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RESPOSTAS DO RÉU

1. INTRODUÇÃO

A integração do réu à relação jurídica processual, por meio da citação, permite que o mesmo tenha ciência da
existência da demanda movida contra ele. Ao mesmo tempo, realiza-se a intimação ao réu para que, querendo,
apresente sua resposta no prazo legal. Dessa forma, a conjugação de citação e intimação traduz, de forma bastante
clara, o fenômeno do “contraditório” no processo civil: informação da existência da demanda judicial e abertura de
possibilidade de reação.

Tradicionalmente, a resposta do réu constitui um ônus processual, considerando-se que o réu somente se manifes-
tará se essa for sua vontade, que determinará também a forma de reação. A inércia do réu, algo absolutamente
admissível no processo civil, gerará em regra sua revelia, fenômeno ligado à inexistência jurídica de contestação,
com as limitações previstas no art. 345, CPC.

Para além da contestação e da reconvenção, há outras formas que precisam ser destacadas, como a nomeação à
autoria, chamamento ao processo, denunciação da lide, reconhecimento jurídico do pedido, impugnação ao valor
da causa e impugnação à concessão dos beneficiários da assistência judiciária, desde que manejadas pelo réu e
no prazo de defesa. Também pode se considerar espécie de resposta do réu a alegação de litisconsórcio multitudi-
nário.

2. CONTESTAÇÃO

Trata-se do instrumento de exercício do direito de defesa, consistente na resposta defensiva do réu, representando
a forma processual pela qual se insurge contra a pretensão do autor.

O prazo para oferecimento de contestação é de quinze dias (art. 335, caput, CPC). Se o réu for Ministério Público
(art. 180, CPC), ente público (art. 183, CPC), réu assistido pela Defensoria Pública (art. 186, CPC) ou litisconsorte
com advogado diferente do outro litisconsorte (art. 229, CPC), o prazo é de trinta dias.

 Atenção! O termo inicial do prazo deve observar o art. 335, CPC.

A doutrina costuma dividir as matérias de defesa passíveis de alegação em sede de contestação em dois grandes
grupos, cada qual com suas subdivisões:
I. Defesas processuais: dilatórias, peremptórias e dilatórias potencialmente peremptórias;
II. Defesas de mérito: defesas de mérito diretas e indiretas.
2.1. Defesas processuais

Doutrinariamente é também denominada como “defesas indiretas”, por não terem como objeto a essência do litígio,
encontrando-se previstas no art. 337, CPC.

Na praxe forense são tratadas como “defesas preliminares” em razão do local ideal dentro da contestação para
serem alegadas (antes da defesa de mérito). Dizem respeito à regularidade formal do processo (instrumento), e não
ao mérito, devendo o réu apontar os vícios que porventura comprometam a validade do procedimento.

Tradicionalmente, são divididas em dilatórias (o acolhimento não põe fim ao processo, aumentando somente o
tempo de duração do procedimento) e peremptórias (fazem com que o processo seja extinto sem a resolução de
mérito). O professor Daniel Assumpção, além dessas, reconhece as defesas dilatórias potencialmente peremptó-
rias (aquelas que, caso acolhidas, permitem ao autor o saneamento do vício ou irregularidade e a continuidade do
feito; no caso de omissão do autor, a defesa toma natureza peremptória, gerando a extinção do feito sem a apreci-
ação do mérito).

 Dilatórias: inexistência ou nulidade da citação (art. 337, I, CPC); incompetência do juízo (art. 337, II, CPC);
conexão/continência (art. 337, VIII, CPC).

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 Peremptórias: inépcia da petição inicial (art. 337, IV, CPC); perempção (art. 337, V, CPC); litispendência (art.
337, VI, CPC); coisa julgada (art. 337, VII, CPC); convenção de arbitragem (art. 337, X, CPC); falta de interesse de
agir (art. 337, XI, CPC).

 Dilatórias potencialmente peremptórias: incapacidade de parte, defeito de representação ou falta de autorização


(art. 337, IX, CPC); falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar (art. 337, XII, CPC);
incorreção do valor da causa (art. 337, III, CPC); ilegitimidade de parte (art. 337, XI, CPC).

2.2. Defesas de mérito

Enquanto as defesas processuais têm por objeto a regularidade do processo, as defesas de mérito dizem respeito
ao direito material alegado pelo autor. Na defesa de mérito o objetivo do réu é convencer o juiz de que o direito
material alegado pelo autor não existe. É o conteúdo da pretensão do autor o objeto de impugnação por meio da
defesa de mérito.

2.2.1. Defesa de mérito direta

O réu enfrenta frontalmente os fatos e os fundamentos jurídicos narrados pelo autor na petição inicial, buscando
demonstrar que os fatos não ocorreram conforme narrado ou ainda que as consequências jurídicas pretendidas
pelo autor não são as mais adequadas ao caso concreto. Desenvolve-se dentro dos fatos e da fundamentação
jurídica que compõem a causa de pedir exposta pelo autor em sua petição inicial.

2.2.2. Defesa de mérito indireta

O réu, sem negar as afirmações lançadas pelo autor na inicial, alega um fato novo, que tenha natureza impeditiva,
modificativa ou extintiva do direito do autor. Amplia-se, assim, o objeto de cognição do juiz, que passará a analisar
fatos que não compõem originariamente a causa de pedir narrada pelo autor, não sendo incorreto afirmar que, a
partir do momento de arguição desta espécie de defesa, o juiz passará a uma análise fática mais ampla daquela
que originariamente estaria obrigado em razão da pretensão do autor.

 São fatos impeditivos aqueles que, anteriores ou simultâneos ao fato constitutivo do direito impedem que esse
último gere seus regulares efeitos (contrato celebrado por incapaz ou com vício de consentimento).
 Os fatos extintivos são aqueles que colocam fim a um direito, sendo necessariamente posteriores ao surgimento
da relação jurídica de direito material (prescrição, pagamento, remissão da dívida etc.).
 Já os fatos modificativos são, necessariamente, posteriores ao surgimento da relação de direito material, atuando
sobre a relação jurídica de direito material, gerando sobre ela uma modificação subjetiva ou objetiva (cessão de
crédito sem ressalva, com a modificação do credor, no primeiro caso, e novação objetiva e parcelamento da dívida
no segundo caso).

3. PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS

Segundo o art. 341, CPC, serão presumidos verdadeiros os fatos que não sejam impugnados especificamente pelo
réu em sua contestação.

A impugnação específica é um ônus do réu de rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os
quais não concorda, tornando-os controvertidos e, em consequência, fazendo com que componham o objeto da
prova.

O momento de tal impugnação, em regra, é a contestação, operando-se a “preclusão consumativa” se apresentada


essa espécie de defesa o réu deixar de impugnar algum dos fatos alegados pelo autor.

Não se aplica o ônus da impugnação especificada ao advogado dativo, ao curador especial e à Defensoria Pública
(art. 341, parágrafo único, CPC), que podem elaborar contestação por “negativa geral”.

E mesmo que o réu não possa se valer da “negativa geral”, os três incisos do art. 341, CPC, preveem exceções ao
princípio da impugnação específica dos fatos, impedindo que um fato alegado pelo autor que não tenha sido impug-
nado especificamente seja presumido verdadeiro:

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I. Fatos a cujo respeito não se admitir a confissão (direitos indisponíveis);
II. Petição inicial desacompanhada de instrumento público que a lei considere da substância do ato (certidão de
casamento, certidão de óbito);
III. Fatos que estejam em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
4. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE

Consagrado nos arts. 336 e 342, CPC, no sentido de exigir do réu a exposição de todas as matérias de defesa de
forma cumulada e alternativa na contestação. É também conhecido como “princípio da concentração da defesa”,
fundamentado na ideia de “preclusão consumativa”, exigindo-se que de uma vez só, na contestação, o réu apresente
todas as matérias que tem em sua defesa, sob pena de não poder alegá-las posteriormente. A cumulação é eventual
porque o réu alegará as matérias de defesa indicando que a posterior seja enfrentada na eventualidade de a matéria
defensiva anterior ser rejeitada pelo juiz.

A exigência de cumulação de todas as matérias de defesa na contestação faz com que o réu se veja obrigado a
cumular defesas logicamente incompatíveis, como, por exemplo, alegar que não houve o dano, mas que, na even-
tualidade de o juiz entender que houve o dano, não foi no valor apontado pelo autor.

Há, também, as exceções previstas nos incisos do art. 342, CPC, as quais podem ser alegadas após a apresentação
da contestação, referentes a: (I) matérias defensivas relativas a direito superveniente (fato ou situação jurídica que
surgiu após a apresentação da defesa e que é relevante para o julgamento da causa); (II) matérias que o juiz pode
conhecer de ofício (de ordem pública, decadência, prescrição); (III) matérias que, por expressa previsão legal, po-
dem ser alegadas a qualquer tempo e grau de jurisdição (decadência convencional).

5. RECONVENÇÃO

É o exercício do direito de ação do réu dentro do mesmo processo em que primitivamente o autor originário tenha
exercido o seu direito de ação.

Em regra, o réu só se opõe às alegações do autor, ou seja, somente se defende; entretanto, em alguns casos, o
réu poderá formular uma pretensão em face do autor (“contra-ataque”), exercendo o direito de ação, passando a
figurar como se fosse um verdadeiro autor.

A reconvenção é uma mera faculdade, podendo o réu que deixar de reconvir e ingressar de forma autônoma com a
mesma ação que teria ingressado sob a forma de reconvenção.

As condições e pressupostos de uma reconvenção são as mesmas de qualquer ação (legitimidade das partes e
interesse de agir). Relativamente à legitimidade de partes, a novidade é a de que o art. 343, §§ 3º e 4º, CPC, passa
a prever, de forma expressa, que a reconvenção pode ser proposta contra o autor e um terceiro, e que a reconven-
ção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. Aplica-se, aqui, a regra do litisconsórcio multitudinário
(art. 113, §§ 1º e 2º, CPC).

Entretanto, por se tratar de uma medida de caráter incidental, além das condições e pressupostos comuns a qual-
quer ação, deve preencher alguns pressupostos e condições específicas:
a) Litispendência: para que exista reconvenção, é indispensável que exista a demanda originária; a reconvenção é
demanda nova em processo já existente;
b) Forma: o art. 343, CPC, estabelece que a contestação e reconvenção sejam apresentadas em única peça pro-
cessual, podendo o réu reconvir independentemente de contestar (art. 343, § 6º, CPC).
c) Identidade procedimental: a lei exige que haja uma compatibilidade procedimental entre a ação principal e a
reconvenção. A ação originária e a ação reconvencional seguirão juntas, sendo, inclusive, decididas por uma mesma
sentença;
d) Competência: o juízo da ação originária é absolutamente competente para a ação reconvencional, de modo que,
sendo a competência absoluta dessa ação diferente da ação originária, será proibido o ingresso de ação reconven-
cional, devendo a parte ingressar com a ação autônoma perante o juízo absolutamente competente;
e) Conexão: a reconvenção deverá, obrigatoriamente, ter conexão com os fundamentos de defesa ou com os fun-
damentos da demanda proposta pelo autor (art. 343, caput, CPC).

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 Observações:
Apresentada a reconvenção, e não sendo caso de indeferimento liminar, o autor reconvindo será intimado, na pes-
soa do seu advogado, para responder no prazo de 15 (quinze) dias. A resposta mais comum será a contestação à
reconvenção – e sua ausência gera o efeito da revelia – mas nada impede outras espécies de resposta além da
contestação, como a denunciação da lide e o chamamento ao processo.

A reconvenção da reconvenção, em tese, é possível. Parte da doutrina entende que seu cabimento está condicio-
nado às hipóteses de reconvenção com fundamento na conexão com os fundamentos de defesa (Dinamarco e
Marinoni). Reconvenções sucessivas poderão ser inadmitidas no caso concreto com fundamento na economia
processual sempre que o juiz entender que mais uma reconvenção prejudicará significativamente o andamento
procedimental.

6. REVELIA

A revelia é um ato-fato processual, consistente na não apresentação tempestiva da contestação.1 Em outras pala-
vras, ocorre a revelia quando o réu, citado, não aparece em juízo apresentando sua resposta, ou, comparecendo
ao processo, não apresenta sua resposta tempestivamente.

A revelia produz os seguintes efeitos:


a) Efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor (art. 344, CPC);
b) Os prazos contra o réu revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no
órgão oficial (art. 346, CPC);
c) Preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas matérias de defesa (ressalvadas aquelas previstas
no art. 342, CPC;
d) Possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia (art.
355, II, CPC).

Em regra, todavia, cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito. Nem mesmo quando há
revelia do réu há a procedência automática dos pedidos, podendo o juízo examinar se as alegações formuladas na
inicial encontram o mínimo de verossimilhança para considerá-las verdadeiras. (AREsp Nº 1.002.761 - MT
(2016/0276803-7), Relatora: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 01/02/2017, DJe 03/02/2017)

Assim, “a revelia, que decorre do não oferecimento de contestação, enseja presunção relativa de veracidade dos
fatos narrados na petição inicial, podendo ser infirmada pelos demais elementos dos autos, motivo pelo qual não
acarreta a procedência automática dos pedidos iniciais.” (REsp 1335994/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 18/08/2014) – grifo nosso.

PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO

SANEAMENTO E FASE DE SANEAMENTO. AS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES


Diante da apresentação, ou não, da resposta do réu, inicia-se uma fase do procedimento comum que se denomina
de “fase de saneamento” ou “fase de ordenamento do processo”.

Durante este período, o magistrado, se for o caso, deve adotar providências que deixem o feito apto para que nele
seja proferida uma decisão, chamada de “julgamento conforme o estado do processo” (art. 347, CPC).

A atividade de saneamento do magistrado, porém, não se esgota nessa fase, que se caracteriza, apenas, pela
concentração de atos de regularização do processo. É que desde o momento em que recebe a petição inicial, pode
adotar medidas para regularizar eventuais defeitos processuais – a determinação de emenda da petição inicial (art.
321, CPC) e a possibilidade de controle a qualquer tempo das questões relativas à admissibilidade do procedimento
(art. 485, § 3º, CPC) são exemplos disso. O dever de o magistrado sanear o processo deve ser exercido ao longo
de todo o procedimento, mas há uma fase em que a sua atuação revela-se mais concentrada.

1
DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de
conhecimento. 17. Ed. – Salvador: Ed. Juspodivm, 2015.

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A “fase de saneamento” inicia-se após o escoamento do prazo de resposta do réu. No entanto, é possível que, após
esse momento, a “fase postulatória” se prolongue, pois o réu pode ter reconvindo ou denunciado a lide a um terceiro.
É possível, ainda, que o autor requeira a modificação do pedido ou da causa de pedir, com o consentimento do réu,
com base no art. 329, II, CPC. Os primeiros atos da “fase de saneamento” podem coincidir, portanto, com a prática
dos últimos atos da fase postulatória.

As “providências preliminares” que podem ser adotadas são, basicamente, as seguintes:


a) tendo sido apresentada defesa indireta, deve o juiz intimar o autor para apresentar a sua réplica, em 15 (quinze)
dias (arts. 350/351, CPC), que consiste na manifestação deste último sobre os fatos novos deduzidos pelo réu em
sua defesa. Se a defesa for direta, não haverá intimação para a réplica. Se o autor trouxer documentos na réplica,
o réu deverá ser intimado para manifestar-se sobre eles, em 15 (quinze) dias, conforme regra do art. 437, § 1º,
CPC.
b) se o réu apresentar defesa direta, mas trouxer documentos, deve o juiz intimar o autor para manifestar-se sobre
eles, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 437, § 1º, CPC).
c) se há defeitos processuais que possam ser corrigidos, inclusive aqueles relacionados aos requisitos de admissi-
bilidade do procedimento, deve o juiz providenciar a sua correção, fixando, para tanto, prazo não superior a 30
(trinta) dias (art. 352, CPC).
d) se houver revelia, deve o juiz verificar a regularidade da citação.
e) se, não obstante a revelia, a presunção de veracidade não se tiver produzido, o autor será intimado para especi-
ficar as provas que pretenda produzir em audiência (art. 348, CPC). O prazo para especificação das provas é de 5
(cinco) dias, aplicando-se a regra supletiva do art. 218, § 3º, CPC, tendo em vista o silêncio da lei sobre o assunto.
f) se a revelia decorrer de citação ficta ou se o réu revel for preso, será designado curador especial (art. 72, II, CPC).
g) se o réu reconveio, o autor será intimado para contestá-la, em 15 (quinze) dias.
h) se o réu promoveu uma denunciação da lide ou um chamamento ao processo, o juiz adotará as providências
inerentes a essas intervenções, tal como determinar a comunicação do terceiro cujo ingresso no processo se plei-
teia.
i) se o réu requerer a revogação da justiça gratuita, o juiz, após ouvir o autor, decidirá a respeito. Revogado o
benefício, caberá agravo de instrumento (arts. 101 e 1.015, V, CPC).
j) se houver alegação de incompetência, o juiz decidirá sobre a sua competência. Se reconhecer a sua incompetên-
cia, determinará a remessa dos autos ao juízo competente.
k) o juiz decidirá sobre eventual impugnação ao valor da causa apresentada pelo réu na contestação.
l) o magistrado deve verificar se é o caso de intervenção do Ministério Público (art. 178, CPC), da Comissão de
Valores Mobiliários (CVM, art. 31, Lei nº 6.385/1976), do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE,
art. 118, Lei nº 12.529/2011) ou de qualquer outro órgão/entidade cuja presença o processo seja obrigatória, por
força de lei.

JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO


O “julgamento conforme o estado do processo” pode ter diversos conteúdos.

Como já consignado, depois de cumpridas as “providências preliminares”, ou não havendo necessidade delas, o
juiz examinará os autos para que tome uma dessas decisões:
a) extinção sem julgamento do mérito (art. 485, c/c art. 354, CPC);
b) resolução do mérito, em razão de autocomposição total (art. 487, III, c/c art. 354, CPC);
c) resolução do mérito em razão de decadência ou prescrição (art. 487, II, c/c art. 354, CPC);
d) julga antecipadamente o mérito da causa (art. 355, c/c art. 487, I, CPC);
e) profere decisão de saneamento de organização do processo, com ou sem audiência para produzi-la em coope-
ração com as partes (art. 357, CPC);

JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO


Conforme visto, após as providências preliminares, o magistrado deve proferir uma decisão, que se denomina “jul-
gamento conforme o estado do processo”.

O julgamento antecipado do mérito é uma das possíveis decisões que podem ser tomadas neste momento do
procedimento. Trata-se de decisão de mérito em que o magistrado decide o objeto litigioso, julgando procedente ou
improcedente a demanda formulada. Perceba-se que em outras duas variantes do “julgamento conforme o estado
do processo” há, também, exame de mérito: a) extinção por autocomposição (reconhecimento da procedência do
pedido, transação ou renúncia ao direito sobre o que se funda a demanda, art. 487, III, CPC); b) extinção pelo

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reconhecimento da prescrição/decadência (art. 487, II, CPC). Nessas situações, só há julgamento de mérito nos
casos da letra “b”. Nos casos da letra “a” há homologação da autocomposição, sem julgamento.

Assim, como se vê, o julgamento conforme o estado do processo pode implicar decisão de mérito tomada com base
em qualquer dos incisos do art. 487, CPC.

O julgamento antecipado do mérito é uma decisão de mérito, fundada em cognição exauriente, proferida após a
fase de saneamento do processo, em que o magistrado reconhece a desnecessidade de produção de mais provas
em audiências de instrução e julgamento (provas orais, perícia e inspeção judicial). Diz o caput do art. 355, CPC
que “O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito”. Aqui, o juiz entende
ser possível proferir decisão de mérito apenas com base na prova documental produzida pelas partes.

O julgamento antecipado do mérito é uma técnica de abreviamento do processo. É manifestação do princípio da


adaptabilidade do procedimento, pois o magistrado, diante de peculiaridades da causa, encurta o procedimento,
dispensando a realização de toda uma fase do processo.

É bom frisar que o adjetivo “antecipado” justifica-se exatamente no fato de o procedimento ter sido abreviado, tendo
em vista as particularidades do caso concreto.

O art. 355, CPC, prevê as hipóteses em que se admite o julgamento antecipado do mérito.

É preciso, porém, fazer algumas anotações sobre esse artigo:


a) em primeiro lugar, o “princípio da cooperação” impõe que o magistrado comunique às partes a intenção de abre-
viar o procedimento, julgando antecipadamente a lide. Essa intimação prévia é importantíssima, porquanto profilá-
tica, pois, a uma, evita uma decisão-surpresa, que abruptamente encerre o procedimento, frustrando expectativas
das partes; a duas, se a parte não concordar com essa decisão, deve registrar o inconformismo , nos temos do art.
278, CPC – se não o fizer, não poderá, posteriormente, alegar, na apelação, cerceamento de defesa pela restrição
que se fez ao seu direito à prova, em razão da preclusão.
b) essa possibilidade de abreviação do procedimento deve ser utilizada com cautela e parcimônia, não só porque
pode implicar restrição ao direito à prova, mas também porque, sem a audiência de instrução e julgamento, podem
os autos subir ao tribunal, em grau de recurso, com fraco conjunto probatório. Como é de praxe, em órgãos colegi-
ados a realização de atividade de instrução probatória complementar é mais rara, sendo possível que, diante de um
processo “mal-instruído”, o tribunal resolva anular a sentença, para que se reinicie a atividade probatória – e isso
não é desejável.
c) o inciso I, do art. 355, CPC autoriza o julgamento antecipado quando não for necessária a produção de provas
em audiência, ou seja, quando a prova exclusivamente documental for bastante para a prolação de uma decisão de
mérito.
d) cabe julgamento antecipado se houver revelia. Para que isso aconteça, é preciso que a revelia tenha implicado
a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor – e, por isso, não haja necessidade de produção de mais
provas, pela incontrovérsia dos fatos (art. 374, III, CPC) – e o revel ainda não tenha intervindo no processo, solici-
tando a produção de provas nos termos do art. 349, CPC.
e) não se permite que o juiz, no julgamento antecipado do mérito, conclua pela improcedência, sob o fundamento
de que o autor não provou o alegado. Se o magistrado convoca os autos para julgamento antecipado, é porque
entende provados os fatos alegados. Entende, enfim, que não há necessidade de prova. Essa decisão impede
comportamento contraditório do juiz (venire contra factum proprium); há preclusão lógica para o magistrado, que,
então, não pode proferir decisão com aquele conteúdo. A sentença de improcedência por falta de prova, em julga-
mento antecipado do mérito, além de violar o dever de lealdade processual, a boa-fé objetiva (art. 5º, CPC) e o
“princípio da cooperação” (art. 6º, CPC), poderá ser invalidada por ofensa à garantia do contraditório, em sua di-
mensão de direito à prova.
f) quando for o caso, o “julgamento antecipado não é faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador”, em home-
nagem aos princípios da duração razoável do processo e da eficiência.
g) admite-se o julgamento antecipado “parcial” do mérito (art. 356, CPC), cuja decisão é impugnável mediante
agravo de instrumento (art. 356, § 4º, CPC).

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SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO

Conteúdo da decisão saneadora


Se não for caso de extinção do processo sem julgamento do mérito, nem de extinção do processo com julgamento
do mérito (prescrição/decadência, autocomposição ou julgamento antecipado do mérito), deverá o juiz proferir uma
decisão de saneamento e organização do processo.

Há, pois, nessa decisão, um capítulo decisório em que se reconhece a admissibilidade do processo (juízo declara-
tório) e outro capítulo decisório em que se fixam os pontos controvertidos e se delimita a atividade de instrução
(juízo constitutivo). Em suma, o órgão jurisdicional:
I – resolverá questões processuais pendentes, se houver;
II – delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova
admitidos;
III – definirá a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373;
IV – delimitará as questões de direito relevantes para a decisão do mérito;
V – designará, se necessário, AIJ.

Audiência de saneamento e organização em cooperação com as partes (art. 357, § 3º, CPC): trata-se de regra que
concretiza o princípio da cooperação (art. 6º, CPC).

Embora a previsão seja apenas para causas complexas, nada impede que o juiz a determine em causas não tão
complexas. O saneamento compartilhado tende a ser mais frutuoso sempre.

Acordo de organização do processo (art. 357, § 2º, CPC): as partes podem levar ao juiz, para homologação, uma
organização consensual do processo. Temos, aqui, um negócio bilateral, em que as partes chegam a um consenso
em torno dos limites do seu dissenso, ou seja, as partes concordam que controvertem sobre tais ou quais pontos,
delimitando consensualmente as questões jurídicas que reputam fundamentais para a solução do mérito. Nada
impede que, nesse acordo, se encartem outros negócios processuais, típicos (convenção sobre ônus da prova, p.e.)
ou atípicos (art. 190, CPC).

Calendário processual (art. 191, CPC): trata-se de agendamento para a prática de atos processuais, feito de comum
acordo entre partes e órgão julgador e em atenção às particularidades da causa. Normalmente relacionado à prática
de atos instrutórios, pode ter por objeto atos postulatórios, decisórios e executórios. O calendário pode ser fixado
em qualquer etapa do procedimento.

Questões

1. Assinale a alternativa correta.

A) Cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, e, se não o fizer, como regra
geral presumir-se-ão verdadeiros os fatos não impugnados.
B) Em homenagem ao princípio da economia processual e da celeridade, as chamadas preliminares de mérito
podem ser reconhecidas de ofício do juiz.
C) O réu poderá impugnar o valor da causa na própria contestação. Veda-se, porém, a impugnação à gratuidade
judiciária no bojo da referida peça processual, sendo necessária a manifestação do réu em peça autônoma.
D) Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz
determinará que o autor altere a petição inicial para a substituição imediata do réu.
E) Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de do-
micílio do réu, fato que será comunicado ao juiz da causa por meio de carta precatória.

2. A reconvenção:

A) Não pode ser proposta contra o autor e, concomitantemente, contra terceiro.


B) Não pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
C) Não pode ser proposta sem que seja oferecida contestação.
D) Não depende do pagamento de custas, de acordo com previsão expressa na lei processual vil.
E) Não impede o prosseguimento do processo se houver desistência da ação.

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3. De acordo com o Novo Código de Processo Civil:

A) Se o autor desistir da ação, a reconvenção não será extinta.


B) A ação e a reconvenção serão julgadas na mesma sentença, indistintamente.
C) Quando o réu propõe reconvenção, o autor deve ser pessoalmente citado para contestá-la, sob pena de nulidade.
D) Não pode o réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.

4. Ocorrendo a revelia:

A) poderá o autor alterar o pedido, ou a causa de pedir, bem como demandar declaração incidente, independente-
mente de nova citação do réu.
B) poderá o réu intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar.
C) reputar-se-ão verdadeiros, de modo absoluto, os fatos afirmados pelo autor.
D) não poderá o réu participar da audiência de instrução e julgamento que venha a ser designada.
E) deverá o juiz, necessariamente, julgar o processo antecipadamente, dada a veracidade presumida dos fatos
alegados pelo autor.

5. Analise a afirmação a seguir e indique se ela está CERTA ou ERRADA.

Sempre que o juiz entender necessário, determinará a intimação do autor para apresentar réplica à contestação, no
prazo de 15 (quinze) dias.

( ) Certo ( ) Errado

6. Sobre a decisão de saneamento do processo, indique a alternativa correta.

A) Após a decisão de saneamento deverá o juiz tentar a conciliação das partes, determinando, após, as provas a
serem produzidas.
B) Não sendo hipótese de julgamento antecipado do mérito, de julgamento antecipado parcial do mérito ou mesmo
de extinção do processo, o juiz resolverá, se houver, as questões processuais pendentes, delimitará as questões
de fato sobre as quais recairá a atividade probatória e as questões de direito relevantes para a decisão do mérito,
especificando os meios de prova admitidos e definirá a distribuição do ônus da prova, se necessário designando
audiência de instrução e julgamento.
C) Como se trata de decisão interlocutória, o recurso cabível, acolhidas ou não as preliminares levantadas pelo réu,
será sempre o de agravo de instrumento.
D) Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, o juiz não deverá sanear e sim sentenciar
desde logo o processo.
E) A inversão do ônus da prova pode se dar, inclusive, após a realização da audiência de instrução e julgamento,
desde que previamente consultadas as partes.

7. Analise as proposições a seguir e indique qual delas está de acordo com a Lei 13.105/2015 (Novo Código
de Processo Civil).

A) A lei processual civil não admite a prolação de decisões parciais de mérito.


B) É possível o julgamento antecipado do mérito quando o réu for revel, ocorrer o efeito material da revelia e não
houver requerimento de prova no tempo e forma legais.
C) Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum
de 15 (quinze) dias, findo o qual a decisão se torna estável.
D) Saneamento é ato exclusivo do juiz, não podendo ser realizado em cooperação com as partes.
E) O julgamento antecipado parcial do mérito gera decisão executável desde logo, independentemente de caução,
salvo se houver recurso contra ela interposto.

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8. Sobre o julgamento antecipado parcial do mérito (art. 356, CPC/2015), indique qual alternativa apresentada
tem afirmação correta.

A) O julgamento antecipado parcial do mérito admite a prolação de decisão que reconheça a existência apenas de
obrigação líquida.
B) O julgamento antecipado parcial do mérito gera decisão executável desde logo, independentemente de caução,
salvo se houver recurso contra ela interposto.
C) A decisão proferida com base no art. 356 do CPC/2015 tem natureza de sentença, desafiando recurso de ape-
lação.
D) A liquidação e o cumprimento da decisão que julgar parcialmente o mérito poderão ser processados em autos
suplementares, a requerimento da parte ou a critério do juiz.

9. Analise a afirmação a seguir e indique se ela está CERTA ou ERRADA.

De regra, no Novo CPC, o saneamento e a organização da causa, incluindo a delimitação consensual das questões
de fato e de direito controvertidas, ocorrerão por meio de decisão judicial escrita, salvo quando a causa apresentar
complexidade em matéria de fato ou de direito, quando deverá ser designada audiência.

( ) Certo ( ) Errado

10. Analise a afirmação a seguir e indique se ela está CERTA ou ERRADA.

O rol de testemunhas deve ser apresentado no prazo de 15 (quinze) dias da decisão de saneamento, se escrita, ou
na própria solenidade, se o saneamento for em audiência.

( ) Certo ( ) Errado

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GABARITO:

1–A
2–E
3–A
4–B
5 – ERRADO
6–B
7–B
8–D
9 – CERTO
10 – CERTO

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