Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
PRESIDENTE D A REPÚBLIC A
Luiz In ácio Lula d a Silva
M INISTRO D A EDUC AÇ ÃO
Ferna ndo Had dad
DI AGR AM AÇ ÃO
Diego Alb ert
REVIS ÃO
Francisca das Dor es Olivei r a Araújo
2
Neste material serão abordados os temas relacionados
ao programa de Educação a Distância da Universidade Aberta
do Piauí (UAPI) vinculada ao consórcio formado pela
Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Estadual
do Piauí (UESPI), Centro Federal de Ensino Tecnológico do
Piauí (CEFET-PI), com apoio do Governo do estado do Piauí,
através da Secretaria de Educação.
3
orgânicos, ácidos e bases alifáticas e aromáticas, bases
heterocíclicas e definição de ácido e bases duras e moles.
Estas propriedades das moléculas orgânicas são o foco desta
unidade, e discutiremos os termos fundamentais a ela
relacionados, além de aplicar os conhecimentos dessa área da
Química Orgânica para o melhor entendimento da estrutura
dos compostos orgânicos.
4
carbono, adição nucleofílica à ligação dupla carbono-oxigênio,
adição a dienos conjugados. Essas reações quando feitas em
laboratório, pela primeira vez, devem ser tomadas algumas
precauções a respeito dos reagentes e produtos envolvidos na
reação.
5
Unidade I - Estrutura, reatividade e mecanismos................. 1
Estrutura e reatividade .............................................................. 2
Orbitais atômicos....................................................................... 2
Hibridização............................................................................... 4
Ligações em compostos de carbono ......................................... 5
Teoria de Ligação de Valência. ................................................. 5
Teoria do orbital molecular (OM) ............................................... 5
Energias dos orbitais moleculares........................................... 12
Preenchimento dos orbitais moleculares ................................. 15
Ligações simples carbono-carbono ......................................... 17
Ligações duplas carbono-carbono .......................................... 18
Ligações triplas carbono-carbono ........................................... 20
Ligações carbono-oxigênio e carbono-nitrogênio. ................... 21
Conjugação ............................................................................. 22
Benzeno e aromaticidade ........................................................ 24
Condições necessárias para a deslocalização. ....................... 30
Quebra e formação de ligações .............................................. 31
Fatores que influenciam a disponibilidade eletrônica. ............. 33
Efeitos indutivos ...................................................................... 33
Efeitos mesoméricos ............................................................... 34
Efeitos variáveis com o tempo................................................. 36
Hiperconjugação ..................................................................... 37
Efeitos estereoquímicos .......................................................... 39
Tipos de reagentes.................................................................. 40
Tipos de reações ..................................................................... 43
1o roteiro de estudo dirigido..................................................... 45
6
Cinética de reações ................................................................ 51
Velocidade de reação e energia livre de ativação ................... 52
Cinética e etapa determinante da velocidade ......................... 54
Controle cinético versus controle termodinâmico .................... 58
Investigação de mecanismos de reações ............................... 59
A natureza dos produtos ......................................................... 59
Dados Cinéticos ...................................................................... 60
Mas o mecanismo real de hidrólise pode muito bem ter mudado
ao se ter alterado o solvente, de tal modo que não ficamos a
saber mais sobre o que de fato se passou na solução aquosa
original. ................................................................................... 61
A utilização de isótopos .......................................................... 62
O estudo de intermediários ..................................................... 64
Critérios estereoquímicos ....................................................... 65
20 Roteiro de estudo dirigido ................................................... 66
7
3º ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO..................................... 95
Unidade IV - Substituição nucleófila num átomo de carbono
saturado ................................................................................. 97
Relação entre cinética e mecanismo....................................... 97
Efeito do solvente .................................................................. 100
Efeito da estrutura ................................................................. 102
Implicações estereoquímicas do mecanismo ........................ 108
Mecanismo SN2, inversão de configuração ........................... 108
Determinação da configuração relativa ................................. 109
Mecanismo SN1: racemização............................................... 110
Mecanismo SN1: retenção de configuração........................... 112
Participação de grupos vizinhos: “retenção de configuração” 113
Efeito de nucleófilos e grupos abandonadores...................... 114
Nucleófilo............................................................................... 114
O grupo abandonador ........................................................... 117
4o ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO................................... 119
8
Efeitos esteroquímicos e razões orto/para ............................ 148
Controle cinético versus termodinâmico ............................... 150
Substituição eletrofila em outras espécies aromaticas.......... 151
Substituição nucleofílica aromática ....................................... 153
Substituição de hidrogênio .................................................... 153
Substituição de átomos diferentes de hidrogêno .................. 154
Mecanismo unimolecular SN1Ar ............................................ 154
Mecanismo adição-eliminação SN2 ativado .......................... 155
Substituição via intermediários arino ou eliminação-adição .. 157
5o ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO .................................. 158
9
Rearranjos de Beckman ........................................................ 183
Migração para oxigênio elétron deficiente ............................. 185
Oxidação Baeyer-Villiger ....................................................... 185
Rearranjos de hidroperóxido ................................................. 186
6o ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO................................... 188
10
Derivados de NH3 ................................................................. 216
Adição de carbono nucleofílico ............................................. 217
Reagentes de Gringnard ....................................................... 218
Íons acetilênicos ................................................................... 219
Reações aldólicos ................................................................. 219
Reação de Perkin ................................................................. 220
Reações de Knoevenagel e de Stobbe ................................. 221
Condensação de Claisen de ésteres .................................... 222
Reação de Wittig ................................................................... 223
Estereosseletividade em reações de adição a carbonilos..... 224
Reações catalisadas por ácido ............................................. 226
Adição a c≡n ......................................................................... 227
7o ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO .................................. 227
11
Reação de eliminação ........................................................... 254
Reação de eliminação - descarboxilação .............................. 254
Reação de substituição ......................................................... 255
Reações de Reimer-Tiemann................................................ 255
Reações de Kolbe-Schmidt ................................................... 255
Rearranjo............................................................................... 256
Oxidação ............................................................................... 258
Halogenação de cetonas ....................................................... 258
12
Teoria dos orbitais moleculares ............................................ 290
Equação de onda - fase ........................................................ 290
Reações eletrocíclicas .......................................................... 293
Reação térmica ..................................................................... 294
Reação fotoquímica .............................................................. 296
Regras de woodward-hofmann ............................................. 297
Reações de cicloadições ...................................................... 298
Rearranjos sigmatrópicos ..................................................... 302
Migração de hidrogênio......................................................... 303
Migração de carbono ............................................................ 305
Referências ........................................................................... 310
Sites para pesquisa na web .................................................. 311
Sobre os autores: .................................................................. 312
13
1
UNIDADE I - ESTRUTURA, REATIVIDADE E MECANISMOS
ESTRUTURA E REATIVIDADE
Orbitais atômicos
O átomo de carbono tem seis elétrons que
segundo a teoria da estrutura atômica de Bohr, estão dispostos
em órbitas a distância crescente do núcleo. Estas órbitas
correspondem a níveis de energia gradualmente crescentes. A
de energia mais baixa, 1s, acomodando 2 elétrons, a seguinte,
2s, acomodando também dois elétrons e os 2 elétrons
restantes do átomo de carbono indo ocupar o nível 2p, que é
capaz de acomodar um total de 6 elétrons.
O principio da incerteza de Heisenberg e a visão
da mecânica-ondulatória do elétron tornaram necessário
eliminar algo definido com tanta precisão como descritos por
funções de onda ψ, e as órbitas de Bohr, clássicas e exatas,
foram substituídas por orbitais atômicos tridimensionais com
diferentes níveis de energia. O tamanho, forma e orientação
destes orbitais atômicos, regiões em que há máxima
probabilidade de se encontrar um elétron correspondem a um
nível de energia quantificado e são delineados por uma função
de onda, ψA, ψB, ψC, etc. Na verdade, os orbitais são
bastantes semelhantes a mapas de contorno eletrônico
tridimensional, em que ψ2 determina a probabilidade relativa
de encontrar um elétron num dado ponto do orbital.
A teoria dos orbitais moleculares (OM) constitui uma
alternativa para se ter uma visão da ligação. De acordo com
este enfoque, todos os elétrons de valência têm uma influência
na estabilidade da molécula (Elétrons dos níveis inferiores
também podem contribuir para a ligação, mas para muitas
moléculas simples o efeito é demasiado pequeno). A teoria do
OM considera que os orbitais atômicos (OAs) do nível de
valência deixam de existir quando a molécula se forma, sendo
2
substituídos por um novo conjunto de níveis energéticos que
correspondem a novas distribuições da nuvem eletrônica
(densidade de probabilidade). Esses novos níveis energéticos
constituem uma propriedade da molécula como um todo e são
chamados, consequentemente, de orbitais moleculares.
O cálculo das propriedades dos orbitais moleculares é
feito comumente, assumindo que os OAs se combinam para
formar OM. As funções de onda dos OAs são combinados
matematicamente para produzir as funções de onda dos OM
resultantes. O processo é remanescente da mistura de orbitais
atômicos puros para formar orbitais híbridos, exceto que, na
formação de OM, OA de mais de um átomo são combinados
ou misturados. No entanto, como no caso da hibridização, o
número de orbitais novos formados é igual ao número de OA
originários da combinação.
Da mesma maneira que nos orbitais atômicos, estamos
interessados em dois aspectos moleculares:
1) as formas de suas distribuições espaciais da nuvem
eletrônica;
2) suas energias relativas.
O diagrama usual de ψ versus r para o orbital 1s de um
átomo A (Figura 1a) deve, porém, ser modificado para levar em
conta a variação de r entre -∞ e +∞, resultando no diagrama
mostrado na figura 1b.
3
bau). Onde dois elétrons, com spins emparelhados, irão para o
orbital 1s, dois para o orbital 2s, no nível 2p os dois elétrons
restantes poderão acomodar-se no mesmo orbital 2px, ou em
orbitais diferentes, 2px e 2py. A regra de Hund determina que
dois elétrons não pode ocupar o mesmo orbital, desde que haja
outro energeticamente equivalente desocupado. Assim, a
configuração eletrônica do átomo de carbono no estado
fundamental com dois elétrons desemparelhado é
1s22s22px12py1, com o orbital 2pz desocupado. O átomo de
carbono no estado excitado (mais alta energia) possui
configuração eletrônica 1s22s12px12py12pz1, agora com quatro
elétrons desemparelhados e pode por isso formar quatro
ligações com outros átomos ou grupos de átomos. A grande
quantidade de energia produzida pela formação destas duas
novas ligações contrabalança consideravelmente a energia
necessária para o desacoplamento inicial 2s2 e promoção de 2s
2p (≈ 406 kJ)
Hibridização
O átomo de carbono combina-se com outros quatro
átomos, formando entre as ligações ângulos de 109º 28’entre
si, isto pode ser explicado com base na mistura do orbital 2s e
dos três orbitais atômicos 2p de modo a produzir quatro novos
orbitais idênticos capazes de formar quatro ligações mais
fortes. Estes novos OA híbridos sp3 são obtidos pelo processo
chamado de hibridização.
z z
x + x
+
y y
3
2s 2px 2py 2pz hibrido sp
4
combina-se com três outros átomos, no eteno, três orbitais
atômicos híbridos sp2 dispostos em ângulos de 120º no mesmo
plano (hibridização trigonal plana), e quando o átomo de
carbono combina-se com dois outros átomos de carbono, etino,
são utilizados dois orbitais atômicos híbridos sp1 dispostos a
ângulos de 180º (hibridização diagonal), em cada caso o orbital
s está sempre envolvido, visto que é o de mais baixo nível de
energia.
5
elétrons de valência têm uma influência na estabilidade da
molécula (elétrons dos níveis inferiores também podem
contribuir para a ligação, mas para muitas moléculas simples o
efeito é pequeno). Além disso, a teoria OM considera que os
OA do nível de valência deixam de existir quando a molécula
se forma, sendo substituídos por um novo conjunto de níveis
energéticos que correspondem a novas distribuições da nuvem
eletrônica. Esses novos níveis energéticos constituem uma
propriedade da molécula como um todo e são chamados,
consequentemente de orbitais moleculares.
Observando os OM que são formados quando dois
átomos idênticos se ligam numa molécula diatômica, usando
um enfoque simples, consideremos que um OA de um átomo
se combina com um OA de um segundo átomo para formar
dois OM. Para que esse processo seja efetivo, duas condições
devem ser favorecidas:
1) os OA devem ter energias comparáveis;
2) eles devem se sobrepor de maneira significativa.
Os cálculos da mecânica quântica para a combinação
dos OA originais consistem em:
1) uma adição das funções de onda do OA;
2) uma subtração das funções de onda do OA.
Quando os dois átomos são diferentes, é incluído um
fator que leva em conta o fato de que os dois OAs não
contribuem igualmente para a formação dos OM. Os
resultados, então, são duas novas funções de onda, uma de
adição e outra de subtração. O quadrado da função de onda
para um elétron nos dá informações acerca da probabilidade
de encontrar este elétron em várias regiões do espaço. Quando
isto é feito para um OM, resultam informações sobre a
densidade da probabilidade para um elétron ocupando aquele
OM e, a partir dessas informações, as superfícies limites
correspondentes (e também os níveis energéticos) podem ser
6
encontradas. Este método é conhecido como a combinação
linear de orbitais atômicos, ou método LCAO (Linear
Combinations Atomic Orbitals) (Figuras 2 e 3)
Posição internuclear
7
nodal. A função de onda molecular é de sinal oposto em cada
lado deste plano nodal (Figura 2b). Quando se eleva a função
de onda ao quadrado (Figura 3 - linha cheia inferior), a
densidade de probabilidade resultante é obviamente positiva
em todos os lugares, exceto no plano nodal, onde é zero. Esta
deficiência de densidade eletrônica na região internuclear ajuda
a aumentar a energia potencial coulômbica do sistema, e o nó,
na função de onda, produz um aumento na energia cinética do
elétron. A energia total é, consequentemente, alta, os átomos
não estão ligados, e o orbital é descrito como antiligante.
Deve-se ter em mente que as representações dos OM
são análogas às representações dos OA e podem ser
interpretadas de duas maneiras equivalentes elas mostram:
1) a(s) região(ões) na(s) qual(is) o elétron passa a maior
parte do tempo, isto é, a(s) região(ões) de maior probabilidade
de encontrar-se o elétron ou, alternativamente,
2) a(s) região(ões) na(s) qual(is) a densidade da carga
eletrônica é alta.
Na figura 4 são mostradas as superfícies limites de dois
orbitais moleculares que são formados pela combinação de
dois orbitais atômicos 1s. Vemos à esquerda a sobreposição
dos OAs 1s e, à direita, os OM resultantes. O OM formado pela
subtração de funções de onda OA é representado por σs* (leia:
"sigma asterisco"), enquanto o formado pela adição é
representado por σs. O contraste entre esses dois OM é
grande. Há um aumento da densidade eletrônica de carga
entre os núcleos no orbital σs, mas um decréscimo na mesma
região no orbital σs*. Por essa razão, o orbital σs é chamado
orbital ligante, e o σs*, de orbital antiligante. O primeiro
tende a estabilizar a ligação, enquanto o último tende a
desestabilizá-la. Ambos são chamados orbitais σ porque estão
centrados e são simétricos ao redor do eixo de ligação. Uma
8
secção de cada orbital feita perpendicularmente ao eixo de
ligação apresenta um formato circular.
*
Figura 5. Formação de orbitais σ2s e σ2s pela adição e subtração de OA 2s.
9
distingue dos orbital σ1s e σ1s*. Na Figura 6, estão indicados os
sinais das funções de onda de acordo com a convenção usual.
Pode ser observado que os lóbulos positivos dos orbitais estão
orientados na direção positiva dos eixos, dando-se preferência
para o eixo x. Para os orbitais s, o lóbulo externo é sempre
considerado positivo (Figura 5).
Se dois orbitais estão a uma distância infinita um do
outro, a sua superposição é nula. Quando se aproximam, eles
se superpõem e formam um OM Ligante (superposição
positiva) e um OM antiligante (superposição negativa).
10
A figura 7 mostra que a superposição é positiva se
corresponder à combinação de funções de onda de mesmo
sinal, e será negativa se os sinais forem opostos.
Notamos que, na figura 7a, o orbital 2pz da direita tem
seu lóbulo negativo orientado segundo a direção positiva do
eixo z, o que significa que ele foi multiplicado por menos um.
Isso equivale a dizer que, em vez de soma, foi feita uma
subtração dos OA, enquanto que a figura 7b mostra uma soma
dos OA, pois ambos os OA estão orientados na mesma direção
do eixo z.
A combinação de dois orbitais p pode produzir
resultados diferentes, dependendo de quais orbitais p são
usados. Se o eixo x é o eixo de ligação, então dois orbitais 2px
podem se sobrepor quando eles se aproximarem segundo um
único eixo, como é mostrado na Figura 8. Os OM resultantes
constituem, como antes, um orbital ligante (σx) com carga
eletrônica acumulada entre os núcleos e um OM antiligante
(σx*) com decréscimo de carga entre os núcleos.
Esses orbitais são também classificados como σ, porque
são simétricos ao redor do eixo de ligação e são designados σx
e σx* para indicar que derivaram de OA px.
11
lóbulos e um orbital ligante com dois lóbulos. Esses orbitais
não são simétricos em relação ao eixo de ligação, em vez
disso, existem duas regiões, em lados opostos ao eixo da
ligação, nas quais a densidade da nuvem de carga é alta. Isto é
característico de um orbital π.
Observe que, o orbital ligante permite uma alta
concentração da carga eletrônica na região entre os núcleos,
enquanto o orbital antiligante mostra uma diminuição da
densidade de carga nessa região. (Na realidade, cada orbital
antiligante tem um plano nodal entre os dois núcleos).
12
antiligante. Os elétrons ocupam o OM Ligante em que é maior
a densidade eletrônica na região internuclear.
Dessa foram, será favorecida a atração núcleo-elétron e
minimizada a repulsão núcleo-núcleo, com a consequente
diminuição da energia potencial do sistema (Figura 11).
Quanto mais próximos os núcleos dos átomos de
hidrogênio ficam um do outro, tanto mais se superpõem os
orbitais e menor torna-se a energia. Há, todavia, um limite para
a aproximação, a partir do qual passa a dominar a repulsão
entre os núcleos. Existe, pois, uma separação de equilíbrio,
que é denominada comprimento de ligação, ao qual
corresponde uma energia mínima, a energia de ligação.
13
As linhas tracejadas diagonais mostram que os OM se
formaram dos OA indicados. A Figura 13 poder ser usada para
mostrar a formação dos OM de um par de qualquer orbital s
(2s, 3s, 4s, etc.). Em cada caso, um orbital antiligante e um
orbital ligante são formados.
14
Figura 14. Energias relativas dos orbitais σx em moléculas diatômicas
homonucleares
15
homonucleares no estado fundamental. Os elétrons são
adicionados a partir da base do diagrama para cima, para os
orbitais de maior energia.
A molécula mais simples é a de hidrogênio (H2). A Figura
16 mostra, à esquerda e à direita, elétrons colocados em dois
átomos de H não-ligados e, no meio do diagrama, a molécula
de H2 no estado fundamental. Os dois elétrons 1s vão constituir
um par (spins opostos) no orbital σs (ligante) da molécula. Este
par constitui uma ligação simples. A configuração eletrônica da
molécula de hidrogênio pode ser escrita como: H2 (σs)2
16
Devido ao fato de que o σs* (antiligante) está agora
preenchido e seu efeito desestabilizador cancela o efeito
estabilizador do orbital σs,. O resultado é que não há uma força
de atração entre os átomos de hélio devido ao número igual de
elétrons ligantes e antiligantes e, assim, He2 não existe.
Na teoria dos OM a ordem de ligação é definida como:
17
carbonos ligados entre si os núcleos são aproximados à
medida que vai de sp3 – sp3 sp2 – sp2 sp1 – sp1.
Entretanto, não é definida uma estrutura única para o
etano, a ligação sigma entre os átomos de carbono é simétrica
em torno de uma linha que une os dois núcleos, teoricamente,
é possível uma variedade infinita de estruturas diferentes
definida pela posição dos hidrogênios num átomo de carbono,
relativamente à posição dos átomos de hidrogênios no outro
átomo de carbono. De todas as estruturas possíveis, os dois
extremos são as formas eclipsadas e em estrela, conhecidas
como projeções em perspectiva de Newman.
H
H
HH H H
H
H
H H
H H
H H H
H H H
H H H H H
Eclipisada Em estrela
18
ligações sigma fortes com estes três átomos pela utilização de
três orbitais derivados por hibridização do orbital 2s e dois
orbitais atômicos 2p do átomo de carbono, um átomo
normalmente só mobiliza tantos orbitais híbridos quantos os
átomos ou grupos com os quais pode formar ligações sigma
fortes. Os orbitais híbridos sp2 resultantes encontram-se todos
no mesmo plano e com ângulos de ligação de 120º, um em
relação aos outros (orbitais trigonais planos). Na formação da
molécula do eteno, dois orbitais sp2 de cada átomo de carbono
são visualizados como sobrepondo-se aos orbitais 1s de dois
átomos de hidrogênios para formar duas ligações C–H sigma
fortes, enquanto que a terceiro orbital sp2 de cada átomo de
carbono se sobrepõe axialmente para formar uma ligação C–C
sigma forte entre eles. Verifica-se experimentalmente que os
ângulos das ligações H–C–H e H–C–C são de fato 116º7’ e
121º6’, respectivamente. O afastamento de 120º não é visto
que estão envolvidos diferentes trios de átomos.
Isto deixa, em cada átomo de carbono, um orbital
atômico não hibridizado 2p com ângulos retos com o plano
contendo os átomos de carbono e de hidrogênio. Estes dois
orbitais 2p paralelos um ao outro, podem sobrepor-se
resultando na formação de um orbital molecular ligante que se
estende sobre ambos os átomos de carbonos, situando-se
acima e abaixo do plano que contêm os dois átomos de
carbonos e os quatro átomos de hidrogênios.
19
que se forma tem efeito de fazer aproximar mais os átomos de
carbonos C=C, cuja distância no eteno é de 0,133 nm,
comparada com uma distância C–C de 0,154 nm no etano. A
sobreposição lateral dos orbitais atômicos p axial que ocorre na
formação de uma ligação π, a primeira é mais fraca do que a
última. Isto se reflete no fato de a energia de uma ligação dupla
carbono-carbono, embora superior a de uma ligação simples,
ser inferior ao dobro desta última. Assim a energia da ligação
C–C no etano e de 347 kJ/mol, enquanto que a de C=C no
eteno é de apenas 598 kJ/mol.
A sobreposição lateral dos dois orbitais atômicos 2p, a
força da ligação π, será claramente máxima quando os dois
átomos de carbonos e os quatros átomos de hidrogênios forem
exatamente coplanares, pois só nesta posição é que os orbitais
p são exatamente paralelos entre si, capazes de um máximo
de sobreposição. Qualquer deste estado coplanar, por torção
em torno da ligação σ que une os dois átomos de carbonos,
conduz a redução da sobreposição π, e a um decréscimo na
força da ligação π.
20
carbono, são paralelos aos do outro, e podem sobrepor-se com
formação de duas ligações π em planos a ângulos retos entre
si.
21
dois pares de elétrons desemparelhados. Isto deixa um orbital
não hibridizado p quer no oxigênio quer no carbono, e estes
podem sobrepor-se entre si lateralmente para formar uma
ligação π.
O ângulo da ligação C–C=O é de ≈ 120º, o comprimento
da ligação C=O de 0,122 nm e a energia da ligação 750 kJ/mol.
O fato de esta ser superior ao dobro da energia da ligação C–
O, enquanto que a energia da ligação C=C é inferior ao dobro
da de C–C, em parte, devido ao fato de os pares de elétrons
desemparelhados no oxigênio se encontrarem mais afastados,
e por isso mais estáveis em C=O do que em C–O, não
havendo circunstância equivalente com o carbono. O fato das
ligações carbono-oxigênio, ao contrário das ligações carbono-
carbono, serem polares também desempenha seu papel.
Um átomo de nitrogênio, com a configuração eletrônica
1s 2s2 2px1 2py1 2pz1, também utiliza orbitais híbridos na
2
Conjugação
Quando se considera moléculas que contêm mais de
uma ligação múltipla, dienos com duas ligações C=C, verifica-
se que compostos em que as ligações são conjugadas
(ligações múltiplas e simples alternadas) são ligeiramente mais
estáveis do que aquelas em que são isoladas.
H3C CH2 H2C CH2
22
Esta estabilidade termodinâmica superior de moléculas
conjugadas é comprovada pelo fato de apresentar um calor de
combustão e um calor de hidrogenação inferior ao de duplas
isoladas, e também na observação geral de que ligações
duplas isoladas podem ser induzidas a migrar rapidamente de
modo a tornarem-se conjugadas.
O Base O
H 3C H 3C
CH3 Catalisadores H 3C
23
estão mantidos pelo conjunto do sistema conjugado em vez de
serem localizados sobre dois átomos de carbonos em ligações
π, como no eteno ou em duplas isoladas. A acomodação dos
quatro elétrons nos orbitais moleculares ψ1 e ψ2 resulta na
distribuição eletrônica numa nuvem de carga numa dada região
da molécula ou nela como um todo.
A deslocalização é muito envolvida na estabilização de
estados excitados de dienos e de polienos, em geral, no
abaixamento do nível de energia dos seus estados excitados.
O seu efeito é reduzir a diferença de energia entre os estados
fundamental e excitado de moléculas conjugadas, por
comparação com aquelas que contêm duplas ligações
isoladas, e esta diferença de energia diminui progressivamente
à medida que aumenta a extensão da conjugação. Os dienos
simples absorvem na região do ultravioleta, mas à medida que
aumenta a extensão da conjugação, a absorção gradualmente
desloca-se para a região do visível e o composto torna-se mais
colorido. Ilustrado pela série de α, ω-difenilpolienos (C6H5–
(CH=CH)n–C6H5).
Série de difenilpolienos
Cor
(C6H5 – (CH = CH)n – C6H5)
n=1 Incolor
n = 2-4 Amarelo
n=5 Laranja
n=8 Vermelho
Benzeno e aromaticidade
No início da química orgânica, a palavra aromático foi
utilizada para descrever algumas substâncias que possuíam
fragrâncias, como o Benzaldeído (responsável pelo aroma das
cerejas, pêssegos e amêndoas), o tolueno (bálsamo) e o
benzeno (do carvão destilado). Entretanto, logo se observou
que essas substâncias denominadas aromáticas eram
24
diferentes da maioria dos compostos orgânicos em relação ao
comportamento químico.
O
C CH3
H
H N
O Cl
H H N CH3
HO
OH
25
com orbitais atômicos p e ângulos retos em relação ao plano
do núcleo, em cada um dos seis átomos de carbono.
26
A influência desta nuvem de carga negativa com o
reagente que atacará o benzeno, onde na primeira fase da
reação envolve a interação entre o eletrófilo que se aproxima e
os orbitais π deslocalizados, chama-se complexo π.
O comprimento de todas as ligações carbono-carbono
no benzeno é 0,140 nm, fazendo com que o benzeno seja um
hexágono regular, comprimento intermediário entre os valores
normais para uma ligação simples de 0,154 nm e uma ligação
dupla de 0,133 nm. Esta regularidade pode ser evidenciada se
evitar escrever estruturas de Kekulé para o benzeno, uma vez
que são claramente representações inadequadas, e usando em
vez disso a representação abaixo.
27
-1
+ H2 ∆Η = − 120 kJ mol
-1
+ 2H2 ∆H = - 232 kJ mol
-1
+ 3H2 ∆H = - 208 kJ mol
4H2 H2
-1 -1
∆H = - 410 kJ mol ∆ H = - 96 kJ mol
28
molécula tem que ser plana; b) todos os orbitais ligantes
completamente preenchidos. Esta condição verifica-se em
sistemas cíclicos com 4n + 2 elétrons π (regra de Hückel), e o
arranjo que ocorre de longe mais vulgarmente em compostos
aromáticos, por exemplo, quando n = 1, isto é, o composto tem
6 eletrons π, 10 eletrons π (n = 2) estão presentes no naftaleno,
e 14 eletrons π (n = 3) no antraceno e fenantraceno.
+ - +
Cátion cicloheptatrienilo Ânion ciclocilcopentadienilo Cátion ciclopropenilo
29
N
30
Nunca é de mais acentuar que o ânion etanoato não tem
duas estruturas possíveis e alternativas, que são rapidamente
interconvertidas, mas uma só estrutura real, por vezes
designada como um híbrido, para as estruturas canônicas
menos exatas.
De um modo geral, quanto mais estruturas canônicas
puderem ser escritas para um dado composto, maior será a
deslocalização dos elétrons, e mais estável será o composto.
Estas estruturas não devem diferir muito umas das outras em
conteúdo energético, ou então as de energia mais elevada
contribuirão tão pouco para o híbrido que a sua contribuição se
torna praticamente irrelevante.
As estruturas escritas devem todas elas conter o mesmo
número de elétrons emparelhados, e os átomos constituintes
devem todos eles ocupar essencialmente as mesmas posições
relativamente uns aos outros em cada estrutura canônica. Se a
deslocalização for significativa, todos os átomos ligados a
centros insaturados devem situar-se no mesmo plano, ou
aproximadamente no mesmo plano.
R . + .X
R .X R:
-
+ X
+
+ -
R + X
31
para o outro átomo da ligação, resultando, neste caso, um íon
negativo e um íon positivo. Quando R e X não são idênticos, a
fissão pode ocorrer de um ou de outro dos modos, dependendo
se é R ou X que retém o par de elétrons. Ambos estes
processos são designados como fissão heterolítica, sendo o
resultado a formação de um par iônico. A formação de uma
ligação covalente pode ocorrer pelo processo inverso de
qualquer destes processos e, também, pelo ataque dos
radicais ou íons primeiramente formados a outras espécies.
Esses radicais ou pares iônicos formam intermediários
reativos numa grande variedade de reações orgânicas, como
se mostrará mais adiante. As reações envolvendo radicais
tendem a ocorrer na fase gasosa e em solução em solventes
não-polares, catalisadas pela luz ou pela adição de outros
radicais. As reações que envolvem pares iônicos ocorrem mais
rapidamente em solução em solventes, devido a maior
facilidade de separação de carga nessas condições, e
frequentemente devido a estabilização dos pares iônicos
resultantes através da solvatação. Muitos destes intermediários
iônicos podem ser considerados como transportando a sua
carga no átomo de carbono, embora o íon seja muitas vezes
estabilizado por deslocalização da carga, em maior ou menor
extensão, sobre outros átomos e carbono, ou átomos de
elementos diferentes.
Quando o átomo de carbono tem uma carga positiva, é
designado como íon carbônion (carbocátion), e quando é
carregado com uma carga negativa é um carbânion. Embora
tais íons possam formar-se e estar presente apenas em
concentração pequena, são de máxima importância no controle
das reações em que participam.
Estes três tipos, radicais, íons carbônion e
carbânions, de modo algum esgotam as possibilidades de
intermediários transientes em que o carbono é o centro ativo,
32
outros incluem as espécies elétron deficientes carbenos, R2C:,
e benzinos
Efeitos indutivos
Numa ligação covalente simples entre átomos
diferentes, o par eletrônico que forma a ligação sigma nunca é
partilhado de modo absolutamente igual entre os dois átomos,
ele tende a ser atraído para o mais eletronegativo dos dois
átomos. Assim no cloreto de alquila, a densidade eletrônica é
maior, próximo do cloro do que do carbono.
H - H
δ+ δ
H C Cl H C Cl
H H
33
se, por sua vez, de um pouco mais do que a sua parte dos
elétrons da ligação sigma que o liga a C2, e assim por diante
ao longo da cadeia. O efeito de C1 em C2 é inferior ao de Cl
sobre C1, no entanto, a transmissão rapidamente se
desvanece numa cadeia saturada, sendo geralmente muito
reduzida para se notar além do C2.
A maior parte dos átomos e grupos ligados ao carbono
exerce estes efeitos indutivos na mesma direção que o cloro,
isto é, são retiradores de elétrons, por serem mais
eletronegativos do que o carbono, sendo a principal exceção os
grupos alquila e elétrons doadores. Embora o efeito seja
quantitativamente pequeno, é responsável pelo aumento de
basicidade que resulta quando um dos átomos de hidrogênio
do amoníaco é substituído por um grupo alquila, pela rápida
substituição do anel aromático no metilbenzeno do que no
benzeno propriamente dito.
Todos os efeitos indutivos são polarizações
permanentes no estado fundamental da molécula, e
manifestam-se nas suas propriedades físicas, por exemplo,
momento de dipolo.
Efeitos mesoméricos
Estes são essencialmente redistribuições de elétrons
que podem ocorrer em sistemas insaturados, especialmente
em sistemas conjugados, via seus orbitais π. Um exemplo é o
grupo carbonilo, cujas propriedades não são explicadas de
modo totalmente satisfatório pela formulação clássica, nem
pelo dipolo extremo obtido pela deslocalizaçao dos elétrons π.
34
A estrutura real situa-se entre aquelas, um híbrido
resultante das formas canônicas.
Haverá também um efeito indutivo, mas muito menor do
que o efeito mesomérico, visto que os elétrons sigmas são
muito menos rapidamente deslocados do que os elétrons π.
Se o grupo C=O estiver conjugado com C=C, a
polarização acima pode ser transmitida mais além, via elétrons
π.
O
- + δ-
H3C O H3C +
H3C δ O
CH CH
- - +
+ H2 O + H 3O
35
estabilização do íon fenóxido, que não envolve separação de
cargas.
+ + +
: OH OH OH OH
- -
36
uma vez atingido, se decompor para dar de novo os materiais
de partida.
Estes efeitos variáveis, com o tempo, sendo apenas
temporários, não se refletirão nas propriedades físicas dos
compostos. Muitas vezes é impossível distinguir
experimentalmente entre efeitos permanentes e efeitos
variáveis com o tempo, mas nunca é de mais acentuar que
apesar das dificuldades em distinguir que proporções de um
dado efeito são devidas a fatores permanentes e a fatores
variáveis com o tempo, de fato a aproximação de um reagente
pode ter um efeito no aumento de reatividade numa molécula
reagente, e assim promover a reação.
Hiperconjugação
A grandeza relativa do efeito indutivo de grupos alquilas
verifica-se seguir normalmente a ordem:
(CH3)3 – C– < (CH3)2 – CH– < CH3 – CH2 – < CH3–
Quando os grupos alquilas estão ligados a um sistema
insaturado, uma ligação dupla ou um grupo benzênico, verifica-
se que aquela ordem é perturbada e, no caso de alguns
sistemas conjugados, é de fato invertida. Parece assim que os
grupos alquilas são capazes, nessas circunstâncias, de dar
origem a um aumento de densidade eletrônica por um
mecanismo diferente do efeito indutivo. Este foi explicado como
ocorrendo através de uma extensão do efeito mesomérico ou
de conjugação, ocorrendo a deslocalização, como segue.
H +
H
-
H C CH2 H C CH2
H H
H H H H
+ + +
H C H H C H H CH H CH
- -
37
Este efeito foi designado por hiperconjugação e tem sido
utilizado com sucesso para explicar vários fenômenos de
outros modos não relacionáveis. Deve acentuar-se que não se
está de fato a sugerir que um próton fica livre como mostrado
na figura acima, se deslocasse da sua posição original uma
das condições necessárias para a deslocalização ocorrer, seria
contrariada.
A inversão da ordem esperada (indutiva) de elétron
doação para CH3 > CH3CH2 > (CH3)2CH > (CH3)3C pode ser
explicada com base na hiperconjugação ser dependente da
presença de hidrogênio nos átomos de carbono alfa em relação
ao sistema insaturado. Esta está claramente num máximo com
CH3 e é não existente com (CH3)C, e daí a maior capacidade
elétron doadora dos grupos CH3 nestas condições.
H CH3 CH3 H3C
H H H3C H3C
38
Isto resulta na formação preferencial de alcenos não
terminais, em reações que poderiam conduzir a ambos ou aos
seus isômeros terminais por introdução da ligação dupla, e a
isomerização bastante rápida do composto menos estável no
mais estável.
Efeitos estereoquímicos
Até aqui discutimos fatores que podem influenciar a
disponibilidade relativa de elétrons em ligações, ou em átomos
particulares, num composto e assim afetar a reatividade desse
composto. A atuação destes fatores pode, no entanto, ser
modificada ou até mesmo anulada pela influência de fatores
esteroquímicos; assim, a deslocalização efetiva via orbitais π só
pode ter lugar se os orbitais p ou π, nos átomos envolvidos na
deslocalizaçao, puderem tornar-se paralelos ou praticamente
paralelos. Se houver impedimento, não pode ter uma
sobreposição significativa, e a deslocalizaçao pode ser inibida.
Um exemplo é dado pela comparação entre o comportamento
da N,N-dimetilanilina e os seus derivados 2,6-dialquilados. O
grupo N,N-Me2, sendo elétron doador (devido ao par de
elétrons não compartilhado no nitrogênio interagir com os
orbitais π deslocalizados no núcleo), ativa o núcleo em relação
ao ataque pelo cátion diazônio PhN2+, em relação ao
acoplamento azóico, conduzindo a substituição na posição
para.
H3C CH3 H3C .. CH3
H3C + CH3 N
N: N
+ +
PhN2 -H
PhN N PhN N
H
39
introduzidos estarem afastado um do outro para que o seu
volume interfira diretamente com o ataque a posição para. O
não acoplamento nesta posição é devido aos dois grupos
metilas, nas posições orto a NMe2, interferindo
estereoquimicamente com os dois grupos metilas ligados ao
nitrogênio e impedindo assim que estes se situem no mesmo
plano do anel benzênico. Isto significa que os orbitais p no
nitrogênio e no átomo de carbono do anel ao qual se encontra
ligado são impedidos de se tornarem paralelos entre si, e a
sobreposição é assim inibida. A interação eletrônica com o anel
é impedida, e não ocorre transferência de carga.
H3C .. CH3
N
H3C CH3
TIPOS DE REAGENTES
Os grupos elétron doadores e elétron retiradores
possuem efeito de tornar um local de uma molécula rico ou
40
deficiente em elétrons. Isto vai claramente influenciar o tipo de
reagente com o qual o composto reagirá mais facilmente. Uma
espécie rica em elétrons, como o ânion fenóxido,
-
O O
O δ-
41
Esta diferença de eletrófilo/nucleófilo pode ser
considerada como um caso especial da ideia ácido/base. A
definição clássica de ácidos e bases é que os primeiros são
doadores de prótons, e os segundos são aceitadores de
prótons. Esta ideia foi tornada mais geral por Lewis, que definiu
ácidos como compostos preparados para aceitar pares de
eletrons, e bases como substâncias capazes de fornecer esses
pares. Isto incluiria certo número de compostos não
anteriormente considerados como ácidos e bases, exemplo o
trifluoreto de boro, que atua como um ácido aceitando o par de
eletrons do nitrogênio da trimetilamina para formar o complexo
neutro, e é, portanto, chamado de um ácido de Lewis.
- +
F3B + : N(CH3)3 F3B : N(CH3)3
Nucleófilos
- - - - - - - - - - -
H , BH4 , HSO3 , HO , RS , CN , RCO2 , RCC , (EtCO2)2CH , O:, N:, S:, MgBrR , LiR
42
substrato, porque embora NO2+, OH-, etc. sejam normalmente
considerados como reagentes, o carbânion ((EtCO2)2CH-) pode
ser o reagente ou substrato quando reage, por exemplo, com
um haleto de alquila. A reação do primeiro com o último é um
ataque nucleofílico, enquanto que a do segundo com o primeiro
é considerado como um ataque eletrofílico, mas qualquer que
seja o ponto de vista, numa reação, é encarado o reagente, a
sua natureza essencial não está por um momento sequer em
dúvida.
Deve-se recordar que as reações que envolvem radicais
como entidades reativas são também conhecidas. Estas são
muito menos susceptíveis a variações em densidade eletrônica
no substrato do que as reações que envolvem intermediários
polares, mas em geral são mais fortemente afetadas pela
adição de pequenas quantidades de substâncias que ou
libertam ou removam radicais. Serão consideradas mais
adiante.
TIPOS DE REAÇÕES
Há quatro tipos de reações que os compostos orgânicos
podem sofrer.
a) Reação de deslocamento (substituição); b) Reação de
adição; c) Reação de eliminação; d) Rearranjo.
Em (a) é a substituição no carbono que normalmente se
refere, mas o átomo substituído pode ser hidrogênio ou outro
grupo.
Na substituição eletrofílica geralmente o hidrogênio é
deslocado, sendo a substituição aromática clássica um bom
exemplo.
H NO2
- +
+ NO2 + H
43
Na substituição nucleofilica é frequentemente, um
átomo, que não é o hidrogênio, é deslocado, porém a
substituição nucleofílica do hidrogênio também pode ocorrer.
- -
NC + R Br CN R + Br
H3C Br H3C OH
CH3 H3C CH3 CH3
- HBr
H3C H CH3 H3C H3C CH3
CH3 H
44
um grande rearranjo do esqueleto carbonado de um composto,
como na conversão de 2,3-dimetilbutan-2,3-diol (pinacol) em
2,2-dimetilbutan-3-ona (pinacolona).
H3C H3C
CH3 CH3
- H 2O
45
6. Pesquise sobre a isomerização abaixo:
O O
Base
A B C
46
47
UNIDADE II – ENERGÉTICA, CINÉTICA E INVESTIGAÇÃO
DE MECANISMOS
ENERGÉTICA DE REAÇÕES
A conversão de reagentes em produtos, que constitui
uma reação orgânica, e “em que extensão ocorrerá à reação
para formar os produtos?” É o queremos saber. Os sistemas
tendem a deslocar-se em direção ao seu estado mais estável,
por isso podemos prever que quanto mais estáveis forem os
produtos, comparados com os reagentes, mais deslocado o
equilíbrio estará do lado dos produtos, quando maior diferença
na estabilidade (∆estabilidade), maior a conversão esperada em
produtos.
48
tendência dos sistemas ordenados para se tornarem
desordenados, sendo a medida do grau de desordem de um
sistema dada pela sua entropia (S). Ao procurar a sua condição
mais estável, os sistemas tendem para um número de energia
(entalpia, H) e um máximo de entropia (desordem ou acaso),
pelo que uma medida da sua estabilidade relativa deve abarcar
um compromisso entre H e S, e é fornecido pela energia livre
de Gibbs (G) que é definida por:
G = H - TS
em que T é a temperatura absoluta. A variação de
energia livre durante uma reação a uma dada temperatura é
dada por
∆G = ∆H – T∆S,
e verifica-se que a variação de energia livre partindo
dos reagentes para os produtos, ∆G, relaciona-se com a
constante de equilíbrio K, para a reação, pela relação
∆G = 2,303RT logK,
isto é, quanto maior o decréscimo de energia livre,
partindo dos reagentes para produtos, maior será o valor de K,
e mais o equilíbrio estará deslocado a favor dos produtos. A
situação de energia livre mínima corresponde à posição de
equilíbrio para reagentes/ produtos. Para uma reação em que
não há variação de energia livre (∆G = 0), K = 1, corresponde a
50% de reagentes em produtos. Valores positivos crescentes
de ∆G implicam em valores fracionários menores de K,
correspondendo a uma conversão extremamente reduzida em
produtos, enquanto que valores negativos maiores de ∆G
implicam valores maiores de K. Assim um ∆G de -42 kJ
corresponde a uma constante de equilíbrio de 107, e a uma
conversão completa em produtos. O conhecimento das
energias livres de padrão de reagentes e de produtos, foram
determinadas para um grande número de compostos
49
orgânicos, permite-nos prever a extensão de conversão dos
reagentes.
O fator ∆H para a transformação pode ser equacionado
com a diferença de energias entre as ligações nos reagentes e
as ligações nos produtos, e um valor aproximado de ∆H para
uma reação pode, muitas vezes, ser previsto a partir de tabelas
de energias de ligação padrão, visto que foi a partir de valores
de ∆H que as energias médias de ligações foram calculadas.
O fator entropia não pode ser explicado de modo simples, mas
efetivamente relaciona-se com o número de modos possíveis
em que a energia total, pode ser compartilhada entre um
conjunto de moléculas, e também o número de modos em que
o quanto de energia de uma molécula pode ser compartilhado
para efeitos translacionais, rotacionais e vibracionais, sendo o
translacional o de maior magnitude. Assim para uma reação
em que há um aumento de espécies moleculares ao passar-se
de reagentes para produtos, é provável que haja um acréscimo
apreciável de entropia devido ao ganho em liberdade
translacional.
A→B+C
50
As reações de ciclização podem ter decréscimo de
entropia, embora não seja necessária uma variação de entropia
translacional, é imposta uma restrição à rotação em torno das
ligações simples carbono-carbono, e esta é essencialmente
livre no reagente de cadeia aberta, mas muito restringida no
produto cíclico. Esse termo de entropia rotacional é menor do
que o termo de entropia translacional envolvido em reações em
que o número de espécies participantes decresce ao
formarem-se produtos.
CINÉTICA DE REAÇÕES
Embora o valor negativo para ∆G seja uma condição
necessária para que uma reação ocorra para dado um conjunto
de condições, é necessária mais informação, já que o valor de -
∆G nada nos diz quão rápido os reagentes são convertidos em
produtos.
51
(C6H10O 5) n + 6nO 2 6nCO 2 + 5nH2O
∆G-
Produtos
Caminho da reação
Reagentes ∆G
Energia livre
∆G-
Produtos
Caminho da reação
52
Deve acentuar-se que este é apenas um estado altamente
instável, que é atingido durante um processo dinâmico, e não
uma espécie molecular, um intermediário, que pode ser
detectado ou até mesmo isolado. Um exemplo é o estado de
transição na hidrólise alcalina do bromometano, em que a
ligação HO–C forma-se ao mesmo tempo em que a ligação C–
Br está se quebrando, e os três átomos de hidrogênio ligados
ao carbono passam por uma configuração em que todos se
encontram no mesmo plano.
53
diferentes T1 e T2, utilizando a expressão de Arrhenius que
relaciona k com T, a temperatura absoluta, (K).
k = Ae-E/RT ou log10k = (Eativação/2,303RT) + log10A
54
remoção de alíquotas seguida pela sua determinação
titrimétrica, ou indiretamente por observação de variações
colorimétricas, conductimétricas, espectroscópicas, etc.
Qualquer que seja o método usado, a etapa crucial
normalmente envolve a tentativa de correlacionar os dados
cinéticos não tratados com possíveis funções variáveis de
concentração, quer graficamente, que por cálculo, até que um
resultado que se ajuste razoavelmente seja obtido. Assim, para
a reação,
CH3Br + -OH CH3OH + Br-
a equação de velocidade é,
Velocidade = k[CH3Br][ -OH]
onde, k é chamado a constante de velocidade para a reação.
A reação de segunda ordem; de primeira ordem em relação ao
CH3Br e ao OH-.
Tal coincidência de estequeometria e lei de velocidade é
bastante rara, a primeira não é geralmente de todo um guia
para a segunda, que só pode ser determinada por
experimentos em laboratórios. A equação da reação de
bromação catalisada por base da propanona é
CH3COCH3 + Br2, (-OH)catalisador CH3COCH2Br + HBr,
e a equação da velocidade, onde o bromo não aparece,
Velocidade = k[CH3COCH3][ -OH]
55
Mas quando a estequiometria é menos extrema, as
reações são normalmente complexas, constituídas por um
número de etapas sucessivas (geralmente colisões entre dois
corpos). A etapa que medimos é a mais lenta, e por isso
determinante da velocidade da reação, na converção de
reagentes em produtos.
x1
x2
Reagentes
∆G2
Energia livre
∆G1
Intermediário
Produtos
Caminho da reação
56
Deve acentuar-se que embora esta explicação seja uma
dedução razoável da equação de velocidade estabelecida
experimentalmente, esta última não se pode dizer que prova a
primeira. A equação da velocidade determinada
experimentalmente da informação acerca das espécies que
estão envolvidas na etapa determinante da velocidade de uma
reação, e esta sendo incluida, na verdade a equação de
velocidade específica a composição, mas não, a estrutura do
estado de transição para a etapa determinante da velocidade.
Esta etapa não fornece informação direta acerca de
intermediários nem das espécies que estão envolvidas nos
processos rápidos, não determinantes da velocidade.
Ao considerar-se o efeito que uma alteração nas
condições do solvente ou na estrutura do material de partida
pode ter sobre a velocidade de uma reação, precisamos saber
qual o efeito que tais alterações terão sobre a estabilidade do
estado de transição, quaisquer fatores que sirvam para
estabilizar, conduzirão à mais rápida formação, e o inverso
igualmente se aplicará. Raramente é possível obter tal
informação detalhada acerca destes ET de energia elevada,
geralmente podemos tomar os intermediários relevantes como
modelos para eles e ver os efeitos que tais alterações exerçam
sobre estes. Tal modelo é razoável, o intermediário
transientemente formado na da bromação da propanona
assemelha-se muito, em termos de nível de energia livre, ao
ET do que seria o reagente. Em substituições eletrofílicas
aromáticas são utilizados complexos σ como modelos para os
ET que são os seus precursores imediatos.
O efeito de um catalisador é o de aumentar a velocidade
de uma reação, através da diminuição da energia de ativação,
na formação de um novo intermediário mais estável (de menor
energia).
57
E.T. para a reação não catalisada
Produtos
Caminho da reação
58
isto o que se observa, porque se uma ou mais das reações
alternativas for reversível, ou se os produtos forem facilmente
interconvertíveis nas condições reacionais, a composição da
mistura final de produtos pode ser ditada não pelas velocidades
de formação relativas dos diferentes produtos, mas sim pelas
suas estabilidades termodinâmicas relativas no sistema
reacional, esta então está em presença de controle
termodinâmico ou de equilíbrio. Na nitração do metilbenzeno, a
reação é cineticamente controlada, enquanto que na alquilação
de Friedel-Crafts da mesma espécie, a reação é controlada em
geral pela termodinamica. A forma de controle que ocorre
também pode ser influenciada pelas condições reacionais,
assim a sulfonação do naftaleno com H2SO4 concentrado a 80°
é cineticamente controlada, enquanto que a 160° é
termodinamicamente controlada.
59
reações orgânicas, se obtém mais do que um produto, então
em geral é necessário conhecer também as proporções
relativas em que os produtos são obtidos com exatidão através
de técnicas de cromatografia e por métodos espectroscópicos,
entre outros, pode ocorrer por controle cinético ou
termodinâmico.
A informação sobre os produtos de uma reação pode ser
informativa quando um deles é totalmente desconhecido.
Assim, a reação de 4-metilclorobenzeno (p-clorotolueno) com
íons amina, -NH2, em amoníaco líquido conduz não só ao
produto previsto, 4-metilfenilamina (p-toluidina), mas também
ao produto bastante inesperado 3-metifenilamina (m-toluidina),
que na realidade é o produto majoritário.
Dados Cinéticos
A maior quantidade de informação sobre percursos
reacionais provém de estudos cinéticos, mas a interpretação
dos dados cinéticos em termos mecanísticos não é sempre tão
simples como poderia parecer à primeira vista. Assim, as
espécies reagentes efetivas, cuja concentração na verdade
determina a velocidade da reação, podem diferir das espécies
que foram colocadas inicialmente na mistura reacional, e cuja
60
concentração variável estamos de fato a procurar medir. Deste
modo, na nitração aromática a espécie atacante efetiva é
+
geralmente NO2, mas é HNO3 que colocamos na mistura
reacional e cuja concentração variável que medimos; a relação
entre as duas pode ser complexa e assim, portanto, também a
relação entre a velocidade da reação e [HNO3]. Apesar de a
reação essencial ser simples, pode não ser fácil deduzir isso a
partir das quantidades que podemos rapidamente medir.
E assim, também, se a hidrólise numa solução aquosa
do haleto de alquilo, RX, se verifica, segui a equação de
velocidade.
Velocidade = k1[RX]
Não é necessariamente seguro concluir que a etapa
determinante da velocidade não envolve a participação de
água, simplesmente com base em que [H2O] não figura na
equação de velocidade; porque se a água está a ser usada
como solvente, estará presente em grande excesso, e a sua
concentração permanecerá virtualmente inalterada quer
participe ou não na etapa determinante da velocidade. O
assunto poderia talvez ser esclarecido se fizesse a hidrólise em
outro solvente, como o HCO2H e usando uma concentração
muito menor de água como um nucleófilo potencial. Pode então
verificar-se que a hidrólise segue a equação de velocidade.
Velocidade = k2[RX][H2O]
61
intermediários polares, por exemplo, íons carbónio ou
carbânions como constituintes de pares iônicos, estão
envolvidos, pois estas espécies normalmente transportam um
invólucro de moléculas de solvente em torno de si, afetando
enormemente sua estabilidade, e é fortemente influenciado
pela composição e natureza do solvente utilizado,
particularmente a sua polaridade e a capacidade de
solvatação. Pelo contrário, reações que envolvem radicais são
muito menos influenciadas pela natureza do solvente, mas são
grandemente influenciadas pela adição de fontes radicalares
como peróxidos ou absorventes de radicais como quinonas, ou
pela luz que pode iniciar a reação através da produção de
radicais por ativação fotoquímica,
hv
Br2 Br . .Br.
A utilização de isótopos
Um assunto que muitas vezes intriga é saber se uma
dada ligação sofreu ou não ruptura, numa etapa ou, incluindo o
62
passo determinante da velocidade de uma reação, os dados
cinéticos simples não nos podem dar estas informações, e por
isso é necessário recorrer técnicas mais abrangentes. Se, por
exemplo, a ligação em causa for C–H, a equação pode ser
resolvida comparando a velocidade de reação, nas mesmas
condições, do composto em que estamos interessados e do
seu análogo em que aquela ligação foi substituída por uma
ligação C–D. As duas ligações terão a mesma natureza
química, uma vez que estão envolvidos isótopos do mesmo
elemento, mas as suas frequências de vibração, e as suas
energias de dissociação, serão ligeiramente diferentes porque
estão envolvidos átomos de massa diferentes, quanto maior for
a massa, mais forte será a ligação. Esta diferença em força de
ligações em condições comparáveis, a ligação mais forte C–D
será quebrada mais lentamente do que a ligação C–H, cálculos
da mecânica quântica sugerem uma diferença de velocidade
máxima, kH/kD, de ≈ 7 a 25°.
Também se podem usar isótopos para resolver
mecanísticos que não são cinéticos. Na hidrólise de ésteres,
para dar um ácido e um álcool, em teoria, ocorre pela quebra
em (a) quebra alquilo/oxigênio, ou em (b) quebra acila/oxigênio:
63
acila/oxigênio. Deve acentuar-se que estes resultados só são
válidos desde que nem o ácido nem o álcool, uma vez
formados, possam eles próprios trocar o seu oxigênio com
18
água enriquecida e O, como de fato se demonstrou ser o
caso.
Uma grande variedade de outros marcadores isotópicos,
3
H (ou T),13C, 14C, 15N, 32P, 35S, 37Cl, 131I, etc., têm sido também
utilizados para fornecer informação mecanística importante; os
isótopos do carbono são particularmente úteis uma vez que
este elemento ocorre em todos os compostos orgânicos. As
maiores dificuldades envolvidas nos estudos com marcação
isotópica são: (a) síntese seletiva, de modo que o marcador
isotópico seja introduzido numa posição (ou posições)
conhecida no composto a testar; (b) degradação seletiva do
produto da reação para estabelecer a localização do marcador;
e (c) acompanhamento do conteúdo em marcador isotópico por
medidas de radioatividade (3H, 14
C, 32
P, 35
S, etc.), de
13 15 18
espectroscopia de massa (D, C, N, O, etc.) ou outros
métodos.
O estudo de intermediários
Entre as provas mais concretas que podem ser obtidas
acerca do mecanismo de uma reação, encontra-se a fornecida
pelo isolamento efetivo de um ou mais intermediários da
mistura reacional.
É muito mais comum não isolar quaisquer
intermediários, mas isto não significa que nenhum se forme. A
sua ocorrência pode, muitas vezes, ser inferida de
determinações físicas e espectroscópicas, feitas sobre o
sistema. Assim na formação de oximas a partir de um número
de compostos carbonílicos por reação com hidroxilamina.
64
A banda de absorção no infravermelho característica de
C=O (1780 – 1760 cm-1) no material de partida desaparece
rapidamente e pode ter desaparecido por completo antes que a
banda característica de C=N (1690 – 1635 cm-1) no produto
comece aparecer. Claro que deve formar um intermediário, e
outras provas sugerem que é a carbinolamina que se forma
rapidamente e depois decompõe lentamente para dar os
produtos, a oxima e água.
Quando não temos razão para suspeitar do
envolvimento de uma espécie particular como um intermediário
instável no percurso de uma reação, pode ser possível
confirmar as nossas suspeitas, introduzindo na mistura
reacional uma espécie reativa que se preveja e reaja com
particular rapidez com o intermediário postulado. Pode então
ser possível fazer divergir o intermediário instável do principal
percurso reacional capturando-o e isolar uma espécie estável
no qual ele é incorporado.
O estudo dos intermediários fornece uma ou mais pistas
que auxiliam a definir o caminho de uma reação, e os próprios
intermediários podem fornecer provas acerca dos estados de
transição, os quais são tomados como modelos.
Critérios estereoquímicos
A estereoquímica de uma reação pode fornecer
esclarecimentos sobre o mecanismo sugerido. Assim, a
bromação catalisada por base da PhCOCHMeEt, opticamente
ativa, forma um produto racêmico opticamente inativo, indica
que a reação
65
deve ocorrer através de um intermediário planar, que pode
sofrer ataque de ambos os lados, conduzindo a iguais
quantidades das duas formas do produto que são imagens num
espelho uma da outra.
A adição do ciclopenteno ao bromo em condições
polares da o trans dibrometo, indica que o mecanismo da
reação não pode ser adição numa só etapa da molécula de
bromo à dupla, porque isto conduziria ao dibrometo cis.
66
3. Qual a correlação entre energia livre de ativação e
velocidade de reação? Escreva a equação de Arrhenius, que
correlaciona K (constante de velocidade) com T (temperatura).
67
68
UNIDADE III. ÁCIDOS E BASES
+ -
(CH3)3N: + BF3 (CH3)3N : BF3
ÁCIDOS
Força ácida - pKa
A força de um ácido, HA, em água, e a extensão em que
é dissociado pode ser determinada, considerando-se o
equilíbrio.
H2O + HA H 3O + + A -
Ka ≈
[H O ][A ]
3
+ −
[HA]
A concentração da [H2O] está incorporada no Ka ,
porque a sua concentração não varia signficativamente. Deve
acentuar-se que Ka, a constante de acidez do ácido em água,
é apenas aproximada (como acima), se usar concentrações em
69
vez de atividades, o que seria mais correto; é uma premissa
razoável, no entanto, desde que a solução seja bastante
diluída. A constante de acidez é influenciada pelo solvente em
que o ácido é dissolvido e por outros fatores. Para se evitar
escrever potências negativas de 10, o Ka é geralmente
convertido em pKa (pKa = -log10 Ka); assim enquanto que o Ka
para o ácido etanóico em água a 25° é 1,79 x 10-5, o pKa =
4,76. Quanto menor for o valor numérico de pKa, mais forte
será o ácido a que se refere.
Os ácidos muito fracos, aqueles que o pKa é maior que
16, não serão detectáveis como ácidos em água, uma vez que
a [H30+] que produzem nesse meio é inferior à produzida pela
autólise da própria água.
+ -
H2O + H 2O H3O + OH
70
Comparando-se esses fatores, evidência –se que (a)
não é normalmente um fator limitante, mas o efeito (b) é
refletido no fato de o pKa do metanol, CH3O-H, ser 16,
enquanto que o do metano, CH3-H é 43, sendo o oxigênio
consideravelmente mais eletronegativo que o carbono. Em
contraste, o pKa do ácido metanóico é 3,77. Isto deve-se em
parte ao grupo carbonilo elétron retirador, que aumenta a
afinidade eletrônica do átomo de oxigênio ao qual está ligado o
hidrogênio, mas muito mais importante é (c), a estabilização do
ânion metanoato resultante, comparada com a molécula de
ácido metanóico não dissociada.
71
-
O O O O
- -
A influência do solvente
Considerando a água como solvente ionizante, para
compostos orgânicos, tem uma desvantagem, alguns desses
compostos não são solúveis em água na forma não ionizada. A
água é um solvente ionizante eficaz devido (a) à sua elevada
constante dielétrica e (b) à sua capacidade de solvatar íons. A
primeira propriedade justifica que quanto maior a constante
dielétrica de um solvente, menor é a energia eletrostática de
qualquer par de íons nele presente, assim quanto mais
facilmente esses íons se formam, mais estáveis são em
solução, e menos facilmente se recombinam uns com os
outros.
72
Os íons em solução polarizam fortemente as moléculas
de solventes mais próximas, constituindo à sua volta um
envelope de moléculas de solvente, quanto maior a extensão
de formação desse, maior a estabilização do íon, dispersando
ou deslocalizando a sua carga. A eficácia peculiar da água,
como um meio solvatante de íons, resulta do fato de que a
água é polarizada com extrema facilidade e por ser de tamanho
pequeno, pode solvatar, e assim estabilizar, quer cátions ou
ânions. O efeito é acentuado com ânions, pois pode ocorrer
uma solvatação do tipo ligação hidrogênio, e esta não pode em
geral ocorrer com cátions, mas no caso particular de ácidos, o
cátion inicial, H+, também pode solvatar-se através da
formação de ligações hidrogênio com as moléculas de água.
HO H OH H
- + +
H Y + nH2O H Y H O H
HO H OH H
73
promover a sua recombinação com um próton, por comparação
com o sistema ânion metanoato/ácido metanóico.
- -
O O
H3C C H C
O O
Ânion Ânion
Acetato Metanoato
74
moléculas neutras de um lado do equilíbrio, e íons do outro. O
principal fator que contribui para o ∆S são as camadas de
solvatação de moléculas de água que rodeiam RCO2- e H30+, e
a restrição, em termos de aumento de ordenação, que é assim
imposta às moléculas de água como solvente, o aumento de
ordenação não é tão grande como seria de esperar já que há
bastante ordenação na própria água líquida. A diferença de
força entre o ácido metanoico e etanoico está assim
relacionada com a solvatação diferencial dos seus ânions.
A substituição de grupos alquila ao ácido etanoico tem
menor efeito do que a primeira substituição, sendo agora
essencialmente um efeito de segunda ordem; a influência na
força do ácido não é sempre tão regular, desempenhando a
sua influência nos fatores estereoquímicos e outros, observam-
se os seguintes valores de pKa.
75
muito mais acentuado com o átomo de carbono hibridizado sp1
de uma ligação tripla, e assim o pKa do ácido propiônico,
HC≡CCO2H, é 1,84. Uma situação análoga ocorre com os
átomos de hidrogênios do eteno e do etino, os do primeiro são
um pouco mais ácidos do que os hidrogênios no etano,
enquanto que os do etino são suficientemente ácidos que
podem ser rapidamente substituídos por um certo número de
metais.
H H H H H
O O O O O
H C F C Cl C Br C I C
H OH H OH H OH H OH H OH
pKa = 4,76 pKa = 2,57 pKa = 2,86 pKa = 2,90 pKa = 3,16
Cl O Cl O
Cl C Cl C
H OH Cl OH
76
da série principalmente devida à variação de ∆S. Isto resulta do
fato de o átomo de halogênio substituinte provocar a
deslocalização da carga negativa sobre o conjunto de todo o
ânion, impondo restrição sobre as moléculas de água que o
rodeiam do que o ânion etanoato cuja carga está concentrada,
estando localizada no CO2-.
H - H -
O O
F C C H C C
H O O
H
O O O
C + C C
O 2N Me 3N NC
OH OH OH
pK a = 1,68 pK a = 1,83 pKa = 2,47
O O O O
EtO 2C C MeCO C 77 MeO C HO C
OH OH OH OH
pKa = 3,35 pK a = 3,58 pK a = 3,53 pK a = 3,83
dois últimos grupos não são capazes de exercer um efeito
mesomérico, no sentido oposto do seu efeito indutivo, devido
aos átomos de carbono saturados. Estes efeitos podem ser
observados nos seguintes valores de pKa.
Fenol pH
C6H5OH 9,95
o-O2NC6H4OH 7,23
m-O2NC6H4OH 8,35
p-O2NC6H4OH 7,14
2,4-(O2N)2C6H5OH 4,01
2,4,6-(O2N)3C6H2OH 1,02
78
O efeito da introdução de grupos alquila elétron doador
no anel benzênico é pequeno.
Fenol pKa
C6H5OH 9,95
o-MeC6H4OH 10,28
m-MeC6H4OH 10,08
p-MeC6H4OH 10,19
o-O2NC6H4CO2H 2,17 +
m-O2NC6H4CO2H 3,45
p-O2NC6H4CO2H 3,43 - N
+
-
3,5-(O2N)2C6H3CO2H 2,83
O O
79
O efeito particularmente acentuado com o-NO2 pode ser
devido à distância muito curta sobre a qual atua o poderoso
efeito indutivo, mas não se pode excluir mais interação direta
entre os grupos vizinhos.
A presença de grupos como OH, OMe, ou halogênio
possuindo um efeito indutivo elétron retirador, mas um efeito
mesomérico elétron doador quando nas posições o- e p- pode,
no entanto, fazer com que os ácidos p- substituídos sejam mais
fracos do que o m- e, por vezes, ainda mais fracos do que o
próprio ácido não substituído, ex: ácido p- hidroxibenzóico.
pKa de R – C6H5CO2H O O O O
-
H Cl Br OCH3 OH
-
o- 4,20 2,94 2,85 4,09 2,98
m- 4,20 3,83 3,81 4,09 4,08
:R R+
p- 4,20 3,99 4,00 4,47 4,58
O H O
(3) (4)
80
A ligação de hidrogênio intramolecular pode atuar no
ácido não dissociado tal como no ânion, mas provável que seja
consideravelmente mais eficaz no último do que no primeiro,
porque a carga negativa no oxigênio do ânion conduzirá a uma
ligação hidrogênio mais forte. O efeito é ainda maior quando
pode ocorrer ligação hidrogênio com grupos hidroxilas em
ambas as posições orto, e por isso o ácido 2,6-hidroxibenzóico
tem um pKa = 1,30.
Ácidos dicarboxílicos
O grupo carboxila tem um efeito indutivo elétron
retirador, é de esperar que a presença de um segundo grupo
carboxila num ácido o torne mais forte, diminuindo os valores
de pKa.
81
de um sistema cíclico negativamente carregado no ânion
derivado do último. Os ácidos etanodióicos (oxálico), 1,3-
propanodióico (malônico) e 1,4-butanodióico (succínico) são,
cada um deles, mais fracos nas suas segundas dissociações
do que, respectivamente, os ácidos metanoico, etanoico e
propanoico. Isto se deve ao fato de o segundo próton ter de ser
removido de uma espécie negativamente carregada contendo
um substituinte elétron doador, CO2- , que pode desestabilizar o
ânion relativamente ao ácido não dissociado, quando
comparado com o sistema não substituído.
BASES
pKb, pKBH+ e pKa
A força de uma base (B:) em água, pode ser
determinada considerando-se equilíbrio.
+ -
B: + HOH BH2 + OH
Kb =
[BH ][OH ]
+ −
[B]
O termo [H2O] assemelha-se ao caso dos ácidos, é
incorporado em Kb porque a água está presente em tal excesso
que a sua concentração não varia significativamente, também
aqui as concentrações são usadas em vez das atividades mais
corretas, desde que a solução seja razoavelmente diluída.
No entanto, é comum descrever a força de bases
também em termos de Ka e pKa, estabelecendo assim uma
única escala contínua, quer para ácidos ou para bases. Para
tornar isto possível, utiliza-se, como a reação de referência
para bases, no equilíbrio,
+ +
BH2 + HOH B: + H 3O
82
[: B][H 3 O + ]
Ka =
[BH ]+
Bases alifáticas
A força crescente das bases nitrogenadas está
relacionada com a facilidade com que estão preparadas para
aceitar prótons e, portanto, com a disponibilidade do par de
elétrons não compartilhado no átomo de nitrogênio, devemos
prever um aumento em força básica na série NH3→ RNH2→
R2NH→ R3N, devido ao crescente efeito indutivo de sucessivos
grupos alquilas que tornam o átomo de nitrogênio mais
83
negativo. Verificou-se que uma série de aminas tem, no
entanto, os valores relativos de pKa que seguem.
84
determinações de basicidade num solvente em que a formação
de ligações hidrogênio não possa ocorrer. Em clorobenzeno,
verificou-se que a ordem de basicidade das butilaminas é:
BuNH2 > Bu2NH > Bu3N
embora os seus pKa em água sejam 10,61; 11,28; 9,87.
A introdução de grupos retiradores de elétrons, Cl, NO2,
próximo a um centro básico diminui a basicidade, devido ao
efeito indutivo negativo, assim a amina (CF3)3–N é virtualmente
não básica, devido aos três grupos CF3, fortemente elétron
retiradores.
A variação é também pronunciada com C=O, porque não
só o átomo de nitrogênio, com o seu par de elétrons, está
ligado a um grupo elétron retirador através de um átomo de
carbono hibridado sp², mas pode também operar um efeito
mesomérico elétron doador.
-
O O
R C R C
+
:NH2 NH2
−
δ
O O
Bases aromáticas
As aminas aromáticas são bases mais fracas que as
alifáticas em mais fracas que o próprio amoníaco.
Aminas Anilina Metilanilina Amoníaco Ciclohexilamina
pKa 4,62 10,67 9,25 10,68
86
de elétrons não compartilhado no nitrogênio pode interagir com
as orbitais deslocalizadas do anel.
+ + +
NH2 NH2 NH2 NH2
- -
87
O efeito indutivo pequeno, aumentando o caráter básico
que os grupos alquila exercem, não é suficientemente para
influenciar a estabilização da molécula da anilina numa
extensão significativa, e pode mesmo ser modificado por
fatores estereoquímicos e solvatação. Um grupo com efeito
indutivo (elétron retirador) mais poderoso, NO2, tem mais
influência. A retirada de elétrons é intensificada quando um
grupo nitro se encontra na posição o- e p-, porque a interação
do par de elétrons não compartilhado do nitrogênio do grupo
amino com o sistema de orbitais deslocalizados do anel
benzênico é assim acentuada. Deste modo, a molécula neutra
ainda mais estabilizada relativamente ao cátion resulta num
enfraquecimento ainda maior como uma base. Assim, observa-
se que as nitroanilinas têm os seguintes valores de pKa.
C6H5NH2 4,62
o-NO2C6H4NH2 -0,28
m- NO2C6H4NH2 2,45 + +
N N
p- NO2C6H4NH2 0,98
- - -
O O O O
88
elétron doador, isto é, fortalecedor de caráter básico, das
posições o- e p-, mas não da posição m-, resultando que a
anilina p- substituída é uma base mais forte do que o
correspondente composto m-. O composto m- é uma base mais
fraca do que a própria anilina, devido ao efeito indutivo elétron
retirador exercido pelo átomo de oxigênio, em cada caso.
Como em outros casos, o efeito do substituinte o- permanece
anômalo, devido à interação direta com o grupo NH2 quer por
efeitos estereoquímicos quer por efeitos polares. Verifica-se
que as anilinas substituídas têm os seguintes valores de pKa.
p- p- 5,29
5,30
HOC6H4NH2 CH3OC6H4NH2
+
- N
O O
89
Na 2,4,6-trinitroanilina, o grupo NH2 é suficientemente
pequeno para que seja imposta essa limitação, a formação de
ligações de hidrogênio entre os átomos de oxigênio dos grupos
o-NO2 e os átomos de hidrogênio do grupo NH2 pode de fato
ajudar a manter estes grupos na orientação planar requerida.
As orbitais p podem adquirir uma orientação paralela, e a força
da base é enormemente reduzida pelo efeito mesomérico
elétron retirador pelos três grupos NO2.
- H + H - - H + H -
O N O O N O
+ + + +
N N N N
O O O O
+ +
- N - N -
O O O O
Bases heterocíclicas
A piridina é o protótipo dessa classe. A piridina é um
composto aromático, o átomo de nitrogênio está hibridado sp2 e
contribui com um elétron para o sistema 6eπ (4n = 2, n = 1);
isto deixa um par de elétrons não compartilhado disponível no
nitrogênio (acomodado num orbital híbrido sp²), e verifica-se
que a piridina é básica (pKa = 5,04). No entanto, é uma base
muito mais fraca do que aminas alifáticas terciárias, e nesta
característica de bases, o átomo de nitrogênio está ligado por
uma ligação múltipla. Isto se deve ao fato de à medida que o
átomo de nitrogênio se torna ligado por ligações múltiplas, o
seu par de elétrons não compartilhados é acomodado numa
orbital que tem mais caráter s. O par de elétrons é atraído para
o núcleo do nitrogênio e ligado mais fortemente por ele,
tornando-se assim menos disponível para formar uma ligação
com um próton, com diminuição na basicidade do composto, ao
ir de:
90
H3C H2C
H3C N N HC N
H3C H3C
N
..
.. ..
N N
H H
Pirrol Pirrolidina
91
A protonação se for forçada no pirrol, não tem lugar no
nitrogênio, mas sim no átomo de carbono. Isto acontece porque
a incorporação do par de elétrons não compartilhado do átomo
de nitrogênio no sistema aromático 6eπ deixa o átomo N
positivamente polarizado, os prótons tendem a ser repelidos
por ele, e são assim aceitos pelo átomo de carbono adjacente.
A situação de basicidade assemelha-se bastante à já
encontrada com a anilina pelo fato do cátion estar
desestabilizado relativamente à molécula neutra. O efeito é
muito mais pronunciado com o pirrol, que para funcionar como
uma base tem de perder todo o caráter aromático, e
consequente estabilização, refletindo no seu valor de pKa
comparado com o da anilina. O pirrol é uma base muito fraca e
pode funcionar como um ácido, embora muito fraco, já que o
átomo de H do grupo NH pode ser removido por bases fortes,
–
como NH2, sendo o ânion resultante estabilizado por
deslocalização.
-
NH2
.. ..
N N
H -
92
Base EN(↓) P (↑) facilmente oxidável PE não ligado
mole
Base EN P (↓) não oxidável PE muito ligado
dura (↑)
Ácido EN P (↑) densidade de carga PE orbitais p ou d (átomo cen
mole (↓) + (↓) grande)
Ácido EN P (↓) densidade de carga não tem PE (átomo cen
duro (↑) + (↑) pequeno)
EN: Eletronegatividade; P: Polarizabilidade; (↓): baixo;
(↑): alto; PE: Par de Elétron
93
Ácidos Duros Ácidos Moles Ácidos
Intermediários
+ + + + + Fe3+ Co2+ Cu2+
H Li Na Cu Ag Pd 2+
+
Pt2+ Hg2+ BH3 Zn2+ Sn2+ Sb3+
K Mg2+ Ca2+
BMe3 SO2 R3C+
Al3+ Cr3+ Fe3+ GaCl 3 I2 Br2
NO+ C6H5+
BF3 B(OR)3 AlMe3 CH2 (carbenos)
AlCl3 AlH3 SO3
+
RCO CO2
HX (moléculas com
ponte de hidrogênio)
94
3º ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO
-
a) HC CH2, C CH b) CH2 CON(Et)2 , [(CH3)2CH]2N
95
9. Para cada um dos seguintes pares indique a base mais
forte.
a) CH3COCH2COCH3 b) H2NCH2CH2OH
O
NH
c)
d) HN N
NH2
H
HO
N
MeO
O O
O EtOH O Na
NC
NaCN
O
O
O EtOH O Na
EtS
EtSNa
O
O
96
14. Justifique a diferença de acidez dos seguintes isômeros:
97
Demonstrou-se que a hidrólise do haleto primário
clorometano (cloret de metila) em base aquosa se dá de
H H
+ - H -
δ δ - -
- δ δ + Cl
HO + C Cl HO C
HO C Cl H
H H
H H H
acordo com a equação (Velocidade = k2[R–X][HO-]), e esta foi
interpretada como envolvendo a participação de ambos o
haleto de alquila e o íon hidroxila na etapa determinante da
velocidade (mais lenta) da reação. Ingold tinha sugerido um
estado de transição em que o íon hidroxila ataca ficando
parcialmente ligado ao átomo de carbono reagente antes que o
íon cloreto tenha dele desligado. A energia necessária para
efetuar a quebra da ligação C–Cl é fornecida pela energia que
é produzida na formação da ligação HO–C . Cálculos de
mecânica quântica mostram que a aproximação pelo íon
hidroxila ao longo da linha dos centros dos átomos de carbono
e de cloro é a que apresenta requisitos energéticos mais
baixos. Isto pode ser representado como se indica a seguir.
98
para dar o par iônico R+Cl-, seguida pelo ataque rápido, não
determinante da velocidade, por –OH ou pelo solvente.
H3C
H2 O CH3
Cl +
+
-
H3C C Cl
H3C Lento
H3C CH3
CH3
HO
rápido CH3
CH3 - CH3
+ - OH
C Cl
H3C CH3 H2 O
rápido H3C + H3C
+ -H
OH 2 OH
H3C H3C
H3C H3C
99
mas como [H2O] permanece efetivamente constante, a
equação de velocidade de fato observada será
Velocidade = kobs [RX],
e determinações cinéticas simples em solução aquosa
sugerirão erradamente que a reação é do tipo SN1.
Efeito do solvente
Mudandça no solvente em uma reação exerce um efeito
profundo na sua velocidade e pode, de fato, resultar mesmo
numa mudança do seu percurso mecanístico. Assim, para um
haleto que sofre hidrólise pelo mecanismo SN1, um aumento na
polaridade do solvente (aumento de ε, constante dielétrica)
e/ou sua capacidade de solvatar íons resulta num aumento
acentuado da velocidade de reação. Por isso, a velocidade de
solvólise do haleto terciário Me3CBr é 3 x 104 vezes mais
rápida em etanol aquoso 50% do que só em etanol. Isto sucede
porque, no mecanismo SN1, a carga é desenvolvida e
concentrada no estado de transição em comparação com o
material de partida.
-
+ δ + -
R X δ R X
R X
- -
- δ δ 100 Nu R
-
X
Nu + R X +
Nu R X
estado de transição, em comparação com os materiais de
partida.
101
Efeito da estrutura
Ao considerar-se a série de haletos:
CH3 – Br CH3 – CH2 – Br (CH3)2 – CH2 – Br
(CH3)3 – C – Br
O primeiro e último compostos são hidrolisados
facilmente, enquanto que os dois intermédios são mais
resistentes. A determinação das suas velocidades de hidrólise
com solução aquosa etanólica, diluída, de hidróxido de sódio
gera o seguinte gráfico.
102
efeito provavelmente é pequeno, e os fatores estéreoquímicos
são mais importantes, A hidroxila (–OH) terá mais dificuldade
em atacar o átomo de carbono que está ligado o bromo à
medida que esse átomo se encontra mais substituído. Se o
estado de transição da reação de SN2 resultante tiver cinco
grupos em torno desse átomo de carbono (comparado com
apenas quatro no haleto inicial), haverá um aumento da
obstrução espacial ai ir-se do haleto inicial para o estado de
transição, e esta obstrução relativa aumentará à medida que
aumenta o tamanho dos substituintes originais (H→Me).
Quanto maior a obstrução no estado de transição relativo aos
materiais de partida, maior será a sua energia, e portanto
formar-se-á mais lentamente. A velocidade da reação SN2
diminuirá à medida que se prossegue ao longo da série.
Relação CH3I CH3CH2Cl (CH3)2CHCl (CH3)3CCl
Velocidade
1 2,7 x 10-2 4,9 x 10-4 2,2 x 10-5
( SN2)
e de hiperconjugação,
+
H CH2 H CH2
103
dos átomos de hidrogênio ligados aos carbonos α, tendo a
referida série de íons carbônio respectivamente, 3, 6 e 9
desses átomos de hidrogênio.
A interação das ligações H–C com o átomo de carbono
transportando a carga positiva é obtido ao se substituir H por D
no haleto original, verificando-se então que a velocidade de
formação do par iônico diminui em ≈ 10% por átomo de
deutério incorporado, um resultado só é compatível se as
ligações H–C estiverem envolvidas na ionização. Isto é
conhecido por efeito cinético isotópico secundário,
secundário porque é uma ligação que não aquela que
transporta o marcador isotópico que sofre ruptura. Em
termos estereoquímicos, há um alívio da obstrução ao passar-
se do haleto inicial para uma conformação tetraédrica dos
quatro substituintes em torno do átomo de carbono hibridizado
sp3, para o íon carbônio, com uma conformação planar de três
substituintes (cinco para o E.T. SN2) em torno do átomo de
carbono agora com hibridização sp2. Os três substituintes estão
afastados uns dos outros no íon carbônio planar, e o efeito
relativo diminui o impedimento e aumentará à medida que os
substituintes aumentam de tamanho (H→Me). A velocidade de
reação SN1 aumentará à medida que se percorre a série.
Uma vez que a velocidade SN2 diminui e a velocidade
SN1 aumenta ao longo da série de haletos, tornam-se evidentes
as razões da alteração de mecanismo.
Uma alteração mecanística semelhante é observada,
embora mais rápido, ao percorrer-se a série.
CH3 – Cl, C6H5 – CH2 – Cl, (C6H5)2 – CH – Cl, (C6H5)3 –
C – Cl
Assim, para a hidrólise em acetona em água a 50%,
observa-se para o fenilclorometano (cloreto de benzilo) uma
equação de velocidade mista de segunda e primeira ordem,
passando quase completamente para o mecanismo SN1
104
quando apenas em água. A principal razão para a maior
promoção de ionização, com consequente passagem para o
mecanismo SN1 nesta série, é a considerável estabilização do
íon carbônio, por deslocalização da sua carga positiva, que é
agora possível.
+ +
CH2 CH2 CH2 CH2
+ +
105
ajudaria a estabilizar quer o estado de transição SN2 quer o íon
carbônio envolvido no mecanismo SN1. Muitas das mesmas
considerações aplicam-se aos halobenzenos, como carbonos
hibridizado sp2 e o sistema orbital π do anel benzênico.
A influencia de fatores estereoquímicos no mecanismo
da reação é particularmente observado quando ocorre
substituição na posição β.
106
O E.T. do 1-bromo-2,2-dimetilpropano estará num nível
de energia mais elevado, ∆G será maior e a velocidade de
reação correspondente mais baixa.
O efeito da estrutura na reatividade relativa pode ser
observado com particular clareza quando um átomo de
halogênio está localizado na cabeça de ponte de um sistema
bicíclico. Assim, observaram-se as seguintes velocidades para
a solvólise em etanol aquoso 80% a 25°C:
Br Br
Br
Relação H3C
CH
Velocidade ≈ ≈
1
( SN2) 10-6 10-14
107
átomo de carbono em cabeça de ponte (íon carbônio para uma
ponte com um carbono biciclo[2,2,1]1-bromoheptano do que
para uma com dois carbonos bicilco[2,2,2]1-bromooctano).
Esta rigidez no 1-bromotripticeno faz com que o átomo
de bromo seja inerte a nucleófilos.
Br Br
Relação
-
CH3CO2
R = PhCH2
R - R R' = CH3
HO CH3
HO CH3CO O R" = H
R' R' Ar = p-CH3C6H4
(-) R" H3C R"
109
sabe-se que a formação de um éster com cloreto de 4-
metilbenzenosulfonila (tosila) não quebra a ligação C–O do
álcool, pelo que o tosilato deve ter a mesma configuração que
o álcool original. Sabe-se que a reação deste éster com
CH3CO2- é uma substituição em que ArSO3-(Ar = p-MeC6H4) sai
e é introduzido MeCO2-, donde a ligação C–O quebra nesta
reação, e, assim, pode ocorrer inversão de configuração na
formação de acetato. Na hidrólise alcalina do acetato, não
envolve quebra da ligação alquil-oxigênio C–O, porque o álcool
tem a mesma configuração que o acetato. Como se verifica
que álcool opticamente inativo (-) é a imagem num espelho do
material de partida, o álcool opticamente ativo (+), direção
oposta de rotação óptica, durante a série de reações, tem de
ter ocorrido uma inversão de configuração, e só pode ter
ocorrido durante a reação de MeCO2- com tosilato. A reação
deste tosilato com um número de outros íons mostrou que
ocorre inversão de configuração na reação com Br- , para dar o
brometo, e este como o acetato tem configuração oposta à do
álcool de partida.
110
R
R HO
R - R'
HO 50% R"
C Br
R' C+ H3C CH+3
R" (+)
R' - R" - R
Br HO
OH
R'
R" 50%
111
for vida de R+, mais difícil é o ataque pelo nucleófilo, e maior a
proporção de racemização
Assim, a solvólise de (+)C6H5CHMeCl, que pode formar
um íon carbônio estabilizado de tipo benzílico, conduz a 98%
de racemização, enquanto que a de (+)C6H13CHMeCl, em que
não há estabilização comparável, conduz apenas a 34% de
racemização. A solvólise de (+)C6H5CHMeCl em 80% de
acetona e 20% de água conduz a 98% de racemização, mas
em água apenas, observa-se somente 80% de racemização.
As mesmas considerações gerais aplicam-se a reações de
substituição nucleofílicas por Nu: tal como à solvólise, exceto
quando R+ tiver tempo de vida maior, pelo menos em parte, o
solvente que tem de ser removido antes que o Nu: possa
atacar R+. É importante notar que a racemização é nitidamente
um requisito estereoquímico menos importante para reações
SN1 do que a inversão é para as reações SN2.
Me Me
SOCl2
C OH C Cl + SO2 + HCl
Ph Ph
H H
112
cloretos de alquila. Os subprodutos da reação inorgânicas,
dióxido de enxofre e ácido clorídrico, ambos são gases à
temperatura ambiente e são facilmente removidos, tornando-se
fácil isolar o cloreto de alquila.
Os álcoois terciários são facilmente convertidos em
cloretos de alquila primário e secundário na presença de ácido
clorídrico e cloreto de tionilo. As reações com cloreto de tionila
normalmente são realizadas na presença de carbonato de
potássio ou piridina.
H3C CH3
H3C CH3
CH2 CH2
CH2 CH2
HO Inversão (1)
- O
* HO * Cl H3C CH3
Cl -
H3C H3C CH2 CH2
H H
-
(10) (11)
O C* HO
-
H3C CH3 H3C CH3 HO CH3
H
CH2 CH2 CH2 CH2 Inversão (2)
(12)
H 2O
HO * OH -O C* OH
H3C H C
113
3
H H
(14) (13)
mesma configuração.
Nucleófilo
A alteração do reagente utilizado, o grupo de entrada
(nucleófilo), não alterará diretamente a velocidade de uma
reação de substituição SN1, porque este reagente não toma
parte na etapa determinante da velocidade da reação. No
entanto, numa substituição SN2, quanto mais forte for o
reagente nucleofílico, mais rápido a reação ocorre. Pode talvez
esperar-se que um reagente nucleofílico se correlacione com a
sua basicidade, ambas envolvem a disponibilidade de pares
eletrônicos e as facilidade com que são doados. O paralelo não
é de modo algum exato, a basicidade envolve a doação de
pares eletrônicos ao hidrogênio, enquanto que a nucleofilia
envolve a doação de pares eletrônicos para outro átomo,
114
frequentemente o carbono. A basicidade envolve uma situação
de equilíbrio (termodinâmico), ∆G, enquanto que nucleofilia
envolve normalmente um equilíbrio cinético, ∆G≠, a basicidade
é provável que seja pouco afetada por influências
esteroquímicas, enquanto que a nucleofilia pode ser muito
afetada.
Esta distinção resulta em certa medida que foi
introduzida entre bases moles e bases duras.
Base dura é aquela em que o átomo doador é muito
eletronegativo, de baixa polarizabilidade e difícil de oxidar, –OH,
–
OR, R3N:.
Base macia é aquela em que o átomo doador tem baixa
eletronegatividade, polarizabilidade elevada e é fácil oxidar,
RS-, I-, SCN-. Para um dado grau de basicidade, a moleza
promove a nucleofilia. Os dados relativos a basicidade são em
geral os mais acessíveis e podem ser utilizados como guias
para a nucleofilia, desde que comparados com análogos.
Quando o átomo atacante for o mesmo, os dois são
razoavelmente paralelos, e quanto mais forte é a base, mais
poderoso é o nucleófilo.
EtO- > PhO- > MeCO2- > NO3-
115
menor a influência exercida pelo núcleo sobre os elétrons
periféricos, que assim se tornam mais facilmente polarizáveis,
conduzindo à iniciação de ligação a separações nucleares
crescentes. Também quanto maior o íon ou grupo nucleófilo,
menor a sua energia de solvatação, mais rapidamente é
convertido no nucleófilo eficaz largamente não solvatado. É a
combinação destes fatores que torna o íon iodeto, I-, grande,
altamente polarizável e pouco solvatado, num nucleófilo muito
melhor do que o íon fluoreto, F-, pequeno, dificilmente
polarizável e muito solvatado (ligações de hidrogênio com um
solvente hidroxilado), apesar de este ser a base mais forte.
Neste caso, devemos esperar que a velocidade da
reação, ao passar de um solvente hidroxilado para um solvente
não-prótico polar, aumente muito menos com I- do que com Br-
ou Cl-.
Outro aspecto também interessante surge com
nucleófilos que tem mais do que um, geralmente dois átomos
adequados dos quais podem atacar o substrato, nucleófilos
ambidentados.
- -
X Y X Y
- .. .. -
C N C N
.. .. ..
+ - - + -
Lento Ag Br R+ Rápido R N C
R Br + Ag CN + + CN
116
Na ausência daquela indução por Ag+, com Na+[CN]-,
verifica-se que a reação SN2 resultante ocorre com ataque
- -
- δ δ -
NC + R Br NC........ R ........ Br N C R + Br
preferencial no átomo mais polarizável do nucleófilo.
O grupo abandonador
A alteração do grupo abandonador afetará a velocidade
das reações SN1, e SN2, desde que em ambas, a quebra da
ligação ao grupo abandonador está envolvida na etapa
determinante da velocidade. Em ambos os casos, a força da
base é sem dúvida um aspecto com algum significado, mas
nas reações SN2 a redistribuição de cargas negativas no ET e,
tal como com o grupo de entrada, a polarizabilidade no átomo
ligante do grupo de saída estará em cheque na formação do
ET. Esta é a principal razão para a sequência de reatividade
SN2 de haletos.
R – I > R – Br > R – Cl > R – F
117
(abandonador), e por isso é frequentemente utilizado para
induzir (substituir) numa reação de substituição lenta.
Lento + -
H2O : + R Cl HO R + H Cl
-
I + R Cl Rápido
-
I R + Cl
+- Rápido
H I + R OH
118
- -
Br + R OH X Br R + HO
+
H
- +
Br + R OH Br R + H2O
119
3. Qual a correlação entre a polaridade do solvente e a
velocidade de uma reação que se processa via mecanismos
SN1 e SN2?
120
c) Cloreto de etila ou cloreto de vinila?
121
Tipo de reação Expressão da lei de
velocidade
a) Substituição nucleofilica de primeira v = k[CH3Cl]
ordem
b) Substituição nucleofilica de sugunda v = k[CH3Cl][OH-]
ordem
c) Adição eletrofilica de primeira ordem v = k[OH-]
d) Adição eletrofilica de segunda v = k[CH3Cl]2
ordem
e) Adição eletrofilica seguida de v = k[CH3Cl][OH-]2
eliminação
122
123
UNIDADE V - SUBSTITUIÇÃO ELETRÓFILICA E
NUCLEÓFILICA EM SISTEMAS AROMÁTICOS
124
H D D
AlCl3 AlCl4-
+ DCl +
(-H+)
125
reação de HCl com alcenos, não existe este fator para
favorecer a substituição, e a reação é de adição.
Nitração
Esta é uma reação de substituição aromática, muito
estudada, e, em consequência, é a reação que provavelmente
fornece um quadro mecanístico mais detalhado. A reação de
nitração é feita com uma mistura de ácidos nítrico e sulfúrico
concentrados, chamada mistura nitrante.
O ácido sulfúrico reage com o ácido nítrico e não sobre o
benzeno, na mistura reacional. Isto é evidenciado, porque as
soluções de ácido nítrico em ácido sulfúrico puro apresentam
uma depressão quádrupla do ponto de congelação molecular, o
que foi interpretado como sendo devido à formação dos quatro
íons.
H2SO4 H
+
H2SO4
HO NO2 O NO 2 H3O+ + HSO4- + +NO2
H
ou
+
HNO3 + 2 H2SO4 NO2 + H3O+ + HSO4-
126
Muitas nitrações estão de acordo com uma lei de
velocidade, Velocidade = k[Ar–H][+NO2], mas na prática, por
diversas razões, a cinética da reação nem sempre é fácil de
acompanhar ou de interpretar.
A lei de velocidade para a reação de nitração do
benzeno é compatível com o seguinte mecanismo postulado. A
nitração ocorre pelo mecanismo em etapas, envolvendo um
estado de transição simples, onde a formação da ligação C–
NO2 é lenta e determinante da velocidade, passando por um
intermediário, e após ocorre a quebra rápida da ligação C–H.
H NO2 NO2
Lenta Rápida
+
+ NO2 + H+
+
H NO2
+
NO 2
+ +NO2
+ H+
Caminho da reação
127
Hammond, segundo o qual, numa dada sequência, as espécies
que se sucedem imediatamente se assemelham em termos
energéticos também se assemelham quanto à estrutura. Na
figura acima é provável que o intermediário seja um modelo
melhor para o ET do que o material de partida.
Compostos aromáticos extremamente reativos, como o
fenol, sofrem nitração rápida mesmo em ácido nítrico diluído, e
a uma velocidade muito maior do que pode ser explicado com
+
base na concentração de NO2 presente na mistura.
Demonstrou-se ser isto devido à presença de ácido nitroso no
sistema, o qual efetua a nitrosação do núcleo reativo através
do íon nitrosônio, +NO (ou outra espécie capaz de realizar a
nitrosação).
HNO3 + 2 HNO3 H3O+ + 2NO3- + +NO
OH OH OH
OH
+
NO NO3- HNO3 + HNO2
+
H NO NO NO 2
Halogenação
Ao contrário da nitração, a halogenação pode envolver
vários eletrófilos diferentes no ataque ao sistema aromático. Os
halogênios livres, Cl2 e Br2, atacam rapidamente um núcleo
ativado como o fenol, mas são incapazes de substituir o próprio
benzeno (contudo, a ativação fotoquímica pode conduzir a
adição por ação dos átomos livres de halogênio), sendo, para
128
tal, necessário um ácido de Lewis catalisador, como AlCl3, que
polariza a molécula de halogênio, tornando-a com uma
extremidade eletrofílica.
A lei de velocidade para a halogenação é geralmente da
forma:
Velocidade = k[Ar–H][X2][ácido de Lewis]
É provável que o benzeno forme um complexo π com,
por exemplo, Br2, e que o ácido de Lewis interague então com
esse complexo. O catalisador provavelmente polariza a ligação
Br–Br, assiste na formação de uma ligação σ entre a molécula
de bromo, agora com uma extremidade eletrofílica, e um átomo
de carbono do anel remove o íon brometo na formação do
complexo σ.
Br Br
H
Br Br FeBr 3
-
Br 2 - FeBr 4
+ + HBr + FeBr 3
129
Na reação de iodação do fenol e de 2,4,6-trideuteriofenol
kH/kD ≈ 4, sugerindo um mecanismo onde há um equilíbrio
entre as espécie dos reagentes e do estado de transição. A
iodação é geralmente assistida pela presença de bases ou de
agentes oxidantes, que removem HI e assim deslocam o
equilíbrio para a direita. Os agentes oxidantes também tendem
a produzir, a partir de I2, I+ ou um complexo contendo iodo
positivamente polarizado e proporcionando um eletrófilo mais
eficaz. A halogenação também pode ocorrer utilizando-se
compostos inter-halogenados, Brδ+–Clδ-, Iδ+–Clδ-, etc.,
ocorrendo o ataque através do halogênio menos eletronegativo
sendo esta a extremidade eletrófila da molécula. Verifica-se
que as duas espécies referidas efetuam, respectivamente, a
bromação e a iodação.
Sulfonação
A reação de sulfonação do benzeno é uma reação na
qual um átomo de hidrogênio em um anel aromático é
substituído por um grupo funcional ácido sulfônico.
O benzeno é sulfonado de modo relativamente lento por
ácido sulfúrico concentrado, a quente, mas rapidamente por
ácido sulfúrico fumegante (estando a velocidade da reação
relacionada com o concentração de SO3 no ácido) ou por SO3
em solventes inertes. O eletrófilo atacante pode ser o SO3 ou o
+
seu ácido conjugado, SO3H, o qual pode variar com as
condições reacionais, mas em H2SO4 em geral deve ser SO3,
que existe em pequenas concentrações no equilíbrio.
130
A reação de benzeno com ácido sulfúrico para produzir
ácido benzenossulfónico, é reversível, mas pode ocorrer por
várias técnicas. Retirar a água formada na reação, por
exemplo, permite benzenossulfónico ser obtido em maior
quantidade. Quando uma solução de trióxido de enxofre em
ácido sulfúrico é usada como agente de sulfonação, a
velocidade de sulfonação é muito mais rápida, e o equilíbrio é
deslocado totalmente para o lado dos produtos, de acordo com
a equação.
131
Etapa 3. Uma transferência rápida de próton do oxigênio
do ácido sulfúrico ao oxigênio do benzenossulfonato conclui o
processo.
REAÇÕES DE FRIEDEL-CRAFTS
Estas reações podem ser subdividas em reações de
alquilação e acilação.
Alquilação de Friedel-Crafts
O átomo de carbono dos haletos de alquila, Rδ+–Xδ-, é
eletrofílico, mas os haletos de alquila reagem com benzeno na
presença de cloreto de alumínio, AlCl3, (um ácido de Lewis)
para produzir alquilbenzenos.
132
Haletos de alquila por si só não são suficientemente
eletrofílicos para reagir com o benzeno. Cloreto de alumínio,
ácido de Lewis, serve como um catalisador para melhorar a
eletrofilicidade do agente alquilante. Com haletos de alquila
secundário e terciário, a adição de cloreto de alumínio leva à
formação de carbocátions, que atacam em seguida o anel
aromático.
133
O mecanismo da reação é compatível com a lei de
velocidade:
Velocidade = k[Ar – H][RX][MX3]
A ordem de eficácia dos ácidos de Lewis como
catalisadores na alquilação de Friedel-Crafts é:
AlCl3 > FeCl3 > BF3 > TiCl3 > ZnCl2 > SnCl4
Em certo número de casos de alquilação de Friedel-
Crafts, verifica-se que o produto final contém um grupo alquilo
rearranjado. Assim, a reação de (CH3)3CCH2Cl/AlCl3 com
benzeno dá quase exclusivamente o produto rearranjado,
PhCMe2CH2Me, o que pode ser explicado com base no fato de
o complexo eletrófilo inicial ser polarizado para permitir o
rearranjo de [Me3CCH2]δ+...Cl...AlCl3δ- a
δ+... ...
[Me3CCH2Me] Cl AlCl3δ- mais estável (estabilidade relativa
do íons carbônio). Pelo contrário, verifica-se que a reação de
Me3CCH2Cl/FeCl3 com benzeno dá quase exclusivamente o
produto não-rearranjado, Me3CCH2Ph, pressupondo-se que
isso se deve ao fato de o complexo com o ácido de Lewis não
se encontrar polarizado para permitir que ocorra isomerização.
Verifica-se que a temperatura também influi, para um dado
haleto/ácido de Lewis.
Os ácidos de Lewis catalisadores podem efetuar a
desalquilação, ou seja, a reação é reversível. Assim, verifica-se
que o etilbenzeno, com BF3 e HF, o produto da reação é
desproporcional.
ET ET ET
HF
+ +
BF3
ET
45 % 10 % 45 %
134
m-dimetilbenzeno (m-xileno), mais estável. A presença de HCl
é essencial, e a alteração envolve a migração de um grupo Me
na espécie incialmente protonada.
CH3 H CH3
CH3
CH3
+ + H
H +
m-Xileno
p-Xileno
CH3 CH3 CH3
CH3
Acilação de Friedel-Crafts
Uma reação de Friedel-Crafts que usa haletos de acila,
em vez de haletos de alquila, produz acilbenzenos conhecida
com reação de acilação de Friedel-Crafts. A acilação de
Friedel-Crafts, segue a mesma lei de velocidade geral da
alquilação.
Velocidade = k[Ar–H][RCOCl][AlCl3]
Também aqui se põe a questão de o eletrófilo efetivo ser
o íon acílio, como constituinte de um par iônico, ou um
complexo polarizado.
135
ressonância. O cátion acila derivado de cloreto propanoíla é
representado por duas formas de ressonância.
136
usado. Isto porque, na acilação, ocorre a complexação do
ácido de Lewis com a cetona à medida que esta é formada,
impedindo a participação subsequente do ácido de Lewis na
reação.
137
Dado que não ocorre poliacilação, a reação de acilação
de um anel aromático é usada como o primeiro passo de um
processo para a alquilação de compostos aromáticos por
acilação-redução. Em geral, é preferível preparar
alquilbenzenos por acilação seguida de redução de
Clemmensen, ou outra, do que fazer à alquilação direta.
Acoplamentos diazo
O acoplamento diazo é a reação de substituição
eletrofílica aromática clássica, em que o eletrófilo efetivo é o
cátion diazônio.
+
N N +
N N
138
ligeiramente alcalino, dado ser PhO-, e não PhOH, que reage
com ArN+2, seguindo a lei de velocidade da reação.
Velocidade = [ArN2+][PhO-]
O acoplamento diazócio com o íon fenóxido forma o
produto substituído, após a abstração do próton H+.
139
Com a maioria das aminas primárias, este é o produto
da reação, mas com as aminas secundárias (N-alquilanilinas)
também pode ocorrer acoplamento no átomo de carbono do
anel, enquanto que com aminas terciárias (N,N-dialquilanilinas)
só se obtém o produto acoplado ao carbono.
140
substituinte, a velocidade relativa da reação é sempre menor
do que a da correspondente reação no benzeno.
Y
+ +
NO2 + NO2
NO2 Y
Y Y
NO2
NO 2 NO2
141
para, 43% do isômero orto e 1% do isômero meta, então o
grupo MeO- é um substituinte ativador e diretor orto e para.
142
eletrófilo reage estando este carregado positivamente, +NO2,
(kC6H5Y/kC6H6 = 1,5 x 10-8 para a nitração quando R=CH3).
143
A estabilização específica das formas canônicas dos
complexos σ correspondentes ao ataque orto e para também
pode ser efetuada por um grupo fenila, e a velocidade relativa
da reação com o bifenil é maior do que no caso do benzeno
(kC6H5Y/k C6H6 = 4,2 x 102 para a cloração).
144
σ por deslocalização dos elétrons), que ocorre mais lentamente
que no caso do benzeno.
O efeito ativador de grupo substituinte (Y) no anel
aromático aumenta a velocidade relativa de substituição, na
seguinte ordem aproximada.
OCOR < NHCOR < OR < OH < NH2 < NR2
O grupo NR2 é um ativante mais forte do que NH2,
devido ao efeito doador de elétron dos grupos R. Contudo, não
se deve esquecer que em solução ácida, a reação de nitração,
estes dois grupos serão convertidos em +NHR2 e +
NH3, o
núcleo estará assim desativado, e a substituição será
predominantemente meta. Os grupos OCOR e NHCOR são
ativantes mais fracos do que OH e NH2, devido à redução de
disponibilidade eletrônica no O e N, por deslocalização sobre o
grupo carbonila elétron atraente adjacente.
Os halobenzenos que tem o grupo substiuinte (F,Cl, Br,
e I) têm um átomo adjacente ao núcleo que transporta um par
eletrônico, assim, pode ocorrer a estabilização específica dos
complexos σ correspondentes ao ataque orto e para.
145
O efeito nos complexos σ carregados positivamente não
é assim tão simples, apresentando a seguinte ordem de
velocidade relativa para o ataque eletrofílico nos halobenzenos.
C6H5F > C6H5Cl ≈ C6H5Br > C6H5I
O fluorbenzeno reage com uma velocidade muita
próxima a do benzeno.
146
kC6H5Y/kC6H6) e análises das quantidades relativas de produtos
orto, meta e para obtidos a partir de C6H5Y – a distribuição
isomérica (geralmente referida como a porcentagem do produto
de substituição total obtido). Assim, recordando que existem 6
posições disponíveis para ataque em C6H6, comparadas com
as posições 2orto-,2meta- e 1para- em C6H5Y, tem-se:
147
C6H5 no bifenila, fm- para a cloração é 0,7, a reação nesta
posição é mais lenta do que no benzeno (embora kC6H5Y/kC6H6 =
4,2 x 102), dado que o átomo de carbono sp2 pelo qual o
substituinte C6H5 está ligado ao anel benzênico exerce um
efeito indutivo (polar) reterador de elétron.
148
ataques orto e para, o estado de transição corresponde ao
ataque orto é ainda suscetível a efeitos estereoquímicos, que
podem ser pequenos ou insignificantes no estado de transição
correspondente ao ataque para. Verifica-se em geral que a
proporção de isômero orto diminui à medida que aumenta o
volume de Y ou do volume do eletrófilo atacante.
Assim, verifica-se que, para a nitração de alquil
benzenos (Y = CH3 → CMe3) em condições análogas,
Y % o- % p- fo- /fp-
CH3 58 37 1,57
CH2Me 45 49 0,92
CHMe2 30 62 0,48
CMe3 16 73 0,22
149
Y % o- % p- fo- /fp-
F 12 88 0,14
Cl 30 69 0,44
Br 37 62 0,60
I 38 60 0,63
Tempo (s) % o- % m- % p-
0,01 40 21 39
150
10 23 46 31
151
os intermediários resultantes dos ataques nas posições orto e
para, a forma canônica em que a carga positiva está localizada
no nitrogênio, altamente instável e com energia elevada.
152
porque a protonação é forçada mesmo no pirrol fracamente
básico, a protonação ocorre no átomo de carbono 2 em vez do
nitrogênio.
153
O substituinte NO2 retirador de elétron, orienta
substituição nucleofílica nas posições orto e para.
A piridina não requer mais do que a sua própria
capacidade elétron retiradora, e é atacada por nucleófilos
–
fortes, NH2, em amoníaco conhecida como reação de
Tschitschibabin.
154
A semelhança com a reação SN1 em carbono saturado,
é reforçada ao verificar que os nucleófilos adicionados Cl-,
MeOH, etc., afetam a posição do produto, mais não a
velocidade da reação.
A formação do cátion fenila é extremamente instável (a
carga positiva não pode ser deslocalizada pelo sistema orbital
π), e a força diretora é fornecida pela eficácia de N2 como
grupo de saída. O mais importante desta reação é poder gerar
o cátion arila simples em solução. Os cátions arilas são
extremamente reativos, e, por isso, não-seletivos frente a
nucleófilos, a seletividade entre Cl- e H2O (kCl-/kH2O) é de
apenas 3 para C6H5+ em comparação com 180 para Me3C+. A
reatividade muito elevada de C6H5+ reflete-se na sua
capacidade de se combinar com N2, a decomposição do cátion
diazônio é reversível, o que foi demonstrado pela observação
da dispersão parcial com nitrogênio marcado, 15N.
155
Essas reações seguem, geralmente, a seguinte lei de
velocidade, velocidade = k[ArX][Y-], com semelhança a reação
de SN2 no carbono saturado. O mecanismo difere do
mecanisno SN2, porque o ataque por Y- não ocorre por trás no
átomo de carbono que transporta o grupo de saída, ocorrendo
pelo mesmo lado. E por isso, a reação de substituição
bimolecular, SN2 aromática, não é sincronizada, ocorre por um
mecanismo em duas etapas. Via complexo σ ou intermediário
de Meisenheimer.
A reação ocorre através de dois estados de transição,
ET1 e ET2 entre os quais não há o complexo intermediário (CI),
o esquema proposto para indicar como a reação ocorre é:
X X Nu
Nu X Nu X Nu
- -
Nu + X
A A A A A
- - -
B B B B B
ET1 CI ET2
156
ET1 ET2
ET2 ET1
Energia livre
EI CI EI CI
EF EF
Coordenada da reação
-
H3C H
NH2 /NH3
Cl Cl
-
+ NH2
H3C
- -
NH2 /NH3 H
H H3C H3 C
H3C NH2
157
hibridados sp1 num alcino. Parece mais provável que os
orbitais π deslocalizadas do sistema aromático fiquem
praticamente inalteradas, conservando assim a estabilidade
aromática, e que os dois elétrons disponíveis vão preencher os
dois orbitais híbridos sp2 originais.
( )
CH3 CH 3 O
OH OH
H2 SO 4
(CH 3 )
2
C C
2
C C CH3
b) C C +
6%
94%
CH 3
OH OH O
H2SO4
c)
OCH3
OH OH O O
H2SO4
(
d) CH3O )C
2
C(C6H5)2 (CH O
3 )C
2
CC6H5 + CH3O C C
(C6H5)2
C6H5
72% 28%
NH2
e) HNO2
CHO + N2
OH
158
OH
HNO2
f) CH2NH2 CH2OH + + H2C CHCH2CH2OH
O O
CO2H
NH3 NaOCl
g) O NH
NH2
O O
NaOBr
h) CH3CH2CONH2 CH3CH2NH2 + CO2
Br2 + NaOH
O
RCO3 H O
i) O
+
H
O H
O
N
HN3
j)
H2SO4
159
CH3 OH O
OH
H2SO4 Conc.
l) C N CH3 C NC6 H5 CH3 C NHC6 H5
C6H5
C6 H5 OH
C N O
m) CH3 PCl5
[ C
OPC l4
N CH3
] H2 O
C6 H5 C N CH3
H
CH3 OH O
C N 1) PCl5
n) CH3 CNHC 6H5
C6H5 2) H2O
NOH H O
N C
o) H2SO4
65%
1) SOCl2 1) SOCl2
CH3 CH3 CH3
2) CH2N2 2) CH2N2
q) C2H5CCOOH
C2H5CCH2COOH C2H5CCH2CH2COOH
C6H5 3) Ag2O 3) Ag2O
C6H5 C6H5
52% 45%
160
161
UNIDADE VI – REARRANJOS MOLECULARES
ENVOLVENDO ÁTOMOS DE CARBONO, NITROGÊNIO E
OXIGÊNIO DEFICIENTES DE ELÉTRONS
162
A utilização dos “super ácidos”, daquele mesmo
__ __
investigador como SbF5/FSO3H, por exemplo permite a
formação de cátions alquilo, mesmo a partir de alcanos.
H3C H3C
+ -
C H + SbF5/FSO 3H H2 + C SbF5FSO 3
H3C H3C
H3C H3C
H3C
163 H3C
Também podem ser gerados íons carbônios por
protonação de pares eletrônicos livres, neste caso, o átomo
protonado é convertido num bom grupo de saída e a ionização
é favorecida.
H2SO4 + - -
H2SO4 + +
2HSO4
Ph3C OH Ph3C OH + HSO4 Ph3C + H3 O +
+
Ph3C + Ph3C H + +
164
Estabilidade e estrutura de íons carbônios
O íon carbônio de grupo alquila simples apresentam a
seguinte sequência de estabilidades:
Me3C+ > Me2CH+ > MeCH2+ > CH3+
A crescente substituição no átomo de carbono do íon
carbônio aumenta a deslocalização da carga positiva, por ação
de efeitos indutivos e de hiperconjugação. A estabilidade
particular de Me3C+ provém do fato de poder muitas vezes ser
formado, em condições vigorosas, por isomerização de outros
íons carbônio primeiro formados, e por que se mantém
inalterado após aquecimento a 170 °C em SbF5/FSO3H durante
4 semanas.
A estabilidade do íon carbônio acontece porque este é
planar, e nesta configuração pode ocorrer deslocalização
eficaz. Cálculos de mecânica quântica para cátions alquilo
simples sugerem, de fato, que a configuração planar (sp2) é
mais estável do que a piramidal (sp3) em cerca de 84 kJ (20
kcal)mol-1. À medida que este se afasta da planaridade,
aumenta a instabilidade do cátion e a consequente dificuldade
da sua formação. Isto foi observado para areação do 1-
bromotripticeno ao ataque SN1, devido à incapacidade de fomar
uma configuração planar, o que impede a formação do íon
carbônio. A estrutura planar observada por RMN e IV de
espécies como MeC+SbF5- é semelhante aos trialquilboranos,
R3B, com os quais são isoeletrônicas.
Um dos principais fatores que influencia a estabilidade
de cátions menos simples é a possibilidade de deslocalização
da carga, quando esta pode envolver orbitais π.
165
+ +
H2C CH CH2 H2 C CH CH2
+
+ δ
CH2 CH2
+
δ
+ +
H3C O CH2 H3C O CH2
SbF 3/SO 2 + -
δ SbF 3 Cl
X -70 ºC
- -
H3C O H O O OC
+
H2C CH2 H2C CH2 Cl H2C CH2
C
-
H2C CH2 Br H2C CH2 O CH3 H2C CH2 OCH3
(5)
Estas espécies com um grupo fenila em ponte são
conhecidas como íons fenônios. O efeito do grupo vizinho é
ainda mais pronunciado com um substituinte OH do que com
um substituinte OMe na posição para. Verifica-se que a
solvólise ocorre 106 vezes mais rápido e é possível isolar o
intermediário em ponte (5), embora não seja agora um íon
carbônio.
166
A estabilização, por meio de deslocalização,
ocorre em sistemas aromáticos. O 1-bromociclohepta-2,4,6-
trieno (brometo de tropílio, 6), que é isométrico com CH5CH2Br,
é um sólido cristalino (p.f 208 °C), extremamente solúvel em
água dando íons brometo em solução, um par iônico. A razão
deste comportamento reside no fato de o cátion cíclico (7)
apresentar 6 elétrons π, que podem ser acomodados em três
orbitais moleculares deslocalizados sobre os sete átomos.
Trata-se de um sistema que obedece a regra de Huckel 4n+2
(n=1) como o benzeno e exibe estabilidade quase aromática,
sendo o íon carbônio planar estabilizado, por aromatização.
H H
Br
H H
-
+ Br
H H
H H
(6) (7)
- -
+ Y + SbCl6
Pr Pr
(8) Pr (9) Pr (10)
167
se mostrou ser possível isolar um par iônico o próprio cátion
ciclopropenilo (10) como um sólido branco cristalino.
168
28% de propeno e 32% propan-2-ol, refletindo as proporções
relativas de propan-1-ol e de propan-2-ol a estabilidade relativa
dos dois cátions, (13) e (16).
A soma dos produtos referidos representa apenas 67%
de conversão do 1-aminopropino inicial. Há outros nucleófilos
presentes no sistema, como Cl- e NO2-, capazes de reagir com
qualquer dos cátions, (13) ou (16), com à possível formação
tanto de RNO2 como de RONO (podem também formar-se
nitritos por esterificação direta do ROH primeiramente
formado). Os cátions (13) e (16) podem também reagir com o
ROH inicialmente formado para dar éteres, ROR, ou com RNH2
para dar RNHR (que, pode sofrer alquilação ou nitosação).
Finalmente, qualquer dos cátions pode adicionar à ligação
dupla do propeno formado inicialmente, MeCH=CH2 (reação do
tipo (c)), para dar outros cátions , MeC+H__CH2R, que podem
reagir. A mistura de produtos que se obtêm é influenciada
pelas condições reacionais, mas esta reação não é um método
de reação satisfatório para a conversão RNH2 → ROH.
As reações do tipo (d) Rearranjo da sua estrutura,
dificulta a reação de alquilação de Friedel-Crafts do benzeno
(uma reação do tipo (c)/(b)) por 1-bromopropano,
MeCH2CH2Br, na presença de brometo de gálio, GaBr3, ácido
de Lewis. Aqui o eletrófilo atacante é um complexo altamente
polarizado, Rδ++GaBr4δ-- e a maior estabilidade do complexo em
que Rδ++ transporta a sua carga positiva principalmente no
átomo de carbono secundário, em vez de num primário,
Me2Cδ++HGaBr4-- em vez de MeCH2Cδ++HGaBr4--, resulta de
novo numa transferência de hidreto, de tal modo que o principal
produto da reação é Me2CHC6H5.
Os rearranjos não são simples como parecem ser uma
simples migração de H+, isto é ilustrado pelo comportamento
13
de CH3CH2CH3 com AlBr3, em que o carbono marcado fica
13
disperso. O produto consiste de 2 partes de CH3CH2CH3 e 1
169
parte de CH313CH2CH3. É possível que a dispersão do isotópico
ocorra através da ação de um ciclopropano protonado,
intermediário (18).
CH2 CH2 ++
δ - -
+ AlBr3
H313C CH3 H313C CH2 AlHBr3δ
CH3 CH2
++ -
+ AlBr3 δ HAlBr3
H213C CH3 H213C CH2
H
(18)
13
Um explicação é a dispersão do C, análoga que se
observa no cátion 2-propilo inicial, CH313CH+CH3, proveniente
de CH313CH(Cl)CH3 com SbF5 a -60 °C.
170
Há possibilidades de diferentes rearranjos, os mais
interessantes são aqueles em que os catiões estão
deslocalizados, por exemplo em rearranjos alílicos.
Rearranjos alílicos
Na solvólise via SN1 de 3-clorobut-1-eno (19) em EtOH
obtém-se não um, mas uma mistura de dois éteres isoméricos;
obtém-se a mesma mistura (os éteres, aproximadamente nas
mesmas proporções) a partir da solvólise de 1-clorobut-2-eno
(20), em condições semelhantes.
OEt
H3C HC CH CH2
Cl Cl
(21) EtOH
EtOH
H3C HC CH CH2 + H3C CH CH CH2
(19) OEt
(20)
H3C CH CH CH2
(22)
+ + -
H3C CH CH CH2 H3C CH CH CH2 Cl
(23)
Quando o EtO-, em concentração relativamente elevada,
é utilizado como o nucleófilo em vez de EtOH, a reação de (19)
é do tipo Sn2 e dá apenas um éter (21). Contudo, foram
observados rearranjos alílicos no decurso de reações de
R R
- -
Nu : + H2C CH CH Cl Nu CH2 CH CH + Cl
substituição que ocorrem por um processo bimolecular. Essas
reações são designadas por SN2 e ocorre segundo o
mecanismo.
171
Este processo tende a ocorrer quando substituintes (R)
no átomo de carbono α são suficientemente volumosos para
reduzir de modo acentuado a velocidade de substituição SN2
direta em Cα. Os rearranjos alílicos são bastante comuns, mas
o mecanismo detalhado pelo qual ocorrem é assunto bastante
complexo.
CH3 OH
+
H3C CH3 -H + H 2O
H3C C CH2 H3C C CH2 CH3
C C
H3C H CH3 CH3
(29) (28) (26)
neopentílico.
172
perda de próton, um produto que não poderia ser obtido a partir
de (27).
É interessante observar que , enquanto que o brometo
de tipo neopentilo (30) sofre rearranjo durante a hidrólise SN1,
tal rearranjo não ocorre com o seu análogo fenólico (31).
CH3 CH3 H3C
S N1 + +
H3C C CH CH3 H3C C CH CH3 H3C C CH CH3 Produtos
CH3 Br CH3 CH3
(30)
Rearranjo de hidrocarbonetos
O rearranjo de alcenos ocorre facilmente na presença de
ácido.
CH3 + CH3 CH3
H + H3C CH3
+ + -H
H3C C CH CH2 H3C C CH CH3 H3C C HC CH3 C C
H3C CH3
CH3 CH3 CH3
Rearranjos pinacol/pinacolona
173
Outro exemplo de migração de um grupo, metila, para
um átomo de carbono de um íon carbônio é observado no
rearranjo catalisado por ácido, de 1,2-dióis, por exemplo, o
pinacol Me2C(OH)Me2 (34) e cetonas, pinacolona, MeCOCMe3
(35).
CH3 CH3 +
CH3 CH3 CH3 CH3
H - H 2O +
H3C C C CH3 H3C C C CH3 H3C C C
CH3
OH OH OH OH 2 OH
+
34
Aspectos estereoquímico
Há três aspectos de interesse estereoquímico nos
rearranjos de íons carbônio, a configuração no átomo de
carbono a partir do qual ocorre a migração (a origem da
migração), a configuração do átomo de carbono para o qual
ocorre a migração (o carbono do íon carbônio, o fim da
migração), e a configuração do grupo migrante. O que é
interessante é que para estas três questões nunca foi
encontrada resposta para um mesmo composto, apesar do
174
enorme volume de trabalho que tem sido feito sobre íon
carbônio.
O último aspecto nunca foi diretamente estabelecido
experimentalmente para um rearranjo exclusivamente de íon
carbônio. Em consequência, estabeleceu-se que o grupo
migrante nunca fica livre durante o rearranjo. Isto é
demonstrado se tomar, por exemplo, dois pinacóis (48 e 49),
de estrutura muito semelhante (e que rearrangem a
velocidades muito semelhantes), mas tendo diferentes grupos
migrantes, e se forem rearranjos simultaneamente na mesma
solução (uma experiência cruzada), nunca se observa
migração cruzada.
Ph CH3
CH3 C 2H 5
Ph C C CH3 Ph C C CH3 Ph C C C2H5
OH OH Ph O Ph O
48
+
+ H + Não ou
175
Wolff e também na reação de Hofmann e outras relacionadas,
em que R migra para um átomo de nitrogênio elétron
deficiente.
Quanto aos dois outros aspectos, as provas apoiam uma
inversão de configuração tanto na origem como no fim da
migração.
R R
R'
R' R"
R R
C C+ R' R' R"
R"
R"
C R" + R' R'
Y C
R' R" R' R" R" Nu
Nu
R' R" R R
R +
C R' R"
R" R"
C Y R' R'
R' R" R'
R" Nu
Nu
transição.
Ph
H3C H H3C H
Ph Ph
C NaNO2 O NaNO 2 C
H 176
C H3C
NH2 HCl HCl C NH2
Ph (-) Ph (+)
HO Ph OH (-)
(50a) (51ad) (50b)
formada (51ab), qualquer que fosse a conformação inicial
envolvida (50a ou 50b).
Rearranjo de Wolff
Este rearranjo foi separado dos rearranjos de íon
carbônio porque envolve migração para um carbono
semelhante a um carbeno, não carregado, apesar de elétron
deficiente em vez de migrar para um átomo de carbono
carregado positivamente. A reação envolve a perda de
nitrogênio a partir da α-diazocetona (53) e rearranjo a cetenos
muito reativo (54).
R R
- N2 R
- +
C CH N N C CH O C C
..
O O H
(53) (55) (54)
177
Os cetenos reagem facilmente com quaisquer
nucleófilos presentes no sistema, por exemplo, H2O. A reação
pode ser por fotólise, termólise ou por tratamento com óxido de
prata. Nos casos de fotólise e termólise, forma-se um carbeno
intermediário (55). Na reação catalisa pela prata, a perda de
nitrogênio e a migração de R podem ser simultâneas. No caso
em que R é C4H9C(Me)Ph, demonstrou-se que migra com
retenção de configuração.
A obtenção de diazocetonas (53) ocorre por reação de
diazometano, CH2N2, com cloretos de acila, seguindo-se com,
O O O H
SOCl2 CH2N2 - N2 H2O
RC OH RC Cl RC CHN2 RCH C O R CH C O
Ag2O
(53) (54) OH
CÁTIONS DIAZÔNIOS
A nitrosação de aminas primárias, RNH2 com nitrito de
sódio e ácido diluído conduz à formação de cátions diazônios
(56).
H H H
+ - H+
R N: + N O R N N O R N N O
H X H X-
+
R N N
+
+ (1) + H
R + N N R N N OH
(2) - H 2O
+ 178
R N N
(56)
O verdadeiro agente nitrosante não é HNO2, e sim o
anidrido N2O3 (X=ONO) obtido por 2 mols de HNO2.
2HNO 2 ONO NO + H2O
+ + -
N N + N N
179
Os substituintes no núcleo aromático têm um efeito
acentuado na estabilidade de ArN2+, e os que são doadores de
elétron têm efeito estabilizador.
.. + + + -
Me2N N N Me2N N N
R2N N O
180
Os mecanismos (para derivados de ácidos carboxílicos) são
semelhantes, e são mostrados a seguir.
A conversão de uma amida (57) numa amina (58), com
menos um átomo de carbono, por ação de hipobromito alcalino,
R - R - R
BrO OH - +
C O C O C O R N C O
H2N HN HN
Br Br
(57) (59) (60)
- H
- OH H2O
H3C NH2 + HCO3 R N C O R N C O
OH
(58) (62) (61)
na reação de Hofmann.
181
Há um grupo de reações relacionadas com a reação de
Hofmann, e em que todas elas envolvem a formação de um
isocianato (61) por rearranjo de um intermediário análogo a
(60).
A reação de Lossen envolve a ação de uma base sobre
derivados O-acilados (63) de ácidos hidroxâmicos, RCONHOH,
e R’CO2- como o grupo de saída do intermediário (64), em
comparação com Br- de (60).
R - R
OH
C O C O
HN OCOR' HN OCOR'
(63) - (64)
R H3C N C O
(61)
C O
NaNO2
HN NH2
HCl R
(65)
C O
- +
N N N
R
HN3 (67)
C O
HO (66)
182
ácida (65), reação de Curtius, quer pela reação de ácido
hidrazóico, HN3, com um ácido carboxílico (66), reação de
Schmidt.
Rearranjos de Beckman
O rearranjo de Beckman é uma transformação
catalisada por ácido para a conversão de cetoximas em amidas
N substituídas.
RR’C = NOH R’CONHR ou RCONHR’
A reação é catalisada por uma grande variedade de
reagentes ácidos como: H2SO4, SO3, SOCl2, P2O5, BF3, etc., e
ocorre não só com cetoximas, mas também com os seus O-
ésteres. O uso do ácido polifosfórico como catalisador faz com
que ocorra rearranjo em muitas aldóximas. A característica
deste rearranjo, quanto ao grupo migrante é o arranjo
estereoquímico dos grupos R e R’ que determina qual deles é
que migra. Verifica-se, quase sem exceção, que o grupo que
migra CN é o grupo R anti em relação ao grupo OH. A
reação é altemente estereoespecífica.
R R' HO R' O R'
C C C
ácido
(i.e. somente R'CONHR)
N N N
OH R R H
183
R +
OH2
N
+ R' -H2O
R OH H
(73a) +
N R C N R'
R' (74)
R OCl
PCl 5 ou -OCl
SOCl 2 N
R'
(73b)
+ R R R
+ -H
R C N R' N N NH
+
H O R' H O R' O R'
184
OH
OH OH O N
H2/Ni Cu NH2OH
250oC
OH OH 2+
N N
N + N OH
C
H+ H 2O
N OH N O O
BASE
NH NH
∆
Oxidação Baeyer-Villiger
A oxidação de cetonas com peróxido de hidrogênio ou
com um peroxi-ácido, RCO2OH, resulta na sua conversão em
ésteres.
R O R O
R'CO3H
R O
R
Reação geral:
185
Etapa 1. A adição do peroxido ácido ao grupo carbonila
da cetona. Esta etapa é analoga à adição nucleofílica com
formação de gemdiol e hemiacetal.
Rearranjos de hidroperóxido
Um rearranjo semelhante ocorre durante a
decomposição catalisada por ácido de hidroperóxidos, RO-OH,
em que R é um átomo de carbono secundário ou terciário que
estão ligados grupos alquila ou arila. Exemplo, a decomposição
do hidroperóxido, obtida através da oxidação e pelo ar do
cumeno (metilenobenzeno), é utilizada para preparar fenol e
acetona.
186
O2 O-OH
H+
O
+
O-OH 2 +
O O OH
H2O
+
-H +
O OH OH O
H3O+
+
Me
δ+ δ+
Me
Ph
O δ+
δ+
OH 2 +
187
6o ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO
Me Me Me Me
N N
Me Me
I II
OH
+
HNO3/H2SO4 H3O /H2O
H2SO4
0
G H I
60-65 C
( C6H8S2O8 ) ( C6H5NS2O10 ) ( C6H5NO2 )
OH
2. Proponha estruturas para os compostos de G a I.
188
7. Observe a reação:
O O
O
+ AlCl3
O
88% OH
O ZnHg/HCl
o
(refluxo, 90 C )
AlCl3 SOCl2
20% ( 80%>95%)
Cl O
O OH
α -tetralona
O
De acordo com a reação acima, partindo do benzeno e do
cloreto de ácido apropriado, indique a síntese de cada
composto:
a) hexilbenzeno
b) isobutilbenzeno
c) difenilmetano
d) antrona
H H
O
antrona
189
190
UNIDADE VII - ADIÇÃO ELETRÓFILA E NUCLEÓFILA A
C=C E C=O
ADIÇÃO DE HALOGÊNIOS
A descoloração de bromo, em solução de CCl4, é um
dos testes de insaturação entre as reações de adição de
alcenos. Normalmente ocorre rapidamente na ausência de
catalisadores externos.
191
bromo e um átomo ou grupo Y são adicionados à ligação dupla
(4).
192
Estas observações são explicáveis por um mecanismo
em que um dos extremos de uma molécula de bromo fica
polarizado positivamente através da repulsão eletrônica pelos
elétrons π do alceno, formando, assim, um complexo π (8). Esta
quebra então para formar um íon bromônio cíclico (9), uma
forma canônica alternativa do íon carbônio (10). A adição
ocorre pelo ataque nucleofílico do Br- (ou Y-) a um dos átomos
de carbono que originou a ligação dupla pelo lado oposto do
íon bromônio Br+ volumoso, para dar o dibromo meso (6).
193
A possível formação de um íon carbônio (12), resulta
numa estereoespecificidade ANTI muito menor (70%) do que
com trans but- 2-eno (5, ≈100% ANTI), onde não é possível a
deslocalização. Verifica-se também que o aumento de
polaridade do solvente e da sua capacidade de solvatação de
íons estabiliza o íon carbônio intermediário, relativamente ao
íon bromônio, com consequente decréscimo de
estereosseletividade ANTI. Assim, verifica-se que a adição de
bromo a 1,2-difeniletileno (estilbeno) é 90-100% ANTI em
solventes de constante dielétrica baixa, mas só ≈50% ANTI
num solvente com ε = 35.
194
estado de transição. Um grupo fenilo também aumenta
consideravelmente a velocidade da adição eletrofílica (4 x 103),
devido à estabilização que pode ocorrer no intermediário (15),
e no estado de transição.
Orientação da adição
Quando um eletrófilo é adicionado a um alceno não-
simétrico, por exemplo, propeno, qual é orientação da adição?
Uma reação é escrita como regiosseletiva se na adição a um
alceno não simétrico houver a predominância de um dos
possíveis produtos de adição, e é regioespecífica se for
formado exclusivamente um produto. Estas reações são
regioespecíficas. Seguem a regra de Markownikov.
Na adição de ácidos hologenídricos, verifica-se que a
ordem de velocidades é: HF < HCl < HBr < HI, que é a ordem
da força ácida. A adição do próton ao alceno é o passo
determinante da velocidade, seguindo-se o ataque pelo
nucleófilo rápido por X-. Em solventes não-polares o próton é,
sem dúvida, fornecido por HX, mas em solventes polares,
especialmente nos hidroxílicos, é fornecido pelo seu ácido
conjugado H3O+ em H2O.
Para a reação do propeno com HX, forma um
intermediário como um íon carbônio e é a estabilidade relativa
de possíveis íons carbônio (17 que 18) determina a orientação
da adição, na reação de adição de HBr ao propeno (16) em
condições polares.
195
Os íons carbônio secundários são mais estáveis do que
os primários, assim como os estados de transição que os
precedem, (18) será formado de preferência a (17), e o único
produto de adição obtido é o 2-bromopropano (19). A adição,
em que o halogênio (ou o agrupamento mais negativo de
qualquer outro aduto assimétrico) fica ligado ao mais
substituído dos dois átomos de carbono do alceno, é conhecida
como adição de Markownikov.
Essa regiosseltividade ocorre, porque a formação de um
carbocátion intermediário apresenta a seguinte ordem de
estabilidade:
+
CH2CH2R < CH3+CHR < CH3+CHAr < CH3+CR2 <
CH3+CAr2
A orientação da adição eletrofílica a 1-haloalceno (20) é
controlada pelos pares eletrônicos no Bromo.
196
adição de HBr ao bromoeteno (20) é cerca de 30 vezes mais
lenta do que o eteno, e (22) é menos estável, e sua formação é
mais lenta do que (24).
197
Hidratação
A hidratação de um alceno, catalisada por ácido, é o
inverso da desidratação de álcois a alcenos, catalisada por
ácido (mecanismo de reação E1).
198
Íons carbônios
A protonação de alcenos origina íons carbônios, na
ausência de outros nucleófilos eficazes (H2O), estes íons
reagem como eletrófilos frente a alcenos não protonados como
o 2-metilpropeno (34).
Hidroxilação
Os reagentes que adicionam dois grupos OH aos
alcenos, como o tetróxido de ósmio, OsO4, adiciona de modo a
formar ésteres ósmicos cíclicos (40), que podem sofrer rápida
199
clivagem hidrolítica das suas ligações Os__O para dar o 1,2-diol
(41).
200
frente a um nucleófilo, em condições de catálise ácida ou
básica, formando o 1,2-diol. Em qualquer caso, o ataque pelo
nucleófilo num átomo de carbono será pelo lado oposto à ponte
de oxigênio em (43), resultando em inversão de configuração.
Hidrogenação
A adição de hidrogênio a compostos insaturados pode
ocorrer pela adição direta de hidrogênio catálisada por metais,
como Ni, Pt, Pd, Ru, Rh, catálise heterogênia.
O catalisador é usado em pequena quantidade em
relação aos outros reagentes. O catalisador adsorve fortemente
o alceno, e dessorvem imediatamente o alcano resultante,
ficando livres para nova adsorção de alceno.
A hidrogenação ocorre com estereoespecificidade SIN,
predominante.
201
Os alcinos podem muitas vezes ser reduzidos a alcenos,
utilizando-se o catalisador de Lindlar [Pd sobre CaCO3,
parcialmente envenenado com Pb(OAc)2]. Aqui, também se
observa estereosseletividade SIN, apesar de conduzir a um cis-
alceno mais obstruído e termodinamicamente menos estável
(52).
ADIÇÃO NUCLEÓFILA
202
A orientação da adição de um aduto assimétrico, HY ou
XY, a um alceno substituído assimétrico será definida pela
formação preferencial do carbânion mais estabilizado. A adição
nucleofílica também ocorre com alcinos convenientes e
geralmente mais facilmente do que com os alcenos
correspondentes.
Cianoetilação
Dentre as reações importantes, em síntese, ocorrem
com o eteno com um substituinte ciano (acrilonitrila, 49). O
ataque de Y- ou Y: ao átomo de carbono não substituído,
seguida por abstração de um próton do solvente, conduz à
ligação de um grupo 2-cianoetila ao nucleófilo inicial.
Reações de Michael
Quando o nucleófilo que ataca o alceno substituído é um
carbânion, o processo é conhecido como reação de Michael, e
a sua utilidade em síntese reside no fato de ser um método
geral para a formação de ligações carbono-carbono (50).
203
A reação é favorecida por uma variedade de bases, em
quantidades catalíticas, que geram uma concentração no
equilíbrio do carbânion (51) que é reversível, sendo a etapa
determinante da velocidade a formação da ligação carbono-
carbono, a reação do carbânion (51) com o alceno (50). A sua
utilidade geral em síntese provém da grande variedade de
alcenos substituídos e de carbânions que podem ser
empregados, principalmente provenientes de CH2(CO2Et)2,
MeCOCH2CO2Et, NCCH2CO2Et, RCH2NO2, etc.
204
A protonação aumentará nitidamente o caráter positivo
do átomo de carbono carbonílico,
R + R R
H + +
C O C OH C OH
R' R' R'
ESTRUTURA E REATIVIDADE
Nas adições nucleofílicas simples, em que a etapa
determinante da velocidade é o ataque por Y-, o caráter
positivo do átomo de carbono carbonílico é reduzido ao passar-
se do material de partida para o estado de transição.
δ+ δ - Y- δ+ δ - HY
R2C O R2C O R2C O- R2C OH + Y-
- Y
Yδ Y
205
Os grupos substituintes (R) doadores elétrons diminuem
a velocidade de adição enquanto que os grupos substituintes
(R) retiradores de elétrons aumentam, o que é evidenciado
pela seguinte sequência:
206
C6H5COCH3 0,8
C6H5COC6H5 Muito pequeno
18
Em pH 7, praticamente não há incorporação de O na
cetona, mas na presença de traços de ácido ou de base, a
incorporação é extremamente rápida. O fato de um composto
carbonílico se encontrar hidratado não influenciará as adições
nucleófilas que são irreversíveis, mas pode influenciar a
posição de equilíbrio em reações de adição reversíveis, e
207
também a velocidade da reação, já que a concentração real de
composto carbonílico livre [R2C=O] é naturalmente reduzida.
Verifica-se que a hidratação é suscetível quer de catálise
ácida geral, quer de catálise básica geral. A etapa determinante
da velocidade da reação envolve ou a protonação do composto
carbonílico, ou conversão de H2O no –OH mais nucleófilo .
208
Para que o hidrato reverta ao composto carbonílico
inicial, tem que perder –OH ou H2O, o que é dificultado pela
presença dos grupos elétron retiradores. Os grupos carbonila
são eficientes na estabilização de hidratos, por ligações de
hidrogênio, e por ação de efeitos elétron retiradores, como a
difenilpropanotriona que cristaliza em água na forma de hidrato.
209
As reações globais ocorrem em duas etapas. O
hemiacetal é formado na primeira etapa por adição nucleofílica
do álcool ao grupo carbonila. O mecanismo de formação
hemiacetal é exatamente análogo ao de hidratação catalisada
por ácido, de aldeídos e cetonas.
210
A formação acetal é reversível em ácido. Um equilíbrio é
estabelecido entre os reagentes, ou seja, o composto
carbonílico e do álcool, e o produto acetal. A posição de
equilíbrio é favorável para a formação de acetal da maioria dos
aldeídos, especialmente quando o álcool em excesso está
presente na reação como solvente. Para a maioria das reações
com cetonas, a posição de equilíbrio é desfavorável, e os
acetais são formados mais facilmente em presença de dióis,
por exemplo, a reação de uma cetona com o 1,2-etanodiol para
formar acetais cíclicos.
Adição de tióis
Os compostos carbonílicos reagem com tióis, RSH, para
formar hemitioacetais e tioacetais, mais fácil do que reagem
com álcool, isto reflete a maior nucleofilicidade do enxofre em
comparação com oxigênio. Como os acetais, os tioacetais
oferecem proteção para o grupo C=O, já que são relativamente
estáveis a ácidos diluídos, e decompoem-se rápido por ação de
HgCl2/CdCO3. Sofrem também dessulfurização com: hidrogênio
211
e níquel como catalisador, úteis no processo de síntese para a
conversão indireta de C=O→CH2.
R'SH H2/Ni
R2 C O R2C(SR')2 R2CH2
212
outras alternativas para produzir cianidrinas, via bissulfito
(somente para aldeídos) e via cianeto de trimetilsilila.
Adição de bissulfito
A adição do íon bissulfito ocorre com aldeídos,
metilcetonas e cetonas cíclicas, formando adutos cristalinos.
Os sais de ácidos sulfônicos formados refletem numa maior
nucleofilicidade do enxofre em relação ao oxigênio. O nucleófilo
que reage é o SO32-, e não HSO3-, (HO- + HSO3- H2 + SO32-).
213
primeiros, e CH2 nas amidas, deixando intacta qualquer ligação
C=C ou C≡C que também esteja presente no composto (as
ligações C=C conjugadas com C=O são, por vezes, afetadas).
O verdadeiro agente redutor atua como um poderoso doador
de íon hidreto, H-, a redução não pode ser efetuada em
solventes próticos, H2O, ROH, dado que então haveria uma
abstração de próton preferencial. Os éteres, em grande número
dos quais Li+AlH4- é solúvel, são por isso vulgarmente utilizados
como solventes.
O AlH4- nucleófilo doa H-, de modo irreversível, ao átomo
de carbono carbonílico, e o AlH3 residual complexa então com
o seu átomo de oxigênio para formar o ânion, que forma o
complexo
Reação de Meerwein-Ponndorf
Esta reação é um exemplo clássico de redução de
cetonas, com Al(OCHMe2)3 em propan-2-ol, pela transferência
de hidreto do carbono para um átomo de carbono carbonílico,
de modo reversível, estabelecendo-se um equilíbrio.
214
com o alcóxido misto de alumínio produzido, libertando o
produto de redução desejado R2CHOH, onde o átomo de
hidrogênio é obtido por transferência de hidreto do carbono no
estado de transição.
Reações de Cannizzaro
Esta reação envolve a transferência de hidreto de uma
molécula de aldeído sem átomos de hidrogênio em posição α,
como HCHO, R3CCHO, ArCHO, para uma segunda molécula
quer do mesmo aldeído, quer para uma molécula de um
aldeído diferente (reação de Cannizzaro cruzada). A reação
requer a presença de bases fortes e com, por exemplo,
PhCHO, segue a lei de velocidade, Velocidade = k[PhCHO]2[-
OH].
A reação apresenta o seguinte mecanismo:
–
A adição rápida e reversível de OH a PhCHO dá
origem ao grupo doador do hidreto, pela transferência, lenta e
determinante da velocidade, de hidreto para o átomo de
carbono carbonílico de uma segunda molécula de PhCHO. A
reação é completada por uma troca rápida de próton para dar o
par estável, com o equilíbrio deslocado para a direita. Ocorre
uma oxidação/redução mútua de duas moléculas do aldeído
para dar uma molécula do ânion carboxilato e do álcool
primário.
Adição de elétrons
Os átomos dos metais mais eletropositivos, Na, K, Li,
etc., podem em determinadas condições, produzir elétrons
solvatados.
215
Estes elétrons podem atuar como nucleófilos e
adicionar-se a átomos de carbono carbonílicos C=O, para dar
um ânion radicalar, como um par iônico com o cátion metálico,
M+.
Reações de adição/eliminação
As reações de adições nucleofílicas a C=O, em que o
nucleófilo adicionado carrega um próton ácido, tornam possível
uma eliminação subsequente, o resultado é uma substituição.
Derivados de NH3
A reação a pH 7
entre o ânion piruvato e
hidroxilamina, NH2OH,
para formar a oxima,
ocorre via formação de um intermediário:
216
Aumentando a acidez da mistura reacional diminui a
velocidade adição (desaparecimento da absorção de CO)
porque a hidroxilamina NH2OH é convertida em HN+H2OH, que
não é nucleofílico, mas aumenta a velocidade à qual aparece a
absorção de C=N, devido a catálise ácida da desidratação.
Estas observações são compatíveis com um mecanismo
reacional da seguinte forma.
217
Reagentes de Gringnard
A estrutura do reagentes de Grignard, RMgX, depende
da natureza de R e também do solvente em que o reagente é
dissolvido. O reagente de Grignard reage como fonte de
δ-
carbono polarizado negativamente, como RMgXδ+. A
complexação do átomo de Mg do reagente de Grignard com o
átomo de oxigênio carbonílico, em alguns casos, estão
envolvidas duas moléculas de RMgX na reação de adição, via
um estado de transição cíclico como:
218
Íons acetilênicos
Os acetilenos, RC≡CH e HC≡CH, são ácidos e podem
ser convertidos, por bases fortes, como -NH2, em amoníaco,
em ânions correspondentes, que são mais nucleofílicos do que
–
CN. Assim podem adicionar-se a C=O, e a reação tem
utilidade em síntese pelo fato de a ligação C≡
≡C presente poder
sofrer redução ao alceno por H2 com o catalisador de Lindlar.
Reações aldólicos
Nestas reações, o carbânion, obtido pela base (-OH) por
retirar um hidrogênio α de uma molécula de um composto
carbonílico, adiciona-se ao átomo de carbono carbonílico de
outra molécula para dar um composto β-hidroxicarbonílico.
Com etanal, CH3CHO, o produto é o 3-hidroxibutanal, um aldol:
219
mistura de quatro produtos diferentes. N as reações aldólicas
cruzadas de um aldeído que não tem α-H, só pode reagir
aceitando carbânion, como a condensação de Claisen-Schmidt
de aldeídos aromáticos com aldeídos alifáticos simples ou
cetonas (geralmente metil cetonas), em presença de 10% KOH
aquoso (a desidratação ocorrre, nestas condições, depois da
adição de carbânion).
Reação de Perkin
Nesta reação, o carbânion é obtido por remoção de um
próton de átomo α-H de uma molécula de um andrido de ácido
e reage com uma carbonila de um aldeído aromático. Os
produtos obtidos são ácidos α,β-insaturados, como na síntese
de ácido 3-fenilpropenóico (ácido cinâmico)
220
Nas condições reacionais (excesso de anidrido como
solvente a ~140 °C), ocorre a desidratação do aduto inicial,
com formação do anidrido misto. Colacando a mistura reacional
em água, ocorre a hidrólise do anidrido misto aos ácidos
correspondentes, PhCH=CHCO2H + MeCO2H.
221
Condensação de Claisen de ésteres
Esta reação envolve carbânions derivados de ésteres,
que são adicionados a átomos de carbono carbonílico de outra
molécula de éster. O início, da reação é semelhante, à
condensação aldólica.
222
formam quatro produtos possíveis. Mas as reações de Claisen
cruzadas quando um dos dois ésteres não tem átomos α-H,
HCO2Et, ArCO2Et, (CO2Et)2, etc., reagem como aceitador de
carbânions. Estas espécies são, boas aceitadoras de
carbânions e não ocorre a reação de autocondensação.
O O O
O
OC2H5 NaF/THF
H 3C C OC2H5 OC2H5
+
H 3O
acetato de etila
benzoato de β-ceto-éster
etila (aceptor) (doador)
Reação de Wittig
Esta é uma reação útil para transformar C = O em C = C.
Esta reação envolve a adição de um ilídio de fosfônio,
(Ph3P=CRR’), que no seu estado fundamental, tem cargas de
sinais opostos em átomos adjacentes, a um aldeído ou a uma
cetona. o ilídio é um carbânion envolvendo também um
heteroátomo. Estas espécies são formadas pela reação de um
haleto de alquila, RR′CHX, com trifenil-fosfina Ph3P, para
formar um sal de fosfônio, que perde um próton ao reagir com
uma base muito forte, PhLi.
223
A adição do reagente de Wittig a C=O, segue o
mecanismo seguinte:
224
Quando R ou R′ é quiral, as duas faces do composto
carbonílico não são equivalentes, e a adição por cima e por
baixo não é igual. Quando a reação é reversível, haverá maior
proporção do produto termodinamicamente mais. Para reações
essencialmente irreversíveis, com RMgX, LiAlH4, etc., o
produto que se forma mais rapidamente é provavelmente
aquele que predomina (controle cinético), das duas
possibilidades é possível prever, a partir de regra de Cram, que
uma cetona reagirá na conformação em que o O do grupo C=O
é anti em relação ao mais volumoso dos três substituintes do
átomo de carbono α. O ataque nucleofílico preferencial de
R′MgBr será pelo lado menos impedido do átomo de carbono
carbonílico em (a). Isto pode observar-se com mais facilidade,
recorrendo a fórmulas de projeção de Newman.
225
medium e large, indicando os grupos: pequeno, médio e
grande.
226
R′′OH. Os anidridos de ácidos e as amidas sofrem hidrólise
catalisada por ácido de modo muito semelhante aos ésteres.
ADIÇÃO A C≡N
A ligação C≡N apresenta uma semelhança com C=O e
pode reagir de modo semelhante a um certo número de
reações de adição nucleofílica análogas.
Os reagentes de Grignard regem com as nitrilas
formando sais de cetiminas que podem ser hidrolisadas em
meio ácido para formar cetona.
227
Composto K (cte de velocidade)
CH3CHO Muito grande
p-NO2C6H4CHO 1420
C6H5CHO 210
p-MeOC6H4CHO 32
CH3COCH2CH3 38
C6H5COCH3 08
C6H5COC6H5 Muito pequeno
228
11. Escreva as etapas da síntese do repelente “6-12” (2-
etilexano-1,3-diol) a partir do butanal. Mostre o mecanismo da
etapa de condensação aldólica da síntese.
OH
OH
A B
O O
O O O
HO HO HO
C CH C CH C
D
+
O
O O
(Enovid) O
(Norlutin)
noretinodrel noretidrona
229
230
UNIDADE VIII - REAÇÃO DE ELIMINAÇÃO
Outras eliminações β
Desidratação de alcoóis catalisada por ácido,
231
Contudo, conhecem-se muitas outras espécies Y: ou Y-
como grupos de saída, como: SR2, SO2R, OSO2Ar, etc.
Há três mecanismos diferentes para as eliminações-1,2,
diferindo entre si pelo instante em que ocorre a quebra das
ligações H–C e C–Y. Esta quebra pode ser (a) simultânea, um
mecanismo numa só etapa, através de um único ET, e que é
designado mecanismo E2 (Eliminação bimolecular), semelhante
ao mecanismo da SN2.
232
MECANISMO E1
Se a formação do íon carbônio é lenta e determinante da
velocidade (k2>k-1), a lei de velocidade observada, para o
brometo MeCH2CMe2Br, é: Velocidade = k[MeCH2CMe2Br].
A reação de eliminação é completada pela remoção
rápida de um próton por uma molécula de solvente, neste caso
EtOH, com formação do alceno.
233
Mecanismo E1cB
No mecanismo E1cB, ocorre a formação do íon
carbânion intermediário, rápida e reversível, e se a perda
subsequente do grupo de saída Y- for lenta e determinante da
velocidade, k-1 > k2, esta reação obedecerá então à lei de
velocidade, e fica cineticamente indistinguível do mecanismo
concertado, E2, com lei de velocidade igual a velocidade =
k[RY][B]. Nesse caso, ocorre troca isotópica entre o substrato
inicial e o solvente, e isso acontece durante a formação rápida
e reversível do carbânion sendo possível distingui-los, fato que
não pode ocorrer no mecanismo E2, concertado, de etapa
única.
No PhCH2CH2Br, o grupo Ph no átomo de carbono β
promove a acidez nos átomos β-H, porque estabiliza o
carbânion por deslocalização.
234
As reações que ocorrem por este mecanismo
carbâniônico são raras e são favorecidas quando no reagente
tem grupos substituintes reatiradores de elétrons como na
reação do X2CHCF3 em meio básico.
Mecanismo E2
O mecanismo de eliminação E2 é um mecanismo
concertado, numa só etapa então não sofre rearranjo.
235
Um dos fatores que afeta a velocidade das reações E2 é
a força da base usada. Assim, verifica-se que: -NH2 > -OR > -
OH.
O solvente exerce influência sobre o grupo saída Y: ou
Y-, via ligação de hidrogênio ou de solvatação no ET. Para um
substrato com uma dada estrutura, variando Y, quanto melhor
for o grupo de saída, mais rápida é a reação. Os melhores
grupos de saída são os ânions (bases conjugadas) dos ácidos
fortes HY, e a sua capacidade como grupos de saída pode ser
relacionada em parte com a força relativa de HY, por exemplo,
o p-MeC6H4SO3- (tosilato) é um grupo de saída muito melhor
do que –OH.
As características estruturais do substrato que
favorecem a eliminação E2 são aquelas que servem para
estabilizar o alceno formado (R2C=CR2 > R2C=CHR >
R2C=CH2 > RCH=CHR > RCH=CH2 > H2C=CH2) ou o ET que
o precede. Tais características incluem aumento da
substituição com grupos alquilo em ambos os átomos de
carbono α e β (formando alcenos de estabilidade
termodinâmica crescente) ou a introdução de um grupo fenilo
que possa entrar em conjugação com a ligação dupla em
desenvolvimento.
Estereosseletividade em E2
A eliminação em moléculas acíclicas pode ocorrer numa
das duas conformações limite, a anti ou a syn.
236
energeticamente favorável para uma base B que ataca nesse
plano comum. Estabelecendo a preferência da eliminação a
partir de uma conformação planar, põe-se a questão de qual
delas, syn ou anti, é mais fovorável em relação à outra.
Deste modo, dois fatores justificam a preferência pela
eliminação antiperiplanar:
(a) o par eletrônico formado em Cβ por perda de H+
próximo do Cα pelo lado oposto do grupo de saída do par
eletrônico com Y-;
(b) a eliminação ocorre na conformação em estrela de
menor energia (anti), em lugar de ocorrer na conformação
eclipsada de maior energia (syn).
Assim a eliminação E2, tem uma conformação
preferencial de eliminação Anti (lado oposto).
Quando os Cβ e Cα são quirais, a eliminação a partir das
suas conformações forma produtos diferentes, o alceno cis ou
trans. Assim, conhecendo a configuração do diastereômero
original, e estabelecendo a configuração do(s) isômero(s)
geométrico(s) que se forma(m), podemos estabelecer o grau
de estereosseletividade do processo de eliminação.
237
Embora o produto da reação seja o alceno
estereoisômero 4-terc-butyiciclohexeno, as velocidades de
reação são muito diferentes. O isômero cis reage mais de 500
vezes mais rápido do que o trans. A diferença nas velocidades
de reação é devido ao grau de desenvolvimento da ligação π
no estado de transição E2. A sobreposição de orbitais π exige
que sejam paralelos, a formação da ligação pi é formada mais
facilmente quando os quatro átomos H–C–C–X estão no
mesmo plano, no estado de transição. As duas conformações
que permitam esta relação são denominadas syn periplanar e
anti periplanar.
238
Cilcobutil 90
Ciclopentil 46
Ciclohexil 3
Cilcoheptil 37
239
quanto mais substituído for um alceno, normalmente mais
estável ele é. O que isto significa é que a base atacante
tenderá a remover preferencialmente o β-H que conduzirá ao
ET mais estável (semelhante a um alceno) e este forma o
alceno resultante mais estável, trata-se de uma eliminação de
Saytzev. É isto que sucede em quando Y = Br. A preferência é
pela eliminação do tipo Saytzev no mecanismo E1.
Se a ligação C–Y for mais difícil de quebrar, então a
remoção de um β-H pela base atacante ocorrerá muito antes
da ligação C–Y começar a sofrer ruptura, tendência esta que
pode ser reforçada pela presença de uma carga positiva em Y.
O ET terá agora um caráter menos semelhante ao alceno, e
mais semelhante a carbânion; será por isso estabilizado por
quaisquer fatores que estabilizem carbânions, com estabilidade
relativa de carbânions na sequência seguinte: primário >
secundário > terciário. A base atacante tenderá a remover
preferencialmente o β-H que conduzir ao ET mais estável
semelhante a carbânion, que, por sua vez, resultará na
formação do alceno menos substituído. Trata-se de uma
eliminação de Hofmann.
240
substituição, há de fato três fatores principais a considerar: (a)
fatores que influenciam a razão de produtos E1/SN1, (b) fatores
que influenciam a razão de produtos E2/SN2, e (c) fatores que
influenciam mudanças de mecanismo, E1/SN1 → E2/SN2 ou
vice-versa.
Assim, podemos resumir nos quadros um ou outro
mecanismo de reação (E1/ SN1 ou E2/SN2), ou substiruição
versus eliminação.
Quadro 1. Eliminação E1 versus Eliminação E2
Aspecto E1 E2
Molecularidade Unimolecular Bimolecular
Cinética 1ª Ordem 2ª Ordem
Substrato Terc > Sec > Terc > Sec
Prim >Prim
Rearranjo Possível Não
Efeito isotópico de H Nâo Sim
Efeito elem. grande Sim Sim
Tamanho
Conc. da Base Independe Depende
241
8o ROTEIRO DE ESTUDO DIRIGIDO
1. O cloreto de neomentila (I), por eliminação E2,
transforma-se numa mistura de 25% de 2-menteno (II) e 75%
de 3-menteno (III). Em contraste, porém, o cloreto de mentila,
diastereômero do cloreto de neomentila (IV), converte-se, por
eliminação E2, exclusivamente no menos estável 2-menteno.
Como se explica esta diferença de comportamento?
R= isopropil
a) CH3CH2CH2C(CH3)2 b) CH3CH2CH2CHCH3
+ N(CH3 )2
Cl
+ +
N N
c) d)
3. Explique o seguinte:
Cl Cl
Cl Cl - Cl
b) OH
Cl Cl Cl
Cl Cl
242
4. Explique os resultados obtidos nas duas reações de
eliminação mostradas abaixo. Baseie sua resposta em seus
conhecimentos de análise conformacional relativos ao ciclo-
hexano.
Br Br
t-BuOK t-BuOK
fácil difícil
243
244
UNIDADE IX - CARBÂNIONS
Formação de carbânions
O método mais comum para a formação de carbânions
é por remoção de um átomo ou grupo X de um carbono,
deixando X o seu par de eletrôns de ligação.
245
Parte-se do princípio de que quando mais forte for um
ácido, RH, maior será a sua proporção na forma RM
relativamente a RI. A determinação da constante de equilíbrio
K permite uma determinação da acidez relativa de RH e R’H e,
por escolha conveniente de pares, pode subir-se na escala de
pKa até ser possível uma comparação direta com um composto
RH cujo pKa tenha sido determinado por outros meios.
Assim , encontra-se para Ph3C-H um valor de pKa de um
ácido muito mais forte do que CH4, e o carbanion Ph3C-Na+
pode ser obtido por ação do amideto de sódio, -NH2Na+, em
amoníaco.
246
e 10,2. Com CH3NO2, o carbânion correspondente –CH2NO2
pode ser obtido por ação de –OEt em EtOH, ou mesmo de –OH
em H2O, em pequenas concentrações do carbânion em
solução aquosa, nos compostos carbonílicos menos ácidos,
permitindo que ocorra a reação aldólica.
Estabilidade de carbânions
As características estruturais em R–H que favorecem a
remoção de H por bases, e fatores que servem para estabilizar
o carbânion resultante, R-, ambos os efeitos resultantes de um
mesmo fator. Os fatores principais que servem para estabilizar
carbânions são: (a) aumento do caráter s no carbono do
carbânion, (b) efeitos indutivos negativos, (c) conjugação do
par de eletrôns isolado do carbanion com uma ligação múltipla,
e (d) através de aromização.
O efeito de (a) observa-se no aumento da acidez dos
átomos de hidrogênio na sequência: CH3-CH3 < CH2=CH2 <
HC≡CH, refletindo no aumento de caráter s do orbital híbrido
envolvido na ligação σ do H, sp3 < sp2 < sp1. Os orbitais s estão
mais próximos do núcleo, isto facilita a saída do átomo H sem o
seu par de elétrons, tornando–o ácido, estabilizando o
carbânion formado.
O efeito de (b) é observado em HCF3 (pKa = 28) e
HC(CF3)3 (pKa = 11), onde a alteração em relação a CH4 (pKa ≅
43) resulta do efeito indutivo negativo do átomo de flúor, que
torna o átomo H mais ácido, e estabiliza os carbanios
formados, -CF3 e –C(CF3)3, por atração de elétrons. O efeito é
mais acentuado em HC(CF3)3, onde estão envolvidos nove
átomos de flúor, em comparação com apenas três em HCF3,
apesar de não estarem, neste caso, atuando diretamente no
átomo de carbono do carbânion. O mesmo efeito ocorre na
formação de –CCl3 a partir de HCCl3, onde ocorre efeito
indutivo negativo semelhante. Este efeito é provavelmente
247
menos eficaz com Cl do que com o F mais eletronegativo, mas
a deficiência pode ser superada em parte pela deslocalização
do par eletrônico do carbânion para as orbitais d livres do cloro,
elemento do segundo período, o que evidentemente não é
possível para o flúor, elemento do primeiro período.
A influência desestabilizadora do efeito indutivo negativo
de grupos alquila, observa-se na seguinte sequência de
estabilidade de carbânions:
CH3- > RCH2- > R2CH- > R3C-
Esta sequência é exatamente inversa à da estabilidades
observada para os íons carbônions.
O efeito de (c) é uma característica estabilizadora mais
comum, com CH2–CN, (CH3)2–C=O, CH2–NO2, CH3–CO2Et,
etc..
248
valores de pKa: CH2(CO2Et)2 = 13,3; MeCOCH2CO2Et = 10,7 e
CH2(COMe)2 = 8,8, resultante da capacidade de conjugação
doadora de elétron dos elétrons do par isolado no átomo de
oxigênio do grupo OEt.
249
ligações π numa espécie de “sandwish” molecular entre as
duas estruturas de ciclopentadienilo.
Estereoquímica de carbânions
Um carbanion simples do tipo R3C-, com o par eletrôns
não compartilhado ocupando o quarto orbital sp3, tem
configuração piramidal (sp3).
250
Em compostos organometálicos da forma RR’R’’C-M, as
ligações de todas as espécies, desde a ligação essencialmente
covalente até à iônica, RR’R’’C-M+, e pela ligação covalente-
polar em RR’R’’Cδ-Mδ+. Nas reações destes compostos
observa-se retenção, racemização e inversão de configuração.
O resultado para cada caso particular depende não só do
substituinte alquila, mas também do metal e particularmente do
solvente. Mesmo com os exemplos mais iônicos, parece pouco
provável que se trate de um carbânion simples, na reação do
Etil com [PhCOCHMe]-M+, as velocidades relativas, em
condições análogas, diferem na ordem de ≅ 104 para M = Li,
Na e K.
Carbânions com substituintes suscetíveis de
deslocalização conjugada do par de eletrôns são planares
(sp2), de modo a permitir a sobreposição orbital máxima da
orbital p com as do substituinte.
251
O átomo de H rodeado pelos dois grupos C=O no
biciclo[2,2,2]octan-2,6-diona dificilmente exibe caráter mais
ácido do que o correspondente H no hidrocarboneto análogo. O
comportamento diferente provém do fato do orbital que contém
o par eletrônico no carbânion formado estar num plano
virtualmente perpendicular ao que contém os orbitais p dos
átomos de carbono carbonílicos, não ocorrendo estabilização
no carbânion, que por isso não se forma.
Reação de adição
Um grande grupo de reações em que os carbânions
adicionam ao grupo C=O, incluindo exemplos de adição
intramolecular de carbânion como a reação aldólica, a reação
de Dieckmann, o rearranjo do ácido benzílico, e reações de
adições ao sistema C=C–C=O, a reação de Michael.
252
Reação de adição - carbonação
Uma reação de carbânions interessante e de utilidade
sintética, envolve compostos organometálicos atuando como
fontes de carbono negativo, é a adição ao eletrófilo muito fraco
CO2, para formar o correspondente ânion carboxilato é a
carbonação.
253
Reação de eliminação
As reações de eliminação, que ocorrem pelo mecanismo
E1cB, os intermediários envolvidos, são exemplos de
carbânions, por exemplo.
254
REAÇÃO DE SUBSTITUIÇÃO
Os carbãnions, ou espécies semelhantes, estão
envolvidos nas diversas reações de substituição, como
intermediários, ou como nucleófilos reagentes. As reações de
susbistiuição mais importantes são:
Reações de Reimer-Tiemann
Esta reação envolve um carbanion arílico com
–
deslocalização (íon fenóxido) e com CCl3, proveniente da
reação de bases fortes sobre HCCl3, embora o –CCl3 seja uma
espécie transitória, decompondo-se em CCl2, um eletrófilo
altamente deficiente em elétrons que reage com o anel
aromático.
Reações de Kolbe-Schmidt
A reação de Kolbe-Schmidt, é análoga a anterior,
envolve CO2 como eletrófilo no ataque sobre íon fenóxido de
sódio.
255
O ataque orto proferencial com fenóxido de sódio
poderia resultar da estabilização do ET, através da quelação
pelo Na+ no par iônico,
Rearranjo
Os rearranjos envolvendo carbânions, nos quais o grupo
migrante se desloca para o átomo de carbono do carbânion
sem o par de elétrons, são menos comuns do que os que
envolvem íons carbônio (carbocátion), em que o grupo
migrante transporta consigo um par de elétrons. Contudo,
conhecem-se deslocamentos-1,2 de grupos arila ligados a
átomos de carbono, por ação de sódio metálico sobre o cloreto
do Ph3C–CH2Cl.
256
pelos produtos da sua protonação e carbonação. A tendência
para o rearranjo em reações de Ph3C–CH2Cl com metais, ou
derivados metálicos, diminui na ordem seguinte, decrescente
do caráter iônico da ligação carbono-metal.
K ≈ Na > Li > Mg
Os deslocamentos-1,2 simples de carbono aquil para o
carbono com caráter carbaniônico. Os grupos podem migrar de
um átomo diferente do carbono como, N e S, para um átomo
carbaniônico, trata-se do rearranjo de Stevens.
257
A ciclopropanona intermediária sofre adição
subsequente de –OH, seguida de abertura do anel para dar o
mais estável dos dois carbânions.
Oxidação
Os carbânions podem, em determinado condições, ser
oxidados, por exemplo, o ânion trifenilmetila é lentamente
oxidado pelo ar.
Halogenação de cetonas
A reação ocorre via carbânion como intermediários e
ocorre com os hidrogênios mais ácidos.
A reação de bromação da acetona na presença de base
aquosa obedece à lei de velocidade, que é independente da
concentração de bromo [Br2].
Velocidade = k[MeCOMe][-OH]
A terceira halogenação é mais fácil, e o produto normal
de halogenação catalisada por base com o RCH2COCX3. Em
CX3 temos um bom grupo de saída, e a adição de base ao
grupo C=O da cetona resulta na quebra da ligação C–C.
258
O CX3 é um bom grupo de saída e devido ao efeito
indutivo negativo dos três átomos de halogênio, o que ativa o
átomo de carbono carbonílico em RCH2COCX3 para o ataque
nucleofílico, também estabiliza o carbânion que sai –CX3. O
produto final é anion carboxilato e o halofórmio, e o processo
global, RCH2COCH3 RCH2CO2- + HCX3, é conhecido como
reação do halofórmio. Tem sido utilizada como teste
diagnóstico para metilcetonas, usando I2 e base aquosa, dado
que o CHI3 resultante (‘iodofórmio’) é amarelo, de cheiro
característico e insolúvel no meio reacional.
259
260
UNIDADE X- RADICAIS
261
FORMAÇÃO DE RADICAIS
Há varias maneiras de gerar radicais a partir de
moléculas neutras; as mais importantes são (a) fotólise, (b)
termólise, e (c) reação redox por íons inorgânicos, metais ou
eletrólitos, que envolvem a transferência de um elétron.
Fotólise
A capacidade de uma molécula absorver radiação na
região do ultravioleta ou visível, como a acetona, na fase de
vapor, é decomposta pela luz com comprimento de onda de
320 nm. Isto acontece porque os compostos carbonilicos têm
uma banda de absorção nesta região.
262
a homólise, forma reações mais limpas que a pirólise
(termólise), que forma reações laterais.
Termólise
Baseia-se na fragilidade, facilidade de fissão térmica, da
ligação carbono-metal, por exemplo, Pb-R. Os radicais são
gerados em solução em solventes inertes, ou através da
termólise de ligações fracas, com energia de dissociação < 165
kJ e ocorre na fase de vapor.
Reações redoxi
As reações redoxi envolvem transferência de um elétron
na geração do radical e envolve íons metálicos do tipo Fe2+
263
/Fe3+ e Cu+/Cu2+. Os íons Cu+ aceleram a decomposição de
peróxidos de acilo, como o (ArCO2)2.
Detecção de radicais
A alta reatividade química de radicais de vida curta é
aproveitada para ajudar na sua detecção através da
capacidade de originar espelhos metálicos. O fato da transição
264
de um elétron não emparelhado entre os níveis de energia de
um radical envolver menos energia que a transição de um par
de elétrons na molécula precursora, estável, significa que o
radical tende a absorver radiação de comprimentos de onda
superiores. Um número de radicais são corados e podem ser
detectados pela absorção de radiação em certos comprimentos
de onda. Esses radicais podem ser detectados pelo
desaparecimento rápido da cor em soluções contendo espécies
como o 1,1-N,N-difenil-2-N-picril-hidrazilo.
265
No radical .CF3 essencialmente sp3, este radical é
piramidal. Os radicais .CH2OH e .CMe2OH não são planares.
Comparando a facilidade de formação e a reatividade de
radicais em ponte, como no bicilco[2,2,2]octil e biciclo
[2,2,1]hept-2-enil, com os seus equivalentes acíclicos, porque
os radicais alquilas exibem preferência pelo estado planar.
266
sobreposição orbital p/π máxima é possível, com a
estabilização consequente.
A estabilidade de um radical aumenta à medida que
aumenta a extensão da deslocalização; o radical Ph2CH. é
mais estável que PhCH2. , e Ph3C. é um radical bastante
estável.
A geometria de Ph3C. tem uma extensão de
deslocalização do elétron desemparelhado e com a
estabilização consequente. O átomo do carbono radical
encontra-se hibridizado em sp2 em Ph3C., em que as ligações
que o ligam aos três anéis benzênicos estão todas no mesmo
plano, mas a estabilização máxima só ocorre se os três
núcleos benzênicos estiverem coplares.
REAÇÕES DE RADICAIS
As reações de radicais podem ser classificadas de
acordo com o radical: (a) reações unimoleculares, exemplo,
fragmentação, rearranjo; (b) reações bimoleculares entre
267
radicais, exemplo, dimerização, disproporção; e (c) reações
bimoleculares entre radicais e moléculas, exemplo, adição,
substituição, abstração de um átomo.
ADIÇÃO
As adições a ligações dupla cabono-carbono, C=C, são
as reações mais importantes envolvendo radicais, entre elas, a
polimerização de adição, a adição de halogênios e de
hidrácidos.
Adição de Halogênios
A adição de halogênios a alcenos pode ocorrer via
radicais intermediários por solventes não polares (fase
gasosa); é favorecida pela luz solar ou radiação UV e pela
adição de precursores radicalares (iniciadores) como
catalisadores.
Adição de cloro ao tetracloroetano por catálise
fotoquímica envolve uma reação em cadeia.
268
reação em cadeia contínua muito rápida é iniciada por cada
átomo de cloro iniciador, gerado fotoquimicamente.
A cada quantum de energia absorvida leva à conversão
de várias centenas de moléculas de tetracloroetano em
hexacloroetano. Até ao final da reação, quando quase todo o
tetracloroetano e Cl2 foram consumidos, as concentrações do
radical pentacloroetano e de Cl. serão muito pequenas em
relação às dos materiais de partida; a colisão de um radical
com outro radical é mais frequente. A terminação da cadeia
ocorrerá principalmente através da colisão radical/radical que,
geralmente, envolve dois radicais de pentacloroetano formando
o decaclorobutano
269
A adição de cloro ou bromo ao benzeno, uma das
poucas reações de simples adição ao anel benzênico, ocorre
por mecanismo radicalar. A reação é catalisada pela luz e pela
adição de peróxidos e é retardada ou evitada pelos inibidores.
A adição de cloro procede da seguinte froma.
270
(ou em outras condições que promovam a formação de
radicais), a adição ocorre via uma reação em cadeia rápida e
forma o 1-bromopropano, este é geralmente referido como o
efeito peróxido conduzindo a uma adição anti- Markownikov.
Esta orientação diferente da adição de HBr é devida ao fato de
no primeiro caso (polar) ser iniciada por H+ e ocorrer via o íon
carbônion (secundário) mais estável, enquanto no segundo
caso é iniciada pelo radical Br. e procede via o radical
(secundário) mais estável.
271
As reações adição de HBr em cadeia tendem a ser muito
rápidas. O processo de auto-oxidação do alceno pelo ar, gera
peróxido suficiente no alceno para iniciar a reação de adição
radicalar de HBr no alceno, e predominará o produto anti-
Markownikov. Se pretender o produto Markownikov, por
exemplo, MeCH(Br)CH3 do propeno, é necessário purificar
rigorosamente o alceno ou adicionar inibidores (fenóis,
quinonas, etc.) para remover quaisquer radicais, ou radicais
potenciais presentes. O controle da orientação da adição de
HBr, pode ser pela introdução de peróxidos (iniciadores de
radicais) ou inibidores de radicais na mistura reacional. Assim,
o alceno CH2=CHCH2Br, por exemplo, pode ser convertido em
1,2- ou 1,3-dibromopropano.
A baixas temperaturas ou pelo uso de concentração
elevada de HBr. A adição de HBr líquido a 80 °C ao cis-2-
bromobut-2-eno forma com elevada estereoespecificidade o
isômero TRANS.
272
OUTRAS ADIÇÕES
Radicais tiil, RS., podem ser obtidos pela abstração de
hidrogênio de RSH, e adiconar-se-ão rapidamente a alcenos
por uma reação em cadeia análoga à de HBr. Esta reação de
adição é usada para sintetizar sulfitos dialquilo, sendo que esta
reação é reversível.
Polimerização vinílica
A reação de polimerização vinílica é de grande
importância para preparar polímeros com inúmeras aplicações
industriais e comerciais. O mecanismo reacional é semelhante
273
as outras reações envolvendo radicais nas quais envolve três
etapas, (a) iniciação (b) propagação e (c) terminação.
a) Iniciação
Formação do iniciador a partir de peróxidos ou
compostos azoicos
b) Propagação
Normalmente muito rápida.
274
A extensão com que ocorre a ramificação pode ter um
efeito nas propriedades físicas e mecânicas do polímero
resultante.
SUBSTITUIÇÃO
As reações e alguns casos obtêm-se um radical a partir
do substrato por perda, e este radical efetuará substituiição ou
adição em diversas espécies. Em alguns casos, contudo,
consegue-se a substituição direta por meio de
adição/substituição.
Halogenação
A substituição direta que ocorre no carbono e na
cloração, por exemplo, de alcanos consiste na abstração de H
de RH por Cl., seguido de abstração de Cl de Cl–Cl por R., os
dois passos alternando-se numa reação em cadeia muito
rápida.
275
preparação de derivados monoclorados, porque o reagente
pode sofrer ataque facilmente pelo cloro altamente reativo,
obtendo-se misturas complexas.
A facilidade de ataque nos diferentes átomos de
hidrogênio num alcano aumenta na ordem do enfraquecimento
da ligação C–H , e no aumento de estabilidade do produto
radicalar.
H3C – H < H3C – R < H2C – R2 < HC – R3
Metano Primário Terciário
1 Secundário 6,7
4,4
Esta diferença pode-se opor frequentemente ao número
relativo dos diferentes tipos de hidrogênio presentes; assim em
(CH3)3CH existem 9 átomos de hidrogênio primários acessíveis
para um átomo de hidrogênio terciário. Na cloração de
(CH3)3CH verifica-se que se formam produtos monoclorados na
razão de 65% de (CH3)2CHCH2Cl para 35% de (CH3)3CCl-. Se
a cloração ocorrer em solução, verifica-se que a distribuição do
produto depende da natureza do solvente e, particularmente,
da sua capacidade para complexar com Cl., estabiizando-o e
aumentando a sua seletividade.
A cloração, contrario à maior parte das reações de
halogenação radicalares, é influenciada pela presença no
substrato de substituinte polares; devido ao fato do radical Cl.,
cloro muito eletronegativo, atacar onde a densidade eletrônica
é elevada. A cloração pode ser inibida pela presença de grupos
receptores de elétrons, como se observa nas quantidades
relativas de substituição nos quatro átomos de carbono
diferentes do 1-clorobutano na cloração de iniciação
fotoquímica a 35°.
CH3 – CH2 – CH2 – CH2 – Cl
25%
50% 17% 3%
276
A variação dos três grupos CH2 mostra a diminuição com
a distância do efeito indutivo negativo do Cl.. O grupo γ-(3-)CH2
comporta-se de modo análogo ao de CH3CH2CH3, enquanto
que o menor número encontrado para o grupo CH3 reflete a
maior dificuldade de quebra da ligação C–H em CH3 do que em
CH2.
Com o propeno, CH3CH=CH2, há a possibilidade da
adição do cloro à ligação dupla ou no grupo CH3. Em
temperaturas elevadas, 450°, a substiuição ocorre sem
qualquer adição. Isto resulta porque o radical alila é obtido por
subtração de H estabilizado por deslocalização, enquanto o
readical 1-cloropropano obtido na adição de Cl. não é
hibridizado, e a sua formação é reversível a altas temperaturas,
estando o equilíbrio deslocado para a esquerda.
277
Os valores para a fluoração refletem na fraca ligação F–
F, e a força da ligação H–F. A fluoração ocorre via mecanismo
radicalar e não requer iniciação específica; é explosiva a não
ser em solução muito diluída. A bromação é mais lenta que a
cloração em condições comparáveis, porque a etapa 1,
abstração de H por Br., é endotérmica. Para a reação de
iodação de alcanos, a etapa 1 tem um valor de ∆H (kJ mol-1)
grande, reação endotérmica, de modo que não ocorre reação
com o radical I..
A reatividade mais baixa do Br. em relação ao Cl., quanto
à abstração de H significa que a bromação é muito mais
seletiva que a cloração. Visto que na reação de bromação do
(CH3)3CH, forma só o (CH3)3CBr.
H3C – R < H2C – R2 < HC – R3
Primário Terciário
1 Secundário 1600
80
O efeito é mais pronunciado quando estão presentes
substituintes que podem estabilizar o radical inicial. Na série,
CH4, PhCH3, Ph2CH2 e Ph3CH, as velocidades relativas de
bromação diferem na ordem de 109, mas para a cloração, na
ordem de 103 , porém, a seletividade diminui com o aumento de
temperatura.
A halogenação de um alcano quiral RR’R”CH forma
normalmente um haleto racêmico, um resultado que não diz
nada a cerca da conformação preferencial do radical
intermediário RR’R”C., porque a racemização pode ocorrer com
uma estrutura planar ou uma estrutura piramidal de
interconversão rápida
Auto-oxidação
A auto-oxidação é a oxidação à baixa temperatura de
compostos orgânicos pelo O2, envolvendo uma reação
278
radicalar em cadeia. O passo inicial é normalmente a formação
de hidroperóxidos, RH→ ROOH, de forma que é na sua
globalidade uma substituição, embora a verdadeira via envolva
a abstração de H e adição de O2. Os hidroperóxidos formados
inicialmente sofrem frequentemente outras reções. A auto-
oxidação tem importância no endurecimento das tintas, onde
os ésteres insaturados dos óleos formam normalmente
hidroperóxidos, cuja decomposição é a RO. Inicia a
polimerização das moléculas insaturadas para formar um filme
superficial polimérico e protetor. Mas a auto-oxidação é
também responsável pelas alterações prejuciais,
particularmente em materiais com ligações insaturadas, por
exemplo, ranso nas gorduras e deteriorização ds borrachas. Na
realidade, a decomposição gradual de muitos compostos
orgânicos expostos ao ar e à luz é devido à auto-oxidação
fotosensível. A auto-oxidação pode ser iniciada por resíduos de
íons metálicos, assim como pela luz ou por iniciadores de
radicais comuns.
O mecanismo reacional mais importante é a cadeia com
um dos passos envolvendo a abstração de H.
279
são geralmente unicamente os C–H terciários, por exemplo, a
posição alílica do hidroperóxido de cilco pent-2-eno e a posição
terciária do hidroperóxido do biciclo[4,4,0]-1-hidroperóxido.
Substituição aromática
As reações podem ocorrer com espécies aromáticas
com radicais, assim como com os eletrófilos e nucleófilos, do
memso modo como acontece com necleofilos, a substituição
aromática homolítica ocorre por via mecanismo de
adição/eliminação.
280
A perda de um átomo de hidrogênio do radical
intermediário deslocalizado ciclohexadienilo forma o produto
substituído, não ocorre espontaneamente, mas requer a
intervenção de outro radical. A reação entre dois radicais, o
ciclohexadienilo e o H subtraído, é provavelmente rápida, e não
determina a velocidade e não se observa efeito isotópico
significativo, sendo o radical Ra. ao substrato aromático
determinante da velocidade da reação.
Quanto à reação de substituição, notam-se diferenças
marcantes entre o ataque eletrofílico e nucleofílico, quando se
toma em consideração o comportamento de derivados
benzênicos substituídos (C6H5Y). Assim o ataque homolítico a
C6H5Y é mais rápido do que C6H6, não interessa se Y é elétron
retirador ou elétron doador. O ataque preferencial ocorre
orto/para a Y. O elétron cedido pelo radical de ataque, do
intermediário, ciclohexadienilo, pode ser deslocalizado daí
também o intermediário formado por substituintes doadores ou
receptores elétrons.
281
PhCMe3 0,70 1,64 1,81
Rearranjo
No que diz respeito a rearranjos, os radicais
assemelham-se muito mais que os carbânions do que os íons
282
existe grupo Ph, como em EtMe2CCH2. de EtMe2CCH2CHO,
não ocorre qualquer migração, e o produto final EtMe2CCH3.
As migrações dos radical aril não estão limitadas a
rearranjos carbono/ carbono como o observado pelo
comportamento de (Ph3CO)2 por aquecimento.
283
radicais, na condensação de aciloína dos ésteres. A termólise
de ciclopropano a propeno à 500 °C também envolve
intermediários birradicalares.
284
birradicais pode também provir de efeitos estereoquímicos e
não eletrônicos. Por exemplo, a espécie abaixo existe em
solução como birradical na extensão de 17%, estando em
equilíbrio com o polímero.
Formação de Radicais
2. As maneiras mais importantes de se gerar radicais a partir
de moléculas neutras são através de: (a) fotólise; (b) termólise;
e (c) reação redox.
285
6. Mostre como acontece a reação de Sandmeyer, a formação
do reagente de Fenton, e como se processa a síntese
eletrolítica de Kolbe de hidrocarbonetos.
Detecção de radicais
Alguns radicais apresentam uma alta reatividade química,
tendo por isso uma existência extremamente curta. Entretanto,
existem testes químicos e análises instrumentais que tornam
possível a sua detecção.
Reações de radicais
As reações radicalares são classificadas em:
(a) Reações unimoleculares (fragmentação, rearranjo)
(b) Reações bimoleculares entre radicais (dimerização,
disproporção)
(c) Reações bimoleculares entre radicais e moléculas (adição,
substituição, abstração de um átomo)
Adição:
Halogêneos
A adição de halogêneos a alcenos pode ocorrer via
radicais intermediários.
Ácido bromídrico
Em presença de peróxidos, a adição de HBr a alcenos
ocorre via uma reação em cadeia rápida, conhecida como
efeito peróxido, conduzindo a uma adição anti-Markownikov.
286
11. A adição de HBr líquido a -80 °C ao cis-2-bromobut-2-eno
procede com elevada estereoespecificidade trans, explique
através de mecanismos por que isso acontece.
Polimerização vinílica
12. Discuta as etapas das reações envolvendo radicais
baseado na reação de polimerização vinílica.
Substituição:
Halogenação
A facilidade de ataque nos diferentes átomos de H num
alcano aumenta na sequência:
Auto-oxidação
A auto-oxidação é a oxidação a baixas temperaturas de
compostos orgânicos pelo O2, envolvendo uma reação
radicalar em cadeia. O mecanismo reacional mais importante é
a cadeia com dois passos envolvendo a abstração de H:
Substituição aromática
O ataque a espécies aromáticas por radicais ocorre via
adição/eliminação.
287
.
16. Mostre o mecanismo do ataque de Ph em espécies
aromáticas.
Rearranjo
288
289
UNIDADE XI - REAÇÕES CONTROLADAS POR SIMETRIA
DE ORBITAIS
Introdução
290
As ondas correspondentes aos elétrons são descritas
por equações de mesma forma geral que as de ondas geradas
por uma corda vibrando, mas as funções de onda que são
soluções possíveis desta equação dão a amplitude,φ, que não
são representadas apenas em uma coordenada, mas em três
coordenadas necessárias para descrever o movimento em três
dimensões. Esta função de onda dos elétrons chamamos de
orbitais.
A onda do elétron pode ter nós, onde a amplitude é
zero. Em lado oposto de um nó, a amplitude tem sinais opostos
e encontra-se em fases opostas, e entre dois lobos de um
orbital p se encontra um plano nodal, perpendicular ao eixo do
orbital. Os dois lobos estão em fases opostas, indicados pelo
sinal positido e negativo, ou lobo achuriado ou não achuriado.
291
Com relação a configuração eletrônica das moléculas,
vamos exemplificar usando a molécula do etileno, onde no
estado fundamental só pode haver dois elétrons de spins
opostos em cada orbital, sendo os orbitais de mais baixa
energia preenchidos primeiro. Se houver vários orbitais de
mesma energia, cada um recebe um elétron antes de qualquer
um deles receber um par de elétrons.
Utilizaremos neste estudo apenas os elétrons de
ligações π que encontram-se em plano perpendicular aos
elétrons σ, por isso funcionam com um sistema independente.
Para os elétrons π do etileno, há dois orbitais
moleculares, visto existir duas combinações lineares de dois
orbitais p componentes. Onde tem o orbital ligante π e o orbital
não-ligante π*, conforme figura abaixo.
292
REAÇÕES ELETROCÍCLICAS
Sob a influência do calor ou da luz, um polietileno
conjugado pode sofrer isomerização e formar um composto
cíclico com uma ligação simples entre os carbonos terminais do
sistema conjugado inicial, por exemplo, o hex-1,3,5-trieno
forma o ciclo hex-1,3-dieno.
H2C CH2
293
O cis-ciclobuteno produz só um dos três isômeros e o
isômero trans forma um isômero diferente.
Reação térmica
A ciclização de trans,cis,trans-octa-2,4,6-trieno ocorre
termicamente formando apenas o cis-5,6-dimetilciclohexa-1,3-
dieno e fotoquimicamente forma só o isômero trans-5,6-
294
dimetilciclohexa-1,3-dieno; em ambos os casos, o equilíbrio
encontra-se quase totalmente deslocado no sentido da forma
cíclica. De fato, o grau de estereosseletividade é tão grande
que a ciclização térmica forma menos de 0,1% do isômero
trans, apesar de este ser termodinamicamente mais estável do
que cis.
Nas reações de ciclizações, dois elétrons π formam a
nova ligação σ do cicloalcano. Esses dois elétrons π
encontram-se no orbital molecular ocupado de mais alta
energia (HOMO), são os elétrons de valência da molécula, são
menos firmes em posição e os mais facilmente deslocáveis de
um lado para outro durante a reação.
Na reação de ciclização térmica de um butadieno
dissubstituido RCH=CH–CH=CHR, o orbital molecular ocupado
de mais alta energia de um dieno conjugado é ψ2. São os
elétrons neste orbital que vão formar a ligação que fecha o
ciclo. A formação de ligações requer sobreposição, neste caso,
sobreposição de lobos no C1 e C4 do dieno. E para ocorrer
sobreposição mútua dos lobos, tem que haver rotação em
torno de duas ligações: C1–C2 e C3–C4. Este movimento pode
ser co-rotatório ou disrotatório.
295
que o movimento disrotatório (giro no sentido oposto) resulta
em orbitais de fases opostas, uma interação antiligante e
repulsiva.
O movimento co-rotatório forma a estereoquímica que
na realidade se observa para o butadieno dissubstituido abaixo.
Reação fotoquímica
Na reação de ciclização fotoquímica, a irradiação resulta
na promoção de um elétron à orbital do nível de energia mais
hv
baixa, onde ψ2 ψ3 e o LUMO (orbital molecular ocupado
de mais baixa energia) do estado fundamental (ψ2) torna-se
agora o HOMO (orbital molecular ocupado de mais alta
energia) do estado excitado ψ3.
Agora, em ψ3 a simetria relativa dos carbonos terminais
é oposta à que se verifica em ψ2 e o movimento disrotatório
que aproxima lobos da mesma fase, situação ligante, com
formação do isômero trans e com estereoquímica invertida.
296
Para a reação fotoquímica é interessante fazer o
contraponto entre este caso e o do 4-cis, 2-trans hexa-2,4-
dieno e o 4-trans, 2-trans hexa-2,4-dieno
Regras de woodward-hofmann
Alternativamente, as condições reacionais
térmica/fotoquímica encontram-se sumarizadas nas
generalizações das Regras de Woodward-Hofmann.
297
Número de eletrone π Reação Movimento
4n Térmica Co-rotatório
4n Fotoquímica Disrotatório
4n + 2 Térmica Disrotatório
4n + 2 Fotoquímica Co-rotatório
REAÇÕES DE CICLOADIÇÕES
Nas reações de cicloadições, estão geralmente
envolvidas dois componentes, e a possibilidade de ser posto
em prática um processo particular será determinada pelo fato
de poder haver sobreposição entre o HOMO de uma
componente e a LUMO do outro.
A reação de Diels-Alder, em que um dieno conjugado e
um alceno substituído, dienófilo, reagem para formar um
ciclohexeno, um exemplo de reação de cicloadição.
298
butadieno (ψ3). Em qualquer dos casos, a sobreposição junta
lobos de mesma fase, e o fluxo de elétrons do HOMO para o
LUMO e forma-se a ligação.
299
orbitais apropriados no ciclopetadieno e os orbitais disponíveis
(além dos da ligação dupla carbono-carbono) no anidrido
maleico. Esta sobreposição secundária não pode ocorrer no
estado de transição para a adição exo pelo fato de os orbitais
relevantes se encontrarem afastados.
Uma ciclização do tipo [2 + 2] pode ocorrer via adição de
calor, mas não é uma reação concertada ou via fotoquímica,
reação concertada.
300
Em uma cicloadição, o sistema pi pode ser atacado de
duas maneiras distintas. Se o sistema pi é atacado na mesma
face, a reação é dita ser suprafacial. Se o sistema pi é
atacado em faces opostas, a reação é dita ser antarafacial
neste componente.
301
i+j Térmica Fotoquímica
Supra-antara Supra-supra
4n
Antara-supra Antara-antara
Supra-supra Supra-antara
4n + 2
Antara-antara Antara-supra
Rearranjos sigmatrópicos
São reações em que um substituinte com ligação σ
migra através de um sistema de elétrons π, pode ocorrer em
um alceno simples ou em um polieno. Os exemplos mais
simples envolvem a migração de uma ligação σ transportando
um átomo de hidrogênio.
302
2
1 C 3 C C
C C C C C C Reação
sigmatrópica [3,3]
C C C C C C
1 3
C C C
2
Hexa-1,5-dieno
Migração de hidrogênio
A migração de hidrogênio é o caso mais simples de
rearranjo sigmatrópico, e a estereoquímica desta transposição
pode ser suprafacial ou antarafacial.
303
No estado de transição, é necessária uma ligação de
três centros, o que implica na sobreposição entre um orbital s
do hidrogênio e lobos dos orbitais p dos dois carbonos
terminais. A natureza da transposição permitida, suprafacial ou
antarafacial, depende da simetria destes orbitais terminais, mas
a viabilidade de um rearranjo sigmatrópico não depende só da
simetria, mas também da geometria do sistema.
304
Em esqueletos π maiores, as transposições supra e
antara são possíveis do ponto de vista da geometria, e que a
estereoquimica depende simplesmente da simetria dos orbitais.
Uma transposição [1,7] de hidrogênio deve ser antara, e uma
transposição [1,9] de hidrogênio é supra. Para uma reação
fotoquímica as previsões são opostas as anteriormente
escritas.
Migração de carbono
A migração de carbono envolve duas espécies possíveis
de ligações ao grupo migrante. Uma delas é semelhante à que
acabamos de descrever para a migração do hidrogênio, ligação
de ambas as extremidades do esqueleto π ao mesmo lobo do
carbono, consoante com a simetria do esqueleto π, assim a
migração permitida por simetria pode ser suprafacial ou
antarafacial.
No caso do carbono, a estereoquimica no grupo
migrante ao formar a ligação através do mesmo lobo no
carbono significa fixação à mesma face do átomo, envolvendo
retenção de configuração no grupo migrante.
305
como numa reação de SN2, e produz inversão de configuração
no grupo migrante.
306
O rearranjo de Claisen é estritamente intramolecular e
apresenta um elevado valor negativo para ∆S, característico do
grau de ordenação requerido por um estado de transição
cíclico. Este último requisito é também evidenciado por
14 14
marcação com C, que indica que a posição do átomo C no
grupo alilo é ‘invertida’ durante a migração do reagente e o
produto.
307
ainda que esteja disponível em um mecanismo não concertado,
energeticamente possível, envolvendo intermediários
zwiteriônicos ou birradicalares. Igualmente, a afirmação de que
uma reação é simetricamente permitida não garante
necessariamente que na prática ocorra facilmente; a geometria
requerida no estado de transição pode bem ser inibida pela
dimensão do anel, pela presença de determinados
substituintes, ou por outros motivos.
Nas reações eletrocíclicas, um anel é sempre quebrado
ou formado. Anéis podem, no curso da reação, ser formados
por cicloadição, mas a diferença com as reações eletrocíclicas
é que apenas uma ligação sigma nova é formada (ou
quebrada) entre as extremidades de um sistema único π
conjugado. Em uma cicloadição, duas ligações σ novas são
formadas (ou quebradas), em um rearranjo sigmatrópico uma
forma σ, enquanto a outra é quebrada.
O tipo de reaçôes periciclicas é caracterizada pelo
número de ligações σ formada ou quebrada.
Cicloadições Rearranjos Reações
sigmatrópico eletrocíclicas
CHCH
2 2
CH2 H2C CH2
CH CH
CH2 2
Duas ligações σ são Uma ligação σ é
quebradas quebrada
∆σ = ±2 ∆σ = 0 ∆σ = ±1
308
Numa reação pericíclica os elétrons giram em um anel
(você pode também girar as setas indo para o outro lado),
porque na reação eletrocíclica uma nova ligação σ é formada
finalizando um sistema π. A reação ocorre porque a ligação
sigma que é formada é mais forte que a ligação π que é
quebrada. O oposto é verdadeiro para a reação eletrocíclica
mostrada, limitando-se na tensão do anel de quatro membros,
significando que o inverso da reação, abertura do anel, é a
preferida.
309
Referências Bibliográficas
Revistas e periódicos
310
SITES PARA PESQUISA NA WEB
http://www.chemfinder.com/>
http://www.hazard.com/msds/>
http://webbook.nist.gov/>
http://www.epa.gov/>
http://www.capes.gov.br/portal de periodicos
311
Sobre os autores:
312