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Martino Garonzi
Universidade de Brası́lia
1
2
Capı́tulo 1. Grupos 5
1. Ação de um grupo sobre um conjunto 5
2. Ação de conjugação 7
3. Representações permutacionais 10
4. Teorema de Sylow 13
5. O grupo simétrico de grau 4 17
6. O grupo simétrico de grau 5 20
7. Solubilidade 23
8. Resolução dos exercı́cios - Grupos 24
Capı́tulo 2. Teoria de Galois 43
1. Corpos de decomposição 43
2. O grupo de Galois 45
3. Correspondências de Galois 48
4. Extensões de Galois 52
5. Transitividade 56
6. Cúbicas 56
7. Subcorpos estáveis 58
8. Solubilidade 60
9. Extensões radicais 63
10. Quárticas 66
11. O teorema fundamental da álgebra 67
12. Construtibilidade com régua e compasso 68
13. O teorema de Abel 71
14. Resolução dos exercı́cios - Teoria de Galois 73
3
CAPı́TULO 1
Grupos
4 3
O estabilizador Gα é isomorfo a S3 para todo α ∈ X (por exemplo os elementos do
estabilizador de 1 são 1, (23), (24), (34), (234), (243)). O subgrupo H = h(1234)i
age rotacionando os quatro elementos, os elementos de H são 1, (1234), (13)(24),
(1432) logo Hα = {1} para todo α ∈ X.
Exercı́cios.
(1) O grupo G aja a direita sobre o conjunto X levando (α, g) ∈ X × G para
αg. Mostre que a formula g ∗ α := αg −1 (onde g ∈ G e α ∈ X) define
uma ação a esquerda de G sobre X.
(2) O grupo simétrico G = S4 age de maneira natural sobre X = {1, 2, 3, 4}.
Calcule o indice |G : Gα | para todo α = 1, 2, 3, 4.
2. AÇÃO DE CONJUGAÇÃO 7
2. Ação de conjugação
Ação sobre os conjugados de um elemento. Seja G um grupo e seja x um
elemento (fixado!) de G. Dado h ∈ G o elemento hxh−1 é dito o conjugado de x
por meio de h. Os elementos de G do tipo hxh−1 são chamados de conjugados
de x em G. Seja
X = {hxh−1 : h ∈ G}
o conjunto dos conjugados de x em G. O grupo G age transitivamente no conjunto
dos conjugados de x levando (g, hxh−1 ) para ghxh−1 g −1 = (gh)x(gh)−1 . Se trata
de uma ação a esquerda, e é transitiva sendo que X é igual à orbita de x. O
estabilizador de x é
StabG (x) = Gx = {g ∈ G | gxg −1 = x} = {g ∈ G | gx = xg},
dito o centralizador de x em G e indicado por CG (x). Analogamente o estabi-
lizador de hxh−1 é CG (hxh−1 ). È obvio que x ∈ CG (x) (pois x comuta com x).
O princı́pio da contagem diz exatamente que o número de conjugados de x em G
é igual ao indice do seu centralizador : |X| = |G : CG (x)|. Por exemplo se G é
abeliano então |X| = 1 e CG (x) = G.
Exemplo. Considere
G = S3 = {1, (12), (13), (23), (123), (132)}.
Os conjugados de (12) são (12), (13), (23) (os cı́clos de comprimento 2), os con-
jugados de (123) são (123) e (132) (os cı́clos de comprimento 3). As órbitas da
ação de conjugação (ou seja as classes de conjugação) são então
{1}, {(12), (13), (23)}, {(123), (132)}.
A órbita de (12) tem tamanho 3 e de fato |G : CG ((12))| = |G|/|CG ((12))| = 3
sendo CG ((12)) = {1, (12)}. A órbita de (123) tem tamanho 2 e de fato |G :
CG ((123))| = |G|/|CG ((123))| = 2 sendo CG ((123)) = {1, (123), (132)} (esses
centralizadores podem ser calculados a mão). A equação das classes neste caso
pode ser escrita 6 = 1 + 3 + 2, mais especificamente
|S3 | = |{1}| + |{(12), (13), (23)}| + |{(123), (132)}|.
Em outras palavras Z(G) contem os elementos que “comutam com todo mundo”.
Por exemplo G é abeliano se e somente se Z(G) = G. Pode se verificar a mão que
Z(S3 ) = {1}.
A menos de trocar de lugar as parcelas dessa soma podemos supor que xi ∈ Z(G)
para todo i = 1, 2, . . . , k, assim k = |Z(G)| ≤ m. Obviamente |G : CG (xi )| = 1
para todo i = 1, 2, . . . , k assim temos
m
X m
X
|G| = 1 + 1 + . . . + 1 + |G : CG (xi )| = |Z(G)| + |G : CG (xi )|.
i=k+1 i=k+1
Observe que |C(xi )| > 1 para i > k. Por outro lado |G| = pn é uma potência de p e
|G : CG (xi )| = |C(xi )| é uma potência de p maior que 1 para todo i = k +1, . . . , m
(é uma potência de p pois divide |G| = pn , é maior que 1 pois xi 6∈ Z(G)).
Reduzindo a equação das classes módulo p obtemos então
0 ≡ |Z(G)| + 0 mod p
ou seja p divide |Z(G)|. Isso implica que Z(G) 6= {1} sendo que |{1}| = 1 não é
divisı́vel por p.
Exercı́cios.
3. Representações permutacionais
O grupo G aja agora nos dois conjuntos X e Y . As duas ações são chamadas
de equivalentes (ou isomorfas) se existir uma bijeção ϕ : X → Y tal que ϕ(gx) =
gϕ(x) para todo g ∈ G, x ∈ X(observe que gx é a ação de G sobre X, gϕ(x) é a
ação sobre Y ). Duas ações isomorfas são “a mesma ação”, no sentido que mexem
os mesmos elementos da mesma maneira.
O núcleo dessa ação é então igual a g∈G gHg −1 . Trata-se de um subgrupo normal
T
Exercı́cios.
(1) Sejam A e B subgrupos do grupo finito G e defina AB = {ab : a ∈
A, b ∈ B}. Mostre que |AB| = |A||B|/|A ∩ B|. Mostre que se B E G
então AB ≤ G.
(2) Seja H um subgrupo de G de indice 2. Mostre que H é normal em G
(ou seja H = HG ).
4. TEOREMA DE SYLOW 13
4. Teorema de Sylow
Teorema 2 (Cauchy). Seja G um grupo finito cuja ordem é divisı́vel pelo
primo p. Então existe x ∈ G de ordem p.
Demonstração. Considere Gp = G×· · ·×G (p vezes) e X = {(g1 , . . . , gp ) ∈
G : g1 · · · gp = 1}. Obviamente |X| = |G|p−1 . O grupo C = Cp = hσi age sobre
p
Por exemplo suponha que |G| = mp com p primo e m < p. Então G não é um
grupo simples. De fato, os p-subgrupos de Sylow têm ordem p e indicado com np
o número de p-subgrupos de Sylow, np divide m e np ≡ 1 mod p. Como m < p
deduzimos np = 1 logo existe um único p-subgrupo de Sylow, logo é normal.
16 1. GRUPOS
Por exemplo se G tem ordem 21 não é simples pois contem um 7-Sylow, que
tem indice 3, logo é normal (pelo teorema de Sylow). Por exemplo se G tem
ordem 40 = 23 · 5 então G não é simples pois n5 = 1.
Exercı́cios.
(1) Seja G um grupo finito e seja p um número primo. Mostre que |G| é
uma potência de p se e somente se todo elemento de G tem ordem uma
potência de p.
(2) Mostre que se G é um grupo tal que |G| ∈ {6, 12, 18, 24} então G não é
um grupo simples.
(3) Seja G um grupo finito com um subgrupo H de indice 4. Mostre que G
não é simples. [Dica: G/HG é isomorfo a um subgrupo de S4 ...]
(4) Seja G um grupo não abeliano com |G| < 60. Mostre que G não é
simples.
(5) Seja G um grupo não abeliano com 60 < |G| < 168. Mostre que G não é
simples. [Cuidado: algumas ordens são difı́ceis, falaremos delas em sala
de aula. Mas é bom tentar.]
(6) Seja p um primo. Calcule np (G) nos casos seguintes.
(a) G = GL(2, p) (“general linear group”), o grupo das matrices 2 × 2
inversı́veis com coeficientes no corpo Z/pZ, ou seja
a b
G = GL(2, p) = : a, b, c, d ∈ Z/pZ, ad − bc 6= 0 .
c d
[Dica: comece calculando |GL(2, p)|: tem p2 − 1 escolhas para a
primeira coluna e p2 − p escolhas para a segunda.]
(b) G = SL(2, p) (“special linear group”), o grupo das matrices 2 × 2
com coeficientes no corpo Z/pZ e determinante 1, ou seja
a b
G = SL(2, p) = : a, b, c, d ∈ Z/pZ, ad − bc = 1 .
c d
[Dica: sendo o determinante det : GL(2, p) → Z/pZ − {0} um ho-
momorfismo sobrejetivo com núcleo SL(2, p) obtemos pelo teorema
de isomorfismo (p − 1)|SL(2, p)| = |GL(2, p)|.
5. O GRUPO SIMÉTRICO DE GRAU 4 17
4 3
Pense no √ comprimento do lado como unitário, assim as diagonais têm compri-
mento 2. O conjunto dos elementos que preservam a distância é um subgrupo
D, chamado de grupo diedral de grau 4. Os seus elementos são também chamados
de “isometrias” do quadrado. Por exemplo a rotação horária de noventa graus
é dada pelo 4-cı́clo (1234) ∈ D. As reflexões também são isometrias e nenhum
3-cı́clo é uma isometria. É fácil entender que
D = {1, (1234), (1432), (13)(24), (12)(34), (14)(23), (13), (24)}.
Em particular D é um 2-Sylow de S4 . Observe que D não é abeliano porque
(13)(1234) = (12)(34) e (1234)(13) = (14)(23). Como existem elementos de
ordem 2 fora de D (por exemplo (14)) e todo 2-subgrupo está contido em um
2-subgrupo de Sylow, deduzimos que n2 (G) 6= 1. Como n2 (G) divide |G : D| =
3 obtemos que n2 (G) = 3. Os conjugados de D correspondem aos grupos de
isometria correspondentes às varias maneiras de enumerar os vertices do quadrado.
Analogamente n3 (G) ∈ {1, 4} e n3 (G) 6= 1 porque nem todos os conjugados de
(123) pertencem a h(123)i (por exemplo considere (234)). Logo n3 (G) = 4.
{1}
4 /K 3 /A 2 /G
18 1. GRUPOS
então H é um 2-Sylow (ou seja é conjugado a D), se |H| = 12 então H tem indice
2 em G, logo é normal em G, logo H = A (já temos a lista de todos os subgrupos
normais!), e se |H| = 24 então H = G. Precisamos estudar agora o caso |H| = 4.
Neste caso a ação é regular e tem duas possibilidades: H é cı́clico ou não é cı́clico.
No primeiro caso H é gerado por um 4-cı́clo. No segundo caso os elementos não
triviais de H têm ordem 2. Mostraremos que neste caso H = K é o grupo de
Klein. Sendo |H| = 4, H é abeliano (veja as listas). A menos de conjugar H com
um elemento oportuno podemos supor H ≤ D. Se H contem (13) então como
os únicos elementos de D de ordem 2 que comutam com ele são (24) e (13)(24)
obtemos H = {1, (13), (24), (13)(24)}, mas esse subgrupo não é transitivo, uma
contradição. Analogamente H não pode conter (24). Mas então os elementos de
H são 1, (12)(34), (13)(24) e (14)(23), ou seja H = K.
Exercı́cios.
escolher os três elementos do cı́clo e com eles podemos construir (3 − 1)! = dois
3-cı́clos). Analogamente (1234) tem 5 · 3! = 30 conjugados e (12345) tem 4! = 24
conjugados. (12)(34) tem 5 · 3 conjugados (5 escolhas para o elemento fixado e
podemos construir exatamente três conjugados de (12)(34) usando 4 elementos).
(12)(345) tem 53 2 = 20 conjugados (a escolha do 3-cı́clo determina o elemento).
A equação das classes de S5 é então
1 + 10 + 20 + 30 + 24 + 15 + 20 = 120.
6. O GRUPO SIMÉTRICO DE GRAU 5 21
Sendo 3 primo a interseção de cada dois 3-Sylow é {1} logo n3 (S5 ) = n3 (A5 ) =
20/2 = 10 (número de 3-cı́clos dividido pelo número de 3-cı́clos em cada 3-Sylow)
e analogamente n5 (S5 ) = n5 (A5 ) = 24/4 = 6.
Para calcular n2 (S5 ) observe que cada 2-Sylow P está contido em um esta-
bilizador (porque um estabilizador tem ordem divisı́vel por 8 e os estabilizadores
são conjugados) e já vimos que os 2-Sylow de S4 são transitivos, isso mostra que
P tem exatamente duas órbitas em {1, 2, 3, 4, 5} (uma de tamanho 4, a outra de
tamanho 1). Segue que existe um único estabilizador que contem P . Mas tem
5 estabilizadores e cada um contem três 2-Sylow, logo n2 (S5 ) = 5 · 3 = 15. Em
outras palavras NS5 (P ) = P .
Exercı́cios.
7. SOLUBILIDADE 23
7. Solubilidade
Um grupo G é dito solúvel se existe uma sequência (ou “série”) de subgrupos
H0 , H1 , . . . , Hn de G com as propriedades seguintes:
• H0 = {1},
• Hn = G,
• Hi é um subgrupo normal de Hi+1 para todo i = 0, 1, . . . , n − 1,
• Hi+1 /Hi é um grupo abeliano para todo i = 0, 1, . . . , n − 1.
Por exemplo todo grupo abeliano G é solúvel: basta escolher n = 1, H0 = {1},
H1 = G. Um exemplo de grupo solúvel não abeliano é S3 , considerando a série
{1} < A3 < S3 : os quocientes são A3 /{1}, cı́clico de ordem 3, e S3 /A3 , cı́clico de
ordem 2.
Proposição 5. Se G é solúvel e H ≤ G, N EG então H e G/N são solúveis.
Demonstração. Sejam H1 , . . . , Hn como na definição de grupo solúvel.
Seja Ki := Hi ∩ H para todo i = 0, 1, . . . , n. Observe que K0 = {1}, Kn = H,
e Ki é um subgrupo normal de Ki+1 (de fato se g ∈ Ki+1 então gKi g −1 está
contido em H sendo Ki ≤ H e g ∈ H, e está contido em Hi sendo g ∈ Hi+1 e Hi
24 1. GRUPOS
normal em Hi+1 ). Além disso Ki+1 /Ki = Ki+1 /Ki+1 ∩ Hi ∼ = Ki+1 Hi /Hi é um
subgrupo de Hi+1 /Hi , que é abeliano, logo Ki+1 /Ki é abeliano.
Agora observe que
Hi+1 N/N ∼ Hi+1 N Hi+1 Hi N ∼ Hi+1
= = =
Hi N/N Hi N Hi N Hi+1 ∩ Hi N
é um quociente de Hi+1 /Hi porque Hi ≤ Hi+1 ∩ Hi N . Como Hi+1 /Hi é abeliano
segue que HHi+1 N/N
i N/N
é abeliano. Isso implica que a serie
N/N ≤ H1 N/N ≤ H2 N/N ≤ . . . ≤ Hn N/N = G/N
tem fatores abelianos, logo G/N é solúvel.
(4) Seja G um grupo. Mostre que G age sobre G × G por meio da regra
(6) Seja G um grupo finito abeliano que age de maneira fiel e transitiva
sobre um conjunto X. Mostre que |G| = |X|.
26 1. GRUPOS
(7) Seja G um grupo que age de maneira fiel e transitiva sobre X. Mostre
que |Z(G)| divide |X|.
G = S3 × C2 . O centro é {1} × C2 .
C := {(x, y) ∈ G × G : xy = yx}.
(18) Uma ação de G sobre X com todos os estabilizadores triviais (ou seja
Gx = {1} para todo x ∈ X) é dita semiregular. Mostre que a ação de
G sobre X é equivalente à ação regular de G (que é a ação de G sobre
G dada pela multiplicação a esquerda) se e somente se é semiregular e
transitiva.
xy = x(yx)x−1 .
(24) Seja G um grupo finito e seja p um número primo. Mostre que |G| é
uma potência de p se e somente se todo elemento de G tem ordem uma
potência de p.
(25) Mostre que se G é um grupo tal que |G| ∈ {6, 12, 18, 24} então G não é
um grupo simples.
(27) Seja G um grupo não abeliano com |G| < 60. Mostre que G não é
simples.
(28) Seja G um grupo não abeliano com 60 < |G| < 168. Mostre que G não é
simples. [Cuidado: algumas ordens são difı́ceis, falaremos delas em sala
de aula. Mas é bom tentar.]
32 1. GRUPOS
Se |G| ∈ {90, 126} então |G| tem a forma 2m com m impar. Neste
caso a representação regular mostra que podemos identificar G com um
8. RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS - GRUPOS 33
(32) Seja G um grupo finito com dois subgrupos normais A, B tais que AB =
G e A ∩ B = {1}. Mostre que G ∼ = A × B.
(35) Seja G um grupo não abeliano de ordem 231 = 3 · 7 · 11. Mostre que
|Z(G)| = 11. [DICA: considere a ação de conjugação de G sobre o
conjunto dos elementos de ordem 11.]
8. RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS - GRUPOS 37
(38) Seja p um número primo. Mostre que todo grupo de ordem p2 é abeliano.
[DICA: lembre-se do exercı́cio que falava que se G/Z(G) é cı́clico então
G é abeliano.]
6
(3, 3), 2 6 = 90 elementos (4, 2). A equação das classes é
As classes de A6 :
• 5-cı́clos. O centralizador em S6 tem ordem 5 logo é cı́clico e A6
contem duas classes de 5-cı́clos, cada uma de tamanho 72.
• 3-cı́clos. O centralizador em S6 tem ordem 18 e não está contido
em A6 porque (123) comuta com (45) ∈ S6 − A6 , logo os 3-cı́clos
são todos conjugados em A6 .
• (2, 2). O centralizador em S6 tem ordem 16 e não está contido em
A6 porque (12)(34) comuta com (56) ∈ S6 − A6 , logo os (2, 2) são
todos conjugados em A6 .
• (3, 3). O centralizador em S6 tem ordem 18 e não está contido em
A6 porque (123)(456) comuta com (14)(25)(36) ∈ S6 − A6 , logo os
(3, 3) são todos conjugados em A6 .
• (4, 2). O centralizador em S6 tem ordem 8 e não está contido em
A6 porque (1234)(56) comuta com (56) ∈ S6 − A6 logo os (4, 2) são
todos conjugados em A6 .
Segue que a equação das classes de A6 é
1 + 72 + 72 + 40 + 45 + 40 + 90 = 6!/2 = 360.
P é um subgrupo de G pois 1 ∈ P e
1 x y 1 a b 1 a+x b + xc + y
0 1 z 0 1 c = 0 1 c+z .
0 0 1 0 0 1 0 0 1
A ordem de P é p3 porque temos p escolhas para cada um de x, y e z.
Por outro lado podemos calcular facilmente a ordem de G: tem p3 − 1
escolhas para a primeira coluna, p3 − p para a segunda e p3 − p2 para a
terceira, segue que
|G| = (p3 − 1)(p3 − p)(p3 − p2 ) = p3 (p3 − 1)(p2 − 1)(p − 1)
logo P é um p-Sylow de G. Para calcular np (G) = |G : NG (P )| calcula-
remos a ordem do normalizador NG (P ). Seja
a b c
k = d e f ∈ NG (P ).
g h i
Segue que para todo m ∈ P existe h ∈ P com kmk −1 = h ou seja
km = hk. Ou seja para todo x, y, z ∈ Fp existem r, s, t ∈ Fp tais que
a b c 1 x y 1 r s a b c
d e f 0 1 z = 0 1 t d e f .
g h i 0 0 1 0 0 1 g h i
Fazendo os produtos obtemos
a ax + b ay + bz + c a + rd + sg b + re + sh c + rf + si
d dx + e dy + ez + f = d + tg e + th f + ti .
g gx + h gy + hz + i g h i
Em particular tg = gx = 0. Mas escolhendo x = 1 obtemos g = 0.
Segue que hz = 0. Mas escolhendo z = 1 obtemos h = 0. Segue que
dx = 0. Mas escolhendo x = 1 obtemos d = 0. Segue que m é uma
matriz triangular superior e a 6= 0, e 6= 0 e i 6= 0. Por outro lado as
condições g = h = d = 0, a 6= 0, e 6= 0, i 6= 0 garantem a existência de
r, s, t como acima para toda escolha de x, y, z. Isso significa que
a b c
NG (P ) = 0 e f : a, b, c, e, f, i ∈ Fp , a 6= 0, e 6= 0, i 6= 0
0 0 i
Teoria de Galois
1. Corpos de decomposição
Seja K um corpo de caracterı́stica zero. Em outras palavras K contem Q
como subcorpo. Se quiser pode pensar que Q ≤ K ≤ C. Sejam K ≤ L corpos,
em outras palavras seja “L/K” uma extensão de corpos. O grau de L sobre K é
|L : K| = dimK (L), a dimensão de L sobre K como espaço vetorial. Observe que
|L : K| = 1 se e somente se L = K. Se K ≤ L ≤ M temos a formula do grau
|M : K| = |M : L| · |L : K|.
Se a ∈ L é algébrico (ou seja admite um polinômio minimal) sobre K então K(a)
(o corpo gerado por K e por a) é isomorfo a K[X]/(f (X)) onde f (X) ∈ K[X] é
o polinomio minimal de f sobre K e (f (X)) é o ideal principal de K[X] gerado
= K[X]/(f (X)) ∼
por f (X). Se a, b são duas raı́zes K(a) ∼ = K(b) (isomorfismos de
aneis) mas em geral K(a) 6= K(b) (pense em X 3 − 2: veja abaixo).
Lembre-se que todo polinômio de K[X] (o anel dos polinômios com coefici-
entes em K) pode ser escrito de maneira essencialmente única como produto de
polinômios irredutı́veis, ou seja K[X] é um domı́nio de fatoração única.
Proposição 7. Se f (X) ∈ K[X] é irredutı́vel então não tem raı́zes múltiplas
(ou seja é “separável”).
Demonstração. Suponha que seja f (X) = (X − a)2 g(X) onde a é uma raiz
de f (X) em uma extensão M de K e g(X) ∈ M [X]. A derivada de f (X) é
f 0 (X) = 2(X − a)g(X) + (X − a)2 g 0 (X) = (X − a)h(X)
onde h(X) = Pn2g(X) + (X − a)g 0 (X) ∈PM [X]. É claro que f 0 (X) ∈ K[X], pois
0 n
se f (X) = i=0 ai X então f (X) = i=0 iai X i−1 e iai ∈ K sendo ai ∈ K e
i
logo g(r) é também uma raiz de f (X). Segue que a ação natural (de automorfismo)
de G sobre M induz uma ação de G sobre o conjunto das n raı́zes de f (X) que
pertencem ao corpo M (observe que f (X) admite exatamente n raı́zes em M ,
sendo elas todas distintas!). Na próxima aula mostraremos que |G| = |M : K|.
Como M é gerado pelas raı́zes de f sobre K, tal ação de G é fiel, logo G é isomorfo
a um subgrupo de Sn , e isso implica que |M : K| = |G| divide n!.
Exercı́cios.
2. O grupo de Galois
Lembre-se que se f (X) ∈ K[X] existe sempre um corpo de decomposição
para f (X) sobre K (obtido adicionando a K todas as raı́zes de f (X)). Observe
que se A e T são aneis comutativos e σ : A → T é homomorfismo, e c ∈ T , então
existe um único homomorfismo σ : A[X] → T tal que σ|A = σ e σ(X) = c.
Seja agora n ≥ 2. Seja h(X) ∈irr K[X] de grau maior que 1 e suponha
f (X) = h(X)t(X) em K[X]. Isso é possı́vel porque K[X] é um domı́nio de
fatoração única e se todos os polinômios irredutı́veis de K[X] que dividem f (X)
tivessem grau 1 então K seria igual a M . Como M é corpo de decomposição
para f (X) sobre K, e h(X) é um fator de f (X) em K[X], existe u ∈ M tal
que h(u) = 0, e pela mesma razão existe v ∈ M tal que h(v) = 0. Temos
h(X) ∈irr F [X], h(X) divide f (X) e M e M são corpos de decomposição de f (X)
e f (X) sobre K(u) e F (v) respectivamente (são tais sobre K e F respectivamente).
Pela formula dos graus |M : K(u)| < |M : K|, logo por hipótese de indução σ pode
ser extendido a um isomorfismo M → M de exatamente |M : K(u)| maneiras.
Segue que φ(u) = ui para algum i ∈ {1, ..., r}, ou seja φ|K(u) = σi .
Exercı́cios.
3. Correspondências de Galois
Seja M/K uma extensão de corpos de grau finito.
Definição 2 (O grupo de Galois). O grupo de Galois da extensão M/K é
por definição
G(M/K) := AutK (M ) = {g ∈ Aut(M ) | g|K = idK }
ou seja o grupo dos automorfismos de M (isomorfismos de aneis M → M ) que
restritos a K são a identidade de K, ou seja o grupo dos K-automorfismos de M .
Chamado de G o grupo de Galois de M/K, seja [M/K] o reticulado dos
corpos intermediários de M/K (ou seja o conjunto parcialmente ordenado dos
corpos L tais que K ≤ L ≤ M , é um reticulado), e indicaremos com L (G) o
reticulado dos subgrupos de G (ou seja o conjunto parcialmente ordenado dos
subgrupos de G, que é um reticulado). A ordem parcial dos reticulados [M/K] e
L (G) é a inclusão.
3. CORRESPONDÊNCIAS DE GALOIS 49
√
K em geral não é fechado. Por exemplo se M = Q( 3 2) e K = Q então
vimos que G = {1} logo K 0 = G = {1} e G0 = {1}0 = M . Temos então que
K 00 = M 6= K logo K não é fechado. O único subcorpo fechado é M . Observe
que neste caso [M/K] = {K, M } e L (G) = {G} sendo G = {1}. Definiremos
“extensão de Galois” uma extensão M/K em que K é fechado.
Seja r := |L01 : L02 |. Se σ, τ ∈ L01 são tais que σ(u) = τ (u) então u = σ −1 (τ (u))
logo σ −1 τ ∈ L02 , ou seja σ e τ são congruentes módulo L02 : eles têm a mesma
classe lateral módulo L02 , ou seja σL02 = τ L02 . Escrevendo L01 = τ1 L02 ∪ . . . ∪ τr L02
como união disjunta das r = |L01 : L02 | classes laterais de L02 em L01 , temos então
que τ1 (u), . . . , τr (u) são dois a dois distintos. Sendo L2 = L1 (u) e |L2 : L1 | = n, o
polinômio minimal f (X) de u sobre L1 tem grau n, e sendo f (X) irredutı́vel sobre
um corpo de caracterı́stica zero, as n raı́zes de f (X) são distintas. Os τi restritos
a L1 são a identidade de L1 , logo pelo argumento usual f (τi (u)) = τi (f (u)) =
τi (0) = 0 para todo i = 1, ..., r. Isso nos dá r raı́zes distintas de f (X), logo
r ≤ n.
√ √
Exemplo. Seja f (X) = X 3 − 2, α = 3 2, t = e2πi/3 = −1/2 + i 3/2. Sejam
K = Q, M = Q(α, t) o corpo de decomposição de f (X) sobre Q e G = G(M/K).
Se g ∈ G temos que g(α) é uma raiz de f (X) logo as possibilidades são
• g(α) = α. Neste caso se g(αt) = αt então αt = g(αt) = g(α)g(t) = αg(t)
logo g(t) = t e g é a identidade. Se g(αt) = αt2 então αt2 = g(αt) =
g(α)g(t) = αg(t) logo g(t) = t2 .
• g(α) = αt. Neste caso se g(αt) = α então α = g(αt) = g(α)g(t) = αtg(t)
logo g(t) = t2 . Se g(αt) = αt2 então αt2 = g(αt) = g(α)g(t) = αtg(t)
logo g(t) = t.
• g(α) = αt2 . Neste caso se g(αt2 ) = α então α = g(αt2 ) = g(α)g(t)2 =
αt2 g(t)2 logo g(t) = t2 . Se g(αt2 ) = αt então αt = g(αt2 ) = g(α)g(t)2 =
αt2 g(t)2 logo g(t) = t.
3. CORRESPONDÊNCIAS DE GALOIS 51
Segue que os elementos de G são (determinados pela ação nas três raı́zes e)
dados por
Elemento Imagem de α Imagem de t Estrutura
g1 α t Identidade
g2 α t2 2-cı́clo (αt, αt2 )
g3 αt t 3-cı́clo (α, αt, αt2 )
2
g4 αt t 2-cı́clo (α, αt)
g5 αt2 t 3-cı́clo (α, αt2 , αt)
g6 αt2 t2 2-cı́clo (α, αt2 )
Como G ∼
= S3 , cada possibilidade ocorre. Observe que g1 = 1. Deduzimos que
• Q0 = G
• Q(α)0 = {g1 , g2 } = hg2 i,
• Q(αt)0 = {g1 , g6 } = hg6 i,
• Q(αt2 )0 = {g1 , g4 } = hg4 i,
• Q(t)0 = {g1 , g3 , g5 } = hg3 i.
• M 0 = {1}.
Como veremos nas próximas aulas, neste caso especı́fico (sendo M um corpo
de decomposição) i e j são bijetivas, uma a inversa da outra (assim todos os
subcorpos e todos os subgrupos são fechados), e os reticulados [M/K], L (G) são
os seguintes. As setas são inclusões e os números a esquerda indicam os graus, a
direita indicam os indices. Observe que g3 g5 = 1.
; MO dJiTJTTTT {1} QQ
DD QQQ
vv JJ TTTT z DD 2 QQQ3
2 vvv JJ z
vv 2 J TTTTTTT
2 JJ 3 z
z
z2
z
2 DD QQQ
DD QQQ
vv TTTT }zz ! QQ(
2
Q(α) Q(αt) Q(αt ) j5 Q(t) hg2 i hg6 i hg4 i l hg3 i
cGG
GG
O
uuu:
j jjjjjj EE
EE3 yy lllll
GG 3 u j yy lll
uu jjj
3 2
GG EE
ujujjjjj EE yyyll3lll 2
3
3 GG u l
uj " |yvll
Qj G
Exercı́cios.
• X 4 − 3X 2 + 4.
(2) Seja M/K uma extensão de grau 2 e seja G = G(M/K). Mostre que
K é fechado, ou seja G0 = K. [Dica: seja u ∈ M − K, mostre que
M = K(u), deduza que M é um corpo de decomposição do polinômio
minimal de √u sobre K, deduza que |G| = 2.]
(3) Sejam α = 3 2, t = e2πi/3 , K = Q, M = Q(α, t) (corpo de decomposição
de X 3 − 2 sobre Q). Seja G = G(M/K). Quais são os subcorpos L de
M tais que g(`) ∈ L para todo ` ∈ L e para todo g ∈ G?
4. Extensões de Galois
Lema 4. Sejam H ≤ G grupos, n = |G : H|, e seja {τ1 , ..., τn } um transversal
esquerdo de H em G, ou seja τ1 H ∪. . .∪τn H = G. Para todo σ ∈ G, {στ1 , ..., στn }
é também um transversal esquerdo de H em G.
Teorema 8. Seja M/K uma extensão finita de corpos, com grupo de Galois
G, e sejam H1 , H2 ∈ L(G) com H1 ≤ H2 . Definido n := |H2 : H1 | temos
|H10 : H20 | ≤ n.
Suponha por contradição que |H10 : H20 | > n. Sejam ui ∈ H10 para i =
1, ..., n + 1, linearmente independentes sobre H20 . Considere o sistema linear
Pn+1
i=1 τ1 (ui )xi = 0
...
Pn+1
i=1 n (ui )xi = 0
τ
Se trata de um sistema de n equações lineares e n + 1 incognitas x1 , . . . , xn+1 ,
logo admite pelo menos uma solução não nula em M . Seja (a1 , ..., ar , 0, ..., 0)
uma solução não nula (obtida a menos de reordenação) com o número máximo de
zeros, e com ai 6= 0 para todo i = 1, ..., r. A menos de multiplicar tal solução por
a−1
1 (obtendo uma outra solução) podemos supor que a1 = 1. A nossa solução é
então (1, a2 , ..., ar , 0, ..., 0). Existe um único i ∈ {1, ..., n} tal que τi ∈ H1 . Sem
perda de generalidade podemos supor i = 1. Para todo i = 1, ..., n + 1 temos
τ1 (ui ) = ui . Existe pelo menos um j ∈ {2, ..., r} tal que aj 6∈ H20 , porque se
a2 , ..., ar ∈ H20 então pela primeira equação u1 + a2 u2 + ... + ar ur = 0, o que
contradiz a independência linear dos ui sobre H20 . Sem perda de generalidade seja
4. EXTENSÕES DE GALOIS 53
Mas pelo que foi dito no começo dessa demonstração os τi agem exatamente como
os στi sobre os ui , muda apenas a ordem. Segue que
(σ(1), σ(a2 ), ..., σ(ar ), σ(0), ..., σ(0)) = (1, σ(a2 ), ..., σ(ar ), 0, ..., 0)
é uma outra solução do sistema (é só permutar as linhas do sistema). Subtraindo
a solução (1, a2 , ..., ar , 0, ..., 0) obtemos uma terceira solução, ela é
(0, σ(a2 ) − a2 , ..., σ(ar ) − ar , 0, ..., 0)
Essa solução não é nula porque σ(a2 ) − a2 6= 0, e tem um zero amais da solução
(1, a2 , ..., ar , 0, ..., 0). Isso contradiz a maximalidade do número de zeros.
Segue que se M/K é uma extensão de corpos com grupo de Galois G, e
L1 , L2 ∈ [M/K], H1 , H2 ∈ L(G), então:
g(X) são raı́zes de f (X), todas de multiplicidade 1. Sendo f (X), g(X) ∈ K[X]
segue que g(X) divide f (X) em K[X]. Como f (X) é irredutı́vel em K[X] isso
implica que g(X) = f (X). Logo f (X) pode ser decomposto em fatores lineares
em M [X].
ll G RRRRR
ll lll RRR 2
lll RRR
l l 2 RRR
lll 2 R
ha, babi ∼ C
= 2 × C habi ∼
= 4C hb, abai ∼
= C2 × C2
pp QQQ 2 mm NNN
pp QQQQ2 mm m NNN2
pp p QQ mm m NNN
p
p 2
2 QQQQ 2 m
mm 2
2
NNN
ppp mm
hai WWWWW hbabi Q hababi habai gg hbi
WWWWW Q
WWWWW 2 QQQQQ2 m mmm g gg gggggg
WWWWW Q 2 mmm 2ggggg
WWW2WWQQQQQ 2
WWWWWQQ mmmmgmgggggggg
2
m g
W gmmgggg
{1}
5. Transitividade
Teorema 11. Seja f (X) ∈ K[X] um polinômio com raı́zes distintas e seja
M um seu corpo de decomposição sobre K. Então a ação de G = G (M/K) no
conjunto das raı́zes de f (X) é transitiva se e somente se f (X) é irredutiv́el em
K[X].
Demonstração. Se f (X) é irredutı́vel e α, β são duas raı́zes de f (X) em
M então sabemos que a composição K(α) ∼ = K[X]/(f (X)) ∼ = K(β) é um K-
isomorfismo que leva α para β, e se extende a um isomorfismo M → M , ou seja
um elemento de G que leva α para β.
Agora suponha que a ação de G seja transitiva. Se f (X) = h(X)k(X) então
se r é raiz de h(X) e s é raiz de k(X) existe g ∈ G tal que g(r) = s, e por um lado
h(g(r)) = g(h(r)) = 0, ou seja g(r) = s é raiz de h(X), por outro lado g(r) = s
é raiz de k(X) logo isso daria uma raiz de f (X) com multiplicidade maior que 1,
uma contradição.
6. Cúbicas
Seja K um corpo de caracterı́stica zero. Seja f (X) ∈ K[X] de grau n, raı́zes
distintas, com corpo de decomposição M sobre K e grupo de Galois G. Sabemos
que G pode ser visto como um subgrupo de Sn (representação permutacional
induzida pela ação de G no conjunto das n raı́zes de f (X)) Sejam v1 , . . . , vn as
raı́zes do polinômio f (X) (todas distintas). Seja
Y
∆ := (v1 − v2 )(v1 − v3 )...(vn−1 − vn ) = (vi − vj )
1≤i<j≤n
2
D := ∆ é chamado de discriminante de f (X). Como todo g ∈ G induz uma
permutação dos vi , temos g(∆) ∈ {∆, −∆}. Mais especificamente se g é par
g(∆) = ∆, se g é ı́mpar g(∆) = −∆. Segue que para todo g ∈ G, g(D) =
g(∆2 ) = g(∆)2 = (±∆)2 = D, logo D ∈ K sendo M/K Galois. Além disso, como
g ∈ G fixa ∆ se e somente se g ∈ An , segue que o subgrupo correspondente a
K(∆) (nas correspondências de Galois) é K(∆)0 = G ∩ An . Observe que isso é
coerente com as correspondências de Galois pois |G : G ∩ An | vale 1 ou 2, assim
como |K(∆) : K|, e |G : G ∩ An | = 2 se e somente se |K(∆) : K| = 2.
7. Subcorpos estáveis
Raı́zes n-esimas
Exercı́cios.
(1) Descreva as correspondências de Galois sobre Q para os polinômios
X 4 − 1, X 5 − 1, X 6 − 1, X 7 − 1, X 8 − 1.
Pode usar o fato que o grupo de Galois de X n − 1 sobre Q é isomorfo
a U (Z/nZ). Dada uma raiz n-esima u de 1 de ordem multiplicativa n,
cada elemento g ∈ G é identificado pela classe m módulo n, coprima
com n, tal que g(u) = um .
Para ajudar:
• U (Z/4Z) = {1, 3} é cı́clico gerado por 3;
• U (Z/5Z) = {1, 2, 3, 4} é cı́clico gerado por 2;
• U (Z/6Z) = {1, 5} é cı́clico gerado por 5;
• U (Z/7Z) = {1, 2, 3, 4, 5, 6} é cı́clico gerado por 3
• U (Z/8Z) = {1, 3, 5, 7} não é cı́clico, é isomorfo ao grupo de Klein.
8. Solubilidade
Proposição 14. Seja M um corpo de decomposição sobre K. Seja U o
conjunto das raı́zes n-esimas de 1 em C. Então G (M/K) é solúvel se e somente
se G (M (U )/K(U )) é solúvel.
Demonstração. A extensão M/K é Galois por hipótese, logo M é o corpo
de decomposição sobre K para um polinômio f (X) ∈ K[X]. A extensão K(U )/K
é Galois sendo um corpo de decomposição de X n − 1 e M (U )/K é Galois sendo
um corpo de decomposição de f (X)(X n − 1). Sejam T = G (M (U )/K(U )),
R = G (M (U )/K), G = G (M/K). Precisamos mostrar que T é solúvel se e
somente se G é solúvel. Trabalharemos na extensão M (U )/K. Sabemos que
T = K(U )0 , e sendo K(U ) um corpo de decomposição, é Galois logo é estável e
R/T ∼ = G (K(U )/K) é abeliano. Sendo M um corpo de decomposição, é Galois
logo é estável em M (U )/K e M 0 E R, R/M 0 ∼
= G (M/K) = G. Isso mostra que
8. SOLUBILIDADE 61
−1
Y Y Y
N (x−1 ) = g(x−1 ) = g(x)−1 = g(x) = N (x)−1 .
g∈G g∈G g∈G
9. Extensões radicais
Resolver uma equação polinomial f (X) = 0 sobre K para nós significa ex-
pressar as soluções de f (X) = 0 a partir dos elementos de K usando operações de
corpo e raı́zes n-esimas. Por exemplo a formula para resolver X 3 + pX + q = 0,
onde p, q ∈ Q, é (Cardano)
s r s r
3 q q 2 p3 q q2 p3
k 2k 3
xk = ξ − + + +ξ − − + , k = 0, 1, 2
2 4 27 2 4 27
√
onde ξ = ei2π/3 = − 12 +i 23 e se q 2 /4+p3 /27 < 0 as duas raı́zes cúbicas na formula
são tomadas complexas conjugadas e se q 2 /4 + p3 /27 ≥ 0 as duas raı́zes cúbicas
na formula são reais. Observe que se existirem raı́zes complexas conjugadas de
uma cúbica irredutı́vel então o grupo de Galois dela é S3 porque a conjugação
complexa tem ordem 2. O exemplo das cúbicas justifica a definição seguinte.
Seja F/K uma extensão de corpos. Ela é dita radical se existe uma torre
de raı́zes que vai de K até F , ou seja uma sequência de subcorpos
K = K0 ≤ K1 ≤ . . . ≤ Kr = F
64 2. TEORIA DE GALOIS
tal que para todo i = 0, . . . , r − 1, Ki+1 = Ki (ti ) onde tni i ∈ Ki para algum inteiro
positivo ni , ou seja ti é uma raiz ni -esima de um elemento de Ki , ou seja ti é raiz
de um polinômio X ni − ai ∈ Ki [X].
Exercı́cios.
(1) Seja F/K uma extensão de corpos e seja M o fecho de Galois de F
sobre K, G = G (M/K). Mostre que M é gerado pelos corpos σ(F )
onde σ ∈ G.
(2) Seja G um grupo solúvel finito. Mostre que G é policı́clico, ou seja existe
uma série {1} = G0 C G1 C . . . C Gn = G tal que Gi /Gi−1 é cı́clico para
todo i = 1, . . . , n. Isso permanece verdadeiro se G for infinito?
(3) Seja f (X) = X 5 −4X+2 (irredutı́vel em Q[X] pelo criterio de Eisenstein)
e seja M um corpo de decomposição de f (X) sobre Q com grupo de
Galois G, pensado como subgrupo de S5 agindo nas 5 raı́zes de f (X).
(a) Mostre que f (X) tem três raı́zes reais e duas raı́zes complexas con-
jugadas (estudando o grafico de f ).
66 2. TEORIA DE GALOIS
10. Quárticas
Seja f (X) = X 4 + bX 3 + cX 2 + dX + e irredutı́vel e separável em F [X] e
sejam v1 , v2 , v3 , v4 as suas raı́zes, todas distintas. Seja M = F (v1 , v2 , v3 , v4 ) e
G = G (M/F ), isomorfo a um subgrupo de S4 . Sejam
α := v1 v2 + v3 v4 , β := v1 v3 + v2 v4 , γ := v1 v4 + v2 v3
Como os vi são distintos segue que α, β e γ são distintos. De fato
α − β = v1 v2 + v3 v4 − v1 v3 − v2 v4 = (v1 − v4 )(v2 − v3 ) 6= 0,
α − γ = v1 v2 + v3 v4 − v1 v4 − v2 v3 = (v1 − v3 )(v2 − v4 ) 6= 0,
β − γ = v1 v3 + v2 v4 − v1 v4 − v2 v3 = (v1 − v2 )(v3 − v4 ) 6= 0.
Além disso é fácil se convencer que a ação natural de G sobre as raı́zes induz
uma ação de G sobre {α, β, γ}. Seja K < S4 o grupo de Klein. É claro que se
σ ∈ G ∩ K então σ fixa α, β e γ. Reciprocamente se σ 6∈ G ∩ K então σ não fixa
pelo menos um entre α, β, γ. Para se convencer disso, se σ 6∈ G então σ é de um
dos tipos seguintes:
• 2-cı́clos. Por exemplo se σ = (12) então β 7→ γ 7→ β.
• 3-cı́clos. Por exemplo se σ = (123) então α 7→ γ 7→ β 7→ α.
• 4-cı́clos. Por exemplo se σ = (1234) então γ 7→ α 7→ γ.
Segue que F (α, β, γ)0 = G ∩ K, e (G ∩ K)0 = F (α, β, γ) sendo M/F Galois. Logo
sendo F (α, β, γ) estável em M/F ,
G/G ∩ K ∼ = G(F (α, β, γ)/F )
O polinômio
R(X) = (X − α)(X − β)(X − γ) ∈ F (α, β, γ)[X]
é chamado de resolvente cúbica de f (X). Como a ação natural de G induz uma
ação permutacional em {α, β, γ} temos R(X) ∈ F [X]. Uma conta demonstra que
a resolvente cúbica de f (X) = X 4 + bX 3 + cX 2 + dX + e é
X 3 − cX 2 + (bd − 4e)X − b2 e + 4ce − d2 ∈ F [X].
O grupo de Galois de R é isomorfo a G/G ∩ K. G é um subgrupo transitivo
de S4 (sendo f (X) irredutı́vel), e sabemos quais são os subgrupos transitivos de
S4 : o grupo de Klein, os subgrupos cı́clicos de ordem 4, os subgrupos diedrais de
ordem 8, o grupo alternado A4 e o grupo simétrico S4 . É então imediato deduzir
as coisas seguintes. Se G/G ∩ K ∼ = S3 então G = S4 . Se G/G ∩ K ∼ = A3 então
11. O TEOREMA FUNDAMENTAL DA ÁLGEBRA 67
algébrico seria raı́z de um polinômio não nulo f (X) logo π seria raı́z de f (X 2 ),
mas π é transcendente).
Duplicar um cubo de lado 1 significa construir um cubo de volume
o dobro do volume do cubo √ dado, ou seja 2. Isso não é possı́vel. De fato um
cubo de volume 2 tem lado 3 2 que não é construtı́vel porque tem grau 3 sobre
Q, e 3 não é uma potência de 2.
Trisecar um ângulo α significa, dado um ângul de amplitude α,
construir um ângulo de amplitude α/3. Isso em geral não é possı́vel. Para ver
isso observe primeiramente que construir um ângulo de amplitude α é equivalente
a construir cos(α) e sin(α) (interceptando com o cı́rculo unitário). A partir do
cı́rculo de centro a origem e raio unitário
√ pode se construir o ángulo de 60 graus
sendo cos(π/3) = 1/2 e sin(π/3) = 3/2, mas não é possı́vel construir o ángulo
de
√ 20 graus 3porque2 definido x = cos(π/9) e y = sin(π/9) temos (x + iy)3 = 1/2 +
i 3/2 daı́ x −3xy = 1/2 e usando y = 1−x2 obtemos x3 −3x(1−x2 )−1/2 = 0.
2
Existem elementos de grau uma potência de 2 que não são construtı́veis, por
exemplo considere f (X) com grupo de Galois S4 e α uma raı́z de f (X). Sejam G o
grupo de Galois de f (X), L = Q(α) e H = L0 o subgrupo correspondente. Temos
que |G : H| = |L : Q| = 4 logo H é o estabilizador de um ponto e não existem
subgrupos entre H e G diferentes de H e G. Segue que os únicos subcorpos de
Q(α) são Q e Q(α), logo α não é construtı́vel.
Um exemplo especı́fico: considere f (X) = X 4 −4X+2, irredutı́vel pelo critério
de Eisenstein, e seja α uma raı́z de f (X). Mostraremos que α não é construtı́vel
exibindo um elemento de grau 3 no corpo de decomposição do polinômio minimal
de α sobre Q. Existem a, b, c, d reais tais que
f (X) = (X 2 + aX + b)(X 2 + cX + d).
Seja t = b+d. As contas mostram que t(t2 −8) = 16 logo t é raı́z de X 3 −8X −16,
irredutı́vel em Q[X]. Se α fosse construtı́vel então t seria construtı́vel, mas t tem
grau 3.
Por exemplo
n
X X
s1 = Xi , s2 = Xi Xj , ..., sn = X1 X2 · · · Xn .
i=1 i<j
(a) X 2 , X 2 − 1, X 2 − 2, X 2 − 3, X 2 − 4.
(b) X 3 − 1, X 3 − 4, X 3 − 8.
√
X 3 −1 = (X−1)(X 2 +X+1), um c.d. é Q(u) onde u = −1/2+i 3/2
é uma raiz de X 2 +X+1 (irredutı́vel porque não tem raı́zes inteiras).
Analogamente X√3 − 8 = (X − 2)(X 2 + 2X + 4), um c.d. é Q(u)
onde u = −1 + i 3 é uma raiz de X 2 + 2X + 4 (irredutı́vel porque
não tem raı́zes inteiras).
(c) X 3 + 1, X 3 + 8.
(d) X 4 − 2, X 4 − 16.
74 2. TEORIA DE GALOIS
√
Uma raiz de X 4 − 2 é α = 4 2, e as outras são iα, −α, −iα. Segue
que um corpo de decomposição é Q(α, i). Como |Q(α) : Q| = 4
(sendo X 4 − 2 irredutı́vel pelo critério de Eisenstein) e Q(α) ⊆ R,
e i 6∈ R, segue que |Q(α, i) : Q| = |Q(α, i) : Q(α)| · |Q(α) : Q| =
2 · 4 = 8.
X 4 − 16 = (X 2 − 4)(X 2 + 4) = (X − 2)(X + 2)(X 2 + 4), logo um
corpo de decomposição é Q(2i, −2i) = Q(i), tem grau 2 sobre Q.
(e) X 4 + 1, X 4 + 16.
4
√
As raı́zes de X √ 2, logo um corpo de decomposição
√ +1 são (±1±i)/
é M = Q(i, 2), e sendo Q( 2) real e i √ 6∈ R deduzimos que |M :
Q| = 4. As raı́zes de X 4 + 16 são (±1 ± i) 2 logo ele tem o mesmo
corpo de decomposição de X 4 + 1.
(f) X 4 − 6X 2 + 6.
são α, tα, t2 α. Se g ∈ G temos que g(α) é uma raiz de f (X), logo temos
três possibilidades.
• g(α) = α. Neste caso g(tα) pode ser tα ou t2 α. No primeiro caso
tα = g(tα) = g(t)g(α) = g(t)α logo g(t) = t e g = 1. No segundo
caso t2 α = g(tα = g(t)g(α) = g(t)α logo g(t) = t2 .
• g(α) = tα. Neste caso g(tα) pode ser α ou t2 α. No primeiro caso
α = g(tα) = g(t)g(α) = g(t)tα logo g(t) = t2 . No segundo caso
t2 α = g(tα) = g(t)g(α) = g(t)tα logo g(t) = t.
• g(α) = t2 α. Neste caso g(tα) pode ser α ou tα. No primeiro caso
α = g(tα) = g(t)g(α) = g(t)t2 α logo g(t) = t. No segundo caso
tα = g(tα) = g(t)g(α) = g(t)t2 α logo g(t) = t2 .
Isso nos dá 6 possibilidades. Como |G| = |M : Q| = 6, cada uma
dessas possibilidades determina um elemento de G.
√
(4) Determine G(Q( 3 2)/Q).
√
Seja α = 3 2 e seja G = G(Q(α)/Q). Seja f (X) = X 3 − 2. Observe
que se g ∈ G então g(α) ∈ Q(α) (sendo g um isomorfismo Q(α) → Q(α)),
e f (g(α)) = g(α)3 − 2 = g(α)3 − g(2) = g(α3 − 2) = g(0) = 0, logo
2
g(α) é raiz de
√ f (X). Mas as raı́zes de f (X) são α, αt e αt , onde
t = −1/2 + i 3/2 ∈ C − R. Sendo g(α) ∈ Q(α) ⊆ R obtemos g(α) = α.
Mas então g : Q(α) → Q(α) é um isomorfismo de aneis que fixa α e fixa
todos os racionais, logo g = 1. Isso mostra que G = {1}.
√
seja σ(b) = − 5/b = −a. Segue que σ(σ(b)) = σ(−a) = −σ(a) = −b
e σ(σ(σ(b))) = σ(−b) = −σ(b) = −(−a) = a. Ou seja σ é o 4-cı́clo
(a, b, −a, −b) e tem ordem 4. Mas sabemos que Q(a) é c.d. para f (X)
sobre Q, logo pelo teorema |G| = |Q(a) : Q| = 4 logo G = hσi.
MO {1}
2 2
Q G
14. RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS - TEORIA DE GALOIS 79
MO {1}
2 2
Q G
√ √
• (X 2 − 2)(X 2 − 3). Um corpo de decomposição
√ é M =√ Q( 2, 3),
tem grau 4√sobre Q logo |G| = 4. Sejam u = 2, v = 3, e observe
que uv = 6 tem grau 2 também. Se g ∈ G não é a identidade
então g(u) 6= u ou g(v) 6= v. No primeiro caso g(u) = −u (sendo
g(u) uma raiz de X 2 − 2) e temos duas possibilidades: g(v) = v
ou g(v) = −v. No segundo caso g(v) = −v (sendo g(v) uma raiz
de X 2 − 3) e temos duas possibilidades: g(u) = u ou g(u) = −u.
Isso nos dá quatro possibilidades, e cada uma delas ocorre sendo
|G| = 4. Podemos resumir tudo na tabela seguinte.
Elemento Imagem de u Imagem de v Estrutura
g1 u v Identidade
g2 u −v 2-cı́clo (v, −v)
g3 −u v 2-cı́clo (u, −u)
g4 −u −v (u, −u)(v, −v)
Observe que g1 = 1 e g2 g3 = g4 . Escrevendo então G = {1, g2 , g3 , g4 }
os subgrupos de G são {1}, G, hg2 i, hg3 i, hg4 i. Temos {1}0 = M ,
M 0 = {1}, Q0 = G como sempre. Um elemento de M tem a
forma m = a + bu + cv + duv. Segue que g2 (m) = m significa
a + bu − cv − duv = a + bu + cv + duv ou seja −cv − duv = cv + duv
ou seja cv + duv = 0 ou seja c + du = 0 ou seja c = d = 0 e obtemos
hg2 i0 = {a+bu : a, b ∈ Q} = Q(u). Analogamente hg3 i0 = Q(v). A
igualdade g4 (m) = m significa a + bu + cv + duv = a − bu − cv + duv
ou seja bu + cv = 0 ou seja b = c = 0 logo hg4 i0 = {a + duv : a, d ∈
Q} = Q(uv). Observe que G visto como grupo de permutação no
conjunto das raı́zes {u, v, −u, −v} não é transitivo, as órbitas são
{u, −u} e {v, −v}. Os reticulados [M/K] e L (G) são os seguin-
tes, onde as setas são inclusões e os números indicam os graus a
80 2. TEORIA DE GALOIS
; MO dHH {1}
ww HH DD
2 www HH z zz DD 2
w H z DD
www 2
2 HH zzz 2 2
DD
z} !
Q(u)
cFF
Q(v)
O
Q(uv) hg2 i hg3 i hg4 i
FF vv; EE
EE2 yy
FF 2 2 vv y
vv EE y
2 FF EE yyy 2
2
F vvv " |y
Q G
√
• X 4 +1. Se trata
√ de um polinômio irredutı́vel. Sejam r = (1+i)/ 2,
s = (1 − i)/ 2. As raı́zes de f (X) = X 4 + 1 são r, s, −r, −s logo
um corpo de decomposição é M = Q(r, s). Observe que rs = 1,
logo s = 1/r e M = Q(r) tem grau 4 sobre Q. Segue pela teoria
que |G| = 4. Se g ∈ G então g(r) ∈ {r, s, −r, −s} (porque raı́zes
são levadas em raı́zes) e o valor de g(r) determina o valor de g(s) =
g(1/r) = 1/g(r). Sendo |G| = 4 cada possibilidade ocorre, logo
temos G = {g1 , g2 , g3 , g4 } onde
Elemento Imagem de r Imagem de s Estrutura
g1 r s Identidade
g2 s r (r, s)(−r, −s)
g3 −r −s (r, −r)(s, −s)
g4 −s −r (r, −s)(s, −r)
Observe que g1 = 1 e g2 g3 = g4 . Escrevendo então G = {1, g2 , g3 , g4 }
os subgrupos de G são {1}, G, hg2 i, hg3 i, hg4 i. Temos {1}0 = M ,
M 0 = {1}, Q0 = G como sempre. Um elemento de M tem a forma
m = a+br+cr2 +dr3 com a, b, c, d ∈ Q. A igualdade g2 (m) = m sig-
nifica, lembrando que r4 = −1, que br + cr2 + dr3 = −br3 − cr2 − d4
ou seja c = 0 e b + d = 0. Segue que hg2 i0 = {a + b(r − r3 ) : a, b ∈
Q} = Q(r − r3 ). Analogamente hg3 i0 = Q(r2 ) e hg4 i0 = Q(r + √ r3 ).
3 2 3 2 3
Note que (r − r ) √ = 2 e (r − r ) = −2, logo Q(r − r ) = Q( 2)
e Q(r + r3 ) = Q(i 2). Sendo r2 = i, temos Q(r2 ) = Q(i). Ob-
serve que G visto como grupo de permutação no conjunto das raı́zes
{r, s, −r, −s} é transitivo. Os reticulados [M/K] e L (G) são os se-
guintes, onde as setas são inclusões e os números indicam os graus
a esquerda, os indices a direita.
; MO dHH {1}
vv HH z DD
2 vvv HH z DD 2
v H zzz DD
vv 2 HH z DD
2 2
√ v √ }zz 2
!
Q( 2) Q(i) Q(i 2) hg2 i hg3 i hg4 i
cGG O ;v EE y
GG 2 vvv EE2 y
GG 2
GG v EE yy
v EE yyy 2
2
2 GG vv
vv " |y
Q G
14. RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS - TEORIA DE GALOIS 81
• X 4 − 5X 2 + 5. Sejam
s √ s √
5+ 5 5− 5
r= , s= .
2 2
Vimos que M = Q(r) é o c.d. de f (X) = X 4 − 5X 2 + 5 e G = hσi é
cı́clico de ordem 4, σ corresponde ao 4-cı́clo (r, s, −r, −s). Uma base
de M sobre Q é {1, r, s, rs} e σ 2 (a+br +cs+drs) = a+br +cs+drs
é equivalente a −br − cs √ + drs = br + cs + drs ou seja b = c = 0,
logo hσ 2 i = Q(rs) = Q( 5). Os reticulados [M/K] e L (G) são
os seguintes, onde as setas são inclusões e os números indicam os
graus a esquerda, os indices a direita.
MO {1}
2 2
√
Q( 5)
O hσ 2 i
2 2
Q G
q √ q √
• f (X) = X 4 − 3X 2 + 4. Sejam α = 3+ 2 −7 , β = 3− 2 −7 . αβ = 2
logo β = 2/α e M = Q(α, β) = Q(α) é o corpo de decomposição
de f (X) sobre Q. Segue que |G| = |M : Q| = 4. Existe g ∈ G
que leva α para β. Temos g(β) = 2/β = α e g = (α, β)(−α, −β).
Existe k ∈ G que leva α para −β. Temos k(−β) = 2β = α e
k = (α, −β)(−α, β). Existe h ∈ G que leva α para −α. Temos
82 2. TEORIA DE GALOIS
Q(α√3
− 5α) = Q(i), hki0 = Q(α3 − α) = Q( 7) e hhi0 = Q(α2 ) =
Q(i 7).
G Q LL
{{= O aCCC r rr LLL
2 {{ CC rr r LL2L
{{ 2 C rr LLL
2 CC rr 2
2
{{ r
y &
√ √
hgi hki hhi Q( 7) Q(i 7)
`BB O |= LLL
Q(i)
r
BB |
BB 2 2 || LLL2
r rrr
2 BB || LLL r
L% xrrrr 2
2
||
{1} M = Q(α)
(11) Seja M/K uma extensão de grau 2 e seja G = G(M/K). Mostre que
K é fechado, ou seja G0 = K. [Dica: seja u ∈ M − K, mostre que
M = K(u), deduza que M é um corpo de decomposição do polinômio
minimal de u sobre K, deduza que |G| = 2.]
G = hgi Q
O
2 2
√
hg 2 i Q( 5)
O
2 2
{1} M = Q(α)
hgi0 = Q(u3 ).
G Q OO
{{= O aCCC rrr OOO
2 {{ CC r rr OOO2
{{ 2 C rr OOO
2 CC r OO'
2
{{ yrr 2
hgi
`BB
hki
O
hhi 3
Q(u ) Q(u )2
Q(u + u−1 )
BB ||= KKK pp
BB 2 2 || KKK2
pppp
2 BB || KKK 2 pp
|| K% wppp 2
{1} M = Q(u)
ll6 GO hRRRRR
2llll
lll RRR
l RRR
ll 2 RRR
lll 2 R
∼
ha, babi = C2 × C2 ∼
habi = C4 hb, abai ∼ = C2N× C2
p pp7 O hQQQ
Q
O
mmm6 O g NN
NNN
2 pp QQ Q 2 mm m
ppp 2 QQQ 2 m mm 2 NNN
p Q QQ m NNN
ppp mmm
2 2
Observe que se g ∈ G então g(α) ∈ {α, iα, −α, −iα} e g(i) ∈ {i, −i}.
Como g(α) e g(i) determinam unicamente g, e |G| = 8, cada possibi-
lidade ocorre. Vamos identificar α com 1, iα com 2, −α com 3 e −iα
com 4. Então G é gerado por a = (13) e b = (12)(34). Como exemplo
vamos calcular habai0 = {t ∈ Q(α, i) : aba(t) = t}. Podemos escrever
t ∈ Q(α, i) como
c1 + c2 α + c3 α2 + c4 α3 + c5 i + c6 αi + c7 α2 i + c8 α3 i
Sendo aba = (14)(23) = (α, −iα)(iα, −α), aba(i) = aba(αiα−1 ) =
−iαα−1 = −i, segue que aba(t) é igual a
c1 − c2 iα − c3 α2 + c4 (−iα3 ) + c5 (−i) + c6 (−α) + c7 α2 i + c8 (−α3 )
logo c2 = −c6 , c3 = 0, c4 = −c8 , c5 = 0. Segue que t = c1 + c2 α + c4 α3 −
c2 αi + c7 α2 i − c4 α3 i ou seja t = c1 + c2 (α − αi) + c4 (α3 − α3 i) + c7 α2 i.
14. RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS - TEORIA DE GALOIS 85
t Q NNNN
ttt NNN 2
ttt NNN
t 2
NN&
ytt 2
2
Q(α ) Q(i) Q(iα2 )
v II qq OOO
vv III2 qq OOO2
v I q OOO
vvv2 2 II
I
2
q qq2 2
OO'
{vv $ xq q
2
Q(iα) TT Q(α) Q(α , i) Q((1 − i)α) Q((1 + i)α)
TTTT J qq gggg
TTTT2 JJJJ2 qq ggg
TTTT JJ qq gggg
TTTTJJ$ xqqqqqg2ggggggg 2
2
) sggg
Q(α, i)
p X3 − 2 X 3 − 3X + 1
2 X3 X3 + X + 1
3 (X + 1)3 (X + 1)3
5 (X + 2)(X 2 + 3X + 4) 3
X + 2X + 1
7 X3 + 5 X 3 + 4X + 1
11 (X + 4)(X 2 + 7X + 5) X 3 + 8X + 1
13 X 3 + 11 X 3 + 10X + 1
17 (X + 9)(X 2 + 8X + 13) (X + 3)(X + 4)(X + 10)
19 X 3 + 17 (X + 10)(X + 12)(X + 16)
23 (X + 7)(X 2 + 16X + 3) X 3 + 20X + 1
29 (X + 3)(X 2 + 26X + 9) X 3 + 26X + 1
31 (X + 11)(X + 24)(X + 27) X 3 + 28X + 1
37 X 3 + 35 (X + 14)(X + 28)(X + 32)
41 (X + 36)(X 2 + 5X + 25) X 3 + 38X + 1
43 (X + 9)(X + 11)(X + 23) X 3 + 40X + 1
47 (X + 26)(X 2 + 21X + 18) X 3 + 44X + 1
(18) Descreva as correspondências de Galois sobre Q para os polinômios
X 4 − 1, X 5 − 1, X 6 − 1, X 7 − 1, X 8 − 1.
86 2. TEORIA DE GALOIS
k(u + u2 + u4 ) = u3 + u6 + u12
= u3 − 1 − u − u2 − u3 − u4 − u5 + u5
= −1 − u − u2 − u4 ∈ Q(u + u2 + u4 ),
k(u2 + u5 ) = u6 + u15 = −1 − u − u2 − u3 − u4 − u5 + u
= −1 − u2 − u3 − u4 − u5 ∈ Q(u2 + u5 )
sendo u3 + u4 = (u2 + u5 )2 − 2.
(19) Seja f (X) = X 6 −2. Calcule a ordem do seu grupo de Galois G sobre Q.
Encontre um subgrupo normal abeliano N de G tal que G/N é abeliano.
√
Sejam α = 6 2, u = ei2π/6 . As raı́zes de f (X) são α, αu, αu2 , αu3 ,
αu4 , αu5 logo M = Q(α, u) é um c.d. de f (X) sobre Q. Como α é
real e u não é real e tem grau 2 temos |M : Q| = 6 · 2 = 12. Observe
que Q(u) é estável (ou seja, é extensão de Galois de Q) sendo c.d. para
X 6 − 1 sobre Q logo o subgrupo N = Q(u)0 é normal em G de ı́ndice
|G : N | = |Q(u) : Q| = 2 logo é normal de ordem 6 e G/N ∼ = C2 .
Observe que (veja as aulas teoricas) N = G (M/Q(u)) é cı́clico porque
Q(u) contem todas as raı́zes de X 6 − 1 (as potências de u). Segue que
N e G/N são cı́clicos. Curiosidade: G é isomorfo ao grupo diedral de
ordem 12.
(24) Seja G um grupo solúvel finito. Mostre que G é policı́clico, ou seja existe
uma série {1} = G0 C G1 C . . . C Gn = G tal que Gi /Gi−1 é cı́clico para
todo i = 1, . . . , n. Isso permanece verdadeiro se G for infinito?
(a) Mostre que f (X) tem três raı́zes reais e duas raı́zes complexas con-
jugadas (estudando o grafico de f ).
p
A derivada
p de f é f 0 (X) = 5X 4 −4 que é positiva para X ≤ − 4 4/5
e X ≥ 4 4/5, e sendo f (0) = 2 e f (1) = −1 deduzimos pelo grafico
que f tem exatamente três raı́zes reais. As outras duas são então
complexas conjugadas.
(d) Usando o fato que S5 é gerado por um qualquer 5-cı́clo junto com
um qualquer 2-cı́clo (não precisa mostrar isso) deduza que a equação
f (X) = 0 não é solúvel por radicais.
(X) = X 4 − 6X
fp 2
p +√ 6 = (X − α)(X + α)(X − β)(X + β) onde
√
α = 3 + 3 e β = 3 − 3. Seja G = G (M/Q) onde M = Q(α, β) é o
corpo de decomposição de f (X) sobre Q. Se g ∈ G então g(−α) = −g(α)
e g(−β) = −g(β). Segue que g é um dos elementos seguintes.
g1 = 1, g2 = (α, −α), g3 = (β, −β), g4 = (α, −α)(β, −β),
g5 = (α, β)(−α, −β), g6 = (α, −β)(−α, β),
g7 = (α, β, −α, −β), g8 = (α, −β, −α, β)
Observe que H = {g1 , . . . , g8 } é um grupo que contem o grupo de Galois
G de f (X), e sendo G transitivo, se G 6= H tem apenas duas possibili-
dades:
• G = {g1 , g4√
, g5 , g6 }. Neste caso todos os elementos de G fixam αβ
mas αβ = 6 6∈ Q, contradição.
• G = hg7 i = {g1 , g7 , g√ 4 , g8 }.√Neste√caso todos os elementos de G
fixam αβ(α2 − β 2 ) = 6 · 2 3 = 6 2 6∈ Q, contradição.
Segue que G = H e |M : Q| = |G| = 8.