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VAMOS PRATICAR
O CAMINHO DO VISIONÁRIO - (APAR©)
Uma das primeiras coisas que os bebês fazem é cantar para eles mesmos. As
pessoas fazem isso espontaneamente - um uso diferente da voz. Por “música” não
devemos limitar-nos ao conceito de letra e melodia, mas devemos entendê-Ia como
3. O Caminho do Visionário
voz. A voz, em si, é uma manifestação de nosso eu interior.
Quando seguimos o caminho do Visionário, somos capazes de tomar a verdade visível. Entre as
sociedades indígenas, os visionários podem ser xamãs ou artesãos; mas, o que é mais importante, esses
grupos sociais encorajam todos os seus membros a dizer e expressar a verdade.
O princípio que guia o Visionário é dizer a verdade, sem acusar nem julgar. Quando expressamos
o Visionário interior, conhecemos e compartilhamos nossos objetivos criativos e nossos sonhos de vida,
agimos a partir de nosso “eu autêntico”, somos sinceros e honramos as quatro maneiras de ver.
AUTENTICIDADE
Quando nos lembramos de quem somos, damos vazão à nossa autenticidade. Muitas vezes, no
entanto, somos forçados, em tenra idade, a esconder nosso “eu verdadeiro” para sobreviver. A partir
de determinado ponto, esse ato toma-se desnecessário, embora achemos difícil quebrar o hábito.
Diariamente fazemos novas opções apoiados no “eu autêntico” ou no “eu falso”.
Podemos liberar a criatividade que existe em cada um de nós, se deixarmos de lado os conceitos de
certo e errado. Quando nos encontramos aptos a responder “sim” à pergunta: “Minha autovaIorização é
tão forte quanto minha autocrítica?”, estamos também aptos para colocar nossa expressão criativa além
dos padrões de negação ou indulgência. Rumi sugere que o campo da criatividade ilimitada está sempre
disponível quando nos mantemos vinculados à nossa autenticidade.
DIZER A VERDADE
A forma que o Visionário tem de conservar a autenticidade e permanecer dentro do Arco Sagrado
é dizer a verdade sem acusar nem julgar. Dizer a verdade é um valor universal que destrói os padrões
de negação e indulgência.Falar a verdade é denominado “falar com a língua do espírito”. William
Schutz, em “The Truth Option”, nos diz que a comunicação da verdade contribui para o enriquecimento
interpessoal. Para nos apresentarmos em plenitude, uns frente aos outros, “e para chegar às relações
humanas mais satisfatórias, devemos ser conscientes e honestos”.
Dizer a verdade, sem críticas ou julgamentos, é a capacidade de expressar as coisas como elas
são. Os exemplos que se seguem mostram como podemos fazê-Io sem abdicar de nossas idéias ou
sentimentos. Nenhuma sentença apresenta crítica ou julgamento e todas refletem maneiras dese
expressar “com a língua do espírito”:
A comunicação que se faz marcar pela integridade sempre leva em consideração o tempo e o
contexto antes de liberar o conteúdo. Muitas vezes, sabemos exatamente o que queremos dizer, mas
não levamos em consideração se é o devido tempo ou lugar para expressar o conteúdo da comunicação.
A comunicação direta - declarar o que vemos, sem culpar nem julgar - significa que devemos considerar
o alinhamento entre a escolha das palavras apropriadas, o tom de voz e a postura corporal.
AS 4 FORMAS DE VER
O arquétipo do Visionário - a incansável força interior que constantemente nos convida a ser
quem somos - requer a expressão da autenticidade, da visão e da criatividade. A escritora Gertrude Stein
atingiu esse arquétipo quando, sobressaindo-se dentre os escritores de sua época, escreveu: “Você
tem de saber o que quer atingir. Mas quando souber, deixe-se possuir por esse conhecimento. E se
ele parecer desviá-lo de seu rumo, não se detenha, porque lá talvez seja aonde, instintivamente, você
deseja estar. E se você se detiver e tentar ficar sempre no mesmo lugar, você irá murchar” (Fritz, The path
of least resistance).
O arquétipo do Visionário, como vimos, fala a verdade. Temos contato com seu lado sombra
sempre que negamos nossa própria verdade, nossa autenticidade. Os três maiores mecanismos de
autonegação são: o sistema do falso “eu”, a abnegação e a projeção.
Quando alimentamos o sistema do “falso eu”, em vez de afirmar nossa autenticidade, manifestamos
o lado sombra do Visionário. Há um ditado latino-americano (citado por Feldran, em “A World Treasury”),
que descreve o perigo de nos agarrarmos ao “falso eu”: “Quem tem rabo de palha, não deve chegar
perto do fogo”. Alimentamos o “falso eu” e desenvolvemos nossos “rabos de palha” quando censuramos
nossos pensamentos, ensaiamos nossas emoções, representamos o que achamos que os outros querem
ver ou escondemos nossos “verdadeiros eus”.
ABNEGAÇÃO
Renunciar a nós mesmos pelo amor de alguém. fingir ser outra pessoa para obter amor, aceitação
ou aprovação dessa pessoa são formas de abnegação. Outra maneira de renunciar a nós mesmos -
neste caso, para manter a paz, o equilíbrio e a harmonia - é evitar questões difíceis ou se calar diante
dessa dificuldade.
Muitas culturas indígenas costumam costurar pequenos pedaços de espelhos ou vidro que
brilham em suas roupas cerimoniais, ou, então, colam-nos nas máscaras para nos fazer lembrar de
que somos espelhos uns dos outros. O tema do espelho, como metáfora do reflexo, é encontrado em
todas as culturas. Para algumas culturas, aqueles em quem nos espelhamos tornam-se nossos mestres,
e demonstram-nos as formas pelas quais podemos atualizar nossa autenticidade, falando com a língua
do espírito.
Essas sociedades acreditam que cada pessoa pode ser um espelho claro, um espelho esfumaçado
ou um espelho rachado. Os espelhos claros são os indivíduos que idealizamos ou que acreditamos que
não somos capazes de imitar. Os esfumaçados são aqueles com os quais sentimos dificuldades e com os
quais esperamos não nos parecer de modo algum; e os espelhos rachados, são as pessoas que amamos
e admiramos, ainda que sua presença nos cause medo e constrangimento.
O termo que costumamos utilizar é chamado de projeção. Sabemos que uma projeção está
atuando quando uma carga energética se faz presente. As projeções são percepções não-atualizadas
de nós mesmos. São partes de nosso eu que estão se evidenciando, embora ainda não tenhamos seu
domínio. Achamos mais confortável ter esses aspectos fora de nós do que aceitá-lo os como partes de
quem somos.
O caminho do Visionário é uma forma de manter a ligação com o eu autêntico e revelar aquelas
partes de nossa natureza que ainda permanecem presas dos aspectos sombra desse arquétipo. O
conceito “sombra”, de fato, significa qualquer parte de nosso eu, positiva ou desafiadora, ainda não
integrada ou aceita dentro de nossa natureza. Essa nossa parte sombra dominará ou persistirá até ser
integrada.
OS 5 ESTÁGIOS DA PROJEÇÃO
Em 1984, numa conferência em São Francisco intitulada: “O Lado Escuro”, o poeta Robert Bly
sintetizou os trabalhos das psicanalistas Maria-Louise von Franz, sobre projeção, e de Alice Miller, sobre
infância, e apresentou os 5 Estágios da Projeção. Estas podem ser tanto positivas, como desafiadoras. O
aspecto positivo de toda projeção é que ela se constitui numa parte de nós que repudiamos, mas que
nos é familiar. Antes de retomá-la plenamente, necessitamos percorrer os 5 Estágios da Projeção:
2. A projeção começa a deslocar-se. Começamos a ver que o indivíduo pode ter alguma
coisa diferente do que projetamos. No entanto, por meio de racionalizações e desculpas
reajustamos a projeção porque não queremos acreditar que o conteúdo que havíamos
projetado, faz parte de nossa própria natureza. Por exemplo, o líder efetivo pode ter se
saído mal numa situação de liderança. No entanto, racionalizamos que todo mundo pode
ter um mau dia, ou que as pessoas envolvidas, na verdade, mereceram o tratamento que
tiveram. Ao pensarmos assim,a projeção, que havia começado a deslocar-se, é rapidamente
posta de novo em seu lugar.
Quando as pessoas nos parecem espelhos rachados, elas nos atraem, apesar de nos aproximarmos
delas com cautela. O espelho rachado é a combinação do espelho claro com o esfumaçado. Os 5
Estágios da Projeção aplicam-se a ele da mesma forma.
Quando perdemos nossa capacidade de brincar ou de manter nosso senso de humor, somente
enxergamos o que não dá resultados, ou nos aferramos à nossa própria percepção como único ponto
de vista existente. Em ambos os casos, quer se trate de nossos pontos cegos ou de nossas perspectivas
fixas, perdemos a espontaneidade e tornamo-nos demasiadamente identificados com nossa própria
maneira de ver as coisas.
Confúcio afirmou: “Tem cuidado com o homem cuja barriga não treme quando ele ri; eis uma
pessoa perigosa”. Quando não estamos conectados com nossa própria integridade, tornamo-nos
perigosos. O riso verdadeiro, no entanto, tem a capacidade de libertar-nos do sistema do “falso eu”.
Conservar perspectivas fixas, pontos cegos e o alinhamento com o protocolo social, mais do que com
nossa integridade, são sinais de que estamos envolvidos com o lado sombra do arquétipo do Visionário.
As opções e visões criativas que os outros nos apresentam principiam a inspirar e estimular nossa
criatividade, quando não somos presas dos aspectos sombra deste arquétipo. Os indivíduos criativos
são pessoas abertas às múltiplas maneiras de ver; têm muita facilidade em permitir que as coisas sigam
seu rumo ou de ir ao encontro de opções ou perspectivas que ainda não haviam considerado.
1. Dedique ao menos 15 minutos diários para meditar caminhando. Registre sua experiência num
diário ou comece um novo, especialmente para meditações.
MEDITAÇÃO CAMINHANDO
POSTURA
Caminhe em ritmo confortável e, de forma relaxada, por no mínimo, 15 minutos. Muitas outras
atividades de movimento podem ser, também, conscientemente utilizadas para a meditação, como:
correr, nadar, dançar, dirigir, cozinhar, passar aspirador. Em essência, qualquer atividade física que você
escolher com o propósito de dar ouvidos a seus estados ou processos interiores pode ser considerada
uma forma de meditar.
PROCESSOS
1. Dedique alguns momentos para honrar seus sonhos registrando-os num diário. Os
sonhos mais importantes a serem trabalhados durante o ano são os que você mantém vivos
na lembrança.
2. Comprometa-se a praticar e dizer a verdade diariamente. Note com quem e em quais
situações isso é fácil e quando representa um desafio.
3. Dedique ao menos 15 minutos por dia para cantar, cantarolar ou dizer um salmo, uma
passagem bíblica. Comece a criar suas próprias músicas de poder.
4. Determine uma época em cada estação do ano para rever seus objetivos e a maneira pela
qual eles dão suporte e continuidade a seu ideal de vida ou visões.
5. Ao menos duas vezes por ano, passe um longo tempo sozinho, em contato com a
natureza, para rever, refletir e voltar a sonhar.
6. Ofereça conscientemente aos demais uma prece ou apoio não-verbal.
7. Reserve um momento diário de quietude para ouvir sua intuição. A profunda orientação
espiritual interior encontra-se sempre disponível e aguardando ser reconhecida e utilizada.
8. Note e observe as fontes de inspiração em sua vida. Elas lhe revelam o que é importante
para o eu autêntico.
O arquétipo do Visionário pede-nos para dizer a verdade, sem acusar ou julgar. Expressamos o
Visionário: quando honramos as quatro formas de ver e o poder da prece; quando exprimimos o que
vemos, interior e exteriormente; e quando fazemos vir à tona nosso espírito criativo e nosso ideal de
vida.
1. Qual é minha capacidade atual de dizer a verdade sem criticar ou julgar? Pratique o hábito de dizer a
verdade e verifique, a cada dia, as circunstâncias nas quais se sentiu capaz de expressar a verdade sem
acusar.
3. Quais são as minhas 5 músicas prediletas? Quais músicas da infância guardo comigo? Quais músicas
ensino aos outros? Que músicas criei? Pratique diariamente o canto como forma de trazer ao mundo
sua própria voz.
4. Entre meus 4 e 12 anos, quais atividades me prendiam durante horas, sem precisar de ninguém mais
a meu lado?
5. Quando, em minha vida, dei vazão aos aspectos criativos de minha personalidade? Qual é meu
remédio natural/meus dons e talentos únicos e inigualáveis?
6. O que me faz rir? Quão desenvolvido está meu senso de humor? O que é engraçado para mim? Quais
são as formas de brincadeira que existem em minha vida?
7. Em quais rumos espirituais, ideais e práticas encontro-me engajado? Se tivesse que escrever minha
autobiografia espiritual, o que ela conteria? Qual foi minha primeira experiência mística ou numinosa?
8. Quais as formas de prece, meditação ou contemplação de que faço uso para obter uma orientação
espiritual? Para onde me volto em busca de orientação? Quais práticas fazem ligar-me à minha vida
interior?
9. Em quais situações e junto a quem renuncio a mim mesmo? Quando me sinto capaz de manter minha
integridade e autenticidade e quando não sou capaz de fazê-lo?
10. De quais projeções estou consciente? Quem são meus espelhos claros, meus espelhos esfumaçados
e meus espelhos rachados?