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AZEVEDO, Rodrigo Ghiringhelli de. Socialização e controle social. In. FERREIRA, Lier Pires;
GUANABARA, Ricardo; JORGE, Vladimyr Lombardo. Curso de sociologia jurídica. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2011. p. 99-126.
Segundo Pierre Bourdieu, o mundo social é composto por estruturas que dirigem a ação e
representação dos indivíduos (“agentes”). Estas ações recorrentes vão se configurando em
sistemas de disposições e percepções, formando-se o habitus.
Socialização é o processo pelo qual os indivíduos adotam os valores e padrões do seu entorno
social, iniciado já na infância. A socialização também ensina a cada indivíduo o papel social
esperado dele, enquanto constrói e comunica a identidade social do indivíduo.
Para Émile Durkheim esse processo tem importante função integradora, responsável pela
ordem social.
Na socialização primária a criança não escolhe os "outros significativos", nem tem opções,
apenas absorve e se identifica com o mundo representado por seus pais sem saber que há
outros mundos possíveis. Por isso o mundo interiorizado na socialização primária é muito mais
arraigado.
Para Michel Foucault, a sociedade é um campo de batalha entre forças que se enfrentam com
diferentes estratégias de poder, sendo o controle social apenas uma estratégia para
naturalizar e normalizar a ordem social desenhada pelas forças sociais dominantes, de modo
tanto preventivo (socialização) quanto reativo.
A partir da década de 1970, surge a Nova Criminologia (ou Criminologia crítica), que a partir de
uma perspectiva marxista, substitui o paradigma etiológico (que estuda as causas da
criminalidade) pelo paradigma do controle social (estuda o processo de criminalização). Nesse
enfoque o delito se apresenta como fruto de problemas sociais e comunitários, sendo não
apenas um fenômeno incidental, e sim um modo seletivo, que busca o lugar oportuno, o
tempo idôneo, a vítima propícia, aplicada através de um processo altamente seletivo e
discriminatório.
Esses estudos deram origem a movimentos pedindo o fim do sistema penal e retorno às
formas privadas de resolução de conflitos; propondo estratégias de descriminalização para
restringir o sistema penal, além de elevação das garantias individuais; ou sugerindo a utilização
do sistema justamente para proteger os setores sociais mais vulneráveis.
O aspecto reativo do controle social se dá por meios informais (desaprovação, perda de status,
demissão, etc.) e formais (lei penal, polícia, prisões, manicômios). O controle formal tem
formas de coerção institucionalizadas, sendo legitimado pelo discurso jurídico, que substitui
religião e costumes.
Ou regra/conduta é vista como uma relação simbólica: o controle social formal é o local de
produção, manutenção e imposição de um imaginário social carregado de valores e ideologias.
O sistema penal é a instância de controle social exercido por meio de instrumentos coercitivos
no momento em que um interesse é infringido, ambos definidos juridicamente.
Como agentes de carne e osso (juízes) são centrais para o sistema, a neutralidade desejada
não se concretiza. O juiz tem o poder de seletividade sobre quem é punido e como interpretar
a lei.