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Discurso – Formandxs 2018.

2 – Colação de Grau 09/05/2019

Boa noite a todos e a todas. Gostaria de cumprimentar a magnífica reitora,


professora Maria José e, em seu nome, saudar as demais autoridades desta mesa.

Cumprimento os meus colegas, ora aqui homenageados.

Estendo também tais cumprimentos a outras autoridades especiais: mães e


pais (incluindo os de coração), avós, tios, esposas e maridos, namorados, amigos, cujos
ensinamentos, às vezes em silêncio, são exercícios de estímulo, atenção e de renovação
do que enxergamos como ser humano.

Agradeço em especial à minha turma querida do curso de Letras, com a qual


gostaria de falar diretamente neste momento. Quando recebi a mensagem de que eu havia
sido escolhido paraninfo, fiquei bastante comovido. Como vocês sabem, cheguei nesta
casa no início do ano passado como professor temporário, cargo que ainda ocupo, e fiquei
surpreso com tal escolha. Por que eu? ... O meu muito obrigado. O olhar de vocês faz o
meu cada vez melhor.

Colocar a minha gratidão e tamanha honra em palavras me fez lembrar de


uma passagem de uma de nossas leituras. Quando a personagem central de Orlando,
escrita por Virginia Woolf em 1928, encontra um homem sentado à mesa, com uma pena
na mão – há entre ele e o papel uma pausa – uma pausa rápida para quem está olhando,
porém profunda para aquele sujeito; logo em seguida, ele deita a tinta no papel e escreve,
livre, como se ninguém o segurasse.

Bem, também sofri desta pausa, e, nesse lance de tempo, ocorreram-me


lembranças marcantes, desde quando nos conhecemos na turma de Literatura Inglesa,
como, logo em seguida, na de ESO em Língua Inglesa: vi ali, na primeira oportunidade,
de lermos obras como Um teto todo seu, com a qual vocês, enquanto uma turma composta
apenas por mulheres, puderam reconhecer suas próprias experiências, mais do que eu
como homem, e para além da fortuna crítica que acessamos. Agradeço bastante tais
momentos e vejo o quão transformadoras vocês também foram na minha própria
experiência. Então, desses momentos e encontros vividos, o mais importante foi perceber
o encontro de vocês consigo mesmas. Orgulho é a palavra que me define agora, orgulho
pela trajetória de cada uma, orgulho pela luta de vocês em serem as protagonistas das suas
próprias vidas.

Dirijo-me agora, então, e, também estendendo os meus cumprimentos e


reconhecimento, a todos vocês que estão se formando neste semestre. Talvez não
consiga detalhar tanto o nosso convívio, mas tenho certeza que compartilho com os
demais professores e presentes o mesmo orgulho.

Que sentimento! Finalmente acabou! Para alguns, um alívio (ou será para
todos? - risos); para muitos, tenho certeza, ficará a saudade: de assistir a todas aquelas
aulas, de estagiar em um contraturno, de participar de congressos, debates, de dormir
tarde escrevendo e reescrevendo trabalhos, daquelas V.A.’s memoráveis, dos amigos e
amigas, das aulas dos seus mestres, etc. Certeza de que vocês também sentirão falta disso.
Talvez, agora, vocês não tenham ideia de que este é um sentimento possível, mas eu
garanto, por experiência própria, que é algo que volta, como quando saímos de casa pela
primeira vez e resolvemos nos aventurar pelo mundo sob nossa própria responsabilidade.
Foi assim que me senti ao me formar em 2014, lá na UAG, em Letras. “E agora?” – pensei
naquele dia. Para mim, a transição era aterrorizante (o que coincide com o incerto muitas
vezes), mas tinha a certeza de que carregaria dentro da bagagem toda uma sorte de
experiências que valeram por cada uma daquelas horas, transformadas em dias, em anos,
molhadas de suor e preenchidas com aqueles e aquilo que fizeram parte de todo este
processo.

Eu sei que as incertezas são muitas neste momento do país, mas, como quis
dizer anteriormente, as nossas certezas também podem ser várias. E por que não seriam
essas últimas mais fortes? Por exemplo, a certeza de que levaremos conosco uma
formação que contribuirá para uma sociedade mais justa e democrática; ou, então, a
certeza de que, independente de nossa carreira, uma expressão-palavra estará sempre
conosco, uma que deveria ser início e fim nos nossos olhares: o ser humano. As
diferenças tantas entre nós caem por terra quando lembramos que interdependemos uns
dos outros – o que me lembra uma palavra interessante: a alteridade.

Além disso, apesar das últimas ofensivas em direção às nossas instituições de


ensino, ressalto a importância deste dia de hoje. Pois, hoje, queridos formandos, vocês
são aqueles e aquelas que resolveram dar um passo à frente, que confiaram à formação
de vocês à esta casa, parte de uma engrenagem muito maior, que faz com que a nossa
sociedade prospere, pense criticamente.

Em uma leitura que fiz antes de preparar este discurso, pensei em dizer a
vocês, já iniciando minhas palavras finais, que vocês saem daqui aptos a enfrentar
todos os desafios, a evitar todas as falências. Se resta dúvida a alguém para que serve
uma universidade como a nossa, em um país cujo poder se especializou na distorção de
um discurso, na manipulação da palavra e na ofuscação da verdade, explico didaticamente
que esta serve para salvar da ignorância, para dar cidadania, para ensinar como se diz ao
estelionato constituído. Mas, como se isso não bastasse, e me dirijo novamente e
diretamente às minhas agora colegas das Letras, ainda somos capazes também de formar
professores que, teimosamente tentam manter em pé um sistema educacional que não
necessariamente interessa, porque faz pensar. Tenham coragem para mudar o pensamento
sempre que necessário, e sejam fortes para suportar os duros golpes proferidos pela vida.

Não se acomodem e vivam como exemplos de superação. Elenquem prioridades


na vida de vocês, pois elas definirão os seus rumos. E não se esqueçam de que não há
“pause” no jogo da vida.

Para encerrar, deixo algumas palavras de Fernando Sabino:

Se em horas de encontros pode haver tantos desencontros, que a


hora da separação seja, tão somente, a hora de um verdadeiro,
profundo e coletivo encontro. De tudo ficarão três coisas: a certeza
de estar sempre começando, a certeza de que é preciso continuar e a
certeza de ser interrompido antes de terminar. Fazer da queda um
passo de dança; do medo, uma escada; do sonho, uma ponte; da
procura, um encontro.1

Um forte abraço e que vocês tenham grandes encontros nesta nova jornada, como
tive a oportunidade de ter com vocês. Muito obrigado!

1
SABINO, Fernando. Encontro Marcado. 78.ed. Rio de Janeiro: Record, 2005.

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