento crítico elástico não repercutiu no valor do momento resistente de projeto,
uma vez que a esbeltez da viga é intermediária e o colapso se daria em regime inelástico.
Dada às diferenças percentuais justificáveis entre os resultados do programa e os da
literatura, tanto para esforços solicitantes quanto para esforços resistentes, pode-se considerar
que o programa desenvolvido foi validado.
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6 RESULTADOS E CONCLUSÕES
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq), à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à
Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES).
REFERÊNCIAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 2008. Projeto de estruturas de aço e de
estruturas mistas de aço e concreto de edifícios. NBR 8800. Rio de Janeiro,
Association of Iron and Steel Engineers, Technical Report nº 13, 2003. Guide for Design and
Construction of Mill Building, AISE, Pittsburg, PA.
American Society of Civil Engineers, 2003. Minimum Design Loads for Buildings and Others
Structures, ASCE 7-02 Reston, VA.
ANSI/AISC 360:05, 2005. Specification for Structural Steel Buildings. Chicago, Illinois.
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Bellei, I. H., 2010. Edifícios industriais em aço: projeto e cálculo. São Paulo: PINI.
Fabeane, R.; Ficanha, R. A.; Pravia, Z. M. C., 2012. Verificação à fadiga de vigas de
rolamento de pontes rolantes industriais. Construmetal 2012.
Fisher, J. M., 2005. Steel Design Guide 7. Industrial Buildings – Roofs to Anchor Rods. , 2 ed.
AISC, Inc.
MacCrimmon, R.A., 2005. Guide for the Design of Crane-Supporting Steel Structures.
Toronto, Quadratone Graphics Ltd., 1ª ed, CISC.
Pravia, Z. M. C., 2003. Estabilidade de Estruturas de Pontes Metálicas com Fraturas. Tese
de Doutorado. UFRJ - COPPE.
Queiroz, G.; Vilela, P. M. L., 2012. Ligações, regiões nodais e fadiga de estruturas de aço.
Belo Horizonte: Código Editora.
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