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INTELECTUAL
Damaris Dias da Silva Cerqueira1
Katiúscia Pereira da Silva Anjos2
Maria Eliane de Oliveira Coelho3
Eixo Temático: Pesquisas e práticas em Educação Especial/Inclusiva.
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o que se percebe no século XXI acerca das instituições educativas é que
as mesmas constituem marcos para todos e todas “que têm a função de educar”. Assim, a
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Pós-graduada no Curso Formação Pedagógica para Educação Inclusiva (FORPEI) pela Universidade Estadual
de Santa Cruz (UESC). E-mail: cerqueiradamaris@hotmail.com. Professora da Sala de Recursos
Multifuncionais da rede municipal de Itabuna.
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Pós-graduada no Curso Formação Pedagógica para Educação Inclusiva (FORPEI) pela Universidade Estadual
de Santa Cruz – UESC.. E-mail:katiuscia2006@yahoo.com.br. Professora do Atendimento Educacional
Hospitalar e Domiciliar do GACC Sul Bahia
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Pós-graduada no Curso Formação Pedagógica para Educação Inclusiva (FORPEI) pela Universidade Estadual
de Santa Cruz (UESC). E-mail:eliane_meoc@yahoo.com.br. Professora do Atendimento Educacional Hospitalar
e Domiciliar do GACC Sul Bahia.
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Diante deste contexto, surgiu o interesse para realização desta pesquisa, com a
finalidade de uma melhor compreensão sobre o Atendimento Educacional Especializado,
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A Carta Magna (CFB, BRASIL, 1988), versa sobre os ditames legais de garantia à
inclusão de cidadãos, ainda que apresente alguma deficiência, de modo a ser amparado pelo
Estado . Conforme direito assegurado no Artigo 205, que traz “a educação é direito de todos
[...]” e em seu Artigo 206, Inciso I, que estabelece a “igualdade de condições de acesso e
permanência na escola”, e, ainda no Artigo 208, encontra-se a assertiva quanto à oferta do
Atendimento Educacional Especializado, preferencialmente na rede regular de ensino.
Ao tratar do ponto de vista legal da educação, fazemos menção ao Estatuto da Criança
e do Adolescente (1990), que ratifica o que a CFB (BRASIL, 1988) fomenta no quesito do
direito das crianças ao acesso a uma educação pública e gratuita próxima de sua residência,
podendo a autoridade ser responsabilizada administrativa e criminalmente pelo não
cumprimento da lei. Pois constitui-se crime recusar, suspender, adiar, cancelar ou extinguir a
matrícula de um aluno por sua deficiência em qualquer curso ou nível de ensino, definido na
Lei 7.853/1989 (BRASIL, 1989).
As Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução
CNE/CEB nº 2/2001, no Artigo 2º, determinam que: os sistemas de ensino devem matricular
todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com
necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma
educação de qualidade para todos (MEC/SEESP, 2001).
A Constituição Federal e os tratados internacionais de direitos humanos,
principalmente a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2009), vetam
paradigmas de exclusão das pessoas com deficiência e afiançam o direito à educação para
todos os indivíduos, sem discriminação. Estes meios legais determinam que, além do ensino
regular, devem ser asseguradas as condições necessárias à sua inclusão educacional, através
de Atendimento Educacional Especializado a ser oferecido preferencialmente na própria
escola em que o estudante está matriculado.
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Nesse sentido, o que tem sido instituído por diversos estudiosos em relação às crianças
com deficiência intelectual, é que
[...] não são muito capazes de desenvolver o pensamento abstrato. Com base nestes
estudos, a pedagogia da escola especial tirou a conclusão, aparentemente correta, de
que todo ensino dessas crianças deveria basear-se no uso de métodos concretos do
tipo “observar e fazer”. E, apesar disso, uma quantidade considerável de
experiências com esse método resultou em profunda desilusão. Demonstrou-se que o
sistema de ensino baseado somente no concreto [...] falha em ajudar as crianças
retardadas a superarem suas deficiências inatas, além de reforçar suas deficiências
(VIGOTSKY, 1998, p.116).
4. PERCURSO METODOLÓGICO
descritiva através do relato das experiências a partir das atuações desenvolvidas pelas
Estagiárias do Curso de Pós-Graduação: Formação Pedagógica para Educação Inclusiva
(FORPEI), iniciativas da universidade pública. O cenário foi em uma Escola da Rede Pública
Municipal de Itabuna – Bahia, especificamente na Sala de Recursos Multifuncionais (SRM),
no turno matutino, entre os meses de fevereiro e março do ano corrente.
A escola de nossa atuação corresponde à legislação no que diz respeito à matrícula de
alunos com deficiência e a quantidade de alunos por turma. Conta com uma SRM equipada
com os seguintes recursos: computador, impressora e materiais didáticos pedagógicos
disponibilizados pelo Ministério da Educação (MEC) específicos para este fim. Conta com o
atendimento duas professoras psicopedagogas que atuam nesta sala, a fim de garantir o
Atendimento Educacional Especializado (AEE).
O público-alvo do estágio foi o aluno L.A.S., 13 anos de idade, cursando o 6º ano,
encaminhado com a queixa inicial de extrema agressividade, conforme laudo médico que
apresenta indicação do CID F90 e F70, configurando Distúrbio de Comportamento e Déficit
Intelectual (DI). A classe do aluno L.A.S. tem 28 alunos, sendo somente ele com
Necessidades Educacionais Especiais (NEE) na turma.
Vale salientar que o seu AEE é diferenciado dos demais alunos atendidos na Sala de
Recursos Multifuncionais. É acolhido quatro vezes por semana, durante 1:30h cada sessão,
enquanto os demais são atendidos duas vezes por semana, num período de 50 minutos. Este
com atendimentos individualizados, sendo o primeiro aluno a ser recebido a SRM, devido a
sua rotina de higiene pessoal que é feita na própria escola por se fazer necessário devido às
condições que chega à escola.
As docentes da SRM providenciaram materiais como creme dental, escova de dente,
sabonete, perfume, toalha de banho e farda da escola limpa, para orientar o aluno na sua
higiene pessoal, das quais entendemos com as Atividades da Vida Diária (AVD). Essa rotina
de tomar banho, vestir roupa limpa e escovar os dentes são realizadas todos os dias na escola,
assim que o aluno chega. Após esse momento inicial é feita a administração do medicamento
(devido às questões psiquiátricas, pois a família não tem estrutura informacional para
administrar o medicamento na sua posologia) e em seguida é iniciado o atendimento na SRM.
O estágio foi desenvolvido em três momentos. O primeiro momento consistiu em
conhecimento da estrutura física da escola e suas adaptações arquitetônicas, levantamento de
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(2013, p. 76) quando ela diz que o levantamento das hipóteses diagnósticas do estágio
operatório (lógico matemático) é importante para que se descubra se a criança passa(ou) pelo
processo de assimilação e acomodação conforme esse parâmetro de análises para que
saibamos melhor intervir junto ao seu nível de desenvolvimento de cada sujeito nas
intervenções inclusivas.
Figura 1 – Ordem decrescente (Segundo aluno) Figura 2 – Ordem Crescente (Segundo aluno)
Fonte: Campo de estágio, na SRM, 2016. Fonte: Campo de estágio, na SRM, 2016.
Demonstrou interesse pelas narrativas, foi a partir das histórias contadas que se
mostrou capaz de compreender as sequências lógicas dos fatos. Concentrou-se mais com
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Com base no livro “Técnicas Projetivas”, de Visca (2013, p.139), foi possível inferir
que a partir da Prova Projetiva da Família Educativa o grupo familiar não é um referencial
muito adequado para o aluno. Este relatou que as pessoas desenhadas na casa são um menino
e uma menina dançando. Em nenhum momento mencionou a presença do pai e da mãe, o que
sugere a ausência de vínculo positivo com a família. Par Educativo demonstrou ter melhor
vínculo com as aprendizagens assistemáticas. Vale salientar que L.A.S. apresentou um bom
vínculo com as pessoas que representam as aprendizagens escolares e expressou
contentamento em fazer parte desse contexto. Assim, tornam-se agradáveis as atividades de
rotina, o que possibilita a sua aproximação do conhecimento sistematizado.
A partir do relato metodológico, compreendemos que a educação sugere uma reflexão
acerca da importância e necessidade urgentes de vivermos com plenitude como pessoas e
como cidadãos envolvidos na sociedade. No entanto, o modelo educacional atual necessita
ainda de políticas educacionais que atendam as pretensões das diversas áreas da educação.
Nesse contexto, implementar políticas públicas de educação inclusiva no âmbito
educacional é relevante, pois contribui efetivamente com uma educação que fará a diferença
ao ser humano e na certeza que as políticas estarão cumprindo o seu papel, de preferência uma
política que contemple toda a estrutura e organização educacional e principalmente o processo
de desenvolvimento e aprendizagem de todos os alunos.
Ressalta-se que promover a inclusão vai além de permitir que o aluno especial adentre
em uma escola regular. A inclusão vislumbra garantir que lhes sejam dadas as condições de
aprendizagem, desenvolvimento social, cognitivo e afetivo, por ele ser sujeito de direitos e
cidadão (Cury, C. R. J., 1999).
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo, Planejamento Pedagógico para o aluno com Deficiência Intelectual, teve
como base o fazer no Estágio Supervisionado, com atuações investigativas, fundamentadas
nos conhecimentos produzidos durante o curso, com o que pudemos refletir a importância do
Planejamento para o Atendimento Educacional Especializado (AEE), através de atividades
prazerosas e significativas, visto que nesta pesquisa o Plano Educacional Individualizado
(PEI) é entendido como imprescindível para atender às necessidades educacionais especiais
do aluno.
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Para tanto, o AEE que ocorre na Sala de Recursos Multifuncional deve estar baseado
nas habilidades e competências do aluno, considerando suas limitações para realizar
determinadas tarefas. Assim, é necessária uma avaliação para iniciar o planejamento e efetivar
o trabalho pedagógico especializado, pois é importante conhecer o aluno e as suas condições
de participação na escola.
A partir do exposto, sustentamos juntamente com Rosimar Bortolini Poker...[et
al.];(2013) que é necessário pensar numa elaboração de um planejamento pedagógico
especializado e individualizado que analisa e aponta quais são as condições do aluno para
acessar o currículo da série em que se encontra, considerando o espaço da escola e as ações
dos gestores e da comunidade escolar, os materiais e recursos disponíveis, a metodologia e as
estratégias utilizadas pelo professor, o envolvimento da família do aluno, bem como as suas
condições específicas para aprender.
Entendemos, pois, a importância de garantir um ambiente acolhedor, considerando a
necessidade de cada aluno, pensando numa prática pedagógica com intervenções focadas no
atendimento individual e/ou em grupo, considerando seu potencial de aprendizagem e as suas
necessidades educacionais especiais no âmbito da escola, assegurando uma pedagogia
diferenciada, capaz de identificar e satisfazer as suas especificidades, proporcionando-lhes
condições de desenvolvimento e aprendizagem.
Consideramos a Sala de Recursos Multifuncionais e o AEE como imprescindível para
a conquista da inclusão dos alunos com necessidades especiais, mais especificamente para o
deficiente intelectual. Sustentando o trabalho centrado na resolução dos problemas que
limitam a aprendizagem do aluno e acreditando que a parceria com os demais professores e
profissionais que atendem os alunos que são acompanhados na Sala de Recursos
Multifuncionais possa colaborar para uma prática efetiva da inclusão escolar tão almejada.
Assim sendo, sugerimos uma aproximação entre o professor de ensino regular e o
professor especialista nos espaços educacionais, para planejar e compartilhar a
responsabilidade para suprir as necessidades dos alunos com necessidades educativas
especiais, com pensamentos reflexivos diários das ações de cada um em prol do coletivo.
Concluímos este estudo, com a finalidade de melhor compreender sobre o
Atendimento Educacional Especializado, em seu planejamento e o apoio colaborativo
ocorrido na Sala de Recursos Multifuncionais no processo de inclusão escolar de aluno com
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REFERÊNCIAS
MANTOAN, Maria Tereza Eglér (Org). O desafio das diferenças na Escola. Petrópolis:
Vozes, 2008.