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INTRODUÇÃO À 1 TESSALONICENSES:

CONTEXTO, CIRCUNSTÂNCIA DE PRODUÇÃO E ASPECTOS TEOLÓGICOS GERAIS

Introdução
Por ser considerado o primeiro escrito cristão do qual temos conhecimento, esta carta
de Paulo à comunidade de Tessalônica (1Ts) tem um significado relevante não só para o
estudo do corpus paulinum em geral, mas para todo o Novo Testamento, pois nos possibilita
vislumbrar, mesmo que à partir da ótica paulina, os grandes temas de uma pregação
primitiva, os traços de uma primeira formulação da fé em Cristo, assim como sentir a
vitalidade do evangelho anunciado e recepcionado no seio de uma comunidade (1Ts 4,15 –
cf. Mc 13,24-27 e sobretudo 1ts 1,9b-10). De fato, mesmo se os grandes conceitos da teologia
paulina, tais como justiça, justificação, cruz, lei, pecado, morte, corpo, liberdade, fé, vida,
ainda não figuram de maneira preponderante nesta primeira missiva do apóstolo, 1Ts
testemunha o esforço de responder aos desafios de uma comunidade nascente, recém
fundada, e que se vê desafiada na fidelidade de sua, tanto por pressões externas (cf. px. 1Ts
1,6ss; 2,13; 3,3), quanto por situações internas, as quais desafiam a credibilidade da pregação
dos apóstolos (ex.: o falecimento, antes da parusia do Senhor, de membros da comunidade).
De maneira geral, por sua forma literária, 1Ts parece seguir a forma das cartas do
mundo greco-romano (Superscriptio, Adscriptio, Salutatio, Ação de graças [eucharistein],
mensagem central, formulas conclusivas [saudações finais]. Por outro lado, como nos indica
F. VOUGA1, percebe-se em 1Ts uma clara afinidade com as cartas sinagogais helenísticas.
Paulo é, com efeito, herdeiro do judaísmo helenística, de maneira que não nos surpreende
tais similitudes. Quais elementos nos conduzem a uma tal comparação:
a) Os destinatários não são apenas nomeados, mas qualificados teologicamente: “à
Igreja dos Tessalonicenses que está em Deus o Pai e no Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,1)
b) A formula de saudação é substituída por uma bênção: “a vós graça e paz”
c) O corpo da epístola começa por uma ação de graças;
d) A formula de votos finais é precedida por uma oração de intercessão e de um pedido
de intercessão aos destinatários (1Ts 5,23-25);
e) A formula de saudação é feita a partir de uma bênção, tal como a saudação inicial
(1Ts 5,28)
Tais elementos podem ser encontrados, todos ou separadamente, em certas cartas do
judaísmo helenístico (2 Mc 1,1-9; 2Mc 1,10 – 2,18; apocalipse siríaco de Baruc 78,2 – 86,3). Os
elementos mais antigos provêm de formulas epistolares hebraicas e aramaicas, os quais
encontram um equivalente nas formulas epistolares greco-romanas. Deste modo, a fórmula
de saudação, própria do mundo greco-romano (χαιρειν) – é substituída pela saudação “paz”
(ειρηνη - shalôn).
Para uma apresentação geral de 1Ts, seguiremos o seguinte itinerário: 1) Estrutura e
conteúdo da carta, onde faremos uma apresentação do plano geral e da composição literária;
2) contexto e circunstancias de produção, onde abordaremos as motivações que levaram à
produção da missiva; 3) Aspectos teológicos importantes, onde evocaremos os pontos
fundamentais da reflexão teológica desenvolvida na carta.

1 APRESENTAÇÃO: ESTRUTURA E CONTEÚDO


1
François VOUGA, Le corpus paulinum, em: Daniel MARGUERAT, Introduction au Nouveau Testament. Son
histoire, son écriture, sa théologie, Genève, Labor et Fidei, 2008, p.174-175. Para este autor, 1Ts seria uma carta
pré-apostólica, pois Paulo teria criado um formulário próprio para suas cartas, nas quais a dimensão
teológica é acentuada.
Em termos gerais, 1Ts obedece uma estruturação que normalmente será perceptível
nas outras cartas paulinas. Depois de uma breve saudação (1,1) e ação de graças (1,2-10),
segue-se os indicativos, onde se relata a atividade apostólica e a relação que fora
estabelecida com a comunidade e os anunciadores do evangelho e uma segunda parte
dedicada a exortações em forma de recomendações, seguidas de uma conclusão. Deste
modo, seguindo F. VOUGA2, temos o seguinte plano da carta:

1,1: Endereço e saudações


1,2-10: Oração de Ação de Graças pela eleição e o comportamento exemplar do
tessalonicenses

Parte indicativa: Relato da atividade apostólica e da relação da comunidade com os


“apóstolos (enviados): 2,1 – 3,13
2,1-12: Atividade apostólica como modelo parenético
2,13-16: Ação de graças pela fidelidade dos tessalonicenses diante das perseguições
2,17-20: As tentativas por parte de Paulo em empreender uma nova viagem à Tessalônica
3,1-10: A viagem de Timóteo – 3,1-5: O envio; 3,6-10: o relato de Timóteo sobre a situação da
Comunidade
3,11-13: Intercessão final

Parte parenética: recomendações (4,1 – 5,22)


4,1-12: Recomendações morais: santidade e concórdia
4,13-18: A esperança: a ressurreição dos mortos e o arrebatamento dos vivos e dos mortos
5,1-11: Convocação à vigilância na espera da parusia
5,12-22: recomendações para a vida em comunidade

Conclusão epistolar
5,23-25: Intercessão e perdido de intercessão
5,26: Saudações
5,27: Conselhos concernentes à leitura da carta
5,28: Benção final

Vemos que uma tal estrutura é estabelecida, sobretudo, a partir dos conteúdos
evocados na carta. De fato, seguindo ainda este autor, 1Ts começa por uma desenvolvida
ação de graças, em torno da tríade – fé, amor, e esperança – que anuncia o grande tema da
carta: a eleição dos destinatários feita por Deus, de tal maneira que o Evangelho mostrou
neles o seu poder. Ora, pela imitação dos apóstolos, os tessalonicenses se tornarão modelo
para outras comunidades da Macedônia e Acaia, pois voltaram suas costas aos ídolos para
adorar o Deus vivo e se colocaram numa atitude de espera do Filho que nos arranca da ira
que virá.
A carta prossegue com uma apresentação da atividade apostólica, a qual, segunda
Vouga, tem uma função sobretudo parenética e não somente apologética, pois oferece um
modelo para a compreensão que a comunidade deve ter dela mesma e para a missão que
deve empreender. 1Ts 2,13-16 apresenta uma segunda ação pela fidelidade dos
tessalonicenses diante das perseguições e os compara às comunidades da Judeia, afirmando
sua dignidade como comunidade de eleitos. O relato das tentativas de Paulo de querer

2
François VOUGA, La première épître aux tessaloniciens, em: Daniel MARGUERAT, Introduction au Nouveau
Testament. Son histoire, son écriture, sa théologie, Genève, Labor et Fidei, 2008, p.267.
empreender uma viagem a Tessalônica (2,17-20) preparam o relato sobre o envio de Timóteo
(3,1-5) e das boas notícias que este reportou à Paulo (3,6-10). Esta primeira parte conclui-se
por uma longa bênção em forma de intercessão (3,11-13).
O corpo da carta é enquadrado por duas solicitações (recomendações) dos apóstolos
(4,1: nós vos pedimos e exortamos) para que a comunidade guarde a santidade. Isso conduz
a exortações de ordem moral (4,3b-8). A segunda solicitação (5,1) é um apelo para que a
comunidade cuide bem de seus lideres e se edifiquem mutuamente afim de que ação do
Espírito não seja abafada entre eles. Entre estas duas recomendações, os apóstolos
respondem alguns questionamentos que estruturam esta parte da carta (4,9 – 5,11). As
expressões “a respeito de” (3,9; 3,13; 5,1) indicam, muito provavelmente, os
questionamentos reportados por Timóteo e as respostas tocam diversos aspectos da situação
da Comunidade dos Tessalonicenses. A primeira destas respostas (4,9-12) faz referencias
aos aspectos de solidariedade entre os membros da comunidade e a vida pratica dos
cristãos. A segunda resposta consola e encoraja os tessalonicenses diante da situação dos
falecimentos de membros da comunidade antes da parusia do Senhor, proclamada,
certamente, em termos de uma vinda iminente. A terceira resposta, formulado diante do
questionamento sobre os tempos e os momentos, apresenta-se como um verdadeiro apelo à
vigilância no tempo presente, fundada na consciência de que “somos filhos da luz e filhos
do dia” (5,4).

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