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Fisiopatologia da insuficiência cardíaca...

Revisão de Literatura

FISIOPATOLOGIA DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA E O USO DO


MALEATO DE ENALAPRIL EM CÃES

Edivaldo Rosas dos SANTOS JÚNIOR1*; Arthur Nascimento de MELO1; Aurea WISCHRAL2

RESUMO – Um melhor entendimento a cerca da insuficiência cardíaca se consti-


tui uma necessidade constante para os clínicos veterinários, por possibilitar uma
melhor abordagem terapêutica aos pacientes, melhorando a sobrevida dos mes-
mos. Esse trabalho traz uma revisão de literatura sobre a fisiopatologia da insufici-
ência cardíaca em cães, etiologia, manifestações clínicas, bem como tratamento
dando ênfase ao uso do maleato de enalapril, que vem sendo utilizado de forma
indiscriminada na rotina dos clínicos de pequenos animais.
Termos para indexação: cardiologia, tratamento, inibidores de ECA.

FISIOPATHOLOGY OF HEART FAILURE AND THE USE OF


ENALAPRIL MALEATE IN DOGS

ABSTRAT – A better understanding of cardiac failure constitutes a constant need


for the veterinary clinics, in order to enable a better therapeutic approach to the
patients, improving their life expectancy. This work brings a literature review about
physiopathology of cardiac failure in dogs, etiology, clinical manifestations, as well
as treatment giving emphasis to the use of enalapril maleate, which has been used
in an indiscriminate form in the routine of the small animals' clinics.
Index terms: cardiology, treatment, ECA inhibitors.

INTRODUÇÃO aumentem a sobrevida dos pacientes. O


maleato de enalapril vem sendo emprega-
Insuficiências cardíacas são afecções do de forma desnecessária em muitas si-
constantes na clínica médica de pequenos tuações clínicas, tendo em vista o percen-
animais, o que torna a melhor compreen- tual reduzido de animais cardiopatas que
são da patogenia e opções de tratamento chegam a desenvolver um quadro de insu-
uma necessidade crescente entre os clíni- ficiência cardíaca.
cos veterinários. Por ser uma doença pro-
gressiva, a melhoria da qualidade de vida FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVAS-
do paciente deve ser o principal objetivo do CULAR
médico veterinário. Uma abordagem tera-
pêutica que minimize os efeitos adversos Os princípios anatômicos e fisiológicos
das afecções cardíacas só pode ser esta- da circulação foram descritos primeiramen-
belecida pelos profissionais que possuírem te por William Harvey em 1628, como sen-
conhecimentos suficientes para estabele- do um sistema cardiovascular com objeti-
cer protocolos terapêuticos adequados que vo de manter a pressão arterial e o volume

1
Mestrando, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco, CEP - 52171-900,
Recife, Pernambuco, Brasil, edivaldorosas@gmail.com *Autor para correspondência
2
Professora Adjunto, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pernambuco,
aurea@dmv.ufrpe.br

Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v. 10, n. 1, p. 1 - 8 - janeiro/abril, 2007


2 SANTOS JÚNIOR, E.R. et al.

plasmático efetivo (MELBIN e DETWEILER, débito cardíaco é diminuído e o coração tem


1996). suprimida a capacidade de compensar esta
A circulação tem uma grande capaci- diminuição (MORAIS e SCHWARTZ, 2005).
dade de reserva, podendo o débito cardía- A sobrecarga de volume pode ocorrer
co de um animal hígido aumentar muito na insuficiência valvular, nas comunicações
durante o exercício vigoroso. Em um ani- anormais e nos estados de alto débito car-
mal sedentário, a circulação pode adaptar- díaco (MORAIS e SCHWARTZ, 2005).
se a diferentes graus de doença cardíaca A insuficiência cardíaca diastólica está
antes que os sinais de insuficiência sejam presente quando a congestão pulmonar
notados (DARKE et al., 2000). venosa e os sinais clínicos resultantes ocor-
rerem na presença da função sistólica ven-
PATOGENIA tricular esquerda normal ou próxima do nor-
mal (LENIHAN et al., 1995).
A incapacidade do coração de ejetar O pericárdio também pode restringir o
sangue adequadamente (insuficiência enchimento ventricular na doença
sistólica), ter enchimento ventricular inade- pericárdica constritiva ou no tamponamen-
quado (insuficiência diastólica) ou apresen- to cardíaco pelas propriedades mecânicas
tar uma combinação de ambas pode resul- impostas ao ventrículo na fase final da
tar na insuficiência cardíaca (MORAIS e diástole (COLUCCI e BRAUNWALD, 1997).
SCHWARTZ, 2005).
As alterações funcionais levam a um ETIOLOGIA
débito cardíaco reduzido e conseqüente
hipotensão arterial, por diminuírem o volu- As causas mais comuns de insuficiên-
me de sangue ejetado pelo coração. Ani- cia cardíaca crônica, em cães, são regur-
mais com insuficiência cardíaca discreta, gitação de mitral associada a uma doença
ou deficiência diastólica, apresentam o dé- valvular crônica e a miocardiopatia dilatada
bito cardíaco inadequado principalmente (ETTINGER et al., 1998). A regurgitação de
durante exercício físico ou estresses, en- mitral, mais freqüente em cães de raças
quanto animais com insuficiência cardíaca pequenas, totaliza cerca de 80% das do-
grave apresentam o débito reduzido até enças cardíacas e a miocardiopatia dilata-
mesmo no repouso (DARKE et al., 2000). da, mais freqüente em raças grandes, cor-
A insuficiência sistólica é caracteriza- responde a 5 % (HAMLIN, 1998).
da pelo enchimento normal do ventrículo Independente da causa, a diminuição
com diminuição no volume sistólico ejetado. da função ventricular acarreta insuficiência
A redução no volume sistólico pode ser re- cardíaca congestiva pela diminuição do
sultante da diminuição da contratilidade (in- débito cardíaco e da pressão arterial san-
suficiência miocárdica), aumento primário guínea (MORAIS e SCHWARTZ, 2005),
na pressão ventricular (sobrecarga de pres- porém os animais que apresentam regur-
são) ou aumento do volume ventricular (so- gitação de mitral ou miocardiopatia dilata-
brecarga de volume) (MORAIS e da, não necessariamente são insuficientes
SCHWARTZ, 2005). cardíacos. Apenas 5% desses cães che-
A insuficiência miocárdica pode ser pri- gam a desenvolver a insuficiência cardíaca
mária, como nos casos de miocardiopatia (HAMLIN, 1998).
dilatada, ou secundária à sobrecarga crô-
nica de volume ou de pressão. A sobrecar- ALTERAÇÕES NEURO-HUMORAIS
ga de pressão ocorre principalmente em
animais que apresentam estenose A síndrome clínica de insuficiência car-
subaórtica, dirofilariose, estenose pulmonar díaca congestiva (ICC) é uma manifesta-
direita e hipertensão arterial direita. Nos ção de conseqüências circulatórias. Essas
animais que possuem esta insuficiência o conseqüências resultam da ativação de

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vários sistemas neuro-humorais, que são mulação crônica pode ocasionar edema
importantes para a manutenção da função (FOX, 1992).
cardiovascular, mas quando ativados cro- Os níveis de ADH em animais com ICC
nicamente contribuem para o surgimento aumentam como conseqüência da não ini-
dos sinais clínicos e da deterioração da fun- bição mediada por barorreceptores e as
ção cardíaca (NELSON e COUTO, 1998a). elevações da angiotensina II. A liberação do
As alterações neuro-humorais na ICC in- ADH leva à vasoconstricção e à reabsorção
cluem o aumento do tônus nervoso simpá- de água favorecendo o desenvolvimento de
tico, a ativação do sistema renina-angioten- hiponatremia (MORAIS e SCHWARTZ,
sina-aldosterona (SRAA) e a liberação da 2005).
vasopressina, hormônio antidiurético (ADH)
(NELSON e COUTO, 1998b; LITTLE et al., ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS
2005). Estes mecanismos são comuns a
todos os tipos de insuficiência cardíaca Elevações na pré-carga, na pós-carga,
(NELSON e COUTO, 1998b). na ativação simpática e no hormônio do
A atividade simpática aumentada é par- crescimento induzem o aumento do mio-
cialmente responsável pela vasoconstrição cárdio, enquanto, que a ativação do SRA,
e retenção de sódio, aumentando a pós- da prostaglandina E2, do fator β1 de trans-
carga. O coração insuficiente pode ser es- formação de crescimento e do fator-1 de
timulado a contrair mais vigorosamente pelo crescimento tipo insulina, induzem o
aumento do tônus simpático e pela dilata- remodelamento do interstício cardíaco
ção cardíaca (efeito Frank-Starling), mas (WILKE et al., 1996).
essa resposta é ótima apenas se o mio- O remodelamento estrutural da matriz
cárdio estiver saudável (DARKE et al., colágena do miocárdio contribui para a pro-
2000). O aumento da concentração de no- gressão da insuficiência cardíaca (MORAIS
radrenalina diminui a regulação dos recep- e SCHWARTZ, 2005). Os ventrículos
tores β-adrenérgicos (MORAIS e hipertrofiados, induzidos por pressão, apre-
SCHWARTZ, 2005). sentam déficit capilar e diminuição no nú-
A dessensibilização dos β-receptores mero de mitocôndrias, levando a um es-
miocárdicos pode representar um mecanis- tado de depleção de energia (KATZ,
mo de proteção contra os efeitos cardiotó- 1994). A isquemia acarreta necrose,
xicos e arritimogênicos das catecolaminas, fibrose, aumento da concentração de
porém, aumentam a intolerância ao exercí- colágeno e disfunção diastólica. A
cio e diminuem o desempenho ventricular hipertrofia induzida por volume reduz a
(NELSON e COUTO, 1998b). tensão da parede e o consumo de oxigê-
O débito cardíaco diminuído, durante a nio pelo miocárdio (MVo2), auxiliando na
ICC, ativa o sistema renina-angiotensina, manutenção do débito cardíaco, provavel-
pela estimulação direta do β-adrenorrecep- mente pelo aumento na complacência. En-
tor e pela diminuição do fluxo renal no apa- tretanto, o deslizamento da fibra causa di-
relho justaglomerular dos rins. A angioten- latação adicional do coração, aumentando
sina II, ativada pela enzima conversora da novamente a tensão da parede e o MVo2,
angiotensina (ECA) é um potente vasocons- favorecendo a progressão da disfunção
tritor, estimula a liberação de aldosterona, ventricular esquerda (MORAIS e
do hormônio antidiurético (ADH), aumenta SCHWARTZ, 2005).
a atividade simpática, promove constrição Nos animais que apresentam uma in-
na artéria renal eferente e estimula a sede suficiência ventricular bilateral, pode ser
(TEERLINK, 1996). encontrada uma cardiomegalia generaliza-
A ativação do SRAA resulta na reten- da (DARKE et al., 2000), como ocorre em
ção de sódio e água, o que ajuda a manter algumas raças de grande porte e no Cocker
o volume e o fluxo sanguíneo, mas a esti- Spaniel (SISSON et al., 2004).

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MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS tes tidos como assintomáticos têm a do-


ença cardíaca, mas não apresentam sinais
Os cães que apresentam regurgitação de insuficiência. Os sinais clínicos encon-
de mitral ou miocardiopatia dilatada geral- trados nestes pacientes incluem sopro car-
mente apresentam tosse, dispnéia, fraque- díaco, arritmias e alterações na morfologia
za, intolerância ao exercício (DARKE et al., cardíaca detectadas em radiografias e
2000), perda de peso, síncope, dilatação ecocardiografias.
atrial e auricular esquerda, hipertrofia excên- Animais com insuficiência leve a mo-
trica do ventrículo esquerdo, congestão ve- derada, assim classificados, apresentam
nosa pulmonar, edema pulmonar, sinais clínicos evidentes da doença, mes-
despolarização ventricular prematura e ta- mo em repouso ou em leves atividades fí-
quicardia. Os animais com regurgitação de sicas, comprometendo a qualidade de vida
mitral apresentam sopros sistólitos mais do animal. Os sinais típicos incluem intole-
audíveis na região apical esquerda e maior rância ao exercício, tosse, taquipnéia, disp-
dilatação do átrio esquerdo. Já os que so- néia e ascite leve ou moderada (BULMER
frem de cardiomiopatia dilatada estão mais e SISSON, 2005).
propensos a terem hipertrofia excêntrica do Já os classificados com tendo uma
ventrículo direito, fibrilação atrial e caquexia insuficiência grave ou avançada apresen-
(HAMLIN, 1998). tam sinais claros de ICC, como dispnéia,
Os sinais clínicos da insuficiência car- ascite evidente, importante intolerância ao
díaca são devidos ao baixo débito cardía- exercício e hipoperfusão em repouso. Nos
co, acúmulo de líquidos e alterações na casos mais severos o animal apresenta-
musculatura esquelética (MORAIS e se em decúbito e em choque cardiogênico,
SCHWARTZ, 2005). Os sinais de baixo onde a não intervenção imediata pode le-
débito incluem cansaço, intolerância ao var ao óbito (BULMER e SISSON, 2005).
exercício, síncope, azotemia pré-renal,
cianose e arritmias cardíacas (NELSON e TRATAMENTO
COUTO, 1998a).
O aumento das pressões venosa pul- Os tratamentos da insuficiência cardí-
monar e hidrostática capilar nos animais de aca são, na maioria dos casos, paliativos e
pequeno porte leva ao edema pulmonar e não curativos. Portanto, animais que desen-
pode se manifestar por dispnéia, tosse, cre- volvem ICC podem morrer em conseqüên-
pitações pulmonares e intolerância ao exer- cia desta afecção, quase sempre em um
cício. A hipertensão venosa sistêmica cau- período relativamente curto de tempo
sa distensão jugular, congestão hepática, (KITTLESON, 2004).
ascite e edema subcutâneo. A insuficiência O tratamento da ICC tem como objeti-
bilateral ventricular é caracterizada por uma vo uma melhora do débito cardíaco, redu-
combinação de sinais dos lados esquerdo ção da sobrecarga cardíaca, controle do
e direito, comumente associada ao acúmulo edema e das efusões e normalização das
de líquido pleural (MORAIS e SCHWARTZ, arritmias concomitantes (NELSON e COU-
2005). TO, 1998b), prolongando e melhorando a
O Conselho Internacional para a Saú- qualidade de vida do paciente (ETTINGER
de Cardíaca de Pequenos Animais, funda- et al., 1998).
do em 1992, desenvolveu uma classifica- Cães com insuficiência cardíaca se-
ção baseada nas alterações anatômicas e cundária a uma doença valvular (regurgita-
na severidade dos sinais clínicos nos ani- ção de mitral) ou cardiomiopatia dilatada
mais em repouso com o objetivo de facili- devem ser tratados com diurético, inibidor
tar o manejo e compreensão da enfermi- da enzima conversora de angiotensina
dade (BULMER e SISSON, 2005). (ECA) e digoxina (BULMER e SISSON,
Segundo esta classificação, os pacien- 2005).

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Os glicosídeos digitálicos, como a di- 2004). O efeito desta classe de fármacos


goxina, são empregados como agentes ino- não se limita a impedir a vasoconstrição
trópicos positivos, alterando a sensibilida- mediada pelo angiotensina II, mas também
de dos barorreceptores, diminuindo o tônus suprimir a síntese de aldosterona endógena
simpático, aumentando a atividade vagal em cães com ICC (WEBER e
(DARKE et al., 2000), melhorando assim a VILLARREAL, 1993).
contratilidade do miocárdio normal ou insu- Em geral, estes inibidores podem re-
ficiente (MAHLER et al., 1974). Desta for- duzir a resistência vascular sistêmica em
ma, são contra-indicados em animais com 25% a 30%, o que explica o número reduzi-
miocardiopatia hipertrófica (KITTLESON, do de eventos hipotensivos quando com-
2004), onde o mais indicado é o uso de β- parados a outros vasodilatadores como a
bloqueadores e de bloqueadores de canal hidralazina, que pode reduzir em 50% a re-
de cálcio (DARKE et al., 2000). sistência vascular. Porém existem relatos
A digoxina tem sua dose recomendada de efeitos adversos produzidos por essa
entre 0,004mg/kg a 0,01mg/kg BID PO em classe de fármacos, como tosse,
cães com peso inferior a 18kg. Nos paci- angioedema e hipotensão, que contra-indi-
entes acima de 18kg, a dose deve ser ba- cam o seu uso indiscriminado (MAIA et al.,
seada na área da superfície corporal, sen- 2003). Pertencem ao grupo dos inibidores
do de 0,25mg/m2 BID PO (KITTLESON, da ECA o enalapril, captopril, lisinopril e o
1983). benazepril (KITTLESON, 2004).
Dentre os diuréticos, a furosemida é a
mais comumente usada na terapia de in- MALEATO DE ENALAPRIL
suficiência cardíaca em cães, sendo admi-
nistrada por via oral ou parenteral nas do- O enalapril é um éster etílico do
ses de 1mg/kg SID a 4mg/kg TID. A enalaprilato. Possui pouca atividade até que
furosemida é um diurético que inibe a reab- seja metabolizado no fígado em
sorção de eletrólitos na porção espessa enalaprilato. O enalapril está comercialmen-
ascendente da alça de Helen e também te disponível sob a forma de sal de malea-
reduz a reabsorção de sódio e cloreto no to. Nos cães, o maleato de enalapril é mais
túbulo renal distal (KITTLESON, 2004). bem absorvido no trato gastrointestinal que
Outros recursos terapêuticos também o enalaprilato (TOCCO et al., 1982). A dose
podem ser utilizados no tratamento da in- oral de 0,3 mg/kg resulta em cerca de 75%
suficiência cardíaca, como dietas com res- de inibição da resposta pressora à angio-
trição de sódio (iniciada em pacientes com tensina I. Este efeito permanece por pelo
sinais de acúmulo de líquidos), repouso, menos 6 horas e é completamente dissi-
simpatomiméticos, compostos bipiridíni- pado 24 horas após a administração. A dose
cos, oxigenioterapia, terapia ansiolítica, de 1,0 mg/kg produz inibição discretamen-
broncodilatadores e supressores da tosse te maior (cerca de 80%) por pelo menos 7
(HAMLIN, 1998; KITTLESON, 2004; BUL- horas. Cerca de 15% da inibição ainda está
MER e SISSON, 2005). presente 24 horas após a administração
oral (KITTLESON, 2004).
INIBIDORES DA ECA A dose oral de 0,5 mg/kg produz maior
e mais rápida redução na pressão capilar
Os inibidores da ECA ligam-se ao mes- pulmonar que a dose de 0,25 mg/kg e a
mo local da ECA como angiotensina I, im- dose de 0,75mg/kg não produz efeito me-
pedindo sua ação vasoconstritora (BRAWN lhor. Portanto, a dose mais indicada é a de
e VAUGHAN, 1998). Os receptores da ECA 0,5mg/kg duas vezes ao dia (BID) (The
contêm íon zinco e os inibidores contêm um COVE study group, 1995).
grupo sulfidrila, carboxila ou fosforila que Um total de 269 cães, sendo 164 por-
interage com os íons zinco (KITTLESON, tadores de regurgitação de mitral e 105 que

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possuem miocardiopatia dilatada, foram tensina, como o losartan, apresentam ação


utilizados em estudos que objetivavam com- mais eficaz no sentido de impedir os efei-
provar a eficácia do enalapril, comparando- tos deletérios da angiotensina II, não cau-
o a um grupo controle (FOX, 1992; The sando acúmulo de bradicinina e assim pro-
COVE Study Group, 1995). movendo reações adversas menos inten-
Com base nos achados destes estu- sas que os inibidores da ECA (PITT et al.,
dos, o enalapril embora produza alterações 2000).
hemodinâmicas mínimas, resulta em me-
lhora clínica nos cães com insuficiência CONSIDERAÇÕES FINAIS
cardíaca causada por regurgitação de mi-
tral ou miocardiopatia dilatada, promoven- O conhecimento da fisiopatologia da
do recuperação discreta e gradual que aju- insuficiência cardíaca em cães e os possí-
da a estabilizar o curso clínico da doença e veis protocolos terapêuticos empregados
melhorar a qualidade de vida do paciente. a esta afecção são de grande importân-
Desta forma o enalapril constitui um bom cia para a clínica médica de pequenos ani-
agente coadjuvante no tratamento de ICC. mais. A utilização do maleato de enalapril
O maleato de enalapril pode ser eficaz com o intuito de retardar o aparecimento
como agente administrado isoladamente da insuficiência cardíaca em cães assin-
em alguns cães com insuficiência cardía- tomáticos não deve ser aconselhada de-
ca muito discreta, porém em muitas situa- vido à pequena porcentagem de animais
ções ele deve ser associado à furosemida, portadores de afecções cardíacas que
com ou sem digoxina (ETTINGER et al., chegam a desenvolver ICC, aos estudos
1998; KITTLESON, 2004). que já comprovaram a ineficiência do fár-
Existem evidências convincentes de maco neste âmbito e à ocorrência de efei-
que os inibidores da ECA, especialmente tos adversos. O enalapril apresenta bons
enalapril, possuem efeitos benéficos na resultados como coadjuvante no trata-
sobrevivência e aumento na qualidade de mento da insuficiência cardíaca, poden-
vida em humanos sem evidência de insufi- do estar presente nos protocolos terapêu-
ciência cardíaca, retardando o início da in- ticos instituídos somente aos cães que
suficiência crônica e diminuindo a necessi- apresentem a falência cardíaca ou insu-
dade de hospitalização (SOLVD Investiga- ficiência renal crônica, embora resultados
tors, 1992). melhores possam ser obtidos com blo-
Em virtude dos achados em seres hu- queadores de receptores de angiotensi-
manos, tem sido recomendada a adminis- na.
tração de enalapril a pacientes caninos com
doença cardíaca avançada, mas sem in- REFERÊNCIAS
suficiência cardíaca (ETTINGER et al.,
1998). BROWN, N.J.; VAUGHAN, D.E. Angiotensisn-
Os efeitos benéficos do enalapril podem converting enzyme inhibitors. Circulation,
ser visualizados também em gatos e em Baltimore, v.97, n.14, p.1411-1420, 1998.
pacientes com disfunção renal crônica (LE- BULMER, B. J.; SISSON, D. D. Therapy of Heart
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em cães com miocardiopatia dilatada ou p. 948-972.
regurgitação de mitral não foi capaz de re-
COLUCCI, W.S.; BRAUNWALD, E.
tardar ou impedir o surgimento da ICC, na Pathophysiology of heart failure. In:
presença ou não de cardiomegalia (KVART BRAUNWALD, E. (Eds.). Heart Disease. Phila-
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Bloqueadores de receptores da angio-

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