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Tema Livre

Jornalismo político no Brasil: polarização estéril ou


arena de debates?
Political journalism in Brazil: sterile polarization or arena of debates?

Eleonora de Magalhães Resumo: O artigo propõe discutir a relação entre imprensa e


Doutoranda pelo Programa de Pós-graduação em política no Brasil sob uma perspectiva comparativa. O estudo
Comunicação, Universidade Federal Fluminense (UFF),
possui como ponto de partido a observância do fortalecimento
Niterói, RJ, Brasil
eleonoramaga@gmail.com do jornalismo partidário paralelamente à tensão entre “mídia
tradicional” (jornais e revistas de grande circulação) e “novos
agentes” (em especial, blogs de jornalismo político), fenômeno
atravessado pelo movimento de “virada à esquerda”, especialmente
na América Latina, que levou ao poder agentes historicamente
marginais no cenário político. O objetivo é compreender a cultura
do jornalismo brasileiro contemporâneo a partir de um olhar
periférico, pensando-a como fenômeno cultural e geograficamente
situado, e não como desvio a um “modelo” estabelecido de
jornalismo. Para tanto, a discussão contemplará quatro aspectos
fundamentais: 1) o desenvolvimento do modelo informativo/liberal
de jornalismo comparativamente a outros “sistemas midiáticos”;
2) a relação entre imprensa, mercado e governo; 3) o lugar que
jornais e jornalistas propõem ocupar nas sociedades em que atuam;
e 4) a relação entre jornalismo e política no Brasil, contemplando
o aparecimento de novos agentes possibilitados de entrar em cena
com o desenvolvimento da Internet. O trabalho ainda propõe
refletir em torno dos indicativos de uma tensão entre “imprensa
tradicional” - representada pelos maiores e principais meios
noticiosos brasileiros - e novos agentes políticos - em especial
os” blogueiros progressistas” ou “de esquerda”.
Palavras-chave: Jornalismo político; Polarização; Blogosfera
progressista; Democracia.

Abstract: The article intends to discuss the relationship between


the press and politics in Brazil from a comparative perspective.
The work has as start point the strengthening of partisan journalism
in parallel to the tension between “traditional media” (newspapers
and general circulation magazines) and “new agents” (especially
political journalism blogging), phenomenon permeated by the so
called “left turn”, especially in Latin America, which led to power
historically marginal actors on the political scene. The goal is to
understand the culture of contemporary Brazilian journalism from
a peripheral perspective, thinking it as a cultural phenomenon
and geographically located; not as a deviation from a “model”
of journalism already consolidated. Therefore, the discussion will
cover four key aspects: 1) the development of the informative/
liberal model of journalism compared to other “media systems”;
2) the relationship between media, market and government; 3) the

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REVISTA DE CIÊNCIA POLÍTICA http://dx.doi.org/10.4322/tp.24204
Jornalismo político no Brasil: polarização estéril ou arena de debates?

place that newspapers and journalists propose to take in the


societies in which they operate; and 4) the relationship between
journalism and politics in Brazil, considering the emergence of
new agents that became enabled to step in with the development of
the Internet. The paper also has the goal to reflect about evidences
of a tension between “mainstream media” - represented by the
largest and leading Brazilian newspapers - and new political
actors - especially the “progressive bloggers” or “left bloggers”.
Keywords: Political journalism; Polarization; Progressive
blogosphere; Democracy.

No Brasil, o amadurecimento de uma democracia revista Veja), de um lado, e novos agentes políticos, os
presidencialista nos últimos trintas anos caminhou blogueiros “progressistas” ou “de esquerda”2, de outro.
lado a lado ao fortalecimento de um partido político, O cenário brasileiro encaixa-se em um contexto
o Partido dos Trabalhadores (PT)1. Isso aponta para maior, e que envolve uma percepção de mudança de
um modelo de democracia em que a variável “partidos rumo político em diversos países da América Latina
políticos” ganha proporção na relação entre imprensa com a chegada ao poder de grupos percebidos como “de
e política. Levando isso em consideração, os exemplos esquerda”, fenômeno que se tornou conhecido como
lefft turn (cf. CASTAÑEDA, 2006; CAMERON, 2009).
acima podem ser compreendidos de duas maneiras: a)
No Brasil, a “virada à esquerda” levou ao poder, a partir
como ilustrativos da atual relação entre jornalismo e
de 2002, um conjunto de agentes que, historicamente,
política no Brasil, apontam para questões ideológicas que
ocuparam um papel marginal no cenário político, e
permeiam a imprensa do país e envolvem identificações cuja relação com a mídia tradicional foi atravessada
partidárias, tanto à esquerda quanto à direita no espectro por relações que envolvem desconfianças recíprocas,
político, contempladas por segmentos da imprensa mas também certo grau de dependência – já que boa
nacional; b) e como indicativos de uma tensão entre parte do financiamento da imprensa é viabilizado pela
“imprensa tradicional”, representada pelos maiores e verba gasta em publicidade pelo governo federal.
principais meios noticiosos brasileiros (jornais Folha O apresentado nas linhas acima vai de encontro
de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo e a ao modelo informativo de jornalismo sobre o qual

1
Sobre identificação partidária, principalmente no que concerne à força 2
A “blogosfera progressista” é formada pela atuação em rede de blogueiros
do PT junto ao eleitorado brasileiros, ver Braga e Pimentel Junior jornalistas (alguns egressos da “grande mídia”), ativistas políticos
(2011), Borba, Carreirão e Ribeiro (2011), Paiva e Tarouco (2011), ligados a partidos políticos de esquerda e meios de comunicação em
Veiga (2011). formato tradicional concorrentes dos veículos da “grande imprensa”.

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se assentam os pilares defendidos como norteadores por compor o repertório de legitimação também dos
da prática profissional no Brasil. Sob os moldes de brasileiros: a objetividade, estratégia que teria como
perspectivas norte-americana ou mesmo centro-europeia resultado a produção de relatos equilibrados. Conforme
(HALLIN; MANCINI, 2004; SIBERT, PETERSON; esse modelo, cada jornal é internamente plural, pois
SCHRAMM, 1963), o jornalismo no Brasil seria reproduziria em suas páginas diversos olhares sem
caracterizado disfuncional. Acreditamos ser necessário que houvesse opinião do repórter ou da empresa
romper com a lógica etnocêntrica tradicionalmente jornalística em suas matérias.
adotada para se compreender a complexidade do Outros países destoam do modelo, caso da imprensa
jornalismo brasileiro atual. Propomos, assim, um estudo italiana, ao tradicionalmente manter a discussão
comparativo que busque contemplar outras formas política estritamente dentro dos limites dos partidos.
do fazer profissional adotadas para além do “mundo Segundo a lógica mediterrânea, várias interpretações
ocidental”. Ao refletirmos acerca das relações entre sobre um mesmo acontecimento seriam claramente
imprensa e poder em diferentes países, pretendemos apresentadas ao leitor, mas cada uma presente em um
conferir contornos mais nítidos em torno da imprensa jornal distinto (pluralidade externa). Vinte anos após
no Brasil enquanto “ecossissistema” complexo. Speaking of the President (HALLIN; MANCINI, 1984),
Para tanto, esta discussão articula-se em quatro eixos uma apresentação preliminar do problema em torno
interrelacionados: 1) o desenvolvimento da imprensa e da relação entre jornalismo e política, os autores
suas particularidades em cada país, abarcando modelos publicaram um esquema interpretativo de fôlego visando
construídos sobre diferentes sistemas midiáticos a compreender o jornalismo do “ocidente moderno”.
(que tradicionalmente giram em torno do “modelo Lançado em 2004 (HALLIN; MANCINI, 2004),
anglo-americano” de jornalismo); 2) a relação entre Comparing Media Systems pode ser compreendido
mídia, mercado, governo e partidos políticos; 3) a como substituto à, até então, grande referência da área
relação de jornais e jornalistas com a sociedade em dos estudos comparativos em comunicação: o clássico
que atuam; e 4) a relação histórica entre jornalismo e Four Theories os the Press (SIBERT; PETERSON;
política no Brasil, contemplando o aparecimento de SCHRAMM, 1963).
novos agentes possibilitados de entrar em cena com Entender o contexto de produção é relevante para
o desenvolvimento da Internet, em especial a rede compreender a lógica sobre a qual se assentam e os
dos “blogueiros progressistas”. Por meio de uma pontos de vista apresentados e defendidos pelos trabalhos.
perspectiva comparativa, o objetivo final é discutir e Four Theories deve ser lido tendo em mente os anos
relacionar elementos que contribuam para compreender 60 como momento histórico e o país que adota como
a cultura do jornalismo no Brasil hoje no que tange à referencial, os Estados Unidos. Nesse período, ainda
comunicação política. não havia formação de conglomerados midiáticos,
mas a presença de empresas jornalísticas. O discurso
liberal clássico confundia-se, afetando inclusive países
Imprensa e modelos de jornalismo da América Latina, como o Brasil – que vivia sob uma
O modelo de jornalismo “imparcial”, amplamente ditadura militar–, com uma “campanha” norte‑americana
disseminado nas últimas décadas, relaciona-se aos pela liberdade de imprensa, ao defender o controle
Estados Unidos, e em grau menor à Inglaterra, privado dos meios noticiosos, orientado pelo mercado
podendo ser considerado uma “descoberta” do século ou lucro, com autonomia frente ao Estado e, portanto,
XIX (CHALABY, 1996). Entretanto, pesquisas capazes de exercer a atividade jornalística plenamente
(SCHUDSON, 1978; NERONE; BARNHUST, 2003) – cuja função essencial seria a prestação de serviços
indicam que, no mesmo período, havia circulação de ao sistema político; “iluminar” ou “esclarecer” a
periódicos partidários nos Estados Unidos e que o país audiência; e salvaguardar as liberdades individuais,
encontrava-se em pleno processo de politização da inclusive em relação a desvios do governo quanto
mídia na primeira metade daquele século. As forças de a seus propósitos originais (SIBERT; PETERSON;
mercado que guiavam a comercialização dos jornais SCHRAMM, 1963).
são apontadas como impulsionadoras da politização da Na verdade, em vez de quatro esquemas teóricos,
imprensa, de forma que disputa partidária e competição como sugere o título, os autores apresentam apenas
econômica caminhavam lado a lado, levando jornais um modelo, ou o modelo: o libertário (relacionado
concorrentes a valerem-se da afiliação partidária para aos EUA e à Grã-Bretanha) e a atualização deste,
adicionar valor ao seu produto. denominado “responsabilidade social”, que dá conta da
Apenas no século seguinte, por volta de 1920, virada socialdemocrata inaugurada pela “Era Thatcher”,
é que ganharia contornos mais nítidos o conceito sem abrir mão da lógica liberal. Os outros “modelos
tão caro aos jornalistas americanos – e que acabou teóricos” contemplados no livro, a saber: “autoritário”,

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no qual o Brasil se encaixaria em virtude da censura à Pluralismo midiático


imprensa, e “soviético comunista”, são apresentados não Como podemos perceber, os esforços em desenhar
como modelos, mas como “desvios” ou modalidades modelos para a análise de sistemas midiáticos que
disfuncionais. contemplem diferentes culturas de jornalismo tendem a
Com o pós a Guerra Fria, havia a expectativa trabalhar sob a lógica de que aquilo que muito destoa do
de que o jornalismo americano seria amplamente modelo liberal é concebido como algo ainda em fase de
adotado pelos mais diversos países, tornando-se evolução ou, pior, disfuncional. E como pertinente a essa
algo “universal” (CHALABY, 1996). Essa lógica foi lógica, a presença de um Estado notadamente atuante
amplamente disseminada, promovendo uma ideia (sobretudo politica e economicamente centralizador)
mais de homogeneidade que de alteridade. Os EUA, é vista com desconfiança.
inclusive, atuaram valendo-se dos meios de comunicação No tocante ao papel do governo federal, este teve, no
(soft power) para difundir a ideia de “democracia sobre Brasil, lugar importante ao subsidiar economicamente
a tirania”, de modo a promover reformas visando a as organizações midiáticas. Porém, diferentemente do
garantir interesses comerciais em países da Europa que ocorre em países como a Inglaterra, o Estado nunca
Oriental e Ásia Central com a dissolução do regime teve atuação significativa como dono de organização
soviético nos anos 80 (SUSSUMAN; KRADER, 2008). midiática; tampouco há, como na Itália, o predomínio
Como veremos, a disseminação do modelo de jornais e outros meios de comunicação cujas linhas
anglo‑americano de fato ocorreu, porém adotou partidárias sejam realmente definidas. Pelo contrário, o
contornos bastante particulares em cada país em que sistema de transmissão brasileiro é quase inteiramente
foi introduzido. Enquanto o jornalismo anglo-saxão privado desde a sua concepção. Mas isso é suficiente
teria, em tese, se desenvolvido como campo autônomo para garantir a autonomia de um meio noticioso?
ao da política e da literatura, o mesmo não pode ser David Ryfe (2012) lembra que o período em que
dito com relação ao francês, por exemplo. Além disso, o jornalismo norte-americano desfrutou de maior
é problemática a alocação em uma mesma categoria autonomia em relação a outros campos, como os
países pertencentes a regiões heterogêneas, como político e econômico, foi o compreendido entre os anos
América Latina, África e Ásia. 1950 e 1970. Mesmo nessas décadas, porém, jamais
Assim pode ser percebido o trabalho de Hallin e atingiu completa autonomia, em virtude de permanecer
Mancini (2004). De modo mais abrangente, Comparing fortemente atrelado às necessidades comerciais das
Media Systems apresenta três modelos de sistemas organizações desde o nascimento do jornalismo
midiáticos que sugerem explicar os traços predominantes comercial moderno. Assim, libertar-se do sistema
em determinados países: 1) o Modelo Liberal configura- partidário não significou completa independência, mas
se por um relativo predomínio dos mecanismos de a necessidade de lidar com outros dilemas.
mercado e dos meios de comunicação comerciais, Em boa parte dos países asiáticos, o “mercado
com forte profissionalismo sem auto‑regulamentação midiático” foi erguido em conformidade com o
institucionalizada; 2) Democrático Corporativista, relacionamento que seus proprietários tinham com
caracterizado por uma coexistência histórica dos meios o Estado, que beneficiava aliados e suprimia aqueles
de comunicação comerciais e os meios de comunicação que o contestavam. Não podemos dizer, portanto, que
ligados a grupos sociais e políticos organizados, e por o processo de democratização na Ásia tirou de cena a
um papel relativamente ativo, mas legalmente limitado figura do Estado dominante, apesar de enfraquecido
do Estado; 3) o Pluralista Polarizado distingue-se pela (LEE, 2001). Tampouco devemos menosprezar o papel
integração dos meios de comunicação na política dos partidos políticos para a configuração da imprensa de
partidária, um desenvolvimento histórico mais fraco alguns países e das negociações envolvidas entre agentes
dos meios de comunicação comerciais e da cultura políticos para o desenvolvimento e a sobrevivência da
profissional no jornalismo, uma imprensa com baixa atividade jornalística (MCCARGO, 2003).
circulação e voltada para uma pequena elite, e um O capitalismo de mercado, nesse contexto, fez
forte papel do Estado. Neste último estaria a América florescer grandes empresas privadas que tiveram
Latina. Mesmo advertidos de que se tratam de “tipos regimes autoritários como suporte, o que não significou
ideiais”, ao se refletir acerca do lugar do Brasil nessa a promoção de uma imprensa independente, seja em
classificação percebe-se, mais uma vez, que o quadro relação ao controle do Estado, ou mesmo (e talvez
é maior que a moldura na qual deveria se encaixar. principalmente) dos ditames mercadológicos. Durante
Nesse sentido, a inclusão de novos atores estudados décadas, a luta anticomunista e a necessidade de
em perspectiva comparativa contribui para a melhor modernização seriam utilizadas como justificativa
compreensão de como se articula a prática profissional para a repressão política e midiática em países como
em nosso próprio país. Coréia, Taiwan e Singapura. Isso porque a estabilidade

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política, promovida através da repressão (incluídos políticos” ganha proporção na relação entre imprensa
aí os golpes de Estado, como o que ocorreu em 1964 e política. Por outro lado, não se deve menosprezar
no Brasil), foi concebida como pré-requisito para o papel dos meios de comunicação quando o assunto
o desenvolvimento econômico; mesmo que fosse é “fazer política”. Um exemplo bastante estudado
necessária a supressão da liberdade de imprensa – o do uso de internet foi a campanha de Barack Obama
que aponta para as origens autoritárias da democracia (GOMES et al., 2009; RAINIE; SMITH, 2008, entre
liberal em certas partes do globo. outros), que utilizou recursos de comunicação digital
Além disso, o equilíbrio entre governo e partidos no de forma pioneira de modo a atingir determinado
jogo político deve ser considerado. Nesse sentido, tratar-se nicho do eleitorado norteamericano: jovens adultos. E,
de um democracia presidencialista ou parlamentarista apesar de Gomes et al. (2009, p. 24) tratar no referido
interfere no resultado da equação, uma vez que em texto prioritariamente do uso do Twitter, para quem
sistemas onde os partidos possuem pouca relevância “[...] o amplo acesso à informação política por meio
na dinâmica política, dois mediadores entre o campo de fontes diversificadas é um resultado positivo das
do poder e o público em geral tendem a se destacar: campanhas virtuais, especialmente nas redes e mídias
o governo (e isso geralmente se explicita quando em sociais, uma vez que esses espaços são propícios à
democracias presidencialistas, uma vez que o governo exposição inadvertida [...]”, nosso trabalho converge
tende a se personificar na figura do presidente) e os com do professor por acreditarmos que a “blogosfera
meios noticiosos (jornalistas e jornais de prestígio e/ou progressista” também contribui garantir promover
grande circulação). Além disso, a independência entre pluralidade de informações políticas, sobretudo por
os três poderes existente no sistema presidencialista traz se posicionar como contraponto à “grande mídia”.
o jornalismo como protagonista no processo político, Como propõe a citação que abre este artigo, caberia
já que a imprensa se apresenta como responsável por à “grande mídia” desempenhar o papel de oposição,
viabilizar a comunicação entre o Executivo, o Legislativo, à medida que houve um esvaziamento desta iniciado
o Judiciário, e destes com o público. Daí viria a noção com o governo de coalizão petista do presidente Lula,
do jornalismo como Quarto Poder, como defendem os que ganhou forma mais robusta no mandato de Dilma
norte-americanos, para quem o jornal possui função Rousseff, também do PT, ficando a oposição restrita
de contraponto a serviço dos cidadãos para prevenir a quatro partidos: PSDB, DEM, PPS e PSOL4, cuja
abusos do Estado, encargo cumulativo ao de mediador identificação com o eleitorado é menor. Sob esse
dos acontecimentos. aspecto, porém, uma parcela significativa dos meios
No Brasil, o amadurecimento de uma democracia noticiosos brasileiros seria menos uma “ala tucana”,
presidencialista nos últimos trintas anos caminhou lado a como sugere a charge que abre nossa discussão,
lado ao fortalecimento de ao menos um partido político, apresentando uma complexidade bem maior que a
o PT, que alcançou os mais altos índices de simpatia, mera função de ecoar a voz de um partido político
votação e aprovação, no tocante à atuação à frente da espífico ou alinhamento automático a um candidato
presidência da República na última década. O que aponta da direita política.
para um modelo de democracia3 (cf. MANIN, 1995; De modo geral, a noção de Quarto Poder, como foi
ALBUQUERQUE, 2005) em que a variável “partidos apropriada na América-Latina, aponta para um modelo
de distanciamento na relação entre imprensa e governo
3
Neste trabalho, utilizamos como ponto de partida para refletir sobre
o impacto ou não da variável “partidos políticos” na comunicação
(WAISBORD, 2000); geralmente concebido e enfatizado
política em regimes democráticos os estudos de Manin (1995). São três como corrupto (HALLIN; PAPATHANASSOPOULOS,
tipos‑ideais de governo representativo propostos pelo autor: 1) no 2002). O mercado, por outro lado, seria o promotor
“modelo parlamentar” o representante mantém uma relação direta
com os eleitores, produzida por “[...] recursos prévios que atores da virtude, responsável por propiciar um jornalismo
políticos mobilizam na disputa pelo poder [...]. As eleições selecionam de qualidade (LAWSON, 2002). O papel do jornalista
um tipo particular de elite: os notáveis [...]” (MANIN, 1995, p. 17);
na 2) “democracia de partido”, por outro lado, a política assume natureza
permanece relacionado à mediação, mas há certa
de classe e os partidos políticos surgem exatamente para mobilizar missão civilizatória. Porém, a ideia de que o mercado
esse novo eleitorado e o Parlamento torna-se reflexo das lutas sociais. promove virtude somente existe porque se entende
A deliberação dos representantes ocorre nas discussões realizadas
dentro dos partidos, o Parlamento deixa de ser um lugar onde posições que entre o mercado e os jornais há uma elite formada
iniciais podem ser alteradas por meio da troca argumentativa entre os pelos jornalistas e que esta estaria a cargo de “educar”
sujeitos, uma vez que a posição da maioria já foi fixada previamente.
Lá, as decisões políticas são tomadas após debates apenas como forma
a população.
de lhes conferir validade; já 3) no modelo de “democracia de público”, Algo semelhante ocorre em reação aos jornalistas
o foco desloca-se para a ênfase no papel dos meios de comunicação na da Grã-Bretanha, que também reivindicam a função
política. Nesse processo, é enfatizada a individualidade dos políticos
em detrimento das plataformas dos partidos. Os candidatos vitoriosos
seriam, por conseguinte, não os de maior prestígio local, mas os com 4
Outros três, PSD, PTB e PR seriam considerados “independentes”; os
maior capacidade se dominar as técnicas da mídia, os “comunicadores”. demais compõem a base governista.

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de “instrutores ou educadores” (KÖCHER, 1986). mais clara dos pontos de vista defendidos em um
O interessante é que o papel encontra-se relacionado a um jornal, a começar pelo jornalista que é responsável
aspecto do jornalismo de opinião e, portanto, surpreende pela notícia. Uma lógica que se distancia do ofício
vê-lo sendo requerido por profissionais do “modelo desenvolvido nas grandes redações no Brasil, mas,
informativo”. Em outro estudo (JAKUBOWICZ, 1992) por outro lado, possui semelhanças no modo como
também é possível identificar a função educadora trabalham os jornalistas brasileiros que migraram para
da imprensa, mas desvinculada de uma experiência o universo virtual e hoje atuam como blogueiros – em
democrática: à época do apogeu do regime comunista, especial os autointitulados “progressistas”.
os jornalistas poloneses se encaravam, sobretudo, como
educadores sociais. Diferentemente de seus colegas
britânicos, porém, também ajudavam a ecoar a voz Culturas de jornalismo
do partido comunista. As experiências acima mencionadas nos levam a
É pertinente observar a influência que o mercado perceber que a forma como a imprensa se relaciona
exerceu, na Grã-Bretanha, para a propagação do com outros agentes, assim como seu processo
discurso de distanciamento entre imprensa e partidos de construção em cada país, constituem fatores
políticos, bem como para o estabelecimento de um relevantes para o entendimento do lugar dos meios
jornalismo plural no que concerne à promoção da de comunicação noticiosos e dos próprios jornalistas
concorrência de opiniões distintas em um mesmo em uma determinada cultura e como estes percebem
periódico. Apresentar-se como internamente plural se seu papel e se apresentam à sociedade.
aproxima da forma como se posicionam alguns dos A noção de watchdog, por exemplo, só faz sentido, tal
jornais de maior circulação e influência do Brasil, haja qual foi concebida, se a imprensa possui autonomia em
vista o que escreveu Susana Singer, Ombudsman da relação ao Estado e baseia sua legitimidade nos cidadãos
Folha de S. Paulo, na edição de 27 de outubro de 2013 (WAISBORD, 2000). Ilustrativamente, apontamos a
(SINGER, 2013), ao afirmar que “o jornal não pode China como lugar em que houve a ressignificação do
reproduzir a polarização estéril que reina na internet” e conceito pelos agentes políticos (DAN, 2010). Lá, os
que seus colunistas são pensados pela publicação não jornalistas se valem do conceito como elemento útil
em termos de esquerda e direita, mas como reforço de legitimidade, porém a similaridade do que no país
ao “pluralismo da Folha”, de modo a tornar o jornal asiático recebeu a alcunha Yu Lun Jian Du, na verdade,
“a principal arena de debate político em 2014, ano de representa seu oposto, uma vez que é reconhecido
campanha eleitoral”. e protegido pelo partido e está mais relacionado ao
Por outro lado, o jornalismo se voltarmos nosso exercício do poder pelo governo que pelo público.
olhar para a Alemanha veremos uma forma distinta Sendo assim, é possível inferir que a forma como os
de atuação política, uma vez que as particularidades jornalistas encaram e se posicionam em sua atividade
envolvidas em sua trajetória histórica, relacionadas é capaz de alterar as “características culturais” da
à formação tardia como Estado-Nacional (apenas imprensa. E isso acaba por influenciar no perfil do
na segunda metade séc. XIX), proporcionaram o profissional que é atraído para a atividade jornalística:
surgimento de uma diversificada imprensa regional, mais jovens e com menor grau educacional, por exemplo,
em que a maioria dos jornais era comprometida na Grã-Bretanha em relação à Alemanha. No Brasil,
com um partido político. A visão que os jornalistas curiosamente, o perfil dos profissionais que migraram
possuíam de si mesmos como pilares de um campo para a internet e encontraram na blogosfera fonte de
político acabava por substituir a necessidade de serem trabalho assemelha-se mais ao segundo país que ao
objetivos (KÖCHER, 1986). Isso teria contribuído primeiro: entre os jornalistas destacam-se aqueles com
para proporcionar maior coerência ou homogeneidade formação superior e maior experiência profissional
interna em relação à perspectiva defendida por diferentes conquistada ao longo de anos de trabalho na grande
órgãos. Soma-se a isso, o lugar em que se encontram “mídia tradicional”, É caso dos blogueiros-jornalistas
os jornalistas na Alemanha, profissionais liberais que Carlos Azenha (ex-Folha de S. Paulo, TV Globo, SBT,
participam de todas as etapas do trabalho de elaboração entre outros), além de Paulo Henrique Amorim (Veja,
da notícia, em vez da segmentação desse processo em Exame, Rede Globo, CNN etc.), Rodrigo Vianna (Folha
tarefas, como ocorre na Grã-Bretanha e nos Estados de S. Paulo, TV Globo etc.), entre outros.
Unidos, por exemplo. Ao possuir maior autonomia Outro aspecto que merece ser contemplado diz
jornalística e liberdade editorial, o Redakteur alemão das transformações sociais e a forma como estas
tende a expor mais suas próprias inclinações políticas afetarão a atividade jornalística enquanto negócio
em vez das da organização (ESSER, 1998), o que pode e atividade profissional. Uma recente publicação da
contribuir para proporcionar ao leitor uma identificação revista The Economist (FOLDING PAPERS..., 2013)

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contribui para elucidar o fenômeno da migração de Russa entra em colapso na fase de transição para o
jornalistas para a blogosfera: trata-se de mercado de capitalismo. A abertura do jornalismo russo ao mercado
trabalho em franca expansão, voltado para um segmento significou a queda do status dos jornalistas, uma vez
específico da população brasileira que vem crescendo. que o jornal via-se atrelado a interesses comerciais,
O texto alerta para a agonia dos jornais, ao mesmo dependendo e submetendo-se a anunciantes, o que
tempo em que a classe média dá boas vindas à mídia levou à construção do discurso de “jornalismo como
online. Na mesma matéria, o editor d’O Estado de S. prostituição” no país e ao colapso da confiança em
Paulo, Ricardo Gandour, expressava sua preocupação meio à audiência.
quanto à queda de qualidade no jornalismo, em virtude A discussão ajuda a refletir acerca de como a
do aumento de meios noticiosos viabilizado pela relação entre imprensa, jornalistas, partidos políticos,
internet. Vale lembrar que há alguns anos se discute mercado – e o peso que cada uma dessas variáveis
no Brasil as estratégias encontradas pelos jornalistas e exerce na equação - afeta a construção de um “lugar
organizações noticiosas para defesa e manutenção de do jornalismo” na sociedade. No caso soviético, esse
seu lugar de mediação. A principal seria apresentar a lugar era mais que o da mera intermediação proposta
blogosfera como um território hostil, inseguro, onde é pelo modelo informativo, uma vez que à imprensa
impossível confiar na informação a que se tem acesso caberia atuar politicamente para assegurar o sucesso
(ALBUQUERQUE, 2007). Gandour não apenas do projeto socialista. Podemos dizer, em certa medida,
confirma essa premissa, ao afirmar que a “extrema que os jornalistas-blogueiros brasileiros possuem
fragmentação das comunicações não pode ser saudável pontos em comum com os jornalistas soviéticos.
para a democracia”, como também deixa a entender Sua construção se dá como grupo de elite, a partir
que o aumento de meios de informação talvez seja algo do currículo ressaltado em suas páginas pessoais,
problemático. A questão é: ele refere-se à necessidade mas não apenas por isso: essa proximidade se dá,
de “enxugamento” da quantidade de meios noticiosos sobretudo, por reivindicarem um lugar privilegiado e
ou de perspectivas políticas? de prestígio em relação ao atual governo, remetendo a
A ausência de pluralidade de pontos de vista certa superioridade5. Mais que “imprensa alternativa”,
políticos geralmente é relacionada a regimes a “blogosfera progressista” se apresenta como aquela
autoritários. Entretanto, países que viveram experiências que faz as críticas ao PT e ao governo Dilma “pela
antidemocráticas possuem contribuições valiosas para esquerda”. Nesse sentido, é interessante observar que a
se pensar a construção de uma imprensa e o lugar que esquerda brasileira constitui um ecossistema complexo,
esta reivindica na sociedade. Chamamos atenção para formado desde por partidos mais “radicais” como
o caso de países como Rússia e Polônia, que aponta por aqueles mais ao centro politicamente. Em meio
para a construção de uma cultura de jornalismo a a essa diversidade, o PT possui influência sobre a ala
partir de uma experiência particular, relacionado “progressista da blogosfera”; talvez não menos que
a um Estado cujas prioridades se opõem à lógica o Partido Comunista do Brasil (PCdoB)6.
capitalista. Ainda à época da extinta União Soviética, É possível identificar jornais e jornalistas atuando
quando havia lacunas entre os ideais socialistas e sua politicamente ao longo do globo. Em países asiáticos
implementação, em que política e moral mostravam-se como a Tailândia, em que há alta fragmentação e
desemparelhadas, eram os jornalistas os convocados a estabilidade políticas, os jornais precisaram se adaptar
“reparar” esses possíveis desvios. Eles se viam como e tornarem-se “polivalentes” para sobreviver em
um “braço” do governo, a face moral e humana do meio ao mercado e à “flutuabilidade” de governo.
Estado. Ocupavam uma posição única como parte do Ao adotarem uma “identidade camaleônica”, buscam
partido-Estado (reproduzindo informação oficial), mas lidar com as múltiplas vozes que venham a ocupar a
também eram inspirados a compor a intelligentsia liderança do país, mantendo conexão com qualquer
responsável, inclusive, por fazer críticas ao governo que seja a facção, partido ou grupo de interesse
(ROUDAKOVA, 2009), parte do projeto leninista de
5
Nesse aspecto, podemos dizer que essa não seria uma faceta apresentada
liderança que tinha a crítica/autocrítica como princípio.
apenas pelos jornalistas “de esquerda”, mas algo parte da cultura
Durante a perestroika, nos anos 80, os jornalistas jornalística brasileira de modo geral. Isso se daria em virtude de uma
reivindicavam não apenas liderança moral, mas também leitura particular que os profissionais brasileiro fizeram do conceito de
Quarto Poder norte-americano e da noção de autoridade jornalística,
politica. Dispunham de crédito com a sociedade e em que mais que o papel de mediadores entre os três poderes, estes
eram encorajados a buscar as causas das deficiências reivindicaram o papel de árbitros dos conflitos que possam ocorrer
do socialismo, afirmando-se no direito de definir as entre as instituições políticas, bem como intérpretes privilegiados do
interesse nacional (ALBUQUERQUE, 2008).
prioridades e os objetivos políticos do país. Logo, 6
O jornalista Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos de Mídia
as reformas iniciadas por Gorbachev elevaram a Alternativa Barão de Itararé, sítio que reúne a “blogosfera progressista”
expectativa em torno do jornalismo, mas a economia é, inclusive, é militante do PCdoB.

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Jornalismo político no Brasil: polarização estéril ou arena de debates?

no poder (MCCARGO, 2003). Dessa maneira, os do modelo anglo-americano de jornalismo, na década


jornalistas tailandeses subvertem a lógica dicotômica de 50, trouxe para as redações brasileiras as noções
de “pluralismo interno” (um jornal e múltiplas vozes, de profissionalismo defendidas por nossos vizinhos
visando a promoção de perspectivas equilibradas que do norte, o que inclui a classificação da notícia como
levariam, em última instância, à “imparcialidade”) relatos isentos de opinião. Porém, se nos EUA os
versus “pluralismo externo” (cada jornal defendendo jornais se colocam como mediadores entre o governo e
uma perspectiva política), ao praticarem algo semelhante o público, e reivindicam para si o papel de promotores
a um pluralismo externo, porém dentro de um mesmo das informações de modo objetivo e imparcial, no
jornal. Brasil houve uma “leitura muito particular da retórica
A experiência da Tailândia é universalizável em americana do Quarto Poder”. Os jornalistas brasileiros
certos aspetos, pois contribui para a explicitação das
relações que os jornalistas e meios noticiosos estabelecem [...] mais do que simplesmente servir como canal
para sobreviver e conquistar reconhecimento. Estar de comunicação entre os poderes (e destes com os
bem com grupos políticos em posição de poder diz cidadãos), reivindicaram o papel de árbitros dos
menos sobre evitar censura, nos dias atuais, que em conflitos que se estabeleceram entre as instituições
políticas e de intérpretes privilegiados do interesse
conquistar verba pública por meios comerciais, caso
nacional. (ALBUQUERQUE, 2008, p. 11).
da disputa por maiores fatias no orçamento para a
publicidade do Governo Federal no Brasil reivindicada No país, “[...] até a década de 1940, a maioria dos
pela “blogosfera progressista”7. diários era ainda essencialmente instrumento político.”
Por outro lado, nossa reflexão indica que só faz sentido (RIBEIRO, 2003, p. 1). E foi apenas na década seguinte
um jornal posicionar-se em apoio a um determinado que o modo de se entender e se praticar o jornalismo
grupo político em particular quando há estabilidade no Brasil começou a mudar, motivado sobretudo por
política, com um sistema partidário organizado em questões comerciais. Nas redações brasileiras, passou-se
torno de linhas ideológicas. E isso é válido tanto em a privilegiar a informação, em detrimento da opinião,
democracias onde o Estado é mais atuante politica e esta devendo se encontrar separada graficamente das
economicamente, como naquelas em que sobressai notícias propriamente ditas. Assim, consideramos
a lógica liberal. Há estudos (STROUD, 2011) que os anos 50 como marco para o desenvolvimento do
propõem, inclusive, que as empresas jornalísticas jornalismo praticado atualmente no país, uma adaptação
norte-americanas estão em processo de retomada ou naturalização (ALBUQUERQUE, 2008) de um
do partidarismo, expressando inclinações políticas modelo importado dos Estados Unidos que tem nos
para competir pela audiência. A seleção da notícia
conceitos de notícia, de factual, imparcialidade e
seria feita de modo a atingir um nicho específico de
objetividade elementos centrais.
mercado idealmente identificável – o público formado
Ana Paula Goulart Ribeiro (2003) identifica uma
por simpatizantes/militantes do Partido Republicano
(a exemplo da emissora de TV Fox News) ou aqueles dimensão interessante da evolução do ofício em solo
mais adeptos aos ideais propagados pelo Partido nacional, que demonstra que o jornalismo daqui não
Democrata (CNN). pode ser entendido como simplesmente cópia fiel ao
A partir disso, podemos sugerir que há indícios modelo anglo-americano ou a qualquer outro. Se a
de que algo semelhante também ocorra no Brasil dos partir da década de 50 o aspecto econômico começou
dias atuais. O que pode ser considerado indício do a prevalecer nas empresas jornalísticas em detrimento
amadurecimento da democracia de partidos brasileira, das determinações políticas, tal qual como nos Estados
uma vez que esta seria um dos pilares capazes de Unidos do século XIX, o aspecto político não desapareceu
sustentar a defesa de linhas ideológicas cada vez totalmente das redações brasileiras, já que
mais claras por jornais, revistas, emissoras de TV e
[...] o apoio a determinados grupos que estavam no
componentes da blogosfera.
poder ou na oposição (dependendo da conjuntura) era
essencial para garantir a sobrevivência de algumas
empresas, fosse através de créditos, empréstimos,
Imprensa política no Brasil incentivos ou mesmo publicidade. (RIBEIRO,
No Brasil, o envolvimento entre imprensa e política 2003, p. 10).
é marcado por transformações que não podem ser
Além disso, o aspecto político não era apenas
pensadas desvinculadas de seu contexto. A adaptação
conjuntural, mas intrínseco às redações, como destaca
Há uma demanda por parte do grupo de blogueiros para que o governo
7 Albuquerque
federal aumente a verba empregada em publicidade na internet em
“mídias alternativas”, questionando os 70% gastos pelo poder público
[...] o papel importante que os jornalistas comunistas
com anúncios na “mídia tradicional”. desempenharam no processo de modernização

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do jornalismo brasileiro, entre as décadas de (CARLSON, 2007, p. 269; tradução nossa) 8.


1950 e 1970, mesmo em jornais conservadores. No terreno da comunicação, novas tecnologias e
(ALBUQUERQUE, 2008, p. 7), meios tradicionais possuem papéis ainda em fase
de construção ou reestruturação, porém o estado é
bem como a participação do governo militar para de coexistência.
a determinação da obrigatoriedade do diploma para
o exercício profissional do jornalismo, estabelecida Seria pouco razoavel imaginar que a esfera civil
por meio do decreto-lei 972, de 1969. pudesse prescindir, na sua tentativa de aumentar a
sua capacidade de influenciar a decisao politica, do
Produto da junta militar que governou o Brasil durante emprego dos meios de comunicacão de massa - que,
dois meses naquele ano, e formulado nos termo ainda, controlam a esfera de visibilidade publica
do Ato Institucional no5, o decreto provavelmente da política -, supondo que a internet sozinha teria
tinha como objetivo diminuir a influência dos a capacidade de devolver-lhe as oportunidades de
comunistas nos jornais, incentivando a formação participacão política de que necessita. Tanto a internet
de profissionais mais técnicos e menos políticos. quanto os meios tradicionais de massa devem ser
(ALBUQUERQUE, 2008, p. 7). explorados, isso sim, no sentido de que se dobrem ao
interesse publico. Como isso pode ser feito, entretanto,
Ao contrário do que pretendiam os militares, a ja e uma outra hist6ria. (GOMES, 2008, p. 325-326).
atividade política permaneceu presente nas redações
Com aparecimentos e a proliferação de blogueiros
brasileiras. O engajamento da mídia na atividade política,
disputando o terreno da informação com a imprensa
inclusive, é apresentado por Albuquerque (2008, 2012)
tradicional, vivenciamos um movimento de adaptação
como variável necessária para a análise da relação
e reafirmação da autoridade jornalística, sobretudo pela
entre mídia e política no Brasil, ao lado da força dos
grande imprensa (ALBUQUERQUE, 2007; ALDÉ;
partidos políticos. Para além da relação com os partidos, CHAGAS, 2007; CARLSON, 2007). No caso brasileiro
sobretudo do que se refere aos “jornalistas comunistas” em particular, nos “novos tempos” começa a ganhar
(ALBUQUERQUE; SILVA, 2007), podemos dizer força um movimento de migração de jornalistas em
que a maioria dos meios de comunicação brasileiros direção à blogosfera de modo a atuarem como “imprensa
foi condescendente ou mesmo atuou ativamente como independente”, alguns profissionais de renome, como
porta‑voz para os governos militares (LIMA; RAMOS, Luis Nassif (2006), que se autointitula o introdutor
1988; SMITH, 1997; DIAS, 2012). Quando o regime do jornalismo eletrônico no país. O fenômeno de
caiu, a grande mídia rapidamente transferiu a sua lealdade proliferação de blogs ganhou combustível com a crise
ao regime democrático recém-nascido (GUIMARÃES; política de 2005, quando
AMARAL, 1988) e as novas circunstâncias lhes
[...] blogs de política, especialmente os de jornalistas já
proporcionaram um conjunto inteiramente novo de
conhecidos, tornaram-se lugar de discussões e tomada
oportunidades políticas, pricipalmente no que diz de de posição pública. Trata-se de uma apropriação
reivindicar para si o direito de realizar um papel político bastante original do formato, associado comumente
central na nova era democrática. Caberia, portanto, à a um diário. (ALDÉ; CHAGAS, 2007, p. 29).
nossa imprensa arbitrar os conflitos existentes entre
A presença, hoje, de uma “blogosfera progressista”,
executivo, legislativo e judiciário, de modo prestar um
constituída por agentes que abertamente manifestam
serviço público, garantindo o bom funcionamento de
apoio ao atual governo, apresentando-se como críticos
todo o sistema, agindo, enfim, em nome do interesse
à esquerda do governo do PT, enriquece e torna plural o
nacional (ALBUQUERQUE, 2005). E “nome da opinião
ambiente midiático brasileiro. Mais ainda, ao questionar
pública”, ao longo desse período, a “grande mídia”
e buscar demolir a aura de credibilidade que (auto)
ajudou a eleger presidentes, mobilizar a opinião pública construída em torno dos grandes meios noticiosos,
a apoiar as políticas do governo, e agiu para mitigar produzem consteúdo político com viés político distinto
crises políticas e financeiras (MIGUEL; SIMÕES, do majoritariamente adotado pela “grande mídia”.
2000; PORTO 2012). No terreno circunscrito do jornalismo/comunicação de
No entando, os anos 2000 apresentariam novas massa, o que se estabele é uma disputa pela manutenção
perpectivas no cenário midiático. de autoridade jornalística (por parte da “grande mídia”)
[...] Enquanto a grande mídia resistiu a um ambiente ou conquista desta (pela “blogosfera progressista”).
midiático competitivo, os blogs alteraram essa
situação ao introduzirem uma arena largamente
8
Do original: “While news outlets have long endured a competitive
media environment, blogs alter this situation by introducing a widely
disponível de discursos políticos baseada em uma available arena of political discourse based on an alternative conception
concepção alternativa a partir da imprensa tradicional. from traditional news media.”

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Jornalismo político no Brasil: polarização estéril ou arena de debates?

Porém, para a comunicação politica, o que se apresenta em cena de um conjunto de atores que atuam por meio
é um rico terreno de estudo, ainda pouco explorado, de blogs, disputando terreno com a “grande mídia”
sobretudo se olharmos para a “blogosfera progressista” e se apresentando como apoiadores dos governos
enquanto ecossistema midiático, como conjunto em petistas. O fenômeno “blogosfera progressista”
detrimento de blogs ou blogueiros isolados. contribui para lançar luz, entre outros aspectos, sobre
a comunicação política na atualidade, evidenciando
uma “tomada de partido” no jornalismo brasileiro.
Considerações finais Mas, como a perspectva comparativa nos deixa ver,
Os estudos comparativos, ao nos ajudarem a mapear o viés partidário, se não é novidade no Brasil, sequer
e explicar as similaridade e diferenças entre aspectos deve ser considerado um ponto de desvio no ideal de
do jornalismo em diferentes países, contribuem para “bom jornalismo”.
situarmos e empreendermos uma melhor discussão
sobre nossa própria imprensa e os profissionais que
a compõem. A relação que se estabelece com outras Referências
culturas propõe a convergência do Brasil com nossos
vizinhos latino-americanos quando consideramos ALBUQUERQUE, A. A mídia como “poder moderador”:
mudanças sociais e políticas; assim como a presença uma perspectiva comparada. In: ENCONTRO
de governos situados à esquerda, com uma política NACIONAL DA COMPÓS, 17., 2008, São Paulo.
voltada para o diálogo com países considerados Anais... Associação Nacional dos Programas de
“suspeitos” pelo eixo liberal. Pós‑Graduação em Comunicação, 2008. Disponível
A leitura particular da vocação liberal da imprensa, em: <http://www.compos.org.br/data/biblioteca_305.
que se define como “Quarto Poder”, aproxima nossos pdf>. Acesso em: 15 nov. 2015.
jornalistas dos profissionais que atuam em localidades ALBUQUERQUE, A. On models and margins: comparative
media models viewed from a brazilian perspective.
tão distantes geográfica e culturalmente de nós como
In: HALLIN, D.; MANCINI, P. (Ed.). Comparing
os centro-asiáticos. Porém, não devemos cometer o
media systems beyond the western world. New York:
equívoco que criticamos, ao olhar para as semelhanças
Cambridge University Press, 2012. p.75-95.
como se estas significassem homogeneidade. No caso ALBUQUERQUE, A. Take a walk on the wild side:
do Brasil, por exemplo, diferentemente do que ocorre os blogs como outro do jornalismo. In: PEREIRA,
na China, a apropriação do discurso liberal se dá, V. A. (Org.). Cultura digital trash: linguagens,
por uma significativa parcela dos meios noticiosos, comportamentos, entretenimento e consumo. Rio de
objetivando a oposição ao atual governo. Enquanto que Janeiro: E-Papers, 2007. p. 61-76.
a outra parcela de nossa imprensa caberia a ocupação ALBUQUERQUE, A.; SILVA, M. A. R. Preparados,
de um “entre-lugar”, uma vez que tende a apoiar o leais e disciplinados: os jornalistas comunistas e a
governo petista, mas não seria corretamente nomeada adaptação do modelo de jornalismo americano no
alternativa ou governista, ao valer-se do posicionamento Brasil. E-Compós, v. 9, p. 1-30, 2007.
“à esquerda” para também pressionar a Presidência ALBUQUERQUE, A. Política partidária e política
da República na reivindicação de maiores fatias do midiática: substituição ou coexistência? Contemporanea
investimento em publicidade pela Administração Pública. (Bologna, Italy), v. 1, n. 3, p. 9-37, 2005.
Dessa maneira, acreditamos que um olhar ALDÉ, A.; CHAGAS, V. A febre dos blogs de política.
“periférico”, lapidado com base em uma perspectiva Famecos, v. 33, p. 29-40, 2007.
comparativa, seria mais construtivo para o estudo das BRAGA, M. S. S.; PIMENTEL JUNIOR, J. Os partidos
culturas de jornalismo. Menos por aquilo que destoa políticos realmente não importam? Opinião Publica,
ou configurar‑se-ia inicialmente como desvio a um v. 17, n. 2, 2011
CAMERON, M. Latin America’s left turns: beyond good
“modelo” e mais a partir de um lugar de reinterpretação.
and bad. Third World Quarterly, v. 2, n. 30, p. 331-348,
Apesar de os anos 50 terem sido considerados um marco
2009. http://dx.doi.org/10.1080/01436590802681082.
na história da imprensa nacional, com o jornalismo
CARLSON, M. Blogs and journalistic authority: the
político-literário perdendo espaço para uma forma de role of blogs in US Election Day in 2004. Journalism
produção da notícia que privilegiasse a informação, Studies, v. 8, n. 2, p. 264-279, 2007.
incorporando, portanto, os ideais de objetividade e CASTAÑEDA, J. Latin America’s left turn. Foreign
imparcialidade, é notória a permanência do envolvimento Affairs, v. 3, n. 85, p. 28-43, 2006. http://dx.doi.
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ao poder nos últimos treze anos, somada a mudanças a comparison of the development of French and Anglo-
no terreno da comunicacão de massa, sobretudo com o American journalism, 1830s-1920s. European Journal
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