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Terra Comunal – Marina Abramović Abramović não se restringe à

+ MAI categoria de uma exposição de


objetos inseridos em um
determinado espaço, pensada a
Sesc-Pompeia – São Paulo/SP, 10
partir do cubo branco. Destacam-
de março a 10 de maio de 2015
se, no entanto, como força da
Ulisses Carrilho
mostra, os objetos transitórios
produzidos por Abramović após sua
primeira visita ao Brasil, ainda em
Quando pensamos a exposição 1989. As obras contextualizam e
curada por Klaus Biesenbach no localizam historicamente o interesse
MoMA, em 2010, e na retrospec- da artista pelo país, surgido através
tiva curada por Jochen Volz, Terra de sua pesquisa com rochas e
Comunal – Marina Abramović + minerais para a criação escultórica.
MAI, em 2015, devemos levar em A programação que acompanhava a
conta suas diferenças não apenas exposição potencializou o conceito
devidas à visualidade ou aos fluxos de presença, que ganhou caráter
que a expografia sugere. Nem mainstream com o filme Marina
devemos cair na facilidade de Abramović: The Artist is Present
igualá-las pelo objetivo (2011). A potência maior esteve no
retrospectivo que traziam em si. No caráter relacional que a mostra
caso brasileiro, uma proposição de alcançou com a adição da MAI
fluxos abertos, livres, sugeridos. Presents, inserindo trabalhos de
Fluxos iluminados pela combi- artistas brasileiros que investigam a
nação de lâmpadas artificiais e luz performance. A expansão da
natural. Pelas linhas retas que espacialidade – preocupação clara
carregam a força do construtivismo, no título da mostra – fez-se
herança sérvia da artista – presente presente também ao pensar o
também na identidade visual, Brasil. Há clara tentativa de não
mesclando letras do alfabeto cirílico recorrer apenas aos nomes do
na busca de semelhança formal Sudeste brasileiro, especificamente
entre as escritas, em escolha pela Rio de Janeiro e São RPaulo
E SEN H AStentativa
201
aproximação. Os fluxos de com certo sucesso. Além da
passagem são caminhos não curadora residente em Nova York,
povoados sem o público que a Paula Garcia, e do paulista Mauricio
visita, trajetos sem deriva. Ianês, Rubiane Maia, do Espírito
Santo, Marco Paulo Rolla, de Minas
A mostra retrospectiva de Marina Gerais, o Grupo EmpreZa, de Goiás,
Maikon K e Fernando Ribeiro, do Andrea Boller. Na retrospectiva, no
Paraná e a participação pontual de entanto, os vídeos dessas
Ayrson Heráclito, da Bahia, performances estavam também
reiteraram com suas performances expostos, num duplo que pode ser
diferentes modos de presença, provocação: a mesma performance
diferentes maneiras de ocupar o era exposta duas vezes, uma pela
espaço. reperformance e outra no seu
registro em vídeo. A curadoria
A intensa retomada atual dos optou por não reiterar essa escolha,
modos de pensar da arquiteta Lina posicionamento inteligente, que
Bo Bardi fez, no entanto, com que o não a simplificava como iniciativa
público tivesse um repertório pedagógica. Trazer à tona a
expandido, numa espécie de documentação – ponto da história
confluência do zeitgeist, que da performance, de que Abramović
transborda seu centenário. O prédio foi uma das precursoras, com Art
do Sesc-Pompeia é mais do que um must be beautiful, artist must be
edifício inscrito em seus limites; só beautiful (1975), primeira obra da
pode ser entendido a partir de seus artista registrada em vídeo – é
fluxos. Por excelência, configura-se investigar as diversas possibilidades
como lugar de convívio das de uma linguagem.
vizinhanças que formam a Pompeia.
Fluxos reiterados pela expografia da A inclusão do Método Abramović,
exposição que ficou a cargo do criado a partir do processo de
escritório Metro Arquitetos, não por preparação pelo qual passam os
acaso encarregado também da artistas que trabalham com
expografia de outro marco de Bo Abramović, deve ser entendida
Bardi, o Masp, sob direção de como nova configuração de suas
Adriano Pedrosa. ações artísticas. Para falar sobre a
imposição do tempo presente,
Destacam-se na escolha da Marina retira o corpo da artista da
curadoria três re- performances performance, ela mesma nesse
pontuais, nunca antes reencena- caso, para criar uma linha tênue201
R E SEN H AS
que
das, de trabalhos seminais da convida o público ao protagonismo
artista: Freeing the Voice (1976), da experiência corporal.
Freeing the Body (1977) e Freeing Proposições artísticas não são
the Memory (1976), pela artista novidade, se pensarmos a arte
brasileira residente em Berlim conceitual e seus enunciados na
segunda metade do século 20. A
retirada do corpo de cena – e aqui Suely Rolnik – foram colocados em
não falamos sobre a teatralidade da debate para reflexões que
peça dirigida por Bob Wilson circundam e atualizam o corpo de
interpretada pela própria artista, obra de Marina Abramović. Foi
The life and death of Marina também nesse espaço que ela
Abramović – nesse caso toma acompanhou leituras de portfólio de
sentidos próprios, numa exploração jovens artistas brasileiros, sendo
inaugurada a partir da performance alguns deles incorporados à
feita pela artista no átrio do Museu programação da mostra, numa
de Arte Moderna (NY) em que apresentação do espaço que se
permaneceu sentada, calada e distancia do caminho linear, para
imóvel durante todo o tempo da tornar-se plataforma.
exposição.

O espaço e seu livre uso não


parecem ser uma preocupação
curatorial, expográfica ou
arquitetônica, mas multidisciplinar.
No teatro, uma série de oito
palestras articuladas por Marina
permeava a história da performance
e problematizava questões da
história da arte, por vezes escolhas
afetivas, que fundamentaram a
trajetória da artista. A mostra de
Abramović aloca no galpão do Sesc-
Pompeia um espaço chamado
Space In Between, dedicado ao
acesso do público à bibliografia
produzida sobre a artista, bem
como aos Serões Performáticos,
propostos pelo EmpreZa. Um R E SEN H AS 201

entendimento de espaço com


estrutura horizontal, adaptável e
sem palcos, em que questões como
realidade aumentada, xamanismo
ou os objetos relacionais de Lygia
Clark – em precisa explanação de

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